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Alterações transversais

Mordidas cruzadas posteriores


Prof.a Suelen W. Borges

Em uma oclusão normal, o arco dentário superior apresenta


dimensões transversais maiores do que o arco inferior. Essa
característica permite um encaixe dos arcos dentários.
A mordida cruzada posterior (MCP) caracteriza-se por uma
relação entre os arcos superiores e inferiores invertida no sentido
transversal quando em relação cêntrica.
Originária do estreitamento ou atresia do arco superior, ou
menos comumente, de um arco inferior com dimensões transversais
aumentadas.
Essa maloclusão é frequente nas fases de dentadura decídua,
mista e permanente. A prevalência é de aproximadamente 18% da
população infantil brasileira. Isso demonstra que a MCP desenvolve-
se precocemente e não se autocorrige ao longo do crescimento.

Classificação da MCP -----------------------------------------------------


• Quanto à natureza:
1. Funcional;
2. Dentoalveolar;
3. Esquelética.

• Quanto à localização:
1. Anterior;
2. Posterior unilateral;
3. Posterior bilateral;
4. Total.

As causas variam de acordo com a natureza da MCP, e


também podem ter uma mescla de fatores etiológicos, tendo um fator
etiológico principal e outro(s) secundário(s).
Etiologia da MCP dentária:
A sua causa está relacionada a uma alteração da inclinação ou
um posicionamento vestíbulolingual de um ou mais dentes, levando
a mordida cruzada unitária ou do segmento do arco.
Origina-se quase sempre da falha da cronologia e/ou
sequencia da erupção dentária. Pode também estar relacionada a
fatores que interferem no desenvolvimento transversal normal dos
arcos dentários, como hábitos de sucção não nutritivos, respiração
bucal, e até o hábito de apoiar a mão sobre o rosto durante a infância,
leve a uma pressão sobre os dentes superiores.

Etiologia da MCP funcional:


As interferências dentárias podem levar a um desvio da
mandíbula para um dos lados, nos intuito de aumentar o numero de
contatos oclusais e o conforto mastigatório. Por decorrência da ação
muscular, ocorre um desvio da linha média inferior para o lado da
mordida cruzada. A forma mais prevalente é a unilateral,
caracterizada por um deslizamento para o lado do cruzamento.

Etiologia da MCP esquelética:


Advêm de uma atresia óssea da maxila. Esse desequilíbrio
entre a largura dos ossos basais pode ser resultado de um
crescimento ósseo herdado, de um impedimento do crescimento
normal por trauma, ou de uma MCP funcional não corrigida.

Diagnóstico diferencial -
O diagnóstico diferencial entre MCP de origem dentária e a de
origem esquelética, deve-se considerar a gravidade da mordida
cruzada, a forma do arco dentário, a largura do corredor bucal e a
presença de apinhamento isolado no arco superior.
Observar se há desvio linha média inferior, pois mordidas
cruzadas posteriores funcionais levam a um reposicionamento da
mandíbula.
MCP dentoalveolares são caracterizadas por uma inclinação
dentária.
MCP esqueléticas possuem atresia da base óssea,
caracterizada por um posicionamento mais vertical dos dentes
posteriores.

Tratamento
Remoção de interferências oclusais
Indicação: MCP unilateral funcional
Fase: decídua ou mista
Conduta clinica: desgastes seletivos para permitir que
mandíbula assuma uma posição mais adequada.

Expansão lenta da maxila


Indicação: MCP dentoalveolar
Fase: decídua ou mista
Conduta clinica: - aparelhos removível com torno expansor -
ativação do parafuso expansor (1/4 de volta duas vezes na semana);
- aparelhos fixos como quadrihélice que movimentam os
molares para vestibular (ativação a cada 40-60 dias)

Expansão rápida da maxila (ERM)


Indicação: MCP esquelética
Fase: decídua, mista ou permanente
Conduta clinica: aparelho disjuntor palatino de Haas – ¼ a 2/4
de volta por dia na dentadura decídua ou mista;
- ¼ de volta pela manhã e ¼ pela noite, ou 2/4 pela manhã e
2/4 à noite.

Lembrando sempre que:


• As MCP não se autocorrigem;
• MCP dentária é corrigida através da expansão lenta, e a
esquelética geralmente da expansão rápida;
• Fatores etiológicos devem ser diagnosticados e eliminados
para não haver recidivas;
• Avaliação do otorrinolaringologista e fonoaudiologia devem
estar associadas.
Alterações anteroposteriores
Mordidas cruzadas anteriores

A mordida cruzada consiste na inversão da relação horizontal


normal entre os incisivos superiores e inferiores, com os incisivos
inferiores a frente dos superiores. As mordidas cruzadas anteriores
(MCA) também podem ser denominadas de trespasse horizontal
negativo.
A prevalência das crianças na fase da dentadura mista pode
chegar a 4,55%.
As MCA podem ser classificadas, segundo Muller de Araujo
(1988), como:
a) Mordidas Cruzadas anteriores simples
b) Mordidas Cruzadas anteriores complexas

As MCA dentárias ocorrem em decorrência da alteração ou


inclinação de um ou mais dentes, como por exemplo o incisivo
superior deslocado para palatino e/ou incisivo inferior para
vestibular.
O paciente com MCA não apresenta discrepância esquelética
no sentido anteroposterior. O padrão facial geralmente é de Classe I,
com relação molar de Classe I.
Os fatores etiológicos podem ser: hábitos deletérios, como
hábitos de sucção de lábio superior; retenção prolongada de dentes
decíduos; presença de supranumerários; traumatismos em dentes
decíduos; e, deficiência de espaço.
As MCA esqueléticas ocorrem por uma discrepância
esquelética entre a maxila e a mandíbula. Podem ser por retrusão
maxilar, protrusão mandibular ou a associação de ambas.
O padrão facial nesses casos é de Classe III com relação molar
de classe III.

Diagnóstico diferencial
Deve-se fazer o diagnostico diferencial entre MCA esquelética
e dentária pois o prognóstico e plano de tratamento são distintos.
Quando existe um componente funcional (contato prematuro.
Interferência dentária), deve-se manipular corretamente o paciente
para identificar o contato de prematuridade e a contribuição para o
problema.

Tratamento
O tratamento da MCA dentária age no intuito de corrigir o
posicionamento vestibulolingual dos dentes que estão inclinados. Se
houver espaços o dente pode ser colocado em posição através de
vários tipos de aparelhos.
Placa de acrílico com molas digitais
Indicação: MCA dentária
Fase: decídua ou mista
Conduta clinica: as molas aplicam uma força no sentido
vestibular nos incisivos superiores, inclinando-os para vestubular. O
levantamento de mordida pode ser indicado para facilitar o
descruzamento.

O grande desafio do ortodontista é o tratamento da Classe III


esquelética, uma vez que os métodos de controle de crescimento
mandibular podem pouco eficiente e o prognóstico, a médio e longo
prazo, é desfavorável.
Aparelhos ortopédicos funcionais
Indicação: MCA
Fase: decídua ou mista, e até permanente
Conduta clinica: as forças ortopédicas agem para uma correção
da classe III através de efeitos dentoesqueléticos. Por serem
removíveis exigem um uso intenso (20 horas por dia no mínimo) para
produzir o efeito desejável.

Mentoneira
Indicação: MCA esquelética
Fase: decídua ou mista
Conduta clinica: em casos de prognatismo mandibular
moderado, para controlar o crescimento.

Máscara facial
Indicação: MCA esquelética
Fase: decídua, mista, e até inicio da permanente
Conduta clinica: a tração reversa maxila, tem por propósito
estimular o crescimento anteroposterior da maxila através de forcas
ortopédicas.

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