Você está na página 1de 4

RECURSO DA PROVA DA ORDEM XXX, DO TIPO BRANCA, SENHORES:

QUESTÃO 15

Durante campeonato oficial de judô promovido pela Federação de Judô do Estado Alfa,
Fernando, um dos atletas inscritos, foi eliminado da competição esportiva em
decorrência de uma decisão contestável da arbitragem que dirigiu a luta. Na qualidade
de advogado(a) contratado(a) por Fernando, assinale a opção que apresenta a medida
juridicamente adequada para o caso narrado.

A) Fernando poderá ingressar com processo perante a justiça desportiva para contestar
o resultado da luta e, uma vez esgotadas as instâncias desportivas e proferida decisão
final sobre o caso, não poderá recorrer ao Poder Judiciário.

B) Fernando poderá impugnar o resultado da luta perante o Poder Judiciário,


independentemente de esgotamento das instâncias da justiça desportiva, em virtude do
princípio da inafastabilidade da jurisdição.

C) Fernando, uma vez esgotadas as instâncias da justiça desportiva (que terá o prazo
máximo de 60 dias, contados da instauração do processo, para proferir decisão final),
poderá impugnar o teor da decisão perante o Poder Judiciário.

D) A ordem jurídica, que adotou o princípio da unidade de jurisdição a partir da


Constituição de 1988, passou a prever a exclusividade do Poder Judiciário para dirimir
todas as questões que venham a ser judicializadas em território nacional,
deslegitimando a atuação da justiça desportiva.

O presente candidato que realizou a prova vem pedir a anulação da referida questão por não
respeitar o edital e por propor a questão de forma capciosa, pois promove o erro ao examinado,
enquanto deveria avaliar as condições essenciais para o bom exercício da advocacia.

O questionamento a ser feito aqui, não se refere a um vício técnico-jurídico, pois está correta,
em sua resolução. Porém, a questão em si faz referência a uma área do Direito que não consta
no Edital do Exame da OAB e precisamente por isso se configura vicio insanável que é cobrar o
que não consta no edital.

Uma resposta a esse questionamento seria afirmar que a resolução da questão seria encontrada
na CRFB/88, contudo, a referência levantada pela questão em comento é de um ramo que não
consta no edital (direito desportivo) e teve como intenção de induzir os candidatos ao erro de
pensar que se tratava de uma questão do Direito Desportivo, mais uma vez estranho ao edital.

Pela FGV elaborar questões de conhecimento holístico, ou seja, cobra-se o conhecimento de


mais de um ramo para a resolução de determinada questão, a referência levantada da questão
em comento é de um ramo do direito que não consta no edital, dessa forma o candidato fica
limitado e prejudicado em responder, pois não foi requisitado que ele se preparasse para
questões desse cunho. Dessa forma é uma questão com vício.

Como podem ver, o Edital é claro ao informar:


3.1. Serão aplicadas prova objetiva e prova prático-profissional, de caráter eliminatório,
abrangendo os objetos de avaliação constantes deste edital, conforme o quadro a
seguir:
(P1) PROVA OBJETIVA DE MÚLTIPLA ESCOLHA.
Área de conhecimento: Disciplinas profissionalizantes obrigatórias e integrantes do
curso de Direito, fixadas pela Resolução n. 9, de 29 de setembro de 2004, da CES/CNE,
Direitos Humanos, Código do Consumidor, Estatuto da Criança e do Adolescente, Direito
Ambiental, Direito Internacional, Filosofia do Direito, bem como Estatuto da Advocacia
e da OAB, seu Regulamento Geral e Código de Ética e Disciplina da OAB.

A banca examinadora não observou o edital e acabou por ocasionar ao examinado uma
confusão conceitual e levou o mesmo ao erro, invés de avaliar o conhecimento necessário para
exercer a Advocacia com honra.

Se a questão fosse formulada em termos onde a Constituição tratasse do tema, a questão seria
inquestionável. Mas por usar artifício textual, invocando uma área do Direito que não constava
no edital, acabou gerando dúvida, confusão e descrença. E o propósito avaliativo de
conhecimento da questão se transformou em uma armadilha cognitiva que leva o candidato
ao erro.

Refletir sobre conhecimentos que não constam no edital da prova, gera inegável prejuízo ao
examinado e também a sensação de desconhecimento da matéria que pode gerar desespero
em uma prova de grande pressão emocional como essa. Aqui os candidatos foram induzidos a
erro pela impressão verificada na questão.

Dessa forma, é claro a flagrante violação ao edital de se utilizar, mesmo que de nomenclatura,
um conteúdo que não era previsto no edital, é uma forma desleal de levar o candidato ao erro.

Por estas razões, com todo respeito, requerer-se a anulação da questão.

Agradeço a atenção e o profissionalismo de sempre.


RECURSO DA PROVA DA ORDEM XXX, DO TIPO BRANCA, SENHORES:

QUESTÃO 57

O edifício Vila Real ajuizou ação de execução das contribuições de condomínio em atraso
em face de Paper & Paper Ltda., proprietária da unidade 101. Citada a ré em janeiro de
2018, não houve o pagamento da dívida e, preenchidos os requisitos legais para tanto,
houve a desconsideração da personalidade jurídica da devedora, a fim de que seus
sócios Ana e Guilherme, casados, fossem citados, o que ocorreu em dezembro de 2018.
Posteriormente, o condomínio exequente identificou que Ana e Guilherme venderam a
Consuelo um imóvel de sua propriedade, em julho de 2018. Considerando que a
execução em tela é capaz de reduzir à insolvência de Paper & Paper Ltda. e que não
foram localizados bens penhoráveis de Ana e Guilherme, assinale a afirmativa correta.

A) A alienação realizada por Ana e Guilherme configura fraude à execução, e deverá ser
reconhecida independentemente da intimação de Consuelo.

B) A alienação realizada por Ana e Guilherme configura fraude à execução e seu


reconhecimento não pode se dar antes da intimação de Consuelo, que poderá opor
embargos de terceiro.

C) A alienação realizada por Ana e Guilherme não configura fraude à execução, pois
realizada antes da citação dos sócios.

D) A alienação realizada por Ana e Guilherme não configura fraude à execução, uma
vez que a insolvência atingiria apenas a devedora original, e não os sócios.

O presente examinado vem pedir a anulação da questão em comento por não ter nenhuma
alternativa realmente correta.

A questão trata da desconsideração da personalidade jurídica de Paper & Paper e depois da


configuração de fraude à execução. Porém, as duas hipóteses apontada no enunciado não
poderiam ter ocorrido. Porque a dívida em si nasce do atraso no pagamento do condomínio do
imóvel da unidade 101.

Configura na verdade uma dívida propter rem ou por causa da coisa, ou seja, se o direito de que se
origina é transmitido, a obrigação o segue, seja qual for o título translativo. Então é uma relação
entre o atual proprietário do bem e a obrigação decorrente da existência da coisa. A obrigação é
dada ao titular que adquire a coisa e se obriga a adimplir com as despesas, que são as do imóvel.

O nosso Código Civil claro ao dizer:

Art. 1.345. O adquirente de unidade responde pelos débitos do alienante, em relação ao


condomínio, inclusive multas e juros moratórios.

Se os sócios Ana e Guilherme venderam um imóvel (o enunciando não diz que é a unidade 101), isso
simplesmente não tem correlação com a dívida. Não tem como existir fraude à execução pois o
imóvel do 101 ainda existe e ainda é de propriedade da Paper & Paper. Ou seja, faz a execução tendo
por objeto o apartamento 101.
E, se o imóvel vendido foi a unidade 101, a cobrança da dívida seria então da Consuelo, e não dos
sócios Ana e Guilherme. Pois a dívida segue o bem.

Dessa forma, é inconcebível a desconsideração da personalidade jurídica da Paper & Paper e muito
menos configura fraude à execução. Porque o bem responde pelas dívidas. Em princípio Ana e
Guilherme não deveriam ser citados, mas quem adquiriu o imóvel, na negociação efetuada em julho
de 2018, caso este seja o apartamento 101, o que no enunciado é omisso.

Então, não existe alternativa correta nesta questão. A princípio a questão foi mal elaborada, pois
tem confusão de institutos jurídicos e a narrativa não condiz com nenhum direito aplicável ao caso.
E a questão se torna ainda mais confusa e incorreta quando refletimos quando: como não foram
encontrados bens se a unidade 101 não foi vendida? Ou se a unidade foi vendida, por que a
execução não recaiu sobre ele? Veja que chega a ser paradoxal.

Para ainda esclarecer e provar que a questão em comento é completamente incorreta, analisaremos
cada alternativa:

A) A alienação realizada por Ana e Guilherme configura fraude à execução, e deverá ser
reconhecida independentemente da intimação de Consuelo.

Não é cabível a fraude à execução, pois a dívida é do presente imóvel. O novo adquirente que deverá
responder.

B) A alienação realizada por Ana e Guilherme configura fraude à execução e seu reconhecimento
não pode se dar antes da intimação de Consuelo, que poderá opor embargos de terceiro.

Aqui também não é cabível fraude à execução, pois a dívida pertence ao imóvel. Seguindo a
justificativa anterior o novo adquirente deve responder.

C) A alienação realizada por Ana e Guilherme não configura fraude à execução, pois realizada
antes da citação dos sócios.

Como falamos anteriormente, os sócios não poderiam ser citados, e sim o novo proprietário do
imóvel ou a Paper & Paper, se o imóvel não foi vendido.

D) A alienação realizada por Ana e Guilherme não configura fraude à execução, uma vez que a
insolvência atingiria apenas a devedora original, e não os sócios.

E por fim, outra incongruência, como existir insolvência se o imóvel do 101 não foi vendido?
Lembrando da completa omissão do enunciando, logo o bem ainda está lá. E se houver insolvência,
será indiferente, pois a dívida é propter rem, ou seja, se o direito de que se origina é transmitido, a
obrigação o segue, seja qual for o título translativo. Então a dívida segue o imóvel e o novo
adquirente arca com ela.

Dessa forma, diante da inexistência de alternativas corretas, requer a anulação da questão, pois
está plenamente justificado e é à medida que se impõe.

Com todo respeito, agradeço a atenção e o profissionalismo de sempre.

Você também pode gostar