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ANDREA ALVES DE ALMEIDA ESPAGO JURIDICO PROCESSUAL NA DISCURSIVIDADE METALINGUISTICA AX enrrona crv Copyright © da Editora CRV Lida. Editor-chefe: Railson Moura Diagramacio e Capa: Editora CRV Rerisio: Maria José Costa Consetho Editorial: ‘of De Ana Sih Quinta Soua(UNIR-RO) Prt Dr Lene Sve Rost (UR) rot De AntinoPoia Cae Nair (URED) Pf De Lea kn Sih UV) Prof DF. Camen Tere ang (UNIR-RO) Pr De Joana Pola (UF) Prt Dr Cabo Cot (UFSCAR SP) Pf De Mar i nt Sos Claes(1NIR-RO) ‘Prof Dr. Glas Lao (Unvenie Lana Prt De Paso Roma Hermans (UNIFAL-MG) rane Pf De Maria Cetin di Sete Bre (US) ro Dr Fico Cos Dune (PUC-PR) Pf De Soimge Helen Kine Rocha (UFPA) ote Gailemo Ares Bean (Universe de La Prof Dr: Syne Sans (UEPG PR) Havana ~Cib) De Tae Over anaes (UFPA) ot De bl Adhbets Camps hair FAP-SP) _PrfDe Tina Sly Ana Bei (UNIR RO) ro De aon Aes do Sor (UFR). CCIP-BRASIL. CATALOGAGAO-NA-FONTE SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ Adie ‘Almeida, Andréa Alves de Espago jurdicoprocessual na dscursvidade metlinguistca/- led. - Curitiba, PR: CRV, 2012. 219p, Inca bibiograta ISBN 978-85-8042-473-7 1. Direito - Brasil - Linguagem. 2. Lingua portuguesa - Portugués téerieo. 3. Anise linguistica 4. Andis do discurso, 5. Metainguager. I. Titulo. ass19, Du: 40.113 0808.12 21.08.12 038166 Foi feito 0 deposito legal conf. Lei 10.994 de 14/12/2004 2012 Proibida a reprodugio parcial ou total desta obra sem autorizagao da Editora cRY “Todos os direitos desta edigo reservados pela: Ealitora CRV Tel. (41) 3039-6418 ‘www eitoracry.com br E-mail: sae @editoracrv.com br SUMARIO PREFACIO. 1 INTRODUGAO 2 ESPACO E PROCESSO 2.1 Procedimento como estrutura técnico-juridica e espago processual como categoria proposicional 2.2 Discurso preliminar epistemolégico ‘sobre imagem, more geometrico e espagos de configuragao 2.3 Tépica e pensamento sistematico: imaginario e more geometrico no procedimento 3 PROBLEMATIZAGAO DO DISCURSO E ESPACO PROCESSUAL 3.1 Posigdes epistemolégicas, democracia espaco processual ...... 3.2 Formula de problematizagao do discurso © espago processual como categoria proposicional ~ a abertura do espaco processual ... 3.3 Teoria de retrocarga da mente objetiva e espago processual.... 3.4 Teoria formulada e principio da reserva constitucional - a demarcacao do espaco processual . 3.5 Ocupagao do espago processual ... 4 CONCEPGOES E ConsTRucbes DEESPAgO DESPROCESSUALIZADO....... 4.1 Agora como espago de humanizagao 15 a ar 45, 81 84 2 1 4.2 Conceito normativo de espago piiblico ‘em Jurgen Habermas e Julius Frobel ste O8 4.3.4 Compressao e fragmentacao do espago na pés-modernidade anunciada pelo pés-positivismo ... real 18' 4.4 Alinguagem como espago intranscendivel de expressividade do lebenswelt..... oo 125 5 CONSTRUCOES DE SIGNIFICADO EM ESPAGOS DESPROCESSUALIZADOS EO PROCESSO COMO TEORIA SIGNICA 145 5.1 O espago perceptivo-cognitivo de construgso do significado e © processo como pacto signico na teoria neoinstitucionalista ...... 145, 5.2 A demarcagao do espago de construcao do significado em Saussure e 0 processo como aradigma para construgao de significado 154 5.3 0 deslizamento espacial dos significantes em Lacan e 0 proceso ‘come eixo-juridico-linguistco ... sieenany 6 ESPACO PROCESSUAL E METALINGUAGEM .......... 173 6.1 Teoria exossomatica da linguagem e ‘espago processual como recinto possivel € legitimo da metalinguagern 173 7 CONCLUSAO ... eereeen 183 REFERENCIAS mrt 187 INDICE REMISSIVO .......... z 201 INDICE ONOMASTICO : 213 1 INTRODUGAO Karl Popper (1999) explica que uma teoria auténtica, isto é, rio dogmitica, comega ¢ termina com problemas. Comega quando tentamos responder um problema e, ao fazé-Io, nos damos conta de que a teoria criou tantos outros nio pretendidos pelo seu criador. ‘Assim, quem se langa na produgio de conhecimento objetivo logo se deve dar conta de que a ciéncia é humilhante, uma vez que ofen- sivamente nos coloca diante da precariedade do conhecimento, pois 1s teorias adquirem autonomia, nos surpreendem e nos demandam_ ainda mais teorias. Esse € o caso da teoria juridica do processo, que apenas recentemente tornou-se fundamental & atividade jurisdicio- nal, gragas aos estudos de Fazzalari (1989), que ndo apenas esclare- ceram o retrocesso técnico-cientifico de jurisdigo sem procedimen- to, como também apontaram, nas quatro tiltimas décadas, problemas impenséveis para o objetivo pelo qual foi criada. ‘Ateoria do procedimento e do processo de Fazzalari fez sur- gir muitas problematizagdes sobre os insttutos e principios que es- truturam o processo (contraditério, isonomia e ampla defesa) e sua correlagdo com outros institutos, como: Constituigdo, prerrogativas do Estado, celeridade processual, efetividade processual, legitimi- dade das decisdes, direito a0 advogado, direito-de-asAo, jurisdig80, precluslo, coisa julgada, direito de recorrer, devido processo legis- lativo, direitos fundamentais. ‘Alm de todas essas cogitaydes, a teoria de Fazzalari, ao demar- «ar 0 processo pelo contraditrio, levou os estudos do processo para 0 Ambito linguistico. E a partir da identficagao desse problema que Ro- semiro Leal (2002b; 2008; 20102; 20106) desenvolve a teoria neoinst- ‘ucionalista para esclarecer 0 processo como pacto signico, ito & como eixo-teérico-linguistico de textualizagao (estabilizag20) do discurso consttucionalizado. A nosso ver, essa proposta teérica proveu a ciéncia do direito de problemas ousados para as préximas gerapdes. Em meio a esse emaranhado de problemas nio pretendidos, entendemos que a ciéncia processual atual ainda é carente de um esclarecimento mais percuciente sobre espicio-temporal como fator de estruturagdo do procedimento, de sua correlago com os princi- pios institutivos do processo (contraditério, ampla defesa e isono- ‘mia) ¢ com os direitos fundamentais de vida, liberdade e dignidade. Visando elucidar essa questo, elaboramos 0s seguintes questiona- ‘mentos: que espago est destinado a estruturar o procedimento (pro- ccess0); se 0 espago discursivo provedimental nas democracias ha de ser estruturalmente demarcado ¢ ainda quais insttutos juridicos demarcam o espago de discursividade na democracia. Embora espago e tempo estejam bastante associados, para que «esta pesquisa ndo se tornasse de longuissimo alcance, nos limitamos ‘aestudar apenas 0 espago processual. Definimos como objetivo ge- ral desta pesquisa demonstrar que o espaco processual de produgao, aplicagao e testficagao (controle) do direito democratico possi a instauragdo da discursividade na linguagem. Para a conquista dessa meta, estabelecemos como objetivos es- pecificos definir espaco e processo, problematizar 0 discurso e 0 espa- {G0 processual, distinguir 0 espaco processual de outras concepgies € ‘construgdes de espagos desprocessualizados, analisar as concepgées de linguagem e a possibilidade da metalinguagem no espago processual. Optamos, para o desenvolvimento deste trabalho, pelo modelo ‘de uma pesquisa pura, com a finalidade de manejar epistemologi- ‘camente © nédulo que ficou configurado atualmente pelas teorias, a fim de tomé-lo, ainda que ad hoc, desatével. Karl Popper e Rosemiro Leal foram adotados como referenci te6rico. A partir da teoria neoinstitucionalista, procuramos iden ficar as caracteristicas originérias do espaco processual de discur- sividade, e fazer um contraponto com outras concepgdes teéricas de espago, de discursividade e de linguagem. Esse aparato te6rico ‘ajudou-nos a esclarecer 0 significado de espaco processual como recinto possivel ¢ legitimo da metalinguagem. problema escolhido como tema deste trabalho também nos exigiu estudo de varias teorias filos6ficas que tratam da relagao en- tre linguagem e conhecimento. O estudo epistemolégico do espago processual como metalinguagem ganhou folego na medida em que adentramos na filosofia para investigar se a linguagem monddica de Platdo e Aristoteles, a linguagem relacional de Protagoras (1996), a Jinguagem como célculo de Husserl, a linguagem como meio uni- versal de entendimento de Wittgenstein (1996), Heidegger (1969; 1995; 1999; 2008) e Habermas (1990b; 1997a; 1997b; 2004a; 2004b), a linguagem objetal de Tarski (1972) e a teoria exossomé- ESPAGO JURIDICO PROCESSUAL NA DISCURSIVIDADE METALINGUISTICA tica da linguagem de Popper (1996; 1999) sao contributivas para o esclarecimento do espaco de discursividade na democracia proces- sualizada, Do mesmo modo, foi necessério buscar indicios de como © significado se relaciona com os significantes e o referente em al- ‘gumas teorias do signo como a de Peirce (1972), Saussure (2004) ¢ Lacan (1997; 2005a). ‘Acescolha dessa filosofias e concepedes de linguagem para dis- cussio e aprofundamento de saberes neste trabalho teve por objetivo testificar a nossa hipétese inicial do processo como espago possivel € legitimo da metalinguagem. Por essa razio, nfo foi empreendida uma andlise exaustiva ¢ uma avaliaglo completa dessas filosofias Interessou-nos aqui apenas investigar em que momento o significado irrompe para essas concepgdes filosoficas da linguagem humana. Organizamos o trabalho em cinco capitulos, além da intro- dugio © conclusio. No capitulo intitulado Espao ¢ Processo, buscamos aproximar conhecimento e discurso para esclarecer 0 significado tanto de espago quanto de processo. Primeiramente, in- vestigamos em que teoria do processo comeya a se formar a ideia de espago processual até que essa expressiio seja inserida na elucidagao da instituigdio do processo nas democracias pela teoria neoinstitu- cionalista. Posteriormente, diferenciamos, com apoio em Bache- lard (2005), © conhecimento obtido por imagens, 0 conhecimento organizado de modo geométrico ¢ © conhecimento construido em espago de configuragdo. Essa distingdo é levada para a ciéncia do direito com 0 objetivo de compararmos espago processual &s se- guintes metodologias:t6pica, sistema axiomatico-dedutivo, sistema axiolégico-teleol6gico e ainda direito como sistema de principios. ‘A partir desse estudo, buscamos demonstrar que a adocdo da t6pica faz. com que 0s atos cognitivos que antecedem a decisto se si- ‘tuem no imaginério das partes e do juiz.e que o pensamento sistem’- 0, em qualquer uma de suas espécies, ndo passa de uma mutagao do more geometrico. A diferenciagao entre conhecimento concebido em espago de configuraco, conhecimento obtido por imagens e co- nhecimento organizado por representagio geométrica nos permite identificar a origem da concepeio de processo com finalidades me- tajuridicas e a geometrizagao do procedimento, para distingui-los da processualizacao do procedimento. No capitulo Problematizacdo do Discurso e Espago Proces- sual, buscamos demonstrar que a posigdo epistemoldgica esti di retamente relacionada ao tipo de sociedade que se pretende cons- truir. Fizemos distingdes entre 0 mero discurso (comunicagao) € 0 discurso proposicional, entre a razdo comunicativa habermasiana ‘¢ a racionalidade critica popperiana. Tal confronto nos auxiliou na ‘compreensto de espago processual como recinto de discursividade roposicional e lugar possivel e legitimo da metalinguagem. Busca- mos ainda esclarecer a demarcagio e simultinea abertura que deve existir no espaco processual de exercicio da democracia. ‘No capitulo Concepedes ¢ Construcdes de Espaco Desproces-

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