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A teoria crítica é uma das responsáveis por um movimento da filosofia que deixa as
questões abstratas em favor da reflexão sobre a vida social e sobre fenômenos concretos ou
sociais.
Diferentemente do Marx, que se volta pras origens do capital para explicar a alienação,
o fetichismo e a dominação, Adorno e Horkheimer vão se voltar ao próprio processo civilizador.
Para eles, o próprio processo de tornar-se humano está calcado na dominação. Assim, a razão
teria se desenvolvido sobre uma base de dominação que é dupla: interior e exterior.
Pra pensar essa forma de dominação interior, os autores recorrem à psicanálise. Eles
afirmam que, no decorrer do seu processo de individualização, os homens foram cada vez mais
tendo que abrir mão de instintos, pulsões, etc. e reprimir seus desejos. Aqui, o medo tem um
papel importante: para não se dissolver na natureza (como os animais), para se autoconservar,
as pessoas precisam reprimir internamente seus instintos. Assim, para se tornar civilizado e
racional, o homem precisou renunciar a elementos instintivos ligados à natureza. Precisou
dominar-se internamente, portanto. A sua constituição está baseada em uma violência.
Os autores também retomam Émile Durkheim. Ao contrário dele, que argumentava que
o caráter social das formas de pensamento exprime solidariedade social, Adorno e Horkheimer
defendem que ele exprime, na verdade, dominação. O sistema de pensamento concebido no
esclarecimento tem um caráter totalitário. Todos devem se submeter ao conhecimento
universal. É por isso que há a defesa de que o esclarecimento regride à mitologia. É como se não
houvesse nada fora dele. Tudo isso foi acontecendo ao longo da história ocidental mas
encontrou seu ápice na modernidade. Nesse momento, o esclarecimento se associou ao
capitalismo. Na verdade, da forma como se deu, o esclarecimento construiu o caminho para o
capitalismo, porque ele próprio baseouse na dominação.