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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA

CENTRO DE TECNOLOGIA
CURSO DE ENGENHARIA CIVIL

Roberto Lira Araujo

ANÁLISE E CONCEPÇÃO DO PROJETO DE UM EDIFÍCIO EM


ALVENARIA ESTRUTURAL: UM ESTUDO DE CASO

Santa Maria, RS
2018
Roberto Lira Araujo

ANÁLISE E CONCEPÇÃO DO PROJETO DE UM EDIFÍCIO EM ALVENARIA


ESTRUTURAL: UM ESTUDO DE CASO

Trabalho de Conclusão de Curso


apresentado ao Curso de Engenharia Civil da
Universidade Federal de Santa Maria
(UFSM, RS), como requisito parcial para
obtenção do título de Engenheiro Civil.

Orientador: Prof. Dr. Gihad Mohamad

Santa Maria, RS
2018
Roberto Lira Araujo

ANÁLISE E CONCEPÇÃO DO PROJETO DE UM EDIFÍCIO EM ALVENARIA


ESTRUTURAL: UM ESTUDO DE CASO

Trabalho de Conclusão de Curso


apresentado ao Curso de Engenharia Civil da
Universidade Federal de Santa Maria
(UFSM, RS), como requisito parcial para
obtenção do título de Engenheiro Civil.

Aprovado em 30 de julho de 2018:

______________________________________
Gihad Mohamad, Dr (UFSM)
(Presidente/Orientador)

______________________________________
André Lübeck, Dr (UFSM)

______________________________________
Almir Barros da Silva Santos Neto, Dr (UFSM)

Santa Maria, RS
2018
RESUMO

ANÁLISE E CONCEPÇÃO DO PROJETO DE UM EDIFÍCIO EM ALVENARIA


ESTRUTURAL: UM ESTUDO DE CASO

AUTOR: Roberto Lira Araujo


ORIENTADOR: Gihad Mohamad

A qualidade das construções comumente tem seu êxito atribuído aos projetistas e aos
engenheiros executores, mas seus fracassos à mão de obra. Os projetos frequentemente se
encontram tratados apenas como mera formalidade burocrática, não sendo reconhecido o seu
devido valor e uso. Outro fato, também corriqueiro, é a ocorrência de erros, sejam eles de
execução, devido à interpretação inadequada do projeto a ser executado, sejam eles ocorridos
pela não compatibilização entre projetos, o que gera erros em obra bem como tomadas de
decisão sob pressão, as quais tendem a equívocos e consequentemente à perda de qualidade no
empreendimento. Projetos devem ser claros para quem os lê e executa, possuindo, para tal, o
detalhamento necessário para que não surjam dúvidas quanto à maneira na qual o projeto foi
idealizado. O engenheiro executor deve sempre analisar e compreender o projeto a ser
realizado, buscando soluções para qualquer insegurança que por ventura venha a ter, pois o bom
senso, aliado à parte técnica, deve fazer parte das decisões no dia-a-dia da obra. A pesquisa
realizada tratou-se de um estudo de caso, tendo por objeto um projeto residencial multifamiliar,
objetivando soluções para dúvidas e questionamentos surgidos na execução do
empreendimento, e, finalmente, propondo sugestões e reflexões quanto aos modelos de projetos
realizados em alvenaria estrutural.

Palavras-chave: Projeto em Alvenaria estrutural, Compatibilização, Estudo de caso,


Detalhamento de projetos.
ABSTRACT

ANALYSIS AND CONCEPTION OF A BUILDING PROJECT IN STRUCTURAL


MASONRY: A CASE STUDY

AUTHOR: Roberto Lira Araujo


ADVISOR: Gihad Mohamad

The quality of constructions is commonly attributed to designers and to executing engineers,


and its failures to manpower. Projects are often treated as mere bureaucratic formality, and both
their value and use are not recognized. Another fact, also common, is the occurrence of errors,
being them of execution, due to the inadequate interpretation of the project to be executed,
being them caused by non-compatibility between projects, generating mistakes in the worksite
as well as under pressure decision making, tending to misunderstandings and consequently
decreasing the enterprise’s quality. Projects must be clear to those who execute them, having,
to this end, the necessary detailment so that there is no doubt related to the way in which the
project was idealized. The executing engineer must always analyze and understand the project
to be realized, seeking solutions to any insecurity that he may happen to have, since the common
sense, combined with the technical aspect, should be part of the decisions in the worksite’s daily
basis. The research is classified as a case study, considering a multifamily residential project,
with the objective of solving doubts and questions that arose in the project’s execution, and,
finally, proposing suggestions and reflections on the subject of structural masonry project
models.

Keywords: Structural masonry project; Compatibility between projects; Case Study; Project
detailment.
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 8
1.1 OBJETIVO GERAL ................................................................................................... 9
1.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ..................................................................................... 9
1.3 JUSTIFICATIVA ....................................................................................................... 9
1.4 LIMITAÇÕES DA PESQUISA ................................................................................. 9
1.5 ESTRUTURA DO TRABALHO ............................................................................. 10
2 SISTEMA CONSTRUTIVO ................................................................................. 11
2.1 CONCEITO DE ALVENARIA ESTRUTURAL .................................................... 11
2.2 CLASSIFICAÇÃO ................................................................................................... 11
2.3 VANTAGENS DO SISTEMA ................................................................................. 12
2.4 LIMITAÇÕES DO SISTEMA ................................................................................. 13
2.5 COMPONENTES DA ALVENARIA ..................................................................... 14
2.5.1 Unidade modular .................................................................................................... 14
2.5.2 Blocos cerâmicos ..................................................................................................... 15
2.5.3 Blocos especiais ....................................................................................................... 17
2.5.4 Argamassas ............................................................................................................. 18
2.5.5 Graute ...................................................................................................................... 20
2.5.6 Armaduras .............................................................................................................. 22
2.5.6.1 Armaduras horizontais ............................................................................................. 22
2.5.6.2 Armaduras verticais ................................................................................................. 22
2.5.6.3 Grampos ................................................................................................................... 23
3 PROJETO ............................................................................................................... 24
3.1 A IMPORTÂNCIA DO PROJETO.......................................................................... 24
3.1.1 Compatibilização de projeto .................................................................................. 25
3.2 LANÇAMENTO ESTRUTURAL NO PROJETO ARQUITETÔNICO ................. 26
3.2.1 Forma do prédio ..................................................................................................... 26
3.2.2 Paredes ..................................................................................................................... 28
3.2.3 Comprimento e altura total das paredes .............................................................. 28
3.4 COORDENAÇÃO MODULAR .............................................................................. 29
3.4.1 Importância da coordenação modular ................................................................. 29
3.4.2 Modulação horizontal ............................................................................................ 30
3.4.3 Modulação vertical ................................................................................................. 32
3.5 AMARRAÇÃO DE PAREDES ............................................................................... 34
4 DETALHAMENTO DO PROJETO EM ALVENARIA ESTRUTURAL ....... 37
4.1 PLANTA DE 1º E 2º FIADA ................................................................................... 38
4.2 ELEVAÇÃO DE PAREDE ...................................................................................... 39
4.3 INSTALAÇÕES ....................................................................................................... 40
4.3.1 Instalações elétricas ................................................................................................ 40
4.3.2 Instalações hidrossanitárias ................................................................................... 42
4.4 JUNTAS ................................................................................................................... 45
4.4.1 Juntas de dilatação ................................................................................................. 45
4.4.1.1 Pré análise a ser feita ............................................................................................... 47
4.4.1.2 Como prescindir da junta acima de 24 m ................................................................ 47
4.4.2 Junta de controle .................................................................................................... 49
4.5 LAJE DO ÚLTIMO PAVIMENTO ......................................................................... 51
4.5.1 Junta horizontal ...................................................................................................... 51
4.5.2 Proteção térmica ..................................................................................................... 53
4.6 DESEMPENHO ACÚSTICO .................................................................................. 53
4.6.1 Desempenho acústico de parede ............................................................................ 53
4.6.1.1 Ensaio de ruído......................................................................................................... 53
4.6.1.2 Diferença entre 𝐷𝑛𝑡,𝑤 e 𝑅𝑤 ..................................................................................... 54
4.6.1.3 Transmissão de ruído aéreo ..................................................................................... 54
4.6.1.4 Isolamento a ruído sono ........................................................................................... 55
5 APLICAÇÃO DAS DIRETRIZES PARA O ESTUDO DE CASO ................... 56
5.1 PLANTA MODULAÇÃO 1ª E 2ª FIADA............................................................... 56
5.2 PAGINAÇÃO DE PAREDES ................................................................................. 57
5.3 COMPATIBILIZAÇÃO ARQ X ESTR X HID X UTIL X GAS ............................ 58
5.3.1 Caso 1 ....................................................................................................................... 58
5.3.1.1 Incompatibilidade 1: Hidrossanitário x Elétrico x Estrutural ................................. 58
5.3.1.2 Incompatibilidade 2: Hidrossanitário x Estrutural .................................................. 59
5.3.2 Caso 2 ....................................................................................................................... 59
5.3.2.1 Incompatibilidade entre a espera da linha fria do sistema de ar condicionado e o
grauteamento devido a abertura de janela............................................................................... 59
5.3.3 Caso 3 ....................................................................................................................... 60
5.3.3.1 Incompatibilidade Elétrico x Estrutural ................................................................... 60
5.4 ESTUDO ACÚSTICO DAS PAREDES ENTRE UNIDADES AUTÔNOMAS .... 61
5.5 ESTUDO SOBRE JUNTAS ..................................................................................... 62
5.5.1 Em relação a juntas de dilatação .......................................................................... 62
5.5.2 Em relação a juntas de controle ............................................................................ 64
5.6 LANÇAMENTO ESTRUTURAL ALTERNATIVO .............................................. 67
5.6.1 Resistência de cálculo dos materiais ..................................................................... 69
5.6.2 Dimensionamento para M(+)................................................................................. 69
5.6.3 Dimensionamento dos Estribos ............................................................................. 70
5.6.4 Armaduras construtivas ........................................................................................ 70
5.6.5 Cálculo da flecha segundo a NBR 6118 (ABNT 2014) ........................................ 70
5.6.6 Flecha inicial ........................................................................................................... 71
5.6.7 Flecha devido a fluência do concreto .................................................................... 71
5.6.8 Flecha total .............................................................................................................. 72
5.6.9 Cálculo de abertura de fissura segundo a NBR 6118 (ABNT 2014) .................. 72
5.6.10 Cálculo de Ancoragem ........................................................................................... 73
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................. 74
7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................. 76
ANEXOS ..................................................................................................................................... .
8

1 INTRODUÇÃO

Ao longo dos séculos, o ser humano tem aperfeiçoado suas tecnologias a fim de
desenvolver sistemas construtivos modernos e capazes de cumprir com objetivos aos quais
foram pensados. Nesse contexto, a alvenaria estrutural, cujo principal conceito “[...] é a
transmissão de ações através de ações de compressão.”(Ramalho e Corrêa, 2003, p. 1), começou
a ser desenvolvida no Antigo Egito com as Pirâmides de Guizé (2600 A.C), onde em sua
principal pirâmide, Queóps, foram empilhados 2,3 milhões de blocos. Outros grandes marcos
foram o Farol de Alexandria (280 A.C), construído em alvenaria de mármore branco, e o
Coliseo de Roma (meados do ano 70 D.C), constituído por pórticos formados por pilares e
arcos, essas obras todas, utilizando-se da alvenaria apenas como peças justapostas.
Com o decorrer da história, a alvenaria foi desenvolvendo-se até chegar mais próxima
ao que conhecemos hoje. Em Chicago, entre 1889 e 1891, foi construído o edifício Monadnock,
o precursor no sistema em alvenaria, sendo destaque pela sua grandiosidade para época,
possuindo 16 pavimentos e 65 m de altura, explorou os limites dimensionais para edifícios em
alvenaria, tornando-se assim uma obra audaciosa para o período.
Foi em 1933, devido a um terremoto ocorrido na Califórnia, o qual gerou a proibição,
por parte do governo americano, do uso de alvenaria simples (não armada), nas regiões sujeitas
a abalos sísmicos, que começou a surgir os primeiros conceitos teóricos sobre alvenaria armada.
Mas foi somente na década de 50, na Suíça, que surgiu (devido à escassez de concreto
e aço proporcionado pela Segunda Guerra Mundial) a alvenaria estrutural, onde o professor
Paul Haller, conduziu uma série de testes em paredes de alvenaria.
Entre 1960 e 1970, em razão de problemas de colapsos progressivos, verificados em
construções desse período, foram desenvolvidas pesquisas experimentais e aprimoramentos dos
cálculos matemáticos para cargas estáticas e dinâmicas e excepcionais (explosões e retiradas de
paredes estruturais) trazendo, assim, cada vez mais segurança e economia para o sistema
construtivo.
No Brasil, o uso da alvenaria estrutural iniciou em 1966, com o emprego do bloco de
concreto e, em 1980 foi introduzido no mercado os blocos cerâmicos, já com dimensões
modulares e furos na vertical, que proporcionam a passagem de instalações elétricas sem
quebras comumente feitas em obra.
Por isso tudo, se leva a crer que o sistema construtivo em alvenaria tende cada vez mais
a melhorar e sanar suas principais complicações decorrentes, antes dos materiais, mas agora, da
mão de obra qualificada tanto para sua execução quanto para seu projeto.
9

1.1 OBJETIVO GERAL

Estabelecer diretrizes para um projeto em alvenaria estrutural e aplicá-las em um projeto


real.

1.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

 Elaborar 2ª fiada da modulação;


 Elaborar um modelo para a paginação;
 Compatibilizar projeto arquitetônico, estrutural, hidrossanitário, elétrico,
utilidades e gás;
 Realizar estudo da acústica das paredes entre unidades autônomas e propor
soluções com blocos cerâmicos da região;
 Justificar omissão das juntas de controle e dilatação no projeto em questão;
 Realizar lançamento estrutural alternativo para caso fosse adotado piso cerâmico
na sala dos apartamentos final 01, 02, 05 e 06 do projeto em estudo.

1.3 JUSTIFICATIVA

Devido ao crescente uso do sistema construtivo em alvenaria, esse trabalho de conclusão


de curso é uma tentativa de busca por soluções e respostas a dúvidas e questionamentos gerados
na execução dos projetos apresentados aqui, além de servir como uma ferramenta de
aprendizado ao autor e a quem se interessar pelo tema.

1.4 LIMITAÇÕES DA PESQUISA

A pesquisa limita-se em alguns pontos para possibilitar que o assunto discorra em outros
quesitos que o autor julga mais necessário para o entendimento e assertividade do trabalho.

 O trabalho se limita a abordar alvenarias de blocos cerâmicos, não sendo, as


questões levantadas no mesmo, tratadas para outros tipos de blocos, como de
concreto, sílico-calcário, entre outros.
10

 O estudo contempla somente orientações relativas ao pavimento tipo e à forma


do prédio do estudo de caso. Portanto, não é enfatizado elementos de projeto
como sacadas e outros.

1.5 ESTRUTURA DO TRABALHO

O trabalho discorrerá sobre a seguinte estrutura:


Capítulo 1: Introdução, apresentação do contexto mundial e nacional, objetivos da
pesquisa, justificativa do autor, limitações da pesquisa e estrutura do trabalho.
Capítulo 2: Apresenta a classificação das alvenarias, suas vantagens e desvantagens e
os componentes que fazem parte deste sistema.
Capítulo 3: Aborda a importância do projeto e seus cuidados iniciais para um melhor
projeto em alvenaria estrutural.
Capítulo 4: Traz informações sobre detalhamentos de projeto necessários para um bom
entendimento do mesmo.
Capítulo 5: Aplicação das diretrizes de projeto no estudo de caso, para resolução dos
objetivos específicos estabelecidos neste trabalho.
Capítulo 6: Considerações finais do autor.
Capítulo 7: Referências Bibliográficas.
11

2 SISTEMA CONSTRUTIVO

2.1 CONCEITO DE ALVENARIA ESTRUTURAL

A alvenaria, de modo geral, pode ser entendida como sendo “[...] peças justapostas
coladas em sua interface, por uma argamassa apropriada, formando um elemento vertical
coeso.” (Tauil e Nese, 2010).
Enquanto que a alvenaria estrutural, segundo Santos (1998), “É toda estrutura em
alvenaria, predominantemente laminar, dimensionada com procedimentos racionais de cálculo
para suportar cargas além do peso próprio.”

2.2 CLASSIFICAÇÃO

Pode-se classificar a alvenaria estrutural, de acordo com seu uso, como:

 Alvenaria armada: são alvenarias que devido a exigências de cálculo são


reforçadas com armaduras passivas, como barras ou telas de aço, que são
inseridas nos vazios dos blocos com posterior grauteamento, ou em juntas
horizontais.
 Alvenaria não-armada: são alvenarias onde o aço inserido nelas, juntamente com
o preenchimento de graute, tem somente função construtiva de amarração e
homogeneização de tensões.
 Alvenaria parcialmente armada: nomenclatura que define um sistema de
alvenaria onde parte dele é alvenaria armada (armada com aços que tem a
finalidade de resistir a esforços solicitados) e parte alvenaria não-armada (ferros
puramente construtivos).
 Alvenaria protendida: são alvenarias onde a sua armadura de reforço é uma
armadura ativa (pré-tensionada), ou seja, que serve para minimizar os efeitos das
ações externas, como por exemplo, a ação do vento em edifícios de paredes
esbeltas e com baixa carga vertical.
12

2.3 VANTAGENS DO SISTEMA

Segundo a Pauluzzi (2018), alvenaria estrutural adequa-se tanto a obras populares


quanto para padrões mais elevados, devido a sua geração de economia, segurança, qualidade e
rapidez de execução.
Kalil e Leggerini (2007) apontam que, em relação aos processos tradicionais, as maiores
vantagens da alvenaria estrutural são:

 Economia no uso de madeira para formas;


 Redução no uso de concreto e ferragens;
 Redução na mão-de-obra em carpintaria e ferraria;
 Facilidade de treinar mão-de-obra qualificada;
 Projetos são mais fáceis de detalhar;
 Maior rapidez e facilidade de construção;
 Menor número de equipes ou sub-contratados de trabalho;
 Ótima resistência ao fogo;
 Ótimas características de isolamento termo-acústico;

Segundo Franco e Agopyan (1994, apud ARAÚJO, 1995), o sistema construtivo em


alvenaria estrutural traz maior facilidade para inserção de políticas organizacionais no canteiro
de obras, devido a projetos mais detalhados, padronização dos processos produtivos e maior
simplicidade inerente ao processo que o sistema construtivo nos traz.
Gomes e Saldanha (1994, apud ARAÚJO, 1995) destacam algumas diferenças no
processo construtivo convencional em concreto armado para o em alvenaria estrutural, como:

 Diminuição da variabilidade das atividades;


 Concentração de etapas, neste caso, auxiliadas pela alvenaria estrutural;
 Concomitância entre tarefas;
 Padronização do produto e procedimento;
 Estabelecimento de postos fixos de trabalho;
 Tempo de realização das tarefas definidas pelo planejamento.
13

Campos (1993, apud ARAÚJO, 1995) apresenta uma lista de vantagens, no uso do
sistema construtivo em alvenaria estrutural, que podem proporcionar redução no prazo da obra.
São eles:

 Quando bem modulado o projeto, o aproveitamento de blocos nos traz agilidade


ao processo construtivo;
 As dimensões modulares maiores do bloco estrutural em relação ao de vedação
convencional, nos traz maior produtividade na execução;
 A não utilização de armaduras e formas torna o trabalho mais racional;
 A simultaneidade das atividades (alvenaria/estrutura e instalações) destaca-se
como uma das principais características na redução do cronograma.

2.4 LIMITAÇÕES DO SISTEMA

“Embora trata-se de uma operação simples, a execução das paredes estruturais exige
materiais adequados e cuidados com o projeto, qualidade da mão de obra e controle de
qualidade.”. (MEDEIROS, 1993).
Pensando na racionalização do sistema, o uso da alvenaria estrutural apoiada
diretamente sobre pilotis é foco de estudo, pois normalmente a situação pede estruturas caras
de transição. Por isso, o recomendado é descarregar a alvenaria estrutural, sempre que possível,
diretamente no terreno. (CAMPOS, 1993 apud ARAUJO, 1995).
Segundo Araújo (1995) o sistema também apresenta limitações a quem quer tirar o
máximo proveito do seu uso, como o cumprimento de diversas exigências, tais como:
modulação do projeto, minimização da variabilidade de blocos a serem usados na obra,
padronização de paredes (projetos de elevação), controle de execução e outras, cuja não
observância podem inviabilizar o projeto.
Ao se escolher pelo uso da alvenaria estrutural como estrutura do empreendimento, o
projeto arquitetônico deve estar atento a algumas limitações que acabam sendo impostas por
sua adoção. Mohamad (2015, p. 40-41) salienta as seguintes:

 A limitação no número de pavimentos que é possível alcançar por efeito dos


limites das resistências dos materiais disponíveis no mercado em razão das
combinações de esforços atuantes;
14

 O arranjo espacial das paredes e a necessidade de amarração entre os elementos


estruturais;
 O comprimento e a altura dos painéis de paredes estruturais, que pode afetar a
esbeltez do elemento e a presença de juntas de movimentação;
 As limitações quanto à existência de transição para as estruturas em pilotis no
térreo ou em subsolos;
 A impossibilidade de remoção posterior das paredes estruturais;
 O uso de balanços, principalmente de sacadas que provocam torção;
 A necessidade das passagens das instalações sob pressão (hidráulicas e de gás)
em espaços previamente pensados, sem rasgos dos elementos estruturais.

Mohamad (2015, p. 40) ainda alerta que “A especificação de diretrizes técnicas para a
execução dos projetos é fundamental para a obtenção da qualidade final da edificação e a
otimização dos recursos físicos, financeiros e materiais empregados em sua produção.”.

2.5 COMPONENTES DA ALVENARIA

Segundo Ramalho e Corrêa (2003), é importante destacar dois conceitos básicos:


componente e elemento da alvenaria estrutural. Entende-se por um componente da alvenaria
uma unidade básica, ou seja, algo que compõe os elementos que, por sua vez, comporão a
estrutura. Sendo os componentes principais da alvenaria: blocos, ou unidades; argamassa;
graute e armadura. Quanto aos elementos são uma parte suficientemente elaborada da estrutura,
sendo formados por pelo menos dois dos componentes citados. Exemplos de elementos são:
paredes, pilares, cintas, vergas, etc.

2.5.1 Unidade modular

“As unidades são os componentes mais importantes que compõem a alvenaria


estrutural, uma vez que são eles que comandam a resistência à compressão e determinam os
procedimentos para aplicação da técnica da coordenação modular nos projetos.“. (CAMACHO,
2006, p. 9).
15

2.5.2 Blocos cerâmicos

A NBR 15270-2 (ABNT 2005) define blocos cerâmicos estruturais como sendo
componentes da alvenaria estrutural que possuem furos prismáticos perpendiculares à face que
os contém, sendo produzidos para serem assentados com furos na vertical.
Os blocos cerâmicos classificam-se em: (a) bloco cerâmico estrutural de paredes
vazadas; (b) bloco cerâmico estrutural com paredes maciças; (c) bloco cerâmico estrutural com
paredes maciças e paredes internas vazadas; e (d) bloco cerâmico estrutural perfurado, como
mostra a Figura 1.

Figura 1 – Classificação de blocos cerâmicos quanto as paredes e vazados do bloco

Fonte: NBR 15270-2 (ABNT 2005)

É importante salientar que todo bloco cerâmico estrutural, segundo a NBR 15270-2
(ABNT 2005), deve vir, obrigatoriamente com a identificação do fabricante, dimensões e do
lote ou número para rastreabilidade gravada em uma das faces externas do bloco.
O bloco cerâmico estrutural deve possuir a forma de um prisma reto, cuja dimensão de
fabricação deve respeitar Quadro 1 da norma já mencionada.
16

Quadro 1 – Dimensões de fabricação de blocos cerâmicos estruturais

Fonte: NBR 15270-2 (ABNT 2005)

A não modularidade dos blocos, vai de encontro a um dos princípios do sistema


construtivo, que é a racionalização. Pois, trabalhar com uma alvenaria com medidas irregulares,
ocasiona um desperdício de material no momento do revestimento da mesma, devido ao
aumento do revestimento da parede em consequência da não linearidade das medidas do bloco
utilizado.
Para assegurar-se do padrão de qualidade e modularização do sistema construtivo, a
NBR 15270-2 (ABNT 2005) traz valores de tolerâncias dimensionais relacionadas a medidas
individuais e a média de seus valores, apresentados aqui nos Quadros 2 e 3.
17

Quadro 2 – Tolerâncias dimensionais individuais relacionadas à dimensão efetiva do


bloco

Fonte: NBR 15270-2 (ABNT 2005)

Quadro 3 – Tolerâncias dimensionais relacionadas à média das dimensões efetivas dos


blocos

Fonte: NBR 15270-2 (ABNT 2005)

Os blocos cerâmicos devem ter resistência mínima de 3,0 MPa para serem utilizados em
paredes portantes, sendo a reprovação das medidas do bloco pela tolerância dimensional da
norma, um indicativo de má queima do mesmo, podendo assim, estar com sua resistência
também inatingida.

2.5.3 Blocos especiais

Os blocos especiais, ou também chamados compensadores, servem para o ajuste


dimensional necessário devido a aberturas de portas e janelas ou devido a dimensões de
ambientes não múltiplas de M/2+1. Dessa forma, eles podem ser de diversas dimensões, como
ilustrado na Figura 2.
18

Figura 2 – Blocos cerâmicos estruturais especiais da família 29

Fonte: Tadeu Blocos Estruturais. Disponível em: www.tadeublocosestruturais.com.br

2.5.4 Argamassas

Sabbatini (1987-b) define argamassa como sendo um “[...] material composto, sem
forma e de características plásticas, constituído de agregado miúdo inerte e de uma pasta
aglomerada. Tem a propriedade de aderir a materiais porosos e de endurecer após certo tempo.”.
A argamassa de assentamento tem a função principal de transmitir todas as ações
verticais e horizontais atuantes de forma a solidarizar as unidades, e de acomodar as
deformações concentradas, de modo a não provocar fissuras. Possuindo ainda outras funções
como a de absorção das deformações e a compensação das irregularidades causadas pelas
variações dimensionais das unidades. (MOHAMAD, 2015).
As propriedades físicas da argamassa de assentamento no estado fresco e endurecido,
diferem-se entre si, sendo desejadas características diferentes em cada etapa. Khoo e Hendry
(1973) listam estas características no Quadro 4:

Quadro 4 – Propriedades físicas desejadas da argamassa em cada estado

Estado Fresco Estado Endurecido


Consistência Resistência à compressão
Retenção de água Aderência superficial
Coesão da mistura Durabilidade
Exsudação Capacidade de acomodar deformações (resiliência)

Fonte: KHOO e HENDRY, 1973


19

Argamassas são compostas geralmente de cimento, areia, água e cal o suficiente para
produzir uma mistura plástica de boa trabalhabilidade para o operário.
Mohamad (2015, p. 107) apresenta de forma esquemática a influência que os materiais
constituintes da argamassa têm sobre as propriedades da mesma. (Ver Quadro 5)

Quadro 5 – Influência dos materiais constituintes da argamassa

Propriedade Materiais
Cimento Cal Areia grossa Areia fina Água
Fluidez + + 0 0 ++
No estado Plasticidade + ++ - + 0
fresco Coesão + ++ - + 0
Retentividade + ++ - + 0
Aderência + ++ - + +
Durabilidade
No estado - ++ 0 0 0
da Aderência
endurecido
Resistência à
++ - + - -
compressão
+ : indica que aumenta; ++ : indica um aumento considerável na propriedade; - : indica que
diminui; 0 : indica que tem pouca influência

Fonte: MOHAMAD, 2015, p. 107

Segundo Solórzano (1994), as argamassas de assentamento de unidades podem ser


classificadas, em função do aglomerante empregado, nos seguintes tipo: argamassas de cal;
argamassas de cimento, argamassas mistas de cal e cimento, e argamassas industrializadas.
Sendo as três últimas mais utilizadas na alvenaria estrutural.
Argamassa de cimento: são adequadas para assentamento em regiões em contato com a
água e para o nivelamento da primeira fiada. É uma mistura rica em cimento, antieconômica e
normalmente surgem fissuras por retração. Tem como vantagem a rapidez para adquirir
resistência, o que garante a execução de diferentes fiadas de paredes sem o esmagamento das
fiadas anteriores.
Argamassas mistas: constituídas de cimento, areia e cal, são as mais adequadas para a
alvenaria estrutural, pois conferem trabalhabilidade devido à cal e a resistência nas idades
20

iniciais adquirida devido ao cimento. Efeitos de retração, que gerariam fissuras, são reduzidos
devido ao uso da cal.
Argamassas industrializadas: este tipo de argamassa garante, com o auxílio de aditivos
e quando bem feito o controle tecnológico, as características desejadas para a sua utilização. É
muito utilizada em obras de grande porte, onde geralmente as exigências do meio técnico
quanto a ritmo, velocidade e organização da produção, deixam a argamassa tradicional em
segundo plano, pela dificuldade de manuseio e controle das porcentagens de cada material.

2.5.5 Graute

Segundo a NBR 8798 (ABNT 1985) graute é um elemento que serve como
preenchimento dos vazios dos blocos e canaletas e tem a função de solidarizar a armadura a
estes elementos e de aumentar sua capacidade portante.
De acordo com Manzione (2004), o graute é um concreto ou argamassa com agregados
de pequena dimensão e alta plasticidade. E é utilizado para preencher vazios dos blocos em
pontos onde se deseja aumentar a resistência localizada da alvenaria aos esforços de flexão,
cisalhamento e compressão. Quando combinado com o uso de armadura em seu interior, o
graute combate também os esforços de tração que a alvenaria por si só não teria condições de
resistir. Outro ponto importante é a solidarização dos blocos promovido pelo grauteamento.
Segundo Martins (2001, apud JÚNIOR, 2012), “o graute é o resultado da mistura de
materiais aglomerantes, agregados e água, com ou sem aditivos, em proporções tais que se
obtenha uma consistência líquida sem segregação de seus constituintes. Sua finalidade é de
solidarizar as armaduras aos blocos de alvenaria, garantindo o funcionamento como estrutura
armada [...]”.
Segundo Thomaz e Helene (2000) para que o bloco e o graute atuem como estrutura
homogênea é necessário que exista boa aderência entre ambos, pois a ausência ou a fraca
aderência entre os materiais interfere negativamente na transferência de tensões no sistema
bloco-graute.
Geralmente os grautes são compostos por cimento, areia, pedrisco e água, mas, em
certos casos, pode-se adicionar cal na mistura para diminuir a sua rigidez.
Os Quadros 6 e 7 indicam as granulometrias recomendadas para as areias e pedriscos
de acordo com ASTM C 404 (2007):
21

Quadro 6 – Faixas granulométricas de areias recomendadas para graute

Abertura da peneira (mm) Tipo 1 Tipo 2


9,5 0 0
4,8 0-5 0
2,4 0-20 0-5
1,2 15-50 0-30
0,6 40-75 25-60
0,3 70-90 65-90
0,15 90-98 85-98
0,075 95-100 95-100

Fonte: ASTM C 404, 2007

Quadro 7 – Faixa granulométrica recomendada para pedrisco utilizado no graute

Abertura da peneira (mm) % retida acumulada


12,5 0
9,5 0-15
4,8 70-90
2,4 90-100
1,2 95-100

Fonte: ASTM C 404, 2007

2.5.5.1 Ensaios de Resistência

A NBR 15812-1 (ABNT 2010) afirma que “quando especificado o graute, sua influência
na resistência da alvenaria deve ser devidamente verificada em laboratório, nas condições de
sua utilização.”.
A mesma norma ainda afirma que “ a avaliação da influência do graute na compressão
deve ser feita mediante o ensaio de compressão de prismas.”.
Kalil e Leggerini (2007) alegam que a dificuldade de executar o ensaio de resistência à
compressão, obtido pelo rompimento de corpos-de-prova prismáticos de 7,5x7,5x15 cm ou
22

9x9x18 cm, é o que leva a testar o desempenho do graute na resistência de prismas de alvenaria,
tendo seus vazios por ele preenchidos.
Segundo Ribeiro (2010), mesmo que os materiais constituintes do sistema bloco-graute
sejam de mesma resistência, eles somente apresentarão previsibilidade no ganho de resistência
do grauteamento quando forem, também, de mesmo material. Por isso, o grauteamento de
blocos cerâmicos não têm seu aumento de resistência na proporção de 1:1 em relação ao
aumento de sua área resistente. Acaba, então, que a melhor maneira de prever a resistência do
conjunto, é realizando os devidos ensaios laboratoriais, evitando assim, falhas e patologias
posteriores.

2.5.6 Armaduras

2.5.6.1 Armaduras horizontais

Não sendo exclusivo do sistema construtivo em alvenaria estrutural, a armação de vigas


de aberturas e vigas de amarração (cintamento) continuam por existir, neste caso, geralmente
com barras de 10 mm ou treliças dimensionadas pelo projetista estrutural.

2.5.6.2 Armaduras verticais

Além da armadura presente em cintas de amarração, vergas e contravergas, deve-se,


também, armar a alvenaria estrutural em encontro de paredes sempre que possível, incluindo os
cantos externos do edifício. Esta armadura é construtiva e, geralmente utiliza uma barra de 10
mm, que colabora na solidarização e homogeneização de esforços na estrutura.
Ademais, ainda se faz necessário verificar a resultante de tensões de tração em cada
parede para analisar a necessidade do grauteamento, desta vez, com a finalidade principal de
resistir aos esforços de tração que o sistema bloco-argamassa por si só não resiste.
A Figura 3 mostra um desenho esquemático, apresentado por Parsekian (2012) para
melhor entendimento dos pontos onde se recomenda prever armadura vertical em qualquer
edifício, independentemente da sua altura.
23

Figura 3 – Imagem esquemática dos pontos recomendados conter armadura vertical em


qualquer edificação

Fonte: Parsekian (2012)

2.5.6.3 Grampos

Sempre que possível as alvenarias devem ter seus cantos amarrados em encontros de
paredes (assunto que será tratado no Capítulo 3 desse trabalho), entretanto existem casos em
que seu uso não se faz possível. Nestas situações, pode-se optar pelo uso de grampos entre
alvenarias. O seu uso é demonstrado na Figura 4.

Figura 4 – Desenho esquemático de grampos

Fonte: PARSEKIAN, 2012

Entretanto, mesmo que os grampos sejam opções em situações especiais, Manzione


(2004) alerta: “O uso de grampos cria uma atividade a mais na obra e de difícil verificação.
Como esta solução não permite a redistribuição de tensões, podem ocorrer patologias. Por isso,
o uso de grampos é desaconselhável [...]”.
24

3 PROJETO

“Projeto é uma atividade ou serviço integrante do processo de construção, responsável


pelo desenvolvimento, organização, registro e transmissão das características físicas e
tecnológicas especificadas para uma obra a serem consideradas na fase de execução”.
(MELHADO, 1994).
Já, projeto em alvenaria estrutural, para Taiul e Nese (2010), é aquele que substitui o
projeto da estrutura de concreto formada por pilares e vigas, determinando os vãos modulares
de janelas, portas e todas as demais interferências da edificação, como shaft’s, localização de
instalações, espaços comuns, elevadores, posição de caixas d’água até vagas de garagem, sendo
tudo dimensionado para a medida modular da alvenaria escolhida.

3.1 A IMPORTÂNCIA DO PROJETO

“Dentre as etapas de desenvolvimento de um empreendimento, a fase de concepção


exerce papel determinante na qualidade, tanto do produto como do processo construtivo. Assim,
um grande avanço na obtenção de melhor qualidade da construção pode ser alcançado a partir
da melhoria da qualidade dos projetos.”. (FRANCO e AGOPYAN, 1994).
Segundo Franco (1992) “É na fase de projeto que são tomadas as decisões que mais
impactam nos custos, na velocidade do empreendimento e na qualidade do produto”. Erros
nesta etapa, gerariam dificuldades para todos os setores envolvidos no processo da construção,
as quais refletiriam na qualidade do produto final. (MELHADO, 2005).
Curtin et al. (1984) apontam algumas causas de problemas de construção na alvenaria
estrutural como sendo:

 Detalhamento pobre no projeto;


 Erros e inadequações nos desenhos do projeto;
 Falta de revisão nos projetos executivos (retroalimentação);
 Mudanças de detalhes ou procedimentos no canteiro;
 Falta de confiança do executor nos detalhes.
25

Para tais problemas, é necessário estabelecer diretrizes de projeto e execução, fazendo


parte o acompanhamento e a checagem do serviço que está sendo executado em obra.
Lembrando que a finalidade de um projeto é a realização do mesmo.
Referente ao tema, Griffith e Sidwell (1995) recomendam as seguintes diretrizes gerais
a serem adotadas pelos projetistas:

 Simplificar os detalhes de projeto para simplificar a execução;


 Projetar com a habilidade e a experiência de mão-de-obra disponível;
 Projetar para sequências práticas e simples das operações de construção;
 Projetar para substituições e tolerâncias práticas dos materiais/componentes no
local do trabalho;
 Projetar para padronizar e usar o número máximo de repetições quando
apropriado;
 Projetar para simplificar as substituições;
 Projetar para uma fácil comunicação com o construtor.

O projeto somente alcançará o seu objetivo quando ele for claro e detalhado o suficiente
para que quem o lê e o executa consiga entende-lo e reproduzi-lo da maneira a qual foi
idealizado, sendo a premissa básica para o seu sucesso, a preocupação de se projetar para
produzir. (MACHADO, 2014)

3.1.1 Compatibilização de projeto

“A alvenaria estrutural, pelas características de seu processo de produção, requer a


compatibilização entre todos os projetos. Nesta etapa, serão conferidas, as medidas dos
ambientes, as espessuras dos revestimentos, a modulação dos vãos para esquadrias, as
interferências com elementos estruturais e, principalmente, resolvidos os conflitos com as
instalações.”. (MANZIONE, 2004, p. 40).
A compatibilização de projeto é uma das principais ferramentas para evitar o
desperdício e queda de qualidade em obra, pois, apesar de sempre ser atribuído à mão de obra
ou a má qualidade dos materiais, o desperdício e queda de qualidade também podem vir do
projeto. (TOSCANO, 1995, apud ARAÚJO, 1995).
26

A maioria dos problemas patológicos constatados ao longo da vida útil de uma


edificação tem origem em falhas de projeto. A análise, verificação e correção das interferências
físicas entre os diferentes projetos do empreendimento, é uma das maneiras de anteciparmos os
erros que iriam para obra e solucionarmos no escritório, podendo estudar maneiras de todos os
projetos coexistirem harmonicamente. (RODRIGUES, 2005).

3.2 LANÇAMENTO ESTRUTURAL NO PROJETO ARQUITETÔNICO

Para Rauber (2005), o lançamento da estrutura é a etapa mais importante do projeto.


Onde deve-se partir de um projeto arquitetônico bem definido e projetado em cima das
premissas da alvenaria estrutural. A não adequação desta, acarreta em dificuldades para
compensar através de medidas nos projetos complementares ou intervenções na obra.
Rauber (2005) salienta, ainda, que para um bom lançamento estrutural devem ser
observadas algumas importantes premissas do sistema de alvenaria estrutural, como: forma do
prédio, distribuição de paredes estruturais e a relação entre altura total e comprimento de
paredes resistentes.

3.2.1 Forma do prédio

Duarte (1999, apud JÚNIOR, 2012) destaca que “[...] a forma do prédio pode determinar
a quantidade e a distribuição de suas paredes, particularmente as paredes portantes. A
distribuição dessas e a quantidade de pavimentos exercem influência direta na robustez do
prédio, bem como na sua capacidade de resistir a esforços horizontais.”.
A Figura 5 apresenta a relação entre a altura da edificação e sua robustez.
27

Figura 5 – Influência da altura da edificação na robustez do prédio

Fonte: DRYSDALE, 1994, adaptado por DUARTE, 1999

Gallegos (1988) recomenda algumas relações dimensionais, indicando parâmetros


ideais e toleráveis visando o aumento da robustez do conjunto, conforme pode ser visto na
Figura 6.

Figura 6 – Parâmetros toleráveis para robustez do conjunto

Fonte: GALLEGOS, 1988, adaptado por CAVALHEIRO, 1995


28

Para Taiul e Nese (2010, p. 39), a geometria e a volumetria da edificação, são um fator
relevante para a determinação de paredes portantes, contraventamento ou de vedação.

3.2.2 Paredes

Quanto à função estrutural que as paredes exercem, Rauber (2005) classifica-as em:

 Paredes de vedação: servem somente para dividir ambientes internos ou para


conter tubulações hidráulicas, resistem apenas ao próprio peso, não possuindo
responsabilidade estrutural;
 Paredes estruturais: dimensionadas mediante processos racionais de cálculo,
resistem às cargas verticais provenientes do próprio peso, da estrutura sobre elas
e da ocupação do edifício;
 Paredes de contraventamento: destinam-se ao suporte das cargas horizontais
paralelas ao seu plano, absorvem esforços provenientes de ações externas,
principalmente a ação do vento e promovem o “travamento” da estrutura;
 Paredes enrijecedoras: têm a função de enrijecer as paredes estruturais contra a
flambagem.

3.2.3 Comprimento e altura total das paredes

Um edifício estruturalmente otimizado deve ter, no mínimo, 4,2% do valor da área total
construída, equivalentes em metros lineares de parede resistente ou de contraventamento
distribuídos de maneira mais homogênea possível entre as direções analisadas, afima Gallegos
(1988).
Esta recomendação prática tem como motivo assegurar certa uniformidade dos esforços
laterais nas paredes, sem sobrecarregá-las.
Na Figura 7 são apresentados parâmetros para um melhor desempenho da edificação.
29

Figura 7 – Parâmetros para uniformidade dos esforços laterais nas paredes

Fonte: GALLEGOS, 1988, adaptado por CAVALHEIRO, 1995

3.4 COORDENAÇÃO MODULAR

A NBR 5706 (ABNT 1977) define que a coordenação modular “[...] é a técnica que
permite relacionar as medidas de projeto por meio de um reticulado espacial modular de
referência.”.
A medida do módulo de referência se dá de forma arbitraria a partir da escolha do bloco
a ser utilizado no projeto em alvenaria. Assim, a definição do elemento padronizado é o ponto
de partida para a modulação e, consequentemente, da racionalização da obra.
Para Rauber (2005), a coordenação modular é responsável por grande parte da
racionalização obtida na alvenaria estrutural.

3.4.1 Importância da coordenação modular

“A racionalização se inicia no projeto. Para isto, o projeto arquitetônico já deve ser


elaborado seguindo os conceitos de alvenaria estrutural.”. (PAULUZZI, 2018).
Um dos motivos pelos quais a alvenaria estrutural é econômica e racional é a modulação
usada em projeto que, quando bem idealizada, vem dede o arquitetônico, fazendo com que haja
desperdícios reduzidos de blocos e rapidez no seu levantamento.
30

3.4.2 Modulação horizontal

Segundo Ramalho e Corrêa (2003, apud JÚNIOR, 2012, p. 60), “[...] é importante que
o comprimento e a largura sejam iguais ou múltiplos, de maneira que efetivamente se possa ter
um único módulo em planta. Se isso ocorrer, a armação das paredes será simplificada, havendo
ganhos significativos em termos de racionalização do sistema construtivo.”.
Para que seja feita a modulação, necessitamos antes escolher o módulo em que iremos
trabalhar. O módulo, aqui chamado de M, refere-se a medida do bloco mais a espessura de uma
junta, aqui chamada de J.
Sendo o comprimento real do bloco inteiro sempre 2M-J e o comprimento real de um
meio bloco M-J, e considerando-se as juntas mais comuns de 1cm, tem-se que os comprimentos
reais dos blocos serão seus comprimentos nominais diminuídos de 1cm.
Por conseguinte, um bloco inteiro da família 29 possui 2M como medida modular e 2M-
J como medida nominal, conforme esquematizado na Figura 8.

Figura 8 – Imagem esquemática do funcionamento da modulação vertical

Fonte: RAMALHO e CORRÊA, 2003

Dessa forma, no momento da concepção do projeto arquitetônico, o projetista deve levar


em consideração que os ambientes precisam ser pensados de maneira que suas medidas internas
sejam múltiplas de M/2+1, a unidade acrescida refere-se à junta, que está logicamente, presente
em ambos os lados do bloco.
A Figura 9 exemplifica a relação das medidas de um ambiente com o módulo adotado.
31

Figura 9 – Imagem esquemática das medidas internas e externas de uma parede

Fonte: RAMALHO e CORRÊA, 2003

Após determinar o módulo, traça-se uma quadrícula modular no nosso projeto, a qual
servirá de auxílio para projetar de maneira compatível com os elementos construtivos.
Na Figura 10, Taiul e Nese (2010) trazem exemplos de quadrículas modulares
considerando blocos de concreto:

Figura 10 – Imagem esquemática de quadrículas modulares

Fonte: TAUIL e NESE, 2010


32

Mesmo que tenha sido definido um módulo (M) para o projeto, ainda assim, pode-se
incluir medidas submúltiplas da medida modular, ou seja, para um módulo de 15, consegue-se
também trabalhar com módulos de 10 ou 5, que são as medidas dos blocos compensadores
acrescidas de uma junta.
Modler (2000, apud MOHAMAD, 2015) apresenta alguns passos práticos que, de
maneira geral, podem ser seguidos para elaboração da modulação do projeto arquitetônico em
alvenaria estrutural:

 Definição das medidas modulares “M” e “M/2”, sendo “M” o comprimento


modular do bloco padrão utilizado;
 Elaboração do anteprojeto, considerando as dimensões internas dos ambientes
como múltiplas de M/2 +1;
 Lançamento da primeira fiada de blocos sobre o anteprojeto;
 Ajustes das dimensões e lançamento da segunda fiada.

3.4.3 Modulação vertical

A modulação vertical raramente provoca mudanças significativas no arranjo


arquitetônico, pois, basicamente, a distância modular deve ser aplicada de piso a teto, com
possíveis ajustes de altura realizados através do uso de blocos J, de modo a acomodar a laje na
sua face externa, ou blocos canaletas U.
Nas Figuras 11 e 12, são mostradas duas possíveis formas de finalizar a última fiada da
alvenaria.
33

Figura 11 – Modulação de piso a teto

Fonte: RAMALHO e CORRÊA, 2003

Figura 12 – Parede externa sem uso do bloco jota

Fonte: RAMALHO e CORRÊA, 2003

Existe ainda a possibilidade da modulação de piso a piso, na qual se faz uso de blocos
canaletas, cortados no canteiro quando necessário, para que em conjunto com a espessura da
laje, atinja a dimensão necessária a modulação vertical de piso a piso conforme esquematizado
na Figura 13. Segundo Ramalho e Corrêa (2003), este procedimento é interessante quando o
fabricante de blocos não puder fornecer blocos J e não se deseja fazer a concretagem utilizando
blocos auxiliares.
34

Figura 13 – Modulação de piso a piso

Fonte: RAMALHO e CORRÊA, 2003

3.5 AMARRAÇÃO DE PAREDES

Deve-se projetar as amarrações de paredes, preferencialmente, por interpenetração com


blocos contra-fiados, pois, segundo Thomaz e Helene (2000, p. 12), “As alvenaria executadas
com juntas em amarração, inclusive nas ligações entre paredes, em conjunto com as lajes,
apresentam razoável poder de redistribuição de cargas, isto é, espalhamento das cargas das
paredes mais carregas para as paredes menos carregadas [...]” Além disso, a amarração direta
entre paredes, aumenta a rigidez do edifício, uma vez que permite a consideração das abas na
determinação do momento de inércia das paredes de contraventamento. (PARSEKIAN, 2012).
Parsekian (2012) define amarração direta ou indireta como:
a) Direta: padrão de distribuição dos blocos no qual as juntas verticais se defasam
de no mínimo 1/3 do comprimento dos blocos. (Ver Figura 14).

Figura 14 – Detalhes de amarração direta

Fonte: PARSEKIAN, 2012


35

b) Indireta: padrão de distribuição dos blocos no qual não há defasagem nas juntas
verticais e se utiliza algum tipo de armação entre juntas, necessitando ainda de alguns cuidados,
tais como:
 Evitar que a parede não tombe sob a ação do vento durante a construção;
 Na amarração das paredes estruturais, utilizar “ferros U”, formado por 2 grampos
de 6,3 mm a cada duas fiadas, ou utilizar telas de aço galvanizado, também, a cada duas fiadas.
A Figura 15 demonstra em planta a maneira como são distribuídas as telas e grampos
na amarração indireta.

Figura 15 – Detalhes de amarração indireta

Fonte: PARSEKIAN, 2012

Quanto a amarração direta, são 3 os principais tipos: amarrações em L, em T e em X,


como na Figura 16 e 17:
36

Figura 16 – Detalhe de amarrações em T e em L

Fonte: Mohamad, 2015

Figura 17 – Detalhe de amarrações em T e em L

Fonte: Mohamad, 2015

A amarração de paredes também é feita junto à laje, através das cintas de respaldo ou
amarração. Constituídas geralmente de ferro 10 mm, acompanham o intertravamento das
paredes com seu formato em L, como esquematizado na Figura 18 por Taiul e Nese (2010).
37

Figura 18 – Detalhe da armadura na viga de cintamento

Fonte: TAIUL e NESE, 2010

4 DETALHAMENTO DO PROJETO EM ALVENARIA ESTRUTURAL

Nesse capítulo, buscou-se apresentar itens a serem verificados para uma melhor
apresentação de um projeto em alvenaria estrutural, de maneira que, o responsável pela sua
execução compreenda de maneira fácil e certa o projeto.
Taiul e Nese (2010) recomendam que as seguintes informações estejam claras em um
projeto executivo em alvenaria estrutural:

a) Embasamento e primeira fiada modulada;


b) Posicionamento dos blocos de saída em relação aos eixos de referência e à
quadrícula;
c) Posicionamento claro nas elevações das aberturas e elementos verticais;
d) Cotas claras entre os eixos (A, B, C... /1, 2, 3...A1, A2... / 1A, 1B... ) do projeto;
e) Detalhes de amarração entre paredes portantes e amarração entre as demais;
f) Indicação clara das barras de aço verticais e horizontais;
g) Pontos a serem grauteados;
h) Indicação do uso de compensadores, quando necessário;
i) Indicação de vergas e contravergas para vãos de portas e janelas;
38

j) Fixação dos batentes e contramarcos;


k) Indicação de conduítes, caixas de interruptores e tomadas;
l) Indicação dos quadros de distribuição;
m) Indicação de prumadas de água, esgoto e águas pluviais;
n) Acabamento das paredes.

Taiul e Nese (2010) também recomendam quanto ao detalhamento da prancha do


projeto, a apresentação das seguintes informações:

a) A resistência e os tipos de blocos a serem utilizados;


b) As resistências à compressão das argamassas, prismas e grautes a serem
utilizadas;
c) Construções com juntas constantes de 1 cm, manutenção de prumo, alinhamento
e nível, bem como condições de assentamento e de preservação da alvenaria
recém assentada em condições climáticas adversas (excesso de calor, frio ou
chuva);
d) As juntas de dilatação e controle devem ser previstas em projeto, pois permitem
a movimentação dos elementos componentes do prédio, por contração ou
expansão devidas à variação térmica, evitando o aparecimento de fissuras e
trincas na alvenaria ou elementos estruturais.

4.1 PLANTA DE 1ª E 2ª FIADA

Segundo Manzione (2004), a equipe responsável pela execução da alvenaria deve ter
em obra cadernos de produção, que são os desenhos de elevações de paredes e fiadas impressas
em folhas A3 ou A4, de fácil manuseio para o operário, onde nelas devem conter informações,
como:

 Eixos de locação com medidas acumuladas a partir da origem;


 Eixos de locação com medidas acumuladas até a face dos blocos;
 Dimensões internas dos ambientes com medidas sem acabamentos;
 Indicação dos blocos estratégicos com cores diferentes;
 Indicação de elementos pré-fabricados;
39

 Posicionamento de shafts e furação de lajes;


 Representação diferente entre paredes estruturais e as de vedação;
 Numeração das paredes e indicação de suas vistas;
 Indicação dos pontos de graute;
 Medidas dos vãos das portas;
 Representação das cotas de forma direta evitando a obtenção de medidas por
diferenças.

Pode-se, ainda, complementar com as seguintes recomendações da Pauluzzi (2018):

 Escala 1:50;
 Identificação das paredes;
 Janelas, portas, quadros de luz e outros vãos contidos nas paredes;
 Os vãos devem ser identificados e cotados a partir de apenas uma das paredes
laterais;
 Locação dos Shafts;
 Identificação das paredes de vedação, quando existirem;
 Medidas para locação das paredes (Blocos Estratégios) devem ter como origem
o canto mais próximo e progressivamente, caminhar acumulando os subtotais
em direção ao centro, tanto no sentido horizontal quanto vertical, ou em relação
aos eixos principais de referência;
 Localização dos furos grauteados e indicação de armaduras quando houver;
 Diagonais do pavimento em escala reduzida para conferência do esquadro;
 Legenda de blocos com desenhos das peças com suas dimensões, se suas
denominações de forma que um operário possa facilmente identificá-los;
 Quantitativos de todas as paredes;
 Detalhes em escalas apropriadas para os encontros especiais de paredes.

4.2 ELEVAÇÃO DA PAREDE

Para Manzione (2004, p. 44) as plantas de elevações de parede devem possuir as


seguintes informações:
40

 Indicação da posição de todos os blocos;


 Identificação com cores diferentes dos blocos especiais e dos compensadores;
 Representação colorida das tubulações elétricas e caixinhas;
 Representação de todos os pré-moldados leves (vergas, coxins, quadros, etc);
 Cotas dos vãos das portas e janelas;
 Cotas dos níveis dos pavimentos e a espessura das lajes;
 Indicação dos pontos de graute com textura mais escura;
 Indicação das barras de aço verticais e horizontais;
 Indicação das canaletas e vergas;
 Legenda;
 Tabela com resumo de quantidades de blocos, aço, graute e pré-moldados.

Segundo a Pauluzzi (2018), devem ser representados na planta de elevação de parede os


seguintes elementos listados:

 Desenho em escala 1:20 em formato A4;


 Identificar encontros de paredes;
 Identificar vergas e contravergas com seus devidos transpasses;
 Enumerar verticalmente as fiadas;
 Plantas da primeira fiada das paredes;
 Caixas elétricas e eletrodutos, com o respectivo dimensionamento;
 Identificar as peças especiais (canaletas, jotas e compensadoras);
 Quantitativo de blocos constando tipo de bloco e quantidade.

4.3 INSTALAÇÕES

Um dos principais motivos de patologias no sistema em alvenaria estrutural é a


incompatibilidade de projetos entre estruturas e instalações, por isso, deve-se aproveitar a fase
de projeto para solucionar os problemas ainda no escritório, não deixando passar
incompatibilidades para obra, as quais geram aumento de custos devido a retrabalhos ou
soluções inesperadas. (FRANCO, 1992; TAIUL e NESE, 2010)
41

O principal empecilho que o sistema em alvenaria estrutural traz para o projeto de


instalações é o fato de não se poder quebrar paredes, tendo que ser resolvido e pensado tudo
previamente, não havendo espaço, sem consequências, para soluções in loco.
Vale lembrar que rasgos de paredes são sinônimos de retrabalho, desperdício de material
e mão de obra, insegurança sob o ponto de vista estrutural e indicativo de má qualidade de
projeto. (TAIUL e NESE, 2010).

4.3.1 Instalações elétricas

Os conduítes das instalações elétricas devem fazer uso dos vazados dos blocos,
verticalmente, para distribuir-se até os pontos de consumo, fazendo assim que nas paredes
sejam dispostas apenas de maneira vertical as instalações elétricas, deixando que pela laje, piso,
ou forro a instalação se distribua entre os pontos.
Todas as informações do projeto elétrico, quanto a locação de pontos e caixas de
disjuntores, devem aparecer nas pranchas de paginação de parede. Pois assim tem-se um só
projeto compatibilizado, com todas as informações reunidas. (MANZIONE, 2004).
Caixas de tomadas e interruptores podem ser previamente fixados nos blocos, que, por
sua vez, serão assentados em posições predeterminadas, conforme as ilustrações da Figura 19.
42

Figura 19 – Detalhes de elevações de paredes compatibilizadas com instalações

Fonte: TAIUL e NESE (2010)

Caso específico do projeto elétrico, são as caixas de quadros de distribuição e de


passagem, que devem ser pensadas e previamente definidas e especificadas na fase de projeto,
pois assim, o projetista estrutural poderá detalhar o reforço necessário na abertura, para manter
a integridade estrutural da parede. (TAIUL e NESE, 2010).

4.3.2 Instalações hidrossanitárias

Soluções para o sistema de instalações hidráulicas são mais difíceis devido a não
recomendação do embutimento de instalações pressurizadas nas paredes, por não oferecer fácil
acesso a manutenção. Por isso, a passagem das tubulações por shafts ou forros, torna-se
necessária muitas vezes.
43

Assim como o projeto de instalações elétricas, o projeto hidrossanitário também sofre


de restrições de corte, pela NBR 15812-1 (ABNT 2010) que diz que não é permitido corte
individual horizontal de comprimento superior a 40 cm em paredes estruturais. Não sendo
permitidos, também, cortes horizontais em uma mesma parede cujos comprimentos somados
ultrapassem 1/6 do comprimento total da parede em planta.
A mesma norma, ainda, salienta que cortes verticais, de comprimento superior a 60 cm,
realizados em paredes, definem elementos distintos.
Pensando nisso, Rauber (2005) sugere algumas soluções racionais para o projeto:

 Percurso horizontal da tubulação embutida no piso;


 Tubulações executadas sob a laje, ocultas por forro rebaixado;
 Emprego de blocos mais estreitos na alvenaria, formando reentrâncias para a
passagem da tubulação na horizontal;
 Trecho horizontal da tubulação embutido na parede, sendo executado quando da
elevação da alvenaria sob os blocos adaptados;
 Utilização de blocos do tipo canaleta para passagem de trechos horizontais de
tubulação.

Para prumadas de tubos de queda ou recalque são necessários o uso de shafts, que são
pontos estratégicos que o projeto arquitetônico deve levar em conta, para que a
compatibilização visual não seja negativamente afetada.
Algumas recomendações gerais podem ser seguidas para facilitar a solução entre
projetos, Manzione (2004) destaca:

 Áreas molhadas, como banheiro, cozinha e área de serviço, quando possível


devem ficar concentradas em uma mesma região, de maneira que a parede
compartilhada pelos ambientes se torne um shaft para passagem das instalações,
ou opte-se por torna-la apenas de vedação, possibilitando assim, maleabilidade
de execução sem perdas de qualidade devido a fissuras;
 Uso de kits prontos, para assim, ganhar a produtividade que em parte é perdida
ao se instalar as instalações após a alvenaria levantada;
 Adoção de shafts para as tubulações hidrossanitárias. (Figura 20)
44

Figura 20 – Possibilidades construtivas de shafts hidráulicos, visitáveis e não visitáveis

Fonte: MACHADO, 1999, adaptado por RAUBER, 2005

É importante salientar que, a solução escolhida para compatibilização do projeto de


instalações com o de estruturas, é que vai determinar o nível de complexidade para a execução
de uma possível manutenção no sistema.
45

4.4 JUNTAS

Devido a necessidade de uma melhor compreensão dos mecanismos de funcionamento


e formas de execução da alvenaria estrutural, as juntas de movimentação tornam-se prática
comum em projetos realizados nesse sistema. (MOHAMAD, 2015).

4.4.1 Juntas de dilatação

As juntas de dilatação são abordadas pela ABNT na NBR 15812-1:2010 e NBR 15961-
1:2011 e, segundo elas, a junta de dilatação deve ser prevista a cada 24 m da edificação em
planta, podendo este valor ser alterado caso haja um estudo específico e preciso sobre os efeitos
da variação de temperatura e expansão da estrutura em questão.
Para Laranjeiras (2017), a falta de conhecimento das causas que geram o uso da junta
bem como a capacidade de avaliar adequadamente os esforços gerados pelas deformações
impostas a estrutura, acarreta que os projetistas, em sua maioria, optam pelo uso dela sem antes
fazer uma análise da viabilidade de retirá-la, tornando-se, assim, prática comum em projetos
realizados neste sistema.
Mohamad (2015, p. 133) define junta de dilatação como sendo “[...] um espaço deixado
entre duas paredes estruturais, a fim de permitir com que aconteçam todas as movimentações
sem concentrar tensões entre os elementos estruturais”.
Segundo Laranjeiras (2017) a função das juntas é a de evitar que as restrições quanto às
variações de comprimento provenientes da retração e variação de temperatura gerem efeitos,
incluindo esforços, que não possam ser desprezados na concepção e análise da estrutura.

Variações devido a dilatação térmica:

A deformação causada pela variação de temperatura pode ser calculada pela Equação 1.

∆𝐿
𝜀𝑇 = = 𝛼 𝑇 ∗ ∆𝑇1 (1)
𝐿

Onde, a NBR 6118 (ABNT 2014), admite 𝛼 𝑇 = 10−5 /°𝐶


46

Para o dimensionamento de aparelhos de apoio ou dos selantes de juntas de dilatação,


os alongamentos e encurtamentos da estrutura são referidos repectivamente às temperaturas
máximas e mínimas, que fazem parte da Equação 2 que nos dá o gradiente térmico ∆𝑇1

∆𝑇1 = [𝑇𝑚𝑎𝑥 𝑜𝑢 𝑇𝑚𝑖𝑛 ] − 𝑇𝑚 > |15°𝐶| (2)

Onde 𝑇𝑚 é a temperatura média no local da obra.

Variações devido a retração:

É a redução progressiva de volume do concreto, dependendo, exclusivamente, da perda


de umidade do concreto ou de sua água livre. (LARANJEIRAS, 2017)
É importante salientar também que, sempre que houver mudanças de rigidez que levam
o elemento a se separar, a junta de dilatação precisa ser feita, como no caso da Figura 21, onde
mostra uma laje em “L” que, apesar de suas medidas inferiores a 24 m, a diferença de rigidez
dos panos faz com que se necessite da junta.

Figura 21 – Desenhos esquemáticos quanto ao funcionamento das juntas de dilatação

Fonte: MOHAMAD, 2015


47

Quanto a sua execução, Mohamad (2013) recomenda o seu preenchimento com material
deformante, como o isopor, e suas extremidades vedadas com um material impermeável e
elástico, como os selantes de poliuretano.

4.4.1.1 Pré análise a ser feita

A norma brasileira NBR 6118 (ABNT 2014) não regulamenta explicitamente como
definir quando uma edificação deve, ou não, ter juntas. Pensando nisso, Laranjeiras (2017) traz
maneiras de verificações, tais como:
 Analisar a estrutura sob os efeitos das variações de temperatura e retração;
 Verificar melhor disposição dos pilares paredes e núcleos de rigidez, de forma a
favorecer o desempenho da estrutura, evitando-se assim, juntas;
 Compor situações em que é possível eliminar ou reduzir, estrategicamente, as
restrições às deformações impostas, como por exemplo, reduzir a rigidez de
pilares extremos em estruturas aporticadas, através do aumento do seu
comprimento efetivo ou criando-se articulações em suas ligações com os pisos;
 Estudar a substituição de núcleos de rigidez secundários por pilares paredes
dispostos de forma a restringir menos as deformações longitudinais impostas;
 Verificar o solo em que serão postas as fundações da estrutura, pois não podem
ser desprezadas as restrições impostas por ele;
 Analisar a rigidez de pisos e pilares frente às variações de temperatura.
Lembrando que lajes e pilares mais espessos oferecem maior rigidez às
deformações;
 Estudar a viabilidade do uso de concreto de maior resistência, afetando assim,
as dimensões das peças e consequentemente resultando em elementos mais
flexíveis e de menor rigidez.

4.4.1.2 Como prescindir da junta acima de 24 m

Segundo Parsekian (2012) existe a possibilidade do projetista optar por não fazer a junta
de dilatação para medidas superiores a 24 m, porém, nesse caso, é necessário tomar os cuidados
a seguir e avaliar criteriosamente a forma da planta do prédio:
48

Quanto a retração:
a) Tomar cuidados quanto a laje, reduzindo a retração do concreto através de
escolhas como:

 Reduzir a relação a/c;


 Reduzir o teor de argamassa;
 Utilizar fibras;
 Aumentar a quantidade de armaduras;
 Controlar rigorosamente a cura.

b) Cuidados quanto aos blocos, tomando atenção para a sua retração (parede).
Portanto deve-se:

 Utilizar blocos com cura a vapor e idade superior a 14 dias;


 Em outros casos, só usar blocos com idade maior que 28 dias.

Quanto a variação térmica:


Faz-se necessário, também, a análise do formato da planta (extensão de laje contínua
sem recortes), pois isso pode influenciar a necessidade ou não de junta e se esta deve se estender
pela parede/laje ou ser feita apenas nas lajes, conforme a Figura 22.

Figura 22 – Desenho esquemático da junta na última laje

Fonte: PARSEKIAN, 2012


49

Laranjeiras (2017), quanto ao assunto, diz que:


 Quando retiradas as juntas que serviriam para controle de fissuração de vigas e lajes,
as taxas de armadura tendem a ser maiores quando comparadas a estruturas
convencionais com juntas.
 O Remanejamento da arquitetura, do sistema estrutura e das posições dos núcleos
de rigidez e dos pilares deve ser considerado, uma vez que o desempenho da
estrutura frente a deformações impostas pode ter melhoria, assim, evitando juntas.
 Estruturas de edifícios localizados em solo sujeitos a grandes recalques, não são
indicados prescindirem do uso de juntas, pois a estrutura quando monolítica tem
maior dificuldade em restaurar sua posição inicial pós recalques.
 A falta da capacidade de avaliar adequadamente os esforços gerados pelas
deformações impostas a estrutura reside no fato de ser uma análise não linear, devido
a perda da rigidez dos elementos pós fissuração. Essa é uma análise complexa cuja
solução pelos computadores tem ainda poucos programas disponíveis, porém,
através do método aproximado usando os parâmetros de rigidez dos elementos
estruturais desenvolvidos por Fastabend (2002), é possível fazer um estudo quanto
a possibilidade de eliminar as juntas ou definir a que distâncias máximas entre si
podem estar.
Feitas as análises, cabe ao projetista decidir se irá optar por outra solução que não seja
a junta acima dos 24 m como recomenda a norma.

4.4.2 Junta de controle

A NBR 15812-1 (ABNT 2010) salienta a necessidade da execução de juntas de controle


de fissuração em alvenaria devido a fatores como: variação de temperatura, expansão, variação
brusca de carregamento e variação da altura ou da espessura da parede.
A Figura 23 esquematiza um exemplo de junta de controle.
50

Figura 23 – Desenho esquemático da junta de controle no painel de alvenaria

Fonte: PARSEKIAN, 2012

A referida norma traz, ainda, no Quadro 8, parâmetros recomendados a serem seguidos


para painéis de alvenaria em um único plano, onde há ausência de uma avaliação precisa das
condições específicas do painel quanto a sua reação aos fatores que desencadeiam a fissuração
em alvenaria.

Quadro 8 – Valores máximos de espaçamento entre juntas verticais de controle

Fonte: NBR 15812-1 (ABNT 2010)

Para calcular a expansão do painel de alvenaria, pode-se tomar como coeficientes os


valores que a norma nos apresenta. São eles:

 Coeficiente de dilatação térmica linear: 6,0 x 10-6 C-1


 Coeficiente de expansão por umidade: 300 x 10-6 mm/mm
51

Assim como a junta de dilatação, a junta de controle deve ser preenchida com material
compressível resiliente, como um isopor plástico ou borracha, e ser vedada por um material
impermeabilizante, para impedir entrada de água no seu estado líquido e vapor. (MOHAMAD,
2015).

4.5 LAJE DO ÚLTIMO PAVIMENTO

A fim de evitar a geração de fissuras devido a dilatação térmica horizontal da laje do


último pavimento, Parsekian (2012) menciona dois métodos diferentes. São eles:

 Liberação da laje para que se movimente horizontalmente independente das


paredes, através de uma junta horizontal. Este é o método mais simples e
econômico como solução.
 Realização de proteção térmica da laje de cobertura, de forma a minimizar a
movimentação horizontal.

Sombreamento, ventilação dos áticos e isolação térmica, podem ajudar a combater os


problemas de movimentação térmica da laje de cobertura. Inserção de juntas de dilatação na
laje de cobertura, ventilação do espaço sob a cobertura através de ventilação cruzada, utilizando
janelas na platibanda, adoção de apoios deslizantes (neoprene, teflon, camada dupla de manta
de PVC), contribuem para evitar patologias. (PARSEKIAN, 2012).

4.5.1 Junta horizontal

Sendo o método mais usual e econômico para combater os movimentos horizontais da


laje de cobertura, originados da dilatação térmica, Parsekian (2012) esquematiza a junta
horizontal e apresenta opções para sua execução, demonstrados na Figura 24 e Tabela 1:
52

Figura 24 – Desenho esquemático da laje do último pavimento

Fonte: PARSEKIAN, 2012

Tabela 1 – Opções para junta deslizante sob laje de cobertura

Fonte: PARSEKIAN, 2012


53

4.5.2 Proteção térmica

Para reduzir as desigualdades entre as ações térmicas atuantes na laje e paredes, Sampaio
(2010) menciona alguns cuidados, como:

 Proteger as telhas com coloração adequada visando reduzir a absorção do calor.


As cores mais claras são as ideais;
 Proporcionar ventilação adequada entre a cobertura e a laje com um espaço de
circulação de ar para entrada de ar frio por baixo e saída de ar quente por cima,
pois isso diminui o calor passado para a laje;
 Fazer isolamento térmico da laje, que é feito com a utilização de camadas
isolantes, podendo ser utilizada tanto em laje com ou sem cobertura.

4.6 DESEMPENHO ACÚSTICO

A norma de desempenho NBR 15575 (ABNT 2013), vem tomando espaço no dia-a-dia
do engenheiro civil, por isso, faz-se necessário o seu conhecimento para evitar transtornos
judiciais e para evoluir o setor, uma vez que um imóvel entregue nos padrões de desempenho
de norma traz credibilidade ao construtor.

4.6.1 Desempenho acústico de parede

4.6.1.1 Ensaio de ruído

Para verificação de norma do elemento parede, é realizado um ensaio de ruído. Este


ensaio é realizado em uma sala dividida lateralmente em duas, como ilustrado na Figura 25,
onde a parede que divide a sala ao meio deve ser do material a ser analisado. Tem-se de um
lado uma câmara de emissão, que emite todas as frequências juntas de uma só vez, o que
chamam de “TV fora-do-ar”, uma vez que o som lembra uma TV mal sintonizada. Do outro
lado, na câmara de recepção, tem-se um microfone que consegue captar a recepção em vários
pontos e, assim, poder avaliar a capacidade de isolamento acústico que a parede proporciona.
54

Figura 25 – Disposição das salas para estudo de ruído

Fonte: PIZZUTTI, 2012

4.6.1.2 Diferença entre 𝐷𝑛𝑇,𝑤 e 𝑅𝑤

O índice (𝐷𝑛𝑇,𝑤 ) representa o isolamento aos ruídos aéreos medidos no campo (obra),
enquanto que o 𝑅𝑤 , representa o isolamento aos ruídos aéreos, do mesmo sistema, medido em
laboratório. Geralmente, apresentam valores diferentes decorrentes das condições estruturais e
executivas. (PIERRARD e AKKERMAN, 2013).

4.6.1.3 Transmissão de ruído aéreo

A transmissão de ruído aéreo entre duas unidades habitacionais separadas por uma
parede ocorre através da própria parede (transmissão direta) e dos elementos laterais, como
paredes, fachadas ou pisos (transmissão indireta). Essas transmissões dependem das
propriedades das soluções construtivas, uniões entre elas e da geometria dos recintos. Devido a
isso, o desempenho de isolamento ao ruído aéreo entre dois ambientes separados por um sistema
de vedação vertical interna (parede) de um edifício (𝐷𝑛𝑇,𝑤 ) é, geralmente, inferior ao
desempenho dessa mesma parede medido em laboratório (𝑅𝑤 ). (PIERRARD e AKKERMAN,
2013).
“Relativamente ao som aéreo, a isolação sonora das paredes maciças é regida pela Lei
das Massas. Quanto mais pesada uma parede, maior será sua isolação acústica [...]”. (CBIC,
2013).
55

4.6.1.4 Isolamento a ruído sonoro

No Quadro 9 está representada a tabela F12 da NBR 15575-4 (ABNT 2013) que define
os índices de redução sonora ponderado (𝑅𝑤 ) de componentes construtivos utilizados nas
vedações entre ambientes:

Quadro 9 – Índices de redução sonora ponderada de componentes construtivos

Fonte: Desempenho de Edificações Habitacionais, CBIC, 2013


56

5 APLICAÇÃO DAS DIRETRIZES PARA O ESTUDO DE CASO

O projeto em questão trata-se de uma edificação multifamiliar localizada na cidade de


Santa Maria – RS. O prédio possui 5 pavimentos tipo e 1 térreo, sendo apenas analisado o
pavimento tipo de 398,21 m² de área total, o qual contém 6 apartamentos, sendo 4 deles de
49,26 m² e 2 de 50,99 m².
O projeto já encontra-se em execução e o sistema construtivo adotado foi de alvenaria
estrutural, com blocos cerâmicos de 10 MPa no térreo e 7 MPa nos demais pavimentos.
Para o estudo proposto nesse TCC, analisou-se a qualidade do projeto de modulação e
elevação da alvenaria, a compatibilidade entre projetos, a questão acústica das paredes entre
unidades, a escolha referente a juntas de dilatação e controle feitas pelo projetista e um possível
lançamento estrutural devido a uma patologia encontrada na execução do projeto.

5.1 PLANTA MODULAÇÃO 1ª E 2ª FIADA

Devido a não entrega do projeto da modulação da 2ª fiada por parte do projetista, é


apresentado nesse trabalho, tanto a 2ª quanto a 1ª fiada (ANEXO 1 e 2) desenvolvidas sobre
um modelo adotado pelo autor, o qual procura apresentar os seguintes itens:

 Unidade modular;
 𝑓𝑏𝑘 , 𝑓𝑝𝑘 , 𝑓𝑔𝑘 , 𝑓𝑎 ;
 Legenda;
 Detalhes de amarrações;
 Identificação das paredes;
 Pontos de graute;
 Diferenciação por hachuras ou cores entre alvenaria estrutural e de vedação;
 Diferenciação entre tipos de blocos;
 Aberturas e suas dimensões;
 Posicionamento da escada;
 Dimensões internas do ambiente sem acabamento;
 Disposição da argamassa no bloco;
 Detalhe em planta de amarração das canaletas;
 Detalhamento encontro de laje;
57

 Tolerância para produção de alvenaria;


 Programa de ensaios para edifícios em alvenaria estrutural;
 Cargas/sobrecargas consideradas.

5.2 PAGINAÇÃO DE PAREDES

De maneira análoga, buscou-se detalhar os seguintes itens nas pranchas de elevações de


parede:

 Dimensões internas das aberturas;


 Indicação de vergas e contravergas para vãos de aberturas;
 Indicação de conduítes, caixas de interruptores e tomadas;
 Indicação dos quadros de distribuição;
 Indicação de prumadas de água, esgoto e pluviais;
 Indicação de tela de amarração;
 Hachuras onde há graute;
 Diferenciação gráfica de blocos;
 Legenda;
 Instrução de execução;
 Quantitativo de blocos por parede;
 Quantitativo de aço por parede.

O modelo proposto para paginação de parede, foi utilizado nas soluções das
incompatibilidades descritas na seção a seguir.
58

5.3 COMPATIBILIZAÇÃO ARQ X ESTR X HID X UTIL X GAS

Buscou-se através da sobreposição dos diversos projetos da edificação, a detecção de


possíveis conflitos físicos entre eles, dessa forma, no ANEXO 3 está representado o pavimento
tipo com seus projetos sobrepostos e destacado em vermelho as incompatibilidades encontradas
Nas Figuras 26, 27 e 28 pode-se ver mais detalhadamente cada caso.

5.3.1 Caso 1:

5.3.1.1 Incompatibilidade 1: Hidrossanitário x Elétrico x Estrutural

A escolha do local do graute por parte do projetista estrutural conflitou com os projetos
hidrossanitário e projeto elétrico (ver Figura 26), pois foi locado onde seria a futura pia da
cozinha, que teria consigo também, as instalações de água e esgoto e ponto elétrico para torneira
e equipamentos. Portanto, o simples fato de rever a escolha da localização do graute, viabilizaria
os demais projetos.

Figura 26 – Incompatibilidade entre sistemas hidrossanitário, elétrico e estrutural

Fonte: Autor
59

5.3.1.2 Incompatibilidade 2: Hidrossanitário x Estrutural

Ainda em relação a Figura 26, o projetista de instalações especificou pontos de água e


esgoto um de costas para o outro, sem intercalações nos furos dos blocos, fragilizando a
estrutura. Outro fato observado é a possível falta de definição desses pontos hidrossanitários, o
que provavelmente ocasionará perda de qualidade do projeto no momento de sua execução.

5.3.2 Caso 2:

5.3.2.1 Incompatibilidade entre a espera da linha fria do sistema de ar condicionado e


o grauteamento devido a abertura de janela.

Nota-se, que o projeto arquitetônico não foi pensado em sua totalidade para o sistema
em alvenaria estrutural, pois, sabendo-se que aberturas geralmente são grauteadas nos seus
contornos, o projetista devia ou realocar o ar condicionado de posição, ou diminuir o tamanho
da abertura de janela, o que iria possibilitar a passagem da espera da linha fria, sem o
estrangulamento do graute. (Ver Figura 27).

Figura 27 – Incompatibilidade entre sistema de climatização e estrutural

Fonte: Autor
60

5.3.3 Caso 3:

5.3.3.1 Incompatibilidade Elétrico x Estrutural

A falta de detalhamento da execução da caixa embutida na alvenaria, propiciou dúvidas


em obra quanto a viabilidade da posição dela, o que acarretou na mudança do local do CD para
outra parede estrutural, sem que esta tenha sido calculada e reforçada para tal.
Recomenda-se, portanto, o maior detalhamento e clareza no projeto, em conjunto com
notas de execução na paginação da alvenaria e, o embutimento das caixas e conduítes
concomitantemente com o levantamento da parede.
Na Figura 28 encontra-se o local de incompatibilidade originada da falta de clareza de
projeto quanto a sua execução.

Figura 28 – Incompatibilidade entre sistemas elétrico e estrutural

Fonte: Autor

Ao final desse trabalho, estão em anexo possíveis soluções para as incompatibilidades


encontradas. (ANEXO 4, 5, 6)
61

5.4 ESTUDO ACÚSTICO DAS PAREDES ENTRE UNIDADES AUTÔNOMAS

Separou-se, em planta (ver Figura 29), as paredes de acordo com cada caso dado na
tabela F.12 da NBR 15575 (ABNT 2013) ilustrado nesse trabalho no Quadro 9, e fez-se uma
análise de todos os ensaios publicados pela Pauluzzi (2018) que se encaixam nas diversas
situações do projeto de caso, para a escolha da melhor tipologia.

Figura 29 - Pavimento tipo com classificação das paredes em casos (ANEXO 7)

Fonte: Autor

Soluções recomendadas:
 CASO 1: 𝐵𝑙𝑜𝑐𝑜 14𝑥19𝑥29 − 𝑓𝑏𝑘 : 7𝑀𝑃𝑎 − 𝑓𝑎 : 4𝑀𝑃𝑎 − 𝑅𝑤 = 45𝑑𝐵
3cm de reboco de cada lado
 CASO 2: 𝐵𝑙𝑜𝑐𝑜 14𝑥19𝑥29 − 𝑓𝑏𝑘 : 7𝑀𝑃𝑎 − 𝑓𝑎 : 4𝑀𝑃𝑎 − 𝑅𝑤 = 53𝑑𝐵
1,5cm de reboco de cada lado, preenchido interior dos blocos com areia.
 CASO 3: 𝐵𝑙𝑜𝑐𝑜 14𝑥19𝑥29 − 𝑓𝑏𝑘 : 7𝑀𝑃𝑎 − 𝑓𝑎 : 4𝑀𝑃𝑎 − 𝑅𝑤 = 45𝑑𝐵
3cm de reboco de cada lado
 CASO 4: 𝐵𝑙𝑜𝑐𝑜 14𝑥19𝑥29 − 𝑓𝑏𝑘 : 7𝑀𝑃𝑎 − 𝑓𝑎 : 4𝑀𝑃𝑎 − 𝑅𝑤 = 41𝑑𝐵
2.5cm de reboco externo e 1,0cm de reboco interno

O manual de desempenho da Pauluzzi (2018) cita alguns itens importantes para o


melhoramento do desempenho acústico de paredes que fazem divisa, são eles:

 Reduzir ao máximo a presença de pontos elétricos, hidráulicos, ar-condicionado,


ou qualquer outra instalação nesta parede;
62

 Fazer o preenchimento de todas as juntas verticais e horizontais, não deixando


frestas entre blocos;
 Evitar que paredes de dormitórios estejam na divisa com elevadores, por esta
região ser mais suscetível a ruído e vibração;
 Em caso de prédios com estrutura de concreto armado e paredes de vedação,
sempre fazer o encunhamento adequado;
 Cuidar com poços de ventilação e iluminação, que podem ser fontes de ruídos
entre dois ou mais pavimentos;
 Poço de elevador, geralmente é feio sem revestimento para o lado do elevador,
atentar para o desempenho acústico de ambientes adjacentes a ele.

5.5 ESTUDO SOBRE JUNTAS

5.5.1 Em relação a juntas de dilatação:

O estudo da junta se faz necessário uma vez que a possibilidade de sua inexistência traz
melhorias em diversos aspectos a durabilidade e qualidade da edificação.
Nos itens 5.5.1 e 5.5.2 buscou-se justificar e compreender as decisões tomadas pelo
projetista quanto ao assunto. Na Figura 30 está ilustrada a projeção do pavimento tipo do projeto
em estudo, com suas medidas a partir da alvenaria sem revestimento.

Figura 30 – Medidas relativas ao Pavimento Tipo em planta

Fonte: Autor
63

A NBR 15812-1 (ABNT 2010) recomenda o uso da junta, no mínimo, a cada 24 m de


edificação em planta, porém ela mesmo permite omiti-la caso seja feito um estudo das
consequências por não especificá-la.
A junta de dilatação veio definida já no projeto arquitetônico, como mostra a Figura 31,
mas o responsável pela decisão técnica do seu uso, é o projetista estrutural que, levando em
conta os efeitos da variação térmica, retração da laje, os elementos e o centro de rigidez da
edificação, optou por não projetá-la.

Figura 31 - Planta Pav Tipo arquitetônico com destaque, em vermelho, a junta

Fonte: Autor

Pode-se ter como motivadores dessa escolha o fato de que as juntas representam locais
sensíveis a danos e a deterioração e, apresentam dificuldades executivas, além de serem
inconvenientes à estética, tanto internamente como nas fachadas, interrompem a continuidade
horizontal da estrutura, prejudicando a sustentação das forças horizontais, e são também,
economicamente desfavoráveis. (LARANJEIRAS, 2017).
Essa escolha exige do projetista calculista uma vez que, por consequência das aberturas
de fissuras as quais alteram a rigidez de cálculo dos elementos estruturais, trata-se de uma
análise não linear.
64

Imagina-se que, para que a omissão da junta de dilatação fosse possível, tenham sido
inseridos no projeto diversos pontos de graute, dispostos em 6 regiões (como mostrado na
Figura 32), onde a finalidade principal é aumentar a rigidez da edificação e resistir aos esforços
de tração provenientes das diferenças de rigidez dos panos de laje. Outra medida foi, a
dissolidarização da laje de cobertura através de juntas horizontais.
O projetista ainda destaca em projeto que, deve-se tomar medidas preventivas para que
a variação de temperatura na laje de cobertura não ultrapasse 5°C, afim de evitar a fissuração
por dilatação térmica.

Figura 32 – Grautemento denso em encontros de panos de laje

Fonte: Autor

5.5.2 Em relação a juntas de controle:

Foram escolhidas para análise as paredes PAR112 (Figura 33, 34) e PAR102 (Figura
35, 36), sendo a primeira interna, resguardada de intemperismo, e a segunda, uma parede
externa, mais exposta a variações climáticas.
65

Figura 33 - Parede 112

Fonte: Autor

Figura 34 - Parede 112

Parede 112 – com grauteamento e armação de encontros


Fonte: Autor

A parede 112 possui um comprimento total de 7,89 m e duas amarrações, sendo as duas
em T com distância entre elas de 7,61 m. Os encontros entre paredes encontram-se armados,
grauteados e com um pé-direiro de 2,80 m. O comprimento máximo de espaçamento entre
juntas verticais de controle da NBR 15812-1 (ABNT 2010) é de 12 m para paredes internas sem
aberturas. Como a parede possui 7,89 m, não é necessário segmentar o painel de alvenaria
através do grauteamento. Porém no projeto, dois pontos de graute foram alocados no meio do
66

sentido do comprimento da parede, provavelmente em consequência da expansão por umidade,


já que, a parede por si só, está dentro das medidas normativas quanto ao uso da junta de controle.

Figura 35 - Parede 102

Fonte: Autor

Figura 36 - Parede 102

Parede 102 – com grauteamento e armação de encontros


Fonte: Autor

A parede 102 possui um comprimento total de 9,14 m e quatro amarrações, sendo duas
em L e duas em T. Nesse caso específico, a distância entre a primeira amarração em L e a T é
de 2,47 m, da última amarração em L e a T é de 4,13 m, e a distância entre as duas amarrações
em T é 2,55 m, medidos de eixo a eixo de parede. Os encontros entre paredes encontram-se
armados, grauteados e com um pé-direiro de 2,80 m. O comprimento máximo de espaçamento
entre juntas verticais de controle da NBR 15812-1 (ABNT 2010) é de 10 m, porém o limite de
67

comprimento da parede é reduzido em 15% por possuir aberturas, sendo seu valor final de 8,5
m. Como a parede possui 9,14 m, é necessário segmentar o painel de alvenaria através do
grauteamento. No projeto, além dos pontos de graute das amarrações, os quais já fariam com
que cada painel entrasse no limite da norma, o projetista também optou pelo grauteamento dos
contornos de aberturas, favorecendo assim a melhor homogeneização de tensões, que
juntamente com as vergas e contravergas, evitam o surgimento de fissuras ao redor de aberturas
de janelas.
Todos valores encontram-se dentro do parâmetro estabelecido pela NBR 15812-1
(ABNT 2010), conforme Quadro 8 já exposto nesse trabalho.
Treliças planas nas juntas de assentamento a cada 2 fiadas ou grauteamento em torno de
aberturas, são medidas tomadas para se combater a dilatação/retração térmica. Ambas soluções,
assim como a do projeto em questão, devem vir acompanhadas de vergas e contravergas.
É válido destacar que, grauteamentos verticais em torno das aberturas, onde a área é
menor e consequentemente onde surgem as fissuras, também servem como enrijecedores, que
assim como o graute das amarrações, ancoram as paredes, o que acaba segmentando os painéis
de alvenaria. Outro fator importante, é a colaboração do grauteamento para homogeneização
das cargas.
É importante lembrar que, a critério de qualidade da junta, recomenda-se de 3 em 3 anos
fazer a manutenção da vedação das mesmas.

5.6 LANÇAMENTO ESTRUTURAL ALTERNATIVO

Para este trabalho, será refeita a escolha das tipologias de parede do pavimento tipo do
projeto em estudo, onde, para os apartamentos final 01, 02, 05, 06, a alvenaria entre o banheiro
e cozinha passará a ter função apenas de vedação, devido possibilidade de instalações cruzarem
pela viga de cintamento.
Também será lançada e calculada nesse estudo, uma viga plana separando o ambiente
de estar e cozinha, acabando com uma provável patologia gerada pela diferença de rigidez na
laje L que pertencia ao projeto original, patologia esta, que refletiria na regularização de piso e
no piso cerâmico caso o morador opta-se pelo seu uso, visto que, o piso entregue pela
construtora nessas áreas foi o piso flutuante laminado, o qual não reflete as fissuras da laje por
ser flutuante.
A parede entre unidades continuará portante, pois o isolamento acústico por norma
exige, pela “lei das massas”, uma maior dimensão de bloco. Continuará também com função
68

hidráulica, devido a não possibilidade de inversão de posições da janela e churrasqueira dos


apartamentos em questão, pois isso, acarretaria num descumprimento da Lei de Uso do Solo de
Santa Maria, que especifica que unidades autônomas devem ter afastamento mínimo de 1,50 m
entre aberturas.
A viga a ser dimensionada terá sua altura reduzida devido ao uso do forro de gesso no
apartamento. Tendo isso em mente, a altura adotada para viga será de 20 cm (10 cm dentro da
laje), de maneira que os eletrodutos consigam passar por debaixo dela.
Na Figura 37 encontram-se esquematizadas as sugestões estruturais mencionadas acima.

Figura 37 – Planta esquemática da viga a ser dimensionada

Fonte: Autor

Para o cálculo, foi admitido que:

𝐶𝑜𝑏𝑟𝑖𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜 𝑝𝑎𝑟𝑎 𝐶𝐴𝐴 − 𝐼𝐼 (𝑣𝑖𝑔𝑎𝑠) = 3 𝑐𝑚


𝑓𝑐𝑘 = 25𝑀𝑃𝑎
𝑏 = 60 𝑐𝑚; ℎ = 20 𝑐𝑚
𝑑 = 20 − 3 (𝑐𝑜𝑏𝑟𝑖𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜) − 0,5 (𝐴𝑠𝑤 ) − 0,5 (∅/2) = 16 𝑐𝑚
69

14
𝐶𝑜𝑚𝑝𝑟𝑖𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜 𝑒𝑓𝑒𝑡𝑖𝑣𝑜 𝑑𝑎 𝑣𝑖𝑔𝑎: 3,01 𝑚 (𝑓𝑎𝑐𝑒 à 𝑓𝑎𝑐𝑒) + 2 ∗ (𝑚𝑒𝑡𝑎𝑑𝑒 𝑑𝑜𝑠 𝑎𝑝𝑜𝑖𝑜𝑠)
2
= 3,15 𝑚
2500𝑘𝑔𝑓
𝑃𝑃𝑙𝑎𝑗𝑒 = 0,10𝑚 ∗ = 250 𝑘𝑔𝑓/𝑚²
𝑚3
2100𝑘𝑔𝑓
𝑃𝑃𝑟𝑒𝑔.𝑝𝑖𝑠𝑜 = 0,05𝑚 ∗ = 105 𝑘𝑔𝑓/𝑚²
𝑚3
𝑃𝑃𝑝𝑖𝑠𝑜𝑐𝑒𝑟â𝑚𝑖𝑐𝑜 = 20 𝑘𝑔𝑓/𝑚²
𝐶𝑎𝑟𝑔𝑎 𝑎𝑐𝑖𝑑𝑒𝑛𝑡𝑎𝑙 (𝑞) = 150𝑘𝑔/𝑚2 (𝑆𝑎𝑙𝑎 𝑑𝑒 𝐸𝑠𝑡𝑎𝑟 − 𝑁𝐵𝑅 6120 (𝐴𝐵𝑁𝑇1980))
𝑇𝑜𝑡𝑎𝑙 = 525 𝑘𝑔𝑓/𝑚²
Á𝑟𝑒𝑎 𝑑𝑒 𝐼𝑛𝑓𝑙𝑢ê𝑛𝑐𝑖𝑎 (𝐶ℎ𝑎𝑟𝑛𝑒𝑖𝑟𝑎𝑠 𝑃𝑙á𝑠𝑡𝑖𝑐𝑎𝑠)
(7,31𝑚2 ∗ 525𝑘𝑔𝑓/𝑚²)/3,15𝑚 = 1218,33 𝑘𝑔𝑓/𝑚 ≅ 1218 𝑘𝑔𝑓/𝑚

5.6.1 Resistência de cálculo dos materiais

𝑓𝑐𝑘 25
𝑓𝑐𝑑 = = = 17,9𝑀𝑃𝑎 ; 𝜎𝑐𝑑 = 0,85 ∗ 𝑓𝑐𝑑 = 0,85 ∗ 17,9 = 15,2𝑀𝑃𝑎 = 1,52 𝑘𝑁/𝑐𝑚2
1,4 1,4
𝑓𝑦𝑘 50
𝑓𝑦𝑑 = = = 43,48𝑘𝑁/𝑐𝑚2 (𝐴Ç𝑂 𝐶𝐴 − 50)
1,15 1,15
𝑑′ = 3,0 (𝐶𝐴𝐴𝐼𝐼) + 0,5 (𝐴𝑠𝑤 ) + 0,5 (∅/2) = 4,0 𝑐𝑚

5.6.2 Dimensionamento para 𝑴(+)

12,18𝑘𝑁 (0,2 ∗ 0,6 ∗ 25)𝑘𝑁


𝑞 ∗ 𝑙² ( 𝑚 + ) ∗ 3,152 15,18 ∗ 3,152
𝑚
𝑀𝑘 = = = ≅ 18,83 𝑘𝑁𝑚
8 8 8
𝑀𝑑 = 1,4 ∗ 𝑀𝑘 = 1,4 ∗ 18,83 = 26,36𝑘𝑁𝑚 = 2636 𝑘𝑁𝑐𝑚
𝑀𝑑 2636
𝜇= = ≅ 0,11 < 0,29 ∴ 𝑎𝑟𝑚𝑎𝑑𝑢𝑟𝑎 𝑠𝑖𝑚𝑝𝑙𝑒𝑠
𝑏 ∗ 𝑑 ∗ 𝜎𝑐𝑑 60 ∗ 162 ∗ 1,52
2

1 − √1 − 2𝜇 1 − √1 − 2 ∗ 0,11
𝜀= = = 0,146
𝜆 0,8
𝜎𝑐𝑑 1,52
𝐴𝑠 = 𝜆 ∗ 𝜀 ∗ 𝑏 ∗ 𝑑 ∗ = 0,8 ∗ 0,146 ∗ 60 ∗ 16 ∗ = 3,92 𝑐𝑚²
𝑓𝑦𝑑 43,48
0,15
𝐴𝑠 > 𝐴𝑠𝑚í𝑛 = 𝜌𝑚𝑖𝑛 ∗ 𝑏 ∗ ℎ = ∗ 60 ∗ 20 = 1,80𝑐𝑚2 ∴ 𝐴𝑠 = 3,92𝑐𝑚2 → 5 ∅ 10
100
60 − 2 ∗ 3 − 2 ∗ 0,5 − 5 ∗ 1
𝐸𝑠𝑝𝑎ç𝑎𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜 (𝑎ℎ ): = 12 𝑐𝑚
4
70

20 𝑚𝑚
12𝑐𝑚 > 2,28 ≥ { ∅ = 10 𝑚𝑚
1,2 ∗ 19𝑚𝑚 = 22,8 𝑚𝑚

5.6.3 Dimensionamento dos Estribos

𝑞 ∗ 𝑙 15,18 ∗ 3,15
𝑉𝑘 = = = 23,91 𝑘𝑁
2 2
𝑉𝑑 = 1,4𝑉𝑘 = 1,4 ∗ 23,91 = 33,47 𝑘𝑁
𝑉𝑑 33,47
𝜏𝑤𝑑 = = = 0,035𝑘𝑁/𝑐𝑚2 → 𝜏𝑤𝑑 = 0,35 𝑀𝑃𝑎
𝑏𝑤 ∗ 𝑑 60 ∗ 16
𝑓𝑐𝑘 25
𝜏𝑤𝑢 = 0,27 ∗ (1 − ) ∗ 𝑓𝑐𝑑 = 0,27 ∗ (1 − ) ∗ 17,9 = 4,35 𝑀𝑃𝑎
250 250
𝐶𝑜𝑚𝑜 𝜏𝑤𝑢 > 𝜏𝑤𝑑 → 𝑒𝑠𝑡𝑟𝑢𝑡𝑢𝑟𝑎 𝑠𝑒𝑔𝑢𝑟𝑎 𝑐𝑜𝑛𝑡𝑟𝑎 𝑜 𝑒𝑠𝑚𝑎𝑔𝑎𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜
𝑁ã𝑜 𝑒 𝑛𝑒𝑐𝑒𝑠𝑠á𝑟𝑖𝑜 𝑚𝑜𝑑𝑖𝑓𝑖𝑐𝑎𝑟 𝑎𝑠 𝑑𝑖𝑚𝑒𝑛𝑠õ𝑒𝑠 𝑑𝑎 𝑠𝑒çã𝑜
𝜏𝑐 = 0,09 ∗ (𝑓𝑐𝑘 )2/3 = 0,09 ∗ (25)2/3 = 0,77 𝑀𝑃𝑎
𝜏𝑑 = 1,11 ∗ (𝜏𝑤𝑑 − 𝜏𝑐 ) = 1,11 ∗ (0,35 − 0,77) = −0,466 ∴ 𝑜 𝑝𝑟ó𝑝𝑟𝑖𝑜 𝑐𝑜𝑛𝑐𝑟𝑒𝑡𝑜 𝑟𝑒𝑠𝑖𝑠𝑡𝑒
0,10
𝐴𝑠𝑚í𝑛 = 𝜌𝑤,𝑚í𝑛 ∗ 100 ∗ 𝑏𝑤 = ∗ 100 ∗ 60 = 6,0 𝑐𝑚2
100
𝐶𝑜𝑚𝑜 𝜏𝑤𝑑 = 0,35 ≤ 0,67 ∗ 𝜏𝑤𝑢 = 2,91 → 𝑆𝑚á𝑥 = 0,6 ∗ 𝑑 = 0,6 ∗ 16 = 9,6 𝑐𝑚 ≅ 9 𝑐𝑚
Logo, pode-se adotar ∅6,3 𝑐/ 9 𝑐𝑚

5.6.4 Armaduras construtivas

Adotou-se para as armaduras construtivas 4 ∅ 6,3

5.6.5 Cálculo da flecha segundo a NBR 6118 (ABNT 2014)

𝑏 ∗ ℎ3 60 ∗ 203
𝐼𝑐 = = = 40000 𝑐𝑚4
12 12
𝐸𝑐𝑠 = 0,85 ∗ 5600 ∗ √𝑓𝑐𝑘 = 0,85 ∗ 5600 ∗ √25 = 23800 𝑀𝑃𝑎
𝐸𝑠 200000𝑀𝑃𝑎
𝑛= = ≅ 8,4
𝐸𝑐𝑠 23800𝑀𝑃𝑎
𝐴𝑠 5 ∗ 0,785
𝜌= = = 0,0041
𝑏∗𝑑 60 ∗ 16
𝑛 ∗ 𝜌 = 8,4 ∗ 0,0041 = 0,034
71

𝜌′ 4 ∗ 0,632
𝜆= = ≅ 0,32
𝜌 5 ∗ 1,02
𝑑′ 4
𝛿= = = 0,25
𝑑 16
𝜀 = −𝑛 ∗ (𝜌 + 𝜌′ ) + √𝑛2 ∗ (𝜌 + 𝜌′ )2 + 2 ∗ 𝑛 ∗ (𝜌 + 𝛿 ∗ 𝑝′ )
𝜀 = −8,4 ∗ (0,0041 + 0,0013)

+ √8,42 ∗ (0,0041 + 0,0013)2 + 2 ∗ 8,4 ∗ (0,0041 + 0,25 ∗ 0,0013)


= −0,04536 + 0,2764 = 0,2310
1 2
𝑘2 = ∗ 𝜀 ∗ (3 − 𝜀) + 𝑛 ∗ 𝜌′ ∗ (𝜀 − 𝛿) ∗ (1 − 𝛿)
6
1
𝑘2 = ∗ 0,23102 ∗ (3 − 0,2310) + 8,4 ∗ 0,0013 ∗ (0,2310 − 0,25) ∗ (1 − 0,25)
6
𝑘2 = 0,024626 + 0,000156 = 0,02478
𝐼2 = 𝑘2 ∗ 𝑏 ∗ 𝑑 2 = 0,02478 ∗ 60 ∗ 162 = 380,62 𝑐𝑚4
2/3
𝑏 ∗ ℎ2 ∗ 𝑓𝑐𝑡 60 ∗ 202 ∗ 0,3 ∗ 𝑓𝑐𝑘
𝑀𝑟 = = = 15389,78𝑘𝑁𝑐𝑚 𝑜𝑢 15,39 𝑘𝑁𝑚
𝑦𝑡 4
𝑝𝑘 ∗ 𝑙 2 15,18 ∗ 3,152
𝑀= = ≅ 18,83 𝑘𝑁𝑚
8 8
𝑀𝑟 3 𝑀𝑟 3
𝐼𝑒𝑞 = ( ) ∗ 𝐼𝑐 + [1 − ( ) ] ∗ 𝐼2 ≤ 𝐼𝑐 = 40000 𝑐𝑚4
𝑀 𝑀
15,39 3 15,39 3
𝐼𝑒𝑞 =( ) ∗ 40000 + [1 − ( ) ] ∗ 380,62 ≤ 𝐼𝑐
18,83 18,83
𝐼𝑒𝑞 = 21838,60 + 172,81 = 22011,41 ≤ 40000 (𝑜𝑘)

5.6.6 Flecha inicial:

5 𝑝𝑘 ∗ 𝑙 4 5 15,18 ∗ 3,154
𝑊(𝑡𝑜 ) = ∗ = ∗ ≅ 0,37 𝑐𝑚
384 𝐸𝑐𝑠 ∗ 𝐼𝑒𝑞 384 23800 ∗ 22011,41

5.6.7 Flecha devido a fluência do concreto:

𝑓(𝑡) − (𝑓𝑡0 )
∆𝑊 = [ ] ∗ 𝑊(𝑡0 )
1 + 50𝜌′
𝑓(𝑡0 ) = 0,68 𝑝𝑎𝑟𝑎 𝑡0 = 1𝑚ê𝑠
{
𝑓(𝑡) = 2 𝑝𝑎𝑟𝑎 𝑡 = 70𝑚ê𝑠𝑒𝑠 𝑜𝑢 5 𝑎𝑛𝑜𝑠
72

2 − 0,68
∆𝑊 = [ ] ∗ 0,37 ≅ 0,46 𝑐𝑚
1 + 50 ∗ 0,0013

5.6.8 Flecha total:

𝑊 = 𝑊(𝑡0 ) + ∆𝑊 = 0,83 𝑐𝑚 < 1,0 𝑐𝑚 (𝑜𝑘)

A NBR 15812-1 (ABNT 2010) estabelece como deslocamento limite, pós fissuração e
fluência, o menor valor entre L/300 e 10 mm.
𝐿 315
Como, = = 1,05 𝑐𝑚 > 1,0 𝑐𝑚, o limite para flecha da viga aqui calculada é
300 300

1,0 cm. Portanto o elemento encontra-se dentro do critério estabelecido pela norma.

5.6.9 Cálculo de abertura de fissuras segundo a NBR 6118 (ABNT 2014)

𝐶𝐴𝐴: 𝐼𝐼
(𝐿𝑖𝑚𝑖𝑡𝑒 𝑑𝑒 𝑎𝑏𝑒𝑟𝑡𝑢𝑟𝑎 𝑑𝑒 𝑓𝑖𝑠𝑠𝑢𝑟𝑎𝑠 𝑝𝑎𝑟𝑎 𝐶𝐴𝐴 − 𝐼𝐼: 0,3 𝑚𝑚)
𝐴𝑟𝑚𝑎𝑑𝑢𝑟𝑎 𝑛𝑎 𝑟𝑒𝑔𝑖ã𝑜 𝑡𝑟𝑎𝑐𝑖𝑜𝑛𝑎𝑑𝑎: 5 ∅ 10
𝐴𝑠 = 5 ∗ 0,785 = 3,925 𝑐𝑚²
𝐸𝑠 = 20000 𝑘𝑁/𝑐𝑚²
3 3
𝑓𝑐𝑡 = 0,3 ∗ √𝑓𝑐𝑘 2 = 0,3 ∗ √252 = 0,256 𝑘𝑁/𝑐𝑚²
𝑏 = 60 𝑐𝑚
𝑑 ′ = 4 𝑐𝑚
𝑀𝑑,𝑓𝑟𝑒𝑞 = 𝑀𝑔𝑘 + 𝜑1 ∗ 𝑀𝑞𝑘 = 10,80 + 0,4 ∗ 4,32 = 12,53 𝑘𝑁𝑚
𝑀𝑑,𝑓𝑟𝑒𝑞 𝑀𝑑,𝑓𝑟𝑒𝑞 1253
𝜎𝑠 = = = = 24,94 𝑘𝑁/𝑐𝑚²
𝑧 ∗ 𝐴𝑠 0,8 ∗ 𝑑 ∗ 𝐴𝑠 0,8 ∗ 16 ∗ 3,925
𝐴𝑐𝑒 = 𝑏 ∗ (𝑑′ + 7,5 ∗ ∅) = 60 ∗ (4 + 7,5 ∗ 1,0) = 690 𝑐𝑚²
𝐴𝑠 3,925
𝜌𝑠𝑒 = = = 0,00569 ≅ 0,57%
𝐴𝑐𝑒 690
𝜂1 = 2,25 (𝑏𝑎𝑟𝑟𝑎𝑠 𝑛𝑒𝑟𝑣𝑢𝑟𝑎𝑑𝑎𝑠)
𝜙 𝜎𝑠 3 ∗ 𝜎𝑠
∗ ∗
12,5 ∗ 𝜂1 𝐸𝑠 𝑓𝑐𝑡
𝑤𝑘 ≤
𝜙 𝜎𝑠 4
∗ ∗( + 45)
{12,5 ∗ 𝜂1 𝐸𝑠 𝜌𝑠𝑒
73

𝜙 𝜎𝑠 3 ∗ 𝜎𝑠 1,0 24,94 3 ∗ 24,94


𝑤1 = ∗ ∗ = ∗ ∗ = 0,01296𝑐𝑚 ≅ 0,13 𝑚𝑚
12,5 ∗ 𝜂1 𝐸𝑠 𝑓𝑐𝑡 12,5 ∗ 2,25 20000 0,256
𝜙 𝜎𝑠 4 1,0 24,94 4
𝑤2 = ∗ ∗( + 45) = ∗ ∗( + 45) = 0,033 𝑐𝑚
12,5 ∗ 𝜂1 𝐸𝑠 𝜌𝑠𝑒 12,5 ∗ 2,25 20000 0,0057
≅ 0,33 𝑚𝑚

Como a NBR 6118 (ABNT 2014) estabelece que a abertura de fissuras é dado pelo
menor valor entre 𝑤1 𝑒 𝑤2 , a viga está dentro dos critérios de norma, uma vez que 𝑤𝑘 =
0,13 𝑚𝑚 < 0,3 𝑚𝑚.

5.6.10 Cálculo de Ancoragem

𝑅𝑠𝑑 33,47𝑘𝑁
𝐴𝑠,𝑐𝑎𝑙 = = ≅ 0,77 𝑐𝑚2
𝑓𝑦𝑑 43,48𝑘𝑁
𝑐𝑚2
𝜋 ∗ 12
𝐴𝑠𝑒 = 5 ∗ ≅ 3,93 𝑐𝑚²
4
𝑙𝑏,𝑑𝑖𝑠𝑝 = 14 (𝑎𝑝𝑜𝑖𝑜) − 3 (𝑐𝑜𝑏𝑟𝑖𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜) = 11 𝑐𝑚

𝐴𝑛𝑐𝑜𝑟𝑎𝑔𝑒𝑚 𝑅𝑒𝑡𝑎:
𝐴𝑠,𝑐𝑎𝑙 0,77
𝑙𝑏,𝑛𝑒𝑐 = 𝑙𝑏 ∗ = 54 ∗ = 10,58 𝑐𝑚
𝐴𝑠𝑒 3,93
0,3 ∗ 𝑙𝑏 = 0,3 ∗ 54 = 16,2 𝑐𝑚
𝑙𝑏,𝑚𝑖𝑛 = { 10∅ = 10 ∗ 1 = 10 𝑐𝑚
10 𝑐𝑚
𝑙𝑏,𝑛𝑒𝑐 = 10,58 𝑐𝑚 < 𝑙𝑏,𝑚𝑖𝑛 = 16,2 𝑐𝑚 > 𝑙𝑏,𝑑𝑖𝑠𝑝 = 11 𝑐𝑚 (Ñ 𝑜𝑘)

𝐴𝑛𝑐𝑜𝑟𝑎𝑔𝑒𝑚 𝑐𝑜𝑚 𝐺𝑎𝑛𝑐ℎ𝑜:


𝑅 + 5,5∅ = 7,5 𝑐𝑚
𝑙𝑏,𝑚𝑖𝑛 ≥ {
6 𝑐𝑚
𝐴𝑠,𝑐𝑎𝑙 0,77
𝑙𝑏,𝑛𝑒𝑐 = 𝛼𝑙 ∗ 𝑙𝑏 ∗ = 0,7 ∗ 54 ∗ = 7,41 𝑐𝑚
𝐴𝑠𝑒 3,93
𝑙𝑏,𝑛𝑒𝑐 = 7,41 𝑐𝑚 < 𝑙𝑏,𝑚𝑖𝑛 = 7,5 𝑐𝑚 < 𝑙𝑏,𝑑𝑖𝑠𝑝 = 11 𝑐𝑚 (𝑂𝑘)
𝐶𝑜𝑚𝑝𝑟𝑖𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜 𝑚í𝑛𝑖𝑚𝑜 𝑑𝑜 𝐺𝑎𝑛𝑐ℎ𝑜 = 8∅ = 8 ∗ 1 = 8 𝑐𝑚

Em anexo encontra-se o detalhamento da viga aqui dimensionada. (ANEXO 8)


74

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O trabalho apresentado aqui surgiu de dúvidas e questionamentos decorrentes da falta


de clareza, incompatibilidades ou carência de cuidado de algumas partes responsáveis pelos
projetos, que concomitante com a carência de conhecimento específico do assunto, por parte do
autor, estimulou à busca por soluções e respostas encontradas aqui, no trabalho realizado.
O projeto multifamiliar, de 34 apartamentos, o qual foi analisado seu pavimento tipo,
não teve sua concepção em um projeto arquitetônico modular, ou seja, suas medidas internas
de ambientes não são todas compatíveis com a modulação do bloco cerâmico da família 29
utilizado. Porém, isso não acarretou no uso de blocos especiais de dimensões não usuais, como
por exemplo o bloco 34 que, provavelmente, seria cortado em obra e, assim, fugiria do conceito
da alvenaria estrutural no momento que parte do projeto uma premissa à qual gera quebra de
produtividade, racionalização e segurança estrutural.
Da mesma forma, os projetos do empreendimento, não foram compatibilizados entre si,
o que acarretou em decisões tomadas em obra gerando, assim, perda da qualidade do mesmo.
Devido a isso, o autor buscou compatibilizá-los através da sobreposição dos projetos, onde
foram encontradas 3 incompatibilidades, sendo 2 físicas e 1 por falta de clareza nos projetos,
geradas pela ausência do projeto elétrico e seus detalhamentos, tanto na planta de modulação
quanto de paginação da alvenaria.
A compatibilização foi feita através das plantas de paginação de paredes, onde procurou-
se mostrar os diversos sistemas coexistentes na parede, distinguindo blocos especiais por cores,
grautes por hachuras, descriminando, identificando e quantificando barras e blocos, mostrando
detalhamentos de amarrações por tela quando necessários, identificando vãos de aberturas e
apresentando, na mesma planta, a 1ª e 2ª fiada da parede em questão, além de ser adicionando
notas de execução, como para o caso 3 (PAR109), para não haver dúvidas na leitura e
interpretação do projeto.
Através da análise e estudo das juntas, obteve-se possibilidades de justificativas para a
omissão da junta de dilatação por parte do projetista estrutural para a edificação. As mudanças
de rigidez dos panos de laje devido as suas dimensões diferentes associadas à incidência da
variação de temperatura e à retração devido a cura na laje, que acarretam a variação do
comprimento, nos leva a usar a junta de dilatação. Porém, nesse projeto, como viu-se, o
projetista optou por prescindi-la escolhendo, então, maneiras de amenizar os efeitos gerados
pelos aspectos antes citados, ao passo que as juntas de controle não se fazem necessárias, ao
menos para as paredes analisadas nesse trabalho.
75

O estudo acústico mostrou que algumas paredes da edificação, as inclusas no caso 2,


que fazem divisa com ao menos 1 dormitório, exigem 50 a 54 dB de isolamento acústico, o qual
só é alcançado, quando se usa o bloco de dimensões 14x19x29, com o preenchimento de areia
nos seus vazios.
O estudo proposto nesse trabalho teve seus objetivos alcançados, pois, o projeto passou
a ter maior clareza no detalhamento de suas pranchas, facilitando o entendimento e evitando
possíveis dúvidas de leitura. Da mesma forma, o entendimento quanto ao uso de juntas foi
alcançado, a análise acústica das paredes entre unidades autônomas teve suas soluções
encontrada e o lançamento estrutural proposto aqui, deixa-se como sugestão, para um futuro
projeto com características semelhantes.
76

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ANEXOS 1 – MODULAÇÃO – PRIMEIRA FIADA
ANEXOS 2 – MODULAÇÃO – SEGUNDA FIADA
ANEXOS 3 – SOBREPOSIÇÃO PROJETOS – PAV TIPO
ANEXOS 4 – ELEVAÇÃO PAREDE 112
ANEXOS 5 – ELEVAÇÃO PAREDE 124
ANEXOS 6 – ELEVAÇÃO PAREDE 109
ANEXOS 7 – ESTUDO ACÚSTICO – PAV TIPO
ANEXOS 8 – DETALHAMENTO VIGA 101

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