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Nova Iguaçu - RJ
2019
BRUNO CARLOS DE MORAES SANTOS – 201677067-6
Nova Iguaçu - RJ
2019
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INTRODUÇÃO
Uma das novidades da Constituição Federal (CF) de 1998 foi a criação da
arguição de descumprimento de preceito fundamental (ADPF), com o objetivo de
suprir as lacunas deixadas pelas ações diretas de inconstitucionalidade (ADIs), que
não podem ser propostas contra leis ou atos normativos que entraram em vigor
antes da promulgação da CF nem contra atos municipais.
Tal inovação foi introduzida pelo legislador constitucional, no artigo 102,
parágrafo único. Com a Emenda Constitucional nº 03/93, ocorreu um acréscimo de
parágrafos ao artigo 102 da Carta Magna, e a arguição de descumprimento de
preceito fundamental passou a ser tratada em seu artigo 102, §1º, da seguinte
forma:
A arguição de descumprimento de preceito fundamental,
decorrente desta Constituição, será apreciada pelo Supremo
Tribunal Federal, na forma da lei.
Em razão do termo “na forma da lei”, o STF entendeu que esta norma
constitucional era de eficácia limitada, dependente, portanto, de norma
regulamentadora. Em 3 de dezembro de 1999 foi sancionada a Lei 9.882, que
dispõe sobre o rito da ADPF.
De acordo com Gilmar Mendes (2009), por preceito fundamental, deve-se
entender as normas e princípios imprescindíveis e de relevância especial da
Constituição como, por exemplo, as cláusulas pétreas e seus desdobramentos.
Dessa forma, a arguição serve tanto para evitar lesões como também reparar as
lesões já causadas pela violação dos preceitos fundamentais.
Como informa Luís Roberto Barroso (2018, p. 161), até 2018 foram
ajuizadas 422 arguições de descumprimento de preceito fundamental.
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A arguição autônoma tem natureza objetiva, que pode ser proposta para
defesa exclusivamente objetiva contra violação de preceitos fundamentais
decorrente de um ato do poder público, seja este ato federal, estadual ou municipal.
A arguição sob a modalidade incidental ou indireta está contida no parágrafo único
do art. 1.º:
Caberá também arguição de descumprimento de preceito
fundamental:
I – quando for relevante o fundamento da controvérsia
constitucional sobre lei ou ato normativo federal, estadual ou
municipal, incluídos os anteriores à Constituição.
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2. JULGAMENTOS HISTÓRICOS
Temas de grande repercussão nacional foram debatidos em julgamentos de
ADPF. O mais recente foi em setembro do ano de 2018, quando o Plenário julgou
válidas as normas que autorizam o cancelamento do título do eleitor que não tenha
atendido ao chamado para cadastramento biométrico obrigatório (ADPF 541), que
será analisada no próximo item.
O STF decidiu que é lícita a terceirização em todas as etapas do processo
produtivo, seja atividade-meio ou fim, ao julgar a ADPF 324. As multas aplicadas às
empresas que não cumpriram a decisão de desobstruir as rodovias durante a greve
dos caminhoneiros em maio de 2018 se deram nos autos da ADPF 519.
A proibição da condução coercitiva de réu ou investigado para interrogatório
foi tomada no julgamento das ADPFs 395 e 444. Também em 2018, o Supremo
referendou decisão do ministro Ricardo Lewandowski na ADPF 165, que homologou
o acordo celebrado entre instituições financeiras e poupadores em torno da disputa
sobre os planos econômicos.
Outras deliberações importantes foram tomadas pelo STF ao julgar esse tipo
de ação: descriminalização da interrupção da gravidez de feto com anencefalia
(ADPF 54); considerar a Lei de Imprensa (Lei 5.250/1967) incompatível com a
Constituição Federal de 1988 (ADPF 130); realização da “Marcha da Maconha”
(ADPF 187); Lei da Ficha Limpa (ADPF 144); união homoafetiva (ADPF 132);
proibição de importação de pneus usados (ADPF 101); a Lei de Anistia (ADPF 153);
e cotas raciais nas universidades (ADPF 186).
Público e pelos partidos políticos e deve ser homologado pelos Tribunais Regionais
Eleitorais (TREs).
Para o ministro, não há inconstitucionalidade no modo como a legislação e a
normatização do TSE disciplinam a revisão eleitoral e o cancelamento do título em
caso de não comparecimento para a sua renovação. Segundo ele, o TSE
demonstrou “de uma maneira insuperável as dificuldades e impossibilidades
técnicas, bem como o risco para as eleições de se proceder à reinserção de mais de
3 milhões de pessoas”.
O julgamento começou com a apreciação do pedido de liminar, mas o relator
propôs a conversão em julgamento de mérito, visando assim à resolução definitiva
da questão antes das próximas eleições, que ocorrerão no dia 7 de outubro. A
proposta foi acolhida pelo Plenário, vencido, neste ponto, o ministro Edson Fachin,
que votou somente quanto ao pedido cautelar.
Seguiram o voto do ministro Barroso, no sentido de negar o pedido do partido,
os ministros Alexandre de Moraes, Edson Fachin, Luiz Fux, Cármen Lúcia, Gilmar
Mendes e o presidente da Corte, ministro Dias Toffoli.
O ministro Ricardo Lewandowski, em seu voto, abriu a divergência,
entendendo que a providência adotada pelo TSE pode restringir “drasticamente” o
princípio da soberania popular, previsto no artigo 14 da Constituição Federal.
Apontou ainda que o número de títulos cancelados impressiona e que isso pode
influir de maneira decisiva nos resultados do pleito.
O ministro Marco Aurélio destacou que a Lei das Eleições apenas previu a
possibilidade de adotar a biometria, sem prever sanção. “Vamos colocar na
clandestinidade esses eleitores como se não fossem cidadãos brasileiros? Vamos
colocar em primeiro plano as resoluções do TSE em detrimento da Lei Maior?”,
questionou, votando pela procedência da ADPF.
CONCLUSÃO
Pretendeu-se neste trabalho proporcionar, de uma forma sintética, mas
objetiva e estruturante, um estudo sobre o cabimento da Arguição de
Descumprimento de Preceito Fundamental, incluindo análise sobre a ADPF 541.
Para este objetivo, versou-se que ADPF se trata de ação destinada a evitar
ou reparar lesão a preceito fundamental resultante de ato do Poder Público (união,
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
LENZA, Pedro. Direito Constitucional Esquematizado. 16. ed. São Paulo: Saraiva,
2012.