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EAD

Composição Química da
Célula

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1. OBJETIVOS
• Conhecer e analisar as principais moléculas que com-
põem as células.
• Identificar e classificar as propriedades das biomolécu-
las.
• Compreender a importância das biomoléculas para o me-
tabolismo celular.

2. CONTEÚDOS
• Água.
• Carboidratos.
• Lipídios.
• Proteínas.
• Ácidos nucleicos.
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3. ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE


Antes de iniciar o estudo desta unidade, é importante que
você leia as orientações a seguir:
1) Na unidade anterior, discutimos os termos introdutórios
de biologia celular e, agora, dando continuidade aos nos-
sos estudos, analisaremos as moléculas que funcionam
como unidades construtoras e reguladoras das células
animais. Pesquise em livros e na internet esse assunto
e, se encontrar algo interessante, disponibilize-o na Lista
ou no Fórum para seus colegas.
2) Não deixe de analisar as figuras e as tabelas presentes du-
rante o texto, pois elas são importantes para a compreen-
são das biomoléculas e servem para a explicação do texto.
3) Leia os conteúdos com atenção, grifando os termos mais
importantes e tentando relacioná-los com sua futura ati-
vidade profissional. Isso lhe ajudará a entender a impor-
tância da matéria e servirá de estímulo para buscar mais
conhecimentos.
4) Responda às questões autoavaliativas presentes ao final
de cada unidade, a fim de fixar os conteúdos e detectar
as suas dúvidas.
5) Faça anotações de todas as suas dúvidas e procure solu-
cioná-las pela Lista, pelo Fórum, ou falando diretamente
com o seu tutor.

4. INTRODUÇÃO À UNIDADE
Na primeira unidade, procuramos demonstrar, por meio de
um breve histórico, como se deu a descoberta das células e do mi-
croscópio, e a sua importância para o desenvolvimento da biologia
celular. Analisamos, também, as propriedades básicas das células
e, por fim, os dois tipos básicos celulares, as células procarióticas
e as eucarióticas.
Dando continuidade ao nosso estudo sobre as propriedades
das células, analisaremos, nesta unidade, as moléculas que atuam
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como unidades construtoras das células animais, que em conjunto


chamamos de biomoléculas, isto é, moléculas da vida.
Será feito um estudo sobre as propriedades químicas dessas
moléculas e sua importância para a célula. As biomoléculas estu-
dadas nesta unidade serão:
1) Água.
2) Carboidratos.
3) Lipídios.
4) Proteínas.
5) Ácidos nucleicos.
Todas essas biomoléculas são formadas basicamente pelos
átomos de hidrogênio (H), carbono (C), oxigênio (O) e nitrogênio
(N).
Ao final desta unidade, esperamos que você seja capaz de
reconhecer as principais características das biomoléculas estuda-
das, assim como sua importância para os processos metabólicos
celulares e para a sobrevivência do organismo.
Desejamos êxito nos seus estudos e nas atividades!

5. ÁGUA
De todas as biomoléculas, a água possui propriedades quí-
micas que a tornam indispensável para os organismos vivos.
A água é o maior constituinte de um organismo, tanto que o
corpo humano é composto por cerca de 70% de água, fazendo-se,
portanto, necessária para todos os processos metabólicos celulares.
Desde o Ensino Fundamental, aprendemos que a água é
composta por um átomo de oxigênio ligado a dois átomos de hi-
drogênio (H2O). A ligação entre os átomos de hidrogênio e o de
oxigênio não ocorre de forma linear, mas, sim, num ângulo de
aproximadamente 104,9º, apresentando, assim, um polo positivo
(formado pelos hidrogênios) e um polo negativo (formado pelo oxi-

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gênio); portanto, a molécula da água é um dipolo. Essa caracterís-


tica dipolar da molécula da água faz que ela seja um dos melhores
solventes que existe, porque a tendência dos íons é se combinar
com outros eletricamente inversos (positivo com negativo e vice-
versa). Analise, na figura a seguir, a morfologia e as propriedades
elétricas da água.

Figura 1 Molécula da água.

As moléculas podem apresentar agrupamentos químicos


que possuem afinidade pela água, chamados de polares, ou, en-
tão, agrupamentos que não possuem essa afinidade, chamados
apolares. A solubilidade das moléculas com a água vai depender
desses agrupamentos. As moléculas que apresentam grupamen-
tos polares são altamente solúveis em água, isto é, hidrofílicas. Em
contrapartida, as moléculas que possuem agrupamentos apola-
res são insolúveis em água, portanto, hidrofóbicas. Podem existir,
também, moléculas com uma extremidade hidrofílica e outra hi-
drofóbica – são as chamadas anfipáticas. Essas moléculas exercem
importantes funções biológicas e estão presentes nas membranas
celulares (JUNQUEIRA; CARNEIRO, 2005).
Além dessas propriedades químicas, a água também serve
de meio para a locomoção de substâncias de um compartimento
celular para outro, bem como protege a célula contra mudanças
bruscas de temperatura, devido ao fato de possuir elevado calor
específico, mantendo a temperatura dos seres vivos constante.
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Em condições normais, perdemos água das seguintes formas:


respiração (durante a expiração) – 0,4 litro; urina – 1,2 litro; trans-
piração – 0,6 litro; evacuação – 0,1 a 0,3 litros; total (aproxima-
damente) – 2,5 litros. Portanto, é necessário repô-la diariamente,
bebendo 1,5 litro de água e ingerindo 1 litro pelos alimentos.

6. CARBOIDRATOS
Os carboidratos são as moléculas mais abundantes na natu-
reza e podem ser considerados a principal fonte de energia celular
(metabolismo celular). São, também, os constituintes estruturais
da membrana celular e da matriz extracelular.
Trata-se dos açúcares, também chamados de glicídios. Con-
tudo, o fato de serem açúcares não significa que terão o paladar
doce. Por exemplo, a maisena e a farinha de trigo são um tipo de
carboidrato (amido) e não são doces como a glicose (mel) e a fru-
tose (fruta).
Todos os carboidratos são constituídos por carbono, hidrogê-
nio e oxigênio, mais precisamente por um átomo de carbono para
dois átomos de hidrogênio e um de oxigênio; por isso, podemos
dizer que são hidratos (H2O) de carbono (C). Portanto, a fórmula
geral dos carboidratos pode ser representada por (CH2O)n.
Há três grupos de carboidratos, classificados de acordo com
a quantidade de moléculas (monômeros) em sua constituição:
monossacarídeos, dissacarídeos e polissacarídeos.
• Monossacarídeos: são os carboidratos mais simples (açú-
cares) formados por blocos construtores contendo basi-
camente um carbono, dois hidrogênios e um oxigênio,
representados pela seguinte fórmula: Cn(H2O)n,na qual o
“n” pode variar de 3 a 7.O nome dos monossacarídeos
vai depender da quantidade de carbonos existente na
molécula, ou seja, o “n”. Sendo assim, podemos ter: trio-

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se (três carbonos, n=3), tetrose (quatro carbonos, n=4),


pentose (cinco carbonos, n=5), hexose (seis carbonos,
n=6) e heptose (sete carbonos, n=7). Os monossacaríde-
os mais encontrados são as hexoses, cuja fórmula geral é
C6H12O6. Esse grupo inclui a glicose (açúcar encontrado na
maioria dos seres vivos), frutose (açúcar da fruta) e ga-
lactose (açúcar do leite). Observe as estruturas molecu-
lares desses monossacarídeos na Figura 2. Não podemos
deixar de falar da ribose e da desoxirribose, que são as
pentoses(C5H10O5) encontradas na constituição dos ácidos
nucleicos (DNA e RNA). Observe suas estruturas na Figura
3.

Figura 2 Exemplos das estruturas moleculares dos monossacarídeos


glicose, frutose e galactose.

'
Figura 3 Exemplos das estruturas moleculares dos
monossacarídeos ribose e desoxirribose.

• Dissacarídeos: são moléculas formadas pela união de


dois monossacarídeos. Essa união é feita por uma liga-
ção covalente chamada ligação glicosídica, em que o
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grupo OH de um monossacarídeo se liga ao OH do outro


monossacarídeo, havendo a perda de uma molécula de
água (H2O). Portanto, a fórmula geral dos dissacarídeos é
C12H22O11. Os dissacarídeos encontrados na natureza são:
sacarose, lactose e maltose. As unidades formadoras des-
ses dissacarídeos, bem como sua fonte fornecedora estão
descritas na tabela a seguir. Na Figura 4, está representa-
da a formação de um dissacarídeo (lactose).

Tabela1 Exemplos de dissacarídeos, com suas unidades


formadorasefontes.
UNIDADES FORMADORAS
DISSACARÍDEOS FONTE
(MONOSSACARÍDEOS)
Cana-de-açúcar e
Sacarose Glicose + Frutose
beterraba
Lactose Glicose + Galactose Leite
Maltose Glicose + Glicose Cereais
Fonte: arquivo pessoal.

Figura 4 Exemplo da estrutura molecular


da lactose.

• Polissacarídeos: são moléculas formadas pela união de


muitos monossacarídeos (mais de 10) por meio de liga-
ções glicosídicas. São abundantes na natureza e podem ter

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tanto função de reserva energética (amido e glicogênio)


como estrutural (celulose). Sua fórmula geral é (C6H10O5)n
e, ao se hidrolisarem, formam açúcares simples.
O amido é um polissacarídeo de reserva energética, formado
por uma longa cadeia de unidades de glicose, presente em vege-
tais como batata e mandioca. Já o glicogênio é um polissacarídeo
de reserva energética animal, também formado por unidades de
glicose, e está armazenado no fígado e nos músculos estriados es-
queléticos. Observe a estrutura molecular do amido e do glicogê-
nio nas Figuras 5 e 6.
Os animais utilizam os carboidratos como alimento, arma-
zenando-os na forma de glicogênio no fígado e nos músculos es-
queléticos. Quando necessário, o glicogênio é convertido em mo-
léculas de glicose e utilizado como fonte de energia celular para os
processos metabólicos.

Figura 5 Exemplo da estrutura molecular


do amido.

Figura 6 Exemplo da estrutura molecular do glicogênio.


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A celulose é um polissacarídeo presente na parede celular


de células vegetais, tendo, portanto, função estrutural, e não de
reserva energética. Embora também seja formada por unidades
de glicose, para os animais a utilizarem como reserva energética,
é necessária a presença de uma enzima chamada celulase, produ-
zida por bactérias e protozoários, presentes no sistema digestório
de alguns animais, como os ruminantes, cuja função é converter a
celulose em moléculas de glicose. Observe a estrutura da molécu-
la da celulose na Figura 7.

Nos seres humanos, a celulose ingerida na dieta por meio das


verduras é importante para o bom funcionamento do sistema di-
gestório, facilitando a digestão e a eliminação das fezes.

Figura 7 Exemplo da estrutura molecular da celulose.

Os organismos podem ser classificados em dois grupos, os au-


tótrofos e os heterótrofos, dependendo dos mecanismos que utili-
zam para obter energia para seu metabolismo. Os autótrofos (células
vegetais verdes) são capazes de utilizar a energia solar e, por meio
de um processo chamado fotossíntese, transformam CO2 e H2O em
carboidratos. Já os heterótrofos (células animais) conseguem energia
por meio do consumo de carboidratos, proteínas e lipídios produzidos
pelos organismos autótrofos e liberam o CO2 e H2O, que serão usados
pelos autótrofos, completando o ciclo energético.
Alguns outros polissacarídeos são encontrados nas células
animais, entre eles o ácido hialurônico, que serve de cimento in-

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tracelular para a compactação das células na formação dos tecidos


animais; e a heparina, que atua na circulação sanguínea como um
anticoagulante.

7. LIPÍDIOS
Os lipídios são biomoléculas orgânicas constituídas por lon-
gas cadeias hidrocarbonadas apolares ou hidrofobias e, por esse
motivo, são insolúveis em água e solúveis em solventes orgânicos
(éter, benzeno, clorofórmio e álcool). Eles desempenham impor-
tantes funções para os seres vivos, como a de reserva energética e
a estrutural, sendo o principal componente da membrana plasmá-
tica. Os lipídios de reserva energética são armazenados em células
especializadas chamadas células adiposas ou adipócitos.
Outra função importante dos lipídios é a manutenção da
temperatura corporal em animais homeotérmicos (aves e mamí-
feros). A gordura presente no tecido adiposo funciona como um
isolante térmico, impedindo a perda de calor para o meio externo,
mantendo a temperatura do corpo. Além disso, os lipídios são fun-
damentais para absorção das vitaminas A, D, E, K.
Vejamos quais são as três classes de lipídios mais comuns da
célula, de acordo com suas funções de reserva energética e estrutu-
ral: ácidos graxos, fosfolipídios e esteroides.

Ácidos graxos
Os ácidos graxos são formados por uma longa cadeia de car-
bono associados ao hidrogênio, possuindo em uma de suas extre-
midades um grupo carboxila (-COOH), que lhes confere a sua na-
tureza hidrofóbica (insolúvel em água). De modo geral, os ácidos
graxos são compostos por números pares de carbono (16 e 18), e
sua fórmula geral é: COOH–(CH2)n CH3.
Os ácidos graxos podem ser saturados ou insaturados. Os
saturados são quando todos os carbonos de suas cadeias estão
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ligados a átomos de hidrogênio. Os insaturados são aqueles que


perderam pelo menos dois átomos de hidrogênio; surgiu, assim,
uma dupla ligação entre os carbonos que os perderam.
Os ácidos graxos saturados são normalmente encontrados
na forma sólida (gordura) e em produtos de origem animal, como
leite e derivados, gorduras de carnes, banha, bacon etc. Se con-
sumidos em excesso, são prejudiciais à saúde, pois aumentam a
quantidade de colesterol sanguíneo. Já os ácidos graxos insatu-
rados são encontrados na forma líquida (óleo) e em produtos de
origem vegetal; se consumidos em excesso, são tão prejudicais
quanto os saturados. Observe a estrutura molecular desses ácidos
graxos na Figura 8.

O ômega-3 (ácido linolênico) e ômega-6 (ácido linoleico) são


ácidos graxos essenciais e não são produzidos pelas células do
organismo, sendo, portanto, adquirido pela ingestão de alguns
alimentos, como peixes, óleos depeixes e alguns óleos vegetais
(girassol, milho e soja).

a) Saturado b) Insaturado
Figura 8 Exemplos das estruturas moleculares dos ácidos graxos A) saturados e B)
insaturados.

Quando três ácidos graxos (triésteres) se ligam com glicerol,


formam os chamados triglicerídeos (ou triacilgliceróis), que são
gorduras neutras armazenadas nas células adiposas (adipócitos)
e constituem os depósitos celulares de lipídios. A energia liberada
pelos lipídios é o dobro daquela liberada pelos carboidratos; des-

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sa maneira, os carboidratos são uma fonte de energia facilmente


acessível a curto prazo, enquanto os lipídios fornecem energia a
longo prazo. Observe, na Figura 9, a formação do triglicerídeo.

Figura 9 Exemplo da formação da estrutura


molecular do triglicerídeo, a partir da
ligação de três ácidos graxos e glicerol.

Fosfolipídios
Os fosfolipídios são lipídios estruturais que constituem as
membranas celulares (membrana plasmática, envoltório nuclear,
retículo endoplasmático, mitocôndrias etc.). São formados por
duas cadeias de ácidos graxos ligados a uma molécula de glicerol e
a um grupo fosfato (negativamente carregada).
Dessa forma, os fosfolipídios apresentam uma extremidade
apolar, formada pelos ácidos graxos, e uma extremidade polar,
formada pelo grupo fosfato. A extremidade polar é hidrofílica, ou
seja, solúvel em água, enquanto a extremidade apolar é hidrofóbi-
ca, insolúvel em água. Observe, na Figura 10, a estrutura molecular
dos fosfolipídios e, na Figura 11, a sua participação na constituição
da membrana plasmática, que será discutida na Unidade 3.
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Fonte: De Robertis ePonzio (2003, p. 28).


Figura 10 Exemplos da formação da estrutura molecular dos fosfolipídios.

Figura 11 Exemplo da formação da dupla camada


lipídica feita pelos fosfolipídios.

Esteroides
Os esteroides são formados por ácidos graxos e alcoóis. O
mais conhecido deles é o colesterol, que também é um lipídio es-
trutural presente na membrana plasmática, reduzindo sua fluidez,
ou seja, tornando-a menos permeável. É, também, a molécula pre-
cursora da síntese de vários hormônios, como a testosterona, o
estrogênio e a progesterona. O colesterol é constituído de cadeias
de carbono e hidrogênio, formando quatro anéis, como podemos
observar na Figura 12.

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Figura 12 Exemplo da estrutura molecular do colesterol.

8. PROTEÍNAS
As proteínas são macromoléculas formadas por uma longa
cadeia de aminoácidos unidos entre si por uma ligação peptídica.
Cada proteína possui uma sequência única de aminoácidos que
lhe permite uma estrutura e uma função específica. Se houver a
mudança de um aminoácido da cadeia, alteram-se a função e a
estrutura da proteína; por esse motivo, a proteína é a biomolécula
com a maior diversidade estrutural e funcional.
Todas as funções básicas celulares dependem de proteínas
específicas que estão presentes em cada organela celular, e po-
dem ter funções estruturais ou enzimáticas (DE ROBERTIS, 2001).
As proteínas estruturais contribuem para a formação tridi-
mensional das células, das partes das células e das membranas,
fornecendo suporte mecânico para a célula. As enzimas são subs-
tâncias que aceleram as reações químicas.
Antes de continuarmos nosso estudo das proteínas, vamos
analisar a estrutura geral dos aminoácidos.
O aminoácido é um ácido orgânico formado por um carbo-
no, chamado carbono alfa, ligado a um grupo carboxila (-COOH) e
a um grupo amina (-NH2). As outras ligações do carbono são com
um hidrogênio e um grupamento R, que consiste num grupamento
químico diferente em cada aminoácido. Para uma melhor compre-
ensão da constituição do aminoácido, analise a figura a seguir.
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Figura 13 Exemplo da estrutura de um aminoácido.

O grupo carboxila (-COOH) de um aminoácido liga-se ao gru-


po anima (-NH2) do outro, por uma ligação peptídica, havendo a
liberação de uma molécula de água (H2O). Observe, na Figura 14, a
ligação de dois aminoácidos.

Figura 14 Exemplo da estrutura de um aminoácido.

Os aminoácidos podem ser obtidos pela alimentação ou sin-


tetizados pelo organismo, a partir de açúcares ou pela transfor-
mação de um aminoácido em outro. Alguns alimentos como leite,
carne, ovos, entre outros, são ricos em proteínas e podem ser uti-
lizados pelo organismo como fonte de aminoácidos.
As proteínas distinguem-se entre si pelo número de aminoá-
cidos, pelo tipo de aminoácido e pela sequência de ligação.
A tabela a seguir apresenta algumas proteínas, de acordo
com sua função biológica.
Tabela 2 Classificação das proteínas.
CLASSE EXEMPLO
Enzima Tripsina, amilase
Transporte Hemoglobina, mioglobina
Contrácteis Actina e miosina
Protetoras Anticorpos e fibrinogênio
Hormônios Insulina e prolactina
Estruturais Colágeno e elastina
Fonte:arquivo pessoal.

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Quanto à forma ou estrutura das proteínas, podemos distin-


guir quatro níveis de organização: primário, secundário, terciário e
quaternário (DE ROBERTIS, 2001).
1) Estrutura primária: corresponde à sequência dos ami-
noácidos que forma a cadeia proteica.

Figura 15 Exemplo da estrutura primária


da proteína.

2) Estrutura secundária: refere-se à configuração espacial


dos aminoácidos que estão perto uns dos outros na ca-
deia peptídica. O grupo amina de um aminoácido liga-
se por meio de pontes de hidrogênio ao grupo carboxila
de outro aminoácido que está situado quatro unidades
adiante na sequência linear, formando acima uma forma
cilíndrica, denominada α-hélice. Outras proteínas po-
dem apresentar a forma de uma folha de papel dobrada,
denominada folha pregueada beta.

a) α-hélice b) folha pregueada


Figura 16 Exemplo da estrutura secundária da proteína,
α-hélice (a) e folha pregueada (b).

3) Estrutura terciária: corresponde à disposição espacial


assumida pela estrutura anterior, devido a novas dobras
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formadas entre as regiões α-héliceou folha pregueada


beta.

Figura 17 Exemplo da estrutura


terciária da proteína.

4) Estrutura quaternária: resultado da união de duas ou


mais proteínas em forma de α-hélicee folha pregueada
beta, assumindo formas espaciais definidas e bastante
complexas.

Figura 18 Exemplo da estrutura


quaternária da proteína.

Como foi exposto, a proteína é formada por uma cadeia de


aminoácidos; no entanto, ela pode conter outros componentes. Se
a proteína é composta somente por aminoácidos, dizemos que é
simples; porém, se estiver ligada a outros componentes, dizemos
que é conjugada. Assim, podemos distinguir:
• Nucleoproteína: proteínas ligadas a ácidos nucleicos
(DNA e RNA).
• Glicoproteína: proteínas ligadas a carboidratos.
• Lipoproteína: proteínas ligadas a lipídios.
Tanto as glicoproteínas como as lipoproteínas podem ser en-
contradas na composição da membrana plasmática.

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Nesse sentido, vale mencionar que muitos indivíduos que


praticam atividades físicas regulares, atletas ou não, buscam o uso
de suplementos alimentares ou aumento de certos nutrientes na
refeição para aumentar o rendimento e a hipertrofia muscular. O
nutriente mais utilizado para esses fins é a proteína, que fornece
os aminoácidos essenciais para o desenvolvimento e reconstitui-
ção do tecido muscular esquelético. Porém, o excesso desses nu-
trientes no organismo pode ser prejudicial, uma vez que podem se
transformar em gorduras e serem armazenados no tecido adiposo
subcutâneo.

9. ÁCIDOS NUCLEICOS
Os ácidos nucleicos são macromoléculas formadas por uma
longa cadeia de nucleotídeos e são de grande importância bioló-
gica, uma vez que estão relacionados com o controle da ativida-
de celular e com o armazenamento das informações genéticas. As
duas formas de ácidos nucleicos encontrados nos seres vivos são o
DNA (ácido desoxirribonucleico) e o RNA (ácido ribonucleico).
Cada nucleotídeo é formado por um carboidrato (pentose),
uma base nitrogenada (purina ou pirimidina) e um grupo fosfato
(PO4H3).
Há duas pentoses que podem formar a estrutura dos ácidos
nucleicos: a ribose (C5H10O5) no RNA e a desoxirribose (C5H10O4) no
DNA.
As bases nitrogenadas possuem uma estrutura em anel, com
átomos de nitrogênio ligados, e podem ser classificadas em puri-
nas e pirimidinas. As purinas são bases maiores, constituídas por
dois anéis e conhecidas por adenina (A) e guanina (G). As pirimidi-
nas são bases menores, formadas por dois anéis, e são conhecidas
como uracila (U), timina (T) e citosina (C). Observe, na Figura 19,
os dois tipos de bases nitrogenadas.
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Figura 19 Estrutura básica dos nucleotídeos e suas bases


nitrogenadas.

Uma das maiores características do código genético é a uni-


versalidade, isto é, todos os seres vivos possuem os mesmos nu-
cleotídeos em seu DNA, que são traduzidos em proteínas com di-
ferentes funções celulares. A descoberta dessa universalidade foi
importante para a engenharia genética, permitindo estabelecer as
bases para o início do projeto Genoma Humano, que consiste em
identificar a localização e a função dos genes da espécie huma-
na, obtendo o nosso mapa genético, podendo, assim, intervir em
muitas doenças. Além disso, essas descobertas permitiram o de-
senvolvimento de técnicas para a produção de clones, dos quais a
mais conhecida é a ovelha Dolly.
Há grandes diferenças entre o DNA e o RNA, não só fun-
cionais como também estruturais. No RNA, a pentose é a ribose,
enquanto, no DNA, é a desoxirribose, que contém um oxigênio a
menos que a ribose. As bases purínicas do DNA são a adenina (A)
e guanina (G), e as pirimidínicas são a citosina (C) e timina (T). Po-
rém, no RNA, embora as purínicas sejam as mesmas do DNA (ade-
nina e guanina), nas pirimidínicas a timina (T) é substituída pela
uracila (U).
Ainda com relação à sua estrutura, o DNA apresenta duas
cadeias de ácidos nucleicos, em forma helicoidal, formando, as-

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sim, uma dupla hélice, unidas entre si por pontes de hidrogênio


entre os pares de bases nitrogenadas, sendo sempre A-T, T-A, C-G
e G-C. O DNA encontrado no núcleo celular é o responsável pelo
armazenamento e pela transmissão das informações genéticas.
Além disso, apresenta uma importante capacidade de se duplicar,
formando cópias idênticas de si mesmo.
A duplicação do DNA é do tipo semiconservativo, isto é, me-
tade da molécula-mãe é conservada nas moléculas-filhas. O mo-
delo da duplicação semiconservativa foi descrito por Watson e
Crick (1953), no qual afirmavam que, durante a duplicação, cada
uma das duas cadeias da molécula de DNA serviria como um mol-
de para a construção de uma nova cadeia complementar. Dessa
forma, uma molécula de DNA, ao se duplicar, produziria duas mo-
léculas-filhas idênticas, de forma que cada uma delas contém uma
das cadeias da molécula-mãe original e uma nova cadeia, recém-
sintetizada (Figura 20).

Figura 20 Duplicação semiconservativa.

O RNA é geralmente encontrado na forma de fita simples,


porém, pode apresentar regiões com bases complementares, liga-
das por pontes de hidrogênio, formando pares A-U e C-G. O RNA é
encontrado principalmente no citoplasma, e sua função na célula
é a síntese de proteína.
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Existem três tipos de RNAs: o RNA ribossômico (RNAr), o


RNA mensageiro (RNAm) e o RNA (RNAt) transportador, depen-
dendo de sua localização, forma e função.
Assim, o RNAm é formado por uma única e longa cadeia de
RNA, a partir de um filamento de DNA que lhe serve de molde e
que foi formado pelo processo de transcrição.
O RNAt também é formado a partir de um molde de DNA,
porém mais curto que o RNAm, constituindo-se de uma única ca-
deia dobrada sobre si mesma (semelhante a um “trevo de quatro
folhas”), cuja função é transportar os aminoácidos para o citoplas-
ma da célula e ligar cada um desses aminoácidos em posição cor-
reta sobre a molécula de RNAm, durante a síntese de proteínas.
E, por fim, o RNAr é formado a partir do DNA de regiões es-
pecíficas de alguns cromossomos, denominadas regiões organiza-
doras do nucléolo, sendo os componentes estruturais dos ribos-
somos, cuja função é orientar o RNAm, o RNAt e os aminoácidos
durante a síntese de proteínas.
Observe, na Figura 21, a estrutura da molécula de DNA e
RNA e analise suas diferenças.

Figura 21 Estrutura molecular do DNA e do RNA.

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10. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS


Sugerimos que você procure responder, discutir e comentar
as questões a seguir que tratam da temática desenvolvida nesta
unidade, ou seja, busque compreender quais são as biomoléculas
que compõem quimicamente as células, suas funções biológicas e
qual a sua importância para nossa sobrevivência e para as ativida-
des físicas.
A autoavaliação pode ser uma ferramenta importante para
você testar o seu desempenho. Se você encontrar dificuldades em
responder a essas questões, procure retornar os conteúdos estu-
dados para sanar as suas dúvidas. Esse é o momento ideal para
que você faça uma revisão desta unidade. Lembre-se de que, na
Educação a Distância, a construção do conhecimento ocorre de
forma cooperativa e colaborativa; compartilhe, portanto, as suas
descobertas com os seus colegas.
Confira, a seguir, as questões propostas para verificar o seu
desempenho no estudo desta unidade:
1) Quais são as principais biomoléculas que compõem a célula?

2) Qual a importância biológica da água?

3) Qual a função do carboidrato e quais são os três grupos encontrados?

4) Quais as funções dos lipídios? Diferencie as três classes de lipídios presentes


nas células.

5) Defina proteína e diferencie proteína simples de proteína conjugada.

6) Diferencie os dois tipos de ácidos nucleicos (DNA e RNA).

11. CONSIDERAÇÕES
Nesta unidade, foi feito um breve estudo sobre as principais
biomoléculas que compõem as células, que são: água, carboidra-
tos, lipídios, proteínas e ácidos nucleicos. Essas biomoléculas são
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constituídas basicamente por átomos de oxigênio, hidrogênio, car-


bono e nitrogênio.
A água é o principal constituinte celular, sendo necessária
para todos os processos metabólicos. Os carboidratos são os açú-
cares abundantes na natureza e podem ser considerados as prin-
cipias fontes de energia a curto prazo utilizada pelas células para
realização de funções metabólicas básicas. Os lipídios são as gor-
duras, insolúveis em água e solúveis em solventes orgânicos, apre-
sentando função estrutural, como componentes das membranas
celulares e reserva energética. As proteínas são essenciais à vida,
sendo necessárias a todas as funções celulares e podem ser es-
truturais ou enzimáticas. Por fim, estudamos que a transmissão
das informações genéticas e a síntese de proteínas dependem de
biomoléculas denominadas DNA e RNA, respectivamente.
O conhecimento dessas biomoléculas é essencial para a
compreensão do funcionamento celular e, consequentemente, do
organismo humano.

12. E REFERÊNCIAS

Lista de Figuras
Figura 1 – Molécula da água: disponível em:<http://profs.ccems.pt/olgafranco/10ano/
biomoleculas.htm>.Acesso em: 3 ago. 2010.
Figura 2 – Exemplos das estruturas moleculares dos monossacarídeos glicose, frutose e
galactose:disponível em:<http://profs.ccems.pt/OlgaFranco/10ano/biomoleculas.htm>.
Acesso em: 3 ago. 2010.
Figura 3 – Exemplos das estruturas moleculares dos monossacarídeos ribose e da
desoxirribose:disponível em:<<http://profs.ccems.pt/OlgaFranco/10ano/biomoleculas.
htm>. Acesso em: 3 ago. 2010.
Figura 4 – Exemplo da estrutura molecular da lactose:disponível em:<http://www.
infoescola.com/bioquimica/dissacarideo/>. Acesso em: 3 ago. 2010.
Figura 5 – Exemplo da estrutura molecular do amido:disponível em:<http://www.
geocities.com/CapeCanaveral/Launchpad/9071/amido1_4.gif>. Acesso em: 3 ago.
2010.
Figura 6 – Exemplo da estrutura molecular do glicogênio:disponível em: <http://www.
bioq.unb.br/htm/aulas2D/deg_glicg.htm>. Acesso em: 3 ago. 2010.

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70 © Biologia Humana

Figura 7 – Exemplo da estrutura molecular da celulose: disponível em:<http://www.


geocities.com/CapeCanaveral/Launchpad/9071/Polissac.html>. Acesso em: 3 ago.
2010.
Figura 8 – Exemplos das estruturas moleculares dos ácidos graxos A) saturados e B)
insaturados:disponívelem: <http://profs.ccems.pt/OlgaFranco/10ano/biomoleculas.
htm>. Acesso em: 3 ago. 2010.
Figura 9 – Exemplo da formação da estrutura molecular do triglicerídeo, a partir
da ligação de três ácidos graxos e glicerol: disponível em:<http://profs.ccems.pt/
OlgaFranco/10ano/biomoleculas.htm>. Acesso em: 3 ago. 2010.
Figura 11 – Exemplo da formação da dupla camada lipídica feita pelos
fosfolipídios:disponível em:<http://cadernodeestudo.blogspot.com/2008_05_01_
archive.html>. Acesso em: 3 ago. 2010.
Figura 12 – Exemplo da estrutura molecular do colesterol: disponível em:<http://www.
colegiosaofrancisco.com.br/alfa/lipidios/lipidios-3.php>. Acesso em: 3 ago. 2010.
Figura 13 – Exemplo da estrutura de um aminoácido: disponível em:<http://profs.
ccems.pt/OlgaFranco/10ano/biomoleculas.htm>. Acesso em: 3 ago. 2010.
Figura 14 – Exemplo da estrutura de um aminoácido: disponível em:<http://profs.
ccems.pt/OlgaFranco/10ano/biomoleculas.htm>. Acesso em: 3 ago. 2010.
Figura 15 – Exemplo da estrutura primária da proteína: disponível em:<http://profs.
ccems.pt/OlgaFranco/10ano/biomoleculas.htm>. Acesso em: 3 ago. 2010.
Figura 16 – Exemplo da estrutura secundária da proteína, g-hélice(a) e folha pregueada
(b): disponível em:<http://cftc.cii.fc.ul.pt/PRISMA/capitulos/capitulo4/modulo4/
topico1.php>. Acesso em: 3 ago. 2010.
Figura 17 – Exemplo da estrutura terciária da proteína:disponível em:<http://
portalsaofrancisco.com.br/alfa/aminoacido/proteinas5.php>. Acesso em: 3 ago. 2010.
Figura 18 – Exemplo da estrutura quaternária da proteína:disponível em:<http://
portalsaofrancisco.com.br/alfa/aminoacido/proteinas5.php>. Acesso em: 3 ago. 2010.
Figura 19 – Estrutura básica dos nucleotídeos e suas bases nitrogenadas:disponível
em:<http://profs.ccems.pt/OlgaFranco/10ano/biomoleculas.htm>. Acesso em: 3 ago.
2010.
Figura 20 – Duplicação semiconservativa: disponível em: <http://profs.ccems.pt/
OlgaFranco/10ano/biomoleculas.htm>. Acesso em 3 ago. 2010.
Figura 21 – Estrutura molecular do DNA e do RNA: disponível em:<http://images1.
clinicaltools.com/images/gene/rna2.jpg>. Acesso em: 3 ago. 2010.

13. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS


ALBERTS, B. et al.Fundamentos da Biologia Celular. 2. ed. São Paulo: Artmed, 2007.
DE ROBERTIS, E. D. P.; ANDRADE, C. G. T. J. Bases da biologia celular e molecular. 2. ed.
Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1993.
JUNQUEIRA, L. C.; CARNEIRO, J. Biologia celular e molecular. 8. ed. Rio de Janeiro:
Guanabara, 2005.

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