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A produção extensiva de Mariri e Chacrona, está

necessariamente ligada a uma atividade mais profissional, envolvendo o emprego


de técnicas de cultivo no sentido de garantir um controle mais eficaz dês do plantio
até a colheita, além da produção em alta escala. A área de produção de Mariri na
unidade do Centro Espírita Beneficente União do Vegetal em Patrocínio MG, vem
permitindo uma experiência única neste tipo de produção extensiva. A topografia
local, permitiu a adoção de grandes linha de cultivo igualmente espaçadas, o que
vem facilitando os tratos culturais. Também possibilitou o consórcio com eucalipto
para servir de guia no crescimento do Mariri e de fornecimento de lenha no
momento da colheita para o preparo de vegetal. O emprego de irrigação localizada,
gotejamento, foi optado pela disponibilidade de uma fonte de água, pelo
espaçamento uniforme entre plantas na mesma linha de cultivo, rede elétrica, pela
possibilidade de automação, uma vez que as irrigações, podem ser realizadas sem
o uso de mão de obra. A adubação vem sendo feito de forma natural, com esterco,
sendo reforçada com adubação foliar usando um produto a base de aminoácidos
naturais, feito através de descartes de frutos do mar ricos em nutrientes.

Espera-se, com as experiências adquiridas nesta área,


fornecer cada vez mais subsídios para que futura áreas de produção de Mariri
tenham novas possibilidades, acompanhando a demanda crescente por este vegetal
pelas atuais e futuras gerações.

Com este presente material, serão sugeridas aplicações


práticas para o manejo de Mariri e Chacrona, envolvendo plantio, adubação,
irrigação, controle de pragas e tratos culturais. Esperamos dar apenas um passo
inicial nas sugestões de manejo destas culturas, para que novas contribuições
possam somar às aqui destacadas. Para isso, pedimos ao grande mestre que nos
concedesse sabedoria, discernimento para escrevermos sobre algo tão precioso,
pois sem estas duas plantas sagradas a nossa comunhão não estaria completa.
MANUAL PRÁTICO
PARA O PLANTIO
MARIRI & CHACRONA
ÍNDICE
CAPA---------------------------------------------------------------------------------01
ÍNDICE-------------------------------------------------------------------------------02
INTRODUÇÃO---------------------------------------------------------------------03
PLANTAS SAGRADAS----------------------------------------------------------04
ESCOLHA LOCAL----------------------------------------------------------------05
ÉPOCA IDEAL PLANTIO-------------------------------------------------------05
PREPARO SOLO-----------------------------------------------------------------05
SOLO---------------------------------------------------------------------------------06
CORREÇÃO SOLO---------------------------------------------------------------07
ANÁLISE SOLO--------------------------------------------------------------------08
ADUBAÇÃO-------------------------------------------------------------------------09
MACRONUTRIENTES-----------------------------------------------------------09
MICRONUTRIENTES------------------------------------------------------------13
ADUBAÇÃO VERDE-------------------------------------------------------------14
COMPOSTO ORGÂNICO-------------------------------------------------------15
BIOFERTILIZANTES--------------------------------------------------------------16
EXEMPLOS BIOFERTILIZANTES--------------------------------------------17
SUPER MAGRO-------------------------------------------------------------------18
MODO PREPARO SUPER MAGRO-----------------------------------------19
CONSTRUÇÃO VIVEIROS-----------------------------------------------------20
PREPARO DE MUDAS----------------------------------------------------------21
PLANTIO-----------------------------------------------------------------------------21
ÁRVORES TUTORAS E LENHA----------------------------------------------23
IRRIGAÇÃO-------------------------------------------------------------------------25
CONTROLE PRAGAS------------------------------------------------------------30
TRATOS CULTURAIS------------------------------------------------------------31
ENTREVISTA PLANTADORES------------------------------------------------32
CONCLUSÃO-----------------------------------------------------------------------34
AGRADECIMENTO---------------------------------------------------------------36
AS PLANTAS SAGRADAS

Mariri
Banisteriopsis caapi
Um cipó nativo da região amazônica, são duas espécies que se destacam em
duas variedades, Caupuri e Tucunacá, o caupuri se difere do tucunacá por
ter nós em toda sua extensão.

Chacrona
Psychotria viridis
Um arbusto de caule lenhoso de forma cilindrica, são diversas espécies, suas
sementes se abrem em duas partes como a do café.
Normalmente chega de 4 a 5 mts de altura
A Escolha do Local

A escolha do local, deve ser um dos fatores mais importantes para a instalação do
plantio, uma vez s escolha feita, sua mudança de local acarretará em um maior
esforço de mão de obra e um alto custo financeiro. Observar bem a topografia do
local, textura, fertilidade do solo, drenagem e principalmente fonte de água, pensar
também na logística do transporte da mensagem e colheita, um dos fatores
importantes para diminuir o custo do preparo.

Época
O plantio deverá ser feito em qualquer parte do ano, quando irrigado artificialmente
ou no início das chuvas quando não for irrigado.

Preparo de Solo
Imprescindível para a implantação e sucesso do plantio, promover um arejamento
no solo, facilitando a penetração da raiz, com um solo mais leve a planta encontra
mais facilidade para captar água e buscar os nutrientes para o seu desenvolvimento.
Em uma nova área a ser implantada, pode se usar uma boa grade com arado em
toda sua extensão, se for utilizar uma área já plantada e querendo preservar
algumas plantas ali existentes, não causando danos a elas, é recomendado fazer no
local aonde será o plantio, uma cova bem espaçosa para a planta desenvolver bem
sua raiz., lembrando que o Mariri necessita de um espaço para crescer, esse
espaço deve se aberto pois ele necessita de uma incidência maior da luz do sol,
diferente da Chacrona que necessita principalmente nesse inicio, de sombra.
Solo
Em nosso país existe basicamente quatro tipos de solos, são eles:
ARGILOSOS
terra roxa, muito fértil e adequado para a agricultura, possui mais de 30 % de argila,
como os grãos de argila estão ligados entre si, retém mais água e sais minerais,
deixando o solo mais fértil, mas quando a quantidade de argila é superior a essa
quantidade, fica prejudicial ao plantio, o solo estando encharcado, atrapalha a
circulação do ar e assim prejudica o crescimento da planta e em alguns casos a
planta chega a morrer.
ARENOSO
granulado como areia, seca logo por ser poroso, a água passa mais rápido pela raiz,
indo mais para o fundo do solo, por isso são pobres em fertilizantes, eles dessem
com a água, ficando mais longe da raiz e dificultando o acesso das plantas.
HUMOSO
contém grande quantidade de matéria orgânica em decomposição, extremamente
fértil, retém mais água na parte superior do solo, ideal para a agricultura, altamente
rico em nutrientes.
SOLO CALCÁRIO
inadequado para a agricultura, solo seco e rochoso, esquenta muito com os raios do
sol, prejudicando a planta, chegando até a aniquilar seu crescimento.

Um SOLO bem preparado, visa sua melhoria das condições físicas e químicas.
ROÇAR
eliminando a vegetação inadequada existente, deixando apenas as de interesse pro
plantio, dependendo das condições, pode ser por máquinas ou feita manualmente,
nunca queime o material roçado, incorpore no solo, é uma grande fonte de matéria
orgânica e rica em nutrientes.
RETIRAR
os tocos, deixando a área limpa para um livre acesso a sua manutenção os tratos
culturais e colheitas.
Preparar as COVAS, fazendo assim que crie um ambiente adequado para quando
for plantado as mudas, ela não sofra um stress físico. Recomendando aqui um
espaçamento de 50cm x 50cm x 50cm para a cova, deixando assim uma folga para
a raiz se desenvolver.
CORREÇÃO DO SOLO
No preparo do solo, a correção da ACIDEZ é um dos momentos de grande
importância de todo o processo, a CALAGEM elimina os efeitos tóxicos que
prejudicam o desenvolvimento da planta neutralizando sua acidez.
Os corretivos são em forma de PÓ,

a incorporação do calcário além de corrigir a acidez, fornece cálcio ( Ca ) e


magnésio ( Mg ), neutralizando o alumínio ( Al ) tóxico e potencializando o efeito dos
nutrientes. O sucesso da calagem depende basicamente de três fatores importantes
- Dosagem Certa
- Qualidade do Produto
- Aplicação Correta
O calcário é o corretivo natural mais abundante e mais utilizado na agricultura, para
saber escolher a qualidade e quantidade da dosagem fazemos a análise do solo.
Análise do Solo
Ideal ser feita a 60 dias antes do plantio, refazer a análise a cada 2 e 3 anos,
corrigindo o solo quando o PH existente for abaixo de 5,5 ou a saturação de base for
menor de 60%.
Recomendo aqui jogar o calcário em toda área, não apenas aonde será plantado as
mudas, se for apenas no local, é sujeito ficar limitado o crescimento e
desenvolvimento das raízes, também utilizar o GESSO agrícola para esse trabalho,
é um sulfato de cálcio, fonte de cálcio(Ca) e enxofre( s ), reduz a acidez e também
reduz a perda de nitrogênio na decomposição da matéria orgânica, deixando assim
o solo mais rico. O cálcio em equilíbrio deixa a raiz forte e resistente.
COMO RETIRAR AMOSTRA PARA ANÁLISE
Pode se utilizar uma amostra por hectare de chão plantado, dentro desse
espaçamento escolher cinco pontos espalhados e alternados um do outro, limpar
bem aonde será retirado a amostra, não deixando resto de folhas e ciscos que
venham alterar o resultado da análise. Com uma ferramenta adequada para a
retirada, trado ou mesmo um enxadão ( o que for utilizar tem que estar bem limpo
sem resíduos de terras ) tirar uma amostra do solo, se for um local de plantio novo,
retirar na parte superior do buraco, os primeiros 20cm, se for em um local já em
produção fazer nos próximos 20 a 40 cm do chão. Retirar essas cinco fatias e
colocar em um balde de plástico, misturar bem, e retirar desse montante uma
quantidade de 500g, colocar em um saco plástico e identificar. Enviar a um
laboratório de análise para ser feito.
Quando estiver pronto o resultado, enviar o mesmo para um agrônomo ou técnico
conhecido, os escritórios da Emater e Embrapa também estão disponíveis para
fazer esse trabalho. Com a recomendação na mão, podemos então saber como
trabalhar no solo.
Depois da Análise pronta e solo corrigido, vamos então fazer a ADUBAÇÃO do
solo, o resultado da análise também indica o caminho a seguir, nela consta a
quantidade de nutriente existentes e assim podemos corrigir a falta ou excessos,
ainda não temos parâmetros para o plantio de Mariri e Chacrona, usamos então o
bom senso para fazer esse trabalho, mantendo o solo em condições de um plantio
convencional comum.

Adubação do Solo
Ela se divide em duas etapas, adubação de correção para PLANTIO e adubação de
manutenção PÓS PLANTIO.
Adubar é enriquecer o solo com nutrientes, quando esse é pobre, são adubos de
fontes orgânicas e minerais, em nosso caso a recomendação feita é para utilizar a
ADUBAÇÃO ORGÂNICA, por um novo conceito de tratar as plantas e nosso solo de
uma maneira mais correta e inteligente, mais consciente e proveitosa, chegando
mais perto possível do tratamento que a própria natureza faz se renovando a cada
dia.
No início do plantio é interessante deixar disponível à planta uma quantidade boa
desses nutrientes, pra que ela busque o que necessita para seu crescimento.
Diversos elemento químicos são indispensáveis para a vida da planta, sem eles, ela
não consegue completar seu ciclo de vida, são classificados em dois grupos
MACROS e MICROS nutrientes.

MACRONUTRIENTES
Nitrogênio( N ), Fósforo( P), Potássio( K ), Cálcio( Ca ), Magnésio( Mg) Enxofre( S),
são absorvidos em grandes quantidades e são muito exigidos pela planta para sua
vida útil.

NITROGÊNIO ( N )
Responsável pela cor verde da folhagem, um alimento de massa, a planta necessita
em grande quantidade na fase de crescimento, responsável também pela defesa da
planta contra doenças e pragas, em excesso a planta fica com um crescimento
excessivo deixando ela mais fraca e menos resistente. Sua ação é essencial ao
vigor da planta, sem ele a planta paralisa seu crescimento forçando a floração e
frutificação e isso acontecendo precocemente, os filhos serão fracos e raquíticos.
Quando aparecem folhas com um verde amarelado fraco, é um sinal que está
deficiente o nitrogênio. Recomendo aqui não retirar as folhas amareladas das
plantas, deixar cair por si, mesmo fraco ali existe uma pequena quantidade de
nitrogênio, que pode ser absorvido e aproveitado pela planta. A carência do
nitrogênio reduz o crescimento foliar, provocando a clorose, deficiência na clorofila,
os sintomas aparecem primeiramente nas partes velhas da planta.

Clorose nas Folhas

Leguminosas, adubos verdes de cobertura e compostos feitos de esterco de curral,


granja de porco e de frango, são algumas excelentes fontes de nitrogênio,
introduzido no solo, produz uma biomassa adequada para o consumo da planta.
Apesar de uma liberação lenta é o mais adequado e recomendado a ser feito.

FÓSFORO ( P )
Outro elemento básico na vida vegetal, sua atividade principal está relacionado a
floração, frutificação, formação de raiz e maturação de órgãos vegetativos, coordena
a respiração, divisão celular e formação de proteínas. Anda fácil na planta , indo de
folhas velhas para nova, de flores para frutos e sementes, a planta bem nutrida de
fósforo se torna altamente resistente a doenças. Sua falta ou deficiência, que se
nota com uma cor avermelhada nas folhas, deixa a planta com um crescimento
lento, deixando fraca a floração e perpetuação da espécie. Deixando a planta fraca
até chegar a morte. Uma fonte orgânica é a adubação verde enriquecida com cinzas
de fornalhas.

Pintas avermelhadas
mostrando a
deficiência do fósforo
POTÁSSIO ( K )
Sua presença na seiva é indispensável, principalmente para auxiliar na adubação
nitrogenada, regulando sua atividade. Ativa as enzimas e provoca o crescimento dos
tecidos, quando bem balanceado, o potássio na seiva regula a transpiração
deixando a planta mais resistente à seca, ao frio e geadas. Muito importante na
fotossíntese, regulando a entrada e saída de água nos estômatos. Favorece na
formação da raiz e amadurecimento das sementes, tornando os tecidos mais rígidos
e menos quebradiços. Amadurecimento precoce das sementes, folhas amarelas e
ressecadas indicam a deficiência do potássio na planta. As fontes alternativas e
naturais são, resíduos de café, cinza de madeiras e rochas.

Deficiência de Potássio

CÁLCIO ( Ca )
É um elemento abundante na terra, não é encontrado em estado nativo, mas está
junto na formação de rochas e minerais. Além de reduzir a acidez do solo, aumenta
o crescimento da raiz aumentando a disponibilidade do molibdênio para a planta
além de diminuir a toxidez do alumínio. O sintoma principal da deficiência do cálcio
na planta é a morte de sua gema principal ( apical ) a guia de cima e clorose nas
folhas mais novas.

morte da gema secando a guia


MAGNÉSIO ( Mg )
Uma parte integrante na formação da
clorofila, por isso sua real importância
em todo esse processo de vida da
planta, ligado ao metabolismo
energético da planta. Por fazer parte
do processo da clorofila, sua ausência é
notada no amarelecimento das folhas,
provocando clorose entre as nervuras,
reduz o crescimento vegetativo, inibição
da floração e morte da planta. Sua
reposição pode ser feita através de uso
de calcário magnesiano.
Deficiência de Mg

ENXOFRE ( S )
Um constituinte importante de muitos aminoácidos, por isso importante
para todos os organismos vivos, a atmosfera é a maior fonte dele, no solo
se encontra de forma orgânica. A deficiência aparece em coloração
diferente da normal, vede pálido ou amarelada. Provoca a morte da
planta por essa não produzir carboidratos.

Deficiência enxofre
folhas novas ficam
iguais as folhas
velhas
MICROMUTRIENTES
Boro( B ), Cloro( Cl ), Cobre( Cu ), Ferro( Fe ), Manganês( Mn ), Zinco( Zn), e
Molibdênio( Mo ), apesar de serem necessitados em menor quantidade pela planta,
não deixam de ser tão importantes para ela. A disponibilidade para as plantas é
influenciada pelas características do solo. Com boa textura, bom teor de matéria
orgânica e Ph corrigido, teremos condições boas de disponibilizar os micronutrientes
para as plantas.
BORO ( B )
tão importante quanto as vitaminas aos animais, broto escurecido é um sintoma de
sua deficiência, seca as ponteiras da planta diminuindo a flora.
CLORO ( Cl )
ligado a transpiração das plantas, participa da fotossíntese, a carência é rara, mais
comum excesso do que falta é adicionado indiretamente quando fazemos adubação
de potássio.
COBRE ( Cu )
indispensável em quantidade mínima se for em excesso é tóxico, também raro essa
deficiência, papel importante na respiração.
FERRO ( Fe )
indispensável na formação da clorofila, atua na fixação do nitrogênio fortalecendo
tronco e raiz, sua falta provoca grande clorose foliar, as folhas ficam com aparência
de vidro, se enrolam e caem.
MANGANÊS ( Mn )
ativador de enzimas, controla a fotossíntese e a clorofila, com a falta, as folhas se
enrolam e caem.
ZINCO ( Zn )
nutriente ativador enzimático, sua carência provoca uma redução do crescimento
vegetativo, impedindo o alongamento do caule, e expansão foliar, interferindo na
frutificação, as plantas ficam raquíticas e pequenas.
MOLIBDÊNIO ( Mo )
essencial para a fixação do nitrogênio, sua carência origina manchas de clorose
com necrose, enrola a folha e cai, interferindo na frutificação, ataca a parte mais
jovem das plantas.
Além dos macro e micros, pequenos animais no solo são de fundamental
importância para a agricultura, as galerias feitas por eles, auxiliam para a
circulação do ar e água, assim servindo de transporte para os nutrientes,
auxiliados por bactérias e fungos na decomposição da matéria orgânica.
ADUBAÇÃO VERDE
Fundamental para recuperar solos de baixa fertilidade, as mais comuns usadas, são
as leguminosas, contém mais nutrientes e de grande massa verde, fixando o
nitrogênio no solo. É um processo natural de proteção da superfície, traz muitos
efeitos benéficos, aumenta o teor de matéria orgânica, diminui a erosão, protegendo
a superfícies das chuvas fortes, segura mais água no solo, recuperando e
reduzindo a perca de nutrientes, favorece a proliferação de insetos e minhocas, com
tudo isso a planta fica mais resistente à pragas e doenças.
São plantas que quando cultivadas, são incorporadas ao solo, misturando com a
terra, a sua decomposição aumenta a matéria orgânica, aumentando assim o
trabalho de fungos e bactérias, retendo e liberando mais nutrientes ao solo. Uma
adubação nitrogenada de graça. Pois na decomposição libera o nitrogênio, fixando-o
na raiz das plantas.
A MUCUNA e o GUANDÚ, são bons exemplos de plantas para esse tipo de
adubação, recomendado cortar e incorporar antes da florada, incorporando ao solo
de forma mecanizada , podendo também deixar sobre a superfície, lembrado que
dessa maneira a liberação dos nutrientes é mais lenta.

Guandú

Material verde
Em decomposição
No solo Mucuna
COMPOSTO ORGÂNICO

É uma outra alternativa para uma adubação orgânica.


É uma mistura de todos os resíduos orgânico que existem na propriedade, além de
ser muito útil no processo de nutrição das plantas eliminas esses resíduos, fazendo
assim uma grande reciclagem, cortes de grama, folhas varridas, podas de árvores,
estercos, bagaço de Mariri, qualquer coisa orgânica que esteja sobrando sem
finalidade, menos os dejetos humanos. É uma seqüência de microorganismos
trabalhando sobre a matéria orgânica, liberando nutrientes.
Escolher um local adequado para fazer composto, acesso fácil de água e se
possível na sombra e longe das residências.
Fazer uma mistura intercalando os estercos com os restos orgânicos, uma camada
de cada, não fazer um monte muito alto que dificulta a mistura do composto, ir
controlando a temperatura com água, misturando duas vezes por semana, quando
estiver frio e sua estrutura física se misturar, não podendo mais separar visualmente
os restos orgânicos do esterco, está pronto o material.
Incorporando ao solo antes do plantio, uns 30 dias do plantio. E quando for feito pós
plantio, incorporar no solo junto a planta em forma de uma coroa ao redor da planta.
Observar bem um detalhe, o composto em transformação libera uma grande
quantidade de nitrogênio, ( fica quente o material ) esse excesso queima a planta e
cozinha as raízes, uma boa forma de saber quando estiver pronto é a sua
temperatura , quanto mais frio melhor o composto.
BIOFERTILIZANTES
Os BIOFERTILIZANTES, também são
usados como adubos, é uma ótima
alternativa para repor os nutrientes, dessa
forma, podemos fazer uma ADUBAÇÃO
FOLIAR, além disso serve para manter um
controle de pragas e doenças, consiste no
fornecimento de adubo através das folhas.
Claro que essa adubação é recomendada
mediante um resultado de uma análise
foliar, ela trás todo o aspecto nutricional da
planta. Indicando assim as necessidades
nutricionais. Aqui alguns métodos de
aplicação de nutrientes foliares mais
comuns:
Planta com folha bem nutrida
Pulveriza as folhas com pulverizadores
Junto com a irrigação através dos bicos
Os produtos mais usados são:
Adubos orgânicos originados de húmus de minhoca
Aminoácidos naturais ( amostra experiência abaixo )
Adubos naturais originados de sub produtos, como a Manipueira que vem da
mandioca.

Mariri usado adubo foliar


(aminoácido natural )

Plantio feito no mesmo dia


Núcleo Sabiá

Mariri sem adubo foliar


EXEMPLOS DE BIOFERTILIZANTES
ÁGUA COM ESTERCO, em uma lata de 20 litros, colocar esterco de curral,
completar com água, com um espaço para que não derrame, tampar bem e deixar
fermentar, depois de pronto diluir essa calda na proporção de 1 litro para 10 litros de
água e pulverizar nas folhas
ÁGUA ESTERCO E CAPIM, em um tambor de 200lts coloca esterco de curral mais
capim picado, ¼ da medida, completa de água, se tiver fácil acesso, pode
acrescentar melaço de cana para acelerar a fermentação, tampar bem e depois de
30 dias pode abrir, para cada litro do fertilizante, acrescentar 3 lts de água e
pulverizar nas folhas
AMINOÁCIDOS NATURAIS, organo mineral concentrado, produzidos a base de
resíduos de peixe, facilmente absorvido pelas folhas, caule e raiz das plantas.
Melhora a fotossíntese e a vitalidade da planta deixando ela resistente ao ataque de
pragas.

Chacrona com folhas novas após aplicação


de adubo foliar ( 7 dias )
Mariri brotando, depois das guias secas
feito aplicação aminoácido natural

Plantio de Mariri – N Sabiá


Usando adubo foliar – Aminoácido
natural
SUPER MAGRO, dentre tantas receitas de super magro, essa aqui
além de ser eficiente é mais rápida, os ingredientes fermentam e a fermentação
provoca mudanças nos produtos, dessa fermentação surge, enzimas, vitaminas e
hormônios, é um produto inseticida, bactericida, e acaricida, equilibra todo o sistema
imunológico da planta.
• 30 kg de esterco fresco de gado
• 2 kg de Sulfato de Zinco
• 2 kg de Sulfato de Magnésio
• 300 gramas de Sulfato de Manganês
• 300 gramas de Sulfato de Cobre
• 300 gramas de Sulfato de Ferro
• 50 gramas de Sulfato de Cobalto
• 100 gramas de Molibdato de Sódio
• 1 kg e meio de Bórax
• 2 kg de Cloreto de Cálcio
• 2 kg e 600 gramas de Fosfato Natural
• 1 kg e 300 gramas de cinza
• 27 litros de leite (pode ser soro de leite)
• 18 litros de melado de cana (ou 36 de caldo de cana)
MODO DE PREPARO – SUPER MAGRO

• Primeiro, mistura-se todos os minerais. Vai dar 12 kg e 450 gramas desta mistura.
• No dia 1 , num tambor de plástico de 250 litros, colocar 30 litros de esterco fresco
de gado,
60 litros de água, 3 litros
de leite e 2 litros de melado de cana.
Misturar bem e deixar fermentar, sem contato com sol ou chuva.
• No dia 4, dia 7, dia 10, dia 13, dia 16, dia 19, e dia 22, acrescentar no tambor,
1 kg da mistura dos minerais
junto com 3 litros de leite e 2 litros do melado, a cada vez. Assim, sucessivamente
até
o dia 25, quando se
coloca o resto da mistura (1 kg e 950 gramas), mais 30 litros de água, 3 litros de
leite e
2 litros de melado.
• Cada vez que se acrescentar a mistura de minerais, é preciso mexer bem o caldo
no tambor.
• Importante: No dia 10, em outro tambor, coloque 30 litros de esterco fresco de
gado,
60 litros de água, 3 litros de
leite e 2 litros de melado. Misture bem e deixe fermentar. Três dias depois despeje
essa mistura no outro tambor, onde está sendo preparado o adubo foliar.
• Devemos durante o processo observar se a fermentação está acontecendo. Se for
bem feito, o produto tem um cheiro
agradável de melado e fica fácil de ser coado. Nas regiões de inverno rigoroso,
a fermentação pode ser prejudicada,
por isso, prepare o Super Magro nos meses quentes do ano.
• Para usar o Super Magro, espere 15 dias após ter colocado a ultima vez a mistura
de minerais.
O produto deverá ser coado, senão entupirá o bico do pulverizador.
Todos os biofertilizantes aqui apresentados, podem ser guardados por tempo
indeterminado.
Guarde em recipiente
de vidro, e não feche totalmente, deixando pequeno espaço para a saída de gases,
caso ocorra alguma fermentação.

Fonte e Receita de Delvino Magro


Tec Em Agropecuário e Sec Agricultura
Construção de Viveiros
A construção de VIVEIROS para a produção de mudas é algo muito importante
para o plantio, tendo um local para zelar e classificar a mudas que serão plantadas,
elas necessitam de cuidados especiais antes de irem para o solo, no viveiro a planta
é protegida de insetos e doenças, dessa forma já vão pro solo resistente e firmes
para o crescimento. O local deve ser em uma área plana, de fácil acesso e água em
quantidade para a formação das mudas. Fazer o viveiro alto, usar um sombrite de
proteção solar 50% e preferencialmente na posição norte a sul em relação ao
nascer do sol, para ter um incidência solar ideal para as mudas, pode-se usar o
material mais em conta presente no local, o tamanho deve ser de acordo com a
necessidade do plantio.

Na condução das mudas dentro do viveiro, deve se prestar atenção nos tratos
com elas, não pode faltar água, a capina interna bem feita, controle de pragas e
doenças. Também se for preciso fazer uma adubação nitrogenada para
aumentar a parte foliar deixando as plantas mais vigorosas e sadias.

Mudas no viveiro
Preparação de Mudas
O substrato de qualidade faz toda a diferença na formação de mudas, ela dá
estrutura para um bom crescimento da muda, dando um ponto de partida essencial
para a formação do plantio. São vários os materiais usados e muitas combinações,
o material deve ser forte e denso o suficiente para manter as estacas e semente no
local durante a germinação e enraizamento, ser poroso para favorecer a drenagem e
aeração e principalmente ser rico em nutrientes. Aqui uma recomendação de um
substrato, para fazer a medida de 1metro cúbico de mistura:

800 lts de terra da mata ou barranco de rio


200 lts de curral de esterco curtido
5 kg de superfosfato simples
1 kg de cloreto de potássio
2 kg de calcário dolomítico

Plantio
Podemos fazer o plantio escolhendo duas maneiras diferentes, optar por
SEMENTES ou por CLONE, o clone, traz com ele toda a característica da planta
doadora, uma cópia. No caso da semente. Fica sujeito a alguma interferência que
pode acontecer na floração e formação do fruto, sendo assim sujeito a não repetir
as características da planta doadora da semente a planta mãe.
MARIRI
se optar por clone, use estacas ou nós, escolher uma planta doadora sadia e de
preferência que já tenha um bom resultado conhecido em preparo. Corte o pedaço
escolhido, que tenha nó, pois ele é quem brota, deixar em um canteiro já preparado
em um viveiro, cobrir com um pouco de matéria orgânica e quando ele estiver
germinando e com no mínimo oito folhas plantar no local definitivo, também pode
ser feito o transplante para um saquinho e depois dele para o local definitivo.
Optando por sementes, colher sementes de uma planta sadia, o Mariri flora de
março a agosto e as sementes caem de agosto a setembro, e quando caídas
germinam logo, então ser rápido nesse processo para não perder o período de
germinação
Assim que recolhidas as sementes, colocar em um canteiro com matéria orgânica e
areia, água não pode faltar, na sombra ou em viveiro, que é o mais ideal. Assim que
germinarem mais ou menos de 10 a 15 dias, transplantar para o saquinho e depois
aguardar o momento e levar pro local definitivo.

Sementeira

CHACRONA
se optar por clone, usar folhas de plantas sadias, árvores não muito novas e nem
velhas, plantas jovens. Escolher a folha e plantar dentro de uma sementeira, feito
com matéria orgânica, areia e água, enterrar pelo talo, a metade de fora, esperar
germinar e brotar quando isso acontecer , transplantar para os saquinhos e depois
quando estiverem já no ponto , levar para o local definitivo. Fazendo por sementes,
é o mesmo processo do Mariri, recolher e plantar na sementeira, ela germina de 20
a 30 dias.

O Chacronal deverá ser montado em um lugar aonde tenha sombra para a


Chacrona se desenvolver, coberto com plantas e árvores naturais ou fazendo uma
cobertura artificial com sombrites, na fase inicial, a Chacrona é sensível a incidência
direta do sol, depois quando maiores e mais resistentes, retiramos a proteção e ela
se desenvolve normalmente.
ÁRVORES TUTORAS E LENHA
Com as mudas prontas e o local já escolhido, devemos então fazer o plantio, fazer
uma cova de 50 x 50 x 50, acrescentar o composto já pronto e plantar as mudas.
No caso do Mariri é essencial que exista uma planta para auxiliar na condução do
crescimento e servir de tutor para a planta. Na escolha do lugar, fazer um plantio
que se aproveite as árvores existentes no local ou em outro caso, aproveitar o local
e fazer plantio de árvores que venham auxiliar nesse sentido e que futuramente
possam servir para um fornecimento de lenha. Aqui, alguns exemplos de árvores
que tenham essas duas qualidades, ser um bom tutor e uma boa madeira para
lenha
·
Fornecimento de alto poder calorífico;
· Rapidez de crescimento e boa adaptabilidade aos biomas;
· Compatibilidade com a legislação ambiental
Nome Popular Nome Científico Bioma Idade de Poder
Corte Calorífico
(kcal/kg/le
nha

Sabiá, Sansão-do- Mimosa Caatinga 5 anos 5.200


campo caesalpiniifolia
Taxi, Carvoeiro do Sclerolobium Floresta 5 anos 4.849
cerrado paniculatum Amazônica
Canafístula, Ibirá Peltophorum dubium Mata Atlântica 5 anos 4.755

Amendoim-bravo, Pterogyne nitens Mata Atlântica 5 anos 4.684


Viroró
Angico-jacaré, Pau- Pptadenia Cerrado 5 anos 4.667
jacaré gonoacantha
Açoita-cavalo, Soita- Luehea divaricata Cerrado - Mata 5 anos 4.550
cavalo Atlântica

Fonte M José Onofre – N Gaspar

Plantio de Mariri
consorciado com o plantio
de Eucalipto DAV –
Patrocínio MG

Tutor e Lenha
SANSÃO DO CAMPO, Madeira pesada e dura, mesmo exposta a umidade é
resistente, se plantado juntos com pequeno espaçamento, vira uma muralha
verde, plantada em espaços maiores, cresce e se torna uma bela árvore, de fácil
crescimento e boa pra lenha.
TAXI – CARVOEIRO DO CERRADO, ideal para carvão vegetal, por ser frondosa
é usada também na arborização de espaços urbanos, crescimento rápido e
resistente por ser do cerrado.
CANAFISTULA, madeira pesada, usada em construção civil, crescimento rápido,
chega a atingir 5 mts de altura, resistente ao frio ideal para lenha.

Canafístula Sansão do campo

AMENDOIM BRAVO, boa para construção civil, madeira com durabilidade boa,
cresce rápido e também boa para lenha.
ANGICO, muito pesada, indicada para construção externa, estacas e cercas,
árvore que chega a 20mts de altura, de cerne bom para lenha
AÇOITA CAVALO, chega a 10mts de altura, por ser de crescimento rápido e
agressivo é usada para recuperar áreas degradadas.
EUCALIPTO, consome a mesma quantidade de água que outras árvores do
mesmo porte, o dizer que ela acaba com as aguadas é mito, ideal para lenha e
carvão, por seu crescimento linear e rápido, resistente a solo fraco e pragas, de
alto valor econômico.

Eucalipto

Plantio Eucalipto
na DAV- Patrocínio
Irrigação
Também é um dos pontos mais importantes do plantio, nessa parte de Irrigação,
conto aqui com o auxílio de um irmão e amigo, professor e doutor nessa área,
Gabriel Greco

A produção extensiva de Mariri e Chacrona está necessariamente ligada a uma


atividade mais profissional, envolvendo o emprego de técnicas de mecanização
agrícola no
sentido de garantir um controle mais eficaz dês do plantio até a colheita, além da
produção em
larga escala. A área de produção de Mariri na unidade do Centro Espírita
Beneficente União do
Vegetal de Patrocínio – MG vem permitindo uma experiência única neste tipo de
produção
extensiva. A topografia local permitiu a adoção de grandes linhas de cultivo
igualmente
espaçadas, o que vem facilitando os tratos culturais (poda, capina, combate a
pragas e
adubação). Também possibilitou o consórcio com eucalipto para servir de guia no
crescimento
do Mariri e de fornecimento de lenha no momento da colheita para o preparo do
vegetal. O
emprego de irrigação localizada, gotejamento, foi optado pela disponibilidade de
uma fonte de
água, de rede elétrica e da possibilidade de automação, uma vez que as irrigações
podem ser
realizadas sem o uso de mão de obra.
Espera-se, com as experiências adquiridas nesta área, fornecer subsídios para que
futuras áreas de produção de Mariri tenham novas possibilidades, acompanhando a
demanda
crescente por este vegetal pelas atuais e futuras gerações.
A seguir, será exposto de forma simplista o que está envolvido na relação da água
com
o solo, planta e atmosfera para nortear os irrigantes nesta atividade tão importante
para o
desenvolvimento vegetal. Um aprofundamento nos estudos é sugerido e destacado
na
bibliografia para àqueles que realmente querem irrigar e não apenas molhar, pois ao
contrário
de molhar, irrigar envolve custos, busca constante pelo modelo ideal e preservação
ambiental.
Como toda cultura perene, o Mariri e a Chacrona devem receber água pela
chuva ou
por um sistema de irrigação na medida de seu consumo, para que tenha
um crescimento
pleno, sem restrições hídricas. O consumo de água de uma cultura varia
de acordo com o
estágio fenológico em que se encontra, sendo menores nos estágios
iniciais de crescimento
vegetativo e maiores nas fases de maturação e produção. A demanda
atmosférica de água,
evapotranspiração, também está diretamente relacionada com o consumo
de água pelas
culturas, sendo menores em regiões úmidas e frias e maiores em regiões
secas e quentes. A
irradiação solar faz com que ocorra a passagem de água das folhas para a
atmosfera,
reduzindo o nível de umidade dos vegetais. Caso a disponibilidade de
água à cultura seja
menor que a demanda atmosférica, haverá um desequilíbrio hídrico no
organismo vegetal,
levando a cultura a se defender ao restringir seu crescimento para evitar
um secamento
permanente.
As culturas, incluindo aqui o Mariri e a Chacrona, absorvem água pelas
raízes para fazer
o metabolismo fisiológico de crescimento, fotossíntese. As raízes possuem
pêlos capazes de
absorver água do solo e transpô-la para dentro da membrana celular, e
daí, por osmose, levar
essa água para o caule e folhas, para que a fotossíntese seja processada.
Quando o solo esta
com pouca umidade, as moléculas de água são retidas nos poros do solo
com mais energia,
dificultando a absorção de água pelas raízes. Desta forma, quanto mais
seco encontrar-se o
solo, maior a energia a ser despendida pela cultura para trazer essa água
ao seu interior.
Todo sistema de irrigação, por mais rústico e obsoleto que seja, estará
satisfazendo,
total ou parcialmente, a necessidade hídrica da cultura nas regiões onde há
déficit de
precipitações (chuvas). Quando um irrigante se propõe a fazer uso de
algum equipamento de
irrigação, estará ele adicionando uma lâmina extra de água à cultura, como
forma de suprir
uma escassez regional de chuva. Porem, irrigar não é só molhar, é fornecer
uma lâmina
adequada de água, que não seja excessiva e nem deficitária, no chamado
manejo da irrigação.
O manejo da irrigação deve ser pautado em critérios técnicos, que
minimizem o consumo de
energia de bombeamento e maximize a economia de água. Toda água
irrigada em excesso não
é absorvida pela cultura, mas perdida para regiões do solo fora do alcance
das raízes.

Com a modernização dos sistemas de irrigação, já temos à disposição


tecnologia que
nos permitem saber com precisão, quando e quanto irrigar. Quando irrigar,
diz respeito ao
momento de promover a irrigação, que é sempre no momento em que o
solo esteja num nível
de umidade que dificulte a absorção de água pelas raízes da cultura.
Quanto irrigar, diz
respeito à lâmina de água a ser aplicada pelo sistema de irrigação, que é
sempre àquela
necessária para repor a água perdida do solo para a atmosfera, no período
entre irrigações.
Observa-se que de janeiro a abril, em média, há mais precipitações
que evapotranspirações, ocorrendo o mesmo para os meses de outubro a
dezembro. No mês
de janeiro há em média 140 mm de água evapotraspirada para a cultura
da grama, que é a
referência de cultura no estudo agroclimático. No caso do Mariri e da
Chacrona, uma variação
de até 30% pode ser esperado, porem é possível com dados da cultura de
referência,
estabelecer um consumo aproximado de água. Desta forma, neste mês
não há grandes
necessidade de irrigações, já que a demanda atmosférica de água é
inferior à precipitação.
Porem é muito comum em meses chuvosos, como o de janeiro, ocorrer
veranicos, levando o
solo à condição de baixa umidade, restringindo o normal crescimento da
cultura. Assim, o
sistema de irrigação deve entrar em operação nestes dias de seca para
suprir essa falta de
água. O mesmo não ocorre para os meses de maio a setembro, que
devido às baixas
precipitações, as irrigações são uma necessidade, sem a qual levaria a
cultura a um estado de
murchamento irreversível. Assim, nos meses de seca, as irrigações devem
ser completas,
sempre repondo a lâmina perdida por evapotranspiração.
Observa-se que no mês de janeiro há aproximadamente 200 mm de
água em excesso
no solo, já que dos 340 mm de água que entraram no solo pelas
chuvas, perdeu-se 140 mm
por evapotranspiração. Neste mês, só será necessário o uso de
irrigações, caso haja estiagem e
o solo venha a ficar com um nível de umidade que prejudique a
absorção de água pelas raízes.
No caso de junho, haverá a necessidade de aplicar uma lâmina de 20
mm para que a entrada
de água no solo (chuva) esteja equilibrada com a saída da mesma
(evapotranspiração).
Quanto ao tipo de sistema de irrigação a ser usado pelo irrigante de
Mariri e Chacrona,
se por meio de irrigação localizada, aspersão ou gravidade, não há
uma recomendação do
sistema ideal, pois alguns fatores regionais é que indicarão o sistema
mais adequado, como
sintetiza a tabela seguinte:
Sistema Principais fatores

Declive do Tipo de solo Energia elétrica Custo do


terreno sistema

Área tem que ser Não Consumo muito Baixo custo de


plana ou recomendada baixo implementação
Gravidade e de operação
nivelada para solo
arenoso

Adaptada a Todo tipo de Alto consumo Baixo de


diversas solo implementação
Aspersão e alto de
condições operação

Adaptada a mais Todo tipo de Baixo consumo Alto de


diversas solo implementação
Localizada e baixo de
condições operação

CONCLUSÃO
Com o exposto, queremos apenas destacar o que está envolvido na relação
água-solo-planta-atmosfera, facilitando o entendimento da questão do uso da
água em sistemas de irrigação. Um maior aprofundamento, envolvendo aí
pesquisas que indiquem o coeficiente de cultivo do Mariri e da Chacrona faz-se
necessário, uma vez que este coeficiente é o parâmetro que calcula a
evapotranspiração da cultura tendo como base a evapotranspiração de
referência. O uso de equipamentos que monitorem a umidade do solo e da
apotranspiração
da cultura também se faz necessário, no sentido de atingir um perfeito
equacionamento no uso da água. Para tanto, este tipo de tecnificação só faz
sentido em grandes áreas de produção, quando a demanda por tal cultura atingir
proporções de larga escala.

Gabriel Greco
Controle de Pragas
É um cuidado que devemos ter no plantio, uma planta bem nutrida fica resistente ao
ataque de pragas, mesmo assim temos que ter um cuidado especial com elas, não é
recomendado em nosso meio usar produtos químicos então usamos alternativas
ecológicas eficientes para o controle
Algumas práticas
Formigas - extrato de plantas, angico, capim fedegoso,timbó e batata doce, pegas 1
kg de folhas deixar de molho em 10 lts de água por 8 dias, aplicar nos formigueiros,
1 lts dessa porção por m2 de formigueiro
Formigas – cal virgem diluída na proporção de 2 kg para 10 litros de água, aplicar
nos olheiros principais do formigueiro
Formiga – formicida natural, através da mistura, 200g de folhas secas e moídas de
gergelim + 1 kg folhas secas e moídas de mamona + 1 kg de cal virgem + 100 g de
enxofre – misturar todos ingredientes e aplicar no formigueiro usando uma
polvilhadeira
Lagartas – em uma garrafa pet, coloque 100 g fumo de rolo picado e pimenta
malagueta esmagada, complete com água e deixe descansar por uma semana,
dilua em 10 litros de água e pulverize nas plantas
Insetos sugadores – sabão em pó + fumo + óleo mineral, aplique sob pressão sob
os insetos
Insetos – citronela é um ótimo repelente, plante ao redor do terreno fazendo uma
barreira
Insetos gerais – óleo de NIM atua contra mais de 418 espécies diversas, aplicar na
parte da tarde, perto da noite, o nim é sensível a luz do sol e perde seu efeito, fazer
uma repetição da aplicação de 7 em 7 dias até ter o controle das pragas.

Planta atacada por formigas


Tratos culturais
Destaco aqui três tratos importantes para nosso plantio
CAPINA, PODA E CONDUÇÃO DAS GUIAS
A CAPINA é um procedimento importante para retirar de perto da planta outras
plantas indesejadas no lugar, no caso pode se usar produtos químicos ou manual
mesmo, no nosso casa é recomendado o trabalho manual, estamos procurando
banir de nosso plantio produtos químicos, a capina manual é o ideal, mais barato e
mais eficiente ecologicamente falando. Capinar em volta das mudas, deixando
depois o mato capinado servindo de adubo e também de proteção para segurar a
umidade do solo. Fazer em dias de sol. Nas moitas grandes de capins, deixar a raiz
virada pro sol para secar e morrer, se ficar pra baixo ela volta a brotar.

PODAR E GUIAR, a própria natureza faz esses serviços, queda de folhas, quebra
de galhos mais finos e ventos guiando os galhos, o que fazemos aqui é apenas
acelerar esse processo. Uma boa ferramenta é ideal para isso, bem amolada,
desinfetada e sem ferrugem. Tesouras, machados, foice, serra e outros disponíveis
no local, são algumas para esse trabalho. A poda modifica o vigor da planta,
mantém a planta a um porte conveniente aos tratos, acontece um processo de
renovação na planta. A guia sendo bem feita, podemos conduzir a planta a uma
árvore que suporte o peso do Mariri, ou mesmo algum suporte usado como tutor
substituindo a árvore. Ao podar, cuidado para não cortar a gema principal da guia,
sempre deixar duas guias principais para a condução do Mariri.
Fiz aqui um apanhado de três plantadores, de locais diferentes e experiências
diferentes, M José Onofre, Gaspar Brasília, M Luis Lino DAV Patrocínio MG e o
Conselheiro Davi Passos, Rei Davi em Nova Serrana MG

01 - Qual o fator principal para o pé de Mariri crescer forte e sadio?


José Onofre – terreno com maior ou porcentagem de sílica ( areia ) em comparação
a argila ( terra ) . Rico em matéria orgânica e em micronutrientes, sendo bem úmido
e arejado, assim facilita o crescimento das raízes ciliares, que são superficiais e
buscam a adubam distante do pé.
Luiz Lino – solo corrigido, terra favorável, boa de areia, adubo,água e poda.
Davi Passos – água, sol, nutrientes no solo ( adubação com composto cama de
frango e etc )

02 – Qual a idade boa para se colher um pé de Mariri?


José Onofre – o Mariri com nó, tempo ideal para colheita é após 10 anos do plantio,
o caupuri sem nó ( pajezinho ) dependendo da fortaleza da terra, a partir dos 7 anos,
já apresenta boa burracheira, este é o Mariri que recomendo em plantios para o
cerrado, pela melhor adaptabilidade, ser pouco exigente na adubação e irrigação,
por ser bem seivoso e bom formador de matéria orgânica, devido a grande
quantidade de folhas secas que caem e por ser bom de burracheira. O tucunacá
também é ideal a pós os 10 anos de plantio.
Luiz Lino – 12 anos no mínimo
Davi Passos – aqui na região de 6 a 8 anos o pajezinho apresenta boa burracheira

03 – Qual lua boa para plantio?


José Onofre – fase crescente ou cheia, conforme sabe o caboclo, todas as plantas
que crescem acima do solo deve ser plantada nessa fase da lua
Luiz Lino – crescente
Davi Passos – não olho para a lua, planto na lua que dá no dia do mutirão, vejo que
o mais importante nesse caso é fazer uma boa calagem antes do plantio e ter um
cuidado constante depois de plantado.
04 – Qual a lua boa para a colheita?
José Onofre – fase crescente ou cheia, devido a seiva encontrar-se no caule e
galhos, ou seja, nesta fases a seiva sobe para alimentar os galhos e as folhas.
Luiz Lino – cheia
Davi Passos – crescente

05 – Podar faz bem para as plantas?


José Onofre – quando cheguei na UDV, aprendi que devíamos escolher e
direcionar de dois a três brotos e guiá-los para o alto de uma árvore e assim , fiz por
diversos anos, podando drasticamente o restante da touceira de Mariri, até que
observei alguns pés de caupuri sem nó, que se espalhavam pelo chão afora em
diversos ramos, e sua touceira estava coberta e protegida de insolação direta,
através de seus diversos cipós, além de que havia grande quantidade de massa
orgânica decomposta, formada pelas suas folhas que caíam. Se observarmos bem,
no habitat natural do Mariri, a mão humana não interfere, no entanto, o Mariri cresce
bem e sem podas, naturalmente com vigor. Depois dessas observações não fiz mais
podas drásticas no Mariri, geralmente direciono de dois a três brotos mais vigorosos
para uma árvore e conservo a touceira de cipó, que protege as raízes de insolação
direta, pois no cerrado o sol é forte.
Luiz Lino – faz engrossar e desenvolve mais a planta
Davi Passos – depende do jeito que quer se conduzir o plantio e do tipo do Mariri,
tem planta que engrossa e tem planta que não engrossa, depende de cada um.

06 – Qual o melhor resultado obtido no plantio por semente ou estacas ( nós )


José Onofre – tanto por estaca quanto por semente, o cipó gerado desses dois
tipos de plantio, na primeira geração, conserva 100% do DNA da planta mãe, por
estaquia o Mariri floresce e frutifica mais rápido, devido vir de uma planta adulta,
sendo que tem acontecido de florar e frutificar com até dois anos de plantio, assim
sendo com duas a três floração, não quer dizer que o Mariri já esteja maduro e no
ponto de colheita e muita gente tem se enganado com isso. Enquanto com semente
cresce e frutifica naturalmente no tempo certo.
Luiz Lino – já notei uma diferença importante nesse dois tipos de plantio, por
semente ele cria um pinhão na formação da raiz, ficando resistente na época da
seca e por estaca ele não cria ele fica ramificada em torno do nó, ficando mais frágil
na seca.
Davi Passos – semente pode ter uma variação, por estaca é a mesma espécie,
penso que é bom fazer experiência mas é bom ter cuidado com sementes, se tiver
uma variação para menos burracheira tem perda de tempo e por estaca garante a
mesma espécie.
07 – Em relação ao plantio, na sua opinião, qual o fator principal que influência no
resultado final, um vegetal bom de burracheira?
José Onofre – em todo e qualquer plantio o melhor adubo é o amor. Saber plantar
bem e cuidar melhor, obtém-se os melhores resultados. Terra mais silicosa que
argilosa, bem coberta por matéria orgânica e rica em micro nutrientes, areja e
úmida, com plantios de árvores companheiras para servir de tutoras ou suportes do
Mariri e sombreamento da Chacrona. Fator responsável do vegetal ser bom de
burracheira, “ depende do talento do Mariri, da Chacrona e da consciência de quem
está preparando “ M Manoel Nogueira
Luiz Lino - já tive uma boa experiência , irriguei 30 dias direto o pé de Mariri que ia
ser colhido pro preparo, na colheita estava seivoso e talentoso na burracheira.
Davi Passos – Mariri e Chacrona de procedência, colhidos e preparados no tempo
certo.

Destaco aqui as palavras do M José Onofre,


“ O melhor adubo é o Amor ! “
Plantar não é simplesmente jogar uma semente no chão, mas sim jogar, zelar e
cuidar com profissionalismo para que ela cresça com qualidade.
Nosso Brasil é grande e são tantos os plantadores, cada um com seu conceito
formado pela vida. No meio da agricultura, principalmente no meio dos profissionais
da área , o trabalho mais árduo não é plantar e zelar, mas o mais delicado é
conseguir entrar nesse meio já formado pelo plantador, nesse ciclo familiar,
o que ele sempre fez, deu sempre certo, então pra que mudar?
Mas com amor, podemos entrar e mostrar que sempre estamos prontos para
conhecer o novo e melhorar a cada dia, que a tecnologia que o homem vem
descobrindo é para auxiliar em nosso desenvolvimento.
Julio Cesar Junior
Desde que cheguei aqui na União do vegetal, venho auxiliando e
trabalhando nas equipes de plantios das unidades administrativas aonde fui
sócio, hoje estou aqui auxiliando na equipe da Unidade de Patrocínio.
Gosto dessa área, sou um Técnico em Agropecuária e vivo dessa
profissão, trabalho com grandes produções de alimentos, algo dinâmico e
rápido, aonde o lucro é o maior foco do trabalho, trabalhar com plantas
sagradas como as nossas, Mariri e Chacrona, requer um trabalho diferente
do que faço no meu dia a dia, aqui o que manda é a sabedoria da natureza,
ela indica e comanda os trabalhos, observação e paciência, são as
palavras chaves a serem seguidas para se obter um bom resultado.
Dentro das nomenclaturas, são apenas mais duas plantas da nossa flora,
pra nós não, são plantas sagradas que nos proporcionam um encontro com
o divino, em um momento particular de cada um, então zelar por isso é algo
importante, pois estamos zelando de um instrumento que foi criado para
nos dar essa condição de contato com o sagrado.
Plantar hoje para colher amanhã !
Alguém plantou e estamos colhendo, então façamos o mesmo para
amanhã poder continuar tendo esse merecimento,
pensando em nós e em nossos filhos que vem chegando para somar e
fazer crescer essa grande família

a UNIÃO DO VEGETAL!
Quero primeiramente ser grato ao M Gabriel
por estar me dando condição de trabalhar nessa obra sagrada
agradecer também a alguns irmãos que me auxiliaram nesse trabalho
são alguns plantadores

José Onofre, N Gaspar


Cássio Paiva, N Rei Rabino
Luis Lino, Dist Aut Patrocínio
Gabriel Greco Cardoso, Dist Aut Patrocínio

Dedicar esse trabalho ao meus dois filhos


João Pedro e Ana Beatriz

Julio Cesar Teles de Sousa Junior – Técnico em Agropecuária


D A V – Patrocínio MG
juliogaspar15@yahoo.com.br
34 – 9215-2153

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