Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Reestruturação administrativa do
Comando da Aeronáutica
Expediente
COMANDANTE DA AERONÁUTICA
TEN BRIG AR NIVALDO LUIZ ROSSATO
A Revista $EIVA é produzida e distribuída pela
SECRETÁRIO DE ECONOMIA E FINANÇAS DA AERONÁUTICA Secretaria de Economia e Finanças da Aeronáutica
TEN BRIG AR JOSÉ MAGNO RESENDE DE ARAUJO
(SEFA), com o fito de divulgar e estimular ideias
VICE-SECRETÁRIO DE ECONOMIA E FINANÇAS DA AERONÁUTICA
MAJ BRIG AR HERALDO LUIZ RODRIGUES e trabalhos relativos à Execução Orçamentária,
EDITOR CHEFE Administração Financeira, Contabilidade, Controle
TEN BRIG AR JOSÉ MAGNO RESENDE DE ARAUJO
Interno e Contratos e Convênios.
EDITORES ASSISTENTES
CEL REF FLÁVIO NERI HADMMAN JASPER – SEFA/IEFA Toda matéria publicada por $EIVA constitui
TEN BIB ALINE FERRARI DE MIRANDA FREITAS – SEFA/IEFA
opinião pessoal dos seus autores, não expressando
CONSELHO EDITORIAL
ALCIR MARTINS DE ALMEIDA Cel Int – CENCIAR a posição da SEFA ou de qualquer outro escalão do
JOÃO JAIME ARAÚJO MARTINS Cel Int - EMAER Comando da Aeronáutica (COMAER). Nenhuma
MARCO AURÉLIO DE SOUZA Cel Int – SUCONV/SEFA
DIOGENES LIMA NETO Cel Int – SUCONV/SEFA
modificação em normas ou procedimentos é
ROBSON LUIZ LOPES DOS SANTOS Ten Cel Av – CCA-BR autorizada com base nos assuntos divulgados.
ROBERTO SÉRGIO DO NASCIMENTO PINHEIRO Ten Cel Int – SUCONT/SEFA
ALEXANDRE WERNECK PFALTZGRAFF - Ten Cel Int – SUCONV/SEFA A reprodução, total ou parcial, é permitida
GIOVANNI MAGLIANO JUNIOR Ten Cel Int – SEFA/SUCONT somente no âmbito do COMAER, desde que citada
NODGI GOYANA GOMES JUNIOR Ten Cel Int – SEFA/SUFIN
ANDERSON DA SILVA ALMEIDA Maj Int – SUCONT/SEFA
sua origem.
LARISSA CALDEIRA LEITE LEOCADIO Maj Int – SEFA/SUCONV As colaborações serão muito bem acolhidas,
MARCOS PANDINO PEREIRA Maj Int – EMAER
RODRIGO GORETTI PIEDADE Maj Int – SUCONV/SEFA
devendo-se enviar os originais ou mídias para o
ALEXANDRE SOURISSEAU CABRAL Maj Int – SUFIN/SEFA seguinte endereço:
RENATO BARRETO DOS SANTOS Cap Eng - DITT/SEFA
ANA CAROLINA LICNERSKI DE PAULA NOGUEIRA – Cap Int – SUFIN/SEFA
FERDINANDO ARAÚJO DE MESQUITA ARAGÃO – Cap Int – GAP-BR SECRETARIA DE ECONOMIA E FINANÇAS DA AERONÁUTICA
IVAN MUNIZ DE MESQUITA Cap Rfm – SEFA/ANAJ INSTITUTO DE ECONOMIA E FINANÇAS DA AERONÁUTICA
ROBSON ALVES DA SILVA 1º Ten SVA – SEFA/SUCONV
ESPLANADA DOS MINISTÉRIOS BLOCO M EDIFÍCIO ANEXO
REVISÃO TÉCNICA
TEN BIB ALINE FERRARI DE MIRANDA FREITAS – SEFA/IEFA
SEGUNDO ANDAR BRASÍLIA – DF CEP 70045-900
SECRETARIA TEL: 61-3962-1409 / 61-3962-1531
TEM PED ROSIMERE CARNEIRO AGUIAR – QOCON PED EMAIL – revistaseiva@sefa.aer.mil.br
3S SAD MAICON BARROZO DO NASCIMENTO – SEFA/IEFA
EQUIPE DE EDIÇÃO
TEN PUP ANDRE EDUARDO LONGO – CECOMSAER/SDPP
TEN BIB ALINE FERRARI DE MIRANDA FREITAS – SEFA/IEFA
3S SAD MARCELLA CRISTINA MENDONÇA DOS SANTOS – CECOMSAER/SDPP
02 Editorial
04 SEFA em flashes
10 Espaço Entrevista
Senhor Paulo José dos Reis Souza
Artigos
02 10
Editorial Revista $EIVA
2
Revista $EIVA
3
SEFA em flashes Revista $EIVA
PROJETO H-X BR
4
Revista $EIVA
5
Revista $EIVA
6
Revista $EIVA
7
Revista $EIVA
8
Revista $EIVA
Galeria de Graduado-Padrão
Destaque Militar e
Servidor-Padrão
CB SAD Lourram
Pereira Sardinha
Natural de Brasília-DF
Data de Praça – 01 Mar 11
Apresentação na SEFA – 16 Mar 15
9
Espaço Entrevista Revista $EIVA
10
Revista $EIVA
11
Revista $EIVA
12
Revista $EIVA Artigo
1 - Adaptado de: SOUZA, Carla Oliveira de; GUIMARÃES, Vanessa de Almeida. Compras públicas sustentáveis:
alternativas para sua efetivação. In: Congresso de Administração, Sociedade e Inovação, 6., 2015, Volta Redonda.
Anais... Volta Redonda: UFF, 2015. Disponível em: <http://www.congressocasi.uff.br/?page_id=77>. Acesso em: 24
ago. 2016
2 - UNITED NATIONS DEPARTMENT OF ECONOMIC AND SOCIAL AFFAIRS: DIVISION FOR SUSTAINABLE
DEVELOPMENT. Agenda 21. Rio de Janeiro. 1992. Disponível em:<https://sustainabledevelopment.un.org/content/
documents/Agenda21.pdf>. Acesso em: 12 jan. 2015.
3 - UNITED NATIONS. Report of the World Summit on Sustainable Development – Johannesburg, South Africa, 26
August-4 September 2002.
13
Revista $EIVA
4 - Art. 3º. A licitação destina-se a garantir a observância do princípio constitucional da isonomia, a seleção da proposta mais
vantajosa para a administração e a promoção do desenvolvimento nacional sustentável (...) (grifo nosso).
14
Revista $EIVA
15
Revista $EIVA
governamentais pode alcançar. Discute-se licitante fazer qualquer exigência que não
sobre os limites destas contratações, cita-se esteja relacionada com o que reza o contrato.
como exemplo, o questionamento da amplitude A Lei nº 8.666/93 prevê, em seu art. 27,
dos critérios utilizados, se são aplicáveis aos exclusivamente, cinco documentações relativas
produtos adquiridos ou também ao fabricante/ à habilitação nas licitações: habilitação jurídica,
fornecedor, entre outros (BIM, 2011). qualificação técnica, qualificação econômico-
Diante da inclusão da promoção do financeira, regularidade fiscal e trabalhista, e
desenvolvimento nacional sustentável como cumprimento do disposto no inciso XXXIII do
um dos objetivos da licitação, é necessária art. 7º da Constituição Federal (declaração
uma análise de custo e benefício, em que os que não emprega menor de dezoito anos
critérios ambientais sejam avaliados juntamente em trabalho noturno, perigoso ou insalubre
com a economicidade, competitividade e e nenhum menor de dezesseis anos), salvo na
razoabilidade (FERREIRA, 2012b). Quando condição de aprendiz (BRASIL, 1988).
o gestor público busca escolher a proposta Há que se dizer que a inclusão de
mais vantajosa para a administração está, em certificações ambientais, tais como licenças,
última instância, optando também pela melhor alvarás etc. podem ser exigidas quando da
escolha para a sociedade, pois os contratos habilitação jurídica, porém a atividade da
administrativos têm o objetivo de atender licitação deverá exigir tal documentação que
a determinada demanda da coletividade. consistirá em, como preceitua o inciso V, do
Entre uma das preocupações da sociedade artigo 28, da supramencionada lei: “ato de
brasileira está a da manutenção e preservação registro ou autorização para funcionamento
ambiental, obrigação esta imposta no art. 170, expedido pelo órgão competente, quando
inciso VI e caput do art. 225 da Carta Magna. a atividade assim o exigir” (BRASIL, 1993).
O estabelecimento de critérios sustentáveis Trata-se do caso, por exemplo, de exigir
para participação nas licitações não tem por documentação que certifique a procedência
objetivo restringir ou frustrar a concorrência, da madeira.
mas sim assegurar que as empresas competirão No entanto, tratando-se de qualificação
em igualdade de condições, de acordo com técnica, a possibilidade é remota, mais do
parâmetros mínimos previamente estipulados que isso, torna-se inconstitucional, como já
no edital de licitação. Evita-se, por exemplo, anteriormente declarado pelo Supremo Tribunal
que um licitante ofereça preços mais baixos Federal. É o caso, por exemplo, da Ação Direta
que os demais em razão do mau uso do meio de Inconstitucionalidade nº 3.670/DF, em que
ambiente. Isto sim seria anti-isonômico e foi declarada a inconstitucionalidade de uma
contra a livre concorrência, pois colocaria em lei do Distrito Federal que proibia a contratação
desvantagem a empresa que cumpre com suas de empresas cujos funcionários estivessem com
obrigações ambientais, preservando o meio os nomes incluídos no serviço de proteção ao
ambiente. Bim (2011) afirma que o uso de crédito (BRASIL, 2007).
critério ambiental nas licitações não é apenas Cumpre salientar que existe uma lista
razoável, mas obrigatório, sendo também exaustiva de documentação relativa à
pertinente e relevante, não significando, qualificação técnica no art. 30 da lei 8.666/93
todavia, o fim da competitividade. (BRASIL, 1993), desta maneira, a vedação da
Torna-se claro que é possível e lei do Distrito Federal não tem pertinência
recomendável a inserção de critérios de com a exigência de qualificação técnica
sustentabilidade na especificação do objeto da indispensável à garantia do cumprimento do
licitação, entretanto o uso de fatores sustentáveis contrato, sendo assim não pode ser admitida.
na fase de habilitação não é permitido. Justen De forma análoga, a inserção de critérios
Filho (2009) define esta fase como o momento sustentáveis nesta fase não é permitida.
em que a Administração comprova a aptidão Desta forma, é vedado aos gestores limitar
da empresa para a futura contratação. a concorrência por meio da estipulação de
Sendo assim, não compete ao órgão novos requisitos de habilitação, conforme
16
Revista $EIVA
17
Revista $EIVA
18
Revista $EIVA
19
Artigo Revista $EIVA
1 - Conjunto de pensamentos difundidos a partir da década de setenta, cujos objetivos centrais foram, em síntese: incrementar
a eficiência da ação pública e melhorar a relação do Estado com seus cidadãos (AMORIM, S. N. D. Ética na esfera
pública: a busca de novas relações estado/sociedade. Revista do Serviço Público, v. 51, n. 2, p. 94–104, 2000).
20
Revista $EIVA
empírico, cuja abordagem central versa sobre na organização e somente essa categoria de
a adoção da norma internacional sobre ativos capital intelectual é de fato propriedade da
intangíveis, no setor público brasileiro e em entidade (patentes, conceitos, modelos, práticas,
especial no COMAER. Em consequência, serão computadores, sistemas administrativos, etc)
abordados os resultados, na quinta seção. (WHITE, 2007, p. 80).
Do exposto, elucida-se que o capital
1. ESTUDOS ANTERIORES estrutural se refere, portanto, a um grupo de
Inicialmente, cumpre destacar que se ativos circunscritos ao domínio da organização
identificou a utilização indiscriminada dos e, potencialmente, propensos a serem
termos capital intelectual, intangíveis ou ativos registrados pela contabilidade, conceito do
intangíveis, no desenvolvimento da revisão qual deriva a ideia de “Ativo Intangível”2.
de literatura. Entretanto, em regra, os termos De acordo com Petty e Guthrie (2000)
foram empregados para identificar ativos não- o capital intelectual gera reflexos no
físicos capazes de gerar benefícios futuros para desenvolvimento em diversas áreas, tais
a organização. como: econômica, gerencial, tecnológica
Não obstante, embora fossem empregados, e sociológica, numa forma até então
comumente, como sinônimos, convém desconhecida e em grande parte imprevisível,
estabelecer diferença, do ponto de vista dado seu potencial.
semântico, quanto à utilização dos vocábulos Destarte, levando-se em conta o foco da
supramencionados. O termo capital intelectual pesquisa, ainda resta verificar o liame entre
está mais relacionado ao campo de estudos setor público e intangíveis. Nessa perspectiva,
sobre recursos humanos e gestão estratégica, ao se ter em conta os fundamentos das
enquanto “intangíveis” apresenta viés com a entidades públicas, verifica-se que na essência,
ciência contabil (CAÑIBANO et al., 2002). os objetivos de tais organismos podem ser
É nesse contexto que Blair e Wallman (2000) considerados “intangíveis”, por sua própria
identificam a falta de consenso no emprego natureza, porquanto muitos dos serviços
daqueles termos, bem como Hussi (2004, fornecidos aos cidadãos compõem-se de
p.116) enxerga a existência de “controvérsia”, características não-físicas, cujos recursos para
em função dessas diferentes abordagens. a geração desses serviços baseiam-se em
ativos intangíveis (RAMÍREZ, 2010).
Por seu turno, o capital intelectual,
propriamente dito, divide-se em capital humano, Nesse sentido, a literatura é cabalmente
capital de relacionamentos e capital estrutural assertiva:
(WHITE, 2007). Grosso modo, o capital [...] a essência da atividade de organismos do
setor público está longe de ser quantificável
humano se refere aos funcionários de uma em termos monetários, em razão de suas
organização, geradores de conhecimentos, mais importantes entradas e saídas terem
os quais não pertencem à empresa, incluídos características intangíveis. De fato, as
nessa categorização figuram as competências, organizações públicas não são apenas em
habilidades ou experiências individuais parte construídas sobre intangíveis, como
habilidades, competências, procedimentos e
(FLETCHER et al., 2003; BRONZETTI; VELTRI, sistemas de informação, mas também tendem
2013); o capital de relacionamentos aponta a gerar intangíveis de natureza “coletiva” com
para a rede de ligações de uma entidade com suas ações (por exemplo, bem-estar público,
o mundo externo, tais como, clientes, parceiros, qualidade de vida, a proteção do meio
fornecedores, etc (WHITE, 2007), o qual, assim ambiente, a reputação de um território). (DEL
BELLO, 2006, p. 441).
como o capital humano, não é controlado pela
organização, tampouco sua propriedade. O Outrossim, ao se considerar que a sociedade
capital estrutural engloba todo o conhecimento, e a economia passaram a ter orientação
que pode ser acumulado, organizado e transmitido voltada aos serviços e às informações (BLAIR;
2 - É um ativo não monetário, sem substância física, identificável, controlado pela entidade e gerador de benefícios econômicos
futuros ou serviços potenciais (BRASIL, 2014, p. 154).
21
Revista $EIVA
WALLMAN, 2000; WHITE, 2007), viu-se o Financas da Aeronáutica (SEFA). Eis aqui um
despontar da importância dos intangíveis na rico exemplo do capital de relacionamentos.
geração de valor para as empresas. Finalmente, os princípios difundidos pela
Desse modo, essas alterações também NPM, aliados ao relevo obtido pelos intangíveis
atingiram o setor público, mormente à Força no serviço público, culminaram num fenômeno
Aérea Brasileira (FAB), centrada na inovação que visou padronizar, em nível internacional, o
gerencial e tecnológica (BRASIL, 2016). Não regramento contábil para se gerir e controlar
à toa, Ramírez (2010) informa que, sob a ativos intangíveis, o que será exposto a seguir.
égide desse novo paradigma, conhecimentos
e valores intangíveis passaram a ser o principal 2. O PROCESSO DE
fator de vantagem competitiva para as HARMONIZAÇÃO CONTÁBIL
entidades públicas. NO SETOR PÚBLICO
Ramírez (2010) afirma ainda que nesse INTERNACIONAL
contexto da “economia do conhecimento”,
as entidades públicas são impelidas a inovar, A evolução trazida pela difusão dos
objetivando dar as respostas certas aos princípios da NPM e o surgimento de um “novo
desafios gerados nesse ambiente dinâmico. setor público” culminou no aprimoramento
Nesse particular, vê-se a importância do capital de diversas práticas gerenciais (BRIGNALL;
intelectual, a saber: MODELL, 2000), inclusive na dimensão
Através da combinação, utilização, interação,
contábil.
alinhamento e balanceamento dos três tipos de Nessa perspectiva, vale lembrar que,
capital intelectual e, assim como a gestão do consoante Sutcliffe (2003) os governos
fluxo de conhecimento entre os três componentes, cresceram, aumentaram seu endividamento,
capital intelectual se torna o melhor valor
possível para organizações na economia do
desenvolveram controles, incrementaram o
conhecimento. (KONG, 2008, p. 291). consumo e a distribuição de renda, não obstante,
Cinca, Molinero e Queiroz (2003) o relato financeiro das operações governamentais
enxergam a forte presença do capital intelectual ainda continuava precário. Assim, segundo Chan
nas entidades públicas e avaliam o destaque, (2003) e, em síntese, ao disporem de menos
por exemplo, do capital de relacionamentos no recursos, os governos buscaram diferentes
âmbito do setor público, conforme afirmam: abordagens da contabilidade para melhoria da
eficiência e da economia.
Isto também é verdade para o setor público,
onde as ligações com outras instituições, Desse modo, foi exatamente nesse contexto
agentes sociais, ou os meios de comunicação que a contabilidade pública alcançou maior
podem ser de grande valor para a consecução realce, buscando emular as boas práticas
de objetivos específicos. Por exemplo, a contábeis do setor privado (CHAN, 2003;
capacidade que a instituição pode ter para
influenciar a decisão política pode até
LAPSLEY; MUSSARI; PAULSSON, 2009).
mesmo determinar seu orçamento (CINCA; Entretanto, o setor público detém
MOLINERO; QUEIROZ, 2003, p. 257). certas especificidades, pelo que as práticas
Assim, vislumbra-se a veracidade de tal contábeis também necessitavam atender
assertiva, quando se verifica as interações a essas características singulares. E nesse
desenvolvidas por determinadas organizações cenário, surgiu o International Public Sector
da FAB com órgãos externos. Em particular, Accounting Standards Board (IPSASB), cuja
com a Secretaria do Tesouro Nacional (STN), competência, em nível mundial, é atender as
com a Secretaria do Orçamento Federal (SOF) necessidades daqueles envolvidos na gestão,
que, ao longo dos anos, solidificaram estreito divulgação, contabilidade e auditoria do setor
e profícuo relacionamento com o COMAER, público (INTERNATIONAL FEDERATION
por intermédio da Secretaria de Economia e OF ACCOUNTANTS, 2015). O IPSASB é
3 - São as normas internacionais, em níveis globais, de alta qualidade para a preparação de demonstrações contábeis por
entidades do Setor Público (INTERNATIONAL FEDERATION OF ACCOUNTANTS, 2010).
22
Revista $EIVA
responsável pelo desenvolvimento e atualização Standards3 (IPSAS). As IPSAS são formadas por
das International Public Sector Accounting trinta normas, conforme QUADRO 1 a seguir:
QUADRO 1
Escopo de cada IPSAS
NUMERAÇÃO
DESCRIÇÃO
IPSAS
1 Apresentação das Demonstrações Contábeis
2 Demonstração dos Fluxos de Caixa
3 Políticas Contábeis, Mudança de Estimativa e Retificação de Erro
Efeitos das Mudanças nas Taxas de Câmbio e Conversão de Demonstrações
4
Contábeis
5 Custos de Empréstimos
6 Demonstrações Consolidadas e Separadas
7 Investimento em Coligada e em Controlada
8 Investimento em Empreendimento Controlado em Conjunto (Joint Venture)
9 Receita de Transação com Contraprestação
10 Contabilidade e Evidenciação em Economia Altamente Inflacionária
11 Contratos de Construção
12 Estoques
13 Operações de Arrendamento Mercantil
14 Evento Subsequente
15 “Suprimida” e substituída pelas IPSAS 28, 29 e 31
16 Propriedade para Investimento
17 Ativo Imobilizado
18 Informações por Segmento
19 Provisões, Passivos Contingentes e Ativos Contingentes
20 Divulgação sobre Partes Relacionadas
21 Redução ao Valor Recuperável de Ativo Não Gerador de Caixa
22 Divulgação de Informação Financeira sobre o Setor do Governo Geral
23 Receita de Transação sem Contraprestação (Tributos e Transferências)
24 Apresentação de Informação Orçamentária nas Demonstrações Contábeis
25 Benefícios a Empregados
26 Redução ao Valor Recuperável de Ativo Gerador de Caixa
27 Ativo Biológico e Produto Agrícola
28 Instrumentos Financeiros: Apresentação
29 Instrumentos Financeiros: Reconhecimento e Mensuração
30 Instrumentos Financeiros: Evidenciação
31 Ativo Intangível
Fonte: Adaptado de INTERNATIONAL FEDERATION OF ACCOUNTANTS (2010).
23
Revista $EIVA
24
Revista $EIVA
QUADRO 2
Estrutura das NBCASP
NUMERAÇÃO RESOLUÇÃO/
NORMA
NBC T4 ANO
16.1 1.128/08 Conceituação, Objeto e Campo de Aplicação
16.2 1.129/08 Patrimônio e Sistemas Contábeis
16.3 1.130/08 Planejamento e seus Instrumentos sob o Enfoque Contábil
16.4 1.131/08 Transações no Setor Público
16.5 1.132/08 Registro Contábil
16.6 1.133/08 Demonstrações Contábeis
16.7 1.134/08 Consolidação das Demonstrações Contábeis
16.8 1.135/08 Controle Interno
16.9 1.136/08 Depreciação, Amortização e Exaustão
16.10 1.137/08 Avaliação e Mensuração de Ativos e Passivos em Entidades do
Setor Público
16.11 1.366/11 Sistema de Informação de Custos do Setor Público
Fonte: CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE (2012).
QUADRO 3
Estrutura do MCASP 6ª Edição
PARTE DENOMINAÇÃO
GERAL Contabilidade Aplicada ao Setor Público
I Procedimentos Contábeis Orçamentários
II Procedimentos Contábeis Patrimoniais
III Procedimentos Contábeis Específicos
IV Plano de Contas Aplicado ao Setor Público (PCASP)
V Demonstrações Contábeis Aplicadas ao Setor Público
Fonte: Adaptado da Secretaria do Tesouro Nacional (BRASIL, 2014).
QUADRO 4
Estrutura do MCA 172-3
MÓDULO TÍTULO
1 Introdução
2 Siglas e conceitos
3 Contabilização de receitas
4 Execução orçamentária
5 Programação financeira
6 Execução financeira da despesa
7 Execução patrimonial
8 Suprimento de fundos
9 Pagamento de pessoal (UG)
10 Folha de pagamento de pessoal
11 Convênios e termos de cooperação
12 Execução orçamentária, financeira e patrimonial nas Comissões
Aeronáuticas Brasileiras no exterior
13 Prestação de contas
14 Encerramento do exercício
15 Comunicação via SIAFI
16 Contratos administrativos
17 Execução do plano de ação
18 Regularidade fiscal, previdenciária, trabalhista e junto ao Fundo de
Garantia do Tempo de Serviço (FGTS)
19 Acesso a sistemas corporativos do Governo Federal
20 Extração de dados do Tesouro Gerencial
Fonte: Adaptado de Comando da Aeronáutica (BRASIL, 2007).
4 - NBC T foi o termo adotado pelo CFC e significa Normas Brasileiras de Contabilidade – Técnica. As siglas NBCASP e NBC
T foram utilizadas como sinônimos.
25
Revista $EIVA
5. RESULTADOS
O setor público brasileiro já sinalizou de
modo claro que a harmonização contábil é
importante e necessária. Nesse sentido, diversas
FIGURA 1
Processo simplificado de edição do MCA 172-3
ações já foram e ainda são desenvolvidas
com a finalidade de proporcionar completa
Por fim, da análise específica sobre o aderência às IPSAS, movimento esse já
tema “ativos intangíveis” constantes dos carreado, principalmente, pelos países
normativos até aqui verificados, depreende-se desenvolvidos.
que as IPSAS e o MCASP dedicaram seções
Isto posto, é de suma importância ressaltar
exclusivas: a IPSAS 31 – Ativos Intangíveis
que a edição de normativos, isoladamente,
e o capítulo 6 do MCASP. Por sua vez, as
não é capaz de proporcionar a adoção plena
NBCASP expuseram o tema somente de forma
das normas internacionais de contabilidade no
dispersa, enquanto o MCA 172-3 (digital)
Brasil. É nesse tipo de cenário impositivo que
inseriu o assunto em parte do Módulo 7.
Panozzo (2000) adverte para a mera “gestão
Como fruto do exame das legislações e tendo
por decreto”, ou seja, adotam-se as práticas
por base a IPSAS 31, conseguiu-se sintetizar a
simplesmente por serem mandatórias.
caracterização de cada norma, relativamente
ao que tratam sobre ativo intangível, conforme Da verificação do QUADRO 5, constata-
QUADRO 5. se que a IPSAS 31 já foi quase totalmente
vertida para o MCASP, tendo sua aplicação,
Depois de traçado um breve panorama
em sede de procedimentos, prevista, até 31 de
do desenvolvimento normativo, resta portanto,
dezembro de 2018 (BRASIL, 2015).
discutir os resultados obtidos.
26
Revista $EIVA
Esse lapso temporal poderá permitir uma Desse modo, diante desses apontamentos,
absorção paulatina dos novos procedimentos optar-se-ia pela utilização supletiva das normas
trazidos pelas IPSAS, consistente com superiores, que pudessem complementar
Christiaens, Reyniers e Rollé (2010), que os temas silentes no MCA 172-3 (digital),
alertam sobre a adoção da harmonização ao conforme previsão legal das NBCASP (§
longo do tempo e não de forma abrupta. 22, da NBC T 16.5). Ou então, poder-se-ia
Ademais, convém pontuar que nesse dotá-lo de maior robustez teórica, ainda que
cenário de alterações, a complexidade e a essa alternativa represente, em princípio, a
dispersão das normas contábeis brasileiras, das própria descaracterização de um manual
quais a presente investigação analisou somente de procedimentos. Finalmente, mesmo
algumas, podem representar para o profissional com a desvantagem de se criar mais um
da contabilidade pública desafio adicional. Por novo normativo, existiria a possibilidade de
exemplo, para o COMAER, como integrante desenvolver outra norma específica sobre
do Serviço Público Federal, é de observância ativos intangíveis.
obrigatória diversas leis, decretos, portarias,
instruções específicas, MCASP, NBCASP, RADA, CONCLUSÃO
MCA 172-3 (digital), as quais podem disciplinar A presente investigação identificou que
sobre os mesmos assuntos. as mudanças na economia, associadas às
Curiosamente, no que se refere aos ativos pressões exercidas pela NPM, impulsionaram
intangíveis, as NBCASP foram silentes em a administração pública a desenvolver nova
diversos pontos estabelecidos pela IPSAS 31 abordagem no tocante às práticas contábeis. E
(QUADRO 5), o que pode ter sua justificativa, nesse mesmo contexto, emergiu o importante
quando analisadas sob o enquadramento do papel desenvolvido pelos intangíveis.
tempo em que foram publicadas, as quais Com vistas a padronizar a linguagem
definiram somente as mínimas bases conceituais contábil no mundo, o INTERNATIONAL
no prelúdio do processo de harmonização. FEDERATION OF ACCOUNTANTS
Entretanto, essa constatação não invalida, nem desenvolveu as IPSAS, que representam a
de longe, o importante papel prestado pelas qualidade em sede de norma contábil para o
NBCASP, enquanto primeiro marco doutrinário setor público. A partir de 2008, o Brasil iniciou
da contabilidade pública brasileira. o processo de harmonização às Normas
Por outro lado, o MCASP demonstrou-se Internacionais de Contabilidade Aplicadas ao
bem mais próximo da IPSAS 31, permanecendo Setor Público.
ainda silente somente no que concerne Como fruto desse processo, foram
aos exemplos ilustrativos, existentes no desenvolvidas as NBCASP e consolidado o
diploma internacional. Tal assertiva pode ser MCASP, que passou a influenciar diretamente a
compreendida mediante a insipiência do tema confecção do MCA 172-3 (digital). Em especial,
na contabilidade pública brasileira. analisou-se o impacto na normatização
Por seu turno, o MCA 172-3 (digital) não se referente aos ativos intangíveis.
mostrou aderente, de modo pleno, aos requisitos Nesse particular, verificou-se como o
prescritos pela IPSAS 31, nomeadamente no que normativo internacional atingiu a norma
se refere aos ativos intangíveis, o que, apresenta interna do COMAER. Para tanto, buscou-se
robusta justificativa, dada que sua concepção desenvolver análise referente à evidenciação
o identifica puramente como um manual de contábil dos ativos intangíveis no setor público
procedimentos, cuja própria denominação, brasileiro, em específico no COMAER, no que
assim o define. Ademais, objetiva ainda, em tange ao componente normativo.
síntese, dar suporte às atividades dos gestores,
Dessa perspectiva, derivou-se o primeiro
não se detendo, portanto, em questões teóricas
objetivo específico, qual seja: analisar o
mais aprofundadas.
27
Revista $EIVA
28
Revista $EIVA
29
Artigo Revista $EIVA
Reestruturação administrativa do
Comando da Aeronáutica
Heraldo Luiz Rodrigues - Maj Brig Ar
Curso de Altos Estudos de Política e Estratégica - ESG
30
Revista $EIVA
Aeronáutica (SEFA). Tal estudo caracteriza o que com as atividades desenvolvidas pelas
primeiro recorte temporal, iniciando em 1991 Subsecretarias da SEFA.
até 1995. Além disso, como Órgão de Direção-
A segunda fase vai de 1996 até 2009, Geral, com status diferente de suas congêneres
quando o Estado-Maior da Aeronáutica na Marinha e no Exército, a SEFA não deveria
(EMAER) solicitou estudos aos Oficiais que incorporar em sua estrutura organizacional
realizavam o Curso de Política e Estratégia Órgão de apoio ou de execução, a menos que
Aeroespaciais (CPEA) com a finalidade de fosse modificado seu nível de gerenciamento,
subsidiar decisões do Alto-Comando da de Órgão de Direção-Geral para Órgão de
Aeronáutica. Direção Setorial.
A última fase abrange o período de 2014
até 2016, período que contempla o estudo 2. 1996 A 2009: PROPOSTAS
coordenado pela SEFA, com a finalidade DE REESTRUTURAÇÃO DOS
de avaliar a possibilidade de concentrar CURSOS DE POLÍTICA E
e estruturar, em um Órgão Setorial único, ESTRATÉGIA AEROESPACIAIS
atividades administrativas similares, realizadas
em diferentes organizações do COMAER. Ao final da década de 90, o Ministério
O período histórico analisado encerra- da Aeronáutica vivia um clima de mudanças
se com as deliberações e decisões do em consequência da proposta de criação do
Alto-Comando da Aeronáutica sobre a Ministério da Defesa no Brasil. Em 1996, o Vice-
implantação da nova estrutura administrativa Chefe do Estado-Maior da Aeronáutica, Ten. Brig.
a partir de 2017. Nelson de Souza Taveira, emitiu um documento
intitulado Estudo preliminar de alterações da
1. 1991 A 1995: PROPOSTA estrutura do Ministério da Aeronáutica, do qual
ressalta-se o seguinte trecho:
DE REESTRUTURAÇÃO NO
O mundo atual presencia uma velocidade
PAGAMENTO DE PESSOAL incrível de mudanças ocasionadas por
Em janeiro de 1995, o Ministro da crises econômicas, pela globalização, pela
progressiva turbulência ambiental e pela rápida
Aeronáutica, Ten Brig Ar Mauro José Miranda evolução de todas as áreas do conhecimento
Gandra, determinou a criação de um Grupo humano.
de Trabalho (GT) para estudar a mudança de Nesse contexto, organizações públicas e
subordinação da SDPP da DIRINT para a SEFA. privadas têm implementado transformações
Pleiteava-se que as atividades de contínuas, buscando sistemas administrativos
pagamento de pessoal, incluindo a proposta mais dinâmicos e flexíveis, com prioridade
para a atividade-fim, sem, contudo, relegar a
orçamentária, planejamento, coordenação, segundo plano as atividades de apoio, pois
controle e padronização do pagamento de aquela é totalmente dependente desta.
pessoal deveriam estar ligadas à SEFA, um
Nessa busca de maior eficiência e eficácia,
Órgão de Direção-Geral àquela época, encontram-se as Forças Armadas de diversos
em posição paralela a do Estado-Maior da países, pois aquelas que não se adaptarem à
Aeronáutica na estrutura do então Ministério nova realidade mundial estarão cada vez mais
da Aeronáutica. distanciadas da sociedade à qual pertencem
(BRASIL, 1996, p.1).
A DIRINT realizava as atividades típicas
do Serviço de Intendência, incluindo as de Tal contextualização serviu de fundamento
Pagamento de Pessoal, Orçamento, Finanças para orientar o Plano Estratégico da
e Controle. Aeronáutica, considerando que seria oportuno
Entretanto, ao final do estudo, concluiu-se iniciar estudos pelos Oficiais que realizassem
por não se efetivar a proposta de mudança o CPEA, na Escola de Comando e Estado-
de subordinação por se entender que a SDPP Maior da Aeronáutica (ECEMAR), a fim de
possuía ligações administrativas mais fortes subsidiar decisões da Alta Administração da
com as outras Subdiretorias da DIRINT do Aeronáutica.
31
Revista $EIVA
1 - BRASIL. Decreto n. 6.834 de 30 de abril de 2009. Aprova a Estrutura Regimental e o Quadro Demonstrativo dos Cargos
em Comissão do Grupo-Direção e Assessoramento Superiores e das Funções Gratificadas do Comando da Aeronáutica,
do Ministério da Defesa, e dá outras providências. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília, 4 maio
2009. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2009/Decreto/D6834.htm>. Acesso em:
22 jun. 2016.
2 - BRASIL. Decreto n. 7.809 de 20 de setembro de 2012. Altera os Decretos no 5.417, de 13 de abril de 2005, no 5.751, de 12
de abril de 2006, e no 6.834, de 30 de abril de 2009, que aprovam as estruturas regimentais e os quadros demonstrativos
dos cargos em comissão e das funções gratificadas dos Comandos da Marinha, do Exército e da Aeronáutica, do Ministério
da Defesa. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília, 21 set. 2012. Disponível em: < http://www.planalto.
gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2012/Decreto/D7809.htm>. Acesso em: 22 jun. 2016.
32
Revista $EIVA
33
Revista $EIVA
6 - Matrizes Swot foram construídas para identificação dos fatores de força, fraqueza, oportunidades e ameaças que poderiam
comprometer a concentração das atividades administrativas.
34
Revista $EIVA
CONCLUSÃO
Como pode ser constatado, neste breve
relato, a reestruturação do Comando da
Aeronáutica não é uma iniciativa isolada, mas
parte de um processo histórico institucional que
vem amadurecendo ano após ano, mediante
FIGURA 3 – Estrutura da DIRAD
uma série de estudos realizados em diversas
A estrutura do CEAP (FIG. 4), na áreas da Aeronáutica e cenários pelos quais o
organização da DIRAD, ficará sob comando país atravessou.
de um Oficial-General, ao qual estarão
Observa-se que a reestruturação da
subordinados a Pagadoria de Inativos, os
Administração do Comando da Aeronáutica
Grupamentos de Apoio e as Prefeituras de
vem atender anseios e expectativas na busca
Aeronáutica.
de melhor eficácia e eficiência no processo de
A proposta apresentada atenderá os execução orçamentária, financeira, patrimonial
Princípios da Racionalidade e da Economicidade. e gestão administrativa.
Objetiva-se, sobretudo, melhorar e aperfeiçoar
Até o pleno funcionamento da nova
os aspectos relativos à governança. Visa assim
estrutura administrativa, haverá a necessidade
assegurar que as decisões e ações relativas à
de trabalho árduo e atento para não se
gestão e ao uso dos recursos alocados estejam
comprometer a operacionalidade da FAB e
em consonância com as necessidades e metas
nem o apoio necessário à família Aeronáutica.
institucionais.
35
Revista $EIVA
Com certeza, o futuro será muito gratificante. ______. Comando da Aeronáutica. Estudo
A perenidade das grandes Instituições perpassa preliminar de alterações da estrutura do
Ministério da Aeronáutica, 14 ago. 1996.
os episódios em que páginas de suas histórias,
talhadas por mãos laboriosas, registraram os ______. Comando da Aeronáutica. Curso de
Política e Estratégia Aeroespaciais [CPEA].
nomes dos que souberam superar desafios, Modelo organizacional do Comando da
colocar-se à frente dos óbices naturais, e Aeronáutica. 2000.
perfeitamente transponíveis, advindos da ______. Comando da Aeronáutica. Curso de
escassez de recursos desde sempre presente Política e Estratégia Aeroespaciais [CPEA].
Proposta de reestruturação do Ministério da
no cenário nacional. Aos que hoje entalham Aeronáutica. 1998.
seus nomes nas páginas da história da FAB
______. Comando da Aeronáutica. Portaria
cabe o dever de manter e aprimorar o legado n. 875/CG3, de 30 de maio de 2014. Institui o
dos antepassados em prol de uma Força Aérea grupo de trabalho com a finalidade de realizar
mais capacitada, mais operacional e digna da estudos visando a avaliar a possibilidade de
concentrar e estruturar, em um Órgão Setorial
pujança do Brasil. único, atividades administrativas similares.
Boletim do Comando da Aeronáutica, n. 4, 4
REFERÊNCIAS jun. 2014. Rio de Janeiro: CENDOC. 2014.
FUNDAÇÃO INSTITUTO DE ADMINISTRAÇÃO
BRASIL. Comando da Aeronáutica. Portaria - FIA. Projeto de consultoria técnica para
n. 551/GC3, de 13 de maio de 2016. Aprova elaboração de análise de viabilidade e de
a edição da diretriz que dispõe sobre a estruturação estratégica de nova concepção
reestruturação da Força Aérea Brasileira. Boletim de organização e gestão de atividades
do Comando da Aeronáutica, n. 82, 17 administrativas similares do COMAER. 2015.
maio 2016. Rio de Janeiro: CENDOC. 2016.
Disponível em: <http://www.cendoc.intraer/
sisbca/bca_pdf/2016/bca_82_17-05-2016.pdf>.
Acesso em: 21 jun. 2016.
36
Revista $EIVA
Artigo
Treinamento em negociação no
Comando da Aeronáutica: como
aprimorar o atual modelo?
Rodrigo Goretti Piedade – Maj Av
MBA em Business Adminstration - Westminster University
37
Revista $EIVA
38
Revista $EIVA
1 - GERRAS, S. J.; WONG, L. Changing minds in the army: why it is so difficult and what to do about it. Disponível em:
<http://www.strategicstudiesinstitute.army.mil/pubs/display.cfm?pubID=1179>. Acesso em: 10 maio 2014.
2 - HIGUERA, J., 2014. Military expenditures keep growing. DefenseNews. Disponível em: <http://www.defensenews.com/
article/20140325/DEFREG02/303250023/Military-Expenditures-Keep-Growing>. Acesso em: 10 maio 2014.
39
Revista $EIVA
40
Revista $EIVA
41
Revista $EIVA
42
Revista $EIVA
dos diversos cenários encontrados pelos avaliação do aprendizado dos alunos na etapa
gerentes de projetos, uma vez que a estrutura de preparação anterior a fase presencial.
do curso não contemplava a interação entre Outra possibilidade de melhoria seria
os módulos e contava com instrutores oriundo a realização de avaliações e atualizações
de instituições externas ao COMAER. Esta dos estudos de caso utilizados no módulo
situação evolui na medida em que oficiais de de negociação de forma a acompanhar
diversas organizações aprofundaram os seus as modificações realizadas no CNEG. Esta
conhecimentos e passaram a colaborar no orientação vai de encontro a opinião de Lax
planejamento e execução do curso. e Sebenius (2006) em que o modo para
A principal deficiência relacionada ao aprimorar o ensino em negociação é criando
módulo de negociação foi o pouco tempo tarefas baseadas em situações reais para os
disponibilizado para o seu desenvolvimento, participantes promovendo oportunidades para
não sendo possível cobrir todos os estágios a discussão e prática de padrões que podem
previstos para realização de uma negociação, ser utilizados em experiências futuras.
fator considerado essencial pelo entrevistado O outro entrevistado selecionado, Coronel
e em acordo aos resultados apresentados na Aviador Francisco Guirado, que além de ter
pesquisa realizada por Eman ElShenawy (2009) atuado como gerente em diversos projetos
que indica a relação direta entre o tempo da COPAC, tornou-se um pesquisador do
empregado nos treinamentos e o desempenho tema negociação. O oficial foi em diversas
apresentado nas negociações. oportunidades o instrutor do módulo de
Outro aspecto comentado foi a necessidade negociação no CNEG.
da figura do coordenador do curso, apontado Assim como anteriormente assinalado pelo
como parcela significativa para o sucesso do Coronel Carlos, o tempo disponibilizado para o
curso, uma vez que sendo um profissional módulo de negociação também foi considerado
com conhecimentos acadêmicos e experiência insuficiente pelo segundo entrevistado, o
acumulada da área, tem condições de efetuar Coronel Francisco, sendo somente possível a
ajustes e interações entre os módulos, de transmissão de algumas técnicas sem dominá-
forma a utilizar outros módulos do curso para las de maneira adequada, e não permitindo o
aumentar as oportunidades de treinamento em desenvolvimento de habilidades interpessoais
negociação. Isso já ocorre com a disciplina importantes para a obtenção de resultados
de estruturação financeira e financiamentos favoráveis. Em acordo a esta posição,
e deve ser estendida as demais disciplinas do Arthur, Bennett, Adans; Bryman; Bell (2003),
curso. Essas considerações vão de encontro ao afirmam que várias evidências apontam que
entendimento de que o campo das resoluções o treinamento em áreas do relacionamento
de conflitos está abrangendo perspectivas interpessoal e de solução de conflitos tem
interdisciplinares novas e que este foco mais efeitos positivos significativos nos resultados do
amplo é importante e bem-vindo (FOX, 2010). aprendizado em negociação. Adicionalmente,
Algumas sugestões foram apontadas para ElShenawy (2009, p. 12) também enfatiza que
auxiliar no aprimoramento do módulo de “mais tempo em cursos de treinamento significa
negociação do CNEG. mais práticas em negociações que criam
A disponibilização prévia de bibliografia experiências importantes para os alunos”.
para nivelamento e preparação para as O Coronel Francisco afirma que uma
atividades do período presencial, permitiria a vez finalizado o CNEG muitos oficiais são
redução do tempo utilizado na apresentação designados para negociações em que enfrentam
de teorias e conceitos iniciais, disponibilizando negociadores de empresas e fornecedores
mais tempo para a realização de exercícios com grande experiência acumulada. A menos
práticos e simulações. que possuam experiência prévia adquirida
Neste momento, a utilização de em situações negociais ao longo da carreira,
ferramentas de ensino à distância pode ser torna-se difícil a aquisição das habilidades no
uma das soluções para entregar conteúdo e curto período disponibilizado ao módulo de
43
Revista $EIVA
Não
Eu considero o treinamento em negociação Não concordo Concordo Concordo
concordo Indiferente
Questão 1 imprescindível nas atividades desempenhadas por parcialmente parcialmente totalmente
totalmente
mim na minha organização
0 0 0 4 (11.2%) 32 (88.8%)
Não
Não concordo Concordo Concordo
Eu frequentemente dependo das habilidades em concordo Indiferente
Questão 2 parcialmente parcialmente totalmente
negociação para desenvolver minhas atividades. totalmente
0 0 0 10 (27.8%) 26 (72.2%)
44
Revista $EIVA
A parcela de contribuição das habilidades 10% a 30% 30% a 50% 50% a 70% mais que 70%
Questão 3 negociais nos resultados alcançados nos projetos
2 (5.6%) 6 (16.6%) 17 (47.2%) 11 (30.6%)
que participo é de:
Não
Não concordo Concordo Concordo
Eu tenho poucas oportunidades de aprender concordo Indiferente
Questão 4 parcialmente parcialmente totalmente
sobre negociação ao longo da minha carreira. totalmente
2 (5.6%) 1 (2.8%) 1 (2.8%) 16 (44.4%) 16 (44.4%)
Sim Não
Questão 5 Você realizou CNEG:
18 (50%) 18 (50%)
Não
O módulo de negociação do CNEG me Não concordo Concordo Concordo
concordo Indiferente
Questão 6 ajudou em minhas posteriores experiências em parcialmente parcialmente totalmente
totalmente
negociações.
0 0 2 (11.1%) 5 (27.8%) 11 (61.1%)
Não
Eu acredito que a duração do módulo de Não concordo Concordo Concordo
concordo Indiferente
Questão 7 negociação no CNEG não é suficiente para o parcialmente parcialmente totalmente
totalmente
desenvolvimento das minhas atuais atividades.
2 (11.1%) 0 1 (5.6%) 8 (44.4%) 7 (38.9%)
Não
Não concordo Concordo Concordo
É necessário realizar aprimoramentos no módulo concordo Indiferente
Questão 8 parcialmente parcialmente totalmente
de negociação do CNEG. totalmente
0 0 0 10 (55.6%) 8 (44.4%)
FIGURA 1: Resultados obtidos na pesquisa quantitativa por meio de questionários
45
Revista $EIVA
46
Revista $EIVA
47
Artigo Revista $EIVA
48
Revista $EIVA
1 - Ressalta-se que o modelo de cadeia de valor foi desenvolvido inicialmente para aplicação na indústria.
49
Revista $EIVA
como: logística interna, operações, logística uma conclusão que, mantendo-se constante
externa, serviço, marketing e vendas. Já as as demais variáveis, pode ser estendida a
atividades classificadas como de apoio são períodos análogos.
as que dão suporte direto ou indireto para A pesquisa é do tipo descritiva, segundo
a consecução das atividades primárias. São a classificação proposta por Gil (2002, p.
exemplos de atividades de apoio: aquisição, 42), uma vez que, após a coleta de dados, foi
desenvolvimento de tecnologia, gerência de realizada análise da relação existente entre o
recursos humanos e infraestrutura. perfil dos custos das atividades desempenhadas
Ainda segundo Porter (1990), A cadeia pelo COMAER e os impactos decorrentes de
de valor de uma empresa e o modo como um cenário orçamentário restritivo.
ela executa atividades individuais decorrem, O presente estudo buscou, por meio
dentre outros aspectos, de sua história, de sua de análise comparativa dos dados de custo
estratégia e do método de implementação do Comando da Aeronáutica, para os anos
dessa estratégia. de 2014, 2015 e, em alguns casos, 2016,
Considerando os aspectos mencionados evidenciar a mudança ocorrida no perfil
no parágrafo anterior, assim como a complexa dos custos do COMAER, dando ênfase aos
estrutura do Comando da Aeronáutica, foi impactos na atividade-fim do Órgão.
desenvolvida cadeia de valor do COMAER 2, Para identificação dos custos incorridos, foi
de modo a “evidenciar, pela primeira vez realizada pesquisa documental, por meio de
à sociedade brasileira, a correspondência acesso ao Sistema de Informações de Custo
entre a destinação legal do COMAER, seus do Governo Federal (SIC). Ressalta-se que, a
objetivos estratégicos, a execução de suas partir de 2015, o SIC passou a ser um módulo
macroatividades e os custos envolvidos” do Sistema Tesouro Gerencial.
(MAGLIANO, 2015, p. 46). Nas comparações em que foi necessário
Fruto da adaptação realizada, as equiparar no tempo custos apurados em
atividades desempenhadas pelo Órgão foram períodos distintos, utilizou-se como fator de
agrupadas em 03 conjuntos distintos, um deles correção inflacionária o Índice de Preços ao
ligado ao conceito de atividades primárias Consumidor Amplo (IPCA), auferido pelo
proposto por Porter (1990), o qual recebeu Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
denominação de processos finalísticos, e (IBGE).
os outros dois relacionados ao conceito de Após o levantamento dos dados de custo,
atividades de apoio, denominados processos foram efetuadas análises comparativas com
gerenciais e processos de apoio. Conforme o fim de evidenciar quais atividades foram
Magliano (2015, p. 46), “os processos mais afetadas em decorrência das restrições
gerenciais e de apoio operam de forma orçamentárias dos períodos analisados. Para
harmônica com os processos finalísticos, com tanto, foram realizadas análises segundo 03
o objetivo de entregar à sociedade brasileira diferentes óticas, a saber:
um produto compatível com suas atribuições
legais”. 1.
Categorias, subdivididas em: Pessoal,
Depreciação e Bens e Serviços;
2. METODOLOGIA 2. Processos, subdivididos em: Gerenciais,
Finalísticos e de Apoio;
A presente pesquisa foi desenvolvida pelo
método indutivo, uma vez que partiu da análise 3. Macroatividades, subdivididas nos Centros
da variação no perfil de custos ocorrida em um de Custos utilizados pelo COMAER.
cenário de restrição orçamentária específico,
os anos de 2015 e 2016, para se chegar a
2 - A representação gráfica da cadeia de valor do COMAER pode ser visualizada na Figura 01.
50
Revista $EIVA
3. CUSTOS NO COMAER
Atualmente o Custo COMAER é calculado
pelo sistema de custeio baseado em atividades
(Activity Based Costing – ABC). Os centros
de custos definidos pelo COMAER agrupam
valores, expressos em reais, referentes ao
consumo de recursos humanos, de bens e de
serviços na execução de atividades orientadas
a um mesmo objetivo. Por representar as
macroatividades desenvolvidas no Comando
da Aeronáutica, os centros de custos possuem
as seguintes características:
a) relevância – qualidade de influenciar as
decisões de seus usuários auxiliando na
avaliação de eventos passados, presentes
FIGURA 1 - Cadeia de Valor do COMAER (2015).
e futuros; Fonte: SUCONT-1, dados extraídos do Sistema Tesouro Gerencial.
b) utilidade – útil à gestão, sendo a sua Ao analisar a série histórica dos
relação custo benefício sempre positiva; custos auferidos ao longo dos últimos três
c) valor social – transparência e evidenciação anos, percebe-se que em 2015 houve
do uso dos recursos públicos; comportamento não convencional, diminuição
nos custos nominais do COMAER, não
d) especificidade – adequação à finalidade
obstante a ocorrência de reajuste salarial e
específica pretendida pelos usuários;
de elevado índice inflacionário no referido
e)
comparabilidade – consistência e exercício financeiro. Sabe-se, entretanto, que
uniformidade de modo a permitir que a em virtude da crise fiscal brasileira evidenciada
informação seja comparável pelos mesmos em 2015, ocorreram cortes orçamentários
critérios ao longo do tempo; e que impactaram diretamente os custos
f) adaptabilidade – adequação às diferentes dependentes do orçamento e, por conseguinte,
expectativas e necessidades informacionais o cumprimento de parte da missão da Força
de seus respectivos usuários. Aérea que deles dependia.
Em 2013, com o fim de evidenciar os Houve ainda, no período, iniciativas no
recursos consumidos pelo Comando da intuito de racionalizar a máquina administrativa
Aeronáutica e de identificar em quais áreas objetivando a redução dos custos dela
estão concentrados os esforços para o decorrentes. Mas a diminuição de custos
cumprimento de sua missão constitucional, observada pode ser creditada a tais medidas?
Magliano (2015) adaptou a metodologia até Qual o impacto decorrente da redução ou
então utilizada para a aferição de custos ao supressão, derivadas dos cortes orçamentários
conceito de cadeia de valor. impostos, de atividades finalísticas planejadas
para o exercício financeiro? Em suma, a redução
Tal formato, além de promover melhor
de custos significou eficiência administrativa ou
visualização dos custos incorridos, possibilitou
prejuízo operacional?
ainda o cálculo do custo individualizado do
produto oferecido pelo Órgão à sociedade Para se chegar às respostas de tais
brasileira, o Custo COMAER/Km². Segue a questões, passa-se à análise comparativa
entre os custos incorridos nos anos de 2014 e
cadeia de valor do Comando da Aeronáutica
2015 e, quando possível, dos apurados até o
com os valores auferidos para o ano de 2015:
presente momento para 2016.
3 - As despesas referentes aos militares inativos e aos pensionistas não são custos, uma vez que não agregam valor ao
produto do COMAER, ou seja, não contribuem para a manutenção da soberania do espaço aéreo brasileiro
51
Revista $EIVA
52
Revista $EIVA
de valor do COMAER foi concebida de modo Fonte: SUCONT-1, dados extraídos do Sistema de Informações de
Custos e do Sistema Tesouro Gerencial.
agrupar as macroatividades (Centro de Custos)
desempenhadas pelo Órgão em três espécies Da análise dos dados da TAB. 2, percebe-
de processos: gerenciais; finalísticos; e de apoio. se que, entre 2014 e 2015, houve diminuição
Os processos gerenciais agregam nominal dos custos de todos os processos.
todo o custo empregado em atividades Proporcionalmente, os custos com redução
realizadas pelos Órgãos de Direção-Geral, mais significativa foram os referentes aos
de Direção Setorial ou de Assistência Direta processos gerenciais (15,61%), seguidos pelos
e Imediata ao Comandante da Aeronáutica processos finalísticos (12,31%) e, por fim, dos
(ODGSA). Considera-se, portanto, que processos de apoio (5,15%).
independentemente da atividade realizada, o Entretanto, ao se considerar apenas os
esforço desses órgãos está voltado a processos valores envolvidos, os processos finalísticos,
53
Revista $EIVA
mesmo não sendo responsáveis pelos maiores 5.8.1 Nas últimas duas décadas, com o
custos, foram os que possuíram maior redução objetivo de aprimorar as atividades de
suporte, o COMAER criou inúmeras novas
absoluta, R$ 494.596.508,84, enquanto organizações militares. No entanto, passado
que a soma da redução apresentada pelos algum tempo, foi observado que, além de não
processos gerenciais e de apoio foi de R$ se obter o efeito desejado, as atividades-meio
273.649.094,00. sofreram grande aumento em detrimento da
atividade-fim da Força Aérea, resultando
Essa acentuada retração nos custos no incorreto equilíbrio dos recursos humanos
finalísticos pode ser melhor visualizada no e materiais no suporte da “ponta da linha”
GRAF. 2, no qual ficam evidentes os impactos operacional (grifo nosso) (BRASIL,2016, p. 30).
do cenário restritivo, que se iniciou em 2015 e Para melhor visualização de quais atividades
perdura até os dias atuais, no perfil de custos do foram mais impactadas pela redução no Custo
COMAER. COMAER derivada da restrição orçamentária
de 2015, passa-se à análise das variações nas
diversas macroatividades desenvolvidas pelo
Comando para o cumprimento da missão
institucional do Órgão.
4.3 Custos por Macroatividades
GRÁFICO 2 – Evolução do perfil de custos do COMAER – Ótica
de Processos.
Na sistemática de apuração de
Fonte: SUCONT-1, dados extraídos do Sistema de Informações de custos do COMAER, as macroatividades
Custos e do Sistema Tesouro Gerencial. desenvolvidas em prol da missão institucional
Tomando-se emprestado das ciências são representadas pelos centros de custos
econômicas o conceito de elasticidade da (CC). Cada centro contempla, em sua
demanda (VARIAN, 1994, p. 296), pode-se composição, subcentros destinados a registrar
inferir que os custos com a estrutura de apoio os custos de cada atividade relacionada com
possuem comportamento inelástico em relação a macroatividade que o centro representa. Os
à variação nos custos totais do órgão, ou seja, centros que serão objetos da nossa análise são
considerando-se a estrutura organizacional de os possuidores de maior representatividade na
apoio ora instalada, caso ocorra uma redução cadeia de valor do Comando da Aeronáutica,
nos recursos disponíveis à manutenção das dispostos na TAB. 3:
atividades, e consequentemente nos custos, TABELA 3
há uma menor sensibilidade (variação Centros de Custos do COMAER
proporcionalmente menor) na demanda Centros de custos Classificação
dos processos de apoio por tais recursos
CC 01.00 - Operações de Aeronaves Finalístico
comparativamente aos processos finalísticos e
gerenciais. CC 02.00 - Suprimento e Finalístico
Manutenção de Aeronaves
Tal comportamento explica o aumento
na proporção de participação dos custos CC 03.00 - Aquisição, Revitalização Finalístico
dos processos de apoio, em relação ao custo e Modernização de Aeronaves
total do Órgão, em um cenário de restrição CC 04.00 - Segurança e Proteção Finalístico
orçamentária progressiva como o que estamos do Tráfego Aéreo
vivenciando. CC 05.00 - Desenvolvimento e Finalístico
Esse aspecto evidencia a necessidade Manutenção da Rede Aeroportuária
premente de racionalização da atual estrutura CC 06.00 - Desenvolvimento da Finalístico
de apoio do COMAER, que hoje responde Aviação Civil
por mais de 53% dos custos do Comando em
CC 07.00 - Pesquisa e Finalístico
detrimento dos recursos aplicados às atividades desenvolvimento
finalísticas. Preocupação análoga consta da
CC 08.00 - Ensino e Treinamento Apoio
DCA 11-45, Concepção Estratégica da Força
Aérea 100: CC 09.00 - Atividades de Saúde Apoio
54
Revista $EIVA
traz-se à baila o GRAF. 3 com os centros Fonte: SUCONT-1, dados extraídos do Sistema Tesouro Gerencial.
6 - BRASIL. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Indicadores IBGE, sistema nacional de índices de preço ao
consumidor, IPCA e INPC, dezembro de 2015. Disponível em: <ftp://ftp.ibge.gov.br/Precos_Indices_de_Precos_ao_
Consumidor/INPC/Fasciculo_Indicadores_IBGE/> Acesso em 20 maio 2016.
7 - Considerando a variação inflacionária de 10,67% para atualização dos custos de 2014.
55
Revista $EIVA
4 - Por se tratar de informação estratégica, o número de horas voadas não foi mencionado ou disposto no gráfico.
56
Revista $EIVA
REFERÊNCIAS
ATKINSON, Anthony A.; BANKER, Rajiv
D.; KAPLAN, Robert. S.; YOUNG, S. Mark.
Contabilidade gerencial. São Paulo: Atlas,
2000.
BRASIL. Comando da Aeronáutica. Concepção
Estratégica Força Aérea 100: DCA 11-45/2016.
Boletim do Comando da Aeronáutica, n. 17,
1 fev. 2016. Rio de Janeiro: CENDOC. 2016.
Disponível em: <http://www.cendoc.intraer/
sisbca/bca_pdf/2016/bca_17_01-02-2016.pdf>
Acesso em: 30 maio 2016.
Sgt Johnson / Força Aérea Brasileria
57
Artigo Revista $EIVA
1 - Quo Vadis é uma expressão latina que significa Para onde vais? ou Aonde vais?
58
Revista $EIVA
1 - Divulgada pelo Aviso Interno nº 4/GC3: Divulga a Diretriz de Comando do Comandante da Aeronáutica, publicado no
Boletim do Comando da Aeronáutica, n. 66 de 9 de abril. 2015
59
Revista $EIVA
60
Revista $EIVA
61
Revista $EIVA
62
Revista $EIVA
63
Revista $EIVA
64
Revista $EIVA
65
Artigo Revista $EIVA
66
Revista $EIVA
Dólar/Real, concluindo que o IBOVESPA não O estudo trabalha com séries temporais que
é significativo nos modelos de desempenho e podem apresentar fenômenos estatísticos como
que os outros dois índices são significativos. a não uniformidade das variâncias das variáveis
O trabalho de Bogdanski, Tombini e Werlang (heterocedasticidade) e a influência de um
(2000) mostra que, na atual política monetária valor sobre seus vizinhos (autocorrelação), que
Brasileira, algumas variáveis macroeconômicas comprometem a confiabilidade dos resultados
são de fundamental importância no desempenho finais. Para a correção desses fenômenos, aplica-
de fundos de renda fixa: inflação, medida pelo se o procedimento de Newey-West (1994).
IPCA, o PIB, a taxa de câmbio Dólar/Real, a
taxa de juros básica (SELIC) e a transparência da 3. DADOS
política monetária.
Para obter a amostra dos fundos, as séries
2. METODOLOGIA de retorno líquidos e demais dados pertinentes é
utilizada a base de dados da ANBIMA (software
Para avaliar o desempenho dos fundos de SI-ANBIMA), a partir de suas cotações mensais.
investimento de renda fixa, são utilizados modelos São construídas três carteiras: uma contendo
não-condicionais e condicionais. todos os fundos (carteira geral), outra com
O modelo não-condicional de Jensen (1968), os fundos menores (PL menor) e outra com os
baseado no CAPM (Capital Asset Pricing Model) maiores fundos (PL maior), segundo o critério do
é dado pela seguinte equação: Patrimônio Líquido (PL). O critério definido para
rp,t - rp,t = αp + βp (rm,t - rf,t) + εp,t (1) classificar os fundos em maiores/menores é a
onde rp,t representa o retorno da carteira mediana dos Patrimônios Líquidos dos fundos
p no período t, rf,t representa a taxa isenta de coletados, que atinge o valor de R$ 372 milhões.
risco no período t, rm,t representa o retorno de Cinquenta e três fundos ficaram abaixo da
mercado durante o mesmo período, βp é o risco mediana e cinquenta e quatro igual ou acima.
sistemático da carteira p e εp,t é o termo de erro. Foram excluídos da análise os menores
O desempenho da carteira é medida pelo αp. fundos, com patrimônio líquido menor que R$
O modelo não condicional multifatorial é 5.000.000,00 bem como os que que apresentam
caracterizado pela seguinte equação: menos que 24 observações (mensais).
rp,t - rp,t = αp + βp1 (rm1,t - rf,t) + βp2 (rm2,t - rf,t) + Escolheu-se como taxa livre de risco a taxa
βp3 (rm3,t - rf,t) + βp4 (rm4,t - rf,t) + εp,t (2), onde rm1,t, do Certificado de Depósito Interbancário (CDI),
rm2,t, rm3,t e rm4,t constituem os fatores de risco. conforme escolha feita também por Securato,
Chára e Senger (1999) e Laes (2010). Seus
Segundo o modelo totalmente condicional, valores são extraídos do sítio eletrônico do Banco
não só os betas podem ser dinâmicos e mudarem Central do Brasil.
com as condições de mercado, o alfa pode
apresentar um comportamento semelhante. O benchmark escolhido é o Índice de
Assim, Christopherson, Ferson e Glassman Renda Fixa do Mercado (IRF-M), após a análise
(1998) estendem o modelo de Ferson e Schadt comparativa feita entre oito benchmarks de renda
(1996), permitindo alfas variáveis ao longo do fixa para o mercado brasileiro (IRF-M, IMA, US
tempo. Neste modelo completo condicional, alfa 10Y GOVT INDEX, CGBI EMUSDGB BRAZIL,
também é uma função linear do vetor Zt-1. Assim, BOFA ML BRADY BONDS BRAZIL, BOFA ML
substituindo o alfa variável e o beta variável no USD EMRG SOV BRAZIL, BOFA ML BRAZIL
modelo de Jensen, tem-se o seguinte modelo: GVT INDEX e JPM GBI EM BROAD BRAZIL).
Conforme explicado pelo sítio eletrônico da
rp,t - rp,t = α0p + A´p Zt-1 + β0p (rm,t - rf,t) + β´p Zt-1 ANBIMA, o IRF-M mede a evolução, a preços de
(rm,t - rf,t) + εp,t (3). mercado, de uma carteira de Letras do Tesouro
As carteiras utilizam pesos iguais para cada Nacional (LTN). Os valores desse índice foram
fundo. Essa divisão por carteiras tem como extraídos do sítio eletrônico do Banco Central do
objetivo observar o desempenho dos fundos de Brasil. Esse mesmo benchmark é utilizado para
renda fixa como um todo e por categoria de PL, analisar o desempenho de fundos nos estudos de
de forma a separar o desempenho pelo tamanho.
67
Revista $EIVA
Vilella e Leal (2008) e Varga e Wengert (2010). os resultados de Blake, Elton e Gruber (1993). A
Para construção do modelo multifatorial, maioria dos fundos que compõem esta carteira
foram utilizados quatro índices de mercado apresenta alfas negativos. O R2 da carteira
(IRF-M – Índice de Renda Fixa do Mercado; geral é de 74%. O valor do parâmetro beta da
IPCA - índice oficial de inflação; IBC-BR - mede carteira geral é baixo, positivo e estatisticamente
a atividade econômica pelo Banco Central; e significativo, evidenciando assim que o retorno
MSCI BRL - índice da taxa de câmbio Dólar/ desta carteira é pouco sensível ao retorno do
Brasil), todos eles representativos da Política índice de mercado.
Monetária Brasileira, de forma a entender como Os fundos com maior Patrimônio Líquido
estes índices afetam os retornos dos fundos de (maior dimensão) têm a tendência de gerar um
investimento de obrigações. Todos esses índices melhor desempenho, conforme mostrado por
foram extraídos da base de dados Datastream. Laes (2010). Quanto aos valores do R2, a carteira
A escolha das variáveis de informação PL menor apresenta o menor R2.
pública, para o modelo condicional, é feita de 4.2 Modelo não condicional de
modo a refletir o estado da economia: (1) taxa de desempenho multifatorial
juro de curto prazo (três meses de maturidade),
(2) term spread, (3) default spread, e (4) dividend O modelo multifatorial é baseado no
yield. Essa escolha baseou-se nas variáveis Arbitrage Pricing Theory (APT), desenvolvido por
amplamente utilizadas na literatura. Ross (1976). Essa teoria sustenta que os retornos
esperados dos ativos dependem de outros fatores
Para a verificação da existência do viés de risco, não apenas o mercado.
de sobrevivência, construiu-se uma carteira que
é resultado da subtração do retorno da carteira A escolha dos fatores e índices
formada pelos trinta fundos sobreviventes ao macroeconômicos utilizados neste trabalho
longo de todo o período analisado e do retorno baseou-se não só na literatura como também
da carteira formada pelos cento e sete fundos. nos princípios da Política Monetária Brasileira, de
modo a evidenciar quais os fatores de risco são
4. RESULTADOS EMPÍRICOS mais decisivos para os investidores.
Foram feitas regressões lineares dos 107
4.1 Modelo não condicional de fundos, da carteira geral (carteira que inclui todos
desempenho – Jensen os 107 fundos) e das duas carteiras divididas pela
A medida desenvolvida por Jensen (1968) é mediana do Patrimônio Líquido.
baseada no Capital Asset Pricing Model (CAPM). QUADRO 2
Alfa do modelo multifatorial
São feitas regressões lineares dos 107 beta
beta beta
fundos, da carteira geral (carteira que inclui todos alfa
IRF-M IPCA
beta IBC MSCI
BRL
R2 ajust.
QUADRO 1 carteira
-0,000401** 0,17*** 0,06*** 0,003 -0,005 . 0,71
PL menor
Alfa de Jensen (1968)
R2 Observa-se, nos dados mostrados no
alfa beta
ajustado QUADRO 2, que a carteira geral apresenta
carteira geral -0,0006*** 0,15*** 0,74
um alfa negativo e estatisticamente significativo,
carteira PL maior -0,0005*** 0,13*** 0,74
carteira PL menor -0,0007*** 0,17*** 0,67 indicando que os fundos de obrigações não
superam o mercado. Mais uma vez os resultados
Observa-se, nos dados mostrados no
são consistentes com os de Blake, Elton e Gruber
QUADRO 1, que todas as carteiras apresentam
(1993) e em Silva, Cortez e Armada (2003),
um alfa negativo e estatisticamente significativo.
na medida em que o desempenho dos fundos
Pode-se concluir, pois, que o desempenho
é negativo. A maioria dos fundos que compõe
dessas carteiras está abaixo do mercado. Estes
esta carteira apresenta alfas negativos. O R2
resultados indicam que os fundos de obrigações
ajustado da carteira geral apresenta um valor de
não superam o mercado e são consistentes com
68
Revista $EIVA
78%, maior que o obtido com o modelo Jensen de 5%. Com exceção deste fato, os valores dos
(1968), o que indica que o modelo multifatorial alfas nas três carteiras são muito próximos.
explica melhor o comportamento dos fundos de 4.4 Viés de sobrevivência
renda fixa.
Comparando-se os parâmetros das três Este fenômeno se refere ao viés dos
carteiras analisadas neste estudo, constata-se resultados de desempenho dos fundos de
que o alfa da carteira de menor dimensão é investimento em razão da eliminação da amostra
o maior, enquanto que a carteira com maior dos fundos que não sobrevivem a todo o período
dimensão (PL) apresenta o menor alfa. analisado, seja por retornos ruins, por fusão entre
fundos ou por qualquer outro motivo que leve a
4.3 Modelo condicional multifatorial extinção de fundos. Quando se exclui os fundos
de desempenho não sobreviventes, que teoricamente seriam os
São feitas regressões lineares dos 107 de pior desempenho, prega a literatura que o
fundos, da carteira geral (que inclui todos os desempenho da carteira de fundos seria melhor.
107 fundos) e das duas carteiras divididas pela O número de fundos sobreviventes em
mediana do patrimônio líquido, segundo este todo o período analisado, dentre os 107 fundos
modelo condicional. analisados neste estudo, é de trinta.
QUADRO 3 QUADRO 4
Alfa do modelo multifatorial condicional Viés de sobrevivência
alfa R2 Alfa (modelo não-condicional
alfa alfa JCP alfa TS alfa DS
DY
teste F ajust. de Jensen)
carteira
-3,3e-4*** -0,28*** -0,17. -0,32 0,25 2e-16 0,85 carteira diferença 0,0002
geral
carteira PL
Alfa (modelo não condicional
maior
-3,5e-4*** -0,18* -0,052 -0,4 0,43* 2e-16 0,86 multifatorial)
carteira PL
-3,2e-4*** -0,44*** -0,32* -0,28 0,1 2e-16 0,79 carteira diferença -0,00001***
menor
Alfa (modelo condicional
Observa-se, nos dados mostrados no multifatorial)
QUADRO 3, que a carteira geral apresenta carteira diferença -0,00009***
um alfa negativo e estatisticamente significativo, Observa-se nos dados mostrados no
indicando um desempenho negativo por parte QUADRO 4 que, segundo o modelo não
dos fundos de renda fixa, à semelhança do que condicional de Jensen, não existe viés, já que o alfa
foi obtido nos modelos não-condicionais. A da carteira das diferenças não é estatisticamente
diferença reside em que neste modelo o alfa da significativo. Podemos assim concluir que os
carteira geral foi maior. A maioria dos fundos que fundos sobreviventes apresentam um desempenho
compõe esta carteira apresenta alfas negativos. similar à carteira que reúne todos os fundos.
O R2 ajustado da carteira geral apresenta um Segundo o modelo não condicional multifatorial
valor de 85%, maior que o obtido com o modelo e o modelo condicional multifatorial, o viés se
não-condicional. Quanto ao Teste F, a hipótese mostra negativo, ou seja, os fundos sobreviventes
nula de que todos os parâmetros seriam zero foi apresentam pior desempenho do que a carteira
rejeitada nas três carteiras. que reúne todos os fundos. Deve ser ressaltado
Comparando-se os parâmetros obtidos nas que o alfa é estatisticamente significativo.
três carteiras analisadas neste estudo, constata- Um fator que pode explicar esse
se que o alfa da carteira com PL menor é o comportamento é que, no mercado brasileiro, os
maior, enquanto que o da carteira PL maior fundos de renda fixa (obrigações) são extintos não
apresenta o menor alfa, apresentando assim o por desempenho ruim e sim em razão da baixa
mesmo comportamento ocorrido no modelo demanda do mercado financeiro por fundos
não-condicional multifatorial. de renda fixa, da instabilidade da economia
Com relação aos alfas das variáveis brasileira e de mudanças na classificação do
de informação pública, apenas um deles é fundo, conforme relato feito pelos técnicos da
significativo ao nível de 1% e outros dois ao nível ANBIMA, por meio de contato telefônico.
69
Revista $EIVA
70
Revista $EIVA
71
Artigo Revista $EIVA
72
Revista $EIVA
73
Revista $EIVA
órgão. Por esse motivo, são descentralizadas volumes. Estas, por si, ocupavam muitos
mediante critério e autorização dos Órgãos armários na Divisão de Créditos. O segundo
de Direção-Geral, Setorial e de Assistência grupo de impacto é a compressão do tempo:
Direta ao Comandante (ODGSA). A fim de (...) A instantaneidade passa a ser a nova dimensão
utilizarem os créditos de despesa discricionária temporal fornecida pela TI. O ]ust-in-Time (jIT) foi
e os destaques, os ODGSA precisam solicitar à o resultado da convergência de tempos reduzidos
no processo produtivo. A informação em tempo
Divisão de Créditos da SEFA que descentralize real e on-line permite a integração de vários
os recursos para suas unidades subordinadas, processos diferentes nas organizações e passou
à medida que as necessidades ocorram, a ser a nova dimensão temporal fornecida pela TI
conforme o planejamento de cada ação. (CHIAVENATO, 2004, p. 428).
Esse procedimento de solicitação e A SUFIN-2 precisava melhorar a qualidade
descentralização dos recursos precisa ser e a velocidade de comunicação com as
realizado de forma eficiente. A eficiência é um unidades do COMAER. Os ODGSA, por
princípio básico da Administração Pública e exemplo, não tinham informações instantâneas
sobre o qual Hely Lopes (1997) trata como um sobre os seus pedidos de descentralização.
dever do agente público: Entre a solicitação de uma nota de crédito e a
Dever de eficiência é o que se impõe a todo resposta do atendimento havia um intervalo de
agente público de realizar suas atribuições com vários dias, tal era o retardo na comunicação. A
presteza, perfeição e rendimento funcional. É o ponto de, às vezes, o pedido ser cancelado pelo
mais moderno princípio da função administrativa, ODGSA e a informação não chegar a tempo
que já não se contenta em ser desempenhada
apenas com legalidade, exigindo resultados ao executor, e o crédito ser descentralizado
positivos para o serviço público e satisfatório desnecessariamente.
atendimento das necessidades da comunidade Como terceiro grupo de impacto
e de seus membros (MEIRELLES, 1997, p. 90).
nas mudanças do ambiente corporativo,
Como as solicitações são muitas e o CHIAVENATO (2004) classificou a
volume de informações cresce constantemente, conectividade:
surgiu a necessidade de se criar ferramentas Com o microcomputador portátil, multimídia,
de informática para tentar organizar essas trabalho em grupo (workgroup), estações de
atividades. trabalho (workstation), surgiu o teletrabalho
em que as pessoas trabalham juntas, embora
1.2 A Tecnologia da Informação no distantes fisicamente. A teleconferência e a
ambiente corporativo tele-reunião permitem maior contato entre as
pessoas sem necessidade de deslocamento
Segundo Idalberto Chiavenato (2004), físico ou viagens para reuniões ou contatos
a Tecnologia da Informação está invadindo pessoais (CHIAVENATO, 2004, p. 428).
e permeando a vida das organizações Havia muita dificuldade em se reunir um
e das pessoas, provocando profundas grupo homogêneo para discutir assuntos de
transformações. interesse comum. A maioria dos ODGSA ficava
Chiavenato (2004) divide essas mudanças em Brasília, mas as cidades do Rio de Janeiro e de
em três grupos de impacto no ambiente São José dos Campos também sediavam outros
corporativo. O primeiro deles é a compressão grupos. Sem mencionar também as unidades
do espaço: subordinadas, espalhadas por todo o Brasil.
(...) A compactação fez com que arquivos Com todas essas restrições, a informática
eletrônicos acabassem com o papelório e com
pareceu ser o instrumento que melhor solucionasse
a necessidade de móveis, liberando espaço
para outras finalidades. (...) A miniaturização, os problemas administrativos da SUFIN-2, pois
a portabilidade e a virtualidade passaram a os recursos humanos e as máquinas estariam
ser a nova dimensão espacial fornecida pela TI interagindo de forma mais racional. Sobre o
(Chiavenato, 2004, p. 428). tema, ensina CHIAVENATO (1998):
As atividades de descentralização Assim, a eficiência está voltada para a melhor
orçamentária dependiam de muito papel. maneira (the best way) pela qual as coisas
Havia diversas pastas para organizar os devem ser feitas ou executadas (métodos), a
fim de que os recursos (pessoas, máquinas,
74
Revista $EIVA
matérias-primas) sejam aplicados da forma pedidos dos ODGSA. Esses arquivos (chamados
mais racional possível. A eficiência preocupa-se de Planilhas A5) eram enviados por e-mail e o
com os meios, com os métodos e procedimentos
mais indicados que precisam ser devidamente
Chefe da SUFIN-2.2 fazia seu upload num banco
planejados e organizados a fim de assegurar de dados do Access para organização e controle.
a otimização da utilização dos recursos Mas, somente em 2015, foi introduzida uma meta
disponíveis. A eficiência não se preocupa com de eficiência que pudesse dar informações sobre
os fins, mas simplesmente com os meios [...] os avanços conquistados com essas ferramentas.
(CHIAVENATO, 1998, p. 47).
E, para finalizar aquele ano, foi criada uma
Por isso, essa pesquisa partiu da hipótese plataforma web tanto para envio das Planilhas
de que a implantação de ferramentas de A5, quanto para sua organização, controle e
Tecnologia da Informação aumentaria a comunicação com os ODGSA.
eficiência das descentralizações de crédito
A demonstração de todo esse
para os ODGSA. Esse processo iniciou-se
desenvolvimento de forma mais detalhada
em 2013 e foi concluído em 2015, quando se
torna-se importante para se verificar como foi
pôde obter dados suficientes para verificar a
a mudança da eficiência no atendimento das
hipótese levantada. Faz-se necessário, portanto,
solicitações de crédito.
demonstrar como esse trabalho foi realizado.
2.1 As Mensagens SIAFI
2. METODOLOGIA As mensagens SIAFI são uma forma muito
Essa pesquisa documental foi realizada eficiente de comunicação entre as Unidades
com base na triagem de informações coletadas Gestoras Executoras (UGExec) da FAB. Por
em documentos emitidos antes, durante e serem instantâneas e por não necessitarem de
depois da implantação das soluções de TI no tramitação via cadeia de comando, chegam
processo de descentralização orçamentária da imediatamente aos destinatários. Por esse
SUFIN-2. motivo, foi adotada preferencialmente às
mensagens fac-símile. Entretanto, ao mesmo
Até 2013, todos os pedidos de
tempo em que seu mecanismo de envio e
descentralização eram realizados por meio de
recebimento era simples, sua forma de gerência
mensagem SIAFI ou fac-símile. A partir de 2014, foi
e controle era trabalhosa. E isso se tornou um
criada uma planilha eletrônica no formato Excel,
problema quando o fluxo de mensagens era
um aplicativo da Microsoft, que padronizou os
muito grande.
75
Revista $EIVA
Como se pode ver na Fig. 1, as mensagens uma ferramenta introduzida entre 2013 e 2014
são organizadas pelo sistema por ordem de na SUFIN-2 para padronizar as solicitações
chegada, da mais recente para a mais antiga. orçamentárias e diminuir os erros de digitação.
Não é possível inverter essa ordem ou filtrá- Inicialmente denominada Planilha Tarzan, a
las por outro critério, o assunto, por exemplo. Planilha A5 foi uma mudança exponencial
Como a SEFA recebe diariamente dezenas de no atendimento às necessidades dos ODGSA
mensagens SIAFI, ficava difícil selecionar uma (FIG. 2).
a uma as mensagens cujo assunto fosse a Elaborada no formato Excel, a Planilha
movimentação orçamentária. A5 foi formatada com células específicas
O procedimento adotado até 2013 era da linha orçamentária utilizada no SIAFI. A
a impressão dessas mensagens para que planilha possui proteção contra edição em
fossem organizadas em pastas separadas por algumas células, de forma que os responsáveis
ODGSA. Cada pasta continha uma lista com A5 dos ODGSA fiquem com liberdade de
os assuntos e datas de envio, assim como preencherem apenas os campos editáveis.
as datas de atendimento das solicitações. As informações digitadas são transferidas
Quando as movimentações de crédito eram para as abas no rodapé da planilha já com a
realizadas, uma mensagem SIAFI da SUFIN-2 formatação do SIAFI, de forma que o operador
era enviada à UGExec solicitante, informando só precisa copiar a informação, colar na tela
sobre a descentralização. do sistema e confirmar a transação. Esse
Todo esse procedimento durava em média controle foi fundamental para padronizar as
cinco dias úteis. Em muitos casos precisavam ser informações dos pedidos e diminuir os erros de
corrigidos, por causa de erros nas informações preenchimento por parte dos ODGSA e os erros
contidas nas mensagens ou erros de digitação de digitação no SIAFI, por parte do efetivo da
na Nota de Crédito. Às vezes, principalmente SUFIN-2. O que estava digitado na planilha era
nos últimos meses do ano, algumas mensagens exatamente o que seria realizado no SIAFI, não
passavam despercebidas, quando o fluxo havia necessidade de maiores interpretações.
acumulado era muito grande. Estava claro que o Essa foi uma das maiores mudanças, a Planilha
processo necessitava de melhorias. A5 eliminou a subjetividade dos pedidos.
2.2 As Planilhas A5 Essas planilhas eram encaminhadas para o
Chefe da SUFIN-2.2, por um e-mail específico
O cargo de A5 no âmbito do Comando criado para essa finalidade. O gerenciador
da Aeronáutica tem como uma de suas de e-mail tem mais opções de filtro que as
atribuições a gerência e o controle de recursos mensagens SIAFI. À medida que as solicitações
orçamentários. Essa designação deu nome a chegavam, as planilhas eram baixadas e
76
Revista $EIVA
77
Revista $EIVA
Fonte: Sistema A5
78
Revista $EIVA
79
Revista $EIVA
80