CENTRO VETERINÁRIO
LABORATÓRIO DE ANÁLISES CLÍNICAS
PROCEDIMENTOS LABORATORIAIS EM PATOLOGIA CLÍNICA VETERINÁRIA
Elaborado por:
MV Paula Preussler dos Santos
Patologista Clínica Veterinária
2014
NORMATIZAÇÃO DO LABORATÓRIO
OBJETIVOS
O Laboratório está inserido no Centro de Diagnóstico do Hospital Veterinário e
tem os seguintes objetivos:
prestação de serviços na rotina do HV – Mundo Animal;
prestação de serviços externos às clínicas veterinárias do Mundo Animal –
Centro Veterinário.
INFORMAÇÕES GERAIS
Pessoal
Uma Médica Veterinária e uma Biomédica responsáveis pela rotina
laboratorial
Alunos estagiários
Horário de funcionamento
segunda-feira a sexta-feira:
10h às 22h
Apresentação pessoal
Jaleco branco;
Sapatos fechados;
Cabelos longos deverão estar presos;
Obrigatório o uso de luvas de procedimentos para manuseio das amostras.
Da limpeza do local
A limpeza do laboratório é realizada diariamente pelo pessoal responsável por
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Laudos e resultados
É de responsabilidade do Médico Veterinário Laboratorista o fornecimento dos
laudos devidamente conferidos e assinados no final do seu turno.
Arquivo de exames
Os laudos são enviados por e-mail ao Médico Veterinário requisitante e estão
disponíveis também na ficha de atendimento do paciente e, caso solicitado,
na forma impressa, ao tutor do paciente;
O laboratório dispõe de arquivo para laudos dos exames realizados,
entretanto estes exames não podem ser retirados do laboratório, servindo
para consultas no local;
Os exames são mantidos nestes arquivos por um período de 5 anos, após
este período são descartados.
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1. Cuidados Pré-Processamento
4. Plaquetas
7. Determinação da hemoglobina
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1. Homogeneizar o sangue.
2. Aspirar sangue até a marca de 0,5 (pipeta de Thomas para glóbulos
brancos).
3. Limpar o sangue de fora da pipeta com papel ou gaze.
4. Aspirar diluente até a marca 11.
5. Homogeneizar a pipeta de Thomas (fechando as extremidades) durante 3
minutos.
6. Desprezar as primeiras gotas e preencher a câmara de Neubauer, após a
colocação da lamínula.
7. Contar os leucócitos dos quatro quadrados grandes-angulares, somar e
multiplicar por 50.
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Resposta reticulocitária %
Normal: <1%
Regenerativa leve: 1 a 8%
Regenerativa moderada: 9 a 15%
Regenerativa acentuada: >15 %
Fonte: Hendrix, 2006.
Reticulócitos: xxx% (Resposta reticulocitária Normal <1%; Regenerativa leve 1 – 8%; Regenerativa
moderada 9 – 15%; Regenerativa acentuada >15%)
BIOQUÍMICA SÉRICA
Os bioquímicos que são processados no Reflotron® Plus pela técnica de química
seca. Para proceder as leituras bioquímicas, primeiramente, ligue o Reflotron® Plus
e aguarde o aquecimento do aparelho. Quando aparecer o “ready” no visor, retire a
tira teste desejada do tubo e feche imediatamente o tubo com a tampa contendo
exsicante. Retire a banda protetora da zona reativa, tomando cuidado para não
dobrar a tira. Utilizando a pipeta, recolha o material da amostra evitando a inclusão
de ar, e aplique uma gota no centro da zona vermelha, sem que a ponta da pipeta
toque na zona de aplicação. O volume de amostra necessário para a aplicação é 30
µL. Após, aproximadamente, 15 segundos, abra a tampa, coloque a tira na guia e
introduza-a horizontalmente no aparelho até ouvir um clic. Feche a tampa. O
aparecimento da sigla do teste no visor, confirma que a leitura do código magnético
específico do teste foi corretamente lido pelo aparelho. O tempo é indicado em
segundos, até o surgimento do resultado. Após a leitura do resultado retire do
Reflotron a tira teste usada e descarte-a no lixo contaminado.
1. ALT (GPT)
1.1. Material: Sangue total (imediatamente), sangue heparinizado (até 1h), soro,
plasma heparinizado (até 3d: 20-25°C; ou 7d: 4-8°C).
1.2. Volume: 30µL
1.3. Intervalo de Medição: 5 – 2000 U/L
1.3.1. Observações:
(*) = Curva de reação não-linear
DILUA GPT = diluir a amostra (soro ou plasma) com solução fisiológica 1:1
1.4.Controle de Qualidade: Reflotron Check 1X/semana
2. BILIRRUBINA TOTAL
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2.1. Material: Sangue total (imediatamente), sangue heparinizado ou com EDTA (até
2h no escuro), soro e plasma heparinizado ou com EDTA (até 2h: 4-25°C).
2.2. Volume: 30µL
2.3. Intervalo de Medição: 0,5 – 12 mg/dL
2.3.1. Observações:
(>) = Diluir a amostra(soro ou plasma) com solução fisiológica 1:1
2.4. Controle de Qualidade: Reflotron Check 1X/semana
3. CK
3.1. Material: Sangue total (imediatamente), sangue heparinizado (até 8h), soro e
plasma heparinizado (24h: 20-25°C e 7d: 4-8°C)
3.2. Volume: 30µL
3.3. Intervalo de Medição: 24,4 – 1400 U/L
3.3.1. Observações:
(*) = Curva de reação não-linear
DILUA CK = diluir a amostra (soro ou plasma) com solução fisiológica 1:1
3.4. Controle de Qualidade: Reflotron Check 1X/semana
4. COLESTEROL
4.1. Material: Sangue total (imediatamente), sangue heparinizado ou com EDTA (até
4h: 20-25°C e 8h: 2-8°C), plasma heparinizado ou com EDTA (até 4h: 20-25°C e
12h: 2-8°C). Não congelar, não usar soro.
4.2. Volume: 30µL
4.3. Intervalo de Medição: 100 – 500 mg/dL
4.3.1. Observações:
(*) = Curva de reação não-linear
DILUA = diluir a amostra (soro ou plasma) com solução fisiológica 1:1
4.4. Controle de Qualidade: Reflotron Check 1X/semana
5. CREATININA
5.1. Material: Sangue total (imediatamente), sangue heparinizado ou com EDTA (até
6h no escuro), soro e plasma heparinizado ou com EDTA (até 1d: 4-25°C).
5.2. Volume: 30µL
5.3. Intervalo de Medição: 0,5 – 10,0 mg/dL
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5.3.1. Observações:
(>) = Diluir a amostra(soro ou plasma) com solução fisiológica 1:1
5.4. Controle de Qualidade: Reflotron Check 1X/semana
7. GAMA – GT
7.1. Material: Sangue total (imediatamente), sangue heparinizado ou com EDTA (até
8h no escuro), soro e plasma heparinizado ou com EDTA (até 7d: 4-25°C).
7.2. Volume: 30µL
7.3. Intervalo de Medição: 0,5 – 3500 U/L
7.3.1. Observações:
DILUA GGT = Diluir a amostra(soro ou plasma) com solução fisiológica 1:1
7.4. Controle de Qualidade: Reflotron Check 1X/semana
8. POTÁSSIO
8.1. Material: Soro e plasma heparinizado (até 7d: 4-25°C). Separar o coágulo até 1h
após a coleta, plasma heparinizado separado imediatamente. Não usar amostras
hemolisadas.
8.2. Volume: 30µL
8.3. Intervalo de Medição: 2,0 – 12,0 mmol/L
8.4. Controle de Qualidade: Reflotron Check 1X/semana
9. TRIGLICERÍDEOS
9.1. Material: Sangue total (imediatamente), sangue heparinizado ou com EDTA (até
8h), soro, plasma heparinizado ou com EDTA (até 8h: 20-25°C e 24h: 4-8°C). Não
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congelar.
9.2. Volume: 30µL
9.3. Intervalo de Medição: 70 – 600 mg/dL
9.3.1. Observações:
(>) = Diluir a amostra (soro ou plasma) com solução fisiológica 1:1
9.4. Controle de Qualidade: Reflotron Check 1X/semana
10. URÉIA
10.1. Material: Sangue total (imediatamente), sangue heparinizado ou com EDTA
(até 8h no escuro), soro e plasma heparinizado ou com EDTA (até 7d: 4-25°C).
10.2. Volume: 30µL
10.3. Intervalo de Medição: 20 – 300 mg/dL
10.3.1. Observações:
(>) = Diluir a amostra(soro ou plasma) com solução fisiológica 1:1
10.4. Controle de Qualidade: Reflotron Check 1X/semana
11. GLICOSE
11.1. Material: Sangue capilar fresco ou sangue fresco com Fluoreto.
11.2. Temperatura: Não realizar o teste em temperaturas inferiores a 18°C ou
superiores a 35°C.
11.3. Codificação: realizar a codificação do aparelho com a tira código toda vez que
uma nova embalagem de tiras for aberta.
11.4. Verificação: toda vez que realizar um teste verificar se a janela no verso da tira
teste adquiriu uma cor esverdeada. Utilize nova fita teste. Verificar se a área do teste
ficou completamente coberta de sangue.
11.5. Intervalo de Medição: 20 – 600 mg/dL
11.6. Controle de Qualidade: Solução de controle Accutrend Control G.
12. LACTATO
12.1. Material: Sangue capilar fresco ou sangue fresco heparinizado
12.2. Temperatura: Não realizar o teste em temperaturas inferiores a 18°C ou
20
superiores a 35°C
12.3. Codificação: realizar a codificação do aparelho com a tira código toda vez que
uma nova embalagem de tiras for aberta.
12.4. Verificação: Verificar se a área do teste ficou completamente coberta de
sangue.
12.5. Intervalo de Medição: 0,7 - 22 mmol/L
12.6. Controle de Qualidade: Solução de controle Accutrend BM-Control-Lactate
URINÁLISE
1. Amostra
A amostra de escolha para a análise química é a primeira urina da manhã
(concentrada 8 horas) não centrifugada e mantida entre 15 e 25°C. Alternativamente,
pode ser usada amostra obtida de colheita aleatória.
2. Odor
3. Transparência / aspecto (límpida; pouco turva, turva, muito turva, floculenta
ou sanguinolenta)
4. Volume
5. Densidade (leitura em refratômetro)
2.1. Procedimento
Homogeneizar e transferir a amostra para um tubo Falcon e identifica-lo
adequadamente.
Retirar do frasco a tira reagente e imergi-la na urina por 2 segundos de forma
que todas as áreas sejam imersas quase que simultaneamente. Retirar a tira,
deslizando pela borda do tubo para remover o excesso de urina. Manter a tira na
posição horizontal para prevenir a mistura de produtos químicos de áreas
adjacentes. Realizar a leitura das reações entre 60 – 120 segundos. As mudanças
de cor das almofadas de reagentes devem ser comparadas visualmente com a cor
da escala fornecida junto com as tiras. Em urinas de cor muito escura, centrifugar a
amostra antes da utilização da fita reagente, a fim de diminuir a interferência da cor
na leitura.
3. Bioquímicos da Urina
Sempre fazer testes bioquímicos do sobrenadante, após centrifugação, da
mesma forma como é feito com soro/plasma.
Valores de Referência:
0,01-0,54 normal
0,55-2,00 suspeita de lesão
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>2,00 anormal
*FETTMAN, M.J., REBAR, A. In: THRALL, M.A. Hematologia e Bioquímica Clínica
Veterinária. ROCA. 2007.
Jovens 0,1 - 0,2
Adultos 0,07 - 0,13
Geriatras 0,06 - 0,29
3.2.2. Os valores de atividade de GGT urinária devem ser corrigidos por fórmula,
onde se utiliza a densidade urinária 1025 como fator de correção para o fluxo
urinário de uma única amostra:
X = Y x 25
Z
X é a atividade de GGT urinária calculada;
Y é a atividade de GGT urinária da amostra;
Z corresponde aos últimos dois dígitos da densidade urinária da amostra
(refratômetro).
Valores de Referência:
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Tabela 6. Cristalúria.
Tipo Associações
Urina alcalina
Estruvita Normal, urolitíase
Fosfato amorfo Normal, urolitíase
Fosfato de cálcio Urolitíase
Carbonato de cálcio Urolitíase
Biurato de amônia Afecção hepática, desvio portossistêmico
Urina ácida
Ácido úrico Urolitíase, defeito metabólico
Cistina Urolitíase, defeito metabólico
Oxalato de cálcio Normal, envenenamento pelo etilenoglicol
ANÁLISE DE LÍQUIDOS CAVITÁRIOS
1. Local da colheita
Torácica
Abdominal
Pericárdica
2. Volume
Enviar 5 mL com EDTA e 5 mL sem anticoagulante (para fazer bioquímicos,
quando necessário, em caso de suspeita de ruptura de bexiga ou vasos linfáticos).
3. Cor
Incolor
Avermelhada
4. Aspecto
Límpido: geralmente em transudatos puros.
Turvo: quanto mais turvo, mais celularidade.
Leitoso: característico de efusões quilosas.
5. Densidade
Deve ser feita após centrifugação da amostra e realizada através do
refratômetro.
6. Proteínas
Pode ser realizada por colorimetria, utilizando kits bioquímicos ou com o uso
do refratômetro.
7. Celularidade
Deve ser realizada no contador automático de células, quando for enviada
amostra com anticoagulante.
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8. Células Nucleadas
Usa-se amostra com anticoagulante, bem homogeneizada, podendo ser
realizada no contador automático de células ou com a mesma metodologia utilizada
para a contagem de leucócitos em câmara de Neubauer.
9.1.2 Macrófagos
Células grandes, com um núcleo único, ovalado ou em forma de rim,
citoplasma azulado e com vacúolos, podendo apresentar material fagocitado. É um
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9.1.3 Neutrófilos
Citologicamente existem duas classificações para os neutrófilos:
Neutrófilos degenerados
Apresentam núcleo frouxo, que se cora com padrão eosinofílico homogêneo.
São aqueles que sofreram degeneração hidrópica, que é uma alteração local
provocada geralmente por toxinas bacterianas, que alteram a permeabilidade da
membrana destas células.
9.1.4 Linfócitos
Estão presente em pequeno número em muitas efusões e podem ser o tipo
predminante em efusões quilosas, pseudoquilosas e linfossarcomas.
9.1.5 Eosinófilos
Podem ser vistos principalmente em efusões provocadas por mastocitomas,
parasitas cardíacos, reações alérgicas e hipersensibilidades.
9.1.6 Mastócitos
Facilmente identificados pelos seus grânulos de cor vermelho-púrpura.
Podem ser observados em pequeno número em efusões de cães e gatos com
diferentes processos inflamatórios ou em grandes números em casos de
mastocitomas.
9.1.7 Eritrócitos
Podem aparecer em efusões secundárias a hemorragias intra-cavitárias ou
como contaminantes (sangue periférico) no momento da punção.
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Para a determinação dos exames bioquímicos, deve ser utilizada uma fração
da amostra sem anticoagulante, recém colhida, dosadas em paralelo com a amostra
sérica do mesmo animal, para a comparação.
1. Objetivo
Utilizado para diferenciar transudatos de exudatos.
Detecta altos níveis de proteína, fibrinogênio e mediadores inflamatórios.
2. Especificidade e Sensibilidade
Alto valor de especificidade (86%) e alto valor de sensibilidade (96%) para PIF.
3. Preparo do Teste
Em um tubo de ensaio adicionar 7mL de água destilada.
Acrescentar 4 gotas de Ácido Acético e homogeneizar.
Adicionar 1 gota do líquido cavitário coletado em frasco com EDTA.
Observar a reação.
4. Resultados
Se a gota dissipar e a solução permanecer límpida, o teste de Rivalta é
definitivamente negativo. Se a gota manter a sua forma, permanecer na superfície ou
descer devagar ao fundo do tubo (gota ou água-viva), o teste de Rivalta é definitivamente
positivo (imagem1).
5. Interpretação
Rivalta Positivo: sugestivo de PIF, peritonite bacteriana ou linfoma.
Rivalta Negativo: efusão não inflamatória.
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AVALIAÇÃO LABORATORIAL DO LÍQUIDO CÉFALO RAQUIDIANO
INTRODUÇÃO
1. Produção / circulação
2. Funções
3. Colheita
3.1.1. Anestesia
3.1.3. Contaminação
3.3. Bovinos/ovinos
Como nos cães os animais são colocados em decúbito lateral, podendo-se também
fazer a colheita com o animal em estação, sendo esta forma mais difícil. Pode-se colher
um total de 100 mL de cada vez, porém dois a três mL são suficientes para todos os
exames.
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Pode ser realizado com animal em estação, sendo a agulha introduzida no espaço
entre: ultima vértebra lombar e primeira sacra (L6 S1). O local a ser puncionado é
anestesiado; os animais indóceis devem ser sedados. A colheita será facilitada com o
animal posicionado em decúbito esternal, com os membros anteriores flexionados e os
membros pélvicos estendidos no sentido do abdômen.
3.4. Eqüinos
4. Análise laboratorial
4.1.1. Cor
O líquor de qualquer espécie tem cor semelhante à água, qualquer turvação indica
alteração, como aumento celular e/ou de proteínas. A cor deve ser verificada antes e após
centrifugação. O líquor hemorrágico que apresenta cor clara após centrifugação indica
que os eritrócitos estão intactos sugerindo sangramento recente; o líquor amarelado pós-
centrifugação sugere hemorragias antigas, com degradação de eritrócitos. A xantocromia,
um amarelo mais denso, sugere formação de bilirrubina derivada da degradação do
eritrócito, como nos casos de hidrocefalia, neoplasias do SNC, hemorragias
subaracnóideas, inflamações agudas e icterícias sistêmicas.
Graduações da cor do sobrenadante: incolor (LCR normal), levemente
xantocrômico, xantocrômico, levemente hemorrágico / eritrocrômico, hemorrágico /
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eritrocrômico.
3.2.3. Aspecto
O aspecto normal do LCR é límpido, e esta característica depende do número de
células, concentração de proteínas e microrganismos em suspensão.
Límpido: até 45 células
Levemente turvo: 46 – 300 células
Turvo / Opalescente: 301 – 6000 células
Purulento: acima de 6000 células
4.1.3. Densidade
Não é parâmetro muito usado, mas seu aumento acima de 1.000 indica aumento
de proteínas, aceitando-se como normais, os valores entre 1003-1012 para cães e gatos.
Para ruminantes e equinos valores devem ser abaixo de 1010. É avaliada pelo uso do
refratômetro.
4.1.4. Coagulação
O líquor normalmente não se coagula, podendo ocorrer por causa de sangramento
iatrogênico ou aumento de fibrinogênio. Este parâmetro pode ser avaliado apenas quando
a coleta for feita em frasco sem anticoagulante e sem aditivos coagulantes. Geralmente
ocorre nos processos supurativos.
4.2.1. Citometria
É a contagem global das células do líquor, podendo ser utilizada a câmara de
Neubauer ou a de Fuchs-Rosenthal. Normalmente o líquor é acelular, podendo apresentar
variações normais de 0-8 células nucleadas /mm 3, com predomínio de células
mononucleares (linfócitos e monócitos) não se encontrando eritrócitos. O aumento do
número de células denomina-se pleocitose. As células do líquor se degeneram
rapidamente, por isso a contagem e avaliação celular devem ser realizadas até uma hora
após a colheita. Existem poucas variações do número celular em relação aos locais de
colheita, mas espera-se no LCR colhido na cisterna magna cerca de cinco células/mm 3
enquanto a punção lombar contém menos de uma célula /mm 3. A pleocitose nas
meningoencefalites bacterianas geralmente apresenta números altos (500-1000/mm 3). As
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doenças viróticas, Ricketisias, intoxicações e micoses apresentam pleocitose moderada.
4.2.2. Citologia
É a parte mais importante do exame do líquor, podendo-se encontrar anomalias
celulares mesmo não apresentando aumento do número total de células. Usa-se a
mesma coloração para os exames hematológicos. A maior parte das células encontradas
são linfócitos que se deterioram facilmente devendo a coloração e o exame ser realizados
rapidamente. Ainda podem ser encontrados poucos monócitos e raros neutrófilos. Como o
líquor tem poucas células, usa-se centrifugação em baixa rotação para evitar danos
celulares. A presença de linfócitos reativos sugere estímulo antigênico local, doenças
infecciosas, processos neoplásicos e doenças imunomediadas. A neutrofilia sugere
doenças inflamatórias e bacterianas, traumas, meningites assépticas e sépticas e
neoplasias; sendo que a presença de neutrófilos degenerados diagnostica infecções.
Infecção por toxoplasmose e fungos apresenta uma relação igual de mono e
polimorfonucleares, nas meningoencefalites granulomatosas, há predominância de
mononucleares. Podem-se encontrar ainda células das meninges, plexo coróide e células
ependimais que podem ser freqüentes em amostras colhidas pela aspiração com seringa.
A presença de eosinófilos apesar de ser aparentemente inespecífica, pode sugerir a
presença de parasitas, hipersensibilidade, ou processos neoplásicos envolvendo o SNC.
A presença de macrófagos fagocitando eritrócitos indica que a presença de sangue no
LCR é de cerca de mais de um dia. A presença de células neoplásicas pode indicar
neoplasias no SNC, desde que este processo esteja em comunicação com os espaços
subaracnóideos. A presença de bactérias e fungos pode ser confirmada respectivamente
pela coloração de Gram e tinta da China.
4.3.1.1.Teste de Pandy
É uma prova de avaliação qualitativa da taxa de globulinas presentes na amostra
de líquor. Esta prova pode apresentar resultados positivos apenas pela elevação do teor
de proteínas totais e a elevação de globulinas compatível com essa alteração. Taxas de
proteínas totais maiores que 55 mg/dl sempre apresentam prova de Pandy positiva.
Proteínas totais inferiores a 20 mg/dL raramente apresentam Pandy positivo.
Contaminação do líquor por sangue pode acarretar em falso-positivo.
O reagente utilizado é de fenol ( ácido carbólico cristais dissolvidos na água)
ou, ácido pirogálico ou, cresol , geralmente denominadas como reagente de Pandy ou
solução de Pandy.
Uma gota de amostra de LCR (coletado do paciente por punção lombar técnica), é
adicionado cerca de 1 ml de solução de Pandy. A aparência turva significa a presença de
níveis elevados de proteína globulina no LCR e é considerado como a reação de Pandy
positivo.
No resultado positivo, uma faixa branca azulada de proteínas precipitadas é
visto. O grau de turbidez depende da quantidade de proteína no LCR. Ele pode variar
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de fraca turbidez (leve a moderada elevação em proteínas liquóricas) para denso
precipitado leitoso (elevado teor de proteínas no LCR).
O resultado negativo ocorre quando não se observa turbidez ou nebulação.
4.3.2. Glicose
A glicose no LCR é dependente da concentração no soro, pois os níveis são
atingidos através do mecanismo de transporte através da barreira hematoencefálica,
deste modo, é fundamental a coleta de sangue com anticoagulante fluoreto de sódio. Os
valores de glicose para o líquor nos animais domésticos são menores que os valores
sanguíneos, isto é, cerca de 60 - 70% dos valores sanguíneos, sendo os valores médios
em torno de 40 - 80 mg/dL. O método de avaliação é o mesmo de avaliação sangüínea. A
hipoglicorrafia, isto é, a diminuição dos valores da glicose no líquor, geralmente é
encontrada em casos de hipoglicemia, impedimento do transporte através da membrana
hematocefálica, aumento do metabolismo do parênquima cerebral ou infecção por
organismos glicolíticos, isto é, a utilização da glicose por microorganismos, leucócitos ou
células do SNC. Em geral nas meningites bacterianas ocorre diminuição dos valores de
glicose. A hiperglicorrafia está relacionada com o diabetes mellitus.
4.3.3. Cloretos
Em geral os níveis de cloretos são mais altos no líquor que no sangue, podendo os
valores variar entre 650 - 850 mEq/mL. Os métodos de avaliação são os mesmos
sanguíneos, e em caso de inflamação das meninges estes valores estarão diminuídos,
tendo pouca importância diagnóstica.
4.4.1. Enzimas
A atividade de várias enzimas têm sido medidas para avaliar se o SNC ou suas
barreiras foram lesados. Enzimas como AST, CPK, LDH podem ser medidas, mas não
44
são específicas para fechamento de um diagnóstico.
4.4.2. pH
Metodologia: fitas reagentes
Referência: 7,35 – 7,45