1. Introdução
O mercado de eventos é uma economia que tem crescido rapidamente nas
últimas décadas, no país e no mundo. Participar de eventos proporciona experiências
diferentes, enriquecendo a vida emocional e social, educando seus sentidos, prioriza seu
olhar, adquire uma nova visão do mundo, absorve novos conhecimentos. Dentro do
campo amplo de eventos, destacam-se os festivais, celebrações culturais e um ponto de
encontro de necessidades e deveres sociais específicos, que proporcionam
entretenimento (Zucco, Moretti, & Lenzi, 2013).
No Brasil são realizados mais de 400 mil eventos anualmente, resultando em
uma média de aproximadamente 33 mil eventos por mês e cerca de 1.100 por dia, em
diversas categorias, como por exemplo: os festivais, as feiras culturais, sociais e entre
muitos outros. O setor de eventos apresenta crescimento médio de 7% ao ano, que
representam um aumento anual de 28 mil novos eventos (Gestão Estratégica de
Eventos, 2010).
Hoje em dia os eventos são essenciais à nossa cultura (Funari & Pinsky, 2003;
Allen, McDonald & O`Toole, 2003) e tiveram sua expansão facilitada pelo maior tempo
de lazer que levam a grande participação da população em eventos públicos,
celebrações e entretenimento. Os governos de hoje, como os de antigamente, apoiam e
promovem eventos como parte de suas estratégias para o desenvolvimento econômico
(Matias, 2007).
Dada à importância desses eventos, o presente trabalho possui como objetivo
apresentar uma inovação incremental na venda de ingressos para eventos de diversos
tipos a fim de proporcionar uma melhoria nesse serviço e agregar valor para as
empresas do ramo. Este é dividido em cinco etapas, contando com a introdução, em que
é afirmada a importância dos eventos para nossa sociedade; a segunda etapa aborda
conceitualmente a inovação incremental e sua aplicação no setor de serviços; a terceira
remete-se à elaboração do modelo de estratégia para o desenvolvimento da inovação do
serviço; a quarta trata-se das etapas para o desenvolvimento do serviço em questão; e na
quinta e última parte encontram-se as considerações finais a respeito da inovação
proposta.
2. Abordagem Conceitual
2.1 O Setor de Serviços
O setor de serviços tem ganhado grande importância nos últimos anos, quer seja
pela contribuição no produto interno bruto, quer seja pela participação no emprego total.
Assim como se percebe uma expansão na indústria de serviços na participação do
Produto Interno Bruto no Brasil, também a participação do setor de serviços no
emprego total tem crescido progressivamente, enquanto no setor primário tem
decrescido e no setor secundário tem se mantido quase inerte.
Serviço é um bem intangível, podendo ser entendido como uma ação ou um
desempenho que cria valor por meio de uma mudança desejada no cliente ou
em seu benefício. As características de um serviço são seus componentes tangíveis e
intangíveis, avaliados ou assumidos pelo cliente. São três os tipos de
atributos do serviço: - aquele que pode ser pesquisado e avaliado antes da compra;
aquele que pode ser avaliado durante a realização do serviço e o atributo
que não pode ser avaliado nem mesmo após a realização do serviço (Dias, 2003).
Lovelock e Wrigt (2001) afirmam que serviço é um ato ou desempenho
oferecido por uma parte a outra. Embora o processo possa estar ligado a um produto
físico, o desempenho é essencialmente intangível e normalmente não resulta em
propriedade de nenhum dos fatores de produção (Wada, 2007). Schiffman e
Kanuk (2000, p. 126) afirmam que é mais difícil para os consumidores avaliarem a
qualidade de serviços do que a qualidade de produtos. Isso acontece porque ao contrário
dos produtos, grande parte dos serviços, primeiro é vendida e depois produzida, sendo
consumida ao mesmo tempo.
O serviço é uma organização e uma mobilização, o mais eficiente possível, de
recursos para interpretar, compreender e gerar a mudança perseguida nas condições de
atividade do cliente-usuário (ZARIFIAN, 2001b). Conforme Fitzsimmons e
Fitzsimmons (2000), mesmo quando difícil de ser feita, existe distinção entre bem e
serviço. Os autores utilizam uma classificação de serviços baseada na grande interação
do cliente e na intensidade do grau de trabalho. Assim sendo, destacam as seguintes
características especiais que diferenciam os serviços dos bens:
– consumidor participa no processo da prestação do serviço: ao invés de ser um
consumidor passivo, ele se transforma num agregador do produto (serviço);
– produção e consumo simultâneos do serviço: uma vez que o consumidor é
ativo na prestação do serviço, existe simultaneidade entre o momento da produção e do
consumo;
– perecibilidade da capacidade: os serviços operam em um sistema aberto, com o
impacto total das variações da demanda sendo transmitidos para o sistema;
– seleção da localização em função dos consumidores: o prestador do serviço e o
consumidor devem se encontrar, portanto, a localização deve considerar a possibilidade
de acesso do consumidor;
– intensidade do trabalho: quando a atividade é centrada nas pessoas, exige mais
experiência do prestador de serviço; a automação pode eliminar as relações pessoais,
mas provoca o aumento da atenção ao trabalho, o que pode gerar uma variação no
serviço;
– intangibilidade: os serviços são atividades, enquanto bens são objetos, assim
eles constituem um problema para os consumidores que dificilmente poderão testar sua
eficiência apenas deverão se basear na reputação dos prestadores desses serviços;
– dificuldade para medição da produção: como para cada cliente o serviço
prestado é diferente, por maior que seja a padronização, a avaliação de um serviço deve
ser feita através do acompanhamento do processo ou através de pesquisa de mercado.
Shostack (1987) sugere dois caminhos para a descrição do processo de serviço:
um de acordo com as etapas e sequências que constituem o processo (complexidade do
processo) e outro em consonância com a variabilidade dessas etapas e sequências
(diversidade).
Kang e McDermott (2000) reiteram as colocações de que os serviços
diferenciam-se da manufatura nas quatro questões genéricas: intangibilidade,
heterogeneidade, perecibilidade da saída e simultaneidade de produção e consumo.
Apontando esta classificação inicial como genérica demais, argumentando que há a
necessidade de se incluir as pessoas como parte do sistema de serviços, assim como o
fazem Shostack (1987) e Fitzsimmons e Fitzsimmons (2000).
Dessta forma, em linhas gerais, os serviços vistos como processos são
analisados, basicamente, em relação às seguintes dimensões: complexidade/diversidade,
tangibilidade/intangibilidade, baseados em pessoas/baseados em tecnologia,
grande/baixa demanda, tempo de contato com o prestador de serviço.
Ainda para Zarifian (2001b), em uma abordagem do valor do serviço, a gestão
do serviço deve compreender a pertinência (atividade a partir do contato do empregado
de linha de frente com o cliente) no intuito de coadunar objetivos organizacionais e
expectativas do cliente. Deve, ainda, compreender a eficiência e eficácia, preocupações
da lógica técnica, que coordena, respectivamente, as expectativas dos clientes com os
recursos organizacionais disponíveis e estes com os objetivos da entidade prestadora de
serviço (interface de suporte).