Você está na página 1de 2

“Autos de resistências”

Uma analise dos homicídios cometidos por policiais na cidade do Rio de Janeiro (2001-2011)

Este é um relatório final de pesquisa de três bolsistas do Núcleo de Estudos da Cidadania,


Conflito e Violência Urbana da UFRJ coordenadas pelo Prof.: Michel Misse

Pesquisadores: Carolina Christoph Grillo, César Pinheiro Texeira e Natasha Elbas Neri ambas
doutorandas do PPGSA/UFRJ

E Sylvia Amanda Leandro mestranda PPGD/UFRJ

Publicado no ano de 2011

Caracterização de um crime?

- Típico

- Ilícito

- Culpável

Os autos de resistências, então classificados dentro das ações classificadas com


excludentes de ilicitude. Pra que haja ilicitude de uma conduta típica independente do seu
elemento subjetivo, é necessário que inexista causas justificantes, isto porquê estas causas
tornam licitas a conduta do agente.

Causas que tornam licitas a ações típicas de crimes.

 Estado de necessidade
 Legitima defesa
 Estrito cumprimento do dever legal
 Exercício regular do direito
De acordo com o artigo 23 do código penal brasileiro.
“ Paragrafo único. Se o juiz verificar, pelo auto da prisão em flagrante, que o agente praticou o
ato nas condições constantes dos incisos I a III do caput do art. 23 do decreto – Lei 2.848 de 7
de dezembro de 1940 – código penal, poderá fundamentalmente conceder ao acusado a
liberdade provisória, mediante termo de comprometimento a todos os atos processuais, sob
pena de revogação”.

Casos de mortes ocasionadas durantes operações policiais são registrados como, “autos
de resistências”, no geral se dão em operações realizadas em áreas de moradias precarizadas
como as favelas, no “combate ao crime” e trafico de drogas, essas mortes são registradas de
modo que seus autores não são processados por dolo, mas estes atos são incluídos dentro dos
excludentes de ilicitude, em decorrência da legitima defesa.
Há nessas operações policiais uma tentativa de controle social, controle esse por meio
da violência, que por sua vez gera uma reação também de violência, e que na maioria das
vezes expõe terceiro a essa mesma violência. A interação policial x “criminoso” é de violência,
esses para tentar se resguardar de serem pegos de surpresa pelas operações policiais, infligem
uma dominação tão violenta quanto nas áreas por eles dominadas, e os policias por sua vez ao
adentarem nesses territórios já entram se defendendo no poder do armamento, que do outro
lado também se faz presente, e ai os três lados: traficantes, policiais e terceiros são todos
expostos ao risco de serem baleados.
A forma como esses incidentes são registrados tendem a demonstrar que por mais que
a violência também seja usada contra o estado (no caso seu representante, a policia) o
monopólio do uso da violência continua sendo do estado pois apenas ele tem a “legitimidade”
do uso, a legitima defesa só é considerada quando a morte é ocasionada pela policia, o
contrario não é cogitado, esses são responsabilizados pelos seus atos.
Os policiais envolvidos em tais ações são julgados mas com presumida legitima defesa, e
as apurações dos casos é levada com certa precariedade. Seja por negligencia dos policiais civis
(investigadores), ou pela condução das investigações e narrativa que se baseiam
majoritariamente pela versão dada pelos policiais que por tanto se tornam a versão oficial do
caso. Como as moralidades influenciam nas investigações, uma vez que as vitimas geralmente
tem antecedentes criminais, moram em áreas pobres e outras versões são ocultadas por medo
de retaliações.

Você também pode gostar