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Puoli e Bonizzi
Sexta feira das 18:20 às 19:55
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01.03.19 - Bonizzi
Provas ilícitas
De acordo com o professor, a prova ilícita é aquela que viola uma norma, seja de direito
material ou processual. Ela também pode ser produzida antes ou durante o processo.
Nas palavras de Dinamarco (página 54 do livro Instituições):
Provas ilícitas são as demonstrações de fatos obtidas por modos
contrários ao direito, que no tocante às fontes de provas [elementos
externos ao processo, pessoas, coisas etc] quer quanto aos meios
probatórios [técnicas destinadas a atuar sobre as fontes de prova]. A
prova será ilícita - ou seja, antijurídica e portanto ineficaz a
demonstração feita - quando o acesso à fonte probatória tiver sido
obtido de modo ilegal ou quando a utilização da fonte fizer por
modos ilegais.
Defeito na fonte de prova: interceptação telefônica, invasão de memória do computador,
quebra de sigilo bancário sem a devida autorização judicial etc…
- Professor as chama de provas ilícitas per se, materiais
Defeito na produção (meio) da prova: prática de tortura, ameaça ou extorsão na inquirição
de testemunhas.
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- Professor as chama de provas colhidas na forma ilícita, já que a prova testemunhal
por si só é admissível, mas circunstâncias as tornam ilícitas.
Temos um núcleo de garantias regido pela CF, desse modo, não é possível a obtenção de
provas que violem as garantias individuais (liberdade e intimidade, por exemplo). Trata-se
da imposição pela Constituição de um limite moral do direito à prova, que norteia a
conduta das partes e a atividade do juiz no processo.
Consequência ⇒ absoluta ineficácia da prova realizada através delas (art. 5º, LVI, CF e art.
369, CPC). Isso implicaria o juiz “fingir” não conhecer de fatos em razão da origem da prova.
Mas a consequência vai além disso, pois o STF adota a teoria dos “frutos da árvore
contaminada”, ou seja, são consideradas ineficazes as fontes e os meios probatórios
obtidos ou realizados em desdobramento de informações obtidas ilicitamente. Por
exemplo, seriam ineficazes todos os testemunhos prestados por pessoas cujos nomes
tivessem sido revelados em uma interceptação telefônica.
Contaminação ⇒ se o juiz viu e examinou uma prova ilícita, ele tem seu juízo alterado,
tornando seu julgamento tendencioso, mesmo se a prova for destranhada dos autos.
É possível ajuizar uma ação rescisória com base na alegação que o juiz se contaminou com
a prova ilícita? O professor aponta que sim, pois utilizar prova ilícita é ofensa
constitucional. Também não é uma alegação que preclui, mesmo não sendo alegado no
processo, pode debater na rescisória.
08.03.19 - Puoli
Depoimento pessoal
O depoimento pessoal é, em suma, o meio de prova que tem por fonte as próprias partes
da ação.
- Assim, quem presta depoimento pessoal são as pessoas físicas figurantes como
partes no processo e no caso de pessoas jurídicas, são os seus representantes
legais (admite-se também procurador com poderes especiais);
- O advogado da parte não é legitimado para prestar depoimento pessoal
representando seu cliente, tal vedação é da OAB.
Uma vez que a parte tem de antemão interesses em jogo, suas palavras costumam não
apresentar o mesmo peso das demais provas testemunhais (tendência de “puxar a
sardinha para o seu lado”).
- Inclusive por esta razão temos a regra do art. 385 que aponta que uma parte deve
pedir o depoimento pessoal da outra ou o juiz pode pedir de ofício, nunca o próprio
advogado da parte pode pedir que seu cliente seja ouvido.
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- Além disso, esta é a essência do art. 371, que permite que o juiz aproveite as
versões “auto favoráveis” se ele entender dignas de fé, mas primordialmente os
fatos que a parte afirmar contrariamente ao seu próprio interesse (confissão).
Uma vez chamada prestar o depoimento pessoal, a parte tem o ônus de depor (imperativo
do próprio interesse). Quando deixa de comparecer ou se nega a responder, há a “pena de
confesso”, ou seja, acaba favorecendo o adversário com relativa presunção de que as
alegações feitas por ele são verdadeiras.
- Para aplicação dessa pena é preciso que a parte tenha sido pessoalmente intimada
para prestar depoimento pessoal e advertida da pena de confesso (art. 385, § 1º,
CPC);
- Aplica-se pena de confesso no caso em um caso muito comum, no qual o
representante da pessoa jurídica comparecer, mas nada saber sobre os fatos
controvertidos ou se limitar a responder evasivas (art. 386, CPC);
- Professor afirma que a tentativa de obtenção da pena de confesso é a principal
motivação para que uma parte peça o depoimento pessoal da outra, tanto que é
comum pedir e uma vez verificado que a pessoa apareceu, desistir de seu
interrogatório.
- Quando o juiz, utilizando seus poderes instrutórios, determina o comparecimento
pessoal das partes para inquiri-las (art. 139, VIII, CPC), seu não comparecimento não
acarreta pena de confesso, mas junto com outros elementos probatórios, pode
desfavorecer a parte.
A parte tem tal ônus, mas mesmo assim, não é obrigada a depois sobre certos fatos
listados no art. 388, CPC, tais como fatos criminosos ou protegidos pelo sigilo da profissão.
É possível depoimento pessoal do MP?
O MP pode apresentar dois papéis, o de custos legis (fiscal do ordenamento jurídico) ou o
de legitimado (em defesa de interesses difusos como meio ambiente, propaganda
enganosa etc). A doutrina tradicional entende que como não é detentor dos direitos que
estão sendo debatidos, mas segundo Dinamarco (página 727), “sendo parte o MP, o
depoimento pessoal é prestado pelo promotor ou procurador que oficiar no feito, tendo
conhecimento dos fatos.”
Depoimento pessoal de incapazes
No caso de ser absolutamente incapaz, o entendimento majoritário vem se firmando no
sentido de que não há como fazer o depoimento pessoal. Claramente, por ser incapaz, ele
não pode fazê-lo, inclusive porque não poderia confessar. Mas o representante também
não pode prestar o depoimento, pois, ele em si não é parte, então entende-se que o
representante pode ser ouvido na condição de testemunha.
O relativamente incapaz pode depor por si mesmo acompanhado do seu assistente legal.
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15.03.19 - Bonizzi
Confissão
Segundo o art. 389, CPC, ocorre confissão quando a parte admite a verdade de fato
contrário ao seu interesse e favorável ao do adversário. A confissão nada mais é do que a
declaração de conhecimento, não é meio de prova e tampouco negócio jurídico.
A confissão pode vir em diversas formas, uma petição, um depoimento pessoal,
documento produzido fora do processo etc. Ou seja, pode ser judicial, extrajudicial,
espontânea ou provocada. Merece destaque a confissão judicial provocada, que é obtida
quando a parte em depoimento pessoal responde de modo contrário a si própria alguma
indagação formulada pelo juiz ou pelo defensor do adversário.
A consequência primordial da confissão é a incontrovérsia dos fatos afirmados por uma
das partes e reafirmados pela outra. Mesmo assim, existem fatos que integram o objeto da
prova de todo jeito (mesmo quando o réu é revel ou ele não impugnou especificamente),
são aqueles do art. 344, IV do CPC. Ainda sim, se subsistir dúvida, mesmo com a confissão,
o magistrado pode demandar provas adicionais, seguindo o pilar do livre convencimento
motivado. Além destas hipóteses, a eficácia da confissão é limitada nos seguintes casos:
- Art. 391 - limita a eficácia da confissão ao confitente, não podendo prejudicar
litisconsortes;
- Art. 391, § único - em matéria de bens imóveis, a confissão de um cônjuges não vale
sem a do outro
- Art. 392 - exclusão de eficácia com relação a fatos relativos a direitos indisponíveis
- Indisponibilidade subjetiva - menor de idade, tutelado e curatelado
- Nesse ponto uma polêmica comum é determinar se o Estado em juízo
poderia confessar. Entende-se que em regra não, mas nem todos os
bens e direitos do Estado são objeto de uma indisponibilidade
absoluta, assim, quando o Estado estiver em situação que particulares
poderiam estar. Mas em se tratando de temas próprios de direito
administrativo (poder de polícia, desapropriação etc…) não se admite
confissão.
- Indisponibilidade objetiva - matéria que não admite confissão (estado civil,
integridade física etc)
Confissão é irrevogável, mas pode ser anulada se incorrer em erro, dolo, coação (art. 393)
- Tratando-se de confissão extrajudicial, precisa ajuizar ação de anulação de negócio/
ato jurídico e alegar prejudicialidade
- Tratando-se de confissão judicial, ajuíza uma anulatória
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22.03.19 - Puoli
Prova documental
Na definição de Carnelutti, documento é uma coisa capaz de representar um fato.
Assim, documento nada mais é que um suporte material portador de símbolos capazes de
demonstrar a ocorrência de fatos. Costumamos pensar nos seguintes exemplos de
documentos: contratos, certidões e recibos. No entanto, documento abrange ampla gama
de opções como um vídeo, fotografia, planta de construção etc. Trata-se de uma fonte
passiva de prova.
Documento X instrumento
Documento é gênero a que pertencem os registros materiais de fatos. Já o instrumento é
apenas uma espécie de documento preparado pelas partes no momento em que o ato
jurídico vai sendo praticado, com objetivo de fazer prova futura daquele acontecimento. A
escritura pública é instrumento do contrato de compra e venda, o recibo de pagamento
dos aluguéis é instrumento da quitação. Mas uma carta, que um contraente dirige ao
outro, tratando de questões pertinentes ao cumprimento de um contrato anteriormente
firmado entre eles, seria um documento, mas não um instrumento.
Documento público X particular
O documento particular é aquele elaborado pelos particulares. Ele detém força probatória,
em especial, as declarações constantes do documento particular escrito e assinado, ou
somente assinado, presumem-se verdadeiras em relação ao signatário. Trata-se de
enérgica força probante, que se exerce, no entanto, apenas contra o signatário e não
perante a terceiros. Isso quer dizer que o documento particular de cuja autenticidade não
se duvida, prova que o seu ator fez declaração que lhe é atribuída (art. 412, CPC).
Já o documento público é proveniente de repartições públicas, ou seja é elaborado por
funcionários públicos no exercício de suas funções, seguindo padrões próprios para
lavratura. O documento público tem uma eficácia probatória acerca não só de sua
formação, mas também dos fatos que o escrivão, o chefe de secretaria, o tabelião ou o
servidor declarar que ocorreram em sua presença (art. 405, CPC). Tais agentes públicos são
dotados de fé pública, ou seja, há presunção relativa de veracidade dos fatos por eles
narrados.
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Os documento públicos podem ser judiciais (elaborado por escrivão), notariais
(proveniente de tabeliães ou oficiais de Registros públicos) e administrativos (oriundos de
outras repartições públicas)
29.03.19 - Bonizzi
Ata notarial
Ela é o registro escrito de informações levadas a um tabelião, ou notário e por ele
recebidas no exercício de suas funções. Tais informações chegam ao notário mediante
informações prestadas oralmente por algum sujeito, exibição de algum objeto, reprodução
de imagens, exibição de página da internet etc. Ela se tornou especialmente importante
tendo em vista que as relações passaram a ocorrer em meio eletrônico, assim é possível
atestar alguma informação que está sendo veiculada na internet.
Continuação prova testemunhal
Antigamente a prova testemunhal era de suma importância, mas hoje, com a evolução dos
meios eletrônicos (vídeos, gravações e fotos), vem sendo substituída pelos documentos.
Sobre quais fatos as testemunhas podem falar? Professor entende que o objeto da prova
está restrito às alegações feitas pelas partes. Assim, uma sentença não pode dar
acolhimento ao pedido com base em um fato que somente foi suscitado em audiência, não
sendo objeto de debates pelas partes (seria cerceamento de defesa).
O direito material estabelece alguns fatos que não podem ser provados por testemunhas,
como é o caso de casamento (art. 1543,CC), fiança (art. 819, CC), seguro (art. 758, CC).
Nos contratos, em geral, a lei pede prova documental, independentemente do valor da
obrigação. Um começo de prova escrita (e-mail, tratativas, minutas de reuniões) se faz
necessário para então complementar com testemunhas.
Juiz indefere prova testemunhal acerca de fatos já comprovados por documentos, ou de
fatos que já foram confessados.
Trazer um perito para falar sobre aspectos técnicos é uma figura muito comum no direito
americano, mas que não é possível no nosso ordenamento, exceto em juizados especiais
(mesmo assim, usado raríssimas vezes).
05.04.19 - Puoli
Continuação prova documental
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Se de um lado, a lei não tarifa a força das provas, ela exige que para determinados fatos a
prova seja feita de maneira específica.
As provas mudaram muito com o desenvolvimento da tecnologia, o Código mesmo sendo
de 2015 traz alguns suportes pouco usados nos dias de hoje tal como mensagem
telegráfica, que deram lugar a mensagens de whatsapp, por exemplo.
Falsidade do documento
O documento é idôneo quando a declaração é verdadeira e a assinatura autêntica. Em
regra, estabelecida a autenticidade do documento, presume-se verdadeira a declaração
nele contida.
Por isso, a não ser os casos de vícios materiais evidentes (rasuras, borrões, emendas), não
basta à parte impugnar o documento si produzido. Pois no sistema do Código, só cessa a
fé do documento público ou particular “sendo-lhe declarada judicialmente a falsidade”
Existem duas formas de obter declaração judicial de falsidade: (i) ação declaratória
autônoma (art. 19, II, CPC) e (ii) incidente de falsidade (art. 430, CPC).
Espécies de falsidade
Distingue-se a falsidade de assinatura e a falsidade de documento.
Juntado o documento por uma parte e negado a assinatura pelo outro, incumbirá ao
primeiro o ônus de provar a veracidade da firma, o que será feito na própria instrução da
causa, sem a necessidade de incidente próprio.
Além da questão da assinatura, o documento pode ser falso em dois sentidos:
- Declaração intrinsecamente se refere a um fato não verdadeiro
- Chamada de falsidade ideológica, que corresponde ao fruto da simulação ou
de vícios do consentimento (erro, dolo, coação)
- Enseja a anulação do ato jurídico, o que só pode ser pretendido em ação
própria em que busque sentença constitutiva
- Vício na forma e nos aspectos exteriores da formação do documento
- Falsidade material
- A doutrina majoritária afirma que estes vícios que podem ser alvo de
incidente de falsidade
- Exemplo do art. 430, I: utiliza papel assinado em branco e nele se lança uma
declaração nunca formulada, nem desejada pelo signatário, se utiliza apenas
parte final de um texto, de onde se extrai assinatura da parte para incluí-la
num outro texto. Nestes casos não é falsidade ideológica porque o autor
nunca quis declarar aquele fato, outra pessoa que o fez.
- Exemplo do art. 430, II: não se cria documento novo, mas apenas modificam
cláusulas, palavras em documento preexistente.
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Ônus da prova em falsidade documental é tratada no art. 429, CPC, se tratar de falsidade
de documento ou de preenchimento abusivo, à parte que a arguir e quando se impugna a
autenticidade, a parte que produziu o documento.
Arguição de falsidade
Ela pode ser uma simples matéria de defesa, mas pode também constituir um incidente
em que a falsidade se torne questão principal a ser solucionada.
- Consiste incidente de falsidade quando arguido como questão principal, numa
verdadeira ação declaratória incidental, o juiz além de solucionar a lide pendente,
terá que declarar a falsidade
- O incidente ocorre nos próprios autos, uma vez que deve ser suscitado na
contestação, na réplica ou em quinze dias da juntada do documento ao processo.
Admitido o incidente, o juiz mandará a parte que produziu o documento a
responder no prazo de quinze dias, este por sua vez pode responder ou silenciar (se
presume que está insistindo na validade do documento). O juiz pode determinar a
produção de prova pericial caso a questão permaneça controvertida.
- Uma vez que se trata de um incidente, a falsidade será apreciada nos motivos da
sentença e não em seu dispositivo, sendo assim, não fará coisa julgada (art. 504, I,
CPC).
Documento eletrônico
O documento eletrônico é aquele que resulta do armazenamento de dados em arquivo
digital.
O problema do seu uso no processo judicial liga-se à sua autenticidade e integridade, uma
vez que ele não é assinado por seu autor (com o caneta) e mais suscetível de sofrer
alterações. Em decorrência desta problemática, criaram-se maneiras de checar a
autenticidade (ex: certificado e assinatura digital)
Mesmo assim, o documento eletrônico desacompanhado da certificação digital não perde
sua eficácia probatória. Depende da impugnação da outra parte e da apreciação do juiz.
Exibição de documento
A exibição de documento ou coisa pode ser formulada por uma das partes contra a outra,
bem como determinada de ofício pelo juiz, caso este entenda necessário.
Qualquer que seja a forma, a finalidade da exibição é constituir prova a favor de uma das
partes. Pode ser prova direta, quando se trata, por exemplo, da exibição de um contrato;
ou prova indireta, quando, por exemplo, se requer a exibição de um veículo acidentado
para submetê-lo à perícia.
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Deferida a exibição, procede-se à intimação da parte contrária, que pode adotar três
atitudes distintas: fazer a exibição, permanecer inerte ou responder negando a existência
do documento ou da coisa ou o dever de fazer a exibição. Feita a exibição, o procedimento
encerra-se. Permanecendo inerte ou negando a existência do documento ou da coisa ou
negando o dever de apresentá-lo, o juiz decidirá o pedido, depois de permitir ao
requerente provar que as alegações do requerido não correspondem à verdade (art. 398,
CPC)
Julgando procedente o pedido de exibição, o juiz admitirá como verdadeiros os fatos que,
por meio do documento ou da coisa, a parte pretendia provar. Trata-se de decisão
interlocutória, que desafia agravo de instrumento.
Nos termos do art. 400, parágrafo único, “sendo necessário, o juiz pode adotar medidas
indutivas, coercitivas, mandamentais ou sub-rogatórias para que o documento seja
exibido”.