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APOSTILA PREPARATÓRIA PARA CONCURSOS

E VESTIBULARES:

HISTÓRIA DO
1
PARANÁ

PROFESSOR: Thiago Veronezzi 2

1
Ressaltando que a apostila NÃO é de cunho integralmente autoral; tal material foi
confeccionado com base em um aglomerado de partes e frases (de modo que os materiais
consultados foram se complementando a fim de aumentar a qualidade da apostila) das
referências e bibliografia citadas ao fim do conteúdo.
2
E-mail: tchveronezzi_@hotmail.com / thiago.veronezzi@grupointegrado.br
Facebook: Thiago Veronezzi (https://www.facebook.com/thiagoo.veronezzi).
Currículo Lattes : Thiago Chaves Veronezzi (http://lattes.cnpq.br/1976252968129472).

1
SUMÁRIO

AS POPULAÇÕES NATIVAS...................................................................................................03

A PRESENÇA EUROPEIA NO TERRITÓRIO PARANAENSE........................................................10

OCUPAÇÃO E POVOAMENTO DO PARANÁ....................................................................................20

COLÔNIAS MILITARES NO PARANÁ .................................................................................34

UMA EXPERIÊNCIA ANARQUISTA NO PARANÁ: COLÔNIA CECÍLIA .....................37

AUTONOMIA POLÍTICA DO PARANÁ................................................................................................40

ASPECTOS DA ECONOMIA DO PARANÁ..........................................................................................46

ESCRAVIDÃO...................................................................................................................................................59

IMIGRAÇÃO.....................................................................................................................................................63

MOVIMENTOS MILITARES E REVOLUCIONÁRIOS.....................................................................67

A CONSTRUÇÃO DA INFRAESTRUTURA ..........................................................................78

OS TRÊS PARANÁS.....................................................................................................................................82

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.........................................................................................................87

2
AS

POPULAÇÕES

NATIVAS

3
AS POPULAÇÕES NATIVAS PARANAENSES

Os territórios hoje denominados de Paraná3 vêm sendo continuamente habitados por


diferentes populações humanas há cerca de 8.000 anos atrás, de acordo com os vestígios
materiais mais antigos encontrados pelos arqueólogos. Todavia, se considerarmos a cronologia
dos territórios vizinhos que foram ocupados em épocas anteriores, é provável que ainda
possam ser obtidas datas que poderão atestar a presença humana em períodos mais recuados,
podendo alcançar até 11 ou 12.000 antes do presente.
No Paraná duas grandes nações nativas habitavam essa região primitivamente: os
tapuias ou Jês (composto por Kaingángs e Botocudos ou Xokléngs) e os tupis- guaranis
(composto por Guaranis e Xetás).
Os grupos em que classificamos os nativos paranaenses são: os de floresta tropical,
que já utilizavam peças de cerâmica, redes, navegação fluvial e práticas de agricultura como os
tupis-guaranis; existem também tribos na classificação marginal, que desconhecem a rede,
tendo sua sobrevivência através da caça e da pesca com apenas uma cerâmica e uma agricultura
muito rudimentar, já nesse exemplo se encaixa os tapuias ou Jês. Portanto, os únicos elementos
em comum eram: o arco e a flecha, a lança e a esteira.
Os principais vestígios arqueológicos deixados pelos índios são os sambaquis, que são
montes de ostras e conchas, misturados com ossos de animais, sobretudo marinhos, formados
artificialmente pela mão do homem ao longo de vários anos na costa, em lagos ou em rios
litorâneos. Os sambaquis são mais conhecidos como ostreiras. São muito numerosos, só no
litoral são maisde 200.
Com relação à distribuição geográfica, as populações nativas paranaenses
estiveram distribuídas da seguinte forma: os tupis-guaranis e suas tribos estiveram no
noroeste, oeste e no litoral do estado; já os tapuias ocupavam o norte e o centro do
estado.

DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA DAS POPULAÇÕES NATIVAS PARANAENS ES :

3O nome do Estado vem do nome indígena do rio homônimo em tupi: pa’ra = “mar” mais “nã”
= “semelhante, parecido”. Paraná é, enfim, “semelhante ao mar, rio grande, parecido com o
mar”.

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POVOS INDÍGENAS NO PARANÁ

No Estado do Paraná existem atualmente três etnias indígenas: Guarani, Kaingang e Xetá. A
grande maioria vive nas 17 terras indígenas demarcadas pelo governo federal, onde recebe
assistência médica, odontológica e educação diferenciada bilíngüe.
A economia dessas comunidades indígenas baseia-se na produção de roças de subsistência,
pomares, criação de galinhas e porcos. Para complementar a renda familiar, produzem e
vendem artesanato como cestos, balaios, arcos e flechas.
Professores índios alfabetizam as crianças na língua Guarani ou Kaingang, o que tem
contribuído para a valorização dos conhecimentos tradicionais e a conseqüente preservação da
identidade cultural.
É grande a influência que o paranaense recebeu desses grupos indígenas. Na culinária, além do
consumo da erva-mate fria ou quente, adotamos o costume de preparar alimentos com mandioca,
milho e pinhão, como o mingáu, a pamonha e a paçoca.
No vocabulário é freqüente o uso de palavras de origem Guarani para designar nomes de
espécies nativas de frutas, vegetais e animais. Podemos citar como exemplos: guabiroba,
maracujá, butiá, capivara, jabuti, biguá, cutia. De origem Kaingang temos os nomes de
municípios como: Goioerê, Candói, Xambrê e Verê.

Povo Guarani

O Povo Guarani pertence ao tronco linguístico Tupi. Este


grupo foi dividido na metade do século XX em três
subgrupos – agrupados a partir de diferenciações dialetais e
sistemas de crenças e rituais: Guarani-Nhandeva, Guarani-
Kaiowá (conhecidos como Pay Tavyterã no Paraguay) e
Guarani-Mbya.
Antes da colonização européia e da conseqüente perda de
parte de seus territórios, os Guarani distribuíam-se desde do
litoral estendendo-se às florestas subtropicais do planalto,
até o rio Paraná a oeste. Estabeleciam suas aldeias
geralmente em regiões de floresta tropical, fazendo
clareiras na mata, usando as áreas próximas para caça,
coleta e agricultura.
Permaneciam no mesmo local, entre cinco a seis anos, até
esgotarem os recursos naturais, sendo que depois do solo
descansar e a fauna se recompor, retornavam aquela área.
Normalmente a aldeia compunha-se de cinco a seis casas
comunitárias, sem divisões internas, em cada qual viviam
de vinte a trinta pessoas.
No centro da aldeia existia a casa de rezas, onde eram realizadas as atividades rituais. No interior
das habitações e nas áreas periféricas da aldeia concentravam-se as atividades femininas
relativas aos cuidados das crianças e ao preparo dos alimentos.
Desenvolveram uma cerâmica decorada, confeccionando abundante quantidade de recipientes de
argila queimada. Fabricavam cestas e peças variadas, com fibras e taquaras, inclusive redes de
dormir e ainda fiavam algodão para confecção de peças de vestuário.
Nos séculos XVIII e XIX, os Guarani que habitavam o interior do Paraná, foram utilizados como
mão-de-obra servil na atividade pecuária, ou reunidos pelo Governo em reservas indígenas
denominadas aldeamentos. Muitos entretanto fugiam em direção ao litoral, considerado local
sagrado segundo a mitologia do grupo.
Entre os Guarani, estão presentes em seus discursos cosmológicos, desde o século XVI,
referências à Terra Sem Mal, a qual seria um lugar indestrutível, morada dos ancestrais, dos
deuses, da abundância, das danças, acessível aos vivos onde é possível ascender sem a
necessidade de morte. A Terra Sem Mal é, efetivamente, a preocupação dos xamãs guarani. O
xamanismo ocupa um espaço central na cosmologia e na construção da sociabilidade Guarani.
5
O xamã – Karaí circula e mantém contato entre o mundo dos vivos, dos mortos, dos espíritos,
da natureza etc. É através desse contato com os diversos mundos, que adquirem forças para
estabelecer as relações na aldeia.
Os Guarani necessitam do trabalho do xamã para constituir seu universo social. Através de seu
trânsito entre as divindades, o xamã adquire conhecimentos e forças para levantar as relações
sociais típicas do modo de ser Guarani, “sem xamã não há agricultura, caça, pesca, parentela
nem tekoha”.
O povo Guarani possui seus métodos próprios de ensino-aprendizagem que é, assim como o
xamanismo, articulado em dois universos: o cosmológico (conhecimento divino) e o sociológico
(conhecimentos individuais experimentados ao longo da vida).
Uma definição da ciência para o povo Guarani pode ser resumida em: compreender sempre o
que se escuta por si dos deuses e o que aconselham entre si os humanos. Os mais velhos seres
potencialmente divinos, são dotados de maior sabedoria e ocupa um espaço central na
transmissão dos conhecimentos, fazendo circular o nhe’e porã – as belas palavras, entre os
parentes, orientando as condutas moralmente aceitas em sociedade. Nas palavras dos xamãs, os
conhecimentos que unem homens e deuses são reproduzidos e socializados no interior da Opy.
A oralidade é a forma de transmissão de saberes mais valorizada entre os Guarani, a partir da
qual são repassadas as narrativas de eventos míticos, história dos antepassados e suas
experiências pessoais. Os Guarani ensinam e aprendem conversando, as falas são discretas e
mansas.

Povo Kaingang

O povo Kaingang pertencente à família linguística Jê, tronco Macro-Jê, é representada,


atualmente, por uma população de cerca de 30 mil pessoas distribuídos em 32 Terras Indígenas,
pelos Estados de São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. No Estado do Paraná,
contabilizam, aproximadamente, 9.120 pessoas, distribuídos em 13 Terras Indígenas.
Preferiam habitar as regiões de campos e florestas de Araucária angustifolia, onde tinham no
pinhão sua principal fonte de subsistência.
Os territórios Kaingang compreendiam além das aldeias, extensas áreas, onde estabeleciam
acampamentos utilizados nas expedições de caça, pesca e coleta. Faziam armadilhas de pesca
denominadas pari com as quais obtinham grande variedade de peixes. Esta forma de pesca
tradicional ainda se mantêm entre os Kaingang dos rios Tibagi e Ivaí.

Cabia as mulheres o preparo da


comida, os cuidados com as
crianças, a confecção de cerâmica e
o plantio de roças nas proximidades
da aldeia, onde cultivavam milho,
abóbora, feijão e mandioca.
Entre os Kaingang, a cosmologia e a
organização social são marcadas por
um sistema de metades
denominadas Kamé e Kairu, que
classificam os parentes, os não-
parentes, os humanos, as plantas, os
animais e os espíritos. Na mitologia
são os irmãos gêmeos, responsáveis
pela criação dos seres da natureza e dos homens, que definiram as regras sociais e as condutas
morais que os Kaingang devem seguir. Entre estas regras está o casamento exogâmico, a
descendência patrilinear, a nominação e as práticas rituais.
Entre os Kaingang, há complementaridade entre conhecimentos transmitidos pela via paterna e
materna. O pai transmite para o filho bens materiais (entre eles o sítio, de domínio sociológico),
e também conhecimentos específicos, entre eles os conhecimentos xamânicos (de domínio
cosmológico).
6
O principal ritual dos Kaingang é o culto aos mortos, denominado kikikoi, onde todos
participavam exibindo pintura corporal, rezando, cantando e dançando uma coreografia
inspirada no movimentos do tamanduá. Neste ritual as crianças são pintadas pela primeira vez
com desenhos circulares ou alongados, identificando-se desta forma com a metade clânica a qual
pertencem.
No século XIX, a atividade tropeira e a conseqüente expansão das fazendas de gado sobre os
campos gerais, de Guarapuava e de Palmas, atingiu diretamente os territórios tradicionalmente
ocupados pelos Kaingang. Após violentos embates os grupos que sobreviveram passaram a viver
nos aldeamentos organizados pelo Governo. No início do século XX, passaram a viver em
reservas criadas pelo Serviço de Proteção ao Índio -SPI, posteriormente denominado Fundação
Nacional do Índio.
Decorridos 500 anos de contato os Kaingang preservam o seu idioma, possuem nomes indígenas
e conhecem seu grupo clânico, apesar de raramente utilizarem a pintura corporal

XETÁ
Desde o final do século XIX, já existiam relatos sobre a presença de índios no centro sul do
Paraná, denominados Xetá. Este grupo indígena pertencente ao tronco linguístico Tupi-Guarani,
foi oficialmente contatado na década de 1950, pelo Serviço de Proteção aos Índios, atual FUNAI,
na região da serra dos Dourados no noroeste do Paraná.
Diversas expedições organizadas pela Universidade do Paraná e pelo SPI, chefiadas pelo
antropólogo José Loureiro Fernandes entraram em contato com 60 indivíduos de um grupo
maior de 200 pessoas, quando foram realizados estudos linguísticos e da cultura material Xetá.
O cineasta tcheco Vladimir Kozák efetuou registros destes índios através de filmes, fotografias
e desenhos, os quais constituem acervo do Museu Paranaense.
Considerado à época do contato como um povo que vivia somente da caça e coleta, estudos mais
recentes constataram que a situação dos Xetá naquele momento, justificava-se pelos constantes
deslocamentos do grupo provocados pela expansão cafeeira. Da mesma forma, na mitologia
Xetá aparecem indícios de que no passado estes índios conheciam o milho e a agricultura.
Vítimas do extermínio gerado pela expansão cafeeira, os seis remanescentes Xetá e seus
descendentes anseiam por reunirem-se novamente em uma terra só deles. De acordo com a
Fundação Nacional do Índio, a Terra Indígena Xetá encontra-se atualmente em processo de
demarcação pelo governo federal.

7
EXERCÍCIOS

QUESTÃO 01:
(UEM-2009) Os índios que habitavam as terras hoje pertencentes ao estado do Paraná eram divididos
em dois grandes grupos: os tupis-guaranis, que predominavam no litoral, e os tapuias ou jês. Sobre
esses habitantes, assinale a(s) alternativa(s) correta(s).

01) Os tupis-guaranis praticavam a agricultura, plantando milho, mandioca, algodão e fumo.


02) A erva-mate, cujo consumo é bastante disseminado na região Sul do Brasil, já era utilizada pelos
índios.
04) A agricultura praticada pelos tapuias era bastante desenvolvida, com a utilização de um arado de
madeira que os tupis desconheciam.
08) Os tupis-guaranis produziam objetos em cerâmica, teciam redes a partir do algodão que
cultivavam e produziam farinha de mandioca.

16) Para estudar as populações indígenas que viveram no Paraná, os pesquisadores recorrem a
procedimentos e a técnicas próprias da Arqueologia.

QUESTÃO 02:
(UEM-2010) Quando os primeiros europeus chegaram à América, viviam, no território do atual
Estado do Paraná, vários povos indígenas. A respeito desses povos, assinale a(s) alternativa(s)
correta(s).

01) Entre os povos que habitavam a região, podem ser citados os Guarani e os Kaingang.
02) Os Guarani praticavam a agricultura, cultivando mandioca, milho, algodão, entre outros produtos.
04) Os Kaingang praticavam uma agricultura mais complexa que as tribos do litoral, utilizando- se do
arado para cultivar as áreas que eram desmatadas pelas queimadas.
08) Os jesuítas espanhóis que se fixaram na atual região Norte do Estado do Paraná, no início do
século XVII, tinham como objetivo a catequese dos índios.
16) Os Xokleng, também chamados Botocudos, os Xetá, os Tupinambá e os Aymoré, povos
agricultores, eram os grupos mais numerosos na região onde atualmente se localiza o município de
Maringá.

QUESTÃO 03:
(UEM-2011) Sobre grupos indígenas e os contatos estabelecidos com o colonizador europeu na
região que veio a se constituir no atual Estado do Paraná, assinale a(s) alternativa(s) correta(s).

01) No litoral do atual Estado do Paraná, predominavam, assim como no restante do Brasil, os
caingangues.
02) As técnicas agrícolas utilizadas pelos índios que habitavam o litoral paranaense visavam à
preservação da natureza. Isso pode ser observado pela sedentarização e fixação dessa população na
região, já no século XV.

8
04) No Paraná, um dos vestígios arqueológicos deixados pelos indígenas são os sambaquis,
encontrados no litoral.
08) A partir da segunda metade do século XVI, empenhados na conversão dos nativos ao cristianismo,
missionários jesuítas penetram no território que se constituiria no Estado do Paraná.
16) Durante o período da União Ibérica, entre 1580 e 1640, ocorreram o desenvolvimento e os
ataques dos paulistas às reduções jesuíticas do Guairá.

9
A

PRESENÇA EUROPEIA

NO

TERRITÓRIO

PARANAENSE

10
O PARANÁ ESPANHOL

No final do século XV, quando Espanha e Portugal celebraram o Tratado de


Tordesilhas4 que dividia as terras descobertas entre as duas coroas cristãs, a maior parte das
terras brasileiras, inclusive o Paraná, ficou sob a jurisdição espanhola.

TERRITÓRIO SOB O DOMÍNIO ESPANHOL

TERRITÓRIO SOB O DOMÍNIO PORTUGUÊS

Os contatos dos europeus com os nativos habitantes da região ocorreram no início do


século XVI, com os primeiros navegantes que aportaram ou passaram pelo litoral paranaense,
e pelas primeiras expedições portuguesas e espanholas que percorreram o interior do
Paraná rumo ao Império Inca.
Quando os primeiros europeus começaram a desembarcar no litoral sul do Brasil para
abastecerem seus navios com água, lenha e alimentos, aqui deixavam desterrados ou náufragos
que tomaram conhecimento, por meio dos Guaranis, das enormes riquezas existentes a
oeste de seus territórios. Esses desterrados e/ou náufragos, em conjunto com os índios,
prepararam expedições para irem até as terras onde existiam ouro e prata em
abundância. Começou então o processo de desvendamento e conquista dos territórios
indígenas do interior, o que seria mais tarde o estado do Paraná.
O reino de Portugal apenas começou a colonização de suas possessões americanas por
volta das três décadas após o achamento das terras por Cabral em 1500. Já a coroa
espanhola passou a organizar expedições por volta de 1515 à procura de uma passagem
interoceânica no estuário da Prata.
4 Assinado na povoação castelhana de Tordesilhas em 7 de Junho de 1494, foi um acordo celebrado
entre o Reino de Portugal e o recém-formado Reino da Espanha para dividir as terras “descobertas
e por descobrir” por ambas as Coroas fora da Europa.

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Numa dessas expedições foi encontrado o Caminho de Peabiru (este caminho já era
utilizado pelos indígenas, onde saia do oceano Atlântico, próximo a São Vicente, e chegava até
o Pacífico, no território do Peru.). Aleixo Garcia, um espanhol naufragado, chegou ao litoral da
capitania de Sant’ana e logo fez contato amistoso com os índios da região. Logo, Aleixo ficou
sabendo das terras mais a oeste que emanavam ouro. O espanhol juntou cerca de dois mil índios
e se lançou em direção ao Império Inca pelo que seria conhecido como Caminho de Peabiru.
Aleixo até conseguiu alguma prata, mas, quando voltava ao Paraguai, sua expedição foi atacada
por índios Payaguás, provocando a morte de Aleixo Garcia e boa parte de seus homens.

CAMINHO DE PEABIRU:

Foram comuns expedições espanholas adentrando o território paranaense. Como


exemplo, o famoso Álvar Nuñes Cabeza de Vaca que fora enviado pela coroa espanhola
por volta de 1541, para reconhecimento da região. Percorreu por via terrestre com sua
expedição que contava com cerca de quatrocentos homens e quarenta cavalos, sendo guiados
por índios guaranis. Percorrendo basicamente o mesmo caminho de Aleixo Garcia do planalto
curitibano a região de foz do Iguaçu.
Em 1554 é fundado na foz do Rio Ivaí com o Rio Paraná, por Domingos Martínez de
Irala, então governador do Paraguai5, o primeiro povoamento paranaense, a Vila de Ontiveros.
Ademais, Ruy Dias Melgarejo, em 1553-1554, percorreu duas vezes o interior do
Paraná, desde Ontiveros até São Vicente, e regressou em 1555, partindo do litoral, em Santa
Catarina, seguindo o mesmo roteiro de Cabeza de Vaca. Melgarejo teve um destacado papel
entre os conquistadores espanhóis no interior do Paraná, porque

5 Osespanhóis começaram a conquista da região fundando Buenos Aires em 1536 e Assunção


em 1537. A atual capital do Paraguai foi o centro da colônia espanhola no sul da América.

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conduziu a fundação de Ciudad Real Del Guairá (1557) e de Villa Rica do Espiritu Santu
(1576) 6.
Os colonos espanhóis, habitantes de Ciudad de Guairá e de Villa Rica começaram a
escravizar os milhares de índios existentes na região. O principal trabalho dos escravos era a
coleta e beneficiamento de erva-mate nos ervais nativos da região.

Administração espanhola em suas possessões: os adelantados e a encomienda

A coroa espanhola delegava autoridade a algumas pessoas providas de condições e


bens para ocuparem e colonizarem as terras nativas; esses conquistadores eram conhecidos
como adelantados. De acordo com as ordens da coroa de Castela, eles deveriam ensinar os
nativos a garantirem um ofício (era comum a situação de mestre e aprendiz durante muito tempo
na Europa). Além disso, ficava a cargo desses conquistadores a responsabilidade de
catequização da população nativa.
Contudo, os nativos não receberiam isso de bom grado, eles pagariam taxas ou serviços
a esses conquistadores. O trabalho em troca da “civilização” era conhecido como encomienda.
Na prática esse sistema colocava o nativo na condição de escravo. Tal condição fez surgir
núcleos de revolta de índios guerreiros na região Del Guairá e diversas manifestações de
negação à submissão das ordens espanholas.
Devido às dificuldades de submissão dos índios, foi sugerido ao rei que a pacificação e
a conversão fossem confiadas aos jesuítas espanhóis . A sugestão foi aceita, criando-se
pela Carta Régia de 1608 a Província Del Guairá7, abrangendo justamente as terras do
ocidente do Paraná. Ali seriam estabelecidas as Reduções Jesuíticas do Guairá, chegando,
a leste, até o rio Tibagi; ao norte, ao rio Paranapanema; ao sul, ao rio Iguaçu; a oeste, ao rio
Paraná.
Em 1588, os padres Manuel Ortega, Juan Saloni e Thomas Fields percorreram a região
do Guairá visando conhecer o potencial humano para futuros trabalhos missionários, a exemplo
do que já ocorria na costa do Brasil desde 1549. Informaram aos seus superiores a existência
de milhares de índios Guarani na região, bem como reconheceram uma série de peculiaridades
culturais, sociais e políticas que seriam uteis alguns anos depois. Era o início das atividades
religiosas no Guairá, e os conquistadores passaram a veicular os elementos básicos de sua
cultura por intermédio dos padres jesuítas.

Reduções Jesuíticas no Guairá

Os jesuítas aplicaram, no Guairá, um novo método de catequese, qual seja o das


reduções. No início do seu trabalho, os padres jesuítas tiveram o apoio da administração
colonial, que deu terras, construiu casas e igrejas. Estado e Igreja estavam unidos. Isso,
porém, durou pouco tempo. Com o objetivo de proteger o indígena, os jesuítas entraram em
choque com os espanhóis de Vila Rica e Ciudad Real, cujos habitantes desejavam escravizar
os nativos.
6 O povoado de Ontiveros foi transferido em 1537 por Ruy Dias Melgarejo para a foz do rio Piquiri,
mudando o nome de Ontiveros para Ciudad Del Guayrá (hoje Cidade de Guaíra). Mais tarde, em 1576,
o mesmo Melgarejo fundaria na confluência dos rios Corumbataí e Ivaí, a Villa Rica Del Espírito Santo
(próximo da atual cidade de Fênix).
7 Guairá do tupi-guarani significa: gua+i+rá = “água que cai” (catarata) ou guaí-ra =

“gente+abundância” (local populoso).

13
Sabiamente, os jesuítas não quebrariam a hierarquia dos índios nas reduções.
Adaptaram os chefes indígenas aos cargos existentes numa vila espanhola. Porém, nunca
deixaram de ter a supremacia. Exerciam, portanto, uma ação paternal sobre o indígena
aldeado.
No limiar dos seiscentos, os portugueses chegaram à região em busca do seu butim:
escravos indígenas para o trabalho nas fazendas paulistas, metais preciosos e
outras riquezas8. Ressalta-se que desde a fundação de São Vicente, em São Paulo, eles já
preavam os Guaranis do litoral e das encostas das serras paranaenses.
Os primeiros ataques às reduções Del Guairá foram realizados pelas bandeiras chefiadas
por Manoel Preto. Em 1623, ele e seu irmão, Sebastião Preto, prepararam uma expedição que
deixou São Paulo praticamente despovoada de homens. O ataque rendeu cerca de três mil
cativos, que foram levados para as fazendas do planalto e para outras praças.

REDUÇÕES JESUÍTICAS E EXPEDIÇÕES DOS BANDEIRANTES :

As primeiras décadas do século XVII foram marcadas por uma intensificação


das ações dos europeus no Guairá. De um lado, existiam os choques entre os índios Guarani
e dos encomenderos espanhóis que os exploravam no trabalho semiescravo da coleta da erva-
mate. Os padres jesuítas, em sua pregação religiosa, tentavam inculcar os valores da sociedade
invasora junto às populações indígenas existentes na região. Contrariando os interesses dos
encomenderos espanhóis e dos padres da Companhia de Jesus, vieram os paulistas com a
intenção de buscar seu butim.
Os padres da Companhia de Jesus fundaram, junto com os índios, quatorze Reduções
nos vales dos rios Paraná, Iguaçu, Piquiri, Ivaí, Paranapanema, e Tibagi.

8 As incursões para aprisionar índios se intensificaram durante o domínio espanhol, entre 1580 e 1640,
(período em que o rei da Espanha foi também rei de Portugal) em virtude da Holanda, que estava em
guerra com a Espanha, ter dificultado a vinda de escravos africanos. Com isso a procura de escravo
índio aumentou. A grande quantidade de índios aldeados pelos jesuítas no Paraná – mais de 100.000
– foi ímã que atraiu os bandeirantes.

14
No ano de 1628, as reduções Del Guairá foram arrasadas e reduzidas às
cinzas.
Esperando escapar dos paulistas, os jesuítas transferiram-se para o Tape,
no atual Rio Grande do Sul, e Mato Grosso. Os bandeirantes igualmente arrasaram a nova
missão, aprisionaram 1500 Guaranis, levando-os como prisioneiros para São Paulo.
As consequências desse contexto foram: fracasso das reduções; incorporação do
território paranaense às possessões portuguesas pelo Tratado de Madrid em 1750 (foi um
acordo entre Portugal e Espanha, que objetivava o estabelecimento das fronteiras entre terras
portuguesas e espanholas no sul do Brasil e abandono de demasiados territórios paranaenses
por muitos anos.

O PARANÁ PORTUGUÊS

Em 1534, Pero Lopes de Souza recebeu a Capitania de Santa Ana, e em 1543,


Martin Afonso de Souza recebeu a Capitania de São Vicente. Os irmãos Souza não
demonstraram interesse na ocupação do litoral paranaense e após a morte desses dois
donatários, surgiu uma disputa entre seus herdeiros.
A ocupação do Paraná pelos portugueses, centrada em Paranaguá e Curitiba,
teve inicialmente, como imã, o ouro, juntamente com a caça ao índio.

EXERCÍCIOS

QUESTÃO 01:
(UEM-2012) Sobre a colonização europeia da região compreendida entre os rios Paraná,
Paranapanema, Tibagi e Iguaçu, que em nossos dias fazem parte do Estado do Paraná, assinale a(s)
alternativa(s) correta(s).

01) No início da segunda metade do século XVI, os espanhóis iniciaram a colonização europeia
daquela região, com a fundação de vilas.

02) O estabelecimento dos portugueses na região ocorreu com a expulsão dos espanhóis no início do
século XVIII, quando, com o apoio dos bandeirantes paulistas, os jesuítas portugueses fundaram as
missões do Guairá.

04) As reduções que foram organizadas pelos jesuítas para a catequese dos índios entravam em
conflito com os interesses dos adelantados espanhóis, que utilizavam a mão de obra indígena por meio
das encomiendas.

08) Entre os principais povoados que foram fundados na região, Paranaguá atingiu um grande
desenvolvimento econômico, no século XVIII, em razão da extração do ouro.

16) Essa região era, no século XVI, povoada por indígenas, com o predomínio de grupos tupi- guarani.

QUESTÃO 02:

15
(UEM-2012) Sobre a criação dos aldeamentos indígenas no Paraná, ao longo do século XIX, assinale
a(s) alternativa(s) correta(s).

01) Quando do início da ocupação dos Campos de Guarapuava, na década de 1810, a Coroa
portuguesa criou a povoação de Atalaia, atraindo os índios Kaingang.

02) O surgimento da povoação de Palmas, na década de 1820, contou com a presença de índios da
etnia Xetá.

04) O aldeamento de São Jerônimo, organizado na década de 1850 para os Kaingang, serviu de apoio
estratégico na Guerra do Paraguai.

08) A Colônia Militar de Foz de Iguaçu, criada na década de 1860, contou desde seu início com os
índios da etnia Xokleng.

16) A Colônia Militar de Umuarama, criada na década de 1890, contou com a presença de índios
Guaranis.

QUESTÃO 03:
(UEM-2011) Ao longo dos séculos XVI e XVII, os europeus realizaram expedições e iniciaram a
ocupação de regiões do atual Estado do Paraná. A esse respeito, assinale a(s) alternativa(s)
correta(s).

01) As terras da região central do Estado do Paraná, os Campos Gerais, foram ocupadas no século
XVI pelos tropeiros que conduziam os animais para as regiões de mineração no Centro- Oeste.

02) Na segunda metade do século XVI, jesuítas, subordinados ao padroado português, estiveram no
atual território paranaense com o objetivo de catequizar os índios carijós.

04) Na segunda metade do século XVI, o governador do Paraguai, subordinado ao rei da Espanha,
determinou que fossem fundadas vilas na região do Guairá.

08) As fronteiras da Província do Guairá, pertencente à Espanha naquele período, correspondem à


totalidade dos territórios que, em nossos dias, constituem o Estado do Paraná.

16) A fundação de Missões ou Reduções jesuíticas, na região compreendida entre os rios Paraná,
Paranapanema, Tigabi e Iguaçu, foi motivada pelatentativa.

QUESTÃO 04:
(UEM-2010) Sobre a ocupação europeia dos territórios que, atualmente, fazem parte do território do
Estado do Paraná, assinale a(s) alternativa(s) correta(s).

01) A presença de colonizadores espanhóis no território compreendido entre os rios Paraná,


Paranapanema, Tibagi e Iguaçu, no atual Estado do Paraná, teve início na segunda metade do século
XVI, com a fundação de vilas na região do Guairá.

02) No início do século XVI, os jesuítas fundaram reduções, na região do Guairá, com o objetivo de
catequizar os índios que habitavam a região.

16
04) A presença europeia na Baía de Paranaguá remonta ao século XVI, com as primeiras
descobertas de ouro na região.

08) Os territórios que compreendiam as reduções jesuíticas do Guairá foram incorporados ao Brasil
por tratados de limites assinados entre Portugal e Espanha.

16) A região de Curitiba foi ocupada pelos europeus no século XVI, em razão da imigração polonesa.
Devido a esse fato, o Estado do Paraná é um dos poucos estados brasileiros em que não ocorreu
escravidão.

QUESTÃO 05:
(UEM-2010) A ocupação e conquista dos territórios do Estado do Paraná por populações de origens
europeias completou-se na década de sessenta do século passado. Contudo, tal ocupação não foi
uniforme e contínua. Sendo assim, em razão da história de sua ocupação, podemos dividir o Estado
em três áreas histórico-culturais distintas. A esse respeito, assinale a(s) alternativa(s) correta(s).

01) A região de ocupação mais antiga é o chamado Norte Pioneiro, cuja ocupação remonta aos finais
do século XIX e originou uma população de cultura genuinamente europeia.

02) Antes da chegada dos europeus, predominava, nos territórios do Norte do Paraná, um “vazio
demográfico”, pois não havia habitantes naquela região.

04) A região do “Paraná tradicional” teve sua ocupação iniciada com a descoberta de ouro nos
primeiros séculos da colonização.

08) No final da década de cinquenta, ocorreu um deslocamento populacional oriundo do Rio Grande
do Sul, a chamada “frente sulista”, que ocupou parte do Sudoeste e do Oeste paranaense. Tal
migração se reflete na cultura regional.

16) Ao contrário do ocorrido em outras regiões do Estado, a ocupação europeia do Norte do Paraná
foi marcada pelo respeito às populações nativas, que foram integradas pacificamente à sociedade.

QUESTÃO 06:
(UEM-2009) Sobre a ocupação europeia do território que hoje pertence ao estado do Paraná,
assinale a(s) alternativa(s) correta(s).

01) Paranaguá, primeira vila fundada do Paraná, tinha como principal atividade o escoamento de
produtos agrícolas para a metrópole.

02) A atividade econômica praticada pelo tropeirismo foi responsável pela criação de vilas que mais
tarde se tornariam importantes cidades paranaenses.

04) Com a expulsão dos jesuítas espanhóis, deu-se a imediata ocupação do interior do Estado e o
abandono das atividades da extração do ouro no litoral.

08) Diferentemente de outros Estados brasileiros, o território paranaense jamais sofreu a


interferência das Expedições Bandeirantes.

17
16) Entre os séculos XVI e XVII, parte do atual estado do Paraná esteve sob domínio do
governo espanhol.

QUESTÃO 07:
(UEM-2009) Leia o trecho a seguir e assinale o que for correto.
“A partir da década de 1960, o Paraná pode ser considerado um Estado territorialmente ocupado.
Cessaram então de existir frentes pioneiras, não restando mais terras a serem ocupadas e colonizadas.
Completava-se historicamente o período de ocupação territorial” (WACHOWICZ, Ruy Christovam.
História do Paraná, 1995, 7ª. edição, p. 267).

01) A ocupação dos Campos Gerais, a partir do século XVIII, deveu-se à introdução da cultura
do café na região.

02) Diferentemente do que ocorreu no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina, a imigração de
poloneses e de alemães não influenciaram a cultura paranaense.

04) A partir do final do século XIX, com a fixação de imigrantes japoneses, foram introduzidas
novas culturas agrícolas no Norte do Estado.

08) A partir da década de 1930, migrantes, sobretudo paulistas e mineiros, passaram a ocupar a
região Norte do Paraná.

16) A partir da década de 1950, os imigrantes vindos do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina
foram responsáveis pela ocupação da maior parte do Sudoeste e de parte do Oeste do Estado.

QUESTÃO 08:
(UEM-2009) Sobre a colonização europeia da região do atual Estado do Paraná, compreendida entre
os rios Paranapanema, Paraná e Piquiri, assinale a(s) alternativa(s) correta(s).

01) Na segunda metade do século XVI, os colonizadores espanhóis fundaram na região as vilas
Ciudad Real de Guairá e Vila Rica do Espírito Santo.

02) Os jesuítas espanhóis organizaram na região as missões ou reduções, com o objetivo de


catequizar índios.

04) Os jesuítas foram expulsos da região pelos ataques dos bandeirantes paulistas.

08) No século XVIII, esse território foi incorporado ao Brasil pelos tratados de limites de
Madrid e de Santo Ildelfonso.

16) O Paraguai foi o ponto de partida dos colonizadores espanhóis que ocuparam a região
descrita no enunciado.

QUESTÃO 09:
(UEM-2013) Assinale o que for correto sobre a atuação e a expansão do movimento dos
bandeirantes sobre o território onde hoje se situa o estado do Paraná.

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01) Na região de Guairá, os bandeirantes almejavam explorar riquezas naturais, como o ouro, e
capturar índios.

02) O movimento das bandeiras também tinha como um dos seus objetivos criar e explorar
novas colônias de povoamento no território onde hoje se situa o estado do Paraná.

04) Em razão dos ataques dos bandeirantes, os sobreviventes das missões jesuíticas fugiram em
direção ao sul e fundaram novas missões.

08) Foi uma ação organizada e colocada em prática pelo exército colonial brasileiro e com a
colaboração de padres jesuítas com o objetivo de integrar essa região ao restante do país.

16) Tratava-se de um movimento pacífico, pois tinha como finalidade catequizar e converter
tribos indígenas paranaenses que ainda não haviam estabelecido contato com a civilização.

19
OCUPAÇÃO

POVOAMENTO

DO

PARANÁ

20
O Estado do Paraná é caracterizado, historicamente, por um povoamento que
teve orientação nas diversas fases econômicas pelas quais percorreu (mineração,
tropeirismo, madeira, erva-mate, café e soja). Essas fases resultaram num processo de
povoamento irregular, no qual parcelas do território foram sendo ocupadas segundo as
motivações de exploração econômica do momento.
Na sua primeira fase de ocupação, a penetração foi realizada por iniciativas
isoladas, individuais. Excetuando a ocupação ocidental pelos espanhóis, não houve, nos
primeiros momentos um planejamento efetivo, sendo escasso o povoamento.
É preciso enfatizar que o processo de ocupação econômica do território paranaense
seguiu direcionamentos distintos, no tempo e no espaço, por meio de incursões e fluxos não
muito definidos.

PARANAGUÁ

Segundo relatos do livro de Hans Staden, um náufrago alemão, a região do litoral do


Paraná já era conhecida e habitada pelo homem branco por volta de 1555. Foi se efetivando
uma povoação, segundo alguns relatos, já em 1578 havia uma pequena capela denominada
Nossa Senhora do Rosário.
Adiante, em 1614, temos a primeira sesmaria do território paranaense adquirida
por Diogo de Unhate. Na sequência, em 1617, Gabriel de Lara funda uma povoação na Ilha
de Cotinga. As primeiras povoações foram erguidas na Ilha de Cotinga devido ao medo de
um ataque dos índios carijós. Após a pacificação dos carijós, foram construídas as primeiras
habitações no continente, dando origem ao primeiro povoado, Paranaguá.
Em 1641, Gabriel de Lara encontra minas de ouro na região de Serra Negra, na
região de Paranaguá. Neste momento, devido às buscas pelo ouro há uma maior ocupação e
povoamento do território paranaense. Em 1646, foi erigido o pelourinho (símbolo de posse
por El Rei).
Em 1648, a Vila de Nossa Senhora do Rosário de Paranaguá é fundada. As
possibilidades de gerar riquezas com o garimpo de ouro nos riachos da serra e do planalto
aumentaram a importância da região na época.
Ademais, em 1660, seria criada a Capitania de Paranaguá. A Capitania de Paranaguá
tinha jurisdição sobre os planaltos, a começar pelos Campos de Curitiba. Ela existiu até 1709,
mas a partir de 1711, com a diminuição das atividades do faiscamento do ouro, ela perdeu o
status de capitania e foi integrada à capitania de São Paulo como a 5ª Comarca de Paranaguá e
Curitiba.
Antonina e Morretes também surgiram da cata ao ouro:

ANTONINA

Como as outras vilas do litoral, Antonina também surgiu em função da presença de


faiscadores de ouro na região. No entanto, a fundação da povoação só aconteceu no século
XVIII, em 1714, com a construção da capela de Nossa Senhora do Pilar da Graciosa. Somente
muito mais tarde, em 1797, ela foi elevada à vila, com a

21
denominação Antonina em homenagem ao Príncipe D. Antonio, primeiro filho do Rei
Dom João VI e Dona Carlota Joaquina.

MORRETES

Situada às margens do rio Nhundiaquara, local de passagem dos faiscadores de ouro


que subiam a serra, Morretes foi fundada por determinações do Ouvidor Rafael Pires Pardinho,
em 1721. Anos depois, em 1769, a população teve permissão para erguer a capela de Nossa
Senhora do Porto e Menino Deus dos três Morretes, e apenas no século seguinte, em 1841, ela
foi desmembrada de Antonina e eleva a Município.

CURITIBA
(Primeiro planalto)

O povoamento de Curitiba está relacionado com dois fatores principais: um deles era
encontrar o Caminho do Peabiru e dominar o interior; outro fator é o crescente número
de pessoas que chegam à região devido às informações da descoberta de ouro em
Paranaguá. Chegam formando os “arraias de mineradores”, como o Arraial Queimado,
Borda do Campo e o Arraial Grande.
Foi fundado o povoado de Nossa Senhora da Luz dos Pinhais de Curitiba, em
1654, ficando num local onde havia o encontro entre os mineradores e os criadores de gado.
Logo em seguida, em 1668, com a construção do pelourinho, a pequena vila foi incorporada
a Paranaguá. Em 1693, o povoado é elevado à vila. E em 1701, a vila passa a se chamar
Curitiba.
Durante o início do século XIX, o povoado já era então chamado de Nossa Senhora
dos Pinhais de Curitiba. Possuía pouco mais de 200 casas. Mas com o início da exploração e
do comércio da erva-mate com apoio da extração de madeiras nobres temos um novo impulso
de crescimento e já em meados do século XIX, em 1842, Curitiba já possuía 5.819 habitantes,
e era elevada a categoria de cidade. Já em 1853, era criada a província do Paraná. No ano
seguinte, já com o nome de Curitiba, foi escolhida para sua capital.
Já como província, Curitiba promove uma colonização através dos imigrantes
europeus com foco em italianos e poloneses. Por volta de 1870 foram fundados 35 núcleos
coloniais de terras de mata em torno dos campos de Curitiba. A cidade conhecia um novo
crescimento e progresso desenvolvendo atividades agrícolas e a industrialização.

CAMPOS GERAIS
(Segundo planalto)

Os Campos Gerais, situados no segundo planalto paranaense, começaram a serem


povoados por fazendeiros de São Paulo, Santos, Paranaguá e dos estabelecidos nos
campos de Curitiba no início do século XVIII, quando foi descoberto ouro em Minas Gerais e
se criou uma forte demanda por animais cavalares e muares criados em abundancia nos campos
do sul do Brasil e Uruguai. Essa demanda e essa possibilidade de negócios fizeram com que as
famílias abastadas de São Paulo requeressem sesmarias na região e para ali enviassem
parentes ou capatazes para estabelecimentos de fazendas de criar gado. Com o início das
atividades do

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tropeirismo, que consistia em comprar animais nos campos de Vacaria, no Rio Grande do Sul,
e vende-los em Sorocaba, em São Paulo, começaram a surgir povoações ao longo dessa rota.
Essas povoações, que no início eram locais de pouso e repouso dos tropeiros, passaram
a aglutinar pequenos artesãos e comerciantes e logo se transformaram em vilas e cidades, como
Ponta Grossa, Castro, e muitas outras. Assim ocorreu a ocupação dos vastos campos naturais
do segundo planalto do Paraná: enormes sesmarias em torno da rota Sorocaba – Vacaria.
A sociedade estabelecida nos Campos Gerais se caracterizou por ser uma
sociedade constituída de famílias patriarcais que ia além da família nuclear: ela abrigava
em seu seio agregados e homens pobres livres protegidos por grandes proprietários;
caracterizou-se também por ser uma sociedade sustentada pelo trabalho escravo, mesmo que
esse trabalho requeresse que eles andassem armados para protegerem a si mesmos e o gado
de seu senhor, dos índios e dos predadores; e ainda caracterizou-se como uma sociedade
assentada na grande propriedade, nas grandes sesmarias de criação de gado bovino, muar e
cavalar.

CAMPOS DE GUARAPUAVA E PALMAS

GUARAPUAVA

No século XIX, a corte reagia indignada aos desassossegos que imperava nos territórios
do sul do Brasil, no dizer das autoridades infestados de selvagens. A Carta Régia de novembro
de 1808 relata ataques generalizados por todo o sul do Império, principalmente nos Campos
Gerais de Curitiba, Guarapuava e nos campos das cabeceiras do rio Uruguai. O príncipe-
regente propunha então guerra contra os índios, que matavam cruelmente todos os
fazendeiros e proprietários estabelecidos nesses campos.
Desde a expulsão de Afonso Botelho e suas tropas dos Koran-bang-rê, em 1772, os
Kaingang, encorajados, faziam incursões cada vez mais ao ocidente. No inicio do século XIX,
eram senhores dos territórios a oeste da estrada do Viamão, e atacavam constantemente
fazendas, vilas e viajantes nas suas imediações.
Com a chegada de Dom João VI ao Brasil, o Império tomou uma resolução: os índios
deveriam ser combatidos, catequizados, “civilizados” e seus territórios deveriam ceder
lugar a prósperas fazendas de gado. O governador da província de São Paulo convocou
Diogo Pinto de Azevedo para organizar a ocupação dos territórios dos Kaingang e mantê-los
afastados das fazendas de gado. Diogo Pinto era um militar disciplinado, duro, experiente e
conhecedor dos campos da Guarapuava, pois ali estivera com o capitão Paulo Chaves em
1774. Foi criado um imposto só para cobrir as despesas da expedição. Além disso, a
população tinha que colaborar com gente, com gado e outros instrumentos necessários.
Dessa forma, o ano de 1810 foi marcado pela chegada aos campos de Guarapuava de
uma enorme expedição com mais de trezentas pessoas, das quais cerca de duzentas eram
soldados. O objetivo da expedição era ocupar esses campos, abrindo espaço para as fazendas
de criação.
Chegam aos Campos de Guarapuava em 17/06/1810 e fundam o Forte Atalaia, o
qual seria destruído em 1825 devido aos embates entre brancos e indígenas.

23
De acordo com instruções recebidas, o comandante deveria fundar a povoação
definitiva a ser a freguesia e futura cidade de Guarapuava.
Pela Lei nº 21, de 22/03/1849, foi criada a Vila de Guarapuava a qual foi elevada a
cidade pela Lei nº 217, de 22/04/1871.

PALMAS

Passados cinco anos da ocupação dos campos guarapuavanos entre os rios Coutinho e
Jordão, os brancos começaram a se movimentar em direção aos campos de Palmas, ao sul de
Guarapuava, aonde chegaram vinte anos depois. Em 1839, os fazendeiros de Guarapuava
tinham conquistado os Krei-bang-rê (Campos de Palmas) e ali instalado trinta e sete fazendas
com mais de trinta mil cabeças de gado, fundando a vila de Palmas.
Em 28/02/1855, Palmas foi elevada à freguesia (divisão eclesiástica) e em 13/04/1877,
pela Lei nº 484 foi elevada a Vila com o nome de “Vila do Senhor Bom Jesus dos Campos de
Palmas”.

NORTE DO PARANÁ

A região Norte do estado do Paraná constituiu-se historicamente na principal região


agrícola paranaense.
O Norte do Paraná, definido pelos rios Itararé, Paranapanema, Paraná, Ivaí e Piquiri,
abrangendo uma superfície de aproximadamente 100 mil quilômetros quadrados, foi dividido
em três áreas, segundo a época e a origem das respectivas colonizações:
 Norte Velho: área que compreende a região do Rio Itararé até à margem direita
do Rio Tibagi;
 Norte Novo: a área desta região vai até as barrancas do Rio Ivaí e tem
como limite, a oeste a linha traçada entre as cidades de Terra Rica e Terra Boa;
 Norte Novíssimo: região que se desdobra da linha traçada entre as cidades de
Terra Rica e Terra Boa, até o curso do Rio Paraná, ultrapassando o Rio Ivaí e
abarcando toda a margem direita do Rio Piquiri.
Conhecido no mundo inteiro há aproximadamente 30 anos, o norte paranaense
permaneceu incógnito até a década de 1930.
No início, predominava uma colonização espontânea que acompanhou o percurso
futuro da ferrovia São Paulo-Paraná.

Colônia de Jataí
O Barão de Antonina, em meados do século XIX, visando à abertura de uma
estrada que comunicasse os Campos Gerais paranaenses com a Província de Mato
Grosso, fundou uma colônia militar. Foi então, em 1855, erigida a colônia, localizada à
margem direita do rio Tibagi, num de seus trechos navegáveis: o Porto de Jataí. Essa colônia
militar, apesar de seu grande isolamento continuou, devido a sua localização estratégica, próxima
da Província de Mato Grosso, sobre a qual pairavaa

24
ameaça de invasão por parte do Paraguai. Ainda sob a direção do Barão de Antonina,
fundaram-se dois aldeamentos indígenas: o de São Pedro de Alcântara e de São Jerônimo.
Apesar da sua localização estratégica, porém isolada, a colônia militar de Jataí
não se desenvolveu satisfatoriamente . Foi, no entanto, o primeiro núcleo de povoamento no
norte do Estado, juntamente com os dois aldeamentos indígenas.

Famílias Colonizadoras

Em 1867, deslocava-se de Itajuba, Minas Gerais, a numerosa família patriarcal do


Major Tomás Pereira da Silva, composta de 200 indivíduos, aproximadamente. Trouxe todos
os instrumentos agrários necessários, alimentos e escravos. Estabeleceu-se às margens do rio
das Cinzas e iniciou o cultivo das terras, que achou ótimas. No local, existe hoje o município
de Tomazina.
Por volta de 1886, veio a família do fluminense Antonio Calixto. Em 1888, a família
mineira dos Alcântara, com grande comitiva, estabelecia-se na região, e deu origem, juntamente
com a família Calixto, já ali estabelecida, à atual cidade de Jacarezinho.
A notícia da fertilidade das terras logo de espalhou e apesar das dificuldades existentes
inúmeras famílias, mineiras e paulistas, ali vieram estabelecer-se. Surgem, em
seguida, no nordeste do Estado, novas povoações como Ribeirão Claro, S. Antonio da Platina,
Carlópolis, Siqueira Campos etc. Grande número de seus povoadores provinham da Província
de Minas Gerais, como atesta o antigo nome de Siqueira Campos: Colônia Mineira.
A porta de entrada para o povoamento do nordeste do Estado foi Ourinhos,localizada
no Estado de S. Paulo. Por ali entrou a maioria dos colonizadores.

NORTE PIONEIRO

A sociedade que surgiu no Norte Pioneiro a partir do século XIX apresentava, de modo
geral, as mesmas características da paulista e mineira dos tempos coloniais: patriarcal,
escravocrata e latifundiária. Embora a instituição da escravatura não se apresentasse
dominante, dava fortes sinais de desagregação, tanto na região como em todo o país. Com
estes sintomas, a sociedade do Norte Pioneiro nasceu com características patriarcais e
principalmente latifundiárias . Nem toda a população aí estabelecida no século XIX estava
ligada aos latifundiários. A cultura do café, do final do século XIX, nunca se desenvolveu.
Plantavam algodão, arroz, feijão e fumo. Praticamente não havia comunicação com o
restante do território paranaense .
Pequenos sitiantes e/ou posseiros também conseguiram estabelecer-se na
região. A maioria da população poderia ser considerada pobre. Mesmo os grandes
proprietários tinham dificuldades de conseguir numerários . Os produtores não tinham
condições de escoar sua produção. Os pequenos ofereciam seus produtos aos grandes
proprietários.
No começo do século os porcadeiros que atravessavam o Itararé tinham um grande
serviço. Neste sentido, a grande produção de suínos no Norte Pioneiro atraiu a atenção dos
grandes frigoríficos brasileiros. A firma paulista de Francisco Matarazo

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resolveu instalar-se na região com um grande frigorífico. Matarazo instalou o frigorífico
em Jaguariaiva.

NORTE NOVO

A derrubada das imensas matas primitivas a partir de 1935 a oeste do Rio Tibagi com
a expansão da cafeicultura ilustra o período em que um Estado em dificuldade faz dessas terras
públicas um alvo de um dos maiores investimentos imobiliários privados que se tem notícia.
Concessões de terras a empresas de colonização privada foram responsáveis pelo
“loteamento” da boa parte no norte paranaense, atraindo capital estrangeiro para
ocupar as terras.

Colonização Particular - Companhia de Terras do Norte do Paraná

Possuía uma companhia inglesa, a “Paraná – Plantation”, vastos cafezais na região de


Cambará. Para transportar sua produção, vai ser construída a estrada de ferro “São Paulo
– Paraná” ligando Ourinhos a Cambará. Com essa estrada de ferro, estava
definitivamente ligado o Norte do Paraná aos centros consumidores , como São Paulo,
e exportadores, como Santos. Mas ainda não estava colonizado, nem conhecido.
A “Paraná Plantation” desdobrou-se em duas companhias: a “Companhia
de Terras Norte do Paraná” 9 e a “Companhia Ferroviária São Paulo – Paraná” 10.
Foi escolhido o local que seria a sede das atividades da Companhia, bem como o
centro da colonização. Recebeu o nome de Londrina, em homenagem a Londres.
No dia 27 de março de 1930, o imigrante japonês Mitsugi Ohara adquiriu da
Companhia de Terras do Norte do Paraná, o primeiro lote de terras vendida pela empresa na
região do norte paranaense.
Depois de Mitsugi Ohara, milhares de colonos entraram na região. A expansão das
frentes cafeeiras, contidas nas áreas tradicionais pelo Acordo de Taubaté, além de
outros fatores como a capitalização dos colonos de São Paulo e que procuraram novas
áreas para ter produção própria, e ainda a alta fertilidade das terras da região, foram
os fatores que facilitaram à Companhia de Melhoramentos, a rapidez da colonização da
região.
Esse fracionamento das terras foi um dos maiores responsáveis pelo êxito da
implantação da cultura cafeeira. O baixo preço dos lotes e as facilidades de pagamento
permitiram que um número muito grande de colonos oriundos principalmente de São Paulo
e também Minas Gerais (e em menor número do Nordeste brasileiro) viessem para a região
entre as décadas de 1930 e 1950 com vistas à produção de café.
Em 1931, já se registrava a venda de 3.000 alqueires. Os compradores acorreram em
grande número, atraídos pelos preços e pela propaganda da Companhia.
A estrada de ferro sempre acompanhou a penetração do loteamento da Companhia.
Atingiu Jataizinho em 1931, Londrina em 1935, Apucarana em 1937 e finalmente Maringá.

9 Tinha como finalidade lotear e revender em pequenas propriedades os 12.643 km², de terras
devolutas adquiridas do governo do Estado.
10
Teria a função de continuar os trilhos de Cambará, até o local do loteamento.

26
Durante a segunda Guerra Mundial, foi a estrada de ferro incorporada à Rede Viação
Paraná Santa Catarina, e a Companhia de Terras Norte do Paraná vendida a capitalistas
paulistas.
A estrutura montada na colonização dirigida permitia que se formasse no norte
paranaense um impressionante arranjo territorial em que núcleos urbanos bem próximos uns aos
outros, estavam interligados por estradas e ferrovias que davam acesso à região. Com pleno
desenvolvimento da cafeicultura, uma série de armazéns e unidades de beneficiamento consolida
essa rede de escoamento da produção cafeeira construída.
Todas as cidades fundadas pela Companhia foram planejadas antecipadamente.
Possuem aspecto de cidades modernas, bem traçadas geometricamente, e de aparência
agradável. As cidades iam sendo traçadas para abastecerem as frentes cafeeiras, como foi o
caso do patrimônio de Três Bocas, que mais tarde se transformaria na cidade de Londrina.
Era desejo da Companhia de Terras adquirir novas áreas devolutas para estender ainda
mais sua colonização, mas não foi possível um acordo com o governo do Estado. Aplicou então
a Companhia seu capital em investimentos industriais no Paraná e em São Paulo. Como tais
inversões estavam fora do único objetivo da Companhia, qual seja a colonização, acarretaram a
mudança de nome em 1951, e hoje é conhecida pelo nome de “Companhia Melhoramentos
Norte do Paraná”.

Colonização Oficial

Entusiasmado com o êxito da Companhia de Terras Norte do Paraná, o governo


do Estado resolveu lotear as terras que ainda lhe pertenciam.
Além da Companhia Melhoramentos Norte do Paraná, e da colonização oficial,
dezenas de imobiliárias particulares operaram e ainda estão operando com loteamentos
menores.

Migração para o norte paranaense

A grande maioria da população do Norte do Paraná provém de outros Estados,


tornando a região um grande centro de atração das migrações internas no Brasil. Sua população,
de maneira geral, estava assim constituída: 45% de paulistas; 20% de mineiros; 10% de
nordestinos; 10% de catarinenses; 10% de paranaenses; 5% de estrangeiros e outros.
As principais “portas” de entrada desses migrantes no norte do Estado foram:

 Ourinhos, por onde entraram ¾ da população que ali chegou;


 As estradas paulistas que terminam do Paranapanema;
 O Porto de Paranaguá, subindo para o norte por rodovia;
 O sudoeste do Estado, para populações vindas do sul do país.

NORTE NOVÍSSIMO

A colonização oficial da região de Umuarama, no Noroeste do Estado, iniciou-se por


onde hoje se encontra o município de Cruzeiro do oeste, mas especificamente no bairro
Cafeeiros.

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Em 1946 um grupo de engenheiros e técnicos do governo estadual se dirigiu à região
com o objetivo de fazer um levantamento topográfico da área e de um famoso picadão que por
aqui existia, hoje conhecido com estrada Boiadeira, para evitar invasão de terras. Ao chegarem,
depararam-se com um emaranhado de picadas na mata, plantações, criação de pequenos
animais, alguns posseiros e grileiros, provando ser a região já conhecida anteriormente a vinda
desse grupo.
Devido ao grande interesse pela região, que oferecia terras boas e fartas, atraindo
aventureiros e colonizadores, o governo do Estado, por intermédio da 5ª Inspetoria, órgão
instalado em Cruzeiro do Oeste e ligado ao Departamento de Geografia, Terras e Colonização,
iniciou a entrega de lotes urbanos a quem tivesse interesse em estabelecer- se no município. A
titulação da terra era dada após a sua ocupação efetiva, ou seja, o interessado deveria
estabelecer-se no lote, construindo a sua moradia. Após a criação do município, em 1954, as
terras sob a administração da prefeitura, passaram a ser vendidas e não mais doadas aos
interessados.
A Companhia Sul Brasileira de Terras e Colonização foi encarregada de ampliar a
cidade de Cruzeiro do Oeste. Em suas propagandas para atrair compradores é possível
visualizar a expectativa de que Cruzeiro do Oeste se transformaria numa grande cidade.
Apesar de a propaganda ser direcionada à área urbana, é possível perceber que o
grande atrativo ainda era o café.
Os municípios de Umuarama e Perobal foram colonizados pela Companhia de
Melhoramentos Norte do Paraná que teve participação também na colonização de Cruzeiro do
Oeste e áreas rurais de outros municípios da região.

OESTE PARANAENSE

A parte ocidental do Estado do Paraná foi aquela que concluiu o processo de


ocupação mais recentemente . Partindo de núcleos mais antigos como Guarapuava e Palmas,
a frente pioneira avançava para oeste por iniciativas particulares ou oficiais.
Inicialmente, a colonização era esparsa e frequentemente nômade e de exploração ao longo das
bacias hidrográficas, nas matas de araucárias.
O processo de ocupação da Região Oeste do Paraná possui vários momentos
significativos para a História do Paraná.
Havia a preocupação e interesses em expandir o povoamento até o Rio Paraná, que
ocorreu de modo não muito organizado como no caso do Norte. O que se verificou na
ocupação da maior parte do oeste foi um vasto assalto às terras devolutas do estado ou a
grandes glebas particulares por caboclos luso-brasileiros ou por descendentes de europeus,
geralmente eslavos, que se deslocavam e ainda se deslocam das colônias do leste.
Nativamente, a região era habitada por milhares de índios.
Entre 1881 a 1930 a Região foi explorada pelos obrageros e finalmente a partir de 1946
aconteceu a ocupação efetiva com a colonização da Industrial Madeira Colonizadora Rio Paraná
S/A (MARIPA).
Enquanto o Governo do Paraná tomava medidas a respeito da exportação de erva-mate
pelos portos marítimos, os argentinos, com os seus “obrageros” e, utilizando trabalho escravo,
extraiam do Oeste do Paraná grande quantidade de erva-mate, sem nenhum controle pelo
Brasil.

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Em 1930, quando começou a decadência dos obrageros, atuavam no Oeste do
Paraná, extraindo mate e madeira, para os argentinos, cerca de 10.000 pessoas.
Felizmente, com a passagem da Coluna Prestes na região de Foz do Iguaçu, essa terrível
realidade foi denunciada e após a vitoriosa Revolução de 1930 os obrageros foram eliminados
do Oeste do Paraná.
Em 1928, a região estava quase isolada da Capital do Estado. Essa situação do Oeste
do Estado começou a mudar a parti de 1946, quando alguns empresários do Rio Grande do
Sul, compraram 250.000 hectares e organizaram a Industrial Madeireira Colonizadora do Rio
Paraná S/A (MARIPA), com sede em Porto Alegre e escritório em Toledo. No período de
1946 a 1949 a MARIPA só extraia madeira principalmente o cedro, com mão-de-obra
paraguaia, que era exportada para o mercado platino.
Entre 1950 e 1970 foi o auge da colonização. Foram vendidos cerca de 10.000 lotes,
com tamanhos entre 10 e 25 hectares. Portanto, na região predominava a pequena propriedade.
A ocupação foi rápida. Chegavam diariamente 50, 100 e até 200 pessoas, principalmente do
Rio Grande do Sul e de Santa Catarina.
A região Oeste do Paraná não possuía um atrativo empresariam tal qual ocorreu com
o café no norte paranaense, com o capital fluindo de São Paulo para o Paraná facilmente, apesar
da existência de solos férteis e abundância de madeira.
Há também a mescla da pequena propriedade com as grandes extensões de terras
voltadas para o mercado externo, principalmente com o plantio de soja.

SUDOESTE PARANAENSE

A ocupação do Sudoeste do Paraná teve algumas particularidades em relação ao Oeste


e ao Norte. O Sudoeste do Paraná, era uma região fértil e rica, que foi muito disputada,
causando conflitos jurídicos, políticos e sociais. A Argentina e o Brasil disputaram a região.
Os Estados do Paraná e Santa Catarina também entraram em conflito na área. Essa
desavença pela posse das terras envolveu também a Cia. De Estradas de Ferro São Paulo –
Rio Grande, a CITLA, o Governo Federal, o Governo do Paraná e, principalmente, posseiros.
ARGENTINA X BRASIL: durante muitos anos a Argentina e o Brasil disputaram a
rica região do Sudoeste do Paraná. Para decidir a referida disputa, os dois países escolheram,
em 1889, o Presidente dos EUA para, como árbitro, decidir o problema.
Finalmente, em 05 de fevereiro de 1895, o Presidente dos EUA deu ganho de causa
do Brasil.
PARANÁ X SANTA CATARINA: resolvido o problema com a Argentina, continuou
a pendência entre os Estados do Paraná e Santa Catarina, a respeito da região em estudo.
Somente em 1916, após um acordo entre os dois Estados, é que a menor parte das terras em
litigio passou a pertencer ao Paraná.

Pelo exposto, no que diz respeito à ocupação populacional, o que se pode afirmar
categoricamente é que toda a penetração populacional foi movida fundamentalmente
pela atividade economia. Assim deduz-se que essa fixação de núcleos populacionais em
determinadas áreas só foi possível sustentada por um atividade econômica permanente. A
ocupação, então, obedeceu a ritmos determinados

29
pela motivação da própria atividade econômica em questão, nas várias regiões do
Paraná.
A segmentação da ocupação, como visto, concretizou-se nas chamadas “frentes
pioneiras”. Em suma, a ocupação avançou sob a forma “frentes” que definiram e
caracterizaram os espaços regionais de acordo com o momento histórico e a atividade
econômica predominante, bem como a área de origem desses movimentos.

EXERCÍCIOS

QUESTÃO 01:
(UEM-2013) Sobre a colonização da região litorânea do atual estado do Paraná, assinale a(s)
alternativa(s) correta(s).

01) Entre a segunda metade do século XVI e as primeiras décadas do século XVII, a região de
Paranaguá foi percorrida por bandeirantes e por aventureiros que buscavam metais preciosos, ao
mesmo tempo em que capturavam o indígena.
02) A progressiva atividade dos mineradores levou-os a fundar a cidade de Ponta Grossa, onde, na
década de 1620, explorava-se uma grande quantidade de metais preciosos.
04) Após a descoberta de ouro na região da Baia de Paranaguá, a administração portuguesa instituiu
o “Distrito Aurífero de Paranaguá”, controlando a entrada e a saída de pessoas na região, como forma
de inibir o contrabando.
08) O quinto e a capitação foram impostos instituídos pela Coroa portuguesa para tributar as
atividades mineradoras, inclusive no Paraná.
16) A região de Curitiba foi colonizada por imigrantes alemães, italianos, poloneses e eslavos, a partir
da segunda metade do século XVI. Esse fato, aliado à inexistência de escravidão no Paraná, levou a
capital paranaense a desenvolver características de uma metrópole europeia na América.

QUESTÃO 02:
(UEM-2013) Sobre a história da Região Oeste paranaense, isto é, o território compreendido entre
os rios Iguaçu, Paraná e Piquiri, assinale a(s) alternativa(s) correta(s).

01) Os jesuítas espanhóis instalaram, nas cataratas do Iguaçu, as missões que foram destruídas pelas
tropas portuguesas no episódio conhecido como “Guerra Guaranítica”, nos anos de 1680.

02) Nos anos de 1920, o movimento tenentista, formado por militares que lutavam por mudanças no
país, formou uma coluna militar que travou combates com tropas leais ao governo na região de Foz do
Iguaçu.

04) O abandono da região pelo governo brasileiro persistiu até a República Velha. Tal fato tornou
possível que o Paraguai anexasse uma faixa de terras entre os rios Iguaçu e Paraná que somente foi
retomada pelo Brasil pelo Tratado de Itaipu, em 1989.
08) Em razão da importância estratégica da região, no final do século XIX, foi instalada, em Foz do
Iguaçu, uma colônia militar brasileira.

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16) Durante o século XIX, essa região não recebeu grande atenção do Estado brasileiro. Esse fato
possibilitou que os argentinos chegassem até o oeste paranaense atraídos pela erva-mate, que era
contrabandeada para a Argentina.

QUESTÃO 03:
(UEM-2013) “O Norte paranaense é uma região grande, com muitos municípios de clima quente e
terras férteis, onde se cultivam vários tipos de produtos agrícolas. No início da década de 1920, o
Norte paranaense atraiu migrantes de várias regiões do Brasil, principalmente de Minas Gerais, São
Paulo e do Nordeste. Também vieram para o Norte paranaense imigrantes de países como Inglaterra,
Alemanha, Itália e Japão.” (ROLLENBERG, Graziella. Norte. In: História Paraná. São Paulo: Editora
Ática, 2009, p. 107). Baseando-se no trecho citado, assinale a(s) alternativa(s) correta(s).

01) Os imigrantes que chegaram à região antes da década de 1920 praticavam uma agricultura de
subsistência.
02) Devido ao clima quente, os imigrantes alemães não se fixaram no Norte paranaense e se
deslocaram para as regiões mais frias dos estados de Santa Catarinae Rio Grande do Sul.
04) A presença dos ingleses na colonização da região Norte paranaense se deu, sobretudo, pela
criação de companhias de colonização.
08) A partir da década de 1930, o cultivo da lavoura do café impulsionou o surgimento de cidades na
região Norte paranaense.
16) Diferentemente dos imigrantes, os migrantes cultivavam suas terras em pequenas propriedades
voltadas para o mercado local e o regional.

QUESTÃO 04:
(UEM-2011) Leia o texto e assinale a(s) alternativa(s) correta(s). “Ainda na época imperial, a
Província do Paraná interessava-se em ligar o litoral e a capital com esses novos núcleos populacionais
do Norte Pioneiro. Rodovias e ferrovias foram planejadas, mas por motivos econômicos não passaram
das intenções. Enquanto isso, no Estado de São Paulo, os trilhos da Estrada de Ferro Sorocabana
avançavam por etapas em direção a Ourinhos, localizada na margem direita do Paranapanema”.
(WACHOWICZ, Ruy C.. História do Paraná. Curitiba: Editora Gráfica Vicentina, 1995, p.249.)

01) A margem direita do Rio Paranapanema, a que se refere o texto, faz parte do território
paranaense.

02) Os núcleos populacionais a que se refere o texto tornaram-se as cidades Foz do Iguaçu e
Maringá.

04) A ausência de estradas que ligassem a região norte do Estado do Paraná a Curitiba conduziu a
um isolamento da região.

08) A construção da Estrada de Ferro Sorocabana significou o coroamento dos esforços do governo
paulista para anexar ao Estado de São Paulo parte dos territórios norte-paranaenses.

31
16) A situação descrita no texto permite-nos afirmar que a Estrada de Ferro Sorocabana constituiu
naquele momento, um dos principais meios de escoamento da produção agrícola norte-paranaense.

QUESTÃO 05:
(UEM-2009) Maringá, situada em uma região do estado do Paraná conhecida como Norte Novo, tem
uma história profundamente ligada à cafeicultura. A esse respeito, assinale a(s) alternativa(s)
correta(s).

01) Empresas particulares, principalmente dos setores imobiliários, tiveram grande participação na
exploração e na colonização dessa região.

02) Além do trabalho assalariado, a mão de obra escrava também foi empregada em grande escala
pelos grandes plantadores de café do Norte do Paraná.

04) O desenvolvimento da cafeicultura não contribuiu para o desenvolvimento de indústrias nessa


região, que permanece como uma região exclusivamente agrícola até os dias de hoje.

08) A “corrida do café” é um termo usado para denominar o avanço da cafeicultura paulista sobre o
Norte paranaense na década de 1930.

16) A falta de investimento em ferrovias para o escoamento da produção cafeeira foi um fator
decisivo para o declínio do produto na região.

QUESTÃO 06:
(UEM-2013) Sobre a ocupação e o povoamento do território do atual estado do Paraná, assinale o
que for correto.

01) Até a chegada dos primeiros colonizadores de origem europeia, nos anos de 1950, a região Norte
do Estado do Paraná apresentada um ‘vazio demográfico”.

02) Na segunda metade do século XIX, as colônias de imigrantes criadas no território paranaense
fracassaram em razão, dentre outros aspectos, do distanciamento dos centros urbanos e da falta de
estradas, de escolas, de médicos e de apoio do governo para a produção agrícola.

04) Ao conquistar sua autonomia política em relação à província de São Paulo, em 1853, o Paraná
integrou-se oficialmente ao programa do governo brasileiro de incentivo à imigração europeia.

08) O Paranismo foi um movimento de deslocamento territorial, que praticava o mercantilismo em


diversas partes do território paranaense.

16) Excetuando a contribuição da colonização japonesa no Norte do Paraná, outros imigrantes vindo
da Europa não contribuíram para o desenvolvimento tecnológico da agricultura paranaense.

QUESTÃO 07:
(UEM-2012) A colonização dos territórios paranaenses ocorreu em momentos diversos e a partir de
diferentes interesses e necessidades. Em razão disso, pode-se dividir a ocupação do

32
Estado do Paraná em três áreas histórico-culturais distintas. A esse respeito, assinale a(s)
alternativa(s) correta(s).

01) As três áreas histórico-culturais distintas são: a frente lusitana, no Paraná litorâneo; a frente
paulista, na região central, e a frente catarinense, na região noroeste.

02) A área histórico-cultural mais antiga abarca, desde o século XVI, a região das reduções
jesuíticas do Guairá, que se vinculava ao litoral pelo Caminho de Viamão.

04) A área histórico-cultural que corresponde ao Norte do Paraná teve a sua colonização
iniciada no século XIX, com a chegada à região de migrantes mineiros.

08) A colonização do sudoeste e de parte do oeste do Paraná é a mais recente; foi iniciada no
século XX por gaúchos e catarinenses.

16) O início da colonização da área histórico-cultural do sudeste do Paraná foi obra da expansão
da economia do café, vinda de São Paulo.

33
COLÔNIAS

MILITARES

NO

PARANÁ
34
COLÔNIAS MILITARES DO PARANÁ

Para garantir a conquista do novo continente e realizar comércios, Portugal


organizou, primeiramente, fortins e feitorias, mais tarde postos militares .
Durante o 1º Reinado, incentivou-se a construção de colônias estratégicas em
várias regiões, com o objetivo de defesa nacional e no 2º Reinado, várias colônias
militares são criadas.
Em todo o território brasileiro foram criadas estas colônias, principalmente no Pará e
Mato Grosso.
No Paraná foi criado no período colonial, em 1810, o Forte Atalaia em Guarapuava,
por Diogo Pinto de Azevedo. No período provincial (1853-1889) são três as Colônias Militares
criadas no Paraná: uma no norte, Jataí, no ano de 1855 e duas entre os rios Iguaçu e
Chapecó, no ano de 1882, denominadas de Colônia Militar de Chapecó11 e Colônia Militar
do Chopim.
No período republicano, no ano de 1889, foi fundada a Colônia Militar de Foz do
Iguaçu.

Colônia Militar de Jataí

A Colônia Militar de Jataí foi autorizada pelo Decreto Imperial nº 751 em 1851 e
instalada em 1855.
Foi instalada nas margens do Rio Tibagi, onde existiu no início do século XVII a
Redução Jesuítica de São José.
Ela tinha várias finalidades:

1. Facilitar as ligações das províncias do Paraná e Mato Grosso;


2. Garantir a segurança das colônias indígenas de São Jerônimo e São Pedro
de Alcântara, que existiam nas margens do Tibagi;
3. Servir de posto militar avançado, preventivo, de possível ataque, via
fluvial, do Paraguai;
4. Contribuir para a miscigenação étnica;
5. Torna-se pioneiro no desenvolvimento agropastoril no norte do Paraná;

Em 1890 o presidente do Estado, Dr. Ladislau Herculano de Freitas, recomendava a


extinção da colônia. Portanto, ela passou ao domínio civil em 1890 e hoje é a cidade de
Jataizinho.

Colônia Militar de Chopim

O Decreto nº 2.502 de 1859, autorizou as Colônias Militares de Chopim e Chapecó,


tendo como principal objetivo defender a fronteira e evitar a ocupação da região litigiosa pelos
argentinos, assim como “domesticar” os índios selvagens da região.

11 Colônia Militar de Chapecó, em 1882, pertencia ao Paraná.

35
A Colônia Militar de Chopim só foi instalada em 1882, 23 anos depois da sua
autorização. A região era conhecida pelos nomes de Xango ou Campos de Xango. No local
havia um aldeamento indígena.
Ela foi um estabelecimento agrícola e militar.
Começaram a extrair erva-mate, criavam suínos, bovinos, cavalos, produziam milho,
feijão, arroz, cana-de-açúcar, mandioca, batata, além de verduras e frutas.
A população da colônia era eclética. Os militares eram a maioria do nordeste do Brasil
e os colonos eram do sul. Existiam também índios, imigrantes europeus (poloneses, austríacos,
alemães, franceses e italianos) e africanos.
Ela passou ao domínio civil em 1909. Em seguida houve decadência. Muitos foram
para a Colônia Militar de Foz do Iguaçu. Em 1950 a sede tinha apenas 458 habitantes.
Entre os principais problemas existentes na colônia, merece destaque: abuso do consumo
de bebida alcoólica, principalmente entre os solteiros, causando brigas, desordens e indisciplina;
o atraso no repasse de verba do governo; a falta de pessoal qualificado; dificuldade no sistema
de comunicação e transporte; constantes cheias dos rios.

Colônia Militar de Foz do Iguaçu

A região de Foz do Iguaçu até o fim do século era ocupada, principalmente por
Paraguaios e Argentinos. Objetivando contribuir para povoar a região por brasileiros, em 1888,
o ministro da guerra, Tomás José Coelho de Almeida, do governo chefiado por João Alfredo,
nomeou uma comissão que tinha como principal atividade fundar uma Colônia Militar em Foz
do Iguaçu.
Possivelmente por ter sido instalada no processo de transição política, a Colônia Militar
não teve o sucesso esperado. Apesar de tudo ela contribuiu para garantir a região para o Brasil
e para o Paraná. Foi extinta em 1912.

A existência e o funcionamento das colônias militares no Brasil e no Paraná revelam o


peso dos militares na nossa história e foram postos avançados na consolidação do atual
território brasileiro.

36
UMA

EXPERIÊNCIA

ANARQUISTA

NO PARANÁ:

COLÔNIA CECÍLIA

37
COLÔNIA CECÍLIA

No início da República, o Estado do Paraná viveu uma significativa experiência


anarquista. Durou apenas quatro anos: de abril de 1890 até abril de 1894. Trata-se da Colônia
Cecília.
A colônia ocupou uma área de 200 hectares da Colônia Santa Bárbara, distrito do
Município de Palmeiras, a 40 km de Ponta Grossa.
Sobre o líder dessa experiência, Giovani Rossi era médico veterinário, e também
filósofo, sociólogo e político. Por pregar seus princípios anarquistas esteve preso na Itália em
1878. Sobre o seu socialismo, pode-se resumir em: “Anarquia nas relações sociais; amor e
nada mais que amor na família; propriedade coletiva dos capitais; distribuição gratuita
dos produtos no ajuste econômico; negação de Deus nas religiões”.
Assim que Giovani e seus companheiros chegaram ao Paraná, a fim de buscarem
colocar as suas ideias anarquistas em prática, ficaram em alojamentos para imigrantes, em
Curitiba e Paranaguá. Posteriormente, foram encaminhados para as proximidades do rio
Iguaçu. As terras e a localidade da atual cidade de Palmeira agradaram a Rossi. Ressalta-
se o fato de que essas terras não eram doadas, pois os colonos deveriam paga-las após o
prazo de cinco anos.

A curta duração da Colônia.

Durante o primeiro ano, a Colônia Cecília recebeu da “Administração das


Colônias” um valor mensal de aproximadamente 2.800 francos como subsídio. Por isso,
em suas cartas à Itália, Rossi convidava mais pessoas a fazerem parte do empreendimento.
A composição social das pessoas que vieram a fazer parte da Colônia (que chegou
a ter no máximo 250 pessoas) variava desde operários, lavradores, pessoas da classe média,
profissionais liberais, analfabetos, pessoas com curso superior, enfim, existia uma grande
heterogeneidade sociocultural. Destaca-se também o fato de que nem todos os italianos que
vieram para a Colônia Cecília tinham inspiração anarquista, situação que gerou inúmeros
conflitos. Muitos não se adaptavam aos princípios anarquistas e saíam do local, indo
trabalhar em outras localidades.
Durante os quatro anos de existência, a Colônia passou por inúmeras crises.
Muitos fatores contribuíram para o fim dessa experiência, dentre eles:

• Facilidade na obtenção de terras em outras localidades: quando qualquer


desentendimento ocorria na comunidade, ficava fácil sair e começar a vida em outra
propriedade rural. Alguns dos antigos integrantes viraram grandes fazendeiros.
• Desorganização: houve épocas em que chegaram muitas famílias, mais do que
o planejado, e a demanda por comida e terra foi maior do que a disponibilidade.
• Roubo: todo o dinheiro arrecadado na Colônia, inclusive com a venda de
produtos produzidos no local, ficava em uma lata. Deste modo, quando alguém precisava,
era só pegar o valor necessário. Contudo, um espanhol “boa pinta” apareceu na Colônia,
adquiriu a simpatia de todos e furtou todo o dinheiro e fugiu.
• Individualismo: nos momentos de dificuldades, muitas famílias, infringindo a
ideia anarquista de divisão comum, começaram a guardar e a esconder alimentos para dar
aos seus filhos.
• Miséria: para não passarem fome, muitos colonos trabalhavam para o Governo
do Estado na construção de estradas. O próprio Giovanni Rossi chegou a dar aulas e a

38
trabalhar em uma farmácia em Castro a fim de conseguir dinheiro para as necessidades
básicas de seu empreendimento.
• Pequeno número de mulheres: esse fator levava os homens a terem medo de
dividir ou perder suas esposas, gerando conflitos entre homens solteiros e homens
casados, pois muitos não aceitavam o “amor livre” pregado por Giovanni Rossi.
• Ressentimentos: passou a haver frequentes conflitos e desentendimentos devido
ao fato de que muitos trabalhavam de menos, e poucos trabalhavam demais e, no fim,
todos tinham praticamente os mesmos benefícios.

Diante de tal realidade de crise, em Outubro de 1891 a Colônia possuía menos de


30 pessoas. Para piorar a situação, alguns dos colonos que abandonaram o lugar após a
crise de 1891 foram presos por roubo, prejudicando ainda mais a imagem da Colônia.
Ademais, outro fator colaborou para o declínio do empreendimento: muitos dos colonos,
no contexto da Revolução Federalista, se envolveram no conflito, lutando ao lado dos
federalistas.
O ano de 1893 marca o início da grande debandada. O próprio Rossi deixa a
Colônia, tentando estabelecer-se em Curitiba. Em Abril de 1894, a Colônia estava dissolvida,
e os últimos moradores venderam o que tinham para pagar os débitos existentes e custear as
despesas até Curitiba, onde muitos foram buscar melhores condições de vida e de emprego.

Consequência do empreendimento anarquista no Paraná.

Do ponto de vista quantitativo, a Colônia Cecília teve pouca importância na


História do Paraná. Pela sua qualidade, porém, os poucos anarquistas que se espalharam
pelo Paraná após o fim da experiência, exerceram importante influência no Movimento
Operário, tendo contribuído para a deflagração da Primeira Greve de Ferroviários.
Ressalta-se ainda que alguns ex-moradores da Colônia acabaram por virar grandes
proprietários e empresários de sucesso na região paranaense.
Apesar de não ter tido grande duração, a experiência anarquista da Colônia Cecília
serviu de roteiro para várias atividades artísticas.

39
AUTONOMIA

POLÍTICA

DO

PARANÁ

40
PERÍODO PROVINCIAL – 1853 a 1889

Entre 1660 a 1770, a região paranaense foi elevada a status de capitania, denominada
Capitania de Paranaguá. Em 1770, com a restauração da Capitania de São Paulo, ela foi extinta
e incorporada por esta como comarca. Em 1812, a sede da comarca, que era em Paranaguá,
foi transferida para Curitiba, passando a se chamar 5ª Comarca de Paranaguá e Curitiba.
Com a expansão da pecuária nos Campos Gerais, com os trabalhos dos tropeiros
curitibanos no comércio de gado, assim como o crescimento da produção e comercialização da
erva-mate, criou-se uma infraestrutura que permitia sonhar com a autonomia política da 5ª
Comarca de Paranaguá e Curitiba.

A emancipação da província do Paraná

A luta pela emancipação política do Paraná teve seus antecedentes em 181112, quando
Pedro Joaquim Correia de Sá, com pretensões de ser Capitão-Mor, tentou, junto à corte no
Rio de Janeiro, a emancipação da Comarca, mas fracassou.
A segunda tentativa ocorreu em 1821, quando os defensores da emancipação
retomaram o movimento, organizando a “Conjura Separatista”. Essa tentativa também
fracassou, pois o Juiz de Fora Antonio Azevedo Melo e Carvalho – que visitava o Paraná
– não atendeu ao pedido de Bento Viana – capitão da Guarda de Regimento de Milícia de
Paranaguá – para que nomeasse um governo independente de São Paulo.

Entre as razões que justificavam o movimento pela emancipação estavam:

1. A ignorância e o despotismo dos comandantes militares da Comarca;


2. A falta de justiça considerando ser difícil impetrar recursos para as autoridades
de São Paulo;
3. O fornecimento, forçado, de habitantes de Paranaguá e Curitiba, como soldados
para os desbravamentos dos sertões do Iguaçu, de Guarapuava, do Tibagi, e
também para as guerras do sul, ficando suas famílias na miséria.
4. Pela falta de moeda na Comarca, pois os impostos iam para São Paulo e não
retornavam para atender as necessidades da população.
5. Confisco de Cereais, gado e cavalgadura para fins militares;
6. Punham a ferro os pais, quando seus filhos, recrutados a força, desertavam;
7. Cobrança de impostos de guerra e de dotes para a Princesa.

Mesmo com um desfecho desfavorável, o desejo de autonomia permanecia.


Frequentemente, as Câmaras de Vereadores de Paranaguá, Morretes, Antonina, Lapa, Curitiba
e Castro solicitavam autonomia ao governo Imperial Brasileiro.
12Em 1811 a Câmara de Paranaguá formulou uma representação ao Príncipe Regente D. João,
onde afirma: “Senhor, esta Comarca de Paranaguá, sendo dilatada a sua extensão (não menos
que o reino de Portugal), está pouco povoada e na maior indulgencia e miséria, que se pode
considerar, por não ter um governo que observe e veja tudo de mais perto...”.

41
Em 1835, contudo, houve um fator favorável e decisivo para a autonomia do Paraná13.
Os liberais do Rio Grande do Sul entraram em luta contra o Império, organizados na
“Revolução Farroupilha”, e os liberais do Rio de Janeiro, São Paulo e Minas Gerais,
revoltados com a política “conservadora” do governo central, se uniram com os farrapos
e organizaram uma única frente revolucionária. Todavia, os liberais da 5ª Comarca em
Curitiba, cooptados pelo Barão de Antonina, não aderiram ao movimento. O Governo
Imperial negociou com os liberais curitibanos, por intermédio de João da Silva Machado
e o Chefe das forças legalistas, Duque de Caxias, a emancipação da Comarca. O governo
do império conseguiu assim o apoio dos liberais 5ª Comarca para vencer os revolucionários.
Dessa forma, retomou-se, em 1843, o projeto de emancipação da 5ª Comarca na Assembleia
Geral Legislativa no Rio de Janeiro14. Entre idas e vindas, conseguiu aprovação em 2 de
Agosto de 1853, elevando a Quinta Comarca de São Paulo à categoria de Província
do Paraná. Pesou, também, para a criação da Província do Paraná, entre outros fatores:

1. O apoio do Imperador;
2. O apoio da cúpula do Partido Conservador;
3. O apoio dos baianos, mineiros e fluminenses;
4. O apoio das classes dominantes da região.

A instalação oficial foi realizada em 19 de Dezembro de 1853, quando tomou posse o


primeiro presidente Zacarias de Goés e Vasconcelos, tendo Curitiba como capital15.
A opção por Curitiba se deveu aos seguintes fatores:

1. Sua posição central;


2. Por ter população superior às demais;
3. Para cuidar de forma velada o cumprimento da lei, e conter com sua presença
os desmandos de forma enérgica. Referia-se a sangrento caso ocorrido em São
José dos Pinhais, em 1852.
4. Estar no planalto. O município de Guarapuava nesta época possuía limites
internacionais pouco explorados;
5. O clima favorável, otimizando asaúde pública.

A vida política da província paranaense de 1853 a 1889

O artigo 1º da Lei nº 704 estabelece: “A Comarca de Curitiba na Província de São


Paulo fica elevada a categoria de Província com a denominação de Província do Paraná. A sua
extensão e seus limites serão os mesmos da referida comarca”.

13 A Revolução Farroupilha (1835-1845) e a Revolução Liberal em Sorocaba em 1842 foram


importantes na conquista da independência política do Paraná.
14
Em 29/04/1843, o Deputado Carneiro de Campos apresentou projeto para criação da Província do
Paraná. A luta parlamentar durou 10 anos. A bancada de São Paulo colocava sempre obstáculo. Para
aprovação foi decisivo o apoio da bancada da Bahia, que tinha inclusive, interesse em enfraquecer
São Paulo. Era uma luta pela hegemonia na vida política brasileira.
15 Apresentavam-se como candidatas, além de Curitiba, as cidades de Paranaguá, Castro e

Guarapuava.

42
A Província do Paraná teve ao longo de 1853 a 1889, cinquenta e três períodos de
governos; vinte e sete presidências16; quarenta e um presidentes em exercício e seis períodos
de vice-presidência e retorno presidencial.
Os presidentes eram escolhidos entre aqueles que pertenciam ao partido político
dominante, nomeados diretamente pelo imperador D. Pedro II17. De 1853 a 1870, os
governantes vieram de outras províncias. No período subsequente (1870 a 1889), o imperador
fez algumas nomeações de homens procedentes da Província para ocupar o cargo de presidente
e vice-presidente.
As justificativas para a nomeação dos presidentes e dos vice-presidentes oriundos de
outras províncias era que o Paraná tinha uma pequena projeção política e econômica no Império.
E não possuiria elementos com “boa formação político- administrativa” para o cargo majoritário
na Província. No entanto, sabemos que a nomeação para a presidência das províncias do Brasil
era utilizada pelo imperador Pedro II para acomodar as forças políticas que o apoiavam.
A preocupação dos presidentes e vice-presidentes, de modo geral, foi a de desenvolver
e organizar a cidade de Curitiba como sua capital, construir e melhorar estradas, instalar colônias
de imigrantes europeus para aumentar a população e colônias militares para promover a defesa
da população dos ataques dos índios, organizar a instrução pública, as finanças da Província e
implantar a catequese e a civilização dos índios.

Evolução política do Paraná Província (1853-1889)

Com a conquista da emancipação política do Paraná e a posse do primeiro Presidente,


Zacarias de Góes e Vasconcellos, no dia 19 de Dezembro de 1853, teve início o trabalho mais
importante: estruturar o novo poder político administrativo de acordo com a legislação em vigor.
Com a criação da Província, o Paraná passou a ter um Presidente, nomeado pelo
Imperador e o povo adquiriu o direito de eleger um Senador, um Deputado para Assembléia
Geral e uma Assembleia Provincial com 20 membros.
Dos 36 anos tumultuados por falta de continuidade administrativa alguns aspectos
merecem destaque:

1. Zacarias de Góes e Vasconcellos conseguiu, cumprindo as instruções que


recebeu do Governo Imperial, executar os atos fundamentais e necessários à
organização e funcionamento da nova Província;
2. O Presidente Pádua Fleury, iniciou a exploração dos Rios Ivaí, Tibagi,
Paranapanema e Iguaçu, trabalho realizado pelos irmãos engenheiros José
Keller e Francisco Kelller.
3. O Presidente Adolfo Lamenha Lins incentivou a imigração criando colônias ao
redor de Curitiba.
4. Carlos de Carvalho incentivou a educação, criando o ensino noturno, a escola
normal, alargando a esfera do ensino público.
16 Somente três foram paranaenses: João José Pedrosa (1880); Joaquim de Almeida Farias Sobrinho
(1886) e Jesuíno Marcondes de Oliveira e Sá (1889).
17
A maioria dos Presidentes nomeados pelo Imperador era do Rio de Janeiro e Bahia, mas outros
vieram de São Paulo, Minas Gerais, Pernambuco, Mato Grosso, Piauí e, inclusive, um nascido em
Coimbra, Portugal.

43
5. Alfredo D’ Escragnolle Taunay, cuidou da urbanização de Curitiba.

O Poder Legislativo

Com a autonomia o povo paranaense adquiriu o poder de eleger um senador, um


deputado federal e uma Assembléia Provincial com vinte membros.
No momento da Emancipação Política, o Paraná possuía a seguinte estrutura:

1. Duas cidades: Paranaguá e Curitiba;


2. Sete Vilas: Antonina, Guaratuba, Morretes, São José dos Pinhais,Lapa,
Castro e Guarapuava;
3. Seis freguesias: Campo Largo, Palmeiras, Rio Negro, Ponta Grossa,
Jaguariaiva e Tibagi.

Para escolha dos seus representantes ao Poder Legislativo, de acordo com a Lei em
vigor, eram poucos os eleitores, apenas 135. Estavam excluídos do direito de votos menores de
21 anos, as mulheres, os escravos, os religiosos 8e os detentores de renda liquida anual inferior
a 200 mil réis. Além disso, a eleição era indireta. Os cidadãos ativos escolhem em assembleia
paroquial os eleitores da Província os quais elegem os parlamentares.
Considerando que os Juízes de Direito, do poder Judiciário, são também, indicados pelo
Imperador, só o Poder Legislativo era eleito, bem ou mal, pelo povo.

A organização da província

A Lei nº2, de 26 de Agosto de 1854, cria o embrião do Poder Judiciário, com três
Comarcas, uma no litoral e duas no Planalto.
A Lei nº4 que reestabeleceu o imposto denominado dos animais no registro de Rio
Negro, que representava, em termos de recursos orçamentários, cerca de 70% da receita
pública.
A Lei nº 9 tratou da construção da Estrada da Graciosa ligando Antonina a
Capital.
Entre 1854 a 1889 a Assembleia Legislativa Provincial teve 16 legislaturas.
Começou com 20 membros e terminou com 24, considerando que a população da
Província no mesmo período cresceu de 62.000 para 250.000 habitantes.

O último presidente da Província foi Jesuíno Marcondes, que entregou o cargo ao


General Francisco Cardoso Junior, comandante da Guarnição Militar do Exército e
representante do Marechal Deodoro da Fonseca.

EXERCÍCIOS

QUESTÃO 01:
(UEM-2013) No dia 15 de novembro de 1889, com a Proclamação da República brasileira, o Paraná
passou à categoria de Estado. Assinale a(s) alternativa(s) correta(s) sobre os diferentes processos
políticos que antecederam esse fato.

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01) Um dos fatores que favoreceu a criação do Estado foi o apoio que o governo provincial deu
à Revolução Farroupilha, que lutava contra o governo monárquico.

02) A Província do Paraná foi criada a partir do desmembramento da Província de São Paulo.

04) Devido à sua localização estratégica, Paranaguá foi escolhida como a primeira capital da
Província do Paraná.

08) Tanto a Província como o Estado foram criados por estratégias políticas do governo central,
pois a autonomia do território não era preocupação da elite política local.

16) Pelo Tratado de Tordesilhas, parte do atual território do estado do Paraná fez parte da Coroa
Espanhola.

45
ASPECTOS

DA

ECONOMIA

DO

PARANÁ

46
MINERAÇÃO

O interesse português em colonizar o Brasil está em parte relacionado ao interesse de


encontrar reservas de ouro. Neste contexto, no Paraná, em 1641, Gabriel de Lara encontrou
minas de ouro na região de Serra Negra, na região de Paranaguá. Em 1668, os paulistas,
Salvador Jorge Velho e João Araújo, descobriram e começaram a explorar, próximo de
Curitiba, no Rio Capivari e seus afluentes, ouro aluvial, garimpado. Na região de São José dos
Pinhais e Bocaiúva do Sul, também foi encontrado ouro de aluvião. Em 1661, Pedroso Leme,
encontrou ouro no Rio Tibagi.
Pela determinação da Coroa, a exploração do ouro não seguia a mesma autoridade
das capitanias e seus donatários, ou seja, de cunho particular. Era de interesse do estado
português. Tratava-se de um monopólio real.
Mais tarde, por volta de 1650, a administração portuguesa instalou uma Casa de
Fundição em Paranaguá. Segundo regimento real, o ouro legal era aceito somente em barras
com o selo da casa real de Bragança, devidamente enumerado.
Devido ao contrabando e a diminuição da extração de ouro na colônia, a quantidade
que chegava a metrópole do metal precioso estava diminuindo cada vez mais. Neste cenário,
a corte portuguesa instituiu o chamado “Imposto da capitação” (ressaltando que também
existia o imposto denominado de quinto) para os exploradores das minas, como também para
os agricultores e comerciantes paranaenses. Esse imposto consistia em 4 ½ oitavas de ouro por
trabalhador escravo nas minas. Essas oitavas equivaliam a cerca de 17g de ouro por cabeça de
escravo.
A presença do ouro foi importante para o desenvolvimento e povoação da Região.
Para a história, ela aparece como o 1º ciclo econômico do Estado.
Com a redução aurífera, os moradores de Paranaguá e do litoral passaram,
principalmente, à produção de mandioca. Paranaguá tornou-se o maior empório de farinha
do sul do país, abastecendo Santos, Rio de Janeiro, Colônia do Sacramento e até a Bahia.
Por outro lado, a região dos Campos Gerais sofreu uma mudança positiva. A mineração
que não passava de débil acessório, virou apenas história. A criação de gado constituía de fato
a principal atividade da população. Com a grande migração interna para Minas Gerais e Goiás
em busca de ouro, surgiu uma grande demanda de alimentação. Os fazendeiros dos Campos
Gerais do Paraná passaram a abastecer a região das Minas Gerais com a carne. Em 1703,
os curitibanos já vendiam gado em São Paulo. Os Campos gerais se encheram de fazendas de
gado. Com o aumento da produção do gado para abastecer a região mineira, o preço subiu, os
moradores dos Campos Gerais tiveram grande desenvolvimento e teve inicio uma nova atividade
econômica, o tropeirismo, principalmente a partir de 1731, com a abertura da estrada do
Viamão.

TROPEIRISMO

Com a crise da mineração no Paraná, boa parte dos habitantes que não foi para as
Minas Gerais passou a desenvolver atividades de pecuária nos Campos Gerais, começando por
Curitiba.
Aos poucos se formou uma cultura conhecida como cultura curitibana que se
assentava em quatro elementos: 1º - A fazenda de criação de gado; 2º - A família

47
patriarcal como elemento social; 3º - A região dos campos espaço geográfico; 4º - A
escravidão como elemento de trabalho.
As estâncias e fazendas de gado dos Campos Gerais do Paraná abasteceram os
mercados de São Paulo e Rio de Janeiro a partir do século XVII.
O caminho percorrido pelos tropeiros no transporte do gado e muares era conhecido
como a Estrada da Mata até meados do século XVIII, passando a ser conhecido como
Caminho da Viamão em 1731. O seu nome está associado à cidade de Viamão no Rio Grande
do Sul, onde o caminho tropeiro era iniciado. Posteriormente, passava por Curitiba e seguia para
a cidade de Sorocaba em São Paulo. Lá, os muares eram comercializados e levados a Minas
gerais, Goiás e Mato Grosso.
Com a ampliação do comércio de gado, as fazendas do Paraná sofreram transformações
e muitos fazendeiros passaram a priorizar a invernagem, que dava mais lucro, em detrimento da
criação. Aos poucos a cidade passou a predominar sobre o campo, com isso aconteceu a
ampliação da economia monetária e o fim da autossuficiência das fazendas.
As tropas não eram só de bois, mas de cavalos, mulas e éguas. A mula foi utilizada
como principal meio de transporte durante muito tempo, principalmente no transporte de ouro
de Minas gerais para o litoral, da erva-mate no Paraná, do café para o porto de Santos.
Aos poucos o comércio de mulas superou o de bois. A história do tropeirismo
está intimamente ligada ao papel desempenhado pelo muar.
Objetivando facilitar o comércio de muar, após a conquista dos Campos de Guarapuava
e Palmas, decidiu-se ligá-los à terra das missões. Essa estrada, conhecida, também, como
Estrada do Muar, ou Estrada de Palmas, por ser mais econômica, substituiu a Estrada de
Viamão na passagem das tropas, até o advento da ferrovia.
Existiram também, no Paraná, tropas de cargas, inicialmente no transporte de
mercadorias entre Paranaguá e Curitiba. Com o desenvolvimento da indústria ervateira, novas
tropas de carga foram necessárias para o transporte da erva-mate. Quando da ocupação dos
Campos de Guarapuava e Palmas, foram necessárias tropas para o transporte de sal para o
gado que lá se criava.

As características dos tropeiros

Fora comuns expedições espanholas adentrando o território paranaense durante o século


XVII e XVIII. Os tropeiros faziam parte das zonas rurais e das pequenas cidades aqui na região
sul, na maioria das vezes vestidos como gaúchos da época, utilizando botas, chapéus e
ponchos. Os tropeiros encaminhavam rebanhos de gado para o interior de São Paulo,
principalmente Sorocaba. Já na província de São Paulo, os animais, juntamente com as
mercadorias, iam para as províncias de Minas Gerais, Goiás e Mato Grosso.

ERVA-MATE

Durante mais de cem anos – de 1820 a 1930 – a erva-mate foi absoluta na


economia e em toda a vida paranaense . Era a principal riqueza produzida. Toda a vida
econômica, social, política e cultural girava em torno da erva-mate.

48
Os ervais se estendiam pelo planalto paranaense até o Rio Paraná, principalmente de
Guaíra para baixo, penetrando no Mato Grosso, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.
Os índios já eram consumidores da bebida quando os europeus chegaram à
América. Entretanto, é notório que os jesuítas tenham dado sequência ao cultivo da planta. As
reduções jesuíticas, desde o século XVII, eram focos de produção de diversos gêneros agrícolas
e inclusive criação de gado. Dentre os gêneros agrícolas produzidos, encontrava-se a erva-mate.
Na verdade, a princípio os jesuítas até julgaram que a erva teria poderes sobrenaturais malignos
e chegaram, por um curto período de tempo, a proibirem entre os índios, o seu uso. Chamavam-
na, inclusive, de “erva do diabo”. Mas, posteriormente, reconhecendo o incrível valor de
negociação da erva, os espanhóis se sujeitaram ao seu cultivo. Na colônia espanhola, muitas
vezes a erva-mate foi utilizada como moeda de troca, sendo que já era utilizada pelos índios
antes mesmo da ocupação europeia.
As primeiras incursões comerciais realizadas com a erva-mate foram realizadas
a partir de 1772, quando a população do sul do Brasil foi autorizada a comercializarem
livremente com regiões consumidoras . Considerando que na época se vivia sob o auspício
do mercantilismo, tal autorização era significativa.
A autorização de livre comércio foi uma tentativa da Coroa portuguesa em terminar com
o marasmo econômico da região sul.
Todavia, mesmo tendo recebido uma oportunidade excelente de ampliar os horizontes
econômicos, a população de Paranaguá e Curitiba não aproveitaram a oportunidade. Tal fato
deve-se as técnicas inadequadas empregadas na transformação da erva em produto apto a à
comercialização. Os problemas causados se davam devido a maneira pouco adequada em se
transportar à mercadoria (a região não dispunha de estradas) e devido a concorrência do
Paraguai, na época o maior produtor de mate, responsável pelo abastecimento dos países
vizinhos como Uruguai e Argentina.
Somente anos depois, a erva-mate ressurgiu como produto de exportação
paranaense, em 1813, quando o ditador paraguaio, Gaspar Francia, iniciando uma
política de isolamento do país na comunidade sul-americana, proibiu a exportação de
erva-mate para os mercados consumidores de Buenos Aires e Montevidéu. Tal medida
política paraguaia levou com que os países consumidores buscassem o mate em outras regiões
produtoras. Sendo assim, o Paraná adquire notável importância.
Neste período, se destaca a figura de Francisco Alzagaray, responsável pela
introdução de novas técnicas de produção e beneficiamento da erva-mate no Paraná.
Assim, a partir de 1820, o Paraná conquistou os mercados argentinos e uruguaios. Neste
contexto, por voltar de 1826, a 5ª Comarca transforma o mate em seu principal produto de
comércio.
A erva era, na maioria das vezes, transportada pela Estrada da Graciosa.
O auge da produção de mate foi alcançado durante o período da Guerra do
Paraguai, devido ao boicote promovido pela Argentina e Uruguai ao mate paraguaio. Tal fato
fez da erva-mate o principal produto de exportação até a Primeira Guerra Mundial.

49
MADEIRA

Desde o início da colonização do Brasil pelos portugueses já se fazia o uso da


araucária, popularmente conhecida como Pinheiro do Paraná.
O pinheiro foi outro elemento natural que estruturou a cultura curitibana.
Infelizmente a grande maioria dessa riqueza e beleza foi destruída pelo fogo para dar origem a
outras plantações, principalmente o café no norte do Estado e para a produção de madeira.
Com o sapé, cascas e galhos faz-se fogo, com o nó produz-se carvão, com a serragem são
feitos aglomerados, cola e papel, com a sua madeira constroem-se casas. Eram tantas as casas
de madeira que muitas de nossas cidades eram apelidadas de “cidades de pau”.
Além do mais, o pinheiro produz um fruto extraordinário: o pinhão. O próprio calendário
da vida do índio e do bandeirante estava em função do ciclo de frutificação do pinhão, de maio
a julho. As maiores excursões eram feitas nessa época, pois tinham alimento garantido. Quando
as pinhas se desfazem e os frutos maduros caem, não só o homem, mas também a fauna silvestre
têm no pinhão um bom alimento, sendo a época em que os animais mais engordam. Na época
de desfolhar das pinhas, os indígenas intensificavam a caça, pois as aves e os animais estavam
mais gordos por causa do pinhão.
A própria safra dos porcos, nos seus primórdios, acontecia no tempo do fruto do
pinheiro.
A extração da madeira paranaense se deu na mesma época que o ciclo do mate,
por volta de 1850 já existia uma pequena exploração de madeira de lei no litoral,
entretanto, a utilização do pinheiro era pequena, sendo a preferência por outras
madeiras.
O extrativismo da madeira se desenvolveu após a abertura de estradas como a
da Graciosa (1873), a construção da ferrovia Curitiba-Paranaguá (1885), e da São
Paulo-Rio Grande, onde várias serrarias se instalaram ao longo das ferrovias. Todavia,
esse ciclo teve seu desenvolvimento retardado devido à concorrência da madeira importada, o
pinheiro de Riga.
O grande estímulo para a exportação do pinheiro paranaense surgiu com a
Primeira Guerra Mundial. A ampliação da economia da madeira se deu a partir de 1934
com a ocupação do Norte, Oeste e Sudoeste do Estado. Os grandes mercados eram a
Argentina e a Inglaterra, e no Brasil, São Paulo. A exportação do pinho, que era feita
pelos portos de Paranaguá, Antonina e Foz do Iguaçu, rapidamente ultrapassou a erva-
mate como principal fonte de arrecadação do Estado.
No final do século XIX, com Antonio Rebouças, começou verdadeiramente, a
industrialização do pinheiro. Passou-se do giro lento da roda d’água do velho engenho
para a rotação rápida da máquina a vapor. Em torno do pinheiro organizaram-se em
torno delas novos grupos de trabalhadores: os boiadeiros, o carroceiro, os serradores,
os maquinistas, os conservadores de estradas empilhadores de madeira, etc.
Várias serrarias se multiplicavam no Estado. Porém, um ponto é desfavorável em
relação a tal atividade econômica: ela não se integrava a vida regional, pois estas eram nômades,
além de devastarem a região sem contribuir em demasiado para fixação duradoura da
população.

50
CAFÉ

Depois de dominar no Vale do Paraíba e penetrar em S. Paulo, onde forneceu o capital


suficiente para possibilitar a industrialização daquele Estado, o café passou ao Paraná,
encontrando aí as melhores terras do mundo para o seu plantio. Na famosa terra roxa do
norte do Paraná, o rendimento do cafezal atingiu o mais elevado índice do mundo.
Os primeiros passos da cafeicultura no Paraná foram dados em meados do século
XIX, quando se começou a plantar café em algumas colônias fundadas, por iniciativa ou com
apoio do governo imperial, na orla da grande floresta desabitada que ocupava a região norte,
segundo um estudo do professor Francisco Magalhães Filho. Em 1875 já se plantava café, de
ótima qualidade, na Colônia Militar de Jataí. O tenente Antônio Vasconcelos de Menezes,
comandante da colônia, em seu relatório de 1886 afirmou que, no futuro as terras da região não
teriam competidores na produção de café.
Essa produção não chegou a ter significado econômico, mas na segunda metade do
século XX a expansão cafeeira de São Paulo penetrou no Paraná, pelo Vale do Itararé, levando
ao surgimento de várias fazendas e de alguns núcleos urbanos como Santo Antonio da Platina,
ainda segundo aquele estudo.
Desde o início de sua colonização, a região norte esteve sob a influência da economia
paulista, mesmo porque sua população era formada principalmente por paulistas e mineiros,
provenientes de regiões cafeeiras.
A produção da região, no entanto, começou a expandir-se após o Convênio de
Taubaté, assinado em 25 de fevereiro de 1906, quando os governos de São Paulo,
Minas Gerais e Rio de Janeiro, celebraram acordo coibindo aumento de produção
cafeeira. A transferência para o Paraná, onde não haviam restrições, foi a saída
encontrada por muitos fazendeiros paulistas e mineiros .
Se o café a partir de 1850 exerceu importante papel na vida brasileira, o mesmo
aconteceu no Paraná a partir de 1930. O café mudou o Paraná. Em 10 anos, de 1950 a 1960
a população dobrou, e o número de propriedades agrícolas aumentou de 90.000 para mais
de 270.000. Só no ano de 1960 foram criados 57 municípios, sendo 40 só no Norte do Paraná
A grande expansão ocorreu com o desbravamento da região, surgido a partir da
colonização feita pela antiga Companhia de Terras Norte do Paraná.
Considerando a sua itinerância como aconteceu nos Vales do Paraíba e Tiete, o café do
norte do Paraná perdeu aos poucos sua importância.
O problema da “superprodução”, e a saturação do mercado internacional de café
exigem dos poderes governamentais políticas visando reduzir as safras pelos programas
de erradicação dos pés de café . Tais iniciativas já vinham desde 1961 quando o governo
brasileiro cria o Grupo Executivo de Racionalização da Agricultura (GERCA), apoiado no
Programa de Racionalização da Cafeicultura que previa, como uma de suas metas, a
diversificação de culturas nas áreas liberadas com a erradicação do café.
Em face ao momento crítico, surgem várias cooperativas de cafeicultoras no
norte do Paraná como tentativa de amenizar os efeitos sobre os produtores, a grande maioria
formada por pequenos proprietários que adquiriram seus lotes junto às companhias
colonizadoras. Essas cooperativas atuaram como elementos de difusão da

51
modernização agropecuária, estimulando e “provocando” a introdução de lavouras chamadas
modernas, sobretudo a soja. A sua estrutura organizacional e relacionamento direto com os
produtores facilitaram o papel das mesmas, que encontraram no Estado seu principal aliado.
A crise na cafeicultura instala-se reforçada real e simbolicamente pelas constantes
geadas que iam destruindo os cafezais (com destaque para o ano de 1975). Foi
esse período em que as lavouras “modernas” (principalmente soja e trigo)
desenvolvem-se decisivamente em substituição ao café . E foi essa a orientação das
políticas públicas do governo brasileiro: desestimular a continuidade da cafeicultura (que
encontra reforço nas geadas). Para tanto, colocou a disposição dos agricultores uma série de
subsídios oficiais, com finalidade de agilizar o processo. Ao contrário, para a cafeicultura a
política oficial foi de completo desestímulo.
A partir desse momento a soja passa a ser o produto de maior dinamismo na
década de 1970.

SOJA

Foi a partir de 1950, que teve início uma diversificação da agricultura paranaense
com o plantio em escala comercial de algodão, milho, feijão, arroz, cana-de-açúcar,
amendoim, rami, fumo, hortelã e soja. Além disso, intensificou em algumas regiões (como
noroeste, oeste e sudoeste) a criação de bovinos e suínos. Mas no caso da soja, a expansão
dessa cultura foi extraordinária a partir da introdução da mecanização e adoção das novas
tecnologias. No norte, essa expansão coincide com o declínio e crise da lavoura cafeeira, que
passou a ser substituída pelas “lavouras modernas”. Até então, a cultura era uma quase
curiosidade. Sua produção era irrisória e as poucas e pequenas lavouras de soja existentes na
região destinavam-se ao consumo doméstico - alimentação de suínos, principalmente. O total da
produção não passava de 60 toneladas.
No norte, noroeste, oeste e sudoeste do PR, ainda predominava a Mata Atlântica em
meados dos anos 50 e as culturas predominantes nas áreas conquistadas da floresta eram o
café, o milho e o feijão. A soja ainda não figurava como cultivo comercial para essas regiões. O
primeiro impulso para atingir tal objetivo veio com a primeira grande geada de 1953, que
destruiu os cafezais no norte e noroeste do Estado. Pelo desconhecimento do potencial
agronômico e comercial que a soja representava, os agricultores foram estimulados a plantar
cereais entre as fileiras de café queimado, resultando numa superprodução desses produtos, que
se perdeu por falta de transporte e de mercado. Isso fez com que na segunda grande geada de
1955, os cafeicultores buscassem na soja a alternativa que os frustrara dois anos antes com o
plantio de outros grãos. Em função disso, principalmente, o plantio da oleaginosa no PR passou
de 43 ha, em1954, para 1.922 ha, em 1955 e para, 5.253 ha, em 1956. Sabia-se, já então,
que a soja possuía mercado externo garantido e preços compensadores.
No sudoeste e oeste do Estado, a cultura desenvolveu-se com a migração de
colonos vindos do RS, onde a soja já era cultivada há mais tempo, principalmente em
pequenas explorações familiares para uso na alimentação de suínos e havia bom
conhecimento sobre as tecnologias de sua produção. O desenvolvimento ocorreu
paralelamente com as demais regiões do Estado, com início em meados dos anos 50.

52
Apesar de ser milenar, a soja ganhou destaque econômico apenas na segunda metade
do século XIX e, no Paraná o seu plantio disparou quando, no início da década de 70, ocorreu
a maior alta nos preços internacionais.
O crescimento da produção a partir desse período foi explosivo. A produção do Estado
passou de 8 mil toneladas na média dos anos 1960 e 1961, para 150 mil na média dos anos
60, para 3,5 milhões na média dos anos 70, para 4,15 milhões na média dos anos 80 e para
6,5 milhões de toneladas na média dos anos 90.
O sucesso da soja em substituição ao café no Norte do Paraná se deve à condição
de essa cultura possuir: inovações pré-adquiridas como: sementes selecionadas; um
processo de produção totalmente mecanizado desde o plantio até a colheita; a
capacidade de aliar interesses, que impulsionaram o seu cultivo: o das indústrias
processadoras e exportadoras do produto e do Estado que teve incluído um produto de
grande aceitação na pauta de suas exportações .

INDUSTRIALIZAÇÃO

O desenvolvimento econômico do Paraná, desde o início de sua ocupação pelos


europeus, alicerçou-se em alguns produtos básicos: ouro, gado, erva-mate, madeira e café. As
primeiras indústrias foram de erva-mate, madeira, fósforo, sabão, vela, massas alimentícias e
cerâmica.
Durante e após a Primeira Guerra Mundial, teve crescimento a utilização do pinheiro,
com serrarias e indústria de móveis, ocasionando a destruição das matas nativas.
A partir de mais ou menos 1960 a economia paranaense começou a tomar novos
rumos, com investimentos em infraestrutura, com a criação do PLADEP (Plano de
Desenvolvimento do Estado do Paraná), a CODEPAR (Companhia de Desenvolvimento
Econômico) e a FDE (Fundo de Desenvolvimento do Paraná). A agricultura passou a ser
modernizada e surgiu a agroindústria do café, soja e carne, principalmente de frango. A
criação da Cidade Industrial de Curitiba e a Instalação da Refinaria de Petróleo da Petrobrás
em Araucária foram um marco rumo à industrialização. O Paraná tornou-se, também, grande
produtor e exportador de energia elétrica, merecendo
destaque a criação da COPEL.
A construção da rodovia e ferrovia ligando o norte do Paraná ao porto de Paranaguá
contribuiu, e muito, para carear a riqueza oriunda do café para o Paraná e não mais para São
Paulo. A construção de rodovias para Oeste e Sudoeste foi importante para a integração
estadual.
Alguns aspectos do desenvolvimento econômico do Paraná merecem destaque:

1. Com o esgotamento da fronteira física rural em 1970 exaurindo-se a


possibilidade do crescimento extensivo da produção agrícola, ocorreu uma
revolução no crescimento tecnológico;
2. No processo de modernização na área rural e da agroindústria, as cooperativas
exerceram papel significativo;
3. As medidas tomadas na melhoria tecnológica permitiram um crescimento na
frente externa;

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4. Pela posição geográfica privilegiada em relação ao MERCOSUL e em virtude
de alterações positivas na infraestrutura, o Paraná tornou-se um pólo
automotivo, inclusive com o crescimento das empresas produtoras de autopeças;
5. A indústria do turismo começa a prosperar no Paraná;
6. Pode-se concluir que três fatores influenciaram no processo de mudança na
economia paranaense: investimentos na infraestrutura; criação de instrumentos
institucionais e a constituição no Paraná Moderno – norte, oeste e sudoeste – de
uma agricultura dinâmica, fruto da pequena propriedade e do cooperativismo.

É preciso deixar claro que essas fases da economia paranaense não se


sucederam uma suprimindo a outra. Na realidade, houve sempre a presença das
atividades de uma ou outra fase ao mesmo tempo, mas de modo em que a crise de uma
elevasse a participação da outra. O esgotamento de uma atividade, ainda que nunca por
completo, dar-se-ia, então, como um processo de declínio da produção. Pode-se notar,
atualmente, inclusive, a atividade ervateira e madeireira ainda presentes em certas
regiões do Paraná, porém num contexto diferente da época em que possuíram um papel
decisivo nos intuitos da constituição da autonomia economia estadual.

O PARANÁ PRODUTIVO

A partir de 1995, o Paraná atraiu grandes investimentos. Em 1997, três


montadoras – Renault, Audi e Chrysler – firmaram um acordo para instalar fábricas no Paraná.
Porém, é importante salientar que a produção industrial paranaense continua
fortemente voltada para o setor agrícola.

A Usina de Itaipu

A construção da Itaipu Binacional solucionou um impasse diplomático


envolvendo Brasil e Paraguai. Os dois países disputavam a posse de terras na região do
Salto de Sete Quedas, área hoje coberta pelo lago da usina.
Em 1750, Espanha e Portugal assinaram o Tratado da Permuta, primeira descrição
minuciosa da fronteira. O texto, porém, era impreciso ao determinar os limites entre os territórios
da margem direita ao Rio Paraná. Um rio, cuja foz não se sabia ao certo se estava acima ou
abaixo das Sete Quedas, deveria demarcar as terras. Tratados subsequentes buscaram
esclarecer a questão, sem obterêxito.
A Guerra do Paraguai (1865-1870) reabriu a polêmica em torno da fronteira na região
das Sete Quedas. Conforme o Tratado da Paz (1872), os territórios deveriam dividir-se pelo
Rio Paraná, até o Salto, e pelo cume da Serra de Maracaju.
A disputa das Sete Quedas recrudesceu nos anos 1960. A descoberta do potencial
hidrelétrico do Rio Paraná colocou Brasil e Paraguai novamente em rota de colisão. Mas, em
vez de medir forças, os dois governos fizeram uma sábia opção: unir forças.

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O resultado das intensas negociações foi a Ata do Iguaçu, assinada em 22 de junho de
1966 pelos ministros das Relações Exteriores do Brasil, Juracy Magalhães, e do Paraguai,
Sapena Pastor. A declaração conjunta manifestava a disposição de estudar o aproveitamento
dos recursos hidráulicos pertencentes em condomínio aos dois países, no trecho do Rio Paraná
“desde e inclusive o Salto de Sete Quedas até a foz do Rio Iguaçu”.
Em 26 de abril de 1973, Brasil e Paraguai assinaram o Tratado de Itaipu,
instrumento legal para o aproveitamento hidrelétrico do Rio Paraná pelos dois países.
O ano da assinatura do Tratado de Itaipu, 1973, coincide com a eclosão da crise
mundial provocada pelo aumento do petróleo. Intensifica-se a exploração de fontes de energia
renováveis como forma de assegurar um vigoroso desenvolvimento para o Brasil e Paraguai.
Em maio de 1974, é formada a entidade binacional Itaipu, para gerenciar a construção
da usina, estruturada como “empresa internacional”.
A Itaipu Binacional é um marco para o setor elétrico dos dois países. Antes, os
paraguaios dispunham de apenas uma hidrelétrica de pequeno porte, Icaray. Os brasileiros
consolidam a opção pela energia produzida por meio do aproveitamento da força dos rios. A
usina praticamente dobrou a capacidade do Brasil de gerar energia.
Para a construção da Usina, iniciada em 1974, era necessário construir uma
infraestrutura gigantesca que envolvesse escritórios, refeitórios, que pudessem ser utilizados
pelos milhares de trabalhadores durante os anos da obra.
A Itaipu Binacional foi a única grande obra a atravessar a fase mais aguda da crise
econômica brasileira no final dos anos 1970 mantendo o status de prioridade absoluta.
O entendimento de Brasil e Paraguai para a construção da Itaipu Binacional estremeceu
as relação dos dois países com a Argentina. Os argentinos temiam que a usina prejudicasse seus
direitos e interesses sobre as águas do Rio Paraná. A questão chegou a ser tema de uma
Assembleia Geral das Nações Unidas, em 1972.
A solução veio com a assinatura do Acordo Tripartite, entre Brasil, Paraguai e
Argentina, em 19 de outubro de 1979. O documento determinou regras para o aproveitamento
dos recursos hidráulicos no trecho do Rio Paraná desde as Sete Quedas até a foz do Rio da
Prata. Este acordo estabeleceu os níveis do rio e as variações permitidas para os diferentes
empreendimentos hidrelétricos na bacia comum aos três países. Antes da conclusão da usina,
chegava ao fim de uma complexa e exigente obra diplomática.

EXERCÍCIOS

QUESTÃO 01:
(UEM-2009) Com o esgotamento do ciclo cafeeiro, a partir da década de 1960, a economia
paranaense passou por importantes transformações. Sobre tais transformações, é correto afirmar:

01) A falta de incentivo do governo federal a uma alternativa para a cultura cafeeira reduziu e
empobreceu a agricultura paranaense, nos finais da década de 1960.

02) A cultura da soja teve um impacto direto sobre a urbanização e a industrialização de


diversas cidades paranaenses.

55
04) Dentre as grandes transformações ocorridas na economia, a partir dos anos 60, a principal foi
a adoção de uma agricultura de subsistência.

08) Ainda que tenha progredido nos últimos anos, a falta de tecnologia no campo não permite que
a produção agrícola paranaense concorra no mercado internacional.

16) A metropolização das cidades do Norte paranaense contribuiu para aumentar os problemas de
meio ambiente, de educação e de segurança pública.

QUESTÃO 02:
(UEM-2009) Leia a citação a seguir e assinale o que for correto: “Durante o segundo decênio do
século XIX, a exportação do mate já era considerada como o principal elemento do comércio exterior
paranaense. O movimento do Porto Paranaguá assumiu maiores proporções, sendo que até mesmo
navios estrangeiros ali atracavam para fazer comércio e transportar o mate para os mercados platinos.
Ainda nessa época o mate alcançara 44% do total da exportação do Paraná" (ANTUNES DOS
SANTOS, Carlos Roberto. Vida Material e econômica. Curitiba, SEED, 2001, p. 42).

01) A adaptação e cultivo do mate em todo o território paranaense foi um dos fatores que
contribuíram para que o Estado fosse o maior exportador brasileiro desse produto naquela época.

02) Naquele contexto, a metalurgia e a indústria madeireira desenvolveram-se como suporte à


indústria do mate.

04) Desde o início, a indústria do mate paranaense empregou unicamente a mão de obra do
imigrante, principalmente do italiano.

08) O termo platino, na citação, refere-se à moeda argentina (Plata), utilizada nas transações
comerciais do mate.

16) A decadência da economia do mate no Paraná, a partir do final da década de 1850, deve ser
atribuída, entre outros fatores, à concorrência do mate produzido no Paraguai e no Rio Grande do Sul.

QUESTÃO 03:
(UEM-2010) No século XX, o Estado do Paraná sofreu importantes transformações econômicas e
sociais. A respeito dessas transformações, assinale a(s) alternativa(s) correta(s).

01) Na segunda década do século passado, a presença de capital norte-americano na economia


paranaense pode ser percebida por meio da empresa Brazil Railway Companny, que finalizou a
ligação da ferrovia entre Paraná, São Paulo, Santa Catarina e Rio Grande Sul.

02) Iniciada na década de 70, a Hidrelétrica de Itaipu foi construída exclusivamente com capital
nacional.

04) A industrialização em larga escala, a partir da década de cinquenta, provocou a decadência


do cultivo e da exportação da erva-mate, principal produto do Paraná.

08) Com a proclamação da República, tiveram início os movimentos sociais que pretendiam
desmembrar o Paraná do Estado de São Paulo.

56
16) Na década de oitenta, houve intenso êxodo rural relacionado principalmente com a atividade da
agroindústria ligada à produção de soja e trigo.

QUESTÃO 04:
(UEM-2011) Sobre o processo de urbanização das diversas regiões que compõem o atual Estado do
Paraná, assinale a(s) alternativa(s) correta(s).

01) As primeiras vilas fundadas, no século XVI, encontravam-se no extremo oeste do atual estado,
e visaram a marcar a presença portuguesa nos limites do Tratado de Tordesilhas.

02) O início da efetiva ocupação das terras que pertenciam a Portugal deu-se a partir do povoamento
do litoral, no século XVII, ganhando importância a fundação de Paranaguá.

04) No século XVIII, articulou-se uma importante área econômica na região dos Campos Gerais, a
pecuária, caracterizada pelo tropeirismo. Ao longo do percurso dessa atividade, originaram-se as
cidades de Castro, Lapa e Ponta Grossa.

08) Desde o início da colonização, a erva-mate foi o mais importante produto de exportação
paranaense, sendo responsável por alavancar o processo de urbanização dos campos de
Guarapuava.

16) O avanço do cultivo do café, na primeira metade do século XX, foi responsável pelo surgimento
de várias cidades no chamado Norte Pioneiro.

QUESTÃO 04:
(UEM-2011) A ocupação urbana do que veio a ser o Estado do Paraná se deu em um longo período
de constituição de vilas que vieram a se transformar em cidades. A esse respeito, assinale a(s)
alternativa(s) correta(s).

01) A dinâmica da atividade madeireira, na transição do século XIX para o XX, deu origem a novos
núcleos urbanos.

02) A busca pelo ouro em todo Brasil Colônia motivou o surgimento, na atual região Norte do Estado,
de povoados, no século XVIII.

04) A dinâmica da pecuária no Brasil Colônia propiciou a origem de vários povoados na região Oeste
do atual Estado do Paraná, ainda no século XVI.

08) A erva-mate possibilitou o surgimento de novos núcleos urbanos, no século XIX.

16) Nas primeiras décadas do século XVI, desenvolveram-se núcleos urbanos no atual litoral
paranaense, que nasceram de aldeias indígenas fundadas pelos jesuítas.

QUESTÃO 05:
(UEM-2012) Assinale a(s) alternativa(s) correta(s) sobre os aspectos políticos, econômicos e sociais
da implantação da cafeicultura paranaense a partir do século XIX.

01) Desde sua implantação até sua decadência, a cafeicultura paranaense resultou da iniciativa
direta e exclusiva dos produtores, sem a intervenção dos governantes.

57
02) O sucesso do cultivo do café explica-se, em parte, pela disponibilidade de terras férteis e pela
demanda do mercado mundial.

04) A prática da monocultura do café foi a principal responsável pela crise do produto a partir dos
anos 1950.

08) A cafeicultura viabilizou a intensa ocupação da Região Norte do Paraná e contribuiu para o
fortalecimento político dessa região.

16) Uma característica da produção do café paranaense, no início do século XIX, era seu cultivo
juntamente com as lavouras de soja e trigo.

QUESTÃO 06:
(UEM-2013) “Nos primeiros séculos da história brasileira, os meios de locomoção e as vias de
penetração eram completamente precários e insuficientes. As únicas vias existentes eram os chamados
caminhos por onde só podiam transitar tropas de muares, devido às precárias condições”
(WACHOWICZ, Ruy Cristovam. História do Paraná. Curitiba: Vicentina, 1995, p. 97). A partir do
fragmento acima, assinale a(s) alternativa(s) correta(s) sobre os caminhos e o tropeirismo.

01) Segundo o texto citado, os caminhos foram abertos pelos portugueses ao longo da colonização
para superar os obstáculos naturais, como a Serra do Mar e a Mata Atlântica, e chegar até o interior
do Brasil.

02) Várias cidades paranaenses, como Ponta Grossa, Castro e Lapa, têm suas origens ligadas ao
tropeirismo, pois surgiram em locais utilizados pelos tropeiros para descanso e alimentação.

04) Um dos mais importantes caminhos do Sul do Brasil, no século XVIII, era utilizado pelos tropeiros
principalmente para levar o gado criado no Sul do Brasil até as províncias de São Paulo e de Minas
Gerais e ligava Viamão, no atual estado do Rio Grande do Sul, até Sorocaba, no interior do atual
Estado de São Paulo.

08) A intensificação da utilização do caminho dos tropeiros (também chamado de estrada da mata ou
de caminho de Viamão), no século XVIII, relaciona-se à maior necessidade de abastecimento da
região das Minas Gerais, onde a descoberta de ouro atraiu um grande número de imigrantes.

16) No território do atual estado do Paraná, os primeiros caminhos originaram-se com os índios e
posteriormente foram utilizados pelos bandeirantes e pelos tropeiros.

58
A

ESCRAVIDÃO

NO

PARANÁ

59
ESCRAVIDÃO NO PARANÁ

O sistema da escravidão existiu no Paraná tanto com os índios como com os


africanos.
No Paraná Espanhol os encomenderos vindos de Assunção para subjugar os índios
enfrentaram a resistência deles, comandados pelo cacique Guairacá, e também dos padres
jesuítas através das reduções. Isso durou até 1628, quando os bandeirantes paulistas invadiram
a região a caça de índios, levando mais de 60.000 como escravos para vender no mercado.
Na ocupação do Paraná Português, partindo de Paranaguá e Curitiba, tanto nas minas
como na pecuária e na exploração da erva-mate utilizou-se a mão-de-obra escrava, que não
foi, porém, dominante. O ouro encontrado era de aluvião e durou pouco. Na pecuária exigiu-se
pouca mão-de-obra, por ser um trabalho nômade. Na economia ervateira o escravo era
utilizado principalmente no engenho de soque que foi substituído pelo engenho hidráulico e a
vapor em também, no transporte do produto para o litoral, que era feito inicialmente no lombo
do escravo.
A proibição pelo Governo Imperial do tráfico de escravos a partir de 1831 ocasionou
reflexos no Paraná. Uma das consequências foi a exportação de escravos deste Estado para
fazendeiros de café em São Paulo. No ano 1867 o imposto sobre a venda de escravos igualou
o imposto sobre os animais. O porto de Paranaguá tornou-se, também, o centro de contrabando
de escravos para o Brasil.
Como consequência, ocorreu o fenômeno mais significativo da escravidão no Paraná: o
“Combate de Cormorant”. A lei “Bill Aberdeen” permitia que a marinha inglesa perseguisse
navios negreiros brasileiros, mesmo na nossa costa marítima. Em junho de 1850 o navio inglês
Cormorant entrou na baia de Paranaguá para aprisionar navios brasileiros carregados de
escravos. Diante disso alguns moradores de Paranaguá revoltados com a violação de nossas
águas dirigiram-se para o forte da Ilha do Mel e convenceram o comandante e abrir fogo contra
o navio inglês que retornava da baia. Travou-se, assim, um combate entre a fortaleza e o navio,
tendo repercussão internacional o ocorrido.
Alguns dados da escravidão no Paraná revelam que nas cidades do planalto
predominava o escravo índio e no litoral o africano.
Algumas particularidades da escravidão no Paraná merecem destaque: a convivência,
tanto na pecuária como na produção de erva-mate, do trabalho escravo com o trabalho livre;
o escravo trabalha nas mais variadas atividades, na pecuária, na agricultura, no artesanato e
principalmente em serviços domésticos; o preço do escravo teve aumento significativo: em 1740,
o valor de um escravo equivalia a 15 bois, em 1790 já valia 60 bois; os religiosos também
possuíam escravos: o Convento do Carmo, de Itu (SP), possuía nos Campos Gerais 5 fazendas
com 4.000 cabeças de gado e 40 escravos.
No Paraná, também foram criadas sociedades antiescravistas , como a
“Sociedade Redenção Paranaguense”, no litoral e “Ultimatum” em Curitiba, as quais
compravam a alforria e facilitavam a fuga de escravos.

EXERCÍCIOS

QUESTÃO 01:

60
(UEM-2009) Leia o texto a seguir: “Fugiu no dia 17 de novembro do anno pp., da cidade de Ponta
Grossa, o escravo de nome Marcelino, natural de Minas, idade de 14 annos mais ou menos, côr fula,
cara cheia, nariz chato, e tem um pé mais grosso do que o outro, como destroncado; quem o levar à
dita cidade acima e entregar a seu senhor [...] receberá a quantia [...] de 100$000, de alvissaras.”
(Anúncio no jornal “O Dezenove de Dezembro”, em 1866. Citado por WACHOWICZ, Ruy
Christovam. História do Paraná. Curitiba: Editora dos Professores, 1968. p.108.) Assinale a(s)
alternativa(s) correta(s).

01) Ao mostrar o grande número de escravos que fugia em Ponta Grossa, o texto explica o
porquê de não ter existido escravidão na região dos Campos Gerais.

02) O texto mostra que a mão de obra escrava predominou na colonização da região Norte do
Estado do Paraná.

04) O texto mostra que, na década de 1860, época do anúncio acima, o movimento abolicionista
tinha grande apoio popular no Paraná.

08) Embora na época do anúncio a escravidão ainda persistisse no Brasil, o desembarque de


escravos africanos nos portos brasileiros era considerado ilegal.

16) A palavra “alvíssaras” significa, no contexto do anúncio, recompensa.

QUESTÃO 02:
(UEM-2010) Sobre a escravidão no território que atualmente faz parte do Estado do Paraná,
assinale a(s) alternativa(s) correta(s).

01) A escravidão foi introduzida no Paraná, com a mineração na região do litoral.

02) Nos chamados Campos Gerais, os escravos constituíram a base da mão de obra utilizada na
pecuária.

04) Ao contrário do que ocorria no restante do Brasil, após a Guerra do Paraguai, ocorreu um
crescimento da escravidão no Paraná.

08) A partir de meados do século XIX, ocorreu, no Paraná, um estímulo à emigração européia,
como uma alternativa ao trabalho escravo.

16) Ao contrário de São Paulo, em razão da intensa ação dos jesuítas, a região que atualmente
faz parte do Estado do Paraná não teve escravidão indígena.

QUESTÃO 03:
(UEM-2012) Sobre a escravidão no atual território paranaense, assinale a(s) alternativa(s)
correta(s):

01) a presença de escravos africanos nos territórios do atual Estado do Paraná remonta à década
de quarenta do século XVI, com o início da produção de cana-de-açúcar.

02) A mineração de ouro nos Campos Gerais, no século XVII, caracterizou-se pelo emprego do
trabalho escravo tanto indígena quanto negro.

61
04) no século XVIII, após a decadência da mineração no litoral, os escravos negros foram
utilizados na pecuária nos Campos Gerais.

08) Quando da criação da Província do Paraná, em 1853, as autoridades determinaram a


libertação dos escravos em seu território.

16) Após a proibição do tráfico negreiro, o porto de Paranaguá, no século XIX, foi muito
utilizado para o contrabando de escravos no Brasil.

62
IMIGRAÇÃO

NO

PARANÁ

63
IMIGRAÇÃO NO PARANÁ

Foi somente a partir do século XIX que o governo brasileiro interessou-se pela
imigração não portuguesa para o Brasil.
Tendo em vista a diminuição da quantidade de negros escravos, a necessidade
de mão-de-obra e de ocupação do interior do estado do Paraná, a perspectiva
governamental de embranquecer o país e mesmo afastar a ameaça indígena das cidades
já consolidadas, entre 1829 e 1833 o Paraná recebeu suas primeiras levas de imigrantes.
Ao sul de Curitiba se estabeleceram imigrantes alemães.
As primeiras tentativas neste sentido foram às colônias de Rio Negro, Teresa Cristina,
Guaraqueçaba e Assungui.
Por interferência de João da Silva Machado – futuro Barão de Antonina – vieram as
primeiras 46 famílias de imigrantes alemães para a capela da Mata em 1829, formando o
embrião da futura cidade de Rio Negro.
Em 1847, o mesmo barão atraiu para as margens do rio Ivaí, em pleno sertão
paranaense, João Maurício Faivre que fundou a Colônia Teresa, com imigrantes
franceses.
Aos poucos nacionais e estrangeiros se fundiram numa vida comum, acontecendo a
“caboclização” ou “acaboclamento”.
Em 1852, Carlos Perret Gentil, sem auxílio do governo, fundou na entrada da baía de
Paranaguá a colônia de Superagui composta por suíços e alemães.
Considerado o sucesso da imigração aliado aos subsídios agrícolas federais concedidos
à Província vizinha de Santa Catarina, o governo paranaense resolveu criar uma colônia agrícola
e trazer imigrantes. Foi criada então a colônia agrícola de Assungui, que fracassou por falta de
infraestrutura, pois o governo paranaense não construiu sequer estradas para que a produção
de grãos fosse escoada. Muitos imigrantes voltaram aos seus países de origem ou migraram
para Curitiba.
Em 1875, Adolfo Lamenha Lins assumiu o governo do Paraná. Observando os erros
cometidos na Colônia de Assungui, Lins implantou um novo processo de ocupação imigrante
da região dos Campos Gerais que foi de tremendo sucesso. Tomando medidas como a
construção de estradas, fornecimento de sementes, construção de escolas e/ou capelas,
proximidade com centros mais populosos, dentre outras.
A produção agrícola no Paraná retomou sua normalidade. Nessa nova leva de
imigrantes, poloneses e italianos foram os grupos predominantes, sendo que os poloneses eram
de origem, enquanto os italianos eram reimigrantes. Essa política eficiente de atração de
imigrantes ficou conhecida como Linismo.
Após o curto período em que Lins esteve no poder no Paraná, a política de imigração
do Estado perdeu seu rumo e muitos imigrantes, especialmente russos e alemães, foram
direcionados para terras de péssima qualidade. Mais uma vez, sem estrutura e percebendo que
haviam sido enganados por falsas propagandas, dos 20 mil imigrantes que eram esperados,
apenas 1800 se fixaram no Estado. Estes imigrantes abandonaram a produção agrícola e
passaram a oferecer serviços, basicamente de transporte de erva-mate do interior para o litoral
com Carroções Eslavos, conhecidos por sua resistência e tecnologia, sendo puxados por dois
ou três cavalos.
Na década de 1880, o Paraná retomaria o Linismo com Alfredo Taunay, presidente da
província. Novas colônias surgiram, novos redutos populacionais e novos

64
municípios. Contudo, consideradas algumas rusgas territoriais com a Argentina, passou a ser
imperativo que o Paraná garantisse a ocupação dos territórios nas proximidades do país vizinho.
Para isso foram estabelecidas colônias militares de Chapecó e Chopim, em 1882. Desde
meados do século XIX, gaúchos subiam ao sudoeste paranaense atraídos pelas noticias da
qualidade da terra para a criação de gado. O caminho que liga o Rio Grande do Sul ao sudoeste
do Paraná recebeu o nome de Caminho das Missões e tornou-se uma rota alternativa para o
caminho de Viamão.
Mais recentemente, após a Primeira Guerra Mundial, observou-se um
predomínio do imigrante japonês, especialmente na região norte do estado do Paraná,
ocupando os núcleos de Uraí, Assaí e Londrina, dentre outros. Muitos japoneses
passaram a trabalhar o cultivo do café .
Ao longo do século XX, os imigrantes japoneses enfrentaram, assim como
alemães e italianos, os desafios da guerra mesmo longe de seus países de origem. Isso
ocorreu porque quando o Brasil declarou guerra à potencias do Eixo, escolas de língua
japonesa foram fechadas, e o idioma pátrio foi proibido sob pena de prisão.
Outros grupos étnicos menores, como holandeses, franceses, suíços, também imigraram
para o Paraná, sendo sua influencia de menos escala que os grupos citados acima. Durante o
século XX, a instalação do elemento estrangeiro foi feita de maneira mais organizada do que
em tempos anteriores. Podemos citar, como benefícios da imigração para o Paraná:

 Aumento da diversidade de serviços como: artesãos, marceneiros,


ferreiros, etc;
 Melhoria do parque agrícola, com incremento de ferramentas e gêneros
alimentícios;
 Autonomia econômica para a região;
 Introdução de tecnologia industrial.

EXERCÍCIOS

QUESTÃO 01:
(UEM-2011) Sobre os movimentos populacionais no território que compõe o atual Estado do
Paraná, assinale a(s) alternativa(s) correta(s).

01) No Período Imperial, apenas um pequeno número de imigrantes europeus se estabeleceu nos
Campos Gerais, em razão da hostilidade dos índios que habitavam a região.

02) A exploração da erva-mate no extremo-oeste do Paraná, nas primeiras décadas do século


XX, atraiu para a região uma mão de obra indígena guarani vinda do Paraguai.

04) Os imigrantes estabelecidos no Estado do Paraná chegaram, tanto diretamente do exterior


como vindos de outros estados brasileiros.

08) A imigração japonesa não foi significativa no Estado do Paraná, quando comparada à
estabelecida em Santa Catarina e no Rio Grande do Sul.

65
16) A ocupação do norte do Paraná está em grande parte vinculada à expansão do cultivo do café,
sendo responsável por um processo migratório para a região, no qual se destacou a presença de
paulistas, mineiros e nordestinos.

QUESTÃO 02:
(UEM-2012) Sobre a contribuição da imigração nos séculos XIX e XX para a formação da
sociedade paranaense, assinale a(s) alternativa(s) corretas(s).

01) Desde o início, ela foi incentivada pelos plantadores de café, pois eles desejavam utilizá-la como
mão-de-obra barata em suas lavouras.

02) O estabelecimento dos primeiros imigrantes alemães na Região do Rio Negro, no início de século
XIX, foi favorecido por meio da iniciativa privada.

04) Uma das mais importantes contribuições trazidas pelos imigrantes foi a introdução de novas
tecnologias no campo, em substituição às técnicas ainda rudimentares.

08) Na década de 1960, os violentos conflitos entre imigrantes judeus e japoneses exigiram a
intervenção militar do exército brasileiro no Estado do Paraná.

16) A imposição do português como língua oficial contribuiu para o aniquilamento da identidade dos
estrangeiros que aqui chegavam.

66
MOVIMENTOS

MILITARES

REVOLUCIONÁRIOS

67
A REVOLUÇÃO FEDERALISTA

A centralização política exercida pela República encontrava forte resistência em vários


estados brasileiros, sendo o Rio Grande do Sul um destes estados.
Silveira Martins, um latifundiário gaúcho, pregava abertamente suas ideias federalistas.
Assim sendo, Floriano Peixoto aproximou-se de Júlio de Castilhos, então governador do estado,
para combater o movimento federalista.
O movimento federalista tinha força no estado gaúcho, por isso a expectativa para as
eleições ao governo do Estado era grande. Grande também foi a decepção dos federalistas ao
descobrirem que o Partido Republicano vencera as eleições. Silveira Martins que, com seus
correligionários estava acampado no Uruguai, resolveu invadir o Rio Grande do Sul. Tomava
lugar a Revolução Federalista.
Em 1893 teve início no Rio Grande do Sul a Revolução Federalista. Foi um movimento
político e militar repleto de contradições . Fazia parte da revolução uma gama enorme de
ideologias: anarquistas, federalistas, parlamentaristas, monarquistas, separatistas. Era
um grupo heterogêneo que tinha como meta afastar do poder o Marechal Floriano Peixoto,
devido ao seu governo demasiadamente centralizador. Foi esse conglomerado de ideologias sem
comando unificado, desorganizado, que invadiu o estado do Paraná no início de 1894.

Revolução Federalista no estado do Paraná

Os federalistas tomaram Santa Catarina e reunidos em São Francisco, o Almirante


Custódio de Melo e os Generais Gumercindo Saraiva e Pirragibe, decidem a invasão do Paraná,
no ano de 1894, por três caminhos:

 a esquadra, comandada por Custódio de Melo, atacaria por Paranaguá;


 o Primeiro Corpo, comando por Gumercindo Saraiva, atacaria por São
José dos Pinhais;
 e o Segundo Corpo, entraria no Estado por Rio Negro.

Dia 14 de janeiro a esquadra toma Paranaguá sem resistência e dia 20 os federalistas


chegaram a Curitiba. Com a capitulação das forças governistas, em Tijuca, no dia 19 de janeiro,
as tropas de Gumercindo também seguem para Curitiba. A última resistência foi na cidade da
Lapa.
A entrada dos federalistas no Paraná causou temor, pois era espalhada a informação de
que eles “não passavam de legiões de bandidos que traziam o saque e a depredação, a desonra
e a morte”.

O cerco da Lapa

Os invasores esperavam toma-la em menos de 72 horas levaram 29 dias, de 14


de janeiro a 11 de fevereiro de 1894.
Na cidade da Lapa, o coronel Antonio Gomes Carneiro impôs forte resistência
aos maragatos. Tendo pedido auxilio a Curitiba, nunca obteve resposta.
A eficiente e pertinaz oferecida por Carneiro irritava o adversário, que apertou
ainda mais o cerco. A 7 de fevereiro recebeu um ferimento mortal, e dois dias depois

68
veio a falecer, rodeado por aqueles que comandavam, em meio á consternação total. A fome e
a falta de munição instalaram-se entre os sitiados. Não chegava nenhum auxílio. A continuação
da resistência seria completamente inútil.

A Ocupação de Curitiba

A ocupação de Curitiba pelas tropas federalistas durou de 20 de janeiro até 26 de


abril de 1894.
Vicente Machado, que estava na chefia do Governo do Paraná, no dia 18 de janeiro
abandona Curitiba sem oferecer resistência aos invasores. O governador resolveu,
temporariamente, transferir a sede do governo do Estado para Castro, com o objetivo de afastar
da cidade a agitação, invasão e exaltação dos ânimos.
As contradições no próprio comando dos federalistas refletem-se na nomeação dos
governantes do Paraná. Em apenas 100 dias tiveram 4 governadores.
Para evitar o saque de Curitiba e outras cidades do Paraná, os empresários, chefiados
pelo Barão de Serro Azul, criaram uma Comissão Especial de Empréstimos de Guerra para
arrecadar os 1.000 contos de reis que os invasores exigiam.
Os curitibanos pagam o imposto, porém, o que os federalistas não esperavam é que
Floriano Peixoto preparava um contra-ataque.
Com ajuda dos EUA, equipamentos e soldados foram enviados para o sul para criar
condições de resistência contra os maragatos. Com o moral abatido, muitos chefes federalistas
foram abandonando a frente de batalha e voltando para suas terras no Rio Grande do Sul mas
foram seguidos pelos legalistas. A morte de Gumercindo Saraiva terminou por abalar de vez a
estrutura dos revoltosos. A resistência exercida na Lapa deu ao governo federal tempo suficiente
para organizar uma contraofensiva efetiva e eliminar a ameaça dos maragatos18.

A COLUNA PRESTES NO PARANÁ

Durante mais de 7 meses, de 14 de setembro de 1924 a 30 de abril de 1925, o


território do Paraná, principalmente no Oeste e Sudoeste do Estado, viveu momentos
dramáticos e heroicos. Foi um período de combates seguidos entre as tropas do Governo
Federal e os revolucionários, comandados por Izidoro Dias Lopes e Luiz Carlos Prestes. A
Coluna Paulista atingiu o Paraná por Guaíra, a Coluna Gaúcha atingiu por Barracão. As duas
colunas se juntaram em Foz do Iguaçu, e cruzando o Rio Paraná no
dia 30 de abril de 1925, continuaram a epopeia da Coluna Prestes ou Coluna Invicta.

Coluna Paulista

Os revolucionários permaneceram no Paraná por mais de sete meses. O período foi


marcado por lutas ininterruptas, sendo considerado como um dos mais violentos de que se
conhece na história militar brasileira.

18 Com relação à Revolução Federalista, torna-se importante destacarmos que os maragatos


foram os revoltosos, os federalistas, e os pica-paus, foram as tropas do governo, as tropas
florianistas.

69
As forças paulistas conquistaram boa parte do Oeste do Paraná, nos territórios que iam
de Guaíra, pelo Rio Piquiri, passando por Belarmino, Serra dos Medeiros, Catanduvas,
Benjamim e Foz do Iguaçu.
Os governistas, para enfrentar os revolucionários, organizaram três frentes: uma em
Ponta grossa, local do comando geral, outra vinda do Rio Grande do Sul, e uma terceira frente
em Campo Mourão.
Em março de 1925 as tropas governistas atacam Catanduvas. Foram dias de
combates ininterruptos, mas a luta continuou.

Coluna Sulista

As tropas revolucionárias sulinas, sob o comando de Luiz Carlos Prestes, entraram no


Paraná por Barracão, em fevereiro de 1925.
Permaneceram no Sudoeste por quase 2 meses, travando batalhas sucessivas com as
tropas legalistas, chefiadas pelo Coronel Fermino Paim Filho e Claudino Nunes Pereira.

Em abril de 1925 aconteceu em Foz do Iguaçu uma grande reunião dos paulistas e
sulistas, sob a liderança do General Izidoro Dias Lopes, para avaliarem a gravidade da situação.
A retomada de Guaíra era problemática e as forças governistas avançavam constantemente,
objetivando encurralar os revolucionários no Rio Paraná. Diante disso, Prestes, Juarez e Paulo
Kruger abriram uma picada até Porto Mendes. Com isso todas as tropas recuaram, sempre
combatendo, rumo a Porto Mendes e Porto Artaza, a fim de atravessar o Rio
Paraná.
Sendo assim, no dia 30 de abril de 1924 todos estavam no Paraguai, rumo a Mato
Grosso e ao início de outra etapa da grande marcha da coluna Prestes. O objetivo era o Rio de
Janeiro.

GUERRA DO CONTESTADO

Podemos dividir, de modo didático, a Guerra do Contestado em dois momentos:


o primeiro, de cunho político, seria a disputa fronteiriça e jurídica sobre as terras do
Contestado19 entre Paraná e Santa Catarina; o segundo, de cunho social, fica por conta do
confronto armado entre os pelados e os peludos.

Disputa fronteiriça entre Paraná e Santa Catarina

Em 1853, após a autonomia política paranaense, inexistia um acordo de fronteiras entre


o Paraná e Santa Catarina.

19 Excluindo-se a parte já ocupada por Santa Catarina, compreendia o Contestado o território limitado
pelos rios: do Peixe, Uruguai, Peperi-Guaçu, Santo Antônio, Iguaçu, Negro e Preto, até suas
nascentes; seguia então pelo divisor de águas da Escarpa Geral até as nascentes do Rio Canoinhas,
afluente do Iguaçu e daí pelo divisor de águas da Escarpa do Espigão, até as nascentes do rio do
Peixe.

70
Deste modo, até 189120, quando a legislação sobre as terras passou a ser mais
incrementada, a lei que vigorava sobre a posse era a mesma do século XVI – uti possidetis.
Portanto, o Paraná tratou de ocupar a região do Contestado.
A principal preocupação, sobretudo do governo federal, era a de garantir a região do
Contestado sob o domínio brasileiro21.
Entrementes, no final do século XIX estava sendo construída no Brasil a ferrovia que
ligava São Paulo ao Rio Grande do Sul e o caminho desta passava exatamente na região
contestada entre os dois estados, o que valorizava ainda mais a terra e trouxe à tona velhos
atritos entre paranaenses e catarinenses. As disputas políticas acabaram acirrando os ânimos
entre os dois estados.
O problema fronteiriço entre os dois estados vizinhos continuou a ser debatido por vezes
nos parlamentos dos respectivos estados, até 1901. Neste ano, Santa Catarina apresentou no
Supremo Tribunal Federal uma ação judicial, reivindicando a fronteira com o Paraná pelos rios
Peperi-Guaçu, Negro e Iguaçu.
Os políticos catarinenses eram muito bem relacionados, possuindo grande apelo na
esfera federal. Tamanha influência acabou resultando em ganho de causa a favor dos
catarinenses. Todavia, a decisão não foi aceita pelos paranaenses, o que levou ao acirramento
da questão entre os dois estados.
É importante observar que na região contestada por Paraná e Santa Catarina haviam
núcleos urbanos já instalados há algum tempo, bem como havia um grande grupo de caboclos,
gente que vivia nas matas, em agrupamentos menores. As populações dos núcleos urbanos
identificavam-se mais com o Paraná, apesar de que a vontade política do governo federal fosse
tendenciosamente favorável aos catarinenses.
A população da região contestada resolveu criar um Estado separado, o chamado
Estado das Missões, e até uma bandeira foi confeccionada. A ideia era a de proclamar a
emancipação e, talvez futuramente, unirem-se ao Paraná. O governo do Estado assumiu o
compromisso de apoiar a luta pela criação do Estado das Missões.
O clima fiou tenso na região, levando a possibilidade de uma conflagração armada na
região. Foi então que o presidente da República Wenceslau Braz interveio na disputa a fim de
evitar um conflito bélicona região.
A partir daí, Santa Catarina decidiu negociar novamente a fim de se chegar a uma
solução que atendesse aos interesses de ambos os estados, devido ao fato de estarem
temerosos de ficarem com um território limitado ao litoral e Serra do Mar.
Dessa forma, se chegou a um acordo, na qual o Paraná cederia o contestado norte
tendo linha divisória os rios Iguaçu e Uruguai, era a chamada Linha Wenceslau Braz.

Questão social do Contestado

A região do Contestado começou a sentir os efeitos da construção da estrada de ferro


São Paulo – Rio Grande do Sul que se iniciou em 1908. Para dar cabo de tal projeto foi
contratada uma empresa norte-americana, a Brazil Railway Company22.
20 A Constituição de 1891 definiu que as fronteiras deveriam ser definidas politicamente e não
juridicamente, sendo então uma competência das Assembleias Legislativas.
21 Pertinente recordarmos da Questão de Palmas, isto é, a disputa por definições fronteiriças

entre Brasil e Argentina, sobretudo com relações às posses do sul do país e de Mato Grosso.
22 A Brazil Railway Company demarcou até 1914 só no Paraná, 6 bilhões de metros quadrados

de terra, principalmente próximo aos trilhos da estrada de ferro.

71
O Brasil não tinha condições de pagar a construção dessa ferrovia, e o contrato de
concessão estipulou que os serviços seriam pagos com terras da região. A companhia receberia
15 quilômetros de cada margem da ferrovia, assim, a companhia recebeu extensas glebas de
terras que iam desde o vale do rio Ivaí até o rio Uruguai.
Para poder explorar as terras, se fez necessário desocupar a área, que era ocupada
por posseiros. Para conseguir tal objetivo, a companhia acabou por montar uma
guarda particular a fim de realizar a “limpeza” nas terras. Com a valorização que as terras
receberam, muitos grandes proprietários de terras também resolveram tomar posse dias terras
antes ocupadas pelos posseiros. Assim, os caboclos, ingênuos, não tinham ninguém que
pudesse ser por eles. Estavam sós.
Com relação ao cenário anterior à construção da ferrovia, dominava economicamente a
região a propriedade latifundiária, que agrupava em torno de si um grande número de tropeiros,
agregados, foreiros e desocupados, os quais viviam à mingua.
Faltava a estas populações qualquer tipo de assistência governamental e
espiritual, vivendo seus habitantes na marginalidade. Sua densa população cabocla vivia no mais
completo abandono, ingênua que era dominada por crenças fetichistas, ligadas a devoções
católicas.
O sofrimento desses grupos marginalizados era tão grande que chegaram a acreditar
que fosse coisa da República. Alguns defendiam a volta do Império, visto que nos dias de
D. Pedro II não eram incomodados.
Dentro desse contexto, não foi difícil surgir a figura de um líder que passasse a conduzir
o povo oprimido23 a uma revolta. Nesse cenário, torna-se importante a figura mítica do “monge”.

Os monges

Os estados sulinos eram percorridos desde os meados do século XIX até 1912, por
figuras exóticas que a população dos nossos sertões chamava de “monges”. Viviam mais na
floresta, dormiam em grutas, possuíam barba crescida e cerrada, sandálias feitas de couro cru,
na cabeça um barrete de pele de onça, um bordão na mão e um terço pendurado no pescoço.
Os chamados “monges” foram, na realidade, três.
O primeiro foi João Maria d’Agostini. Os caboclos atribuíam-lhe milagres e
passaram a chama-lo de “São João Maria”. Morreu não se sabe como, nem quando. Para eles,
não era possível que um homem tão bom e santo pudesse desaparecer. Neste ambiente de
expectativa, surgiu o segundo “monge”, na pessoa de Anastás Marcaf. Conheceu pessoalmente
a João Maria d’Agostini e ouvia suas pregações. Intitulava-se João Maria de Jesus. Dos três
monges existentes, foi o que mais influencia deixou e o que mais se perpetrou na lembrança da
população sertaneja. Morreu, ao que parece, nos sertões de Santa Catarina, em 1906.
A tensão política e social aumentava e o furor e os desmandos da polícia catarinense e
paranaense atemorizavam as populações sertanejas. Era necessário um líder, um guia que
chefiasse uma revolta. E ele apareceu na figura do terceiro “monge”

23 Revoltava e indignava ainda os sertanejos o fato de o governo federal vender extensas regiões em
lotes, a preços acessíveis, a imigrantes europeus que ali se fixavam, nada cabendo aos primeiros.

72
que era, na realidade, Miguel Lucena, desertor da polícia paranaense. Aproveitou-se, este
elemento, da tensão político-social existente no Contestado, arvorando-se em “monge”, nome
de tão gratas recordações aos sertanejos.
Aliciou ao seu redor os descontentes, os injustiçados, os perseguidos, os desajustados,
os desempregados, os bandidos e os facínoras, e deu-lhes instrução militar, armando-os com
espadas, facões, pica-paus e garruchas. Este foi o “monge guerreiro”. Surgiu nos sertões dos
Campos Novos, chamando-se José Maria de Agostinho e dizendo irmão do falecido monge.
Tornou-se chefe e guia. Organizou na região uma resistência contra as investidas policiais,
defendendo os desprotegidos matutos. Criou os chamados “quadros santos” que eram reduto
de resistência.
Contudo, sua ordem era clara: “não atacar, mas resistir”. Sua reivindicação básica era
a solução do problema de terras. O número de adeptos aumentou rapidamente.
O pretexto para a guerra surgiu a partir do momento que o monge negou-se a atender
a um doente da família do Coronel Albuquerque, grande proprietário dos sertões catarinenses e
presidente da Assembleia Legislativa. A política catarinense procurou dispersar os sertanejos,
não o conseguindo. Porém, com diplomacia, convenceu José Maria a transpor o rio do Peixe,
entrando desta forma em território paranaense. Para as autoridades paranaenses, José Maria
não passava de um invasor catarinense, de um chefe de fanáticos24.

Pelados x Peludos25

Os fanáticos instalaram-se nos campos de Irani (atualmente território catarinense).


A política paranaense tratou-os como usurpadores.
Após diversas investidas dos pelados, em uma dessas expedições o “monge” José
Maria é morto a tiros. Contudo, apesar da morte de seu “monge guerreiro”, a vitória dos
fanáticos em Irani armou-os com apreciável material bélico e apreendido. Os combatentes do
Contestado adotaram o sistema de guerrilha como estratégia de combate.
Sem o seu líder, os fanáticos abandonaram o território de Irani e voltaram para a
região de Campos Novos.
Ao longo do conflito, mais de dez batalhas ocorreram. A cada vitória sertaneja mais
equipamento era conseguido. Porém, ao longo do tempo de guerra, os objetivos foram se
perdendo entre os caboclos e bandidos foram se juntando ao grupo. Deste modo, a luta perdeu
toda a sua característica religiosa e o fanatismo, aliado ao banditismo, superou qualquer
misticismo. As lideranças do movimento começaram a dispersar-se, o que enfraqueceu os
caboclos.

O desfecho

O governo federal resolveu intervir com mais força para resolver o problema.

24 Os seguidores do ‘monge” passaram a ser chamados pelas autoridades governistas de


“fanáticos”, pois seguiam “cegamente” as orientações de José Maria.
25 Na Guerra do Contestado, os revoltosos ficaram conhecidos como pelados e as tropas

governistas como peludos.

73
Sucederam-se rápidas vitórias das tropas legalistas, destacando-se a ação do capital
Potiguara. Com o estrangulamento lento do cerco, concentraram-se os jagunços em Santa
Maria.
Deste modo, os fanáticos, já enfraquecidos, foram cercados em Santa Maria e
bombardeados com intensidade. Assim, em agosto de 1916 os caboclos depuseram as armas.

Ideias políticas do movimento

Quando pelados e peludos iniciaram a guerra em Irani, os fanáticos não tinham ideia
políticas claras, mesmo com relação ao Contestado. Se as autoridades, tanto de Santa Catarina
quanto do Paraná, tivessem aproveitado a força que esses caboclos representavam, teriam
garantido para seu lado a posse de todo o Contestado.
As ideias monárquicas de José Maria iriam encontrar nos sertanejos um campo
propício. A monarquia, abolida recentemente, parecia-lhes um regime de paz, durante o qual
não havia sido atacados, nem explorados. A república parecia-lhes um regime de terror, que
impedia suas rezas em comum, dispersava-os à bala e, não satisfeita, ainda expulsava-os de suas
terras.
Com o desenvolvimento da luta, firmou-se entre os sertanejos a ideia de uma monarquia
sul-brasileira, que compreenderia os Estados do Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul e o
Uruguai.
Contudo, todas estas ideias monárquicas e separatistas desmoronaram em 1915, com
a queda de seu último reduto: Santa Maria.

REVOLTA DE PORECATU

Outra importante e violenta luta aconteceu na Região de Porecatu entre os anos de 1947
e 1952. Foi uma luta de posseiros contra grileiros, jagunços e a Polícia do Paraná e aconteceu
nos territórios entre os rios Pirapó, Tibagi e Paranapanema.

Ocupação da região

O processo de ocupação da terra na região é muito confuso, envolvendo muitas


pessoas e empresas. Neste sentido, em 1941, centenas de colonos, vindos de São Paulo,
considerando as terras devolutas, se localizaram na região como posseiros, passando,
inclusive, a cultivar café.
A região possuía mais de 1000 posseiros que desde 1942 tentavam legalizar as terras
junto às autoridades, porém as negociações não obtinham sucesso. Deste modo, começaram a
se organizar. Em 1944, se reúnem e organizam a Liga Camponesa.
Aos poucos a organização e a luta pela legalização da terra vai ganhando intensidade.
Por outro lado, grileiros, com jagunços e com apoio da política, também se articulam.

Os conflitos

74
O primeiro conflito aconteceu em 1947, em Guaraci, quando jagunços e polícia tentam
expulsar os posseiros. Eles incendiaram casas, abateram animais e até cometeram estupros
contra filhas e mulheres de posseiros.
Foi esse banditismo que serviu de estopim para a resistência armada dos posseiros.
Depois desse conflito, os posseiros passaram a atuar em três frentes de luta: a luta armada, a
luta legal e conseguir solidariedade nas cidades.
Com o agravamento da luta, os posseiros passaram a ter o apoio do Partido
Comunista Brasileiro.
A luta armada tinha a participação de poucas pessoas. Estavam dividas em três
grupos. Cada grupo era formado por cerca de 8 pessoas.
Em 1951 começou uma grande ofensiva do Governo para debelar a resistência dos
posseiros. Várias pessoas foram presas.
Para o grande e definitivo ataque contra os posseiros foram mobilizados dois batalhões
da Polícia Militar e 15 agentes do DOPS. Para qualquer emergência, estavam em Londrina uma
esquadrilha de aviões da FAB e existiam tropas da polícia paulista na fronteira dos dois Estados.
Dia 21 de Junho de 1951 um comboio de 12 veículos e centenas de soldados iniciam
os ataques ocupando a Vila Progresso e aos poucos toda a região. Muitos posseiros
abandonaram a luta, alguns se entregaram e outros fugiram. Foram efetuadas apenas 23 prisões.
A direção do PCB avaliou o movimento armado como um erro e um fracasso. Porém,
não é o que pensou a maioria dos posseiros que saíram vitoriosos, pois cerca de 2000 posseiros
da região receberam títulos de propriedade de terra, entre 5 e 50 alqueires nos municípios de
Centenário, Campo Mourão e Paranavaí.
Outro fato que merece reflexão: para ajudar a solucionar o problema da posse, o
Governo aplicou, pela primeira vez no Brasil, a desapropriação de terra com base no
interesse social. O Governo do Estado declarou de utilidade pública as terras litigiosas de
Porecatu, Jaguapitã e Arapongas, fundamentando-se no preceito constitucional do interesse
social.

A REVOLUÇÃO DE 30 NO PARANÁ

O movimento tenentista de 1922 (18 do Forte de Copacabana) e de 1924 (Coluna


Prestes) foi um grito de alerta contra as oligarquias. Ele teve seu coroamento na Revolução de
1930.
O Paraná, pela sua posição geográfica, entre o Rio Grande do Sul e São Paulo, teve
papel destacado nesses movimentos.
Os fatos revelam que a posição do Paraná foi decisiva na vitoriosa Revolução de 1930.
No dia 05 de outubro de 1930, a Revolução rebentou em Curitiba, sob a chefia do Major do
Corpo de Engenharia Plínio Tourinho, com adesão do 15º BC, do 9º RAM e do 6º Grupo de
Artilharia Montada. A Força Pública Militar, o Corpo de Bombeiro e a Guarda Cívica,
retiraram-se para São Paulo, acompanhado de seus auxiliares.
Os revolucionários, vindos do sul, chegaram a Ponta Grossa no dia 25 de outubro, onde
instalaram o comando da Revolução e seu Estado Maior, aguardando a grande batalha do
Itararé, onde se entrincheiraram as forças governistas. Não houve a referida batalha porque o
presidente Washington Luiz foi deposto no RJ e com isso a primeira sede do Governo de
Getúlio Vargas foi Ponta Grossa.

75
O PARANÁ NO PERÍODO GETULISTA (1930-1945)

O primeiro interventor do Paraná foi o General Mário Tourinho.


No lugar de Tourinho, que ficou menos de um ano no poder, Getúlio Vargas nomeou
Manoel Ribas.
Apesar de enérgico, Ribas, não permitiu perseguições políticas e garantiu uma
estabilidade e continuidade administrativa. Sua relação, porém, com os tenentes e com a
oligarquia local nunca foi muito amistosa, ficando distante de seus conflitos. Isso favoreceu o
desenvolvimento do Estado.
No setor industrial o Governo se empenhou para a instalação da indústria de papel em
Monte Alegre, uma das maiores do Brasil.
Um dos grandes méritos do Governo de Manoel Ribas foi conduzir o Estado com
equilíbrio econômico-financeiro. Desenvolveu uma gestão austera e deixou o Paraná em bom
estado para o governo sucessor. Todavia, o governo de Ribas funcionou sem nenhum
planejamento para o futuro, era mais uma administração “feijão com arroz”. Durante seu governo
de 13 anos, a economia paranaense mudou de rumo. Ocorreu o declínio da cultura do mate, o
esplendor da indústria madeireira e o início da cultura cafeeira.
Com a multiplicação das serrarias e a derrubada do pinheiro, os ervais perdiam a
proteção natural. Foi o começo do fim da exuberante e singular floresta de dois andares (o
pinheiro e a erva-mate) e o início da ocupação do norte do Estado, com a cultura cafeeira.
O Governo Federal, porém, foi lesivo ao Paraná. Criou o Território do Iguaçu,
arrebatando boa parte do território paranaense. A fim de beneficiar o grupo gaúcho ligado a
sua pessoa, Vargas decide passar a iniciativa nacionalizadora para o âmbito federal, para tanto
pretendia criar o Território do Iguaçu26. Porém, o real objetivo de Vargas era subtrair vastas
extensões de terras do Estado do Paraná e Santa Catarina. Tal medida beneficiaria os gaúchos
a fim de que voltassem a liderar a política brasileira, perdida para São Paulo devido à Política
do Café com Leite. Protegeu o Porto de Santos em detrimento do Porto de Paranaguá, que
precisava de aparelhamento para o embarque, principalmente de erva-mate e madeira. Deixou,
também, de atender as necessidades da Universidade do Paraná.
No dia 05 de dezembro de 1945, Manoel Ribas foi afastado do Governo. Como não
existia vice-governador e nem Assembleia Legislativa27, assumiu o governo, Clotario Portugal,
Presidente do Tribunal de Justiça.
Com a morte de Manoel Ribas, em 1946, Moisés Lupion se considera herdeiro e
continuador de sua obra e assume a liderança política do Paraná, sendo eleito governador e
começando, assim, nova fase na História do Paraná.

EXERCÍCIOS

QUESTÃO 01:
(UEM-2011) Sobre a revolução federalista no Paraná, assinale a(s) alternativa(s) correta(s).

26 A Constituinte de 1946 dissolveu o Território do Iguaçu, se destacando neste processo o


deputado paranaense Bento Munhoz da Rocha Neto.
27 A Assembleia Legislativa foi fechada por Getúlio Vargas em 16 de março de 1937, e só

voltou a funcionar após a abertura democrática de 1946.

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01) A revolução federalista, depois de envolver o Paraná, estendeu-se para os estados de São Paulo
e de Minas Gerais.

02) Durante a revolução federalista, ocorreram grandes atrocidades por parte das tropas envolvidas.

04) O Paraná se constituiu em uma região central da luta armada, ao impedir o avanço dos
maragatos em direção a Santa Catarina.

08) A resistência dos florianistas, na Lapa, sob o comando do Gomes Carneiro, freou o avanço da
Revolução Federalista no Estado.

16) No Paraná, com a vitória dos maragatos sobre os florianistas, foram travadas as últimas batalhas
da revolução federalista.

QUESTÃO 02:
(UEM-2011) Sobre a guerra do contestado, assinale a(s) alternativa(s) correta(s).

01) A guerra do contestado inspirou Euclides da Cunha na elaboração do livro Os sertões, em que é
narrada a dura vida dos sertanejos brasileiros.

02) Os conflitos do contestado relacionam-se à disputa pela posse de terras na região, entre
fazendeiros e posseiros, que tentavam manter-se nas terras devolutas, e aos interesses da Brazil
Railway Company.

04) O monge Antonio Conselheiro liderou as lutas dos camponeses da região contra as tropas do
Governo Federal e do Estado do Paraná.

08) A guerra do contestado relaciona-se às disputas de limites territoriais entre o Estado do Paraná e
Estado de Santa Catarina.

16) Como resultado da guerra do contestado, os territórios que formavam o Estado do Iguaçu foram
incorporados ao Estado de Santa Catarina.

QUESTÃO 03:
(UEM-2013) Sobre a Revolução Federalista, ocorrida entre 1893 e 1895, e a sua relação com a
história do Paraná, assinale a(s) alternativa(s) correta(s).

01) Entre os maragatos, isto é, os federalistas, havia um grupo que pretendia criar uma nova nação,
formada pelo Sul do Brasil e o Uruguai.

02) Em seu avanço em direção a São Paulo, as tropas federalistas chegaram a ocupar parte do
território paranaense, inclusive a capital, Curitiba.

04) A Revolução Federalista chegou ao fim com a vitória dos pica-paus, isto é, dos legalistas,
apoiados por forças militares fiéis ao governo federal.

08) Um dos motivadores da Revolução Federalista foi o abandono da região da fronteira entre
Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul pelo governo federal, fazendo que seus habitantes
vivessem na marginalidade.

16) Em razão de seu caráter regional, a Revolução Federalista se estendeu a territórios do Paraguai
e da Argentina.

77
A

CONSTRUÇÃO

DA

INFRA
ESTRUTURA

78
Todo o território do Paraná foi ocupado e hoje está interligado. Para que isso ocorresse
tornou-se necessário a criação de condições para a locomoção de pessoas e cargas em todo o
Estado, seja fluvial, rodoviário, ferroviário ou aéreo.

OS RIOS E O SETOR HIDROVIÁRIO

A conjunção de fatores físicos e naturais propicia ao Paraná uma significativa rede


hidrográfica.
As mais importantes bacias são as do Tibagi, Paranapanema, Ivaí, Piquiri e Iguaçu. São
predominantemente rio de planalto, o que dificulta a navegação, pois apresentam cachoeiras,
quedas e corredeiras. Possuem, por isso, considerável potencial hidrográfico.
O transporte fluvial é quase nulo atualmente. Tivemos, porém, uma boa experiência que
durou 71 anos no Rio Iguaçu.
Com relação a uma análise histórica, o Rio Paraná, principalmente entre Guaíra e Foz
do Iguaçu, foi aproveitado pelos “obrageros” argentinos no transporte de erva- mate e madeira,
que eles extraiam ilegalmente no Oeste do Paraná. Essa exploração durou de 1881 a 1930.
Para a carga e descarga de seus navios eles possuíam 14 portos no percurso do Rio Paraná.
Atualmente, para facilitar a exportação de seus produtos, o Paraná possui,
principalmente, três portos: Paranaguá, Antonina e Foz do Iguaçu. O porto de Paranaguá é
o segundo do Brasil em importância. O Porto de Antonina foi reativado para exportar,
principalmente, madeira, açúcar e produtos frigoríficos. O porto seco de Foz do Iguaçu é ponto
estratégico para quem pretende comércio com o MERCOSUL.

SISTEMA RODOVIÁRIO: CAMINHOS E ESTRADAS

Os índios já percorriam o atual território do Paraná há muito tempo, utilizando vários


caminhos, sendo o mais importante o Caminho de Peabiru. Ele serviu, inclusive, de via de
acesso às fabulosas minas de prata de Potosí, na Bolívia. O Caminho de Peabiru possuía
vários ramais que passavam pelos Campos Gerais do Paraná e foram utilizados pelos primeiros
portugueses e espanhóis que penetraram o território, principalmente em busca de ouro e prata.
No início da ocupação do Paraná pelos portugueses, surgiu o problema da ligação entre
litoral e o primeiro planalto, transpondo a Serra do Mar. Três principais caminhos foram
utilizados: Graciosa, Itupava e Arraial.

Estrada da Graciosa: quando da Emancipação Política do Paraná em 1853, não existia ainda
uma estrada que permitisse um transito regular entre o litoral e o planalto. Resolveu-se, então,
abrir uma rodovia, sendo utilizado boa parte do Caminho da Graciosa, a qual foi concluída em
1872. Na construção dessa estrada, teve papel destacado o engenheiro Antônio Rebouças. A
Estrada da Graciosa é hoje importante ponto turístico do Estado.

79
A rodovia, porém, que exerceu papel decisivo na ligação planalto-litoral, e que
contribuiu para o desenvolvimento das praias, foi a BR 277, Rodovia Paranaguá- Curitiba. Ela
é parte da estrada que vai até Foz do Iguaçu, com 640 km, sendo um importante corredor de
exportação.
Atualmente, todo o Estado do Paraná está cortado por rodovias, existindo um sistema
que ultrapassa 140.000 km, dos quais cerca de 13.000 asfaltados e que estão
interligados a malha ferroviária federal, com 3.000 km em nosso Estado. Atualmente esse
sistema gira em torno do Anel de Integração, interligando as cidades polos do Estado.

SISTEMA FERROVIÁRIO

ESTRADA DE FERRO PARANAGUÁ-CURITIBA: em 1875, D. Pedro II determinou


que em Paranaguá fosse o local de início da obra da Estrada de Ferro que ia transpor a Serra
do Mar até Curitiba.
Apenas quatro anos depois foi autorizada a transferência de todos os direitos para uma
empresa estrangeira, a Compagnia Generale de Chemins de Ferr Brasiliens.
Finalmente, em fevereiro de 1885 a primeira locomotiva saiu de Paranaguá rumo a
Curitiba. O tráfico regular começou a operar em 1885.
Em 1942, o Governo Federal escampou a estrada, instituindo a Rede de Viação
Paraná-Santa Catarina e em 1957, foi criada a Rede Ferroviária Federal, que passou a
administrar a referida estrada até 1997, quando foi privatizada.

ESTRADA DE FERRO SÃO PAULO-RIO GRANDE DO SUL: em 1889, o Governo


emitiu um decreto, concedendo ao engenheiro João Teixeira Soares, o direito para a
construção de uma estrada de ferro de Itararé a Santa Maria da Boca do Monte.
Teixeira Soares fundou a Compagnie Chemins de Fer Sud. Quest Bresiliens, com
capital belga e francês, para a qual transferiu a concessão.
Em 1890 a empresa inicia a construção, partindo de Santa Maria. Em 1894 a concessão
do trecho de Itararé ao Rio Uruguai foi transferida para a Companhia de Estradas de Ferro São
Paulo-Rio Grande do Sul, que começou a obra em duas frentes: de Ponta Grossa a União da
Vitória, que foi concluída em 1905 e de Ponta Grossa a Itararé que só foi concluída em 1908.
A concessão dava um prazo de 5 anos para a construção de todo o trecho. Acontece, porém, que
15 anos depois, isto é, em 1905, só estavam concluídos 599 km.
Tendo em vista o atraso, o Ministro de Viação e Obras Públicas, Lauro Muller,
promoveu a vinda ao Brasil do empreendedor norte-americano Percival Farquhar, que fundou
a Brazil Railway Company, empresa que adquiriu o controle acionário da CEFSPRG.
Novo ritmo foi imposto nas diversas frentes. Em 1910, a estrada chega até o rio Uruguai,
cortando a região do Contestado e em 1910 o primeiro trem trafegou nos 1.403 km.

ESTRADA DO CAFÉ: em 1886 foi inaugurada a estrada de ferro de Jundiaí a Santos para
transportar o café até o Porto.
Essa ferrovia desviou a produção de café do norte do Paraná para Santos com sérios
prejuízos para a receita do Estado do Paraná.

80
ESTRADA DE FERRO GUAÍRA-PORTO MENDES: em 1907, a firma Ismarch, Alves &
Cia recebeu do Governo do Paraná a concessão para a construção da estrada de ferro de
Guarapuava ao Rio Paraná. Em 1913 a multinacional Mate Laranjeira se apoderou dessa
concessão.
Aproveitaram para construir uma estrada de ferro para atender seus interesses, ligando
o alto ao baixo do Rio Paraná.
Essa estrada foi inaugurada em 1917. Era uma estrada particular. Por incrível que
possa parecer, durante 11 anos ela não permitiu a passagem de outras pessoas, inclusive
brasileiros.
Atualmente ela não existe mais. No Lugar há um museu em Marechal Cândido
Rondon.

FERROVIA DA PRODUÇÃO: em 1980 o Brasil assinou com o Paraguai o Tratado de


Interconexão Ferroviária entre os dois países estabelecendo a construção da ferrovia da soja ou
da produção.
A Estrada de Ferro paraná Oeste (FERROESTE) foi constituída em 1988, com capital
inicial do Governo federal, do Governo Estadual e de 27 entidades da região, sendo a mais
importante a COTRIGUAÇU que possui cerca de 40.000 associados.

PRIVATIZAÇÃO DO SISTEMA FERROVIÁRIO: toda a malha ferroviária do sul do Brasil foi


privatizada em 1997.

81
OS

TRÊS

PARANÁS

82
A partir da década de 1960, o Paraná pode ser considerado um Estado territorialmente
ocupado. Em consequência das fases históricas que condicionaram a colonização do território
paranaense, podemos dividir a ocupação do Estado em três áreas histórico-culturais.
A primeira área corresponde ao que chamamos de Paraná Tradicional. Este Paraná
iniciou sua história no século XVI, com a descoberta do primeiro ouro encontrado pelos
portugueses no Brasil. Todavia, o metal foi excessivamente escasso.
No século XVIII, com o surgimento do caminho das tropas Sorocaba-Viamão, teve
início a ocupação dos Campos Gerais. O criatório e o tropeirismo promoveram uma
recuperação econômica da região que seria futuramente o Paraná. Foi esta sociedade, que tinha
como suas bases em Paranaguá (litoral), Curitiba (primeiro planalto) e Campos Gerais, que
promoveu na primeira parte do século XIX a ocupação dos Campos de Guarapuava e Palmas.
Com as anexações desses novos territórios à vida econômica, predominou no território
paranaense a economia das fazendas, isto é, do criatório.
No final do século XVIII e parte do XIX, os Campos Gerais detinham a hegemonia na
ainda pacata sociedade paranaense. Neste período, através do caminho Sorocaba-Viamão,
essas populações dos Campos Gerais recebiam forte influência paulista e rio-grandense.
No século XIX, esta área recebeu influência de numerosas correntes imigratórias:
alemães, poloneses, italianos, ucranianos, sírio-libaneses, austríacos, franceses, ingleses,
holandeses, etc. estas levas de imigrantes reforçaram a pronúncia já encontrada na região e
promoveram uma substancial transformação na sociedade.
Do ponto de vista político, é do Paraná Tradicional que até pouco tempo emanava,
quase exclusivamente, o poder político. Foram os luso-paranaenses proprietários de terras que,
desde a emancipação política do Paraná em 1853, passaram a controlar politicamente a
região. No século XIX, o domínio público da província emanava desses grandes fazendeiros
dos Campos Gerais. Embora os presidentes de província fossem nomeados pelo governo
imperial do Rio de Janeiro, o controle político-ideológico emanava dos latifúndios dos Campos
Gerais e exercia-se através da Assembleia Provincial e dos cargos administrativos da máquina
burocrática.
Até o advento da república, o poder político no Paraná foi exercido de forma oligárquica,
tendo por base o latifúndio e a estrutura patriarcal das principais famílias criadoras de gado dos
Campos Gerais.
No início do período republicano, comprovou-se a decadência dessa tradicional elite
campeira. As fazendas de criatório perderam sua importância, ao mesmo tempo em que cresceu
a importância de Curitiba como centro administrativo e econômico. Mas, se por um lado a
oligarquia campeira perdia influencia real, por outro conseguia manter seu poder elegendo a
partir da República e os presidentes do Estado. Estes passaram a ser eleitos e não mais
nomeados pelo poder central.
No período republicano, a elite campeira foi obrigada a aceitar alianças com famílias
importantes de outras regiões do Estado, para manter-se no poder.
A segunda área cultural do Estado corresponde ao Norte do Paraná. Ao contrário
do que comumente se aceita, o início da colonização do norte não foi obra da expansão da
economia do café. O chamado norte velho ou norte pioneiro é maisantigo

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do que se possa conceber à primeira vista. O início da sua colonização data da década de
1840.
Fazendeiros mineiros, proprietários de latifúndios decadentes, donos de terras ditas
cansadas, lançaram-se também ao tropeirismo.
Após os mineiros, penetraram também os paulistas, os próprios paranaenses, japoneses,
italianos, sírio-libaneses, etc. A agricultura de subsistência e a exploração da imensa floresta
subtropical, foram seu primeiro incentivo econômico. O café tornou-se economicamente viável
apenas nos últimos anos do século XIX e início do XX.
Com a entrada de mais de um milhão de migrantes no Norte do Paraná, houve uma
séria ameaça à hegemonia política exercida no Estado pela elite do Paraná Tradicional. Para
alegria dessa elite, os nortistas não se manifestaram de início muita intenção de exercer os
direitos políticos advindos do peso demográfico que o norte passou a representar no conjunto
do Estado.
As populações no Paraná Tradicional passaram a considerar os nortistas como
adventícios que vieram a apoderar das riquezas do Estado, sem se interessarem por suas
tradições. Os nortistas, por seu turno, avaliavam as gentes do sul como possuidoras de pouca
iniciativa, atribuindo-lhes epítetos pejorativos. Era o conflito natural entre os tradicionais do sul
e os pés vermelhos do norte.
Os pés vermelhos teimavam em permanecer afastados dos problemas políticos e
administrativos do Estado e continuavam vibrando e se interessando mais pelos problemas de
suas respectivas regiões de origem.
Em consequência dessa atitude, a tradicional oligarquia paranaense continuava a
governar sozinha o Paraná e se mantinha no poder deforma incontestável.
A terceira área histórico-cultural originou-se após meados da década de 1950. Uma
nova frente pioneira penetrou em território paranaense. Chegava ao Paraná estimulada pelos
problemas com mão-de-obra agrícola no Rio Grande do Sul e Santa Catarina. A este
deslocamento populacional chamamos de frente sulista, ocupando a maior parte do sudoeste e
parte do oeste paranaense. Numericamente, a frente sulista foi de menor intensidade do que a
nortista. Os migrantes oriundos desta frente de colonização fundaram e se estabeleceram em
importantes núcleos no sudoeste e oeste do Estado: Francisco Beltrão, Dois Vizinhos, Santo
Antônio do Sudoeste, Medianeira, Santa Helena, Toledo, Marechal Cândido Rondon, etc.
Tal qual ocorreu no norte do Estado, a oligarquia dirigente nunca de preocupou em
desenvolver com os componentes dessa frente uma política séria de assimilação e integração ao
todo paranaense.
As elites do Paraná Tradicional nunca de preocuparam a fundo com o Norte do Paraná
ou mesmo com o sudoeste e o oeste. As camadas hegemônicas que governavam o Paraná,
sobretudo no início do século, não viam com bons olhos a presença dessas populações que
alguns de seus expoentes chegavam a chamar de adventícias.
Entretanto, a partir de meados da década de 60, iniciou-se uma presença maior do norte
na política e administração paranaense.

EXERCÍCIOS

QUESTÃO 01
(UEM-2010) Leia o Texto abaixo e assinale a(s) alternativa(s) correta(s): “Com a entrada de mais de
um milhão de migrantes no Norte do Paraná, houve uma séria ameaça à hegemonia política exercida
no Estado pela elite, os nortistas não manifestaram de início muita intenção de exercer os direitos
políticos advindos do peso demográfico que o norte passou a representar no

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conjunto do Estado. Ficavam como que de costas para a capital e de frente para os problemas dos
seus estados de origem, notadamente São Paulo e Minas Gerais. Inicialmente poucos se interessavam
pelos problemas político-administrativos do Paraná. Este comportamento de distanciamento dos
problemas paranaenses ocorria nos mais diversos assuntos: do futebol à economia.” (WACHOWICZ,
Ruy Christovam. História do Paraná, Curitiba: Vicentina, 1995, p. 270.).

01) Segundo o texto, o desinteresse pelas questões regionais, por parte dos migrantes que ocupara as
terras do Norte do Paraná, permitiu que a “elite do Paraná tradicional” mantivesse sua hegemonia
política do Estado.

02) A ocupação da região Norte do Paraná foi, em grande medida, resultado da expansão das áreas
cultivadas com café.

04) Em razão do desinteresse explicitado no texto e do preconceito da “elite tradicional”, o Paraná


nunca elegeu políticos da região Norte do Estado para representa-lo.

08) O texto relaciona a grande separação entre a capital e o Norte do Estado, nos dias atuais, ao
movimento pela criação do Estado do Paraná do Norte, EPAN.

16) Apesar das recentes mudanças, a produção de café continua sendo o setor mais importante da
economia da região Norte do Estado do Paraná.

QUESTÃO 02:
(UEM-2012) Leia o texto e assinale a(s) alternativa(s) correta(s). “As elites do Paraná tradicional
nunca se preocuparam a fundo com o Norte do Paraná ou mesmo com o sudoeste e o oeste. As
camadas hegemônicas que governavam o Paraná, sobretudo no início do século XX, não viam com
bons olhos a presença dessas populações que alguns de seus expoentes chegavam a chamar de
adventícias. Perceberam que poderiam perder a liderança absoluta que exerciam no Estado [...].
Entretanto, a partir de meados da década de 60, iniciou-se uma presença maior do norte na política e
administração paranaense.” (WACHOWICZ, R. C. História do Paraná, 7ª. ed. Curitiba: Vicentina,
1995, p. 272).

01) Segundo o texto, em nossos dias, não há uma participação de representantes do interior do Estado
no cenário político estadual, com exceção do Norte paranaense.

02) A colonização do Norte do Paraná, referida no texto, teve como base econômica a cafeicultura
e ocorreu mais recentemente, quando comparada ao “Paraná tradicional”.

04) O termo “Paraná tradicional” refere-se à Região Oeste do Estado, ocupada por migrantes
catarinenses e gaúchos que mantiveram suas tradições a partir da fundação dos Centros de
Tradições Gaúchas (CTGs).

08) Segundo o texto, em razão de concentrar a maioria da população do Estado do Paraná, a partir
dos anos sessenta, a Região Norte assumiu e manteve a hegemonia política no Estado.

16) O texto mostra a existência de disputas políticas regionais que contrapõem políticos do “Paraná
Tradicional” ao “Norte do Paraná”.

GABARITO

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AS POPULAÇÕES NATIVAS:

QUESTÃO 01: 01-02-08-16


QUESTÃO 02: 01-02-08
QUESTÃO 03: 04-08-16

A PRESENÇA EUROPEIA NO TERRITÓRIO PARANAENSE:

QUESTÃO 01:01-16
QUESTÃO 02:01-04
QUESTÃO 03:02-04
QUESTÃO 04: 01-02-04-08
QUESTÃO 05:04-08
QUESTÃO 06:02-16
QUESTÃO 07:08-16
QUESTÃO 08: 01-02-04-16
QUESTÃO 09: 01-04

OCUPAÇÃO E POVOAMENTO DO PARANÁ:

QUESTÃO 01: 01-08


QUESTÃO 02: 02-08-16
QUESTÃO 03: 04-08
QUESTÃO 04: 16
QUESTÃO 05:01-08
QUESTÃO 06:02-04
QUESTÃO 07:04-08

EMANCIPAÇÃO POLÍTICA PARANAENSE:

QUESTÃO 01: 02-16

ASPECTOS DA ECONOMIA DO PARANÁ:

QUESTÃO 01: 02-16


QUESTÃO 02: 02
QUESTÃO 03: 01-16
QUESTÃO 04: 02-04-16
QUESTÃO 05: 02-08
QUESTÃO 06: 02-04-08-16

ESCRAVIDÃO:

QUESTÃO 01: 08-16


QUESTÃO 02: 01-02-08
QUESTÃO 03: 04-16

IMIGRAÇÃO:

QUESTÃO 01: 02-04-16


QUESTÃO 02: 02-04

86
MOVIMENTOS MILITARES E REVOLUCIONÁRIOS:

QUESTÃO 01:02-08
QUESTÃO 02:02-08
QUESTÃO 03: 01-02-04

OS TRÊS PARANÁS:

QUESTÃO 01:01-02
QUESTÃO 02:02-16

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

História do Paraná. Apostila do Integral Curso e Colégio.

História do Paraná. Apostila do Nobel Sistema de Ensino.

ANTONIO, José. História do Paraná.

LAZIER, Hermógenes. Paraná: terra de todas as gentes e de muita história.


Hermógenes Lazier: Francisco Beltrão, 2003.

MOTA, L. T.. História do Paraná: ocupação humana e relações interculturais .


Maringá: EDUEM, 2005.

ZEVIANI, R. U.. História do Paraná. Apostila do Curso e Colégio Imagem.

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