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Universidade Federal de Alagoas

Instituto de Física

Amadeu Bandeira de Souza

CONVERSÃO ASCENDENTE DE FREQUÊNCIAS E ABSORÇÃO NÃO LINEAR DE


SALICILALDEÍDO AZINA

Maceió
2013
Amadeu Bandeira de Souza

CONVERSÃO ASCENDENTE DE FREQUÊNCIAS E ABSORÇÃO NÃO LINEAR


DE SALICILALDEÍDO AZINA

Tese apresentada ao Instituto de Física


da Universidade Federal de Alagoas,
como parte dos requisitos para
obtenção do Título de Doutor em
Ciências.

Orientador: Prof. Dr. Jandir Miguel Hickmann

Co-Orientador: Prof. Dr. Márcio A. R. C. de Alencar

Maceió
2013
Catalogação na fonte
Universidade Federal de Alagoas
Biblioteca Central
Divisão de Tratamento Técnico
Bibliotecário Responsável: Valter dos Santos Andrade

S729c Souza, Amadeu Bandeira de.


Conversão ascendente de frequências e absorção não linear de salicilaldeido azina
/ Amadeu Bandeira de Souza. – Maceió, 2014.
80 f. : il.

Orientador: Jandir Miguel Hickmann.


Coorientador: Márcio André Rodrigues Cavalcanti de Alencar.
Tese (doutorado em Física da Matéria Condensada) – Universidade Federal de
Alagoas. Instituto de Física. Maceió, 2014.

Bibliografia: f. 71-74.
Anexos: f. 75-80.

1. Óptica não linear. 2. Fóton - Absorção. 3. Técnica de varredura Z. 4. Convensão


ascendente de frequências. 5. Salicilaldeido Azina. I. Título.

CDU: 535.2
Dedico este trabalho aos meus pais, irmãos e irmãs.
AGRADECIMENTOS

• Aos meus Pais por tudo que representam em minha vida.

• Ao Professor Jandir Miguel Hickmann, pela orientação, paciência e amizade durante


a realização deste trabalho.

• Ao Professor Marcio A. R. C. Alencar, fundamental no desenvolvimento desta tese.


Pelos ensinamentos em Óptica Não Linear e Técnica de Varredura Z, e por ser tão
paciente.

• À Professora Sílvia Cardoso, UFAL - Campus Arapiraca, pela síntese do cristal


orgânico, tornando possível este trabalho.

• À Manuela por estar sempre ao meu lado e pelo apoio incondicional.

• Ao Professor Eduardo Fonseca, pela amizade e companherismo.

• Aos integrantes do grupo OPTMA que estão ou passaram por lá: Ana Rúbia,
Fernanda, Patrícia, Cássio Eráclito, Geovana Webler, Itamar Vidal, Rogério, Samuel e
Willamys.

• Aos colegas da Pós-Graduação: Andrea, Ildemir, Nuccia Carla e Ricardo Duarte.

• A Ester, Victor e Filipe, sempre prestativos na Secretaria de Pós-Graduação.

• À FAPEAL pelo suporte financeiro;


"A natureza é um enorme jogo de xadrez disputado por
deuses, e que temos o privilégio de observar. As regras do
jogo são o que chamamos de Física experimental, e
compreender essas regras é a nossa meta."

Richard Feynman
RESUMO

Neste trabalho foram investigados os efeitos físicos de Absorção não linear de dois
fótons e fluorescência assistida por absoção de dois fótons em cristais orgânicos de
salicilaldeído azina. Observou-se uma intensa fluorescência na região visível do
espectro, quando este material foi excitado com um laser sintonizado na região do
infravermelho próximo. Variando a intensidade do laser, esse fenômeno foi identificado
como um processo de absorção simultânea de dois fótons do laser. Usando a técnica de
varredura Z fenda aberta, esse efeito de absorção de dois fótons foi caracterizado e a
seção de choque de absorção de dois fótons medida para esta molécula foi igual a
87GM. Esses resultados indicam que essa molécula é um material orgânico promissor
para o desenvolvimento de aplicações fotônicas.

Palavras-chave: Óptica não linear. Absorção de dois fótons. Técnica de Varredura Z


Salicilaldeído azina. Conversão ascendente de frequências.
ABSTRACT

Two-photon absorption and two-photon excitation fluorescence of salicylaldehyde azine


crystals were investigated. It was observed an intense visible fiuorescence when this
material was excited with a laser tuned at the near infrared region. Varying the laser
intensity we identified this phenomenon as a simultaneous two-photon laser absorption
process. Using open aperture Z-scan measurements we characterized this two-photon
absorption phenomenon and measured the value of the two-photon absorption cross-
section of this molecule to be equal to 87 GM. Our results indicate that this is a
promising organic material aiming nonlinear photonics applications.

Keywords: Nonlinear Optics. Absorption two-photon. Z-Scan Technique. Frequency


upconversion. Salicylaldehyde azine
LISTA DE FIGURAS

1.1 Exemplos de Processos de CAF: (a) Absorção de Estado Excitado; (b)


Absorção simultânea de dois fótons..................................................................31

1.2 Conversão Ascendente de Frequências.........................................................33

2.1 Estrutua química da moléculas de: a) Métano; b) Etileno; c) Acetileno ............36

2.2 Estrutura química das moléculas de: a) Hexatrieno e b) Benzeno .................... 37

3.1 Esquema de um tubo gerador de raios X............................................................42

3.2 Espectro de raios X do Molibdênio para várias diferença de potencial


aplicadas..........................................................................................................43

3.3 Interação de elétrons com o átomo.....................................................................44

3.4 Difração de raios x pelos planos (hkl) de um cristal.........................................45

3.5 Goniômetro.......................................................................................................47

3.6 Difratograma de um material policristalino.......................................................47

3.7 Níveis de energia de orbitais moleculares do formaldeído..............................50

3.8 Distinção entre estados singleto e tripleto........................................................51

3.9 Esquema de espctrofotômetro.........................................................................53

3.10 Diagrama de Jablonski.....................................................................................54

3.11 Arranjo experimental para medidas de coeficiente da absorção não linear.....58

4.1 (a) difratograma de Salicilaldeído Azina; (b) estrura da molécula de Sali-


cilaldído Azina...................................................................................................61

4.2 Molécula de Salicilaldeído Azina e seus derivados............................................62

4.3 (a) Absorção e (b) Espectro de fluorescência de Salicilaldeído Azina induzida


por fonte incoerente dissovida em clorofórmio...................................................63

4.4 Arranjo experimental para medida de Fluorescência ........................................ 64

4.5 (a) Espectro de Fluorescência de Salicilaldeído Azina (sólido) induzida por laser e
(b) Intensidade de Fluorescência em função do tempo de exposição.
Os Círcurlos são dado experimentais .............................................................. 65
4.6 Intensidade de fluorescência em função da Potência do Laser: linear (b)
Escala log-log. Círculos aberto correspondem aos dado experimentais, en-
quanto que as linhas sólidas vermelhas são curvas de ajuste. ........................... 66

4.7 (a) Intensidade de Fluorescência em função do comprimento de onda do


Laser e (b) Superposição dos espectros de absorção linear e fluorescência
referentes ao pico 570nm .................................................................................67

4.8 Simulação da curva de Varredura Z para o processo de Absorção de dois


fótons................................................................................................................68
SUMÁRIO

INTRODUÇÃO GERAL ...................................................................................14


1 FUNDAMENTOS DE ÓPTICA NÃO LINEAR……………………………………..15
1.1 Introdução………………………………………………………………….………..15
1.2 Polarização Não-Linear……………………………………………………………16
1.2.1 Polarização de Segunda Ordem……………………………………………………23
1.2.2 Polarização de Terceira Ordem: índice de refração não linear e absorção não
linear.................................................................................................................25
1.3 Conversão Ascendente de Frequências…………………………………….......32
2 EFEITOS NÃO LINEARES EM MOLÉCULAS ORGÂNICAS…………………...35
2.1 Introdução…………………………………………………………………………...35
2.2 Estados Eletrônicos em Molécula Orgânica
Conjugada...…………………………….............................................................35
2.3 Propriedades Ópticas não Lineares e Luminescentes de Moléculas
Orgânicas……………………………………………………………………….......38
2.4 Salicilaldeído de Azina…………………………………………………………….39
3 TÉCNICAS DE CARACTERIZAÇÃO................................................................41
3.1 Difração de Raios-X………………………………………………………………..41
3.1.1 Os Raios X........................................................................................................42
3.1.2 Lei de Bragg..............................................................................................................44
3.1.3 Determinação de Estrutura Cristalina: Método do Pó.............................................46
3.1.4 Condição de Difração em Célula Unitária Cúbicas.................................................48
3.2 Espectroscopia de Absorção e de Fluorescência.………………………….....49
3.2.1 Absorção de luz uv-vis......................................................................................49
3.2.2 Lei de Beer................................................................................................................52
3.2.3 Fluorescência………………………………………………………………………..54
3.3 Técnica de Varredura Z...................................................................................57
4 RESULTADOS E DISCUSSÕES......................................................................60
4.1 Síntese de Salicilaldeído Azina…………………………………………………..60
4.2 Caracterização Estrutural...............................................................................61
4.3 Caracterização Óptica.....................................................................................62
4.3.1 Medidas de Absorção Linear e Fluorescência....................................................62
4.3.2 Conversão Ascendente de Frequência...............................................................63
5 CONCLUSÃO GERAL E PERSPECTIVAS...........................................................69
REFERÊNCIAS...............................................................................................71
APÊNDICE......................................................................................................76
14

INTRODUÇÃO GERAL

Materiais orgânicos (MO) têm sido intensamente estudados nos últimos anos devido
ao seu enorme potencial para aplicações em fotônica [1-23]. A grande resposta óptica não
linear de terceira ordem e os processos eficientes de fluorescência que eles apresentam vêm
sendo explorados no desenvolvimento de diferentes aplicações ópticas, tais como
limitadores ópticos [2-9], chaveamento totalmente óptico [1, 10-15], lasers e microscopia de
fluorescência multifotônica, [1, 18-23]. A origem destas propriedades ópticas
surpreendentes de MOs está relacionada com a presença de elétrons-𝜋𝜋 delocalizados nas
suas estruturas moleculares [1]. Devido a este fato, vários trabalhos vêm sendo realizados
na busca e engenharia de novas classes de MO que podem apresentar essa propriedade
específica.
Entre as diversas classes de MO, azinas acíclicas (R-C=N-N=C-R) têm sido
investigadas visando o desenvolvimento de diferentes aplicações ópticas, químicas e
biológicas. Embora, a molécula de Salicilaldeído Azina (SAA) apresente em sua estrutura
características de delocalização de elétrons-𝜋𝜋, as suas propriedades ópticas não lineares
ainda não foram investigadas e exploradas.
Nesse trabalho, observamos o fenômeno de conversão ascendente de frequências
em cristais de salicilaldeído azina 1, identificamos e caracterizamos os processos físicos
responsáveis por esta emissão.
Esta tese está organizada da seguinte maneira: no capítulo 1, são apresentadas
noções básicas de óptica não linear, relevantes para a compreensão desta tese.
No capítulo 2 discorremos sobre as características estruturais de uma molécula
orgânica e os fatores que contribuem para o aparecimento de não linearidades ópticas
nestas moléculas. As técnicas de caracterização utilizadas são descritas no capítulo 3.
Os resultados obtidos são apresentados no capítulo 4 e, por fim, as conclusões deste
trabalho e as perspectivas de trabalhos futuros estão enumeradas no capítulo 5.
15

1 FUNDAMENTOS DE ÓPTICA NÃO LINEAR

1.1 Introdução

A óptica não linear estuda os efeitos ópticos apresentados por materiais


devido à sua interação com campos eletromagnéticos de alta intensidade. Devido a
esta interação, as propriedades ópticas dos materiais, tais como índice de refração e
coeficiente de absorção, podem ser alteradas, dando origem a uma grande variedade
de fenômenos ópticos não lineares como, por exemplo, geração de novas frequências
ópticas, auto modulação de fase e absorção multifotônica [24, 25].
Devido à necessidade de haver a interação da matéria com luz intensa para
que efeitos ópticos não lineares sejam observáveis, somente após o desenvolvimento
do laser por Maiman [26], em 1960, foi possível impulsionar o desenvolvimento da
óptica não linear. Antes, somente efeitos eletro-ópticos Kerr e Pockel evidenciavam
o princípio da óptica não linear. Em 1961, Franken e colaboradore [27] realizaram uma
experiência onde fizeram incidir um feixe de luz laser de Rubi com comprimento de
onda de 694,2𝑛𝑛𝑛𝑛, num cristal de quartzo (𝑆𝑆𝑆𝑆𝑂𝑂2 ). A radiação emergente foi analisada
num espectrômetro, tendo-se observado ser constituída por duas frequências, uma
igual ao feixe incidente e outra com o dobro da frequência do feixe gerado pelo laser
de Rubi. Este efeito foi denominado por Geração de segundo harmônico e é
considerado por muitos como o nascimento da óptica não linear.
Após esta experiência, muitos outros fenômenos ópticos não lineares foram
observados explorando as propriedades ópticas não lineares de materiais, incluindo
cristais orgânicos, inorgânicos, vidros, polímeros, etc [24]. Mais que isso, o grande
potencial para o desenvolvimento de aplicações, em especial na área de fontônica
16

tem sido a principal motivação para realização de pesquisas, buscando novos


materiais com propriedades ópticas não lineares mais adequadas para tais
finalidades.
Nas próximas seções, apresentaremos de forma sucinta uma descrição dos
fenômenos ópticos não lineares estudados nesta tese, e uma fundamentação teórica
necessária para sua compreensão.

1.2 Polarização Não Linear

Os processos de interação da luz com a matéria e os efeitos físico associados


a estes, podem ser explicados de forma simplificada em termos da resposta do meio
a esta excitação, denominada de polarização. Para compreendermos estes efeitos,
podemos modelar a situação considerando que matéria é formada basicamente de
ensemble de partículas de cargas positivas e negativas. Quando a matéria é
submetida a um campo elétrico, há um deslocamento de cargas. Se o material for
metálico observaremos uma geração de uma corrente elétrica. Entretanto, em um
material dielétrico as cargas positivas e negativas estão ligadas de forma rígida, de tal
modo que as nuvens eletrônicas possuem certa mobilidade, a qual depende do tipo
de ligação eletrônica do material. Desta forma, sua interação com um campo elétrico
necessariamente induz o surgimento de momentos de dipolos microscópicos, que por
sua vez originam uma polarização elétrica no material. Se o campo elétrico aplicado
está associado a uma onda eletromagnética, esta polarização induzida dará origem
às propriedades ópticas que o material apresenta. Para campos de baixa intensidade,
a polarização induzida em um material é uma função linear e sua indução explica os
processos de absorção e refração linear que o meio exibe [28]. Por outro lado, quando
o campo elétrico com intensidade da ordem do campo Inter atômico, ~1012 𝑉𝑉/𝑚𝑚,
interage com um material, a polarização 𝑃𝑃�⃑ induzida por esta interação tem uma
dependência não linear com o campo elétrico aplicado. Esta interação está
diretamente ligada a distorção da nuvem eletrônica que compõe o meio material. No
caso da luz, o campo eletromagnético oscila 1014 vezes por segundo, o que significa
que os dipolos elétricos também são oscilantes. Como a massa dos íons positivo é
mais elevada que a dos elétrons, são estas partículas de cargas negativas que dão
17

as contribuições mais relevantes para a oscilação dos dipolos. Estes dipolos, então,
reemitem radiação na mesma frequência em que oscilam. Isto pode ser facilmente
visto se utilizarmos as equações de Maxwell para campos elétrico e magnético [28]:

�∇⃑. 𝐵𝐵
�⃑ = 0 (1.1)

�∇⃑. 𝐷𝐷
�⃑ = 𝜌𝜌𝑓𝑓 (1.2)

�⃑
�⃑ × 𝐸𝐸�⃑ = − 𝜕𝜕𝐵𝐵
∇ (1.3)
𝜕𝜕𝜕𝜕

�⃑
𝜕𝜕𝐷𝐷
�∇⃑ × 𝐻𝐻
�⃑ = 𝐽𝐽⃑𝑓𝑓 + (1.4)
𝜕𝜕𝜕𝜕

onde 𝐸𝐸�⃑ e 𝐻𝐻
�⃑ são os vetores campo elétrico e magnético, respectivamente. 𝐷𝐷
�⃑ é o vetor

�⃑ o vetor densidade de fluxo magnético. O vetor densidade de


deslocamento elétrico e 𝐵𝐵
corrente livre, 𝐽𝐽⃑𝑓𝑓 , e a densidade volumétrica de carga livre, 𝜌𝜌𝑓𝑓 , representam as fontes para o
campo eletromagnético.
Os vetores �D⃑ e �B⃑ originam-se da resposta aos campos elétrico e magnético
propagando no meio e estão relacionados por meios das relações constitutivas [28]

��⃑ = 𝜀𝜀0 𝐸𝐸�⃑ + 𝑃𝑃�⃑


D (1.5)

�⃑ = µ0 𝐻𝐻
B �⃑ + 𝑀𝑀
��⃑ (1.6)

onde 𝜀𝜀0 e µ0 são a permissividade elétrica do vácuo e permeabilidade magnética do vácuo,


respectivamente, 𝑃𝑃�⃑ e 𝑀𝑀
��⃑ são polarizações elétrica e magnética induzidas.
Estamos interessados na solução para regiões que não possuem cargas livres, então
𝜌𝜌𝑓𝑓 = 0, e densidade de corrente elétrica nula, 𝐽𝐽⃑𝑓𝑓 = 0. Assumindo ainda que o material é não
���⃑ = 0. Também, consideraremos o caso mais simples, meio não linear
magnético, isto é, M
18

isotrópico, sem perdas e sem dispersão. Então, a permissividade do meio é uma grandeza
escalar, real e independente da frequência. Tomando o rotacional da equação (1.3) e fazendo
uso de (1.4), (1.5) e (1.6), obtemos:

2 �⃑ 2 �⃑
�⃑2 𝐸𝐸�⃑ − 12 𝜕𝜕 𝐸𝐸2 = 𝜇𝜇0 𝜕𝜕 𝑃𝑃2
∇ (1.7)
𝑐𝑐 𝜕𝜕𝜕𝜕 𝜕𝜕𝜕𝜕

onde c é a velocidade da luz no vácuo, 𝑐𝑐 = 1/�𝜀𝜀0 𝜇𝜇0 .


Desta forma, a polarização do meio age com um termo de fonte para o campo
eletromagnético. É o efeito do material respondendo ao estímulo do campo, alterando
o próprio campo.
Para descrever de forma completa os processos de interação linear e não
linear da luz com a matéria, faz-se necessária uma abordagem semi-clássica,
modelando o meio pelo formalismo de matriz densidade, enquanto que o campo
eletromagnético pode ser tratado como uma grandeza clássica. Contudo, uma
abordagem puramente clássica é suficiente para que possamos compreender o
surgimento dos termos não lineares da polarização. Partindo desta abordagem,
vamos descrever o movimento dos elétrons de meio material empregando um modelo
de um oscilador amortecido forçado, onde o termo de força representa a dependência
linear com o campo aplicado, os termos não lineares são tratados como perturbação,
caracterizando um oscilador não harmônico. Neste modelo, o meio é composto por N
osciladores não harmônicos clássicos por unidade de volume [24,25].

𝑒𝑒𝑒𝑒(𝑡𝑡)
𝑥𝑥̈ + 𝛾𝛾𝑥𝑥̇ + 𝜔𝜔02 𝑥𝑥 = − − 𝛽𝛽𝑥𝑥 2 − 𝜂𝜂𝑥𝑥 3 + .... (1.8)
𝑚𝑚

onde 𝑥𝑥(𝑡𝑡) é o deslocamento a partir da posição de equilíbrio, m é a massa do elétron, 𝜔𝜔0 é a


frequência de ressonância, 𝛾𝛾 é constante de amortecimento, as constantes 𝛽𝛽, 𝜂𝜂, ...
quantificam o grau de não harmonicidade do potencial e são consideradas de pequena
magnitude, de forma que podemos tratá-las como pequenas perturbações [25]. Para
resolvermos a equação (1.8), escrevemos 𝑥𝑥(𝑡𝑡) como uma série perturbativa da forma
19

𝑥𝑥(𝑡𝑡) = 𝑥𝑥 (1) (𝑡𝑡) + 𝑥𝑥 (2) (𝑡𝑡) + 𝑥𝑥 (3) (𝑡𝑡) +... (1.9)

com termos cada vez menores à medida que a ordem da série cresce. Podemos
utilizar do fato de que a influência dos termos de potência maiores é menor que os
termos precedentes para podermos fazer uso do método de aproximações sucessivas
na resolução da equação diferencial não linear ((1.8).
Passo (1): inicialmente, desconsideramos os termos não harmônicos, 𝑥𝑥 (𝑛𝑛>1) ,
e fazemos 𝑥𝑥(𝑡𝑡) = 𝑥𝑥 (1) (𝑡𝑡). Então, a equação (1.8) resulta

𝑒𝑒𝑒𝑒(𝑡𝑡)
𝑥𝑥̈ (1) + 𝛾𝛾𝑥𝑥̇ (1) + 𝜔𝜔02 𝑥𝑥 (1) = − (1.10)
𝑚𝑚

Supondo um campo elétrico incidente monocromático, isto é,

𝐸𝐸(𝑡𝑡) = 𝐸𝐸0 𝑒𝑒 𝑖𝑖𝑖𝑖𝑖𝑖 (1.11)

encontramos que a solução para equação (1.10) é uma expressão na forma

1 𝑒𝑒𝑒𝑒
𝑥𝑥 (1) (𝑡𝑡) = − 𝐷𝐷(𝜔𝜔) � 𝑚𝑚 � 𝑒𝑒 𝑖𝑖𝑖𝑖𝑖𝑖 (1.12)

onde 𝐷𝐷(𝜔𝜔) = [(𝜔𝜔02 − 𝜔𝜔2 ) + 𝑖𝑖𝑖𝑖𝜔𝜔2 ].


20

Havendo N dipolos por unidade de volume, a polarização induzida no meio é


dada por 𝑃𝑃(𝑡𝑡) = 𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒(𝑡𝑡), cuja a dependência com o campo elétrico é dado pela
susceptibilidade 𝜒𝜒(𝜔𝜔), que pode ser escrita

𝑃𝑃(𝑡𝑡) = 𝜀𝜀0 𝜒𝜒(𝜔𝜔)𝐸𝐸0 𝑒𝑒 𝑖𝑖𝑖𝑖𝑖𝑖 (1.13)

Onde

𝑁𝑁𝑒𝑒 2 1
𝜒𝜒(𝜔𝜔) = (1.14)
𝑚𝑚 𝐷𝐷(𝜔𝜔)

Passo (2): As soluções de segunda e terceira ordem 𝑥𝑥 (2) (t) e 𝑥𝑥 (3) (𝑡𝑡),
respectivamente, são determinadas usando-se a expressão obtida (1.12) como
entrada na equação (1.8). Obtemos assim a equação para o termo de segunda ordem

𝛽𝛽 𝑒𝑒𝑒𝑒(𝑡𝑡) 2
𝑥𝑥̈ (2) + 𝛾𝛾𝑥𝑥̇ (2) + 𝜔𝜔02 𝑥𝑥 (2) = − 𝐷𝐷2 (𝜔𝜔) � � (1.15)
𝑚𝑚

e a equação para o termo de terceira ordem

𝜂𝜂 𝑒𝑒𝑒𝑒(𝑡𝑡) 3
𝑥𝑥̈ (3) + 𝛾𝛾𝑥𝑥̇ (3) + 𝜔𝜔02 𝑥𝑥 (3) = − 𝐷𝐷3 (𝜔𝜔) � � (1.16)
𝑚𝑚

Substituindo soluções do tipo


21

𝑥𝑥 (2) (𝑡𝑡) = 𝑥𝑥2 𝑒𝑒 𝑖𝑖2𝜔𝜔𝜔𝜔 (1.17a)

𝑥𝑥 (3) (𝑡𝑡) = 𝑥𝑥3 𝑒𝑒 𝑖𝑖3𝜔𝜔𝜔𝜔 (1.17b)

Obtemos

𝛽𝛽 𝑒𝑒𝐸𝐸 2
𝑥𝑥2 = − 𝐷𝐷(2𝜔𝜔)𝐷𝐷 2 (𝜔𝜔)
� 𝑚𝑚0 � 𝑒𝑒 𝑖𝑖2𝜔𝜔𝜔𝜔 (1.18a)

𝛽𝛽 𝑒𝑒𝐸𝐸 3
𝑥𝑥3 = − � 0 � 𝑒𝑒 𝑖𝑖3𝜔𝜔𝜔𝜔
𝐷𝐷(3𝜔𝜔)𝐷𝐷 3 (𝜔𝜔) 𝑚𝑚
(1.18b)

Esse é o modelo mais simples e desconsidera que os termos são reais, ou


que se deve combinar termos com 𝑒𝑒 ±𝑖𝑖𝑖𝑖𝑖𝑖𝑖𝑖 . Se tomarmos uma excitação cos(𝜔𝜔𝜔𝜔), a
1 1
solução em ordem 𝑥𝑥 2 (𝑡𝑡) levara a 𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐 2 (𝜔𝜔𝜔𝜔) = 2 + 2 cos(2𝜔𝜔𝜔𝜔). Verifica-se que esta

solução é constituída por termos que oscilam em frequência 2𝜔𝜔 e outro de frequência
zero, que são responsáveis pela geração de Segundo Harmônico e Retificação
3
Óptica, respectivamente. Já o termo em 𝑥𝑥 3 (𝑡𝑡) levaria a 𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐 3 (𝜔𝜔𝜔𝜔) = 4 𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐(𝜔𝜔𝜔𝜔) +
1
4
cos(3𝜔𝜔𝜔𝜔), gerando um sinal de mesma frequência e outro relacionado ao terceiro

harmônico. Os efeitos de óptica não linear relacionados aos termos de segunda e


terceira ordem serão estudados com mais detalhes nas seções subsequentes.
Procedimentos análogos sucessivos aos passos 1 e 2 vão fornecendo as
soluções de ordens superiores para o deslocamento não harmônico de nuvem
eletrônica. Os diversos termos de polarização associados a estas soluções não
lineares de ordem sucessivamente mais altas, representam os termos de polarização
não linear, onde o termo não linear de ordem 𝑛𝑛 é dado por
22

𝑃𝑃𝑛𝑛 (𝑡𝑡) = −𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒(𝑡𝑡) (1.19)

Desta forma, observamos que a polarização 𝑃𝑃 pode ser expandida em série


de potência do campo elétrico incidente no material

𝑃𝑃(𝑡𝑡) = 𝜀𝜀0 �𝜒𝜒 (1) 𝐸𝐸(𝑡𝑡) + 𝜒𝜒 (2) 𝐸𝐸 2 (𝑡𝑡) + 𝜒𝜒 (3) 𝐸𝐸 3 (𝑡𝑡) + ⋯ + 𝜒𝜒 (𝑛𝑛) 𝐸𝐸 𝑛𝑛 (𝑡𝑡)� (1.20a)

𝑃𝑃(𝑡𝑡) = 𝑃𝑃𝐿𝐿 (𝑡𝑡) + 𝑃𝑃𝑁𝑁𝑁𝑁 (𝑡𝑡) (1.20b)

Onde 𝑃𝑃𝐿𝐿 (𝑡𝑡) = 𝜀𝜀0 𝜒𝜒 (1) 𝐸𝐸(𝑡𝑡) é a polarização linear, 𝑃𝑃𝑁𝑁𝑁𝑁 = 𝜀𝜀0 [𝜒𝜒 (2) 𝐸𝐸 2 + 𝜒𝜒 (3) 𝐸𝐸 3 + ⋯ +
𝜒𝜒 (𝑛𝑛) 𝐸𝐸 𝑛𝑛 ] é polarização não linear, 𝜒𝜒 (1) é a susceptibilidade linear, que representa a
solução de (1.10), de acordo com as equações (1.13) e (1.14), e 𝜒𝜒 (𝑛𝑛) são as
susceptibilidades não lineares de n-ésima ordem (𝑛𝑛 ≥ 2). Por simplicidade,
consideramos aqui que 𝐸𝐸(𝑡𝑡) e 𝑃𝑃(𝑡𝑡) são grandeza escalares. Portanto, a equação (1.20
a(b)) da forma como está escrita, descreve somente as interações lineares e não
lineares em meio material sem perdas e sem dispersão.
As quantidades 𝜒𝜒 (2) e 𝜒𝜒 (3) são definidas com susceptibilidade óptica de
segunda e terceira ordem, respectivamente. O termo 𝜒𝜒 (2) representa as propriedades
não lineares que se originam de transições de dipolo elétrico e estão associadas aos
fenômenos de geração de segundo harmônico, soma de frequências, diferença de
frequências e o efeito eletro-óptico, conhecido com Efeito pockel [24]. Contudo, devido
a restrições de simetrias, não só 𝜒𝜒 (2) , mas todas as susceptibilidade de ordem par são
nulas, 𝜒𝜒 (2𝑛𝑛) = 0 (𝑛𝑛 = 1,2,3 … ), em materiais com simetrias de inversão e 𝜒𝜒 (3) é o
termo não linear mais importante.
Os efeitos não lineares de terceira ordem podem ser observadas
independentemente das propriedades de simetria do meio. Estes efeitos incluem
geração de terceiro harmônico, mistura de frequências, espalhamento Raman
23

Brillouim, auto modulaçãoo de fase e efeito eletro-óptico quadrático ou efeito Kerr


[29]. Embora, seja efeito de mais alta ordem, 𝜒𝜒 (3) pode ser mais intenso que 𝜒𝜒 (2) nos
casos de interação quase ressonantes e em cristais de simetria de inversão.
Efeitos não lineares associados a 𝜒𝜒 (4) , 𝜒𝜒 (5) são difíceis de serem observados
em sólidos e líquidos porque normalmente requerem intensidades de campo muito
altas e usualmente próximas dos limites de rigidez dielétricas dos sólidos e líquidos
[30].
Dos processos ópticos não lineares associados a susceptibilidade de terceira
ordem, 𝜒𝜒 (3) , destacamos a refração não linear e absorção não linear. Tais processos
estão relacionados diretamente ás partes reais e imaginárias de 𝜒𝜒 (3) , que podem ser
medidas em experimentos específicos [24, 25].
A parte imaginária do tensor susceptibilidade elétrica de terceira ordem é de
particular interesse para este trabalho por estar relacionado ao processo de absorção
de dois fótons [24]. A parte real desse tensor á associado ao índice de refração não
linear do material, e não será o foco dessa tese. Outros efeitos, como soma de
frequências e geração de terceiro harmônico, também estão associados a 𝜒𝜒 (3) mas
não serão estudados.
Antes de começarmos a analisar os efeitos relacionados a 𝜒𝜒 (3) , uma breve
discussão sobre polarização associada a 𝜒𝜒 (2) será apresentada para seguirmos uma
sequência lógica no desenvolvimento do trabalho.

1.2.1 Polarização de Segunda Ordem

Para materiais que não possuem simetria de inversão, o termo não linear que
dá a maior contribuição é o termo de segunda ordem. Este termo está relacionado a
efeitos como soma de frequências e geração de segundo harmônico, por exemplo.
Faremos agora uma descrição sucinta dos fenômenos relacionados a esta ordem de
polarização.
24

Consideramos um feixe de luz incidente sobre um meio não linear, que é


caracterizado por uma susceptibilidade não linear 𝜒𝜒 (2) . Suponha que este feixe seja
composto por duas componentes de frequência distintas (𝜔𝜔1 , 𝜔𝜔2 ), descrito por

𝐸𝐸(𝑡𝑡) = 𝐸𝐸1 𝑒𝑒 𝑖𝑖𝜔𝜔1 𝑡𝑡 + 𝐸𝐸2 𝑒𝑒 𝑖𝑖𝜔𝜔2 𝑡𝑡 (1.21)

onde 𝐸𝐸1 e 𝐸𝐸2 representam a magnitude e polarização das componentes do campo


elétrico. Assim, considerando apenas contribuição do termo de segunda ordem, 𝜒𝜒 (2) ,
a polarização não linear deste sistema pode ser escrita como:

𝑃𝑃(2) = 𝜀𝜀0 𝜒𝜒 (2) 𝐸𝐸 2 (𝑡𝑡) (1.22)

Com isso é possível determinar de forma geral a equação da polarização não


linear de segunda ordem, que resulta em:

𝑃𝑃(𝑡𝑡) = 𝜀𝜀0 𝜒𝜒 (2) �𝐸𝐸12 𝑒𝑒 −2𝑖𝑖𝜔𝜔1 𝑡𝑡 + 𝐸𝐸22 𝑒𝑒 −2𝑖𝑖𝜔𝜔2 𝑡𝑡 + 2𝐸𝐸1 𝐸𝐸2 𝑒𝑒 −𝑖𝑖(𝜔𝜔1 +𝜔𝜔2 )𝑡𝑡 + 2𝐸𝐸1 𝐸𝐸2 𝑒𝑒 −𝑖𝑖(𝜔𝜔1 −𝜔𝜔2 )𝑡𝑡 +
… 𝑐𝑐𝑐𝑐 � + 2𝜀𝜀0 𝜒𝜒 (2) [𝐸𝐸1 𝐸𝐸1∗ + 𝐸𝐸2 𝐸𝐸2∗ ] (1.23)

De forma mais compacta, a equação (1.23) pode ser escrita como

𝑃𝑃(𝑡𝑡) = ∑𝑛𝑛 𝑃𝑃(𝜔𝜔𝑛𝑛 )𝑒𝑒 𝑖𝑖𝜔𝜔𝑛𝑛𝑡𝑡 (1.24)

em que a soma ocorre tanto para frequências 𝜔𝜔𝑛𝑛 positivas quanto para negativas.
Cada um dos termos da equação (1.23) estã associado a um diferente efeito não linear
25

de segunda ordem. Mostramos na tabela (1.1) um sumário destes efeitos e dos


respectivos termos de polarização de segunda ordem.

Tabela 1.1: Efeitos não lineares associados a polarização de segunda ordem.

𝑃𝑃(𝜔𝜔) Efeitos
𝑃𝑃(2𝜔𝜔1 ) = 𝜀𝜀0 𝜒𝜒 (2) 𝐸𝐸12 Geração de Segundo Harmônico
𝑃𝑃(2𝜔𝜔2 ) = 𝜀𝜀0 𝜒𝜒 (2) 𝐸𝐸22 Geração de Segundo Harmônico
𝑃𝑃(𝜔𝜔1 + 𝜔𝜔2 ) = 2𝜀𝜀0 𝜒𝜒 (2) 𝐸𝐸1 𝐸𝐸2 Soma de Frequências
𝑃𝑃(𝜔𝜔1 − 𝜔𝜔2 ) = 2𝜀𝜀0 𝜒𝜒 (2) 𝐸𝐸1 𝐸𝐸2∗ Subtração de Frequências
𝑃𝑃(0) = 2𝜀𝜀0 𝜒𝜒(2) [𝐸𝐸1 𝐸𝐸∗1 + 𝐸𝐸2 𝐸𝐸∗2 ] Retificação Óptica
Fonte: Jackson, 2007.

Embora quatro efeitos distintos apresentados para frequências totais


diferentes de zero, dificilmente tem-se um material que apresente mais de um efeito
com intensidade significativa. O motivo é que o sinal de saída produzido pela
polarização não linear é eficiente apenas se forem satisfeitas as condições de
casamento de fase, o que geralmente não ocorre para mais de um efeito[24, 25].
Os processos apresentados na tabela (1.1) estão relacionados à parte real da
susceptibilidade elétrica, e neles a transição envolvida é garantida por meio de um
nível virtual. Este é denominado de efeito paramétrico [24].

1.2.2 Polarização de Terceira Ordem: Absorção linear

Para a polarização de terceira ordem, uma gama um pouco maior de


fenômenos, já mencionados, é gerada, envolvendo efeitos paramétricos, como os
apresentados para 𝜒𝜒 (2) e efeito não paramétricos, que envolvem transições para
estados reais. Esta ordem de polarização não linear é mais relevante para o estudo
desenvolvido nesta tese, pois envolve o fenômeno de absorção de dois fótons
investigados neste trabalho. Assim, um apanhado geral das propriedades da
26

polarização de terceira ordem e, posteriormente, o efeito de dois fótons serão


discutidos com mais detalhes.
Para ilustrar como os efeitos se manifestam, vamos considerar o caso simples
em que o campo elétrico é monocromático senoidal, isto é,

𝐸𝐸(𝑡𝑡) = 𝐸𝐸0 cos(𝜔𝜔𝜔𝜔) (1.25)

A substituição da equação (1.25) na equação (1.20), lembrando que termos


de ordem para é nulo, resulta em:

𝑃𝑃 = 𝜀𝜀0 𝜒𝜒 (1) 𝐸𝐸0 cos(𝜔𝜔𝜔𝜔) + 𝜀𝜀0 𝜒𝜒 (3) 𝐸𝐸03 𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐 3 (𝜔𝜔𝜔𝜔) (1.26a)

o segundo termo do lado direito da equação (1.26a) está relacionado à polarização de


terceira ordem

𝑃𝑃(3) = 𝜀𝜀0 𝜒𝜒 (3) 𝐸𝐸03 𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐 3 (𝜔𝜔𝜔𝜔) (1.26b)

3 1
com o uso de 𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐 3 (𝜔𝜔𝜔𝜔) = 4 cos(𝜔𝜔𝜔𝜔) + 4 cos(3𝜔𝜔), a equação (1.26a) pode ser reescrita

3 1
𝑃𝑃 = 𝜀𝜀0 𝜒𝜒 (1) 𝐸𝐸0 cos(𝜔𝜔𝜔𝜔) + 𝜀𝜀0 𝜒𝜒 (3) 𝐸𝐸03 �4 cos(𝜔𝜔𝜔𝜔) + 4 cos(3𝜔𝜔)� (1.27)

O terceiro termo da equação da equação (1.27) revela a geração de terceiro


harmônico, isto é, uma resposta do meio na frequência 3𝜔𝜔. O segundo termo ainda
mantém a mesma frequência 𝜔𝜔 do campo incidente, consequentemente, leva a um
aumento da susceptibilidade de um pequeno incremento ∆𝜒𝜒 na frequência 𝜔𝜔, e este
27

aumento está direcionado a origem do efeito Kerr óptico [24]. Desta forma, leva-nos a
estudar como este termo pode influenciar na propagação do campo elétrico. Então,
consideremos o termo de polarização (1.27)

3
𝑃𝑃(𝑡𝑡) = 𝜀𝜀0 [𝜒𝜒 (1) + 4 𝜒𝜒 (3) 𝐸𝐸02 ]𝐸𝐸(𝑡𝑡) (1.28)

e a equação (1.7) na sua forma escalar, supondo que o campo se propague ao longo
da direção 𝑧𝑧,

𝜕𝜕2 𝐸𝐸 1 𝜕𝜕2 𝐸𝐸 𝜕𝜕 2 𝑃𝑃
𝜕𝜕𝑧𝑧 2
− 𝑐𝑐 2 𝜕𝜕𝜕𝜕 2 = 𝜇𝜇0 𝜕𝜕𝜕𝜕 2 (1.29)

Substituindo o termo da polarização (1.28) no lado direito da equação (1.29),

𝜕𝜕2 𝐸𝐸 𝜕𝜕 2 𝐸𝐸 3 𝜕𝜕2 𝐸𝐸
𝜕𝜕𝑧𝑧 2
− 𝜇𝜇0 𝜀𝜀0 𝜕𝜕𝜕𝜕 2 − 𝜇𝜇0 𝜀𝜀0 [𝜒𝜒 (1) + 4 𝜒𝜒 (3) 𝐸𝐸02 ] 𝜕𝜕𝑡𝑡 2 = 0 (1.30a)

𝜕𝜕2 𝐸𝐸 𝜕𝜕 2 𝐸𝐸 3 𝜕𝜕2 𝐸𝐸
𝜕𝜕𝑧𝑧 2
− 𝜇𝜇0 𝜀𝜀0 𝜕𝜕𝜕𝜕 2 − 𝜇𝜇0 𝜀𝜀0 [𝜒𝜒 (1) + 4 𝜒𝜒 (3) 𝐸𝐸02 ] 𝜕𝜕𝜕𝜕 2 = 0 (1.30a)

definindo

1 3
𝜐𝜐2
= 𝜇𝜇0 𝜀𝜀0 [1 + 𝜒𝜒 (1) + 4 𝜒𝜒 (3) 𝐸𝐸02 ]
28

Em que 𝜐𝜐 é a velocidade da luz no meio. Então,

𝑐𝑐 2 3
�𝜐𝜐2 � = 𝑛𝑛2 = [1 + 𝜒𝜒 (1) + 4 𝜒𝜒 (3) 𝐸𝐸02 ] (1.31)

Logo,

1
3 𝜒𝜒(3) 𝐸𝐸 2
𝑛𝑛 = �1 + 𝜒𝜒 (1) [1 + 4 �1+𝜒𝜒(1)0 �]2 (1.32)

Sabe-se, por definição que o índice de refração linear, 𝑛𝑛0 = �1 + 𝜒𝜒 (1) . Então,

3 𝜒𝜒(3) 𝐸𝐸02 1 3 𝜒𝜒(3) 𝐸𝐸02


𝑛𝑛 = 𝑛𝑛0 [1 + 4 ]2 ≈ 𝑛𝑛0 �1 + 8 � (1.33)
𝑛𝑛02 𝑛𝑛02

A aproximação na equação (1.33) em expansão binomial é possível, pois o


termo linear, 𝜒𝜒 (1) , é muito maior que o termo não linear, 𝜒𝜒 (3) . Definindo a intensidade
1
do feixe óptico como 𝐼𝐼 = 2 𝑛𝑛0 𝜀𝜀0 𝐸𝐸 2 [24]. Podemos reescrever (1.33)

𝑛𝑛 = 𝑛𝑛0 + 𝑛𝑛2 𝐼𝐼 (1.34)

Desta equação podemos verificar como o índice de refração muda com a presença
de um feixe óptico de intensidade 𝐼𝐼 é Δ𝑛𝑛 = 𝑛𝑛2 𝐼𝐼, onde 𝑛𝑛2 é uma constante específica
do material definindo como índice de refração não linear.
29

Neste caso, o índice de refração não linear está diretamente relacionado com a parte
real da susceptibilidade de terceira ordem [24]

3 𝑅𝑅𝑅𝑅 (𝜒𝜒(3) )
𝑛𝑛2 = 4 𝑐𝑐𝑐𝑐02 𝜀𝜀0
(1.35)

A mudança no índice de refração descrita pela equação (1.34) é algumas


vezes chamado de efeito Kerr ópico, por analogia ao efeito Kerr eletro-óptico, no qual
há uma variação no índice de refração proporcional ao quadrado da amplitude de um
campo elétrico estático aplicado. Em geral, o valor de 𝑛𝑛2 por este processo físico não
é grande, quando comparado com valores obtidos por outros processo, sendo da
ordem de 10−16 𝑐𝑐𝑐𝑐2 ⁄𝑊𝑊 [24]. Por outro lado, este processo é praticamente
instantâneo, tendo um tempo de resposta da ordem de 10−15 s [24]. Desta forma, o
efeito Kerr óptico via polarização eletrônica tem um importância considerável, pois
ocorre em quase todos dos materiais dielétricos transparentes, e do ponto de vista de
aplicação tecnológica é utilizado em chaveamento totalmente óptico, por exemplo.
Outros efeitos que estão relacionados à polarização de terceira ordem podem
ser verificados se definirmos um campo incidente com três componentes de
frequências da forma

𝐸𝐸(𝑡𝑡) = 𝐸𝐸1 𝑒𝑒 𝑖𝑖𝜔𝜔1 𝑡𝑡 + 𝐸𝐸2 𝑒𝑒 𝑖𝑖𝜔𝜔2 𝑡𝑡 + 𝐸𝐸3 𝑒𝑒 𝑖𝑖𝜔𝜔3 𝑡𝑡 + 𝑐𝑐. 𝑐𝑐 (1.36)

onde 𝐸𝐸1 , 𝐸𝐸2 e 𝐸𝐸1 representam a magnitude e polarização das componentes do campo
elétrico incidente.
Assim, quando (𝐸𝐸(𝑡𝑡))3 é calculado, obtém-se uma expressão com 44
componentes de frequência distintas, quando consideradas as frequência positivas e
negativas. Explicitamente estas seriam 𝜔𝜔1 , 𝜔𝜔2 , 𝜔𝜔3 , 3𝜔𝜔1 , 3𝜔𝜔2 , 3𝜔𝜔3 , (𝜔𝜔1 + 𝜔𝜔2 + 𝜔𝜔3 ),
(𝜔𝜔1 + 𝜔𝜔2 − 𝜔𝜔3 ), (𝜔𝜔1 − 𝜔𝜔2 + 𝜔𝜔3 ), (−𝜔𝜔1 + 𝜔𝜔2 + 𝜔𝜔3 ), (2𝜔𝜔1 ± 𝜔𝜔2 ), (2𝜔𝜔1 ± 𝜔𝜔3 ), (2𝜔𝜔2 ±
𝜔𝜔1 ), (2𝜔𝜔2 ± 𝜔𝜔3 ), (2𝜔𝜔3 ± 𝜔𝜔1 ), (2𝜔𝜔3 ± 𝜔𝜔2 ) [24].
A tabela (1.2), apresentamos alguns exemplos de efeitos relacionados a polarização
30

de terceira ordem.

Tabela 1.2: Efeitos não lineares associados a polarização de terceira ordem.

Combinação de frequências Efeitos


𝜔𝜔1 = 𝜔𝜔2 = 𝜔𝜔3= 𝜔𝜔, 𝜔𝜔4 = 3𝜔𝜔 Geração de Terceiro Harmônico
𝜔𝜔1 , 𝜔𝜔2 , 𝜔𝜔3 , 𝜔𝜔4 = 𝜔𝜔1 +𝜔𝜔2 + 𝜔𝜔3 Soma de frequências
𝜔𝜔1 = 𝜔𝜔2 = −𝜔𝜔3 = 𝜔𝜔, 𝜔𝜔4 = 𝜔𝜔 Efeito Kerr
𝜔𝜔1 = −𝜔𝜔3 , 𝜔𝜔2 = 𝜔𝜔, 𝜔𝜔, 𝜔𝜔4 = 𝜔𝜔 Absorção de dois fótons
Fonte: Jackson, 2007.

Parte Imaginária de 𝜒𝜒 (3) : absorção de dois fótons

O processo de absorção de dois fótons é um dos efeitos mais estudado


associado a parte imaginária de 𝜒𝜒 (3) . Este efeito óptico não linear foi observado
experimentalmente em 1961, por Kaiser e Garret [24]. A idéia fundamental do
processo é a absorção de um fóton do campo incidente para promover um elétron do
seu estado fundamental (real) para um estado intermediário (virtual), seguida pela
absorção simultânea de um segundo fóton que leva o elétron para seu estado fina
(real). Este processo tem sido amplamente estudado visando o desenvolvimento de
tecnologias que permitam a criação de dispositivos para limitação óptica [2,9],
microscopia de fluorescência via absorção de dois fótons [20]. Também, este
fenômeno permite estudar as propriedades dos níveis de energias dos materiais,
antes inacessíveis via transição por um fóton.
31

Na figura (1.1), mostramos uma descrição em diagrama de níveis como o processo


de absorção de dois fótons ocorre.

Figura 1.1: Diagrama esquemático de absorção simultânea de dois fótons partindo do nível
do estado fundamental |𝑔𝑔⟩, para o estado |𝑒𝑒⟩, via estado virtual |𝑣𝑣⟩

Fonte: Jackson, 2007.

De acordo com a figura (1.1), podemos pensar que um primeiro fóton é


absorvido levando o elétron a uma transição para um nível virtual |𝑣𝑣⟩ entre os níveis
inicial, |𝑣𝑣⟩, e final, |𝑣𝑣⟩. Se um segundo fóton incide dentro do tempo de vida deste
estado virtual, definido pelo princípio da incerteza de Heisenberg, 𝑡𝑡 ≈ ℏ⁄𝛿𝛿𝛿𝛿 , onde 𝛿𝛿𝛿𝛿
é a diferença de energia entre o nível virtual e um nível real mais próximo, a sequência
de transição do elétron para o estado final pode ser completada, caso contrário, a
transição virtual colapsa de volta para o estado inicial e nenhuma absorção não linear
é observada. Para que processo de absorção de dois fótons seja eficiente, os fótons
dever ser fornecido a uma taxa suficiente alta para que exista uma probabilidade
razoável de que os fótons estejas presentes durante o curto tempo de vida do estado
virtual, o que torna o processo de absorção de dois fótons dependente da intensidade
do feixe de laser incidente [24,25]. Especificamente para o caso da absorção de dois
fótons, o coeficiente total é definido por:

𝛼𝛼(𝐼𝐼) = 𝛼𝛼0 + 𝛼𝛼2 𝐼𝐼 (1.37)


32

Onde 𝛼𝛼0 é o coeficiente de absorção linear, e 𝛼𝛼2 é o coeficiente de absorção de dois


fótons, o qual está associado à polarização não linear de terceira ordem, 𝑃𝑃(3) , através
de (1.26b)

3𝜔𝜔
𝛼𝛼2 = 2𝑛𝑛2 𝜀𝜀 2
𝐼𝐼𝐼𝐼(𝜒𝜒 (3) ) (1.38)
0 0 𝑐𝑐

Para determinar e comparar esta capacidade do material de absorver


simultaneamente dois fótons, comumente é referida a seção de choque de absorção
de dois fótons, 𝛿𝛿, que está relacionada com o coeficiente de absorção de dois fótons,
𝛼𝛼2 , através de [24]:

ℏ𝜔𝜔
𝛿𝛿 = 𝛼𝛼2 𝑁𝑁 (1.39)
0

em que 𝑁𝑁0 é a quantidade de moléculas acessíveis à excitação via absorção de dois


fótons, ℏ𝜔𝜔 é a energia do fóton associado. Observe que 𝛿𝛿 é relacionado entre o
produto do coeficiente de absorção de dois fótons e energia do fótons envolvido na
transição, dividido pelo número de moléculas que podem realiza esta transição.

1.3 Conversão Ascendentes de Frequências

A partir da interação da luz com a matéria, é possível gerar radiação com


propriedades distintas ópticas original, por exemplos, a luz emitida pode ter uma
frequência diferente. Materiais que exibem este fenômeno têm grande importância
tecnológica, uma vez que esta conversão de frequências pode ser explorada para o
desenvolvimento de novas fontes de luz, marcadores para microscopia, obtenção de
imagens, sensoriamento, entre outras aplicações. Dentre estes fenômenos, a
33

conversa ascendente de frequências (CAF) é definida como um processo de interação


da luz com a matéria que ocorre a geração de luz com frequência maior que a da fonte
de luz incidente. Apesar da energia do fóton gerado ser maior que a energia do fóton
incidente, este processo não viola a lei da conservação de energia, pois há a partição
de fótons de forma cooperativa nesses processos.
Há diversos mecanismos que dão origem ao efeito de conversão ascendente
de frequência, podendo estes também ocorrer de forma simultânea em determinados
sistemas. Portanto, faz-se necessário compreendermos e sabermos distinguir que
processo ocorre em casa sistema analisado. Os principais processos de CAF são o
de absorção de estado excitado, absorção simultânea de fótons, processos de
transferência de energia entre dois íons. Alguns desses processos podem ser
visualizados na figura (1.2).

Figura 1.2: Exemplos de processo de CAF: (a) Absorção de estado excitado;


absorção simultânea de dois fótons.

Fonte: Autor, 2013.

O processo de absorção de dois fótons, ou múltiplos fótons, por uma mesma


molécula, como mostra a figura (1.2a), pode ocorrer devido ao efeito denominado de
absorção de estado excitad (AEE). Este processo pode ocorrer de forma sequencial,
como mostrado na ilustração, ou mesmo quando o nível intermediário sofre relaxação
34

não radiativa para um nível metaestável de menor energia, sendo o segundo fóton a
partir deste. Esta é a forma mais habitual de se encontra esse processo.
A absorção simultânea de dois fótons é um processo no qual um ion,
inicialmente em seu estado fundamental (1), é excitado diretamente para o estado (2)
absorvendo simultaneamente dois fótons, que podem ter energias iguais ou
diferentes, e emite fóton nível excitado ((2) para o nível (1) com o dobro da energia ou
com a energia igual à soma dos fótons absorvidos, ilustrado na figura (1.2b).
Na fluorescência excitada por absorção de um fóton, um elétron é excitado de
um estado fundamental para um estado mais energético, de onde pode decair para o
estado fundamental emitindo um fóton. Na ausência de interação spin-órbita a regra
de seleção para transição óptica exige que os estados inicial e final tenham o mesmo
spin transições entre estados de spins diferentes são proibidas de processo de
decaimento é lento. Esse processo é chamado de fosforescência. Já os processos
permitidos por spins são rápidos e chamado de fluorescência.
Como o processo por excitação de dois fótons precisa de dois fótons para
excitação para cada fóton emitido, a intensidade do sinal gerado será proporcional ao
quadrado da intensidade de um fóton.
35

2 EFEITOS NÃO LINEARES EM MOLÉCULAS ORGÂNICAS

2.1 Introdução

Nas últimas décadas, estudos de processo não lineares em moléculas


orgânicas (MOs) vêm crescendo consideravelmente. Em geral, esses efeitos estão
relacionados a MOs 𝜋𝜋-conjugadas que possuem uma densidade de elétrons
altamente deformável com a incidência de radiação eletromagnética. A delocalização
de elétrons 𝜋𝜋 neste tipo de estrutura está intimamente ligada a altos coeficientes
ópticos não lineares que apresentam. Ao longo dos anos, diversos trabalhos foram
realizados buscando sintetizar e caracterizar MOs com propriedades físico-químicas
mais adequadas para aplicações em óptica e fotônica, tais como limitação óptica [2],
conversão ascendente de frequências [31], sensoriamento [32], geração de segundo
harmônico [33], dentre outra, comprovando o enorme potencial que essa classe de
materiais possui.

2.2 Estados Eletrônicos em Moléculas Conjugadas

Em geral, MOs são constituídas constituída por átomos de carbono, que exibe
valência 4 e, portanto, pode formar quatro ligações covalentes envolvendo orbitais 2𝑠𝑠
e 2𝑝𝑝 . Esses orbitais quando misturados formam 4 orbitais híbridos 𝑠𝑠𝑝𝑝3, capazes de
realizar 4 ligações simples numa estrutura tetraédrica. Cada ligação envolve a
superposição de uma orbital hibrido 𝑠𝑠𝑝𝑝3 do carbono e de um orbital do átomo ligado
36

ao longo do eixo internuclear. Estas ligações são denominadas de ligação 𝜎𝜎, por
apresenta uma simetria axial, e os elétrons que participam da ligação são chamados
de elétrons 𝜎𝜎. Se o átomo de carbono forma quatro ligações 𝜎𝜎 envolvendo todos os
quatro orbitais 𝑠𝑠𝑝𝑝3 hibridizados, sua valência é completamente satisfeita com
formação de uma estrutura saturada. Um exemplo de uma molécula com este tipo de
estrutura é o metano, como mostra a figura (2.1a).

Figura 2.1: Estrutura química das moléculas: (a) Metano; Etileno; (c) Acetileno.

Fonte: Barford, 2005.

Analisemos agora o caso da molécula de etileno, mostrado na (2.1b) (𝐶𝐶𝐻𝐻2 =


𝐶𝐶𝐻𝐻2 ), que possui uma ligação dupla entre dois átomos de carbono. Neste caso, cada
átomo exibe uma hibridização 𝑠𝑠𝑝𝑝2 que resulta na formação de três orbitais 𝑠𝑠𝑝𝑝2 híbridos
que podem formar três ligações σ, sendo duas com dois átomos de hidrogênio e uma
com o outro átomo de carbono. Os orbitais envolvidos na ligação ao longo do eixo
internuclear fornecem ligações com simetria axial. Contudo, a requisição de uma
valência 4, para cada átomo de carbono não é satisfeita. Existe um elétron deixado
no orbital 2𝑝𝑝 de cada átomo de carbono. Devido a restrições geométrica, os orbitais
2𝑝𝑝 não hibridizados nos átomos não podem se sobrepor ao longo do eixo internuclear,
mas podem se unir lateralmente, como mostra figura(2.1b). Esse modo de
superposição de orbitais leva a uma ligação do tipo 𝜋𝜋 e os elétrons neste tipo de
ligação são chamados de elétrons 𝜋𝜋.
Similarmente, na molécula de acetileno, mostrado na figura (2.1c), cada átomo
de carbono possui dois orbitais 𝑠𝑠𝑠𝑠 hibridizados para formar duas ligações 𝜎𝜎 (um com
37

carbono e outra com hidrogênio), e dois orbitais 𝑝𝑝 para formar duas ligações 𝜋𝜋 entre
átomos de carbono. A regra é que quando um átomo de carbono forma múltiplas
ligações com outro átomo, apenas uma ligação pode ser do tipo 𝜎𝜎, e as demais são
do tipo 𝜋𝜋. As ligações do tipo 𝜋𝜋 são mais fracas, fazendo com que os átomos de
carbono tendam a formar ligações do tipo 𝜎𝜎 em reações químicas, sempre que
possível. Desta maneira, os compostos que contêm ligações 𝜋𝜋 são chamados de
insaturados [34].
Um caso especial ocorre quando um composto possui alternância entre
ligações química duplas e simples, como a mostra a figura (2.2). Na verdade, a
superposição dos orbitais 𝜋𝜋 permite que os elétrons estejam delocalizados sobre todo
o sistema (efeito ressonância) [35]. Na figura (2.2), mostramos as moléculas 1,3-
Butadieno e benzeno, que são os casos mais simples de sistemas conjugados, linear
e cíclico, respectivamente).

Figura 2.2: Exemplos de moléculas com sistemas com sistemas conjugados:


(a) 1,3-Butadieno (linear); (b) Benzeno (cíclico.)

Fonte: Barford, 2005

Como mostra a figura (2.2), os elétrons 𝜋𝜋 podem se mover ao longo de todo


o comprimento da molécula. Essa delocalização faz com a distribuição de elétrons
seja altamente deformável, que também fornece altas não linearidades ópticas. A
polarização não linear dos elétrons 𝜋𝜋 é alta mesmo para frequências de radiação longe
da ressonância eletrônica [35]. São os elétrons que fazem os sistemas orgânicas tão
distintos dos materiais inorgânicos para aplicações em ópticas não lineares.
38

2.3 Propriedades Ópticas Não Lineares e Luminescentes de Moléculas


Orgânicas.

Ao longo dos anos, novas moléculas orgânicas (MOs) foram sintetizadas


devido ao seu grande potencial para aplicações em fotônica e dispositivos ópticos.
Boa parte destes novos compostos foram projetados para apresentar respostas
ópticas não lineares de segunda e terceira ordem bastante intensas ou para emitir luz
de forma eficiente. Esta é uma área de pesquisa extremamente ativa e produtiva [1].
Por este motivo, iremos apresentar apenas alguns exemplos de MOs e aplicações
desenvolvidas, explorando suas propriedades ópticas.
Uma das principais aplicações fotônicas que pode ser desenvolvida explorando
efeitos ópticos não lineares de terceira ordem é o chaveamento totalmente óptico.
Idealmente, este tipo de dispositivo permitiria realizar a modulação de um sinal de luz
usando uma taxa muito maior do que o limite existente para chaveamento eletrônico
ou eletro-óptico, podendo chegar até valores superiores a THz. Para que isso seja
possível, tem sido proposto explorar efeitos de refração não linear de MOs diversas,
devido às repostas intensas e ultrarrápida, da ordem de 𝑓𝑓𝑓𝑓, que estes materiais
exibem. Hales e colaboradores [4], desenvolveram polímero que exibiu uma intensa
absorção não linear na região de 1050𝑛𝑛𝑛𝑛 à 1600𝑛𝑛𝑛𝑛. Neste artigo, verificar um efetivo
limitador óptico. Uma outra estratégia foi proposta por Tatsuura e colaboradores [11],
explorando uma estrutura de multicamadas de um derivado do di(benzofuranonil)
metanolato alternando com camadas de óxido de germânio (II). Neste artigo, foi
possível realizar chaveamento óptico usando pulso de 100fs, com comprimento de
onda centrada em 1,55𝜇𝜇m e sinal da porta em 1,63𝜇𝜇m. Hu e colaboradores [13],
desenvolveram um cristal fotônico com poliestirene e coumarina 153 que permitiram
funcionamento como um chaveamento totalmente óptico com pulsos de 𝑝𝑝𝑠𝑠, mas com
baixos níveis de potência. Além desses sistemas, diversas outras famílias de MOs
vêm sendo investigadas e demonstrado um excelente potencial para este tipo de
aplicação fotônica [1, 4, 12, 14, 15].
O uso de moléculas orgânicas como limitadores ópticos também vem
impulsionando a pesquisa por novos meios com intensas respostas ópticas não
lineares, neste caso absorção não linear [2,9]. Este dispositivo funciona como um filtro
óptico seletivo a intensidade da luz. Ele tem como objetivo atenuar sinais ópticos de
39

alta intensidade, e transparente para sinal com pouco intensidade. Devido a sua
natureza, meios que apresentam absorção não linear acentuada são candidatos
naturais para este tipo de aplicação. Por exemplo, Sharafudeen e colaboradores [2],
demonstraram que filmes de PMMA dopados com moléculas derivadas da coumarina,
podem apresentar uma forte absorção não linear, do tipo saturada reversa, e que este
tipo de material funciona com um limitador de potência óptica.
Contudo, a forte luminescência que alguns materiais orgânicos exibem, quer
de natureza linear quanto não linear, que tem sido mais explorada ao longo dos anos.
Os corantes são empregados como simples pigmentos na indústria, meio de ganho
para lasers [1, 5, 17] e em sistemas de microscopia de fluorescência [1, 8-23]. Mais
recentemente, efeitos de conversão ascendentes de frequências em sistemas
orgânicos propiciaram o surgimento de novo tipo de microscopia, denominado de
microscopia de fluorescência multifotônico, sendo atualmente uma das ferramentas
mais importantes para caracterização de sistemas biológicos. Por exemplo, Guang e
com colaboradores [16], utilizando uma solução de coumarina 500 e clorofórmio, com
laser de excitação operando em 800𝑛𝑛m e pulso de 5𝑛𝑛𝑛𝑛, obtiveram uma fonte de laser
azul, ~479 𝑛𝑛𝑛𝑛, por conversão ascendente de frequência.

2.4 Salicilaldeído Azina

As azinas acíclicas (𝑅𝑅 − 𝐶𝐶 = 𝑁𝑁 − 𝑁𝑁 = 𝐶𝐶 − 𝑅𝑅) formam uma classe especial de


MOs que apresentam propriedade físicas, químicas e biológicas interessantes e, por
esse motivo, têm atraído interesse de diversos grupos de pesquisa. Por exemplo,
Salicilaldeído Azina 1 e seus derivados exibem importantes propriedades
farmacológicas, incluindo ação fungicida, antiviral, antibacteriana, anticancerígena e
atividade antioxidante [36,37]. Em sua forma cristalina, os resultados de difração de
Raios X sugerem que a delocalização dos elétrons 𝜋𝜋 ao longo de toda molécula devem
influenciar fortemente suas transições ultravioleta [38]. Também, são observadas
ligações de hidrogênio intermolecular entre o grupo O-H da porção salicialdeído e o
grupo (C=N) da azina e que as moléculas podem se agregar.
Suas propriedades ópticas também vêm sendo investigadas. Tang e
colaboradores [39], realizaram estudos em derivados de Salicilaldeído Azina,
40

observaram um aumento da emissão de fluorescência em estado agregado. Esta é


uma característica essencial para o desenvolvimento de sensores ópticos, diodos
orgânicos emissores de luz (OLED), células fotovoltaicas. Experimentos de
fluorescência com este tipo de composto revelaram que sua estrutura geralmente
apresenta as seguintes características: é um sistema de ligação dupla conjugada, tem
capacidade de formar compostos quelatos, e possuem uma elevada simetria
molecular [40]. Devido às suas propriedades espectroscópicas e fotofísicas, também
foi proposta a sua utilização com sonda para investigação das propriedades foto
cromáticas de bases de Schiff em ambientes heterogêneos [41].
No entanto, pesquisas na área de óptica não linear com esta molécula ainda
não havia sido explorada. Embora, esta MO apresente várias propriedades físicas que
sugerem que ela pode apresentar intensas respostas ópticas não-lineares, evidências
de efeitos não lineares de terceira ordem ou luminescência multifotônica.
41

3 TÉCNICAS DE CARACTERIZAÇÃO

Neste capítulo serão descritas as principais características das técnicas de


análise utilizadas com a finalidade de caracterizar a molécula orgânica estudada nesta
tese. Para obtermos a informação sobre a estrutura cristalina, utilizamos a técnica de
difração de raios X. As propriedades ópticas lineares foram investigadas através das
medidas de absorção linear e fluorescência. O coeficiente de absorção não linear foi
determinado pela técnica de Varredura Z. Também, foram realizadas medidas de
fluorescência assistida por laser, utilizada para identificar e caracterizar o processo de
conversão ascendente de frequências.

3.1 Difração de Raios X

Para o estudo das estruturas cristalinas os métodos de difração medem


diretamente a distância entre planos paralelos de pontos do reticulado cristalino. Esta
informação é usada para determinar os parâmetros do reticulado de um cristal. Os
métodos de difração também medem os ângulos entre os planos do reticulado. Estes
são usados para determinar os ângulos interaxiais de um cristal.
42

3.1.1 Os Raios X

O conhecimento atual sobre as estruturas cristalinas foi obtido principalmente


por técnica de difração de raios X, que utilizam raios X cujos comprimentos de onda
têm valores da mesma ordem de grandeza das distâncias entre os planos
cristalográficos. Contudo, antes de analisarmos a maneira como os raios X são
difratados nos cristais, consideremos o modo como são produzidos para fins
experimentais
Os raios X utilizados para difração são ondas eletromagnéticas com
comprimento de onda entre 0,05 e 0,30nm (0,5 – 3,0 Å), ou seja, da mesma ordem de
grandeza dos espaçamentos interplanares dos cristais, para que possa ocorrer
interferência. Para comparação, o comprimento de onda da luz visível é da ordem de
600nm. Para produzir raios X para difração, é necessário aplicar uma diferença de
potencial da ordem de 25KV entre dois cátodos e um alvo metálico que funciona como
ânodo, mantidos em vácuo, conforme mostra a figura 3.1. Quando o filamento de
tungstênio do cátodo é aquecido, libertam-se elétrons, por efeitos termiônicos, que
são acelerados através do vácuo pela diferença de potencial entre cátodo e ânodo,
ganhando assim, energia cinética. Quando os elétrons se chocam com o alvo metálico
(por exemplo molibdênio), libertam-se raio X. contudo, a maior parte da energia
cinética (~98%) é convertida em calor, de forma que o alvo metálico precisa ser
resfriado exteriormente.

Figura 3.1: Esquema de um tubo gerador de raios X.

Fonte: Padilha, 2000.


43

Na figura 3.2, apresenta-se o espectro de raios X emitidos pelo alvo de


Molibdênio p várias diferença de potencial. O espectro representa a superposição de
dois espectros. O espectro contínuo de raios X, gerados pela desaceleração dos
elétrons, e dois picos de radiação características do metal do alvo, que são
designados por linhas 𝐾𝐾𝛼𝛼 e 𝐾𝐾𝛽𝛽 . Estas linhas são geradas pelo processo mostrado na
figura 3.3. Para o Molibdênio, a linha 𝐾𝐾𝛼𝛼 aparece para o comprimento de onda na
região de 0,7 Å [42]
Grande parte da radiação branca (espectro contínuo) e os picos 𝐾𝐾𝛽𝛽 podem ser
filtrados, por meio de filtros instalados no caminho do feixe lâminas fins de metais
adequados (por exemplo níquel para radiação de cobre). A radiação característica
também é parcialmente atenuada pelo filtro. A radiação obtida é suficientemente
monocromática para a maioria dos propósitos. Se a escala da figura 3.2 for expandida
poderá ser observado que o pico da radiação K é na verdade a superposição de dois
picos (𝐾𝐾𝛼𝛼1 e 𝐾𝐾𝛼𝛼2 ), denominados dubletos [42].

Figura 3.2: espectros de raios X do molibdênio (alvo) para várias diferenças de potencial aplicadas.

Fonte: Padilha, 2000.


44

Figura 3.3: Interação de elétrons com um átomo, ilustrando o aparecimento de raios X característicos
deste átomo.

Fonte: Padilha, 2000.

3.1.2 Lei de Bragg

Dado que os comprimentos de onda dos raios X são da ordem de grandeza


das distâncias dos planos atômicos dos sólidos cristalinos, quando um feixe de raios
X incide sobre um sólido cristalino, ocorrerá interferência construtiva para certos
ângulos de incidência e interferência destrutiva para outros.
Consideremos um feixe monocromático de raios X, com comprimento de onda
𝜆𝜆, incidindo com ângulo 𝜃𝜃 em um conjunto de planos cristalográficos com
espaçamento d. Na figura 3.4, o conjunto de linhas horizontais representam um
conjunto de planos cristalográficos paralelos, de índice de Miller (hkl).
45

Figura 3.4: Difração de raios X pelos planos (hkl) de um cristal.

Fonte: Padilha,2000

Só ocorrerá reflexão, isto é, interferência construtiva, se a distância extra


adicional percorrida por cada feixe for múltiplo inteiro de 𝜆𝜆. Como exemplo, só haverá
interferência construtiva entre os raios 1 e 2, como mostra a figura 3.4, se a distância
adicional percorrida pelo raio 2, que é igual a 𝑃𝑃𝑃𝑃 + 𝑂𝑂𝑂𝑂, tem que ser igual a um número
inteiro de comprimento de onda, ou seja,

𝑛𝑛𝑛𝑛 = 𝑃𝑃𝑃𝑃 + 𝑂𝑂𝑂𝑂 (3.1)

em que 𝑛𝑛 = 1,2,3 …, definida como ordem de difração. Já que PO e OQ são iguais a


𝑑𝑑ℎ𝑘𝑘𝑘𝑘 𝑠𝑠𝑠𝑠𝑠𝑠𝑠𝑠, em que 𝑑𝑑ℎ𝑘𝑘𝑘𝑘 é a distância interplanar dos planos de índice (hkl), a condição
para que a interferência seja construtiva é

𝑛𝑛𝑛𝑛 = 2𝑑𝑑ℎ𝑘𝑘𝑘𝑘 𝑠𝑠𝑠𝑠𝑠𝑠𝑠𝑠 (3.2)

Esta equação, conhecida como lei de Bragg, dá a relação entre as posições


angulares dos feixes difratados, em termos do comprimento de onda 𝜆𝜆 do feixe de
raios X incidente e da distância interplanar 𝑑𝑑ℎ𝑘𝑘𝑘𝑘 dos planos cristalográficos Na maior
parte dos casos, usa-se difração de primeira ordem, em que 𝑛𝑛 = 1; neste caso, a lei
de Bragg toma a forma
46

𝑛𝑛𝑛𝑛 = 2𝑑𝑑ℎ𝑘𝑘𝑘𝑘 𝑠𝑠𝑠𝑠𝑠𝑠𝑠𝑠 (3.3)

3.1.3 Determinação de Estrutura Cristalina: Método do Pó

A técnica de difração de raios X mais frequentemente usada é o método do


pó. Esta é uma técnica amplamente utilizada na caracterização de materiais, estejam
eles na forma de pó ou não.
O equipamento mais utilizado no método do pó é o difratômetro e a câmara
de Debye-Sherrer.
A figura 3.5 mostra de maneira esquemática o funcionamento de um
difratômetro de raios X. o feixe de raios X é gerado pela fonte S, passa pelo colimador
A e incide na amostra C, a qual é fixada sobre o supor H. A amostra sofre movimento
de rotação em torno do eixo O, perpendicular ao plano do papel. O feixe difratado
passa pelos colimadores B e F e incide no detector de raios X G, o qual está sobre o
suporte E. Os suportes E e H são acoplados mecanicamente de modo que o
movimento de 2 x graus do detector é acompanhado pela rotação de x graus da
amostra. Este acoplamento assegura que o ângulo de incidência e o ângulo de
reflexão serão iguais à metade do ângulo de difração 2𝜃𝜃. O detector pode varrer toda
a faixa de ângulos com velocidade constante ou ser posicionado manualmente em
uma posição desejada.
47

Figura 3.5: Difratômetro (goniômetro) esquemático de raios X.

Fonte: Padilha, 2000.

A figura 3.6 apresenta um registro de difração de raios X, com a intensidade


do feixe difratado em função dos de difração 2𝜃𝜃, de uma amostra com característica
de estrutura cristalina.

Figura 3.6:Difratograma típico de um material policristalino.

Fonte: Padilha, 2000.


48

3.1.4 Condições de Difração em Células Unitárias Cúbicas

As técnicas de difração de raios X permitem determinar a estrutura dos sólidos


cristalinos. Para a maior parte das substâncias cristalinas, a interpretação dos
resultados da difração de raios X é complexa e ultrapassa o âmbito desta tese, por
isso, apenas será considerado o caso mais simples da difração em metais puros
cúbicos. Em células unitárias cúbicas, a análise dos resultados de difração de raios X
pode ser simplificada, combinando a seguinte equação

𝑎𝑎
𝑑𝑑ℎ𝑘𝑘𝑘𝑘 = √ℎ2 (3.4)
+𝑘𝑘 2 +𝑙𝑙2

Com a equação de Bragg 𝑛𝑛𝑛𝑛 = 2𝑑𝑑ℎ𝑘𝑘𝑘𝑘 𝑠𝑠𝑠𝑠𝑠𝑠𝑠𝑠, obtendo-se

2𝑎𝑎𝑎𝑎𝑎𝑎𝑎𝑎𝑎𝑎
𝜆𝜆 = √ℎ2 (3.5)
+𝑘𝑘 2 +𝑙𝑙2

A equação 3.4 relaciona os espaçamentos interplanar (𝑑𝑑ℎ𝑘𝑘𝑘𝑘 ), o parâmetro de


reticulado (a,b,c), e os planos (h k l).

A equação 3.5 pode ser usada com os resultados de difração de raios X, para
determinar se a estrutura de um cristal cúbico é cúbica de corpo centrado ou cúbica
de faces centradas. Para usar a equação 3.5 na análise por difração, é preciso saber,
para cada tipo de estrutura cristalina, quais os planos cristalográficos que são planos
difratores. Na rede cúbica simples, são possíveis reflexões por todos os planos (h k l).
contudo, na estrutura CCC, apenas ocorre difração pelos planos cuja soma dos
índices de Miller (h+k+l) seja um número par. No caso da estrutura cristalina CFC, os
planos difratores são aqueles cujo índices de Miller são todos pares ou todos ímpares.
Teoria com mais detalhes poderá ser vista na referência [42].
49

3.2 Espectroscopia de Absorção e de Fluorescência

3.2.1 Absorção de Luz UV-visível (transições eletrônicas em moléculas)

Uma transição eletrônica consiste na passagem de um elétron de um orbital


molecular no estado fundamental para um orbital não ocupado por absorção de um
fóton. Portanto, diz-se que a molécula está em um estado excitado [Bernard Valeur,
2005].
No capítulo 2 foi apresentado os tipos de ligações químicas que as moléculas
orgânicas podem a vir formar, ligações do tipo 𝜎𝜎 e 𝜋𝜋. Um orbital do tipo 𝜎𝜎 pode ser
formada por dois orbitais atômicos s, ou por um s e um p, ou a partir de dois orbitais
p tendo um eixo colinear de simetria. Ligação formada deste modo é chamada de
ligação 𝜎𝜎. Por outro lado, o orbital do tipo 𝜋𝜋 é formado a partir de dos orbitais atômicos
p sobrepondo-se lateralmente. A ligação resultante é chamada de ligação 𝜋𝜋. Por
exemplo (CH2=CH2), os dois átomos de carbono estão unidos por uma ligação 𝜎𝜎 e por
uma ligação 𝜋𝜋. A absorção de um fóton com energia apropriada pode promover a
passagem de um elétron 𝜋𝜋 para um orbital não ocupado denominado 𝜋𝜋 ∗ . A transição
é então chamada de 𝜋𝜋 → 𝜋𝜋 ∗ . A excitação de um elétron 𝜎𝜎 requer uma energia muito
maior (absorção UV distante) e não será considerada aqui.

Uma molécula também pode possuir elétrons não ligados localizados em


heteroátomos tais como oxigênio e nitrogênio. Os orbitais moleculares
correspondentes são chamados de n. a excitação de um elétron não ligado para um
orbital não ocupado é possível e a transição associada é denotada por 𝑛𝑛 ⟶ 𝜋𝜋.
A energia dessas transições eletrônicas está, geralmente, na seguinte ordem:

𝑛𝑛 ⟶ 𝜋𝜋 ∗ < 𝜋𝜋 ⟶ 𝜋𝜋 ∗ < 𝑛𝑛 ⟶ 𝜎𝜎 ∗ < 𝜎𝜎 ⟶ 𝜋𝜋 ∗ < 𝜎𝜎 ⟶ 𝜎𝜎 ∗ (3.6)


50

Para ilustrar esses níveis de energia, a figura mostra o formaldeído como


exemplo, com todas as possíveis transições. A transição 𝑛𝑛 ⟶ 𝜋𝜋 ∗ necessita de mais
atenção: sob excitação, um elétron é removido do átomo de oxigênio e vai para o
orbital 𝜋𝜋 ∗ , localizado parte sobre o átomo de carbono e parte sobre o átomo de
oxigênio. O estado 𝑛𝑛 ⟶ 𝜋𝜋 ∗ tem um caráter de transferência de carga, caracterizado
por um aumento no momento de dipolo.
Em espectroscopia de absorção e fluorescência, dois tipos importantes de
orbitais são considerados: o orbital molecular ocupado de mais alta energia (HOMO) e
o orbital molecular não ocupado de mais baixa energia (LUMO). Ambos referem-se
ao estado fundamental da molécula. Por exemplo, no formaldeído, o HOMO é o orbital
𝑛𝑛 e o LUMO é o orbital 𝜋𝜋 ∗ (figura 3.7).

Figura 3.7: Níveis de energia de orbitais moleculares do formaldeído: HOMO: orbital molecular ocupado
de mais alta energia; LUMO: orbital molecular não ocupado de mais baixa energia.

Fonte: Valeur, 2002.

Quando um de dois elétrons de spins opostos (pertencentes ao orbital


molecular no estado fundamental) é transferido para um orbital molecular de maior
energia, seu spin, em princípio, não é alterado; então o número quântico de spin total
(𝑆𝑆 = ∑ 𝑠𝑠𝑖𝑖 , 𝑠𝑠𝑖𝑖 = 1⁄2 ou −1⁄2) permanece igual a zero. Por causa da multiplicidade dos
dois estados, fundamental e excitado, (M=2S+1) ser igual a 1, ambos são chamado
de estado singleto (normalmente S0 para o estado fundamental, e S1, S2,... para os
estados excitados ) (figura 3.8).
51

Figura 3.8: Distinção entre estados singletos e tripletos, usando o formaldeído com exemplo.

Fonte: Valeur, 2002.

A transição correspondente é chamada de uma transição singleto-singleto.


Uma molécula em estado excitado singleto pode sofrer uma conversão para um
estado em que o elétron excitado tenha seu spin modificado; devido a existir dois
elétrons em spins paralelos, o número quântico total de spin é 1 e a multiplicidade é
3. Tal estado é chamado de estado tripleto porque corresponde a três estados de
mesma energia. De acordo com a regra de Hund, o estado tripleto tem uma energia
menor que a do estado singleto de mesma configuração.
Em uma molécula como o formaldeído, os orbitais ligantes e não-ligantes são
localizados (como as ligações) entre pares de átomos. Tal imagem da localização
desses orbitais é válida para os orbitais 𝜎𝜎 de ligações simples e para os orbitais 𝜋𝜋 de
ligações duplas isoladas, mas não é adequada no caso de ligações carbono – carbono
alternadas simples e duplas, nos chamados sistemas conjugados. Na verdade, a
sobreposição dos orbitais 𝜋𝜋 permite que os elétrons estejas “delocalizados” sobre todo
o sistema.
52

3.2.2 Lei de Bee-Lambert

A probabilidade de absorção para um único comprimento de onda é


caracterizada pelo coeficiente de absorção molar para aquele comprimento de onda.
Isto é mais facilmente definido em tempos de como ele é medido. Se a luz de
intensidade I0 passa através de uma substância (que pode estar em solução) de
espessura d e concentração molar c, a intensidade I da luz transmitida obedece a lei
de Beer-Lambert:

𝐼𝐼𝜆𝜆 = 𝐼𝐼𝜆𝜆0 10−𝜀𝜀𝜀𝜀𝜀𝜀 (3.7a)

log�𝐼𝐼𝜆𝜆0 ⁄𝐼𝐼𝜆𝜆 � = 𝜀𝜀𝜀𝜀𝜀𝜀 (3.7b)

em que 𝜀𝜀 é o coeficiente de absorção molar. Os dados de absorção podem ser


colocados em porcentagem (%) de transmissão (𝑇𝑇 = 100 𝐼𝐼0 ⁄𝐼𝐼 ) ou, mais comumente,
como a absorbância 𝐴𝐴(𝜆𝜆) = 𝑙𝑙𝑙𝑙𝑙𝑙 𝐼𝐼𝜆𝜆0 ⁄𝐼𝐼𝜆𝜆 .
O coeficiente da absorção a(𝜆𝜆) á a absorbância dividido pelo caminho óptico,
d:

𝐴𝐴(𝜆𝜆) 1 𝐼𝐼 0
a(𝜆𝜆) = = 𝑑𝑑 𝑙𝑙𝑙𝑙𝑙𝑙 𝐼𝐼𝜆𝜆 ou 𝐼𝐼𝜆𝜆 = 𝐼𝐼𝜆𝜆0 10−𝑎𝑎(𝜆𝜆)𝑑𝑑 (3.8)
𝑑𝑑 𝜆𝜆

Usualmente, o coeficiente de absorção é expresso na base Neperiana, 𝛼𝛼(𝜆𝜆).


53

1 𝐼𝐼 0
𝛼𝛼(𝜆𝜆) = 𝑑𝑑 𝑙𝑙𝑙𝑙𝑙𝑙 𝐼𝐼𝜆𝜆 = a(𝜆𝜆)𝑙𝑙𝑙𝑙10 ou 𝐼𝐼𝜆𝜆 = 𝐼𝐼𝜆𝜆0 exp[-a(𝜆𝜆)d] (3.9)
𝜆𝜆

Finalmente, a seção de choque de absorção, 𝜎𝜎(𝜆𝜆), que caracteriza a área da


molécula que captura fóton. É a razão entre o coeficiente de absorção e o número de
moléculas contidas no volume do caminho ótico.

𝜎𝜎(𝜆𝜆) = 𝛼𝛼(𝜆𝜆)⁄𝑁𝑁 (3.10)

Figura 3.9: Esquema de espectrofotômetro que opera com feixe duplo.

Fonte: Valeur, 2002.

A figura 3.9 mostra o esquema de funcionamento de um espectrofotômetro


UV-VIS. A sua principal característica é que trabalha com feixe duplo. Um dos
compartimentos fica a cubeta com a solução e no outro, cubeta com solvente. O
equipamento faz uma única varredura para obter o resultado, absorbância das
moléculas contidas na solvente. Desta forma, mais rapidez na aquisição dos dados
em relação ao espectrômetro que trabalha com um feixe. Nesse caso, uma medida
seria realizada com o solvente e num segundo momento, a medida com a solução.
Na aquisição do espectro de absorção linear foi utilizado um
espectrofotômetro UV-3600 Shimadzu.
54

3.2.3 Fluorescência

Este tópico descreve as características da emissão de fluorescência de uma


molécula excitada em solução. O diagrama de Jablonski (figura 3.10) é conveniente
para visualizar de um modo simples os possíveis processos: absorção de fótons,
conversão interna, fluorescência, cruzamento intersistema, fosforescências,
fluorescência com retardo e transições tripleto-tripleto. Os estados eletrônicos
singletos são representados por S0 (estado eletrônico fundamental), S1, S2, ... e
estados tripletos, T1, T2, .... Níveis vibracionais são associados com cada estado
eletrônico. É importante perceber que a absorção é muito rápida (≅10-15 s) em relação
a todos os outros processos, não há deslocamento concomitante do núcleo de acordo
com o princípio de Frank-Condon (uma transição eletrônica ocorre preferencialmente
sem mudanças nas posições dos núcleos atômicos nas moléculas e em seu
ambiente).

Figura 3.10: Diagrama de Jablonski.

Fonte: Valeur, 2001.

As setas verticais correspondem ao início da absorção a partir do nível de


mais baixa energia vibracional, S0, porque à temperatura ambiente a maioria das
moléculas está neste nível. A absorção de um fóton pode levar a molécula para um
55

dos níveis vibracionais de S1, S2, ... Os possíveis processos subsequentes de


desexcitação podem ser:
- Conversão interna (IC) – é uma transição não radiativa entre dois estados eletrônicos
de mesma multiplicidade de spin. Em solução, este processo é seguido por uma
relaxação vibracional para o nível vibracional mais baixo do estado eletrônico final. O
excesso de energia vibracional pode inclusive ser transferido para o solvente durante
colisões da molécula excitada com as moléculas do solvente na sua vizinhança.
Tempo característico dessa transição é 10-11 a 10-9.
-fluorescência – a emissão de fótons que acompanha a relaxação S1→ S0 é chamada
de fluorescência. Deve ser enfatizado que, apesar de algumas exceções, a emissão
de fluorescência de S1 e suas características (exceto polarização) não dependem do
comprimento de onda de excitação (considerando que somente exista uma espécie
no estado fundamental).
A transição 0 → 0 é geralmente a mesma para absorção e fluorescência. No
entanto, o espectro de fluorescência é localizado em comprimentos de onda maiores
(menor energia) que o espectro de absorção, por causa da perda de energia no estado
excitado devido à relaxação vibracional. De acordo com regra de Stokes (uma
observação empírica anterior ao diagrama de Jablonski), o comprimento de onda de
emissão de fluorescência dever sempre maior que o da absorção. Entretanto, na
maioria dos casos, espectro de absorção intercepta parcialmente o espectro de
fluorescência, isto é, uma fração de luz é emitida em comprimento de onda menor que
a luz absorvida. Tal observação parece estar, em primeiro momento, em contradição
com o princípio de conservação de energia. No entanto, isto pode ser explicado (como
observou Einstein pela primeira vez) pelo fato de que em temperatura ambiente uma
pequena fração de moléculas está em um nível vibracional maior que o nível 0
(distribuição entre os níveis de energia de acordo com a lei de Boltzmann), tanto no
estado fundamental como no estado excitado. Em temperaturas baixas, essa violação
da lei de Stokes deve desaparecer.
Em geral, as diferenças entre os níveis vibracionais são similares nos dois
estados, fundamental e excitado, tanto que o espectro de fluorescência
frequentemente apresenta a primeira banda de absorção (regra do espelho). O
intervalo (expresso em número de onda) entre o máximo da primeira banda de
absorção e o máximo de fluorescência é chamado de desvio de Stokes.
56

Deve ser percebido que a emissão de um fóton é tão rápida quanto a absorção
de um fóton (10-15 s). Embora, moléculas excitadas ficam no estado S1 por certo tempo
(poucas dezenas de picosegundos a poucas centenas de nanosegundos,
dependendo do tipo de molécula e do meio) antes de emitir um fóton ou percorrer
outros processos de desexcitação. Então, após a excitação de uma população de
moléculas por um pulso de luz muito curto, a intensidade da fluorescência decresce
exponencialmente com o tempo característico, refletindo o tempo de vida médio das
moléculas no estado excitado S1.
- Cruzamento intersistema (ISC) – é uma transição não radiativa entre dois níveis
vibracionais isoenergéticos pertencentes a estados eletrônicos de multiplicidades
diferentes. Por exemplo, uma molécula excitada no nível vibracional 0 do estado S1
pode mover-se para o nível vibracional isoenergético do estado tripleto Tn; então a
conversão interna seguida da relaxação vibracional leva-a para nível vibracional mais
baixo de T1. Cruzamento intersistema pode ser rápido suficientemente (10-7 – 10-9 s)
para competir com outros caminhos de desexcitação a partir de S1 (fluorescência e
conversão interna S1 → S0).
- Fosforescência versus desexcitação não-radiativa – em solução a temperatura
ambiente, desexcitação não radiativa a partir do estado tripleto T1 é
predominantemente desexcitação radiativa chamada de fosforescência. Na verdade,
a transição T1 → S0 é proibida (mas pode ser observada devido ao acoplamento spin
órbita), e a constantes de decaimento radiativo é muito pequena. Durante esse
processo, que é lento, ocorrem numerosas colisões com moléculas do solvente que
favorecem o cruzamento intersistema e a relaxação vibracional S0.
Em temperaturas baixas e/ou em meios rígidos, a fosforescência pode ser
observada. O tempo de vida do estado tripleto pode, nessas condições, ser longo o
suficiente para se observar a fosforescência em uma escala de tempo até segundos,
até minutos ou mais.
O espectro de fosforescência é localizado em comprimentos de onda maiores
que no espectro de fluorescência, porque a energia do nível vibracional mais baixo do
estado tripleto T1 é menor que a energia do estado singleto S1.
Fluorescência com retardo ativada termicamente – cruzamento intersistema
reverso T1→ S1 pode ocorrer quando a diferença de energia entre S1 e T1 é pequena
e quando o tempo de vida é suficientemente grande. Isso resulta em uma emissão
com mesma distribuição espectral da fluorescência normal, mas com uma constante
57

de decaimento de tempo muito maior, porque a molécula fica no estado tripleto antes
de emitir de S1. Esta emissão de fluorescência é ativada termicamente,
consequentemente sua eficiência aumenta com o aumento da temperatura.
- Aniquilação tripleto – tripleto – em soluções concentradas, uma colisão entre duas
moléculas no estado T1 pode fornecer energia suficiente para emitir que uma delas
retorne ao estado S1, levando a uma emissão de fluorescência com retardo.
- Transição tripleto-tripleto – uma vez que uma molécula está excitada e alcança o
estado tripleto T1, ela pode absorver outro fóton em um comprimento de onda
diferente, porque transições tripleto-tripleto são permitas pelo spin. Estas transições
podem ser observadas quando a população de moléculas no estado tripleto é grande
o suficiente, o que pode ser conseguido pela iluminação com pulso intenso de luz.
No estudo de fluorescência foram utilizados dois tipos de fonte de excitação.
Para fluorescência excitada por um fóton, a fonte utilizada foi uma lâmpada de
xenônio, com banda espectral na faixa de 260 nm – 600 nm. O equipamento foi um
espectrofluorímetro Fluorolog 3 Horiba. Para fluorescência excitada por laser,
utilizamos com fonte um laser Ti:Safira operando em modelocked, que permite pulso
de 200fs de duração temporal, a uma taxa de repetição de 76 MHz, sintonizável entre
770nm e 830nm.

3.3 Técnica de Varredura Z

A técnica experimental utilizada neste trabalho, denominada de técnica de


varredura Z, foi proposta por Sheik-Bahae e colaboradores [43]. Este método foi
proposto para medir efeitos associados à não linearidade de terceira ordem, como o
efeito Kerr, e absorção não linear.
A técnica é baseada no efeito de autofocalização do feixe de luz, e consiste
em transformar variação de fase em variação de amplitude durante a propagação da
luz dentro da amostra com propriedades ópticas não lineares. Esta técnica tem
sensibilidade comparável aos métodos interferométricos, e sua montagem é
relativamente simples, e não exige um aparato experimental elaborado [43]. Dentre
estas vantagens citadas, o método também permite determinar a magnitude do índice
58

de refração não linear, 𝑛𝑛2 , e o coeficiente de absorção não linear, 𝛼𝛼2 , bem como seus
respectivos sinais.

Figura 3.11: Arranjo experimental para medida do coeficiente de absorção não linear.

Fonte: Autor, 2013.

A idéia fundamental da técnica consiste em fazer com que a amostra translade


ao longo da direção de propagação do feixe laser, eixo z. O feixe laser com perfis
espacial e temporal Gaussiano é focalizado na região do espaço, z=0, como mostra a
figura 3.11. Assim, no eixo de focalização, o feixe apresentará uma distribuição de
intensidades, cujo valor máximo está localizado no plano focal da lente. Em princípio,
sabemos que a não linearidade induzida no material é proporcional a esta intensidade
do feixe de excitação. Então, estudar os efeitos relacionados a não linearidade do
material, é relacionar a curva de transmitância, detectada a campo distante, com a
posição da amostra em relação ao plano focal.
O nosso material de estudo apresentou absorção não linear, mas não
detectamos índice de refração não linear. Então, abreviaremos nossa explanação,
restringindo a medida de transmitância com fenda aberta a campo distante, como
mostra a figura 3.10. A curva obtida está relacionada com processos de absorção não
lineares que o meio pode apresentar. Para o caso em que o meio material apresente
perda não linear de terceira ordem pequena, com resposta temporal muito menor que
a duração do pulso de excitação (por exemplo, absorção de dois fótons), o coeficiente
de absorção não linear 𝛼𝛼2 pode ser determinado da curva de transmitância
normalizada, obtida de uma medida de varredura Z fenda aberta, através de um ajuste
teórico usando a seguinte equação [43]:
59

0 𝑞𝑞
𝑇𝑇(𝑥𝑥) = 1 − 2√2(1+𝑥𝑥 2)
(3.11)

onde 𝑞𝑞0 = 𝛼𝛼2 𝐼𝐼0𝐿𝐿𝑒𝑒𝑒𝑒 ≪ 1 é um parâmetro de ajuste e contém a informação sobre sobre

o coeficiente de absorção não linear. 𝐿𝐿𝑒𝑒𝑒𝑒 : comprimento efetivo da amostra; 𝑧𝑧0 :


parâmetro de Rayleigh; 𝑧𝑧: posição da amostra; 𝐼𝐼0 : intensidade do pulso no plano focal.
Sheik-Bahae e colaboradores [43], consideram um feixe Gaussiano focalizado de
𝜋𝜋𝜔𝜔02
cintura mínima 𝑧𝑧0 = incidindo sobre uma amostra fina de um material não linear.
𝜆𝜆

A condição de amostra fina é estabelecida considerando que 𝐿𝐿 ≪ 𝑧𝑧0 . Esta condição


garante que mudanças no diâmetro do feixe dentro da amostra devido à difração são
desprezíveis.
A depender do mecanismo de absorção não linear envolvido, a medida de
varredura Z fenda aberta apresenta diferentes comportamentos. Por exemplo, se o
processo observado é devido a absorção de dois fótons do laser de excitação, a curva
de transmitância é caracterizado por apresentar um vale, cujo mínimo ocorre em 𝑧𝑧 =
0 e o valor de 𝛼𝛼2 será sempre positivo e constante, independentemente do valor da
potência do laser utilizada nas medidas. A partir desta grandeza, a seção de choque
de absorção de dois fótons, 𝛿𝛿 = ℎ𝜐𝜐𝛼𝛼2 ⁄𝑁𝑁, onde N é o número de moléculas por 𝑐𝑐𝑐𝑐3 e
ℎ𝜐𝜐 a energia do fóton. geralmente, 𝛿𝛿 é expresso em unidade de Goppert-Mayer (GM),
sendo 1GM=1.10-50.cm4.s.(fóton)-1. Por outro lado, se a curva de transmitância
apresenta apenas um pico, dizemos que a absorção do material é saturada e o valor
de 𝛼𝛼2 será sempre negativo. Outros processos não lineares de absorção podem ser
também caracterizados pela medida de varredura z de fenda aberta, porém não serão
comentados nesta tese.
60

4 RESULTADOS E DISCUSSÕES

Nas seções seguintes serão apresentados resultados e discussões


referentes a análise do cristal orgânico salicilaldeído Azina 1.

4.1 Síntese de Salicilaldeído Azina

A amostra analisada foi fornecida pela Profa. Dra. Sílvia H. Cardoso. Em


seu processo de síntese, inicialmente 2-hidroxi-benzaldeído (0,1mol) foi
dissolvido em etanol a 95% (60ml). Em seguida, hidrato de hidrazina (0,005mol)
foi também dissolvida em etanol a 95%(25ml) e adicionada lentamente a solução
de aldeído inicial, sob agitação constante. Esta reação foi usualmente exotérmica
e foi completada pelo refluxo desta mistura por aproximadamente 2 horas. O
resfriamento à temperatura ambiente levou à deposição de cristais de coloração
amarela que foram filtrados por sucção e recristalizados a partir da mistura de
etanol / água (1:1) e secos sob vácuo.
61

4.2 Caracterização Estrutural

A medida de difração de Raios X foram realizadas usando um difratômetro da


Shimadzu, modelo XRD-6000. O principal objetivo da técnica é verificar a estrutura
cristalina da amostra. Nas medidas realizadas, foi utilizada uma tensão de 40KV, corrente
elétrica de 30mA e uma fonte de radiação de 𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶. Os padrões de difração foram obtidos
com 2𝜃𝜃 variando de 20𝑜𝑜 − 60𝑜𝑜 , passo de 0,02𝑜𝑜 e velocidade angular de 2𝑜𝑜 ⁄𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚. Foram
utilizadas fendas de divergência e espalhamento de 1𝑚𝑚𝑚𝑚, e uma fenda de recepção de
0,03𝑚𝑚𝑚𝑚. Esta técnica foi realizada por completeza, pois a estrutura foi caracterizada pela
Profa. Silvia H. Cardoso. O número da carta de registro da molécula é 42-1743.
Na figura (4.1a), temos o difratograma do cristal de Salicilaldeído Azina. Podemos
observar que a molécula tem características de uma estrutura cristalina. Em 1969, vaciago
de colaboradores [38], determinaram a estrutura da molécula

Figura 4.1: Molécula de Salicilaldeído Azina: (a) Difratograma;; (b) Estrutura.

(a) Fonte: Autor, 2013. (b) FONTE: S.H. Cardoso; R.Diniz, M.S. Valle.
62

Na figura (4.2) é apresentada a estrutura da molécula e seus derivados. A


molécula estudada nesse trabalho corresponde a estrutura Salicilaldeído Azina 1.

Figura 4.2: Molécula Salicilaldeído Azina (R=H); Derivados (R= EWG ou R=EDG)

Fonte: Tong, 2009.

4.3 Caracterização Óptica

4.3.1 Medidas de Absorção Linear e Fluorescência

Os espectros de absorção linear e fluorescência descritos neste trabalho,


foram obtidos usando um espectrômetro UV-VIS-NIR e espectrofluorímetro,
respectivamente. Em ambos os casos, os cristais foram dissolvidos em clorofórmio. A
solução foi preparada com concentrações de 5 × 10−4 𝑀𝑀 e 0,1𝑀𝑀 para realizarmos as
medidas de absorção e fluorescência, respectivamente.
63

A figura (4.3), são mostrados os espectros de absorção linear e fluorescência.


Como podemos observar, esta molécula orgânica apresenta uma forte absorção por
um fóton entre a região do ultravioleta e azul do espectro eletromagnético. Também,
é totalmente transparente na região do infravermelho próximo. Por outro lado, este
meio mostra alta eficiência luminescente na região de 500𝑛𝑛𝑛𝑛 e 700𝑛𝑛𝑚𝑚, quando
excitada em 396𝑛𝑛𝑛𝑛.

Figura 4.3: Espectros de: (a) absorção; (b) Fluorescência.

Fonte: Autor, 20013

4.3.2 Conversão Ascendentes de Frequências

As medidas do sinal de fluorescência induzidas por absorção de dois fótons,


foram realizadas utilizando um laser Ti:Safira, sintonizado em 𝜆𝜆 = 793𝑛𝑛𝑛𝑛, operando
em modelocked, emitindo pulsos de 200𝑓𝑓𝑓𝑓 (FWHM) a uma taxa de 76MHz. Para estas
medidas, foi usado amostra sem diluição, pó. Confeccionamos disco fino do material,
pressionando a amostra entre duas placas de vidro. O feixe laser foi focalizado sobre
a superfície do disco com incidência normal. Usando um cold mirror, espelho que
reflete luz na faixa do visível e transparente para o infravermelho, e um filtro passa
baixa (SPF), separamos os sinais de luminescência e da luz laser espalhada pela
amostra. O sinal de fluorescência foi coletado por uma fibra óptica até um
64

espectrômetro. A potência do laser foi controlada por uma placa de meia onda, 𝜆𝜆⁄2, e
por um polarizador. Com o uso desse sistema, medimos o sinal de fluorescência em
função da intensidade do laser. A figura (4.4) apresenta o arranjo experimental
utilizado.

Figura 4.4: Arranjo experimental da técnica de fluorescência induzida por absorção de dois fótons.

Fonte: Autor, 2013.

Observamos um intenso sinal de conversão ascendente de frequências


quando o cristal de Salicilaldeído Azina foi excito com laser. Na figura (4.5a), podemos
observar um espectro típico de fluorescência obtido usando laser sintonizado em
793𝑛𝑛𝑛𝑛. Como o meio é transparente para absorção de um fóton neste comprimento
de onda, esse fenômeno estaria relacionado ao processo de absorção não linear. O
vale observado no pico de fluorescência está relacionado a presença do filtro SPF.
Observamos que esta é a única deformação observada.
65

Figura 4.5: Espectro de fluorescência de Salicilaldeído Azina (sólida); (b) Intensidade fluorescência
em função do tempo de exposição.

Fonte: Autor, 2013.

Na figura (4.5b), observamos o comportamento da variação da intensidade do


sinal de fluorescência em função do tempo de exposição ao feixe laser, operando a
uma taxa de repetição de 76MHz e uma potência de pico de 65kw. Podemos observar
que após varia horas, o decaimento na intensidade de fluorescência foi pequeno. Por
exemplo, após 9h de exposição, houve um decréscimo na intensidade do sinal por um
fator de 18% de seu valor inicial. Estes resultados mostram que este tipo de cristal
orgânico pode ser utilizado como marcadores para sistemas de fluorescência induzida
por absorção de dois fótons, pois não ocorre degradação significativa.
Em geral, para um fenômeno de conversão ascendente de frequências, a
intensidade de fluorescência apresenta dependência não linear com a potência de
𝑁𝑁
excitação. Esta dependência é expressa por 𝐼𝐼𝐹𝐹 ∝ 𝑃𝑃𝑙𝑙𝑙𝑙𝑙𝑙𝑙𝑙𝑙𝑙 , onde 𝑁𝑁 é o número de fótons
envolvido no processo. A fim de obtermos o número de fótons que participam no
fenômeno de conversão ascendente, medimos os espectros de fluorescência e
analisamos sua intensidade em função da potência do laser. Os resultados obtidos
desta análise são apresentados no gráfico em escala 𝑙𝑙𝑙𝑙𝑙𝑙 − 𝑙𝑙𝑙𝑙𝑙𝑙, e a inclinação da
curva linear é igual a 𝑁𝑁.
66

Na figura (4.6a) é mostrada a intensidade do sinal de fluorescência, centrada na região


de comprimento de onda de 570𝑛𝑛𝑛𝑛, em função da potência do laser. Ainda nesta
figura, Podemos observar que o sinal de fluorescência apresenta uma dependência
não linear com a potência do laser. A partir da curva 𝑙𝑙𝑙𝑙𝑙𝑙 − 𝑙𝑙𝑙𝑙𝑙𝑙 apresentada na figura
(4.6b), obtivemos uma inclinação da curva linearizado igual a 2,02. Este resultado
indica que o processo de fluorescência envolve absorção de dois fótons.

Figura 4.6: Intensidade de fluorescência em função da potência do laser: (a) Escla linear; (b) Escala
log-log. Círculos correspondem aos dados experimentais, enquanto que as linhas sólidas são
curvas de ajuste.

Fonte: Autor, 2013.

Foram realizadas medidas de fluorescência variando o comprimento de onda da fonte


de excitação no intervalo de 773𝑛𝑛𝑛𝑛 e 858𝑛𝑛𝑛𝑛, mostradas na figura (4.7a). Podemos observar
que, fixado a intensidade do laser, quanto menor comprimento de onda da fonte laser, mais
intensa é a fluorescência. Na figura (4.7b), podemos observar uma sobreposição da curva de
absorção linear com a intensidade do pico de fluorescência centrada na região de 570𝑛𝑛𝑛𝑛.
Neste caso, a escala horizontal da curva de absorção é o comprimento de onda da
medida enquanto que para a intensidade de fluorescência a escala horizontal corresponde a
metade do comprimento de onda do laser de excitação. Surpreendentemente, a partir deste
gráfico, podemos observar que as curvas apresentam uma boa relação. Este é um resultado
inesperado, pois, em princípio, não é possível comparar diretamente as propriedades
67

espectrais das moléculas orgânicas em formas diferentes, sólida e em solução [45]. No entanto,
nossos resultados sugerem que eles estão de fato correlacionados. Uma investigação mais
detalhada sobre o comportamento espectral molecular é necessária, a fim de esclarecer esta
questão e verificar se há influência da agregação de moléculas para luminescência não linear
deste material.

Figura 4.7: Intensidade em função do comprimento de onda do laser; (b) superposição dos espectros
de absorção linear e fluorescência referentes ao pico de 570nm.

Fonte: Autor, 2013.

Para caracterizar completamente processo de absorção de dois deste sistema,


utilizamos a técnica de varredura Z fenda aberta, a fim de obtermos o coeficiente de absorção
não e a seção de choque de absorção de dois fótons. Para esta técnica, foi utilizado mesmo
laser Ti:Safira sintonizado em 793𝑛𝑛𝑛𝑛, mas sua taxa de repetição foi reduzida a 1KHz, por meio
de um seletor de pulso, a fim de evitar efeitos térmicos durante a aquisição do sinal. O feixe
laser foi focalizado por uma lente de 7,5𝑐𝑐𝑐𝑐 de distância focal, que proporcionou uma cintura do
feixe de 15𝜇𝜇𝜇𝜇 no plano focal da lente. Foi preparada uma solução contendo 0,1M de cristais
dissolvidos em clorofórmio. A solução foi colocada em cubeta de quartzo de caminho óptico de
1𝑚𝑚𝑚𝑚.
68

A figura (4.8) mostra resultado típicos da curva de transmitância normalizada. As


medidas foram realizadas para duas intensidades distintas de excitação da fonte laser, 11
GW/cm2 e 8,6 GW/cm2, medidas no plano focal da lente. Podemos observar que à medida que
a amostra se aproxima do foco, a intensidade do laser é aumentada e a transmitância medida
apresenta uma diminuição, que é um comportamento característico de materiais que exibem
processo de absorção de multifótons. A partir do ajuste teórico com a curva Zscan, obtivemos
mesmo valor do coeficiente de absorção não linear, 𝛼𝛼2 = (2,1 ± 0,1) × 10−1 cm/GW, da
solução para as duas intensidades distintas. Além disso, repetimos o experimento usando
clorofórmio puro e, para esses valores de intensidade do laser, não apresentou comportamento
não linear. Estes resultados mostram que a absorção não linear observada é um processo de
dois fótons relacionados apenas a molécula de Salicilaldeído Azina.
A seção de choque de absorção de dois fótons, 𝛿𝛿, para esta molécula orgânica foi
calculada a partir do valor do coeficiente de absorção não linear. Obtivemos o valor de 𝛿𝛿=(87
± 5) GM, que é um bom resultado comparado a outros materiais [9,40,43,44]. Podemos
mencionar que a variação de intensidade de fluorescência com o comprimento de onda do
laser de excitação, sugere que esta molécula pode apresentar valores maiores de 𝜎𝜎 quando
excitada com laser na faixa de comprimento de onda menor, comportamento semelhante aos
resultados observados por Chi e colaboradores [9]. Além disso, uma escolha cuidadosa dos
radicais pode contribuir para um aumento da delocalização de carga dos elétrons 𝜋𝜋, o que
poderia melhor as propriedades não lineares dos derivados de Saliciladeído Azina.
69

5 CONCLUSÕES E PERSPECTIVAS

Nesta tese, realizamos a caracterização espectroscópica linear e não linear


da molécula orgânica Salicilaldeído Azina 1, em sua forma cristalina e em solução
dissolvida em clorofórmio. Das medidas de absorção óptica de um fóton, observamos
que este sistema em solução apresenta uma forte absorção na região do ultravioleta,
sendo transparente nas regiões do visível e infrafermelho próximo. Excitando as
moléculas em solução, usando radiação incoerente sintonizada em 396𝑛𝑛𝑛𝑛,
observamos uma forte fluorescência, banda larga, na região do visível do espectro
eletromagnético, entre 475𝑛𝑛𝑛𝑛 e 700𝑛𝑛𝑛𝑛, proveniente de um processo de absorção de
um fóton. Com a amostra em sua forma cristalina, identificamos uma emissão intensa
e estável de conversão ascendente de frequências na região do visível, também entre
475𝑛𝑛𝑛𝑛 e 700𝑛𝑛𝑛𝑛, quando excitamos este material com um laser pulsado (200𝑓𝑓𝑓𝑓 de
largura temporal e 76𝑀𝑀𝑀𝑀𝑀𝑀 de taxa de repetição) sintonizado no infravermelho próximo,
entre 700𝑛𝑛𝑛𝑛 e 820𝑛𝑛𝑛𝑛, e caracterizamos este fenômeno como um processo de
absorção de dois fótons. Sintonizando o laser em 793𝑛𝑛𝑛𝑛 e utilizando a técnica de
Varredura Z fenda aberta, obtivemos o coeficiente de absorção não linear, 𝛼𝛼2 = (2,1 ±
0,1) × 10−1 cm/GW, e seção de choque de absorção de dois fótons, 𝛿𝛿=(87 ± 5) GM,
para esta molécula em solução. Nossos resultados mostraram que este material
orgânico tem um grande potencial para o desenvolvimento de aplicações em fotônica
explorando seus efeitos ópticos não lineares.
Como possíveis desdobramento deste trabalho, pretendemos ampliar a
caracterização não linear deste sistema, em partícula, medindo sua seção de choque
de absorção de dois fótons para diferentes comprimentos de onda. Novos estudos
deverão ser também realizados para verificar a influência do efeito de agregação para
o processo de conversão ascendente de frequências, bem como investigar as
70

propriedades ópticas não lineares de outras moléculas derivadas de Salicilaldeído


Azina.
71

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Apêndice
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Contents lists available at ScienceDirect

Optical Materials
journal homepage: www.elsevier.com/locate/optmat

Frequency upconversion and two-photon absorption of salicylaldehyde


azine 1
A.B. Souza a, M.A.R.C. Alencar a,⇑, S.H. Cardoso b, M.S. Valle c, R. Diniz d, J.M. Hickmann a
a
Optics and Materials Group – OPTMA, Universidade Federal de Alagoas, Caixa Postal 2051, Maceió, AL 57061-970, Brazil
b
Universidade Federal de Alagoas, Campus Arapiraca, Rua Manoel Severino Barbosa s/n, Bonsucesso, Arapiraca, AL 57309-005, Brazil
c
Departamento de Ciências Naturais, Universidade Federal de São João del Rei, Campus Dom Bosco, Praça Dom Helvécio, 74 – Fábricas, São João del Rei, MG 36301-160, Brazil
d
Departamento de Química, ICE, Universidade Federal de Juiz de Fora, Juiz de Fora, MG 36036-900, Brazil

a r t i c l e i n f o a b s t r a c t

Article history: Two-photon absorption and two-photon excitation fluorescence of salicylaldehyde azine 1 crystals were
Received 27 February 2013 investigated. It was observed an intense visible fluorescence when this material was excited with a laser
Received in revised form 12 July 2013 tuned at the near infrared region. Varying the laser intensity we characterized this phenomenon as a
Accepted 23 July 2013
simultaneous two-photon laser absorption process. Using open aperture Z-scan measurements we
Available online 30 August 2013
characterized this two-photon absorption phenomenon and measured the value of the two-photon
absorption cross-section of this molecule to be equal to 87 GM. Our results indicate that this is a
Keywords:
promising organic material aiming nonlinear photonics applications.
Frequency upconversion
Two-photon absorption
Ó 2013 Elsevier B.V. All rights reserved.
Organic crystal
Salicyaldehyde azine

1. Introduction The crystallographic structure of salicylaldehyde azine 1 has


been already reported [26]. According to Vaciago and co-workers,
Organic materials (OMs) have been intensively investigated in the X-ray analysis of this crystal suggests that p-electron delocal-
recent years owing to their huge potential for photonic applica- ization over the whole molecule should be important to its elec-
tions [1–23]. The large third-order nonlinear optical responses tronic structure and should affect the UV transitions [26].
and the efficient fluorescence processes that they can exhibit have Moreover, intramolecular hydrogen bonds between OAH group
been exploited in the development of different optical applications, of salicylaldehyde moiety and C@N group of azine are observed
such as optical limiters [2–9], all-optical switching [1,10–15], lasers (data not shown) and stacking of molecules are expected.
[1,16,17] and multi-photon fluorescence microscopy [1,18–23]. Salicylaldehyde azine and their analogs also have been described
The origin of these astounding optical properties of OM is related in chemistry of new materials as optical sensors. Recently, Tang
to the presence of delocalized p-electrons in their molecular and co-workers described a series of derivatives of salicylaldehyde
structures [1]. Owing to this fact, there have been several efforts azine 1, which has exhibited interesting aggregation-induced emis-
on the seeking and engineering of new classes of OM that may sion enhancement (AIEE) characteristics [27]. The authors state
present this specific property. that OM that presents AIEE characteristics have great potential
Among the myriad of OM, acyclic azines (RAC@NAN@CAR) for the development of distinct optical applications, from sensing
have been also investigated aiming the development of optical to light emitters devices and that their peculiar physical properties
applications. They are known to display a wide variety of applica- might help us to discover and unveil new fluorescence mecha-
tions in chemistry. For example, it is reported that salicyladehyde nisms, extending our knowledge about photoluminescence
azine [bis(2-hydroxybenzylidene)-hydrazine] 1 and their deriva- processes.
tives (Fig. 1) have exhibited important pharmacological proprieties The experimental testing of this compound fluorescence
including fungicide, anti-virus, anti-cancer antibacterial and anti- showed that this kind of structure is generally characterized by:
oxidant activities [24,25]. a conjugated double-bond system, the capability of forming che-
late compounds, and a high molecular symmetry [28]. Due to its
spectroscopic and photophysical properties, it has been also pro-
⇑ Corresponding author. Tel./fax: +55 82 32141424x102/500. posed the use of this kind of OM as convenient probes for the
E-mail addresses: amadeu@optma.org (A.B. Souza), marca@optma.org (M.A.R.C. investigation of photochromic Schiff bases’ properties in heteroge-
Alencar), silviahcardoso@yahoo.com.br (S.H. Cardoso), marcelovalle@gmail.com neous environments [29]. However, although this OM presents
(M.S. Valle), renata.diniz@ufjf.edu (R. Diniz), jmh@optma.org (J.M. Hickmann).

0925-3467/$ - see front matter Ó 2013 Elsevier B.V. All rights reserved.
http://dx.doi.org/10.1016/j.optmat.2013.07.020
2536 A.B. Souza et al. / Optical Materials 35 (2013) 2535–2539

The nonlinear absorption characterization of this material was


performed using an open aperture Z-scan experiment [30]. We
used the same Ti:Sapphire laser tuned at 793 nm, but its repetition
rate was reduced to 1 kHz by means of a pulse picker, in order to
avoid thermal effects during the measurements. The laser beam
was focused by a lens with 7.5 cm focal length, which provided a
beam waist of 15 lm at the lens focal plane. The sample consisted
of a solution containing 0.1 M of these crystals dissolved in chloro-
form, placed in a 1 mm thick quartz cell. Its position with respect
to the lens focal plane was varied and the light intensity transmit-
ted through the sample was measured as a function of the sample
position. We normalized the transmitted intensity dividing the
measured values by the transmitted intensity when the sample
was positioned far away from the lens focal plane. Thus, the non-
linear absorption coefficient can be obtaining fitting the obtained
results using the equation [30]:
X
1
½q0 ðz; 0Þ m
TðzÞ ¼ ð1Þ
m¼0ðm þ 1Þ3=2

Fig. 1. (a) Salicyladehyde azine and their substituted analogs. (b) Crystal structure where z is the sample position with respect to the lens focal plane,
of salicyladehyde azine 1 in ORTEP drawing. q0 ðz; tÞ ¼ bI0 ðtÞLeff =ð1 þ z2 =z20 Þ; b is the material nonlinear absorption
coefficient, I0 ðtÞ is the laser intensity at z ¼ 0; z0 ¼ pw20 =k is the
several physical properties that suggest that it may present intense beam Rayleigh length, w0 is the minimum beam waist and k is
nonlinear optical responses, evidences of third-order nonlinear ef- the laser wavelength.
fects or multi-photon luminescence have not been reported up to
this moment.
3. Results and discussion
In this paper, we report the observation of infrared-to-visible
frequency upconversion from salicylaldehyde azine 1 crystals. We
In Fig. 2, it is presented the linear absorption and fluorescence
identified this phenomenon as a consequence of simultaneous
from the crystals when dissolved in chloroform. As can be
two-photon absorption process and characterized this material
observed, this organic material presents strong one-photon
third-order nonlinear response using the open-aperture Z-scan
absorption from the ultra-violet to the blue region of the electro-
technique [30]. Our results suggest that this organic crystal pre-
magnetic spectrum and it is transparent at the near infrared region.
sents a huge potential to be exploited in multi-photon applications.
On the other hand, this medium displays a very efficient lumines-
cence in the region between 500 nm and 700 nm, when excited at
2. Experimental 396 nm.
An intense upconversion emission was observed when the sal-
Synthesis of salicylaldehyde azine 1 – 2-Hydroxy-benzaldehyde icyladehyde azine 1 crystals powder was excited by the Ti:Sapphire
(0.1 mol) was dissolved in 95% ethanol (60 mL). Hydrazine hydrate laser tuned in the near infrared region. In Fig. 3(a), it is shown a
(0.05 mol) was also dissolved in 95% ethanol (25 mL) and added typical spectrum for laser excitation tuned at 793 nm. As the med-
slowly with constant stirring to the aldehyde solution. The reaction ium is transparent for one-photon absorption in this region, this
was usually exothermic and was driven to completion by refluxing phenomenon should be related to nonlinear absorption
the reaction mixture for about 2 h. Cooling to room temperature mechanisms.
led to the deposition of yellow crystals which were filtered off un- In Fig. 3(b) it is shown the fluorescence intensity at 570 nm as a
der suction and re-crystallized from ethanol/water (1:1) mixture function of exposition time of the medium to the laser beam with
and dried under vacuum. Compound 1 was characterized by 1H 65 kW peak power, at 76 MHz repetition rate. Note that even after
NMR, EI–MS, melting point and X-ray diffraction. several hours exposition, the fluorescence depletion was very
Optical properties of the produced organic crystals were inves- weak. For instance, after 9 h the signal was reduced by a factor
tigated using different techniques. The one-photon absorption and smaller than 18% of the initial value. These results show that this
fluorescence were characterized using a UV–VIS–NIR spectropho- kind of organic crystal may be employed successfully as markers
tometer and a spectrofluorimeter respectively. In both cases the for tow-photon fluorescence microscopy systems.
crystals were dissolved in chloroform, at 5  104 M concentration In general, for a multi-photon frequency upconversion phenom-
for absorption and 0.1 M for luminescence measurements. enon, the fluorescence intensity presents a nonlinear dependence
The two-photon fluorescence measurements were performed with the excitation power that can be expressed by IF / P NLaser ,
using a model locked Ti:Sapphire laser, tuned at 793 nm, delivering where N is the number of laser photons, which are absorbed by
pulses of 200 fs (FWHM) at a 76 MHz repetition rate. For this mea- the medium during this process. In order to obtain the number
surement, a thin disk of this crystal powder was made by pressing of laser photons involved in an upconversion phenomenon, the
the powder between two glass plates. The laser beam was focused fluorescence spectra is measured as a function of the laser power
onto the disk surface with a normal incidence. Using a cold mirror and the results are displayed using log–log plot. The slope of the
and short-wavelength pass filters (SPF), we separate the signal linear curve obtained in this log–log scale is equal to N. In Fig. 4
from the laser scattered light. The fluorescence was the collected it is presented the fluorescence intensity at 570 nm as a function
by an optical fiber and analyzed by a compact CCD spectrometer. of the laser power. As can be observed in the part (a) of this figure,
The laser power could be adjusted using a set of half-wave plate the fluorescent signal presents a nonlinear dependence with the la-
and polarizer placed along the beam path. Using this set up, we ser power. From the curve in log–log scale presented in Fig. 4(b) we
measured the fluorescence of this sample for different laser obtain the slope equal to 2.02, which indicates that the fluores-
intensities. cence process involve the absorption of two laser photons.
A.B. Souza et al. / Optical Materials 35 (2013) 2535–2539 2537

Fig. 2. One photon (a) absorption and (b) fluorescence spectra of salicyladehyde azine 1 dissolved in chloroform.

Fig. 3. (a) Two-photon fluorescence spectrum of salicyladehyde azine 1 powder and (b) fluorescence intensity as a function of the laser exposition time. The open circles are
the experimental data connected by the solid red line. (For interpretation of the references to color in this figure legend, the reader is referred to the web version of this
article.)

Fig. 4. Intensity dependence of the powder fluorescence in (a) linear and (b) log–log scales. The open circles correspond to the experimental data, while the solid red lines are
parabolic (a) and linear (b) fitting curves. (For interpretation of the references to color in this figure legend, the reader is referred to the web version of this article.)
2538 A.B. Souza et al. / Optical Materials 35 (2013) 2535–2539

Fig. 5. (a) Fluorescence spectra measured for different laser wavelengths. (b) Superposition of the linear absorption spectra (red solid line) with the fluorescence intensity at
570 nm (open circles) as a function of half of the laser wavelength. (For interpretation of the references to color in this figure legend, the reader is referred to the web version
of this article.)

Measurements varying the excitation wavelength were also


carried out, in the range of 773–858 nm, as shown in Fig. 5. It
can be observed that, fixing the laser intensity, the shorter excita-
tion wavelength the more intensity the fluorescence. In Fig. 5(b) it
is presented a superposition of the linear absorption curve with the
fluorescence peak intensity at 570 nm as a function of half the exci-
tation laser wavelength, both in arbitrary units. Surprisingly, from
this graph, it can be noticed that the curves are in a very good
agreement. This is an unexpected result because, in principle, we
could not compare directly the spectral properties of organic mol-
ecules in different forms, solid crystal and in solution [27,31]. How-
ever, our results suggest that they are indeed correlated. A more
detailed investigation on this molecular spectral behavior is
needed in order to unveil this question and detect the influence
of the molecules aggregation on material luminescence.
To characterize completely the two-photon absorption of this
material, we have performed an open aperture Z-scan experiment,
in order to obtain the nonlinear absorption coefficient, b, and the Fig. 6. Open aperture Z-scan curves of the salicyladehyde azine 1 dissolved in
two-photon absorption cross-section, d, for laser excitation tuned chloroform at 0.1 M concentration, measured using two different laser intensities,
at 793 nm. In these measurements, the OM was dissolved in chlo- 11.5 GW/cm2 (open circles) and 8.6 GW/cm2 (black squares). The solid black and
red lines correspond to the fittings, obtained using Eq. (1).
roform at 0.1 M concentration. Typical results obtained for
11.5 GW/cm2 and 8.6 GW/cm2 laser intensities are shown in
Fig. 6. It can be observed that as the sample approaches to the lens laser wavelengths, presenting similar behavior to the observed in
focal plane, the laser intensity is raised and the measured transmit- Refs. [9] or [35]. Additionally, a careful choice of the molecule
tance presents a huge depletion, which is a characteristic behavior radicals might increase the charge delocalization due to the p-elec-
of materials which exhibit multi-photon absorption processes. Fit- trons, which could significantly enhances the salicylaldehyde azine
ting these results with Eq. (1), we obtained that this solution pre- analogs’ nonlinear optical properties.
sents a nonlinear absorption coefficient b ¼ ð2:1  0:1Þ  101 cm/
GW for both cases. We observed that lowering the laser intensities
implied on a linear reduction of the transmittance depletion dis- 4. Conclusion
played by the sample. Moreover, we repeated this experiment
using neat chloroform and nonlinear absorption could not be de- In summary, we demonstrate that salicyladehyde azine 1 pre-
tected within this laser intensity range. These results demonstrate sents an intense and stable frequency upconversion emission, in
that the observed nonlinear absorption is a two-photon process re- the visible range, when excited by a suitable infrared laser source
lated only to the salicyladehyde azine molecules. and characterized this phenomenon as a two-photon absorption
From this result, we also calculated the two-photon absorption process. Using open aperture Z-scan technique, we also obtained
cross-section of this OM to be d ¼ 87  5 GM for laser excitation the two-photon absorption coefficient and two-photon absorption
tuned at 793 nm. Although this is not the largest value reported cross-section of this molecule when dissolved in chloroform. Our
so far for an organic molecule, this is a good result in comparison results indicate that this organic crystal is a promising material
with other organic materials [9,31–35]. It should be also men- for nonlinear fluorescent applications. Moreover, the Z-scan exper-
tioned that the variation of the salicylaldehyde azine 1’s two-pho- iments revealed that this organic compound in solution has good
ton fluorescence intensity with the excitation wavelength suggests potential for the development of photonic devices due to its large
that this molecule might exhibit even lager values of d at smaller two-photon absorption cross-section.
A.B. Souza et al. / Optical Materials 35 (2013) 2535–2539 2539

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[16] G.S. He, R. Signorini, P.N. Prasad, Appl. Opt. 37 (1998) 5720.
The authors thank the financial support from CAPES [17] G. Tsiminis, A. Ruseckas, I.D.W. Samuel, G.A. Turnbull, Appl. Phys. Lett. 94
Pró-equipamentos/PROCAD/PROCAD-NF, Nanofoton Network, (2009) 253304.
[18] W. Denk, J.H. Strickler, W.W. Webb, Science 248 (1990) 73.
Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia Fotônica para Telecomu-
[19] M. Albota, D. Beljonne, J.-L. Brédas, J.E. Ehrlich, J.-Y. Fu, A.A. Heikal, S.E. Hess, T.
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