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Vida e Vida de José Armando

Corri os campos abertos e belos


Subi todas as escadarias
passei pela primeira, segunda e terceira rua
quando tornei novamente a minha realidade,
percebi o lixo que havia nas estradas,
o lixo de mim mesmo
o constante pútrido de minha alma
espalhava pelo meu corpo
em sinais de morte e praga

fui banhado novamente pela minha sanidade


momentos de alegria da doce voz ecoante
as sutilezas das estradas, cada esterco, cada banha, cada Eu
eram o sinal alarmante de minha tristeza dominante

tudo era belo e contente,


trazia-me apenas
como alma itinerante

agora vagueio na luz dos postes,


ó que alegria a resplandecente harmonia
dos feixes que passam por mim
desde o brilho das asas das moscas do açougue
ao ouro de madalena.

Sinto-me feliz aqui,


como em qualquer outro lugar,
lugar que me contenha,
pois vivo em pura eurritmia
eurritmia das luzes,
que zumbem esse gosto amarelo

agora desço das escadarias,


de volta as mesmas memórias
que voltam em ciclos aleatórios
aleatórias voltas temporais
já que vi o vagueio em madalena,
os feixes de ouro
das mesmas escadarias que passam por mim
em sutis eurritmias do esterco que jogam em mim.

Por fim, do riacho que falam ser enlameado


mantenho-me hidratado
de que adianta a obra natural de nosso Senhor
para haver a necessidade de humilhá-la?
Já não deve haver aqui nenhum medo
somos todos que devemos bebê-la
bebi-a me senti alegre, como Jorge Abreu
irmão meu
que Deus asas o deu, ainda vejo-o em meus sonhos.
Doce penumbra que o cerca, o mel da escuridão que me espera.

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