PRÉ-EDITAL DPU
SUMÁRIO
1.2. Direito Penal Coletivo: Possui dois significados: o primeiro diz respeito aos crimes de autoria
coletiva; o segundo, aos crimes que atingem interesses difusos e coletivos.
#IMPORTANTE: O Direito Penal Coletivo possui relação com o Direito Penal na Sociedade de Risco,
teorizado por Ulrich Beck. Este segundo pensamento possui os seguintes aspectos principais
(#LINKSMENTAIS)
#APROFUNDAMENTO #PARACOMPREENDERMELHOR:
A tipificação de crimes sempre esteve relacionada à proteção de bens jurídicos
inerentes ao indivíduo, sejam estes bens lesionados (crimes de dano) ou expostos
a efetivo perigo (crimes de perigo concreto). Havia, portanto, uma materialização
Com efeito, Ulrich Beck destaca que a sociedade atual se caracteriza pela
existência marcante desses riscos. Tais perigos não são naturais, mas sim artificiais,
no sentido de que são produzidos pela atividade do homem e vinculados a uma
decisão dele.
Com o passar dos tempos, percebeu-se que a proteção penal, que aguardava o
dano para depois punir, era insuficiente. A concentração da programação punitiva
em novas áreas proporcionou a chamada expansão do direito penal,
caracterizada pela ampliação do âmbito de incidência de leis com conteúdo
punitivo ou endurecimento das já existentes. Exemplos: criminalidade
informática, criminalidade econômica/tributária, criminalidade ambiental e crime
organizado. Dessa forma, a proteção penal passou a abranger bens jurídicos
supraindividuais/coletivos.
#IMPORTANTE: Vamos relembrar as teorias das Velocidades do Direito Penal (Jesus Maria Silva
Sanchez fala das duas primeiras velocidades)? #VAICAIR
#SELIGA #PEGADINHA: Norma penal interpretativa tem eficácia retroativa, ainda que prejudique.
→ Interpretação analógica ou intra legem: A lei contém uma fórmula casuística seguida de uma
fórmula genérica. #NÃOCONFUNDIR: A interpretação analógica não é sinônimo de analogia (prática
vedada no Direito Penal), quando aplicada em prejuízo do réu.
→ É possível aplicar analogia in bonan partem, salvo leis especiais.
1.4. PRINCÍPIOS:
1) Reserva legal: Art. 1º, CP- Não há crime sem lei anterior que o defina. Não há pena sem prévia
cominação legal. Embora só se fale em crime, o princípio também é aplicado para as contravenções
penais. Logo, aplica-se a todas as infrações penais (crime + contravenção).
→ Fundamentos: (i) Jurídico: a taxatividade (a lei prevê o conteúdo mínimo); (ii) Político: o direito de
defesa; e (iii) Democrático.
→ #ATENÇÃO: STF admite medidas provisórias em matéria penal, se utilizadas para beneficiar o réu.
→ Mandados constitucionais de criminalização (podem ser expressos ou tácitos). Os mandados de
criminalização indicam matérias sobre as quais o legislador ordinário não tem a faculdade de legislar,
mas a obrigatoriedade de tratar, protegendo determinados bens ou interesses de forma adequada e,
dentro do possível, integral. Expressos: quando decorrem explicitamente do texto legal, como no
caso da tipificação de condutas lesivas ao meio ambiente (art. 225, CF). Tácitos: quando decorrerem
de maneira implícita do texto constitucional.
2) Anterioridade: A lei penal deve ser anterior ao fato cuja punição se pretende. A lei penal só é
aplicável aos casos ocorridos após a sua entrada em vigor. OBS: Não há crime se ocorreu durante a
vacatio legis.
3) Alteridade (Klaus Roxin): Não se punem condutas que prejudicam apenas o próprio agente. Ex:
autolesão.
4) Confiança. Quem respeita as regras da vida em sociedade, tem o direito de confiar que as demais
pessoas também respeitarão tais regras. O princípio é considerado um limitador do dever de cuidado.
#OLHAOGANCHO: Tal princípio está intimamente ligado à teoria da imputação objetiva.
5) Adequação social: Não poder ser considerado criminoso o comportamento que, embora tipificado
em lei, não afronte o sentimento social de justiça.
6) Intervenção mínima: A lei só deve prever as condutas estritamente necessárias. Nos dias atuais, o
Direito Penal só é legitimo quando utilizado em casos excepcionais, ou seja, quando outros ramos dos
direitos não forem suficientes na tutela de determinados bens (Direito Penal deve ser a ultima ratio).
#OLHAOGANCHO: É o Princípio da necessidade do Direito Penal, que é o fundamento do Direito Penal
Mínimo.
#ATENÇÃO:
O que se entende por fragmentariedade? Manifesta-se no pleno abstrato, destinando-se ao
legislador.
A palavra “fragmentariedade” emana de “fragmento”: no universo da ilicitude, somente alguns
blocos, alguns poucos fragmentos constituem-se em ilícitos penais. Pensemos em uma visão noturna:
o céu representaria a ilicitude em geral; as estrelas seriam os ilícitos penais.
7) Proporcionalidade:
→ Garantismo negativo (proibição do excesso) e positivo (proibição da proteção insuficiente).
9) Exclusiva proteção do bem jurídico: A única função legitima no DP nos dias atuais é a proteção do
bem jurídico. Qualquer outra fundamentação (vingança, ética, moral, filosófica, religiosa) não pode
servir de substrato para a utilização do DP.
#ATENÇÃO: O que se entende por Teoria Constitucional do Direito Penal? O Direito Penal só é
legítimo quando protege valores consagrados na CF.
10) Responsabilidade penal pelo fato: Adotados o Direito penal do fato, pois analisa-se o do fato
praticado pelo agente, pouco importando suas condições sociais, o que interessa é o que ele fez ou
deixou de fazer. #OLHAOGANCHO: Contrapõe-se ao Direito penal do autor, que é aquele que vai
rotular e estereotipar determinados grupos de pessoas.
#IMPORTANTE: Reincidência possui natureza jurídica de agravante genérica. Será que não é um
resquício do DP do autor? RE 453.000/RS (informativo 700). O STF decidiu, por unanimidade, que é
constitucional, pois seria compatível com o DP do fato, pois praticou um fato e foi condenado e agora
praticou outro fato, o que justifica uma punição mais severa.
11) Proibição do “bis in idem”: Veda a dupla punição pelo mesmo fato. Ninguém pode ser punido duas
vezes pela mesma conduta.
#SELIGANASÚMULA #NÃOSABOTESÚMULA #VAICAIR: Súmula 241 do STJ: A
reincidência penal não pode ser considerada simultaneamente como
agravante e circunstância judicial.
12) Responsabilidade penal subjetiva: Proíbe a responsabilidade penal objetiva, que é a atribuição de
um crime a alguém independentemente de dolo ou culpa. Adota-se o Direito Penal da culpa.
#OLHAOGANCHO: Resquícios da responsabilidade objetiva: rixa qualificada e teoria da “actio libera in
causa”.
OBS.: O STJ aceita a aplicação do princípio da insignificância ao reincidente, haja vista que a
reincidência não atinge a tipicidade, pois só é aplicada na segunda fase de dosimetria da pena. O STF,
em regra, não aceita a aplicação do princípio da insignificância ao reincidente. Contudo, no HC
114723/MG (2014), concluiu que poderia ser aplicada a insignificância, considerando a TEORIA DA
REITERAÇÃO NÃO CUMULATIVA DE CONDUTAS DE GÊNERO DISTINTO. Assim, a análise dependerá do
caso concreto! #MUITOIMPORTANTE
OBS.2: Os tribunais superiores não têm aceitado a aplicação do princípio da insignificância ao
criminoso habitual. Lembre-se, criminoso habitual é diferente de reincidente, pois o criminoso
habitual pratica rotineiramente infrações penais, vivendo da criminalidade.
2
Para o STJ: R$10 mil (art. 20 da lei n° 10.522/2002). Para o STF: R$ 20 mil (valor atualizado pelas Portarias 75 e 132/2012 do
MF).2 Esse parâmetro vale, a princípio, apenas para os crimes que se relacionam a tributos federais, considerando que é baseado no art.
20 da Lei n° 10.522/2002, que trata dos tributos federais.
3
Para o STJ: R$10 mil (art. 20 da lei n° 10.522/2002). Para o STF: R$ 20 mil (valor atualizado pelas Portarias 75 e 132/2012 do
MF).3 Obs: não se leva em consideração os valores correspondentes às contribuições do PIS e da COFINS, já que tais
tributos não incidem sobre bens estrangeiros que tenham sido objeto de pena de perdimento, conforme dicção do art. 2°,
111 da Lei n° 10.86s/o4 (STJ. 5a Turma. AgRg no REsp 1351919/SC, Rei. Min. Moura Ribeiro, julgado em 0311o/2013). Também não
devem ser incluídos os valores de juros e multa.
4 Em caso de crimes tributários, se o valor dos tributos sonegados for inferior a R$ 10 mil é possível a aplicação do
princípio da insignificância. Este entendimento não vale para o presente caso porque a evasão de divisas é crime contra o
sistema financeiro e não delito tributário.
5
O Plenário do STF já assentou a inaplicabilidade do princípio da insignificância à posse de quantidade reduzida de substância
entorpecente em lugar sujeito à administração militar (art. 290 do CPM) (STF. 2• Turma. ARE 856183 AgR, Rei. Min. Dias Toffoli,julgado
em 30/o6/2015). Vai cair!!! Demanda recorrente na DPU!
6 Para o STJ não é possível, o STF aplica em alguns casos, quando houver “baixa potência ”
Crimes contra a Administração
DIVERGÊNCIA
Pública
14) Humanidade: Proibição de criação de tipos penais ou penas que violem direitos humanos.
1.6. Tempo do crime: Teoria da atividade, ainda que o resultado ocorra posteriormente.
#MEMORIZAR: “luTA”: Tempo + Atividade.
#SELIGANASÚMULA: Súmula 711 do STF: Nos casos de crime continuado,
permanente ou habitual, aplica-se a lei mais grave, se vigente antes de cessada
a continuidade, permanência ou habitualidade.
#NÃOCONFUNDIR: #SELIGANADIFERENÇA:
Quais fatos são considerados impuníveis? Na conexão teleológica ou consequencial não são
consideradas “anti” ou “post factum” impuníveis.
#IMPORTANTE:
Qual o juízo competente para julgamento na sucessão de leis penais?
2) Neokantismo Penal: Rudolf Stammler e Gustav Radbruch. “dever ser”. Considerações axiológicas e
materiais. Graduar o injusto de acordo com a gravidade da lesão produzida. Conduta passa a ter um
significado social. Elementos subjetivos do tipo, considerações materiais da ilicitude, etc. Vejamos os
links mentais que devem ser lembrados na prova:
→ Final do século XIX, Rudolf Stammler e Gustav Radbruch.
→ Permitiu graduar o injusto de acordo com a gravidade da lesão produzida. A condita passou a ter
significado social.
→ Prevê diversos axiomas, a saber: Nulla poena sine crimine: só há pena se houver havido o crime;
Nullum crimem sine lege (sem lei penal anterior não há crime); Nulla lex (poenalis) sine necessiate (sem
necessidade, não se criam leis penais); Nulla necessitas sine injuria (sem lesão, não há necessidade do
emprego da lei penal); Nulla injuria sine actione (se não há exteriorização da conduta, não há lesão);
Nulla actio sine culpa (não há ação típica sem culpa); Nulla culpa sine judicio (a culpa há de ser verificada
em regular juízo); Nulla acusatio sine accusacione (a acusação não pode ser feita pelo próprio juiz –
#OLHAOGANCHO: sistema acusatório); Nulla accusatio sine probation (a acusação é que deve ser
provada, não a inocência); Nulla probatio sine defensione (sem defesa e contraditório, não há acusação
válida).
4) Funcionalismo Penal/Pós-Finalismo: É um movimento que discute qual é a verdadeira função do
direito penal. Surgiu nos anos 70 na Alemanha. É conhecido também por pós-finalismo. Existem duas
principais linhas do funcionalismo. O funcionalismo de Roxin: Estuda a viabilidade de um direito penal
alternativo, que se afasta da lei (#DICA: não escrever isso em prova), pois há muita flexibilidade.
Existem vários funcionalismos com variadas interpretações. Não existe um único funcionalismo.
Vejamos os links mentais que devem ser lembrados na prova:
→ Alemanha – 1970
→ Possibilitar o adequado funcionamento da sociedade é mais importante do que seguir a risca a letra
fria da lei.
4.1) Funcionalismo Moderado, Dualista ou de Política Criminal – Claus Roxin – Escola de Munique.
Vejamos os links mentais que devem ser lembrados na prova:
→ Finalidades político-criminais, priorizando valores princípios garantistas.
→ Características:
→ O Direito Penal não encontra limites externos. Sua função é a reafirmação da autoridade do Direito
(assegurar os valores éticos e sociais da ação).
→ Influência da teoria dos sistemas de Luhmann: Direito Penal como sistema autônomo,
autorreferente e autopoiético.
→ Teoria da imputação normativa: ● Função preventiva geral positiva da pena; ● Normas jurídico-
penais como objeto de proteção
Quadro resumo:
Funcionalismo Moderado ou Dualista – Funcionalismo Sistêmico ou Radical -
Roxin Jakobs
O direito penal tem limites impostos O Direito Penal só reconhece os limites
pelo próprio direito penal e demais impróprios pelo próprio direito penal.
ramos do direito.
A função do DP é proteger a sociedade. A função do DP é punir, aplicar a norma.
Tutelar os bens jurídicos. O DP se ajusta A sociedade que deve ajustar-se ao
à sociedade. Direito Penal.
Tem como norte a política criminal Direito Penal do Inimigo
SISTEMA CLÁSSICO
FATO TÍPICO:
CULPABILIDADE
- Conduta - dolo e culpa (o ILICITUDE
dolo é natural, pois não
contém a consciência da - Imputabilidade
ilicitude); - Potencial consciência da
- Resultado naturalístico; Relação de contrariedade ilicitude
- Relação de causalidade; entre o fato e o direito - Exigibilidade de conduta
diversa
- Tipicidade.
Para o finalismo, conduta é a ação ou omissão humana, consciente e voluntária, dirigida a um fim.
Agora, o dolo compõe conduta, sendo este considerado natural. Na culpabilidade teremos a teoria
normativa pura, sendo considerada “vazia”.
#SELIGA: Quem adota a teoria finalista pode ser bipartido ou tripartido.
→ Imputação objetiva: Claus Roxin. Adiciona ao nexo de causalidade a criação de um risco proibido
ou o aumento de um já existente e a realização desse risco no resultado. Só se aplica aos crimes
materiais, pois precisa haver resultado.
2) Risco Proibido:
Hipóteses de exclusão:
→ Risco permitido (#OLHAOGANCHO: princípio da confiança);
→ Comportamento exclusivo da vítima;
→ Contribuições socialmente neutras;
→ Adequação social;
→ Proibição do regresso;
4.4 Considerações a respeito da tipicidade: A tipicidade é elemento do fato típico e continua presente
em todo e qualquer crime. A tipicidade penal é formada pela tipicidade formal + tipicidade material. A
tipicidade formal é o juízo de subsunção/adequação entre o fato e a norma. O fato praticado na vida
real se encaixa no modelo de crime previsto pela norma penal. A tipicidade formal não basta, é
preciso a tipicidade material, expressada na lesão ou perigo de lesão ao bem jurídico penalmente
protegido. O princípio da insignificância exclui a tipicidade material.
● Tipo avalorado/tipo meramente descritivo: fato típico não constitui emissão de valor sobre ilicitude.
●Indiciária do tipo/ratio cognoscendi: Trata-se da teoria majoritariamente aceita. Coloca a tipicidade
como ratio cognoscendi, sendo vista, portanto, como indício da ilicitude. Todo fato típico,
presumidamente, também é ilícito, operando-se uma presunção relativa de ilicitude. Qual é o efeito
prático da teoria indiciária? Acarreta a inversão do ônus da prova no tocante as excludentes da
ilicitude.
● Ratio essendi: Fato típico e ilícito seria um elemento só.
● Teoria da tipicidade conglobante (Zaffaroni) = tipicidade legal + antinormatividade.
4.5. Tipo penal: Núcleo do tipo + elementos = tipo fundamental ou básico.
→ Elementos objetivos: juízo de certeza. Ex.: “alguém”.
→ Elemento subjetivo: especial finalidade do agente
→ Elemento normativo: juízo de valor
→ Elemento modal: circunstância de tempo, lugar e modo de execução.
● Circunstâncias: dados que se agregam ao tipo fundamental para aumentar ou diminuir a pena.
Formam o tipo derivado (autônomo).
● Tipo anormal: é o que contém elementos subjetivos e/ou normativos.
● Tipo congruente: perfeita congruência entre a vontade e o fato legalmente descrito.
● Crime obstáculo: legislador antecipa a tutela penal.
● Tipo misto alternativo: de ação múltipla ou conteúdo variado. Ex: tráfico de drogas.
#OBS: No Brasil, adota-se tanto a teoria da vontade (dolo direto), como a do assentimento (dolo
eventual).
● No dolo alternativo, o agente responde pelo crime mais grave, consumado ou tentado.
● Dolo eventual – Reinard Frank – Teoria positiva do conhecimento, Segundo o STJ, não é extraído
da mente do autor, e sim das circunstâncias.
● Culpa consciente > teoria da representação.
● Culpa imprópria: o agente, após prever o resultado e desejar a sua produção, realiza a conduta
por erro inescusável (evitável) quanto à ilicitude. Supõe presente erroneamente uma causa de
exclusão da ilicitude (descriminante putativa). Culpa imprópria é na verdade dolo, admitindo
tentativa, mas, por questões de política criminal, é considerado culpa.
● Crime culposo admite coautoria, mas não participação.
→ Arrependimento posterior (art. 16, CP): Quanto mais rápida for a reparação do dano (sempre antes
do recebimento da denúncia), maior será a redução da pena. O entendimento majoritário é o de que o
arrependimento posterior é circunstância objetiva comunicável.
4.7. Teorias sobre o crime impossível:
→ Subjetiva
→ Sintomática (indicativa da periculosidade)
→ Objetiva
●Pura
● Temperada ou intermediária: a inidoneidade relativa configura a tentativa; já a absoluta
configura o crime impossível. É a teoria adotada no Brasil.
→ HC não é meio adequado para reconhecer crime impossível, salvo situações teratológicas.
→ Flagrante provocado (e não esperado) é crime impossível. A mesma situação acontece com o
crime putativo por obra do agente provocador.
→ O pagamento do cheque sem fundos antes do recebimento da denúncia faz desaparecer o crime e
a punibilidade.
#NÃOCONFUNDIR:
→ Causas justificantes/descriminantes: afastam a ilicitude.
→ Causas exculpantes/dirimentes/eximentes: afastam a culpabilidade.
EXCLUDENTES DE ILICITUDE
1) ESTADO DE NECESSIDADE:
→ É faculdade perante os particulares e direito subjetivo do réu perante o Estado.
→ Requisitos:
● Risco atual (pode ser causado pelo próprio agente – salvo dolosamente – como o suicida que se
lança ao mar e furta um barco). Doutrina e Jurisprudência admitem o risco iminente.
#IMPORTANTE: SUPOSIÇÃO DE SITUAÇÃO DE PERIGO ATUAL: Para a Teoria Limitada da
Culpabilidade, seria um erro de tipo. Logo, se o erro for escusável, exclui-se a tipicidade. Se o erro for
inescusável, é possível que responda pelo crime culposo, se houver. Por outro lado, para a Teoria
Extremada da Culpabilidade, tal situação se configura como erro de proibição indireto. #ATENÇÃO:
Deve-se ter em mente que o CP adota expressamente a Teoria Limitada da Culpabilidade.
● Que a situação de perigo não tenha sido causada voluntariamente (DOLOSAMENTE) pelo
agente.
● Salvar direito próprio ou alheio.
OBS.: Não pode ser aplicado o estado de necessidade, se for para salvar o que seja ilícito. É
dispensável a autorização do titular do direito ameaçado.
OBS.: Teoria unitária: adotada pelo CP. Se o bem jurídico vale igual ou mais, trata-se de causa
justificante, que exclui a ilicitude.
#ATENÇÃO #DPU #CAIUNA2ªFASE: Teoria diferenciada: adotada pelo Código Penal Militar. Se o bem
jurídico vale mais: justificante, excluindo a ilicitude; se o bem jurídico vale a mesma coisa ou menos:
exculpante, excluindo a culpabilidade.
2) LEGÍTIMA DEFESA:
→ Agressão injusta (pode ser culposa). Não precisa ser fato típico. Pode advir de inimputável. É
possível se provier de multidão e de pessoa jurídica. Pode ser omissiva e comissiva.
→ Atual ou iminente.
#SELIGA: A depender da situação, a legítima defesa antecipada poderá configurar inexigibilidade de
conduta diversa, o que acaba excluindo a culpabilidade.
→ Uso moderado dos meios necessários.
→ Salvar direito próprio ou alheio. Em regra, não cabe de bens jurídicos supraindividuais. Não pode
ser utilizada na infidelidade conjugal.
#SELIGA: É possível a legítima defesa contra conduta amparada por excludente de culpabilidade.
#IMPORTANTE: Qual a natureza jurídica dos ofendículos? (i) Ofendículos enquanto não acionados,
configuram o exercício regular de um direito (há polêmica, pois existem doutrinadores que entendem
que os ofendículos ocultados seriam uma espécie de legítima defesa putativa); (ii) Ofendículos
quando acionados, configuram legítima defesa.
CULPABILIDADE
→Não se fala em homem médio, pois a análise, neste momento, passa ser subjetiva.
→ Adota-se a teoria normativa pura da culpabilidade (finalismo), não contendo o elemento
psicológico, que está na conduta.
#LEMBRAR: Pode ser: extrema/ estrita ou limitada: o que muda é apenas o tratamento das
descriminantes putativas (assunto já comentado anteriormente).
→ Coculpabilidade às avessas:
● Seletividade e vulnerabilidade do Direito Penal
● Maior reprovação a pessoas dotadas de elevado poder econômico
● Circunstância judicial desfavorável
→ Embriaguez culposa não exclui a imputabilidade penal, diferentemente da embriaguez total fortuita
ou acidental.
#IMPORTANTE: TEORIA DA ACTIO LIBERA IN CAUSA: Se o agente deliberadamente se coloca em um
estado de inimputabilidade, com o objetivo de cometer uma ação ou omissão típica, não poderá
alegar a inconsciência do ilícito, pois a sua consciência existia antes de se colocar no estado de
embriaguez. Para a embriaguez preordenada a teoria é perfeita e “cai como uma luva”: isso porque o
dolo do momento de lucidez é transferido para o momento do crime. Não há crítica nenhuma.
#ATENÇÃO: Essa teoria não se aplica à embriaguez fortuita ou acidental, pois não há intenção em
consumir o álcool. Essa teoria vem sendo ampliada modernamente para abarcar qualquer estado de
inconsciência, diversos da embriaguez (ocorre a extensão da teoria da actio libera in causa). Ex. a mãe
quer matar o filho de um ano de idade, mas não tem coragem. Ela sabe que rola muito na cama
dormindo e coloca o filho na cama para ser esmagado enquanto ela dorme. Antes e rolar na cama ela
já tinha o dolo. A imputabilidade dela não será analisada no momento do crime, enquanto ela dormia e
sim no momento anterior, onde existia o dolo.
→ Na coação moral irresistível, o coator responderá pelo crime praticado pelo coagido e pelo crime
de tortura.
→ Prevalece que o aborto sentimental (estupro) é estado de necessidade, e não inexigibilidade de
conduta diversa.
→ A exigibilidade de conduta diversa é o único elemento que apresenta excludentes supralegais.
→ Art. 45 da Lei de Drogas: causa especial de exclusão da culpabilidade – dependência química. Serve
para qualquer crime.
PRESCRIÇÃO
1. Prescrição da pretensão punitiva (PPP):
→ Propriamente dita: não há trânsito em julgado da condenação para ninguém.
→ Superveniente ou intercorrente: há trânsito para a acusação.
→ Retroativa: há trânsito para a acusação.
OBS: Todas as espécies de prescrição da pretensão punitiva eliminam todos os efeitos penais do
crime.
#SELIGANASÚMULA: Súmula 338 – STJ: A prescrição penal é aplicável nas medidas socioeducativas.
c) Pronúncia:
#SELIGANASÚMULA: Súmula 191 do STJ: A pronúncia é causa interruptiva da
prescrição, ainda que o tribunal do júri venha a desclassificar o crime.
3. Prescrição da Multa:
Espécie de multa Prazo prescricional
Multa cominada isoladamente Prescreve em 02 anos.
Multa cominada cumulativamente Prescreve junto com a pena restritiva
de liberdade.
Multa cominada alternativamente Prescreve junto com a pena restritiva
de liberdade.
CONCURSO DE PESSOAS
Vejamos os requisitos:
→ Pluralidade de agentes culpáveis.
#ALERTA: Se faltar esse requisito (pluralidade de agentes culpáveis), será caso de autoria imediata.
#ATENÇÃO: Crimes acidentalmente coletivos: podem ser praticados por uma única pessoa, mas a
pluralidade faz surgir uma modalidade mais grave do delito. No caso de crimes plurissubjetivos e
acidentalmente coletivos, basta que um dos agentes seja culpável para que se configure a modalidade
mais grave do delito. Ex.: roubo majorado pelo concurso de pessoas.
→ Unidade de crime para todos os agentes. Adota-se a teoria unitária ou monista. No ordenamento
brasileiro, a teoria pluralista é exceção (ex: corrupção ativa e passiva).
→ Existência de fato punível (princípio da exterioridade).
→ É possível autoria mediata em crime próprio, desde que o autor mediato preencha as qualidades
reclamadas no tipo penal.
→ Não se admite autoria mediata em crime de mão-própria ou de conduta infungível. Exceção: Falso
testemunho.
Crime omissivo Crime culposo Crime de mão própria
Admite participação, Admite coautoria, mas Admite participação,
mas não coautoria. não participação. mas não coautoria.
Cada omitente é autor
de sua omissão.
→ Teorias do partícipe:
Acessoriedade Acessoriedade Acessoriedade máxima ou Hiper ou ultra
mínima limitada extrema acessoriedade:
Basta que o autor Basta que o autor Exige que o autor pratique Exige que o agente
pratique fato pratique fato típico + fato típico + ilícito + pratique fato típico +
típico. ilícito. É a adotada culpável. É a que explica ilícito + culpável e,
no Brasil melhor a autoria mediata, ainda, que seja
não a enquadrando como efetivamente punido.
concurso de agentes.
→ Comunicabilidade:
● As elementares sempre se comunicam, desde que sejam de conhecimento de todos os agentes.
● Circunstâncias pessoais não se comunicam (lembrando que as circunstâncias compõem o tipo
derivado; são as qualificadoras, causas de aumento...).
● Circunstâncias reais ou objetivas se comunicam, desde que sejam do conhecimento de todos os
agentes.
● Condições pessoais não se comunicam. Ex.: reincidência.
● Condições reais ou objetivas se comunicam, desde que sejam de conhecimento de todos os
agentes. Ex.: noite.
O ESTUDO DO ERRO
1. Erro de tipo:
→ Engloba tanto o erro quanto a ignorância.
→ Erro de tipo acidental apresenta as seguintes espécies:
● Erro sobre a pessoa;
● Erro sobre a coisa: agente responde pela coisa efetivamente atacada. Não há previsão legal;
● Erro sobre a qualificadora;
● Erro sobre o nexo causal ou “aberratio causae”: prevalece que se considera o nexo pretendido;
● Erro na execução ou “aberratio ictus”: o parâmetro é pessoa X pessoa
● Resultado diverso do pretendido/“aberratio delicti”/“aberratio criminis”: o parâmetro é crime X
crime. Não se aplica se o resultado produzido é menos grave do que o pretendido, sob pena de
prevalecer a impunidade.
→ Damásio de Jesus, Júlio Mirabete, Magalhães Noronha e Assis Toledo afirmam que se deve aplicar a
regra do artigo 73 do Código Penal, considerando-se como atingida a pessoa visada, pelo que o
defendente, em que pese o erro, estaria, relativamente ao terceiro neutro, em legítima defesa.
→ O erro sobre a pessoa ou na execução NÃO tem relevância para efeito de determinação da
competência.
→ Erro de proibição ou sobre a ilicitude do fato: o agente não sabe que a conduta praticada é ilícita.
→ Erro de proibição indireto = descriminantes putativas (causas de exclusão de ilicitude
erroneamente imaginadas pelo agente).
OBS.: No finalismo, o dolo é natural. Adota-se a teoria normativa pura da culpabilidade. Esta se
subdivide em: 1) extrema, estrita ou extremada: discriminantes putativas sempre serão erro de
proibição; 2) limitada: descriminantes putativas podem ser tanto erro de proibição como erro de tipo.
Prevalece que essa é a teoria adotada no Brasil. Desse modo, se o erro do agente recair sobre uma
situação fática que, se existisse, tornaria a ação legítima, será considerado erro de tipo. Contudo, se
incidir sobre a existência ou os limites da causa de justificação, será erro de proibição.
2. Descriminantes Putativas:
→ Achar que está agindo resguardado por uma causa de exclusão da ilicitude
→ É isento de pena quem, por erro plenamente justificado pelas circunstâncias, supõe situação de
fato que, se existisse, tornaria a ação legítima.
→ Não há isenção de pena quando o fato deriva de culpa e o crime é punido como culposo.
Não se confunde com a ideia de ERRO Não se confunde com a ideia de ERRO
DE FATO DE DIREITO
ARREPENDIMENTO POSTERIOR
2. Prestação Pecuniária:
→ 1 a 360 salários-mínimos
→ Tem como destinatários a vítima, dependentes da vítima ou entidade pública ou privada com
destinação social.
→ Dedução do montante de eventual condenação civil, caso as vítimas sejam as mesmas.
6. Multa:
→ Destina-se ao Fundo Penitenciário
→ Dias-multa: 10 a 360
→ Valor do dia multa: 1/30 a 5 vezes o salário mínimo
→ Possibilidade de triplicar (análise da situação financeira da pessoa)
→ Deve ser paga dentro do prazo de 10 dias do trânsito em julgado
→ Doença mental: execução da pena de multa é suspensa
→ Pena privativa de liberdade não superior a 6 meses pode ser substituída pela pena de multa.
→ Concurso formal: aplica-se a pena do crime mais grave, aumentada de 1/6 a metade.
→ Crime continuado: aplica-se a pena do crime mais grave, aumentada de 1/6 a 2/3.
OBS.: nos crimes dolosos contra vítimas distintas, cometidos com grave ameaça ou violência à
pessoa, poderá o juiz, considerando a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e a
personalidade, bem como os motivos e as circunstâncias, aumentar a pena de um só dos crimes, se
idênticas, ou a mais grave, se diversas, até o TRIPLO.
→ Condenado não seja reincidente em crime doloso, salvo se a condenação anterior for à multa
→ Circunstâncias judiciais favoráveis
→ Não caiba substituição por penas restritivas de direitos
→ Não importa se o crime foi cometido ou não mediante violência ou grave ameaça
→ No primeiro ano do prazo, será cumprida prestação de serviços à comunidade ou limitação de final
de semana. Contudo, havendo reparação do dano e circunstâncias judiciais favoráveis, afastam-se
essas medidas.
LIVRAMENTO CONDICIONAL
EFEITOS DA CONDENAÇÃO
→ Perde de bens
→ Perda do cargo, função pública ou mandato eletivo
● Pena privativa de liberdade igual ou superior a 1 ano, desde que o crime tenha sido cometido
com abuso do poder ou violação de dever para com a Administração Pública
● Pena privativa de liberdade superior a 4 anos: demais casos
REABILITAÇÃO
→ Revogação: condenação definitiva, como reincidente, a pena que não seja de multa.
→ Nos crimes conexos, a extinção da punibilidade de um deles não impede, quanto aos outros, a
agravação da pena resultante da conexão.
→ No caso de concurso de crimes, a extinção da punibilidade incidirá sobre a pena de cada um,
isoladamente.
SÚMULAS DE DESTAQUE
Súmula 536-STJ: A suspensão condicional do processo e a transação penal não se aplicam na hipótese
de delitos sujeitos ao rito da Lei Maria da Penha. STJ. 3ª Seção. Aprovada em 10/06/2015, Dje
15/06/2015.
Súmula 527-STJ: O tempo de duração da medida de segurança não deve ultrapassar o limite máximo
da pena abstratamente cominada ao delito praticado. STJ. 3ª Seção. Aprovada em 13/05/2015, DJe
18/05/2015.
Súmula 521-STJ: A legitimidade para a execução fiscal de multa pendente de pagamento imposta em
sentença condenatória é exclusiva da Procuradoria da Fazenda Pública. STJ. 3ª Seção. Aprovada em
25/03/2015, DJe 6/4/2015.
Súmula 567-STJ: Sistema de vigilância realizado por monitoramento eletrônico ou por existência de
segurança no interior de estabelecimento comercial, por si só, não torna impossível a configuração do
crime de furto. #LEMBRAR: Código Penal adota a teoria temperada ou intermediária em que a
inidoneidade meramente relativa configura a tentativa.
Súmula 545-STJ: Quando a confissão for utilizada para a formação do convencimento do julgador, o
réu fará jus à atenuante prevista no artigo 65, III, d, do Código Penal. STJ. 3ª Seção. Aprovada em
14/10/2015, DJe 19/10/2015.
#CONCEITOS IMPORTANTES:
→ Confissão parcial: ocorre quando o réu confessa apenas parcialmente os fatos narrados na
denúncia. Se a confissão, ainda que parcial, serviu de suporte para a condenação, ela deverá ser
utilizada como atenuante (art. 65, III, “d”, do CP) no momento de dosimetria da pena.
→ A confissão qualificada ocorre quando o réu admite a prática do fato, no entanto, alega em sua
defesa um motivo que excluiria o crime ou o isentaria de pena.
→ A confissão é um fato processual que gera um ônus e um bônus para o réu. O ônus está no fato de
que isso será utilizado contra ele como elemento de prova no momento da sentença. O bônus foi
concedido pela lei e consiste na atenuação de sua pena.
→ CONFISSÃO PARCIAL (incide atenuante) ≠ CONFISSÃO DE CRIME DIVERSO (não incide atenuante):
veja agora uma situação um pouco diferente. João, após ameaçar matar a vítima, tomou-lhe o celular
que estava no bolso da calça. Foi denunciado pela prática de roubo (art. 157 do CP). Durante o
interrogatório, o réu admitiu que subtraiu o celular, mas afirmou que fez isso sem violência ou grave
ameaça, aproveitando-se apenas da distração da vítima. Neste caso, o juiz deverá aplicar a atenuante
da confissão espontânea? NÃO. O fato de o denunciado por roubo ter confessado a subtração do
bem, negando, porém, o emprego de violência ou grave ameaça, é circunstância que não enseja a
aplicação da atenuante da confissão espontânea (art. 65, III, "d", do CP). Isso porque a atenuante da
confissão espontânea pressupõe que o réu reconheça a autoria do fato típico que lhe é imputado.
Ocorre que, no caso, o réu não admitiu a prática do roubo denunciado, pois negou o emprego de
violência ou de grave ameaça para subtrair o bem da vítima, numa clara tentativa de desclassificar a
sua conduta para o crime de furto. Nesse caso, em que se nega a prática do tipo penal apontado na
peça acusatória, não é possível o reconhecimento da circunstância atenuante. STJ. 5ª Turma. HC
301.063-SP, Rel. Min. Gurgel de Faria, julgado em 3/9/2015 (Info 569).
Caso o Tribunal, na análise de apelação exclusiva da defesa, afaste uma das circunstâncias judiciais
(art. 59 do CP) valoradas de maneira negativa na sentença, a pena base imposta ao réu deverá, como
7
Informativos extraídos do Dizer o Direito.
consectário lógico, ser reduzida, e não mantida inalterada. STJ. 6ª Turma. HC 251.417-MG, Rel. Min.
Rogério Schietti Cruz, julgado em 3/11/2015 (Info 573).
O fato de o réu ter bons antecedentes pode ser considerado como uma atenuante inominada do art.
66 do CP? NÃO. Não caracteriza circunstância relevante anterior ao crime (art. 66 do CP) o fato de o
condenado possuir bons antecedentes criminais. Isso porque os antecedentes criminais são analisados
na 1ª fase da dosimetria da pena, na fixação da pena-base, considerando que se trata de uma
circunstância judicial do art. 59 do CP. STJ. 6ª Turma. REsp 1405989/SP, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior,
Rel. p/ Acórdão Min. Nefi Cordeiro, julgado em 18/08/2015 (Info 569).
Não há continuidade delitiva entre os crimes do art. 6º da Lei 7.492/86 (Lei dos Crimes contra o
Sistema Financeiro Nacional) e os crimes do art. 1º da Lei 9.613/1998 (Lei dos Crimes de "Lavagem" de
Dinheiro). Não incide a regra do crime continuado na hipótese, pois os crimes descritos nos arts. 6º da
Lei 7.492/86 e 1º da Lei 9.613/98 não são da mesma espécie. STJ. 6ª Turma. REsp 1405989/SP, Rel. Min.
Sebastião Reis Júnior, Rel. p/ Acórdão Min. Nefi Cordeiro, julgado em 18/08/2015 (Info 569).
Segundo decidiu o STJ, compensa-se a atenuante da confissão espontânea (art. 65, III, "d", do CP)
com a agravante de ter sido o crime praticado com violência contra a mulher (art. 61, II, "f", do CP).
STJ. 6ª Turma. AgRg no AREsp 689.064-RJ, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, julgado em
6/8/2015 (Info 568).
Nos casos em que haja condenação a pena privativa de liberdade e multa, cumprida a primeira (ou a
restritiva de direitos que eventualmente a tenha substituído), o inadimplemento da sanção
pecuniária não obsta o reconhecimento da extinção da punibilidade. Em outras palavras, o que
importa para a extinção da punibilidade é o cumprimento da pena privativa de liberdade ou da
restritiva de direitos. Cumpridas tais sanções, o fato de o apenado ainda não ter pago a multa não
interfere na extinção da punibilidade. Isso porque a pena de multa é considerada dívida de valor e,
portanto, possui caráter extrapenal, de modo que sua execução é de competência exclusiva da
Procuradoria da Fazenda Pública (Súmula 521-STJ). Assim, cumprida a pena privativa de liberdade (ou
restritiva de direitos), extingue-se a execução penal e, se restar ainda pendente o pagamento multa,
esta deverá ser cobrada pela Fazenda Pública, no juízo competente, tendo se esgotado, no entanto, a
jurisdição criminal. STJ. 3ª Seção. REsp 1.519.777-SP, Rel. Min. Rogério Schietti Cruz, julgado em
26/8/2015 (recurso repetitivo) (Info 568).
#IMPORTANTE: No caso de crimes conexos que sejam objeto do mesmo processo, havendo sentença
condenatória para um dos crimes e acórdão condenatório para o outro delito, tem-se que a prescrição
da pretensão punitiva de ambos é interrompida a cada provimento jurisdicional (art. 117, § 1º, do CP).
STJ. 5ª Turma. RHC 40.177-PR, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 25/8/2015 (Info 568).
O termo inicial do prazo prescricional da pretensão punitiva do crime previsto no art. 2º, I, da Lei nº
8.137/90 é a data em que a fraude é praticada, e não a data em que ela é descoberta. Isso porque o
referido tipo tem natureza de crime formal, instantâneo, sendo suficiente a conduta instrumental,
haja vista não ser necessária a efetiva supressão ou redução do tributo para a sua consumação,
bastando o emprego da fraude. Assim, o fato de a fraude ter sido empregada em momento
determinado, ainda que irradie efeitos até ser descoberta, não revela conduta permanente, mas sim
crime instantâneo de efeitos permanentes - os quais perduraram até a descoberta do engodo. STJ. 5ª
Turma. RHC 36.024-ES, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 25/8/2015 (Info 568)
#IMPORTANTE: O art. 83 do CP prevê que o condenado por crime hediondo ou equiparado que não
for reincidente específico poderá obter livramento condicional após cumprir 2/3 da pena. Os
condenados por crimes não hediondos ou equiparados terão direito ao benefício se cumprirem mais
de 1/3 da pena (não sendo reincidentes em crimes dolosos) ou se cumprirem mais de 1/2 da pena (se
forem reincidentes em crimes dolosos).
→ O crime de associação para o tráfico de drogas, previsto no art. 35 da Lei 11.343/2006, não é
hediondo nem equiparado. No entanto, mesmo assim, o prazo para se obter o livramento
condicional é de 2/3 porque este requisito é exigido pelo parágrafo único do art. 44 da Lei de Drogas.
Dessa forma, aplica-se ao crime do art. 35 da LD o requisito objetivo de 2/3 não por força do art. 83, V,
do CP, mas sim em razão do art. 44, parágrafo único, da LD.
→ Vale ressaltar que, no caso do crime de associação para o tráfico, o art. 44, parágrafo único, da LD
prevalece em detrimento da regra do art. 83, V, do CP em virtude de ser dispositivo específico para os
crimes relacionados com drogas (critério da especialidade), além de ser norma posterior (critério
cronológico).
→ Uma última observação: se o réu estiver cumprindo pena pela prática do crime de associação para
o tráfico (art. 35), o requisito objetivo para que ele possa obter progressão de regime será de 1/6 da
pena (quantidade de tempo exigida para os "crimes comuns"). Os condenados por crimes hediondos
ou equiparados só têm direito de progredir depois de cumpridos 2/5 (se primário) ou 3/5 (se
reincidente). STJ. 5ª Turma. HC 311.656-RJ, Rel. Min. Felix Fischer, julgado em 25/8/2015 (Info 568).
→ O art. 35 é um crime autônomo. Isso significa que ele pode se consumar mesmo que os delitos
nele mencionados acabem não ocorrendo e fiquem apenas na cogitação ou preparação. Assim, se
João e Antônio se juntam, de forma estável e permanente, para praticar tráfico de drogas, eles terão
cometido o crime do art. 35, ainda que não consigam perpetrar nenhuma vez o tráfico de drogas.
→ Se João e Antônio conseguirem praticar o tráfico de drogas, eles responderão pelos dois delitos, ou
seja, pelo art. 35 em concurso material com o art. 33 da Lei n.° 11.343/2006.
→ Se essa associação for eventual ou acidental, não haverá o crime do art. 35, sendo apenas caso de
concurso de pessoas.
→ Haverá o art. 35 mesmo que as pessoas se associem com a finalidade de praticar um só crime,
dentre os listados acima.
A existência de sistema de segurança ou de vigilância eletrônica não torna impossível, por si só, o
crime de furto cometido no interior de estabelecimento comercial. Trata-se de inidoneidade RELATIVA
do meio. Em outras palavras, o meio escolhido pelo agente é relativamente ineficaz, visto que existe
sim uma possibilidade (ainda que pequena) de o delito se consumar. STJ. 3ª Seção. REsp 1.385.621-MG,
Rel. Min. Rogério Schietti Cruz, julgado em 27/5/2015 (recurso repetitivo) (Info 563).
Se a pena privativa de liberdade foi fixada no mínimo legal, é possível a fixação de regime inicial mais
severo do que o previsto pela quantidade de pena? NÃO. A posição que prevalece no STJ é a de que,
fixada a pena-base no mínimo legal e sendo o acusado primário e sem antecedentes criminais não se
justifica a fixação do regime prisional mais gravoso (STJ. 5ª Turma. AgRg no HC 303.275/SP, Rel. Min.
Jorge Mussi, julgado em 03/02/2015). Assim, por exemplo, no crime de roubo, o emprego de arma de
fogo não autoriza, por si só, a imposição do regime inicial fechado se, primário o réu, a pena-base foi
fixada no mínimo legal.
O delito de estelionato não será absorvido pelo de roubo na hipótese em que o agente, dias após
roubar um veículo e os objetos pessoais dos seus ocupantes, entre eles um talonário de cheques,
visando obter vantagem ilícita, preenche uma de suas folhas e, diretamente na agência bancária, tenta
sacar a quantia nela lançada. A falsificação da cártula não é mero exaurimento do crime antecedente.
Isso porque há diversidade de desígnios e de bens jurídicos lesados. Dessa forma, inaplicável o
princípio da consunção. STJ. 5ª Turma. HC 309.939-SP, Rel. Min. Newton Trisotto (Desembargador
convocado do TJ-SC), julgado em 28/4/2015 (Info 562).
No caso de crime continuado, o art. 71 do CP prevê que o juiz deverá aplicar a pena de um só dos
crimes, se idênticas, ou a mais grave, se diversas, aumentada, em qualquer caso, de 1/6 a 2/3. O STJ
entende que, em regra, a escolha da quantidade de aumento de pena deve levar em consideração o
número de infrações praticadas pelo agente. Porém, nem sempre será fácil trazer para os autos o
número exato de crimes que foram praticados, especialmente quando se trata de delitos sexuais. É o
caso, por exemplo, de um padrasto que mora há meses ou anos com a sua enteada e contra ela
pratica constantemente estupro de vulnerável. Nessas hipóteses, mesmo não havendo a informação
do número exato de crimes que foram cometidos, o juiz poderá aumentar a pena acima de 1/6 e,
dependendo do período de tempo, até chegar ao patamar máximo. Assim, constatando-se a
ocorrência de diversos crimes sexuais durante longo período de tempo, é possível o aumento da
pena pela continuidade delitiva no patamar máximo de 2/3 (art. 71 do CP), ainda que sem a
quantificação exata do número de eventos criminosos. STJ. 5ª Turma. HC 311.146-SP, Rel. Min. Newton
Trisotto (Desembargador convocado do TJ-SC), julgado em 17/3/2015 (Info 559).
Nos crimes tributários materiais (ex: apropriação indébita previdenciária), o pagamento integral do
débito tributário feito após a condenação, mas antes do trânsito em julgado, interfere na
condenação? SIM. O pagamento integral do débito tributário feito após a condenação, mas antes do
trânsito em julgado, acarreta a extinção da punibilidade com base no art. 9º, § 2º da Lei 10.684/2003. E
se o pagamento integral ocorrer após o trânsito em julgado, mesmo assim haveria a extinção da
punibilidade? NÃO. Nos crimes tributários materiais, o pagamento do débito previdenciário após o
trânsito em julgado da sentença condenatória NÃO acarreta a extinção da punibilidade. O art. 9º da Lei
10.684/2003 trata da extinção da punibilidade pelo pagamento da dívida antes do trânsito em julgado
da condenação, uma vez que faz menção expressa à pretensão punitiva do Estado. Após o trânsito em
julgado da condenação, o Estado já exerceu o seu direito de punir (fixar sanção). Começa, a partir daí,
o seu poder de executar a punição, o que é um instituto diferente. STJ. 6ª Turma. HC 302.059-SP, Rel.
Min. Maria Thereza de Assis Moura, julgado em 5/2/2015 (Info 556).
Caso o réu tenha confessado a prática do crime (o que é uma atenuante), mas seja reincidente (o que
configura uma agravante), qual dessas circunstâncias irá prevalecer? 1ª) Posição do STJ: em regra,
reincidência e confissão se COMPENSAM. Exceção: se o réu for multirreincidente, prevalece a
reincidência. 2ª) Posição do STF: a agravante da REINCIDÊNCIA prevalece. STJ. 6ª Turma. AgRg no
REsp 1.424.247-DF, Rel. Min. Nefi Cordeiro, julgado em 3/2/2015 (Info 555). Obs: multirreincidente é
aquele réu que, quando praticou o novo crime pelo qual está sendo sentenciado, já possuía duas ou
mais condenações transitadas em julgado por outros delitos.
Se o denunciado pelo crime de descaminho fizer o pagamento integral da dívida tributária, haverá
extinção da punibilidade? NÃO. Segundo a posição atual do STJ, o pagamento do tributo devido NÃO
extingue a punibilidade do crime de descaminho. STJ. 5ª Turma. RHC 43.558-SP, Rel. Min. Jorge Mussi,
julgado em 5/2/2015 (Info 555). Por quê? Antes, o STJ entendia que o crime de descaminho era
material. Ocorre que, em 2013, a Corte decidiu rever sua posição e passou a decidir que o descaminho
é delito FORMAL. Essa é a posição que vigora atualmente tanto no STJ como no STF.
O agente levou a vítima (menina de 12 anos de idade) para o quarto, despiu-se e, enquanto retirava as
roupas da adolescente, passou as mãos em seu corpo. Ato contínuo, deitou-se na cama, momento em
que a garota vestiu-se rapidamente e fugiu do local. O crime se consumou. Assim, se o réu praticou
esse fato antes da Lei 12.015/2015, responderá por atentado violento ao pudor com violência
presumida (art. 214 c/c art. 224, “a” do CP) ou, se depois da Lei, por estupro de vulnerável (art. 217-A),
ambos na modalidade CONSUMADO. Para que o crime seja considerado consumado, não é
indispensável que o ato libidinoso praticado seja invasivo (introdução do membro viril nas cavidades
da vítima). Logo, toques íntimos podem servir para consumar o delito. STJ. 6ª Turma. REsp 1.309.394-
RS, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 3/2/2015 (Info 555).
Não é possível o cômputo do período de prova cumprido em suspensão condicional da pena para
preenchimento do requisito temporal objetivo do indulto natalino. O sursis não tem natureza de
pena. Ao contrário, trata-se de uma alternativa à pena, ou seja, um benefício que o condenado recebe
para não ter que cumprir pena. Por essa razão, não se pode dizer que a pessoa beneficiada com sursis
e que esteja cumprindo período de prova se encontre cumprindo pena. Cumprimento de período de
prova não é cumprimento de pena. STF. 1ª Turma. RHC 128515/BA, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em
30/6/2015 (Info 792). STF. 2ª Turma. HC 123698/PE, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 17/11/2015 (Info
808).
É possível que o indulto seja concedido a pessoas que receberam medida de segurança. Sobre o
tema, o STF definiu a seguinte tese: "Reveste-se de legitimidade jurídica a concessão, pelo Presidente
da República, do benefício constitucional do indulto (CF, art. 84, XII), que traduz expressão do poder
de graça do Estado, mesmo se se tratar de indulgência destinada a favorecer pessoa que, em razão de
sua inimputabilidade ou semi-imputabilidade, sofre medida de segurança, ainda que de caráter pessoal
e detentivo." STF. Plenário. RE 628658/RS, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 4 e 5/11/2015 (Info 806).
Não é possível a substituição de pena privativa de liberdade por restritiva de direitos ao condenado
pela prática do crime de lesão corporal praticado em ambiente doméstico (art. 129, § 9º do CP). STF. 2ª
Turma. HC 129446/MS, Rel. Min. Teori Zavascki, julgado em 20/10/2015 (Info 804).
É possível aplicar o princípio da insignificância para crimes ambientais. Ex: pessoa encontrada em uma
unidade de conservação onde a pesca é proibida, com vara de pescar, linha e anzol, conduzindo uma
pequena embarcação na qual não havia peixes. STF. 2ª Turma. Inq 3788/DF, Rel. Min. Cármen Lúcia,
julgado em 1°/3/2016 (Info 816)
PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA: STF INF 756: o STF concluiu que poderia ser aplicado o princípio da
insignificância, considerando a chamada “teoria da reiteração não cumulativa de condutas de
gêneros distintos”. É possível aplicar o princípio da insignificância mesmo havendo condenação
anterior, porque a contumácia de infrações penais que não têm o mesmo patrimônio como bem
jurídico tutelado pela norma penal não pode ser valorada como fator impeditivo à aplicação do
princípio da insignificância.
Em princípio, a incidência da agravante do art. 62, I, do Código Penal é compatível com a autoria
intelectual do delito (mandante). STJ. 5ª Turma. REsp 1.563.169-DF, Rel. Min. Reynaldo Soares da
Fonseca, julgado em 10/3/2016 (Info 580).
Se o réu, não reincidente, for condenado, por tráfico de drogas, a pena de até 4 anos, e se as
circunstâncias judiciais do art. 59 do CP forem positivas (favoráveis), o juiz deverá fixar o regime
aberto e deverá conceder a substituição da pena privativa de liberdade por restritiva de direitos,
preenchidos os requisitos do art. 44 do CP. A gravidade em abstrato do crime não constitui
motivação idônea para justificar a fixação do regime mais gravoso. STF. 1ª Turma. HC 130411/SP, rel.
orig. Min. Rosa Weber, red. p/ o acórdão Min. Edson Fachin, julgado em 12/4/2016 (Info 821).
Para que incida a redução do prazo prescricional prevista no art. 115 do CP, é necessário que, no
momento da sentença, o condenado possua mais de 70 anos. Se ele só completou a idade após a
sentença, não terá direito ao benefício, mesmo que isso tenha ocorrido antes do julgamento de
apelação interposta contra a sentença. Existe, no entanto, uma situação em que o condenado será
beneficiado pela redução do art. 115 do CP mesmo tendo completado 70 anos após a sentença: isso
ocorre quando o condenado opõe embargos de declaração contra o acórdão condenatório e esses
embargos são conhecidos. Nesse caso, o prazo prescricional será reduzido pela metade se o réu
completar 70 anos até a data do julgamento dos embargos. Nesse sentido: STF. Plenário. AP 516
ED/DF, rel. orig. Min. Ayres Britto, red. p/ o acórdão Min. Luiz Fux, julgado em 5/12/2013 (Info 731). STF.
2ª Turma. HC 129696/SP, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 19/4/2016 (Info 822).
Condenações anteriores transitadas em julgado não podem ser utilizadas como conduta social
desfavorável STF. 2ª Turma. RHC 130132, Rel. Min. Teori Zavascki, julgado em 10/5/2016 (Info 825).
PARTE ESPECIAL8
→ Homicídio privilegiado: motivo de relevante valor social ou moral, ou sob o domínio de violenta
emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima – redução 1/6 a 1/3.
#NÃOCONFUNDIR:
→ § 6º A pena é aumentada de 1/3 até a metade se o crime for praticado por milícia privada, sob o
pretexto de prestação de serviço de segurança, ou por grupo de extermínio.
→ Aumenta-se a pena em 1/3 na lesão corporal, nas hipóteses dos §§ 4º e 6º do art. 121.
#NOVIDADELEGISLATIVA: VII – contra autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e 144 da
Constituição Federal, integrantes do sistema prisional e da Força Nacional de Segurança Pública, no
exercício da função ou em decorrência dela, ou contra seu cônjuge, companheiro ou parente
consanguíneo até terceiro grau, em razão dessa condição: (Incluído pela Lei nº 13.142, de 2015)
1ª corrente: SIM. O fato de o réu ter assumido o risco de produzir o resultado morte, aspecto
caracterizador do dolo eventual, não exclui a possibilidade de o crime ter sido praticado por motivo
fútil, uma vez que o dolo do agente, direto ou indireto, não se confunde com o motivo que ensejou a
conduta, mostrando-se, em princípio, compatíveis entre si. STJ. 5ª Turma. REsp 912.904/SP, Rel. Min.
Laurita Vaz, julgado em 06/03/2012.
2ª corrente: NÃO. A qualificadora de motivo fútil é incompatível com o dolo, tendo em vista a ausência
do elemento volitivo. STJ. 6ª Turma. HC 307.617-SP, Rel. Min. Nefi Cordeiro, Rel. para acórdão Min.
Sebastião Reis Júnior, julgado em 19/4/2016 (Info 583). STJ. 6ª Turma. HC 307.617-SP, Rel. Min. Nefi
Cordeiro, Rel. para acórdão Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em 19/4/2016 (Info 583).
→ No homicídio culposo, a morte instantânea da vítima não afasta a causa de aumento de pena
prevista no art. 121, § 4º, do CP, a não ser que o óbito seja evidente, isto é, perceptível por qualquer
pessoa.
#SELIGANADICA: No crime de omissão de socorro há presunção de que aquele que se omite não
tenha dado causa à situação.
#OLHAOGANCHO: Caso um dependente químico de longa data morra após abusar de substância
entorpecente vendida por um narcotraficante, este NÃO responderá por homicídio culposo. Em razão
da TEORIA DA IMPUTAÇÃO OBJETIVA, que surgiu para conter os excessos da teoria da conditio sine
qua non: a) criação de um risco proibido; b) o resultado esteja na mesma linha de desdobramento
causal da conduta, c) que o agente atue fora do sentido de proteção da norma.
→ Homicídio Qualificado: Art. 121, § 2º do CP - Se o homicídio é cometido: I - mediante paga ou
promessa de recompensa, ou por outro motivo torpe; II - por motivo fútil; III - com emprego de
veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou de que possa resultar
perigo comum; IV - à traição, de emboscada, ou mediante dissimulação ou outro recurso que dificulte
ou torne impossível a defesa do ofendido; V - para assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou
vantagem de outro crime. Pena - reclusão, de 12 (doze) a 30 (trinta) anos.
→ Não incide a qualificadora de motivo fútil (art. 121, § 2º, II, do CP), na hipótese de homicídio
supostamente praticado por agente que disputava "racha", quando o veículo por ele conduzido - em
razão de choque com outro automóvel também participante do "racha" - tenha atingido o veículo da
vítima, terceiro estranho à disputa automobilística.
→ Premeditação qualifica o homicídio? Não. A premeditação, por si só, não qualifica o homicídio por
falta de previsão legal. Segundo Fernando Capez, nossa legislação penal não prevê a premeditação
como circunstância qualificadora do homicídio, pois se entende que ela, muitas vezes, demonstraria
uma maior resistência do agente aos impulsos criminosos, motivo que não justificaria o agravamento
da pena. Em que pese não ser prevista como qualificadora, a premeditação, conforme o caso
concreto, poderá ser levada em consideração para agravar a pena, funcionando como circunstância
judicial (CP, art. 59).
→ Em relação à qualificadora do motivo fútil no crime de homicídio: é excluída pela embriaguez
voluntária ou culposa, se completa; não equivale a motivo injusto; não se confunde com a ausência
de motivos; não pode coexistir com a do motivo torpe em um mesmo ato.
→ Lesão corporal: A lesão corporal culposa de natureza grave no aborto aumenta-se a pena em 1/3;
se a lesão corporal for dolosa de natureza grave, responde o agente por concurso formal de crimes de
aborto e lesão corporal.
→ A pena da lesão corporal será aumentada de 1/3 a 2/3 se essa lesão tiver sido praticada contra
integrantes dos órgãos de segurança pública (ou contra seus familiares), desde que o delito tenha
relação com a função exercida.
#SELIGA: Existe a previsão do perdão judicial, nas lesões corporais, aplicada somente na modalidade
culposa do art.129.
#ATENÇÃO: Segundo o STF e o STJ, homicídio qualificado privilegiado (ex: valor moral ou social) não é
hediondo. E o Tráfico Privilegiado? Também não! – novo entendimento do STF. Tese institucional da
Defensoria Pública acolhida pelo Supremo.
→ A qualificadora “deformidade permanente” do crime de lesão corporal (art. 129, § 2º, IV, do CP) não
é afastada por posterior cirurgia estética reparadora que elimine ou minimize a deformidade na
vítima.
→ A qualificadora prevista no § 9º do art. 129 do CP aplica-se também às lesões corporais cometidas
contra HOMEM no âmbito das relações domésticas. STJ. 5ª Turma. RHC 27.622-RJ, Rel. Min. Jorge
Mussi, julgado em 7/8/2012.
#ATENÇÃO: Cuidado pra não confundir, isso não significa que a Lei Maria da Penha aplique-se para
vítimas homens: não se aplica!
→ O juiz, não sendo graves as lesões, pode substituir a pena de detenção pela de multa se as lesões
são recíprocas.
→ O crime de aborto pode ser cometido pela própria gestante e por terceiro, sendo, nesse caso, uma
pena para o caso de o terceiro provocar o aborto com o consentimento da gestante e outra para o
caso de o terceiro provocar o aborto sem o consentimento da gestante.
→ Art. 128 - Não se pune o aborto praticado por médico: Aborto necessário: I - Se não há outro meio
de salvar a vida da gestante; (conhecido, doutrinariamente, como aborto terapêutico); Aborto no caso
de gravidez resultante de estupro: II - Se a gravidez resulta de estupro e o aborto é precedido de
consentimento da gestante ou, quando incapaz, de seu representante legal.
→ Art. 133: Crime de abandono do incapaz: Para a caracterização do delito de abandono de incapaz,
impõe-se, além da existência de transgressão da relação particular de assistência entre o agente e a
vítima, a presença, ainda que por certo lapso temporal, de perigo concreto para esta, sendo prevista,
para o delito, tanto a forma comissiva quanto a omissiva.
#NOVIDADELEGISLATIVA: Art. 155 – Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia móvel: Pena –
reclusão, de um a quatro anos, e multa. (…) § 6º A pena é de reclusão de 2 (dois) a 5 (cinco) anos se a
subtração for de semovente domesticável de produção, ainda que abatido ou dividido em partes no
local da subtração. (Incluído pela Lei nº 13330, de 2016)
→ Furto privilegiado: Art. 155, § 2º Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor a coisa furtada, o
juiz pode substituir a pena de reclusão pela de detenção, diminuí-la de um a dois terços, ou aplicar
somente a pena de multa.
Para reconhecimento do crime de furto privilegiado é indiferente que o bem furtado tenha sido
restituído à vítima, pois o critério legal para o reconhecimento do privilégio é somente o pequeno
valor da coisa subtraída.
#NÃOCONFUNDIR: Para efeito da aplicação do princípio da bagatela, é imprescindível a distinção
entre valor insignificante e pequeno valor, uma vez que o primeiro exclui o crime e o segundo pode
caracterizar o furto privilegiado.
#ATENÇÃO: Nos casos de continuidade delitiva o valor a ser considerado para fins de concessão do
privilégio (artigo 155, § 2º do CP) ou do reconhecimento da insignificância é a soma dos bens
subtraídos.
#DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA #VAICAIR
→ Incorre no tipo penal previsto no art. 102 da Lei 10.741/2003 (Estatuto do Idoso) – e não no tipo
penal de furto (art. 155 do CP) – o estagiário de instituição financeira que se utiliza do cartão
magnético e da senha de acesso à conta de depósitos de pessoa idosa para realizar transferências de
valores para sua conta pessoal. REsp 1.358.865-RS, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em
4/9/2014 (Informativo nº 547).
→ É possível que o agente seja condenado por furto qualificado (§ 4º) e, na terceira fase da
dosimetria, o juiz aumente a pena em 1/3 se a subtração ocorreu durante o repouso noturno. STJ. 6ª
Turma. HC 306.450-SP, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, julgado em 4/12/2014 (Info 554).
→ CONFISSÃO PARCIAL E FURTO: O fato de o denunciado por furto qualificado pelo rompimento de
obstáculo ter confessado a subtração do bem, apesar de ter negado o arrombamento, é circunstância
suficiente para a incidência da atenuante da confissão espontânea (art. 65, III, "d", do CP). Isso porque
mesmo que o agente tenha confessado parcialmente os fatos narrados na denúncia, deve ser
beneficiado com a atenuante genérica da confissão espontânea. STJ. 5ª Turma. HC 328.021-SC, Rel.
Min. Leopoldo de Arruda Raposo (Desembargador convocado do TJ-PE), julgado em 3/9/2015 (Info
569).
→ CONFISSÃO DE CRIME PENAL DIVERSO: O fato de o denunciado por roubo ter confessado a
subtração do bem, negando, porém, o emprego de violência ou grave ameaça, é circunstância que
não enseja a aplicação da atenuante da confissão espontânea (art. 65, III, "d", do CP). Isso porque a
atenuante da confissão espontânea pressupõe que o réu reconheça a autoria do fato típico que lhe é
imputado. Ocorre que, no caso, o réu não admitiu a prática do roubo denunciado, pois negou o
emprego de violência ou de grave ameaça para subtrair o bem da vítima, numa clara tentativa de
desclassificar a sua conduta para o crime de furto. Nesse contexto, em que se nega ter praticado tipo
penal apontado na peça acusatória, não é possível o reconhecimento da circunstância atenuante. STJ.
5ª Turma. HC 301.063-SP, Rel. Min. Gurgel de Faria, julgado em 3/9/2015 (Info 569).
#MUDANÇADEENTENDIMENTO: Causa de aumento do § 1º pode ser aplicada tanto para furto simples
como qualificado.
→ Todos os instrumentos utilizados como dispositivo para abrir fechadura são abrangidos pelo
conceito de chave falsa, incluindo as mixas.
→ STJ: aumenta-se a pena se o furto é cometido num estabelecimento comercial, ainda que
fechado e à noite. É IRRELEVANTE o fato de se tratar de estabelecimento comercial ou de residência,
habitada ou desabitada, bem como se a vítima está ou não efetivamente repousando.
→ Venda da Res Furtiva - Crime único de furto: A venda do proveito do furto trata-se de pós fato
impunível, pois não há nova violação para o legítimo dono da coisa. Ademais, a alienação do objeto é
mero exaurimento do delito anterior, não tem força para configurar um novo delito autônomo. Por
fim, é caso de aplicação do princípio da concussão.
→ O crime de furto, com arrombamento em casa habitada, absorve os delitos de dano e invasão de
domicílio. Nesse caso, o conflito aparente de normas foi solucionado pelo princípio da consunção.
→ Consuma-se o crime de roubo com a inversão da posse do bem, mediante emprego de violência ou
grave ameaça, ainda que por breve tempo e em seguida a perseguição imediata ao agente e
recuperação da coisa roubada, sendo prescindível a posse mansa e pacífica ou desvigiada. STJ. 3a
Seção. REsp 1.499.050-RJ, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 14/10/2015 (recurso repetitivo)
(Info 572).
→ Deve incidir a majorante prevista no inciso III do § 2º do art. 157 do CP na hipótese em que o autor
pratique o roubo ciente de que as vítimas, funcionários da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos
(ECT), transportavam grande quantidade de produtos cosméticos de expressivo valor econômico e
liquidez.
→ Se um maior de idade pratica o roubo juntamente com um inimputável, esse roubo será majorado
pelo concurso de pessoas (art. 157, § 2º do CP).
→ Arma de brinquedo caracteriza violência ou grave ameaça (roubo na modalidade simples), mas não
configura causa de aumento pelo emprego de arma.
→ É possível a condenação simultânea pelos crimes de roubo majorado pelo emprego de arma de
fogo (art. 157, § 2º, I, do CP) e formação de quadrilha armada (art. 288, parágrafo único, do CP), não
havendo aí bis in idem. Isso porque não há nenhuma relação de dependência ou subordinação entre as
referidas condutas delituosas e porque elas visam bens jurídicos diversos.
→ A incidência da causa de aumento consistente em emprego de arma INDEPENDE da comprovação,
por meio de apreensão e perícia, do grau de lesividade da arma utilizada na prática do crime de
roubo. No entanto, se a arma é apreendia e periciada, sendo constatada a sua inaptidão para a
produção de disparos, neste caso, não se aplica a majorante do art. 157, § 2º, I, do CP, sendo
considerado roubo simples (art. 157, caput, do CP).
→ O roubo praticado em um mesmo contexto fático, mediante uma só ação, contra vítimas
diferentes, enseja o reconhecimento do concurso formal de crimes, e não a ocorrência de crime único.
→ Para caracterizar o roubo com aumento de pena pelo emprego de arma, a jurisprudência atual é no
sentido de que é necessário que a arma seja de fogo, não bastando, portanto que ela seja de
brinquedo ou que o agente dissimule portar uma arma (situações que autorizam punir o agente
apenas pelo "caput").
#SELIGANASÚMULA: Súmula 582-STJ: Consuma-se o crime de roubo com a inversão da posse do bem
mediante emprego de violência ou grave ameaça, ainda que por breve tempo e em seguida à
perseguição imediata ao agente e recuperação da coisa roubada, sendo prescindível a posse mansa e
pacífica ou desvigiada.
→ A gravidade do delito de roubo circunstanciado pelo concurso de pessoas e/ou emprego de arma
de fogo não constitui motivação suficiente, por si só, para justificar a imposição de regime prisional
mais gravoso, na medida em que constituem circunstâncias comuns à espécie.
→ O crime de porte de arma é absorvido pelo de roubo quando restar evidenciado o nexo de
dependência ou de subordinação entre as duas condutas e que os delitos foram praticados em um
mesmo contexto fático o que caracteriza o princípio da consunção.
→ Há tentativa de latrocínio quando a morte da vítima não se consuma por razões alheias à vontade
do agente.
#SELIGANATABELA:
→ Extorsão: Art. 158. Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, e com o intuito de
obter para si ou para outrem indevida vantagem econômica, a fazer, tolerar que se faça ou deixar
fazer alguma coisa. É prevista causa de aumento de 1/3 até metade para os casos de concurso de 2 ou
mais pessoas ou emprego de arma.
→ Extorsão indireta: exigir ou receber, como garantia de dívida, abusando da situação de alguém,
documento que pode dar causa a procedimento criminal contra a vítima ou contra terceiro.
#NÃOCONFUNDIR:
→ Apropriação indébita: Apropriar-se de coisa alheia móvel, de que tem a posse ou a detenção.
→ O "síndico" mencionado no inciso II do § 1º, do art. 168, do Código Penal é o síndico da massa falida
(atualmente denominado "administrador judicial" da falência ou recuperação judicial - Lei no
11.101/2005), e não o síndico de condomínio edilício. Por essa razão, não se aplica esta causa de
aumento para o caso de um síndico de condomínio edilício que se apropriou de valores pertencentes
ao condomínio para efetuar pagamento de contas pessoais. STJ. 5a Turma. REsp 1.552.919-SP, Rel.
Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 24/5/2016 (Info 584).
#OBS: Apropriação indébita previdenciária está na parte de legislação especial – crimes contra a
ordem tributária.
→ Estelionato: Art. 171. Obter, para si ou para outrem, vantagem ilícita, em prejuízo alheio, induzindo
ou mantendo alguém em erro, mediante artifício, ardil, ou qualquer outro meio fraudulento. É crime
material. Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor o prejuízo, o juiz pode aplicar a pena
conforme o disposto no art. 155, § 2º (substituir a pena de reclusão pela de detenção, diminuí-la de um
a dois terços, ou aplicar somente a pena de multa).
→ Súmula 554 – STF: o pagamento de cheque emitido sem provisão de fundos, após o recebimento
da denúncia, não obsta ao prosseguimento da ação penal. Obs: para o STF, a referida súmula não se
aplica ao estelionato no seu tipo fundamental (art. 171, caput).
→ Súmula 521 – STF: O foro competente para o processo e julgamento dos crimes de estelionato, sob
a modalidade da emissão dolosa de cheque sem provisão de fundos, é o do local onde se deu a recusa
do pagamento pelo sacado.
→ Súmula 107 STJ: Compete à Justiça Comum Estadual processar e julgar crime de estelionato
praticado mediante falsificação das guias de recolhimento das contribuições previdenciárias, quando
não ocorrente lesão a autarquia federal.
#VIDADEDEFENSOR: Estelionato previdenciário do art. 171, §3º, CP é a cara da DPU. Você, como
Defensor Público, irá defender alguém que esteja acusada por este delito. Por isso, estude-o com
atenção: A pena aumenta-se de 1/3, se o crime é cometido em detrimento de entidade de direito
público ou de instituto de economia popular, assistência social ou beneficência. STF: não se aplica o
princípio da insignificância.
#IMPORTANTE: Qual a natureza jurídica do estelionato previdenciário? STJ e STF fazem a seguinte
distinção:
O estelionato previdenciário (art. Já na hipótese de fraude no interesse
171, §3º) é crime instantâneo de próprio, a situação é diversa,
efeitos permanentes, quando tratando-se de crime permanente.
praticado por terceiro não
beneficiário.
→ O delito de estelionato não será absorvido pelo de roubo na hipótese em que o agente, dias após
roubar um veículo e os objetos pessoais dos seus ocupantes, entre eles um talonário de cheques,
visando obter vantagem ilícita, preenche uma de suas folhas e, diretamente na agência bancária, tenta
sacar a quantia nela lançada. A falsificação da cártula não é mero exaurimento do crime antecedente.
Isso porque há diversidade de desígnios e de bens jurídicos lesados. Dessa forma, inaplicável o
princípio da consunção.
STJ. 5a Turma. HC 309.939-SP, Rel. Min. Newton Trisotto (Desembargador
convocado do TJ-SC), julgado em 28/4/2015 (Info 562).
→ É atípica a mera declaração falsa de estado de pobreza realizada com o intuito de obter os
benefícios da justiça gratuita. A conduta de firmar ou usar declaração de pobreza falsa em juízo, com
a finalidade de obter os benefícios da gratuidade de justiça não é crime, pois aludida manifestação não
pode ser considerada documento para fins penais, já que é passível de comprovação posterior, seja
por provocação da parte contrária seja por aferição, de ofício, pelo magistrado da causa. STJ. 6a
Turma. HC 261.074-MS, Rel. Min. Marilza Maynard (Desembargadora convocada do TJ-SE), julgado em
5/8/2014 (Info 546).
#NÃOCONFUNDIR #IMPORTANTE:
→ O artigo 180, § 4º, dispõe que "a receptação é punível, ainda que desconhecido ou isento de pena o
autor do crime de que proveio a coisa".
#NOVIDADELEGISLATIVA: Art. 180-A. Adquirir, receber, transportar, conduzir, ocultar, ter em depósito
ou vender, com a finalidade de produção ou de comercialização, semovente domesticável de
produção, ainda que abatido ou dividido em partes, que deve saber ser produto de crime: (Incluído
pela Lei nº 13330, de 2016) Pena – reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa. (Incluído pela Lei nº
13330, de 2016)
→ Aquele que adquire o objeto furtado responderá pelo delito de receptação, que é punível nas
modalidades dolosa e até mesmo culposa.
A receptação imprópria consiste na conduta de influir para que terceiro de boa-fé adquira, receba
ou oculte objeto produto de crime. Portanto, comete receptação impróprio o intermediário, isto é,
aquele que não praticou o delito antecedente, porém tem ciência da origem ilícita do bem e procura
convencer um terceiro de boa-fé a adquiri-lo. Perceba que a conduta típica é INFLUIR (art.180, caput, 2
parte), que significa contatar alguém, oferecendo o objeto, sendo assim, conforme entende a
doutrina majoritária, crime FORMAL, pois se consuma no instante em que o bem é ofertado. Se a
proposta tiver sido feita, o crime estará consumado.
→ Receptação dolosa própria, prevista na primeira parte do art. 180 do Código Penal, consiste na
aquisição de coisa que o agente sabe ser produto de crime, ou na prática de conduta equiparada
(receber, transportar, conduzir ou ocultar coisa que sabe ser produto de crime). Portanto, não se
presume a ciência da origem criminosa da coisa pelo agente, devendo ser comprovada.
#NÃOCONFUNDIR: Aquele que oculta objeto furtado para assegurar impunidade do autor do furto
comete crime de favorecimento real.
#VAICAIR #DESPENCAEMPROVA
- Art. 181 - É isento de pena quem comete qualquer dos crimes previstos neste título, em prejuízo: I - do
cônjuge, na constância da sociedade conjugal; II - de ascendente ou descendente, seja o parentesco
legítimo ou ilegítimo, seja civil ou natural.
- Art. 182 - Somente se procede mediante representação, se o crime previsto neste título é cometido
em prejuízo: I - do cônjuge desquitado ou judicialmente separado; II - de irmão, legítimo ou ilegítimo;
III - de tio ou sobrinho, com quem o agente coabita.
#SELIGANAEXCEÇÃO: Art. 183 - NÃO se aplica o disposto nos dois artigos anteriores: I - se o crime é
de roubo ou de extorsão, ou, em geral, quando haja emprego de grave ameaça ou violência à pessoa;
II - ao estranho que participa do crime. III - se o crime é praticado contra pessoa com idade igual ou
superior a 60 anos.
→ Súmula 442 – STJ: é inadmissível aplicar, no furto qualificado pelo concurso de agentes, a
majorante do roubo.
→ Súmula 96 – STJ: “O crime de extorsão consuma-se INDEPENDENTEMENTE da obtenção da
vantagem indevida“
→ Súmula 511 – STJ: “É possível o reconhecimento do privilégio previsto no § 2º. do art. 155 do CP nos
casos de furto qualificado, se estiverem presentes a primariedade do agente, o pequeno valor da coisa
e a qualificadora for de ordem objetiva''
→ Súmula 443 – STJ: "O aumento na terceira fase de aplicação da pena no crime de roubo
circunstanciado exige fundamentação concreta, não sendo suficiente para a sua exasperação a mera
indicação do número de majorantes.".
→ Súmula 174 – STJ: "No crime de roubo, a intimidação feita com arma de brinquedo autoriza o
aumento da pena" (STJ Súmula nº 174 - 23/10/1996 – DJ 31.10.1996 - Cancelada - RESP 213.054-SP –
24/10/2001).
#IMPORTANTE – Injúria real: Art. 180, §2º § 2º - Se a injúria consiste em violência ou vias de fato, que,
por sua natureza ou pelo meio empregado, se considerem aviltantes: Pena - detenção, de três meses a
um ano, e multa, além da pena correspondente à violência.
#NÃOCONFUNDIR: Racismo x Injúria qualificada racial:
#PONTOSESPINHOSOS:
● Menores e “loucos” podem ser vítimas de calúnia.
● Na calúnia, a regra é a exceção da verdade, exceto quando:
● Deputado que afirma a imprensa que determinada deputada “não merece ser estuprada” pratica,
em tese, o crime de injúria.
#MUITO IMPORTANTE – O STJ, aplicando o entendimento da Corte Interamericana de Direitos
Humanos sobre a matéria, reconheceu a inconvencionalidade do crime de desacato.
● A regra é que os crimes contra a honra sejam de ação penal privada, exceto quando:
a) Injúria real cometida com violência (lesão corporal) – Ação pública incondicionada. OBS: A injúria
real com vias de fato é Ação penal privada.
b) Ação penal pública condicionada à requisição do Ministro da Justiça no caso de crime contra a
honra do Presidente da República ou de chefe de governo estrangeiro.
c) Ação pública condicionada à representação do ofendido na injúria racial e no crime contra a honra
de funcionário público.
#MUITO IMPORTANTE #SELIGANASÚMULA:– Súmula 714 do STF: É concorrente a legitimidade do
ofendido, mediante queixa, e do Ministério Público, condicionada à representação do ofendido, para
a ação penal por crime contra a honra de servidor público em razão do exercício de suas funções.
#ATENÇÃOPARACRÍTICA: Legitimidade concorrente do ofendido mediante queixa e do Ministério
Público. A opção do funcionário gera a preclusão da outra via. A legitimidade é concorrente e
disjuntiva. Embora o STF afirme tratar-se de legitimação concorrente, a doutrina tem entendido que a
hipótese aventada na súmula é de legitimação alternativa9.
→ Ameaça: Art. 147 - Ameaçar alguém, por palavra, escrito ou gesto, ou qualquer outro meio
simbólico, de causar-lhe mal injusto e grave: Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa. Parágrafo
único - Somente se procede mediante representação.
No crime de ameaça:
Sujeito Ativo Sujeito Passivo
Se for Funcionário público no exercício Deve ter capacidade de discernir a
das funções: Crime de abuso de promessa de mal injusto que é
9
CESPE cobrou essa crítica doutrinária na discursiva da prova da AGU em 2016.
autoridade e a ameaça é elemento proferida contra a sua pessoa.
integrante da figura típica.
→ Sequestro e cárcere privado: Art. 148 - Privar alguém de sua liberdade, mediante sequestro ou
cárcere privado: Pena - reclusão, de um a três anos.
#NÃOCONFUNDIR:
Sequestro Cárcere Privado
Restringir, por qualquer meio, sua locomoção em razão de dívida contraída com o empregador ou
preposto
Cercear o uso de qualquer meio de transporte por parte do trabalhador, com o fim de retê-lo no local
de trabalho
#SELIGANASÚMULA #DPU: Súmula Vinculante 36 – STF: Compete à Justiça Federal comum processar
e julgar civil denunciado pelos crimes de falsificação e de uso de documento falso quando se tratar de
falsificação da Caderneta de Inscrição e Registro (CIR) ou de Carteira de Habilitação de Amador (CHA),
ainda que expedidas pela Marinha do Brasil.
2) Em se tratando de uso de documento falso por terceiro que não tenha sido responsável pela
falsificação do documento, a competência deve ser determinada em virtude da pessoa física ou
jurídica prejudicada pelo uso;
3) Em caso de uso de documento falso pelo próprio autor da falsificação, configurado está um só
delito (o de falsificação), uma vez que nessa hipótese o uso é considerado mero exaurimento da
falsificação anterior, constituindo post factum impunível (consunção), devendo a competência ser
determinada pela natureza do documento;
● O uso de passaporte boliviano falso perante empresa privada de aviação é crime de competência da
Justiça Estadual.
● Utilização de formulários falsos da Receita Federal para iludir particular não atrai, por si só, a
competência da Justiça Federal.
● Falsidade de documento emitido pela união para ludibriar particular: Justiça estadual
4.2 CRIMES EM ESPÉCIE
→ Nos casos de prática do crime de introdução de moeda falsa em circulação (art. 289, § 1º, do CP), é
possível a aplicação das agravantes dispostas nas alíneas "e" e "h" do inciso II do art. 61 do CP.
→ A figura privilegiada do crime de moeda falsa (Art. 289, §2º) é processada no JEF e admite
suspensão condicional do processo.
→ Prefeito que, ao sancionar lei aprovada pela Câmara dos Vereadores, inclui artigo que não constava
originalmente no projeto votado pratica o crime de falsificação de documento público. A condição de
prefeito poderá ser utilizada para agravar a pena na terceira fase da dosimetria.
→ A simples omissão de anotação na Carteira de Trabalho e Previdência Social (CTPS) não configura,
por si só, o crime de falsificação de documento público.
→ Compete à Justiça Federal (e não à Justiça Estadual) processar e julgar o crime caracterizado pela
omissão de anotação de vínculo empregatício na CTPS (art. 297, § 4º, do CP).
→ Quando a falsidade é meio para a prática do estelionato, prevalece que somente haverá absorção
se, após a prática do estelionato, não restar ao falso qualquer potencialidade lesiva. Todavia, se o
falso não se exaurir no estelionato, haverá concurso (STJ, súmula 17).
#SELIGANASÚMULA: Súmula 104 – STJ: Compete à Justiça Estadual o processo e julgamento dos
crimes de falsificação e uso de documento falso relativo a estabelecimento particular de ensino.
→ O contrato social de uma sociedade empresária é documento particular. Assim, caso seja
falsificado, haverá o crime de falsificação de documento particular (e não de documento público).
→ É atípica a mera declaração falsa de estado de pobreza realizada com o intuito de obter os
benefícios da justiça gratuita.
→ Pratica falsidade ideológica (art. 299 do CP) o candidato que deixa de contabilizar despesas em sua
prestação de contas no TRE.
#ATENÇÃO: O simples porte de CNH falsa é crime de uso, pois se trata de documento de porte
obrigatório (art. 159, § 1º, do CTB).
→ A utilização de documento falso para ocultar a condição de foragido não descaracteriza o delito de
uso de documento falso (art. 304 do CP).
→ É possível a condenação pelo crime de uso de documento falso (art. 304 do CP) com fundamento
em documentos e testemunhos constantes do processo, acompanhados da confissão do acusado,
sendo desnecessária a prova pericial para a comprovação da materialidade do crime.
#SELIGANASÚMULA: Súmula 546 – STJ: A competência para processar e julgar o crime de uso de
documento falso é firmada em razão da entidade ou órgão ao qual foi apresentado o documento
público, não importando a qualificação do órgão expedidor.
#SELIGANASÚMULA: Súmula 522 – STJ: A conduta de atribuir-se falsa identidade perante autoridade
policial é típica, ainda que em situação de alegada autodefesa.
→ Art. 327 - Considera-se funcionário público, para os efeitos penais, quem, embora transitoriamente
ou sem remuneração, exerce cargo, emprego ou função pública. § 1º - Equipara-se a funcionário
público quem exerce cargo, emprego ou função em entidade paraestatal, e quem trabalha para
empresa prestadora de serviço contratada ou conveniada para a execução de atividade típica da
Administração Pública. (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000).
Art. 327. (...) § 2º - A pena será aumentada da terça parte quando os autores dos crimes previstos
neste Capítulo forem ocupantes de cargos em comissão ou de função de direção ou assessoramento
de órgão da administração direta, sociedade de economia mista, empresa pública ou fundação
instituída pelo poder público.
→ O advogado que, por força de convênio celebrado com o Poder Público, atua de forma remunerada
em defesa dos hipossuficientes agraciados com o benefício da assistência judiciária gratuita,
enquadra-se no conceito de funcionário público para fins penais.
→ Secretária de Estado que desvia verbas de convênio federal que tinha destinação específica e as
utiliza para pagamento da folha de servidores não pratica o crime de peculato (art. 312 do CP), mas sim
o delito de emprego irregular de verbas ou rendas públicas (art. 315).
→ O funcionário público, lotado em bilheteria de ferrovia estatal, que falsifica e vende bilhetes de
passagem, apropriando- se do respectivo valor, comete crime de peculato.
INQUÉRITO POLICIAL
→ O indiciamento é ato privativo da autoridade policial, segundo sua análise técnico-jurídica do fato. O
juiz não pode determinar que o Delegado de Polícia faça o indiciamento de alguém.
→ Do despacho que indeferir o requerimento de abertura de inquérito caberá recurso para o chefe de
Polícia.
→ É determinação legal que, em situações visíveis que estejam a margem da lei, o delegado deve
denegar o inquérito. Não pode instaurar inquérito manifestamente ilegal – não há discricionariedade
para isso.
→ Havendo indícios de que membro do MP está envolvido em infração penal, a notícia crime ou os
autos de eventual investigação, serão imediatamente remetidos à Procuradoria Geral, já que o
delegado não pode indiciar membros do MP (Lei Orgânica Nacional do MP).
→ A instauração de inquérito policial não interrompe o prazo para oferecimento de queixa nos crimes
de ação penal privada.
→ O delegado não pratica desobediência, quando descumpre a ordem do juiz, isto enseja
simplesmente infração administrativa. Pode ser que ele cometa prevaricação, mas na prevaricação ele
teria que ter o dolo na conduta e com o fim especial de agir, depende da situação hipotética.
→ A suspeição de autoridade policial NÃO é motivo de nulidade do processo, pois o inquérito é mera
peça informativa.
→ Não existe crime de Desobediência cometido de um funcionário público para com outro. Crime de
Desobediência é cometido por particular contra a Administração Pública.
#CAIUEMPROVA #DEFENSORIA (DPE/SP 2015): Artigo 2º, § 4o da Lei 12.830/13 (Invest. Crim. conduzida
por Delg. Pol) O inquérito policial ou outro procedimento previsto em lei em curso somente poderá
ser avocado ou redistribuído por superior hierárquico, mediante despacho fundamentado, por motivo
de interesse público ou nas hipóteses de inobservância dos procedimentos previstos em regulamento
da corporação que prejudique a eficácia da investigação.
→ Arquivamento indireto: Ocorre quando o MP não oferece a denúncia por considerar a juízo
incompetente.
→ É irrecusável o pedido de arquivamento de inquérito feito pelo PGR nos feitos de competência
originária, não se aplicando a remessa prevista no art. 28, CPP.
→ INF STJ 565: Inviabilidade de MS impetrado pela vítima para evitar o arquivamento de IP. A vítima
de crime de ação penal pública não tem direito líquido e certo de impedir o arquivamento do inquérito
ou das peças de informação.
→ Os dados bancários entregues à autoridade fiscal pela sociedade empresária fiscalizada, após
regular intimação e independentemente de prévia autorização judicial, podem ser utilizados para
subsidiar a instauração de inquérito policial para apurar suposta prática de crime contra a ordem
tributária. STJ. 5ª Turma. RHC 66.520-RJ, Rel. Min. Jorge Mussi, julgado em 2/2/2016 (Info 577).
♣ STJ: NÃO. Para o STJ, o arquivamento do inquérito policial com base na existência de causa
excludente da ilicitude faz coisa julgada material e impede a rediscussão do caso penal. O mencionado
art. 18 do CPP e a Súmula 524 do STF realmente permitem o desarquivamento do inquérito caso
surjam provas novas. No entanto, essa possibilidade só existe na hipótese em que o arquivamento
ocorreu por falta de provas, ou seja, por falta de suporte probatório mínimo (inexistência de indícios
de autoria e certeza de materialidade). STJ. 6ª Turma. REsp 791.471/RJ, Rel. Min. Nefi Cordeiro, julgado
em 25/11/2014 (Info 554).
→ Súmula Vinculante STF nº 14: É direito do defensor, no interesse do representado, ter acesso amplo
aos elementos de prova que, já documentados em procedimento investigatório realizado por órgão
com competência de polícia judiciária, digam respeito ao exercício do direito de defesa. OBS.:
Havendo denegação de acesso aos autos do Inquérito, caberá Mandado de Segurança, Reclamação
Constitucional – o cabimento de Reclamação não impede o ajuizamento do MS (art. 103-A, §3º, da CF)
e, segundo o STJ, até mesmo Habeas Corpus, já que existe risco indireto à liberdade. Esse HC é
denominado de HC profilático.
→ Súmula 397 STF: O poder de polícia da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, em caso de
crime cometido nas suas dependências, compreende, consoante o regimento, a prisão em flagrante
do acusado e a realização do inquérito.
→ #IMPORTANTE: Súmula 524 do STF: "arquivado o inquérito policial, por despacho do juiz, a
requerimento do promotor de justiça, não pode a ação ser iniciada sem novas provas."
INTERCEPTAÇÃO TELEFÔNICA
→ A gravação (tanto ambiental quanto telefônica) feita por um dos interlocutores não recebe
o mesmo tratamento da interceptação (ambiental ou telefônica). Gravação (ambiental ou telefônica):
É realizada por um dos interlocutores e, por isso, não necessita de autorização judicial. Dessa forma, é
considerada pela jurisprudência do STJ e STF como prova lícita mesmo que tenha ocorrido sem prévia
anuência do Poder Judiciário.
→ A título de prova emprestada, a interceptação telefônica pode ser usada em processo civil e
administrativo (STF, Pet. 3683 QO-MG).
#ATENÇÃO: Súmula Vinculante nº 14, dispondo que os defensores têm direito de acesso somente às
provas já documentadas, ou seja, já incorporadas aos autos. Essa mesma prerrogativa não existe em
relação às provas em produção, como, por exemplo, a interceptação telefônica, busca e apreensão
domiciliar, pois isso, evidentemente, tornaria inócua a diligência em andamento.
→ Não será admitida a interceptação de comunicações telefônicas quando ocorrer qualquer das
seguintes hipóteses: I - não houver indícios razoáveis da autoria ou participação em infração penal
(OBS: não são necessários indícios de materialidade); II - a prova puder ser feita por outros meios
disponíveis; III - o fato investigado constituir infração penal punida, no máximo, com pena de
detenção.
→ A decisão será fundamentada, sob pena de nulidade, indicando também a forma de execução da
diligência, que não poderá exceder o prazo de 15 DIAS, renovável por igual tempo uma vez
comprovada a indispensabilidade do meio de prova. OBS: STF e STJ entendem que é prorrogável
quantas vezes for necessário.
→ Em processo que apure suposta prática de crime sexual contra adolescente absolutamente
incapaz, é admissível a utilização de prova extraída de gravação telefônica efetivada a pedido da
genitora da vítima, em seu terminal telefônico, mesmo que solicitado auxílio técnico de detetive
particular para a captação da conversa – INFO 543.
→ A interceptação telefônica deve perdurar pelo tempo necessário à completa investigação dos fatos
delituosos. O prazo de duração da interceptação deve ser avaliado pelo Juiz da causa, considerando os
relatórios apresentados pela Polícia. Não se pode exigir que o deferimento das prorrogações (ou
renovações) seja sempre precedido da completa transcrição das conversas, sob pena de frustrar-se a
rapidez na obtenção da prova. Não se faz necessária a transcrição das conversas a cada pedido de
renovação da escuta telefônica, pois o que importa, para a renovação, é que o Juiz tenha
conhecimento do que está sendo investigado, justificando a continuidade das interceptações,
mediante a demonstração de sua necessidade.
→ Os termos da Lei 9.296/996, e consoante diversos precedentes desta Corte Superior, é dispensável
que a transcrição do conteúdo das interceptações telefônicas seja feita por peritos oficiais.
#CAIUEMPROVA #DEFENSORIA:
→ "A ausência de autorização judicial para excepcionar o sigilo das comunicações telefônicas macula
indelevelmente eventual diligência policial de interceptações, ao ponto de não se dever - por causa
dessa mácula - sequer lhes analisar os conteúdos, pois obtidos de forma claramente ilícita. Aliás, não é
válida a interceptação telefônica realizada sem prévia autorização judicial, ainda que haja posterior
consentimento de um dos interlocutores para ser tratada como escuta telefônica e utilizada como
prova em processo penal".
→ DPE/PB 2014: não será admitida quando o fato investigado constituir infração punida, no máximo,
com pena de detenção.
→ Pode haver interceptação ainda que não haja inquérito policial instaurado, desde que haja outra
forma de investigação criminal em curso (CPI, investigações pelo MP).
→ Não pode ser deferida no curso de processo cível, comercial, trabalhista, administrativo, etc.
Podem utilizar como prova emprestada do processo criminal.
→ INFO 811 STF: O fato de a interceptação telefônica ter visado elucidar outra prática delituosa não
impede a sua utilização em persecução criminal diversa por meio do compartilhamento da prova.
→ Sigilo profissional do advogado: as conversas entre o advogado e seu cliente devem ser
consideradas inadmissíveis no processo, a não ser que o advogado esteja envolvido com o crime
objeto da investigação (INFO 541, STJ)
→ É subsidiária e excepcional.
→ Art. 2º, Lei 9.296/2996: é ilegal que a interceptação telefônica seja determinada apenas com base
em “denúncia anônima”.
→ INFO 701, STF: Não é ilícita a interceptação telefônica autorizada por juiz aparentemente
competente ao tempo da decisão e que, posteriormente, venha a ser declarado incompetente (teoria
do juiz aparente). A prova obtida poderá ser ratificada.
→ INFO 510, STJ: Não é válida a interceptação telefônica realizada sem prévia autorização judicial,
ainda que haja posterior consentimento de um dos interlocutores.
→ INFO 541, STJ: As comunicações telefônicas do investigado legalmente interceptadas podem ser
utilizadas para formação de provas em desfavor do outro interlocutor, ainda que este seja advogado
do investigado.
→ Excepcionalmente, o juiz poderá admitir que o pedido seja formulado VERBALMENTE, caso em que
a concessão será condicionada à sua redução a termo.
→ Não é necessária a transcrição integral dos diálogos. Basta que sejam transcritos os trechos
necessários ao embasamento da denúncia oferecida e que seja entregue à defesa todo o conteúdo
das gravações em mídia eletrônica.
→ Todo elemento probatório colhido com base em interpretação telefônica autorizada em momento
anterior à lei 9.206/96 é considerado prova ilícita.
DELAÇÃO PREMIADA
→ STJ: Info 495. Se o réu confessa o crime, mas suas declarações não representam efetiva
colaboração com a investigação policial e com o processo criminal nem fornecem informações
eficazes para a descoberta da trama delituosa, ele não terá direito ao benefício da delação premiada.
• Homologar o acordo não significa dizer que o juiz admitiu como verídicas ou idôneas as
informações prestadas pelo colaborador. Quando o magistrado homologa o acordo, ele apenas afirma
que este cumpriu sua regularidade, legalidade e voluntariedade.
• O STF entendeu que o acordo não pode ser impugnado por terceiro, mesmo que seja uma
pessoa citada na delação. Isso porque o acordo é personalíssimo e, por si só, não vincula o delatado
nem afeta diretamente sua situação jurídica. O que poderá atingir eventual corréu delatado são as
imputações posteriores, constantes do depoimento do colaborador.
→ Forma de registro das declarações do colaborador premiado: Não existe obrigatoriedade legal
absoluta de que as declarações do colaborador premiado sejam registradas em meio audiovisual. O §
13 do art. 4o da Lei nº 12.850/2013 prevê que “sempre que possível, o registro dos atos de colaboração
será feito pelos meios ou recursos de gravação magnética, estenotipia, digital ou técnica similar,
inclusive audiovisual, destinados a obter maior fidelidade das informações”.
→ Não viola o entendimento da SV 14-STF a decisão do juiz que nega ao réu denunciado com base em
um acordo de colaboração premiada o acesso a outros termos de declarações que não digam respeito
aos fatos pelos quais ele está sendo acusado, especialmente se tais declarações ainda estão sendo
investigadas, situação na qual existe previsão de sigilo, nos termos do art. 7º da Lei nº 12.850/2013. STF.
2ª Turma. Rcl 22009 AgR/PR, rel. Min. Teori Zavascki, julgado em 16/2/2016 (Info 814).
JUSRISDIÇÃO E COMPETÊNCIA
→ Art. 70. A competência será, de regra, determinada pelo lugar em que se consumar a infração, ou,
no caso de tentativa, pelo lugar em que for praticado o último ato de execução.- TEORIA DO
RESULTADO
→ Competência para a ação penal por crime de falso testemunho é do juízo deprecado.
→ Conexão em processo penal: casos de concurso de pessoas, infrações praticadas para facilitar ou
ocultar outras, prova de uma infração influir na prova de outra.
→ Continência em processo penal: casos de pessoas acusadas pela mesma infração e de concurso
formal de delitos.
→ Competência em casos de conexão e continência: crime mais grave -> maior número de infrações ->
prevenção.
→ Súmula 224 – STJ: Excluído do feito o ente federal, cuja presença levara o Juiz Estadual a declinar
da competência, deve o Juiz Federal restituir os autos e não suscitar conflito.
→ A incompetência, relativa ou absoluta, pode ser reconhecida de ofício pelo juiz de 1º grau. Já o
tribunal só pode reconhecer a incompetência, tanto relativa quanto absoluta, se houver recurso da
acusação ou recurso de ofício.
→ Compete à justiça estadual processar e julgar agente público estadual acusado da prática do delito
de dispensa ilegal de licitação, não sendo suficiente para atrair a competência da justiça federal a
existência de repasse de verbas em decorrência de convênio da União com o estado-membro.
→ Para que o crime de tráfico internacional de drogas seja julgado pela Justiça Federal deve atender
aos seguintes requisitos: Que o crime esteja previsto em Tratado ou Convenção Internacional e
iniciada a execução no País e internacionalidade territorial do resultado relativamente à conduta
delituosa.
→ "A conexão não determina a reunião dos processos, se um deles já foi julgado" (Súmula 235 STJ).
1. MPU (membros
que atuam no
Tribunal –
Membros dos: chamados de
STJ Governadores Ninguém Tribunais Estaduais procuradores
(Art. 101 da CF) e Federais regionais);
2. Os conselheiros
do Tribunal de
contas do Estado;
Todos os
membros do MP
Prefeitos Deputados Juízes Estaduais de
Estadual
TJ (Art. 29, X, CF) Estaduais 1º Grau
(Promotor/Procur
ador).
TRF Prefeitos Deputados Juízes Federais de 1º Membros do MPU
(Art. 108 da CF) (Súmula 702 – STF) Estaduais Grau (1º Grau)
→ Crimes dolosos contra a vida – competência do Tribunal do Júri. Crimes de menor potencial
ofensivo (de até 2 anos) – competência dos Juizados Especiais Criminais.
→ Infrações ocorridas em navios ou aeronaves serão julgadas pela Justiça Federal. Viagens nacionais
(competência do lugar em que o avião ou navio parar primeiro após a consumação do crime); Viagens
Internacionais (competência do local de saída ou do de chegada).
→ Navios e aeronaves de natureza pública: integram o Brasil independente de onde estejam. Navios e
aeronaves de natura privada: de bandeira brasileira (quando estiverem transitando território nacional
e alto mar), de bandeira estrangeira (apenas quando estiverem transitando o território nacional).
→ Direito de passagem inocente: acoberta eventuais infrações cometidas em navios que estão apenas
transitando em nosso mar territorial e que vão seguir viagem e não aportaram – mas o crime praticado
não deve ter reflexo no território nacional. Também se aplica a aeronaves.
→ Competência material em razão da pessoa – ratione personae – Foro por prerrogativa de função:
→ Algumas autoridades, em que pese não presidirem ministérios, têm status de ministros e integram
a referência interpretativa primária, possuindo prerrogativa de função, sendo julgadas pelo STF: O
Presidente do Banco Central; Chefe da AGU; Controlador Geral da União; Chefe da Casa Civil –
possuem status de ministro e serão julgados no STF.
→ Se um juiz estadual praticar crime federal ele é julgado no TJ – a regra para o juiz é invariável.
→ Foro por prerrogativa X Deslocamento: as autoridades com foro por prerrogativa no TJ ou no TRF,
ao praticarem crime fora do Estado ou da região, serão julgadas no seu tribunal de origem.
→ Foro por prerrogativa X Júri: segundo o STF, na súmula 721, as autoridades com foro por
prerrogativa encampado na CF não vão à júri, pois serão julgadas no seu Tribunal de origem. O mesmo
não ocorre quando o privilégio é estabelecido apenas na Constituição Estadual.
→ Cidadão comum. Segundo o STF, na súmula 704, não há ofensa às garantias constitucionais quando
o cidadão comum é julgado originariamente perante tribunal, por ter praticado crime com autoridade
que usufrui da prerrogativa de função.
→ 1ª regra: para os crimes, uma vez encerrado o cargo ou mandato, estará encerrado o foro por
prerrogativa de função.
→ 2ª regra: para as ações de improbidade administrativa, não há foro por prerrogativa em nenhum
momento.
→ Para o STF, a renúncia ao mandato na iminência do julgamento caracteriza abuso do direito de
defesa, e será desconsiderada para efeito do deslocamento da competência.
→ Segundo o STF, quando o réu da improbidade é ministro do STF, a ação tramitará no próprio STF e
não perante o juízo de primeiro grau.
→ Se o prefeito desvia a verba de origem federal e que foi integralizada ao patrimônio do município, a
competência para julga-lo é do TJ. Por sua vez, se a verba foi meramente administrada pelo município
estando sujeita à prestação de contas à órgão federal, a competência será do TRF (Súmulas 208 e 209,
STJ).
→ No júri, os jurados possuem competência funcional para analisar a imputação fática, votando os
quesitos. Ao passo que ao juiz presidente, compete aplicar a lei confeccionando a sentença de forma
vinculada aos quesitos.
→ Os atos decisórios praticados por um juiz relativamente incompetente serão declarados nulos,
todavia, os atos instrutórios, os atos de prova, podem ser aproveitados perante o juízo competente
(art. 567, CPP). Já se a nulidade é ocasionada pela incompetência absoluta, nenhum ato será
aproveitado perante o juízo competente.
→ O magistrado incompetente pode se transformar em competente, desde que o vício não seja
arguido oportunamente. Esse fenômeno é conhecido como prorrogação da competência.
→ Apenas a competência territorial (ratione loci) é relativa e, portanto, admite prorrogação desde
que o vício seja arguido oportunamente.
→ Justiça Especial prevalece sobre a comum. EXCEÇÃO: justiça militar – não se aplicam as regras de
conexão e continência (caso de separação obrigatória de processos).
→ O Júri prevalece sobre os demais órgãos. O júri é o órgão prevalente, julgando os crimes dolosos
contra a vida e todas as infrações comuns eventualmente conexas.
→ Órgãos da mesma justiça e de mesma hierarquia concorrendo - Ex.: SP – Juiz Estadual de 1º Grau
/Campinas – Juiz Estadual de 1º Grau:
1ª) Prevalece o juiz que atua no local da consumação do crime mais grave (o que vale é a pena em
abstrato);
2ª) Se os crimes têm a mesma gravidade, prevalece o juiz que atua no local da consumação do maior
número de infrações;
3ª) Por sua vez, se os delitos têm a mesma gravidade e a mesma quantidade por comarca, prevalece o
juiz prevento.
→ Compete à Justiça Estadual (e não à Justiça Federal) processar e julgar ação penal na qual se
apurem infrações penais decorrentes da tentativa de abertura de conta corrente mediante a
apresentação de documento falso em agência do Banco do Brasil (BB) localizada nas dependências de
agência da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT) que funcione como Banco Postal. STJ. 3ª
Seção. CC 129.804-PB, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 28/10/2015 (Info 572).
→ Compete à justiça federal processar e julgar o crime de redução à condição análoga à de escravo
(art. 149 do CP). O tipo previsto no art. 149 do CP caracteriza-se como crime contra a organização do
trabalho e, portanto, atrai a competência da justiça federal (art. 109, VI, da CF/88). STF. Plenário. RE
459510/MT, rel. orig. Min. Cezar Peluso, red. p/ o acórdão Min. Dias Toffoli, julgado em 26/11/2015 (Info
809).
→ A desclassificação do crime doloso contra a vida para outro de competência do juiz singular
promovida pelo Conselho de Sentença em plenário do Tribunal do Júri, mediante o reconhecimento
da denominada cooperação dolosamente distinta (art. 29, § 2º, do CP), não pressupõe a elaboração de
quesito acerca de qual infração menos grave o acusado quis participar. Assim, não há falar em
ocorrência de nulidade absoluta no julgamento pelo Tribunal do Júri, por ausência de quesito
obrigatório, na hipótese em que houve a efetiva quesitação acerca da tese da desclassificação, ainda
que sem indicação expressa de qual crime menos grave o acusado quis participar.
Afastada pelos jurados a intenção do réu em participar do delito doloso contra a vida em razão da
desclassificação promovida em plenário, o juiz natural da causa não é mais o Tribunal do Júri, não
competindo ao Conselho de Sentença o julgamento do delito, e sim ao juiz presidente do Tribunal do
Júri, nos termos do que preceitua o art. 492, § 1º, primeira parte, do CPP. STJ. 6ª Turma. REsp 1.501.270-
PR, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, julgado em 1º/10/2015 (Info 571).
→ Súmula 528-STJ: Compete ao juiz federal do local da apreensão da droga remetida do exterior pela
via postal processar e julgar o crime de tráfico internacional. STJ. 3ª Seção. Aprovada em 13/05/2015,
DJe 18/05/2015
→ Constatado o trânsito em julgado de duas decisões condenando o agente pela prática de um único
crime – a primeira proferida por juízo estadual absolutamente incompetente e a segunda proferida
pelo juízo federal constitucionalmente competente –, a primeira condenação deve ser anulada caso se
verifique que nela fora imposta pena maior do que a fixada posteriormente.
#CAIUEMPROVA #DEFENSORIA:
→ Art.125, § 4º. Compete à Justiça Militar estadual processar e julgar os militares dos Estados, nos
crimes militares definidos em lei e as ações judiciais contra atos disciplinares militares, ressalvada a
competência do júri quando a vítima for civil, cabendo ao tribunal competente decidir sobre a perda
do posto e da patente dos oficiais e da graduação das praças.
→ Até a EC 45/04, que acrescentou esse §4º, a competência era da JM; a partir de então, passou para a
JE comum. Mas ver que, se o crime for de homicídio culposo, permanece a competência da JM.
→ A competência por prerrogativa de função cessa quando encerrado o exercício funcional que a
justificava, ainda que se trate de magistrado ou membro do Ministério Público.
→ Súmula 209 STJ - Compete a Justiça Estadual processar e julgar prefeito por desvio de verba
transferida e incorporada ao patrimônio municipal.
→ (DPE/SP – 2013): Nos casos de conexão de natureza objetiva, em que exista a presença de crimes
para os quais estão previstos ritos processuais diferentes, deverá ser adotado o procedimento mais
abrangente, em observância aos postulados do contraditório e da ampla defesa.
→ O julgamento de contravenções penais não cabe à Justiça Federal de 1º GRAU. Assim, alguém que
tenha foro por prerrogativa de função no TRF, caso pratique alguma contravenção será julgado no
TRF e não ao TJ.
Será facultativa a separação dos processos quando as infrações tiverem sido praticadas em
circunstâncias de tempo ou de lugar diferentes, ou, quando pelo excessivo número de acusados e
para não lhes prolongar a prisão provisória, ou por outro motivo relevante, o juiz reputar conveniente
a separação.
→ STF Súmula nº 706 - É relativa a nulidade decorrente da inobservância da competência penal por
prevenção.
→ Não sendo conhecido o lugar da infração, a competência regular-se-á pelo domicílio ou residência
do réu.
→ O princípio do juiz natural, instituído ratione personae e ratione materiae, configura hipótese de
competência absoluta, inafastável por vontade das partes processuais, somente se admitindo a sua
flexibilização por oportunidade da aplicação de norma constitucional.
→ Na sessão plenária do procedimento do júri popular, quando desclassificado o delito pelo conselho
de sentença para outro de competência do juiz singular, é o próprio juiz presidente do tribunal do júri
aquele que deverá proferir a sentença.
→ A competência fixada pela circunstância de duas ou mais pessoas serem acusadas pela mesma
infração é determinada pela continência
→ No que se refere à aplicação das regras de conexão e continência, os institutos da transação penal
e da composição dos danos civis, aplicam-se na reunião de processos tanto perante o juízo comum
quanto o tribunal do júri.
QUADRO RESUMO:
Info 715/STF - Conflito de competência e crimes Info 511/STJ - DIREITO PROCESSUAL PENAL.
conexos COMPETÊNCIA. CONTRAVENÇÃO PENAL
A 2ª Turma denegou habeas corpus e reconheceu
a competência da justiça federal para processar e É da competência da Justiça estadual o
julgar crimes de estupro e atentado violento ao julgamento de contravenções penais, mesmo
pudor, conexos com crimes de pedofilia e que conexas com delitos de competência da
pornografia infantil de caráter transnacional. Justiça Federal.
Info 532/STJ - DIREITO PROCESSUAL PENAL. Info 520/STJ - DIREITO PROCESSUAL PENAL.
DEFINIÇÃO DA COMPETÊNCIA PARA APURAÇÃO COMPETÊNCIA PARA PROCESSAR E JULGAR
DA PRÁTICA DO CRIME PREVISTO NO ART. 241 ACUSADO DE CAPTAR E ARMAZENAR, EM
DO ECA. COMPUTADORES DE ESCOLAS MUNICIPAIS,
VÍDEOS PORNOGRÁFICOS, ORIUNDOS DA
Não tendo sido identificado o responsável e o INTERNET, ENVOLVENDO CRIANÇAS E
local em que ocorrido o ato de publicação de ADOLESCENTES.
imagens pedófilo-pornográficas em site de
relacionamento de abrangência internacional, Compete à Justiça Comum Estadual processar
competirá ao juízo federal que primeiro tomar e julgar acusado da prática de conduta
conhecimento do fato apurar o suposto crime de criminosa consistente na captação e
publicação de pornografia envolvendo criança ou armazenamento, em computadores de escolas
adolescente (art. 241 do ECA). Por se tratar de municipais, de vídeos pornográficos oriundos
site de relacionamento de abrangência da internet, envolvendo crianças e
internacional – que possibilita o acesso dos dados adolescentes.
constantes de suas páginas, em qualquer local do
mundo, por qualquer pessoa dele integrante –
deve ser reconhecida, no que diz respeito ao
crime em análise, a transnacionalidade necessária
à determinação da competência da Justiça
Federal.
Compete à Justiça Federal processar e julgar os
crimes consistentes em disponibilizar ou adquirir
material pornográfico envolvendo criança ou
adolescente (arts. 241, 241-A e 241-B do ECA),
quando praticados por meio da rede mundial de
computadores (internet). STF. Plenário. RE
628624/MG, Rel. Orig. Min. Marco Aurélio, Red. p/
o acórdão Min. Edson Fachin, julgado em 28 e
29/10/2015 (repercussão geral) (Info 805). A
competência territorial é da Seção Judiciária do
local onde o réu publicou as fotos, não
importando o Estado onde se localize o servidor
do site: STJ. CC 29.886/SP, julgado em 12/12/2007.
Info 518/STJ - DIREITO PROCESSUAL PENAL. Compete à Justiça Estadual – e não à Justiça
COMPETÊNCIA PARA PROCESSAR E JULGAR Federal – o julgamento de ação penal em que
ESTELIONATO PRATICADO MEDIANTE FRAUDE se apure a possível prática de sonegação de
PARA A CONCESSÃO DE APOSENTADORIA. ISSQN pelos representantes de pessoa jurídica
privada, ainda que esta mantenha vínculo com
No caso de ação penal destinada à apuração de entidade da administração indireta federal.
estelionato praticado mediante fraude para a Resulta prejuízo apenas para o ente
concessão de aposentadoria, é competente o tributante, pessoa jurídica diversa da União –
juízo do lugar em que situada a agência onde no caso de ISSQN, Municípios ou DF. (STJ, 3ª
inicialmente recebido o benefício, ainda que este, Seção, 2013)
posteriormente, tenha passado a ser recebido em
agência localizada em município sujeito a
jurisdição diversa. Segundo o art. 70 do CPP, a
competência será, em regra, determinada pelo
lugar em que se consumar a infração, o que, em
casos como este, ocorre no momento em que
recebida a indevida vantagem patrimonial. Assim,
embora tenha havido a posterior transferência do
local de recebimento do benefício, a competência
já restara fixada no lugar em que consumada a
infração. CC 125.023-DF, Rel. Min. Marco Aurélio
Bellizze, julgado em 13/3/2013. 3ª Seção.
A Justiça Federal é a competente para processar STJ Súmula 42: Compete à Justiça Comum
e julgar os crimes de roubo praticados contra Estadual processar e julgar as causas cíveis em
carteiro da Empresa Brasileira de Correios e que é parte sociedade de economia mista e os
Telégrafos (ECT) no exercício de sua função, com crimes praticados em seu detrimento.
fulcro no disposto do art. 109, IV, da CF. Segundo
ponderou o Min. Relator, não obstante os
objetos subtraídos pertencerem a particulares,
no momento do cometimento da infração, eles se
encontravam sob a guarda e responsabilidade da
ECT. Logo, o delito de roubo teria atingido, de
forma direta, bens, serviços e interesses da
empresa pública federal. Destacou-se que, tanto
no crime de furto quanto no de roubo, o sujeito
passivo não é apenas o proprietário da coisa
móvel, mas também o possuidor e,
eventualmente, até mesmo o mero detentor.
(STJ, 2011)
Compete à Justiça Federal processar e julgar as Crime de concussão praticado por médico em
ações penais relativas a desvio de verbas hospital credenciado ao SUS. Justiça Estadual.
originárias do Sistema Único de Saúde (SUS),
independentemente de se tratar de valores
repassados aos Estados ou Municípios por meio
da modalidade de transferência “fundo a fundo”
ou mediante realização de convênio. Isso porque
há interesse da União na regularidade do repasse
e na correta aplicação desses recursos, que,
conforme o art. 33, § 4º, da Lei 8.080/1990, estão
sujeitos à fiscalização federal, por meio do
Ministério da Saúde e de seu sistema de
auditoria. Cabe ressaltar, a propósito, que o fato
de os Estados e Municípios terem autonomia
para gerenciar a verba destinada ao SUS não
elide a necessidade de prestação de contas ao
TCU, tampouco exclui o interesse da União na
regularidade do repasse e na correta aplicação
desses recursos. Súmula 208 do STJ. (STJ, 3ª
Seção, 2013)
STJ Súmula 151 - A competência para o processo e Compete à justiça estadual o julgamento de
julgamento por crime de contrabando ou ação penal em que se apure crime de esbulho
descaminho define-se pela prevenção do Juízo possessório efetuado em terra de propriedade
Federal do lugar da apreensão dos bens. do Incra na hipótese em que a conduta delitiva
não tenha representado ameaça à titularidade
do imóvel e em que os únicos prejudicados
tenham sido aqueles que tiveram suas
residências invadidas. Nessa situação, inexiste
lesão a bens, serviços ou interesses da União,
o que exclui a competência da justiça federal,
não incidindo o disposto no art. 109, IV, da CF.
(STJ, 3ª Seção, 2013)
STJ Súmula 122 – Compete à Justiça Federal o Crime cometido contra consulado estrangeiro.
processo e julgamento unificado dos crimes Justiça Estadual.
conexos de competência federal e estadual, não
se aplicando a regra do art. 78, II, "a", do Código
de Processo Penal.
STJ Súmula 165 – Compete à Justiça Federal Crime de dano cometido contra bens
processar e julgar crime de falso testemunho tombados. Se o bem foi tombado por um
cometido no processo trabalhista. Estado-membro, competência da Justiça
Estadual.
Crime de dano cometido contra bens tombados. STJ Súmula 209 - Compete à Justiça Estadual
Se o bem foi tombado pela União, competência processar e julgar prefeito por desvio de verba
da Justiça Federal. transferida e incorporada ao patrimônio
municipal.
STJ Súmula 208 - Compete à Justiça Federal STJ Súmula 73 - A utilização de papel moeda
processar e julgar prefeito municipal por desvio grosseiramente falsificado configura, em tese,
de verba sujeita a prestação de contas perante o crime de estelionato, da competência da
órgão federal. Justiça Estadual.
STJ Súmula 147 - Compete à Justiça Federal A competência para processar e julgar crimes
processar e julgar os crimes praticados contra praticados contra a honra de promotor de
funcionário público federal, quando relacionados justiça do Distrito Federal no exercício de suas
com o exercício da função. funções é da Justiça comum do DF, visto que,
embora organizado e mantido pela União, o
Ministério Público do Distrito Federal e
Territórios não é órgão federal. Isso porque o
MPDFT faz parte da estrutura orgânica do DF,
entidade política equiparada aos estados-
membros (art. 32, § 1º, da CF). (STJ, 3ª Seção,
2012)
Compete à Justiça Federal processar e julgar a Após o cancelamento da súmula 91, o STJ
conduta daquele que, por meio de pessoa jurídica firmou o entendimento, em vários acórdãos,
instituída para a prestação de serviço de de que, quando não há evidente lesão a bens,
factoring, realize, sem autorização legal, a serviços ou interesse da União, autarquias ou
captação, intermediação e aplicação de recursos empresas públicas (art. 109 da CF), compete à
financeiros de terceiros, sob a promessa de que Justiça estadual, de regra, processar e julgar
estes receberiam, em contrapartida, rendimentos crime contra a fauna, visto que a proteção ao
superiores aos aplicados no mercado. Isso meio ambiente constitui matéria de
porque a referida conduta se subsume, em competência comum à União, aos estados, aos
princípio, ao tipo do art. 16 da Lei 7.492/1986 (Lei municípios e ao Distrito Federal (art. 23, VI e
dos Crimes contra o Sistema Financeiro VII, da CF). (STJ, 2011)
Nacional), consistente em fazer “operar, sem a
devida autorização, ou com autorização obtida
mediante declaração falsa, instituição financeira,
inclusive de distribuição de valores mobiliários ou
de câmbio”.
Compete à Justiça Federal o julgamento de crime Na espécie, o réu foi surpreendido trazendo
consistente na apresentação de Certificado de consigo, dentro de uma mochila, um tablete
Registro e Licenciamento de Veículo (CRLV) falso de maconha e certa quantidade de dinheiro
à Polícia Rodoviária Federal. (STJ, 3ª Seção, 2013) aparentemente falso. Sustentou-se que,
embora os fatos tenham sido descobertos na
mesma circunstância temporal e praticados
pela mesma pessoa, os delitos em comento
não guardam qualquer vínculo probatório ou
objetivo entre si – a teor do disposto no art.
76, II e III, do CPP. Logo, deve o processo ser
desmembrado para que cada juízo processe e
julgue o crime de sua respectiva competência.
(STJ, 3ª Seção, 2012)
STJ Súmula 200 - O Juízo Federal competente STJ Súmula 104 - Compete à Justiça Estadual o
para processar e julgar acusado de crime de uso processo e julgamento dos crimes de
de passaporte falso é o do lugar onde o delito se falsificação e uso de documento falso relativo
consumou. a estabelecimento particular de ensino.
STJ Súmula 62: Compete à Justiça Estadual STJ Súmula 140 - Compete à Justiça Comum
processar e julgar o crime de falsa anotação na Estadual processar e julgar crime em que o
Carteira de Trabalho e Previdência Social, indígena figure como autor ou vítima.
atribuído à empresa privada. [SUPERADO]
Compete à Justiça Federal – e não à Justiça Compete à Justiça Comum Estadual processar
Estadual – processar e julgar ação penal referente e julgar acusado da prática de conduta
aos crimes de calúnia e difamação praticados no criminosa consistente na captação e
contexto de disputa pela posição de cacique em armazenamento, em computadores de escolas
comunidade indígena. (STJ, 3ª Seção, 2013) municipais, de vídeos pornográficos oriundos
da internet, envolvendo crianças e
adolescentes.
No crime de publicação de pornografia e não STF Súmula 498 - Compete a justiça dos
tendo sido identificado o responsável e o local estados, em ambas as instâncias, o processo e
em que ocorrido o ato de publicação de imagens o julgamento dos crimes contra a economia
pedófilo-pornográficas em site de popular.
relacionamento de abrangência internacional,
competirá ao juízo federal que primeiro tomar
conhecimento do fato apurar o suposto crime em
face de criança ou adolescente (art. 241 do ECA).
(STJ, 3ª Seção, 2013)
→ Súmula 546 – STJ: A competência para processar e julgar o crime de uso de documento falso é
firmada em razão da entidade ou órgão ao qual foi apresentado o documento público, não
importando a qualificação do órgão expedidor. STJ. 3ª Seção. Aprovada em 14/10/2015, DJe 19/10/2015.
→ SÚMULA 48 – STJ: Compete ao juízo do local da obtenção da vantagem ilícita processar e julgar
crime de estelionato cometido mediante falsificação de cheque.
→ SÚMULA 244 – STJ: Compete ao foro do local da recusa processar e julgar o crime de estelionato
mediante cheque sem provisão de fundos.
→ Súmula 702 – STF: “A competência do Tribunal de Justiça para julgar prefeitos restringe-se aos
crimes de competência da Justiça comum estadual; nos demais casos, a competência originária caberá
ao respectivo Tribunal de segundo grau”
→ Súmula 703 – STF: “A extinção do mandato do prefeito não impede a instauração de processo pela
prática dos crimes previstos no art. 1.º do Dec.-lei 201/67”.
→ Súmula 704 – STF: A jurisdição de maior hierarquia prevalece sobre a de menor. Se o cidadão
comum pratica crime com uma autoridade, ambos serão julgados em processo único no Tribunal
competente para julgar a autoridade (que tiver foro por prerrogativa de função).
→ Súmula 122 – STJ: Compete à Justiça Federal o processo e julgamento unificado dos crimes conexos
de competência federal e estadual, não se aplicando a regra do art. 78, II, “a”, do Código de Processo
Penal.
→ SÚMULA VINCULANTE 45: "A competência constitucional do tribunal do júri prevalece sobre o foro
por prerrogativa de função estabelecido exclusivamente pela constituição estadual."
→ SÚMULA 244: Compete ao foro do local da recusa processar e julgar o crime de estelionato
mediante cheque sem provisão de fundos.
→ SÚMULA 107: Compete à Justiça Comum Estadual processar e julgar crime de estelionato praticado
mediante falsificação das guias de recolhimento das contribuições previdenciárias, quando não
ocorrente lesão a autarquia federal.
#OBJETODEQUESTÃO:
→ Crimes da competência do tribunal do júri são definidos pelo local da ação/omissão (teoria da
atividade), para fins de possibilitar uma melhor colheita de provas, já que, mais facilmente localizadas
onde a ação/omissão foi realizada (exceção à teoria do resultado, adotada pelo CPP).
→ Súmula 147 - STJ - Ementa: Compete à justiça federal processar e julgar os crimes praticados contra
funcionário público federal, quando relacionados com o exercício da função.
→ Crime tentado: a competência será do lugar onde foi praticado o último ato de execução.
→ Nos crimes contra o sistema financeiro e a ordem econômico-financeira, a legislação ordinária irá
determinar as hipóteses em que a competência para julgamento será federal.
→ #IMPORTANTE – No que tange crimes ambientais, somente haverá competência da Justiça Federal
se, no caso concreto, for comprovado o interesse direto e específico da União ou de suas entidades.
Vejamos alguns exemplos:
→ Havendo déficit de vagas, deverá determinar-se: (i) a saída antecipada de sentenciado no regime
com falta de vagas; (ii) a liberdade eletronicamente monitorada ao sentenciado que sai
antecipadamente ou é posto em prisão domiciliar por falta de vagas; (iii) o cumprimento de penas
restritivas de direito e/ou estudo ao sentenciado que progride ao regime aberto; d) Até que sejam
estruturadas as medidas alternativas propostas, poderá ser deferida a prisão domiciliar ao
sentenciado. STF. Plenário. RE 641320/RS, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 11/5/2016 (repercussão
geral) (Info 825).
→ Art. 295. § 2o Não havendo estabelecimento específico para o preso especial, este será recolhido
em cela distinta do mesmo estabelecimento. (Incluído pela Lei nº 10.258, de 11.7.2001) (SE NÃO TEM A
CELA ESPECIAL, SERÁ CABÍVEL A PRISÃO DOMICILIAR).
→ A prisão domiciliar é um tipo especial de prisão que substitui a preventiva quando estão presentes
os requisitos dos arts. 312 e 313, mas, por alguma particularidade do acusado, ele não pode se
submeter ao gravame do cárcere.
→ Art. 318. Poderá o juiz substituir a prisão preventiva pela domiciliar quando o agente for: I - maior de
80 (oitenta) anos; II - extremamente debilitado por motivo de doença grave; III - imprescindível aos
cuidados especiais de pessoa menor de 6 (seis) anos de idade ou com deficiência; IV - gestante; V -
mulher com filho de até 12 (doze) anos de idade incompletos; VI - homem, caso seja o único
responsável pelos cuidados do filho de até 12 (doze) anos de idade incompletos
# OBS.: A prisão domiciliar não deve ser concedida quando a prisão preventiva for a única hipótese a
tutelar, com eficiência, situação de evidente e imperiosa necessidade da prisão cautelar.
#ATENÇÃO #IMPORTANTE – EMENDATIO LIBELLI: Por esse instituto, o juiz na pronúncia, sem
nenhuma formalidade prévia (ouvir promotor ou defesa), promoverá, na pronúncia, o enquadramento
nos artigos de lei adequados, em razão de eventuais equívocos existentes na inicial acusatória. Art.
383 CPP
→ EMENDATIO LIBELLI: modificação, pelo juiz, da capitulação jurídica dada ao fato na inicial
acusatória. PROCEDIMENTO: sem ouvir as partes, o magistrado altera o tipo penal, ainda que a pena
do novo delito seja mais grave.
#QUESTÕES: 1) O juiz pode promover a correção no momento que recebe a denúncia? NÃO! Quem
tem poder para enquadrar no artigo de lei correto no momento da deflagração da denúncia é o
promotor (sistema acusatório). A capitulação errada não torna a denúncia inepta. Nesse momento a
capitulação não é importante.
2) O juiz pode promover a correção na pronúncia, ficando comprovado que o caso é de infanticídio?
SIM! O juiz vai pronunciar a ré pelo fato e não pela capitulação. Para isso o juiz não precisa ouvir nem
acusação nem a defesa. EMENDATIO LIBELLI.
→ Nas AÇÕES PENAIS PÚBLICAS, o reconhecimento, pelo juiz, de circunstância agravante na sentença
penal condenatória, não delineada expressamente na peça acusatória, exsurgida da instrução
processual, independe de pedido expresso da parte acusatória e da submissão ao mutatio libelli.
→ Segundo o STF, não cabe ao juiz na fase de recebimento da denúncia, ou de seu aditamento, alterar
a classificação jurídica indicada pelo Ministério Público, que é o titular da ação penal. No caso de o
magistrado não concordar com a definição jurídica do fato, poderá corrigi-la ao proferir a sentença,
ocasião em que poderá haver a emendatio libelli ou a mutatio libelli (arts. 383 e 384 do CPP).
→ É o instituto que permite uma readequação da imputação quando a instrução revela que os fatos
realmente ocorridos são distintos dos narrados na inicial, sendo que as partes irão se manifestar para
que só então o juiz possa pronunciar o réu.
→ O instituto é aplicável no primeiro grau, afinal é na audiência de instrução que as provas revelam a
nova realidade fática. ADVERTÊNCIA: Para o STF, na súmula 453, não haverá mutatio na fase recursal,
para que não ocorra supressão de instância. Nada impede que o processo seja declarado nulo (Renato
discorda. Ele diz que o réu deve ser absolvido), com a correspondente reconstrução e readequação da
imputação.
#CONCLUSÃO: O juiz não poderá reconhecer qualificadoras ou causas de aumento, que não tenham
sido narradas (os fato, pois pode dar capitulação diversa) na denúncia, sem antes aplicar o art. 384.
PROCEDIMENTO RELATIVO AO TRIBUNAL DO JÚRI
→ Súmula 191 STJ: A pronúncia é causa interruptiva da prescrição, ainda que o tribunal do júri venha a
desclassificar o crime.
→ O julgamento não será adiado pelo não comparecimento do acusado solto, do assistente ou do
advogado do querelante, que tiver sido regularmente intimado.
→ O assistente somente será admitido se tiver requerido sua habilitação até 5 (cinco) dias antes da
data da sessão na qual pretenda atuar.
→ Súmula 712 – STF: É nula a decisão que determina o desaforamento de processo da competência do
júri sem audiência da defesa.
→ INF STJ 524: Não configura ilegalidade a determinação do Juiz-Presidente do Tribunal do Júri que
estabeleça a proibição de retirada dos autos por qualquer das partes, inclusive no caso de réu
assistido pela Defensoria Pública, nos cinco dias que antecedam a realização da sessão de julgamento.
→ No júri, o julgamento não será adiado pelo não comparecimento do acusado solto, do assistente ou
do advogado do querelante, que tiver sido regularmente intimado.
→ Durante os debates as partes não poderão, sob pena de nulidade, fazer referências: I - à decisão de
pronúncia, às decisões posteriores que julgaram admissível a acusação ou à determinação do uso de
algemas como argumento de autoridade que beneficiem ou prejudiquem o acusado; II - ao silêncio do
acusado ou à ausência de interrogatório por falta de requerimento, em seu prejuízo.
→ Súmula 206 STF: É nulo o julgamento ulterior pelo júri com a participação de jurado que funcionou
em julgamento anterior do mesmo processo.
→ INF STJ 564: Anulação da decisão absolutória do júri em razão da contrariedade com as provas dos
autos. Ainda que a defesa alegue que a absolvição se deu por clemência do Júri, admite-se, mas desde
que por uma única vez, o provimento de apelação fundamentada na alegação de que a decisão dos
jurados contrariou manifestamente à prova dos autos (art. 593, III, "d", do CPP).
→ Nos processos do tribunal do júri, não havendo prova do crime ou inexistentes indícios suficientes
de autoria, o juiz deve, fundamentadamente, impronunciar o acusado, decisão à qual se aplica a
qualidade da coisa julgada formal.
#OBJETODEQUESTÃO:
→ Nula a sentença de pronúncia por ausência de fundamentação quando não há referência a qualquer
elemento concreto mínimo quanto à autoria do fato e presença das qualificadoras.
#CAIUEMPROVA #DEFENSORIA:
→ É, em tese, constitucional uma lei que atribua ao Júri a competência para julgar os crimes contra o
patrimônio, além dos dolosos contra a vida.
→ A decisão sobre a incidência ou não das agravantes e atenuantes alegadas nos debates será do Juiz-
presidente, no momento de prolação da sentença.
→ Caso o Tribunal de Justiça, em sede de apelação, determine a realização de novo júri em razão do
reconhecimento de que a decisão dos jurados fora manifestamente contrária à prova dos autos, não é
possível que se conceda às partes o direito de inovar no conjunto probatório mediante a apresentação
de novo rol de testemunhas a serem ouvidas em plenário.
→ A defesa poderá interpor, no prazo de 20 (vinte) dias, recurso em sentido estrito da decisão que
incluir jurado na lista geral ou desta o excluir, sendo de 2 (dois) dias o prazo para o oferecimento das
respectivas razões.
RECURSOS
→ Recurso de ofício: I - da sentença que conceder habeas corpus; II - da que absolver desde logo o réu
com fundamento na existência de circunstância que exclua o crime ou isente o réu de pena; III - da
decisão que concede reabilitação.
→ Cabe RESE (5 dias + 2 para razões) contra decisão: que conclui pela incompetência do juízo; que
julga procedentes as exceções, salvo a de suspeição (cabe apelação); que envolve fiança; que decreta
a prescrição ou outro modo de extinção da punibilidade; que concede ou nega HC; que envolve
suspensão condicional da pena ou livramento condicional; que denega apelação ou a julga deserta;
que decide o incidente de falsidade; que envolve medida de segurança.
→ Nos crimes de competência do Tribunal do Júri, ou do juiz singular, se da sentença não for
interposta apelação pelo Ministério Público no prazo legal, o ofendido ou qualquer das pessoas
enumeradas no art. 31, ainda que não se tenha habilitado como assistente, poderá interpor apelação,
que não terá, porém, efeito suspensivo. O prazo para interposição desse recurso será de 15 DIAS e
correrá do dia em que terminar o do Ministério Público.
→ São cabíveis embargos infringentes contra decisão do STF que tiver condenado o réu em processo
de competência originária daquela Corte, desde que tenha havido, no mínimo, quatro votos
divergentes.
→ Súmula 355 STF: Em caso de embargos infringentes parciais, é tardio o recurso extraordinário
interposto após o julgamento dos embargos, quanto à parte da decisão embargada que não fora por
eles abrangida. Essa súmula tem aplicação apenas no processo penal.
→ A revisão poderá ser requerida em qualquer tempo, antes da extinção da pena ou após.
→ Prevalece que o MP não tem legitimidade para ajuizar revisão criminal, mesmo que em favor do
acusado. Trata-se de instrumento exclusivo da defesa. MP pode impetrar HC.
→ Dar-se-á carta testemunhável (prazo de 48h): I - da decisão que denegar o recurso (salvo
denegação de apelação, que provoca RESE); II - da que, admitindo embora o recurso, obstar à sua
expedição e seguimento para o juízo ad quem.
→ A carta testemunhável não terá efeito suspensivo.
→ Segundo preceito expresso no CPP, todos os prazos do processo devem ser contínuos e
peremptórios, não se interrompendo por férias, domingo ou dia feriado.
→ A contagem do prazo se inicia com o ingresso dos autos na Promotoria. Firmou-se a compreensão
de que o prazo deve começar a fluir, para o Ministério Público, da data da entrada dos autos naquele
órgão
→ O Ministério Público não possui prazo em dobro para recorrer na esfera do processo penal, ao
contrário do que ocorre no processo civil, quando age na condição de parte.
→ Nem sempre a inobservância dos prazos acarreta preclusão, pois, por exemplo, ainda que o
defensor apresente alegações finais por memoriais após o prazo de 05 dias previsto no CPP, sua peça
de defesa deverá ser analisada por se tratar de peça de defesa obrigatória.
→ A decisão judicial que, em sede da ação de habeas corpus, reconheça, de forma expressa, que o
fato investigado evidentemente não constitui crime ou que a punibilidade do agente está extinta por
qualquer razão, é impugnável por meio de recurso em sentido estrito.
→ A decisão que julga o pedido de restituição de coisas apreendidas é impugnável por meio
de apelação.
→ A apresentação das razões de apelação fora do prazo legal constitui mera irregularidade, não
caracterizando a intempestividade do recurso.
→ Segundo a jurisprudência, a extensão do recurso de apelação se mede pela interposição e não pelas
razões recursais.
→ O recurso de apelação das decisões do júri é vinculado. Isto significa que o julgamento da apelação
fica condicionado aos motivos da sua interposição. Súmula 713, STF: O efeito devolutivo da apelação
contra decisões do júri é adstrito aos fundamentos da sua interposição.
→ O réu e seu defensor, seja este constituído ou dativo, segundo a jurisprudência pacífica, têm a
prerrogativa de intimação pessoal para o julgamento da apelação, em razão do princípio
constitucional da ampla defesa, não obstante o disposto no art. 392, CPP.
→ No direito processual penal vige o princípio da voluntariedade dos recursos, conforme expresso no
art.574, "caput", CPP, que também é aplicável ao defensor público e ao advogado dativo.
→ O único critério legal para a fixação do valor mínimo da indenização na sentença penal é o prejuízo
sofrido pela vítima, em nada influenciando a situação de pobreza ou hipossuficiência do condenado.
Artigo 387, IV, CPP: Art. 387. O juiz, ao proferir sentença condenatória: (Vide Lei nº 11.719, de 2008) (...)
IV - fixará valor mínimo para reparação dos danos causados pela infração, considerando os prejuízos
sofridos pelo ofendido;
→ Contra a decisão que rejeita a denúncia de crime de menor potencial ofensivo, caberá a
interposição de recurso de apelação.
#NOVIDADE LEGISLATIVA: Nos Juizados Especiais, a oposição de embargos de declaração pode ser
feita oralmente e INTERROMPE o prazo recursal. O Novo CPC alterou a lei dos juizados especiais, que
diziam que os embargos de declaração suspendiam o prazo para outros recursos. Agora, não há mais
diferença entre o regramento dos juizados e do CPC – o prazo é interrompido em ambos.
→ O agravo interposto contra decisão monocrática do Ministro Relator no STF e STJ, em recursos ou
ações originárias que versem sobre matéria penal ou processual penal NÃO obedece às regras no
novo CPC. Isso significa que o prazo deste agravo é de 5 dias, nos termos do art. 39 da Lei nº 8.038/90
(não se aplicando o art. 1.070 do CPC/2015); este prazo é contado em dias corridos, conforme prevê o
art. 798 do CPP (não se aplicando a regra da contagem em dias úteis do art. 219 do CPC/2015). STF.
Decisão monocrática. HC 134554 Rcon, Rel. Min. Celso de Mello, julgado em 10/06/2016 (Info 830). STJ.
3ª Seção. AgRg na Rcl 30.714/PB, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 27/04/2016. STJ. 3ª
Seção. AgRg nos EDcl nos EAREsp 316.129-SC, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em
25/5/2016 (Info 585).
#CAIUEMPROVA #DEFENSORIA:
REVISÃO CRIMINAL
→ A Doutrina admite revisão criminal em face da sentença absolutória imprópria, já que, a despeito de
não se tratar de sentença condenatória (como exige o art. 621 do CPP), trata-se de sentença com
efeitos, por vezes, mais graves que os de uma sentença condenatória, pois se aplica medida de
segurança ao “absolvido”.
Assim, aquele que foi absolvido mediante sentença absolutória imprópria TEM INTERESSE DE AGIR
para o manejo da revisão criminal, pois eventual decisão favorável trará algum benefício ao
requerente.
→ Os tribunais superiores não mais têm admitido o manejo do habeas corpus originário como meio de
impugnação substitutivo da interposição de recurso ordinário constitucional.
→ A revisão criminal, que é um dos aspectos diferenciadores do mero direito à defesa e do direito à
ampla defesa, este caracterizador do direito processual penal, tem por finalidade o reexame do
processo já alcançado pela coisa julgada, de forma a possibilitar ao condenado a absolvição, a melhora
de sua situação jurídica ou a anulação do processo.
→ A revisão criminal se presta às hipóteses taxativas do art. 626 do CPP: "Julgando procedente a
revisão, o tribunal poderá alterar a classificação da infração, absolver o réu, modificar a pena ou anular
o processo."
→ O pedido de progressão de regime encontra lastro na Lei de Execuções Penais (art. 66) e deve ser
dirigido ao juiz das execuções por simples petição nos autos:
→ É incabível a ordem concessiva de habeas corpus quando já extinta a pena privativa de liberdade,
ou contra decisão condenatória somente a pena de multa ou, ainda, em relação a processo em curso
por infração penal a que a pena pecuniária seja a única cominada.
→ Segundo entendimento sumulado do STF, não há crime quando a preparação do flagrante pela
polícia torna impossível a sua consumação.
→ Art. 5º, § 4º - O inquérito, nos crimes em que a ação penal pública depender de representação, não
poderá sem ela ser iniciado.
→ A sentença penal absolutória que decidir que o fato imputado ao acusado não constitui crime não
impede a propositura da ação civil.
→ Não haverá nulidade quando a defesa não apresenta alegações finais no rito do júri na fase anterior
à pronúncia, pois constitui faculdade a apresentação dessas alegações, já que a defesa pode,
estrategicamente, reservar para plenário suas argumentações para não adiantar a tese defensiva que
pretende utilizar.
→ A nulidade por ilegitimidade do representante da parte poderá ser sanada a qualquer tempo,
mediante ratificação dos atos processuais.
→ A revisão criminal pode ser requerida pelo próprio réu, em qualquer tempo, antes ou após a
extinção da pena.
→ Na revisão criminal, não será devida a justa indenização pelos prejuízos sofridos se o erro da
condenação proceder de ato imputável ao próprio impetrante, como, por exemplo, a confissão.
→ Havendo conexão entre crimes da competência do Juizado Especial e do Juízo Penal Comum,
prevalece a competência deste.
Reunidos então os processos (os de competência comum e o de pequeno potencial ofensivo), o juiz
competente para atuar no julgamento do crime comum deve zelar pela aplicação dos institutos da
transação penal e da composição dos danos civis, ao crime de pequeno potencial ofensivo.
Deverá o Ministério Público, oferecer denúncia em relação aos delitos de competência do juízo
comum e em relação ao crime de menor potencial ofensivo, propor a transação penal, nos termos do
art. 76 da lei 9.099/95.
→ Revisão Criminal: A via adequada para nova tomada de declarações da vítima com vistas à
possibilidade de sua retratação é o pedido de justificação (art. 861 do CPC 1973 / art. 381, § 5º do CPC
2015), ainda que ela já tenha se retratado por escritura pública.
→ O STJ decidiu que o Tribunal pode, a qualquer momento e de ofício, desconstruir acórdão de
revisão criminal que, de maneira fraudulenta, tenha absolvido o réu, quando, na verdade, o
posicionamento que prevaleceu na sessão de julgamento foi pelo indeferimento do pleito revisional.
A publicação intencional de acórdão ideologicamente falso – que não retrata, em nenhum aspecto, o
julgamento realizado – com o objetivo de beneficiar uma das partes, mesmo após o trânsito em
julgado, não pode reclamar a proteção de nenhum instituto do sistema processual (coisa julgada,
segurança jurídica, etc.) – INFO 55.
HABREAS CORPUS
→ Art. 652. Se o habeas corpus for concedido em virtude de nulidade do processo, este será
renovado.
→ STF INF 747: A pessoa, sem ter capacidade postulatória, impetra um HC e este é negado. Essa
mesma pessoa poderá ingressar com recurso contra a decisão? Para se interpor o recurso contra a
decisão denegatória do HC, a capacidade postulatória também é dispensada? 1ª Turma do STF: SIM; 2ª
Turma do STF e STJ: NÃO.
→ STF INF 735: Contra a denegação de habeas corpus por Tribunal Superior prevê a Constituição
Federal remédio jurídico expresso, o recurso ordinário. Diante da dicção do art. 102, II, a, da
Constituição da República, a impetração de novo habeas corpus em caráter substitutivo escamoteia o
instituto recursal próprio, em manifesta burla ao preceito constitucional.
→ Súmula 606 STF: Não cabe habeas corpus originário para o Tribunal Pleno de decisão de turma, ou
do plenário, proferida em habeas corpus ou no respectivo recurso. OBS: a turma decide o HC em
nome do tribunal. O Pleno não é instância superior.
→ STF INF 729: Não se conhece de habeas corpus ou de recurso ordinário em habeas corpus perante o
STF quando, da decisão monocrática de Ministro do STJ que não conhece ou denega o habeas corpus,
o impetrante não interpõe agravo regimental. É necessário que primeiro o paciente esgote, no
tribunal a quo (no caso, o STJ), as vias recursais ainda cabíveis (no caso, o agravo regimental).
→ Não cabe HC para se discutir se houve dolo eventual ou culpa consciente em homicídio praticado na
direção de veículo automotor. 17/5/2016 (Info 826).
→ Dosimetria da pena e negativa de autoria não são aferíveis por meio de HC, em razão das restrições
ao exame fático e probatório.
→ STF INF 734: A SV 14 (É direito do defensor, no interesse do representado, ter acesso amplo aos
elementos de prova que, já documentados em procedimento investigatório realizado por órgão com
competência de polícia judiciária, digam respeito ao exercício do direito de defesa) não pode ser
aplicada para os casos de sindicância, que objetiva elucidar o cometimento de infrações
administrativas.
Pela simples leitura da súmula percebe-se que a sindicância não está incluída em seu texto já que não
se trata de procedimento investigatório realizado por órgão com competência de polícia judiciária.
→ Súmula 344 STF: Sentença de primeira instância concessiva de "habeas corpus", em caso de crime
praticado em detrimento de bens, serviços ou interesses da União, está sujeita a recurso "ex officio".
→ Súmula 208 STF: O assistente do Ministério Público não pode recorrer, extraordinariamente, de
decisão concessiva de "habeas corpus".
→ O habeas corpus não é meio processual adequado para o apenado obter autorização de visita de
sua companheira no estabelecimento prisional. STF. 2ª Turma. HC 127685/DF, Rel. Min. Dias Toffoli,
julgado em 30/6/2015 (Info 792) E 24/5/2016 (Info 827).
#CAIUEMPROVA #DEFENSORIA:
→ Poderá o Ministro Relator, em analogia à lei processual civil, conceder, de forma monocrática, a
ordem pleiteada no habeas corpus impetrado em desfavor de decisão contrária à súmula ou
jurisprudência dominante de Tribunal Superior.
→ Partindo do pressuposto que o HC pode ser impetrado por qualquer pessoa, não há necessidade de
se remeter os autos à Defensoria Pública para ser conhecido pelo Judiciário. Mas apenas uma
observação: na prática forense, se o HC em causa própria estiver incompreensível (pelas mais diversas
razões), o magistrado ordena a remessa dos autos à Defensoria Pública, que a partir daí prestará a
devida assistência jurídica, em respeito à garantia constitucional da ampla defesa.
→ Cessado o alegado constrangimento ilegal, tem-se por prejudicado, por perda de objeto, o habeas
corpus. STJ, REsp 570.839/RS, Rel. Ministro HUMBERTO MARTINS, SEGUNDA TURMA, julgado em
05/03/2009.
→ STF – Súmula 695: Não cabe habeas corpus quando já extinta a pena privativa de liberdade.
→ STF – Súmula nº 696: Reunidos os pressupostos legais permissivos da suspensão condicional do
processo, mas se recusando o Promotor de Justiça a propô-la, o Juiz, dissentindo, remeterá a questão
ao Procurador-Geral, aplicando-se por analogia o art. 28 do Código de Processo Penal.
→ STJ – Súmula 455: “A decisão que determina a produção antecipada de provas com base no artigo
366 do CPP deve ser concretamente fundamentada, não a justificando unicamente o mero decurso do
tempo”
→ STF – Súmula 693: Não cabe habeas corpus contra decisão condenatória a pena de multa, ou
relativo a processo em curso por infração penal a que a pena pecuniária seja a única cominada.
→ STF – Súmula nº 705: A renúncia do réu ao direito de apelação, manifestada sem a assistência do
defensor, não impede o conhecimento da apelação por este interposta.
→ Juiz negou pedido da Defensoria Pública para adiar audiência de instrução considerando que,
naquela data, o Defensor Público que fazia a assistência jurídica do réu já possuía audiência marcada
em outra comarca. O magistrado, diante da ausência do Defensor, designou defensor dativo para
acompanhar o réu na audiência. O STF entendeu que não houve violação aos princípios da ampla
defesa e do "Defensor Público natural" considerando que:
a) o inciso VI do art. 4º da LC 80/94 não garante exclusividade à Defensoria para atuar nas causas em
que figure pessoa carente;
b) o indeferimento do pedido da defesa não causou prejuízo ao réu, já que o defensor dativo teve
entrevista prévia reservada com o acusado e formulou perguntas na audiência, participando
ativamente do ato processual;
c) a impossibilidade de a Defensoria atuar na comarca não acarreta direito à redesignação dos atos
processuais designados. STF. 2ª Turma. HC 123494/ES, Rel. Min. Teori Zavascki, julgado em 16/2/2016
(Info 814).
CRIME ORGANIZADO
#IMPORTANTE #ATENÇÃO:
Art. 3º Em qualquer fase da persecução penal, serão permitidos, sem prejuízo de outros já previstos
em lei, os seguintes meios de obtenção da prova:
I - colaboração premiada;
VI - afastamento dos sigilos financeiro, bancário e fiscal, nos termos da legislação específica;
VIII - cooperação entre instituições e órgãos federais, distritais, estaduais e municipais na busca de
provas e informações de interesse da investigação ou da instrução criminal.
Art. 4º O juiz poderá, a requerimento das partes, conceder o perdão judicial, reduzir em até 2/3 (dois
terços) a pena privativa de liberdade ou substituí-la por restritiva de direitos daquele que tenha
colaborado efetiva e voluntariamente com a investigação e com o processo criminal, desde que
dessa colaboração advenha um ou mais dos seguintes resultados:
I - a identificação dos demais coautores e partícipes da organização criminosa e das infrações penais
por eles praticadas;
IV - a recuperação total ou parcial do produto ou do proveito das infrações penais praticadas pela
organização criminosa;
§ 4º Nas mesmas hipóteses do caput, o Ministério Público poderá deixar de oferecer denúncia se o
colaborador:
§ 5º Se a colaboração for posterior à sentença, a pena poderá ser reduzida até a metade ou será
admitida a progressão de regime ainda que ausentes os requisitos objetivos.
§ 6º O juiz não participará das negociações realizadas entre as partes para a formalização do acordo
de colaboração, que ocorrerá entre o delegado de polícia, o investigado e o defensor, com a
manifestação do Ministério Público, ou, conforme o caso, entre o Ministério Público e o investigado
ou acusado e seu defensor.
§ 14. Nos depoimentos que prestar, o colaborador renunciará, na presença de seu defensor, ao
direito ao silêncio e estará sujeito ao compromisso legal de dizer a verdade.
Art. 8º Consiste a ação controlada em retardar a intervenção policial ou administrativa relativa à ação
praticada por organização criminosa ou a ela vinculada, desde que mantida sob observação e
acompanhamento para que a medida legal se concretize no momento mais eficaz à formação de
provas e obtenção de informações.
§ 3º A infiltração será autorizada pelo prazo de até 6 (seis) meses, sem prejuízo de eventuais
renovações, desde que comprovada sua necessidade.
→ Art. 2º, § 2º As penas aumentam-se até a metade se na atuação da organização criminosa houver
emprego de arma de fogo.
→ Colaboração premiada: perdão judicial, redução de 2/3 ou substituição por restritiva de direitos.
→ Ação controlada: exige comunicação prévia, mas não autorização prévia. Na lei de drogas e na de
lavagem, exige-se autorização prévia.
→ Infiltração de agentes: agente de polícia (proibido particular, ABIN ou SISBIN); exige autorização
judicial; as condutas do agente infiltrado estão protegidas pela excludente de culpabilidade da
inexigibilidade de conduta diversa.
→ Lei 12.694: em processos ou procedimentos que tenham por objeto crimes praticados por
organizações criminosas, o juiz de primeiro grau poderá decidir pela formação de colegiado para a
prática de qualquer ato processual; decisão fundamentada; o colegiado será formado pelo juiz do
processo e por 2 (dois) outros juízes escolhidos por sorteio eletrônico dentre aqueles de competência
criminal em exercício no primeiro grau de jurisdição; as decisões do colegiado, devidamente
fundamentadas e firmadas, sem exceção, por todos os seus integrantes, serão publicadas sem
qualquer referência a voto divergente de qualquer membro.
1. Antes da Lei 12.850/13, não existia a previsão de tipo penal incriminador para Organizações
Criminosas. Era inaplicável a Convenção de Palermo para tipificar crime ou cominar pena.
2. A diferença entre o crime de Organização Criminosa e Associação Criminosa está, dentre outras
características, na quantidade de agentes necessários e na necessidade de divisão de tarefas e
organização estruturalmente ordenada.
3. O acordo sobre a colaboração premiada jamais poderá ser feito na presença do Juiz, sob pena de
violação à imparcialidade.
4. O réu que colaborar poderá ter direito aos seguintes benefícios: Redução da pena em até dois
terços; substituição por PRD; não oferecimento da denúncia; e redução da pena até a metade ou
progressão de regime, no caso de colaboração posterior à sentença.
5. O réu que colaborar também renuncia o direito ao silêncio, assumindo o compromisso de dizer a
verdade.
7. A infiltração de agentes é medida excepcional e subsidiária. Somente poderá ser decretada após
autorização judicial, que definirá os seus limites. O agente precisa consentir com a infiltração.
8. A lei prevê a possibilidade de interceptação ambiental, que em regra não precisa de autorização
judicial. Não confundir com interceptação telefônica.
9. A ação controlada não requer autorização judicial. Por outro lado, necessita de prévia comunicação
ao juízo competente.
10. O acordo da delação premiada não pode ser impugnado por terceiro (STF).
LEI DE DROGAS
→ No artigo 35, há a previsão de associação para o tráfico àquele que pratica reiteradamente ou
não, qualquer dos crimes previstos nos arts. 33, caput e § 1º e 34 da lei.
→ A jurisprudência do STJ estabeleceu que não se aplica a causa de diminuição prevista no art. 33, § 4º,
da Lei n. 11.343/2006, aos condenados pelo crime de associação para o tráfico, haja vista que esse fato
evidencia a dedicação à atividade criminosa (cf. EDcl no AgRg no AREsp 438943 / GO EMBARGOS DE
DECLARAÇÃO NO AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL 2013/0381521-5,
publicado em 02/10/2014).
→ O indivíduo foi preso em flagrante pela prática do crime de tráfico de drogas. O magistrado
concedeu liberdade provisória com a fixação de 2 salários-mínimos de fiança. Como não foi paga a
fiança, o indivíduo permaneceu preso. A Defensoria Pública impetrou habeas corpus e o STF deferiu a
liberdade provisória em favor do paciente com dispensa do pagamento de fiança. Os Ministros
afirmaram que era injusto e desproporcional condicionar a expedição do alvará de soltura ao
recolhimento da fiança. Segundo entendeu o STF, o réu não tinha condições financeiras de arcar com
o valor da fiança, o que se poderia presumir pelo fato de ser assistido pela Defensoria Pública, o que
pressuporia sua hipossuficiência. Assim, não estando previstos os pressupostos do art. 312 do CPP e
não tendo o preso condições de pagar a fiança, conclui-se que nada justifica a manutenção da prisão
cautelar. STF. 1ª Turma. HC 129474/PR, Rel. Min. Rosa Weber, julgado em 22/9/2015 (Info 800)
→ Crimes de tráfico de entorpecentes: circunstâncias inerentes à conduta criminosa não podem, sob
pena de bis in idem, justificar o aumento da reprimenda.
→ STF: A circunstância judicial – mal causado pelo tóxico – valorada negativamente pelo juízo
sentenciante é ínsita à conduta delituosa, incorporada ao próprio tipo penal, não podendo, pois, ser
utilizada como elemento hábil a proporcionar a majoração da reprimenda, sob pena de indesejado bis
in idem.
→ O intuito de obter lucro fácil também está contido na conduta de comercializar a droga, de modo
que não cabe invocá-lo para o fim de majorar a pena-base, ante a possibilidade de, novamente,
incorrer-se em bis in idem.
→ Ainda que o réu comprove o exercício de atividade profissional lícita, se, de forma concomitante,
ele se dedicava a atividades criminosas, não terá direito à causa especial de diminuição de pena
prevista no art. 33, § 4º, da Lei nº 11.343/2006 STJ.12/4/2016 (Info 582).
→ Art. 41. O indiciado ou acusado que colaborar voluntariamente com a investigação policial e o
processo criminal na identificação dos demais co-autores ou partícipes do crime e na recuperação
total ou parcial do produto do crime, no caso de condenação, terá pena reduzida de um terço a dois
terços. OBS: Não há previsão de perdão judicial, como nas organizações criminosas.
→ Art. 42. O juiz, na fixação das penas, considerará, com preponderância sobre o previsto no art. 59
do Código Penal, a natureza e a quantidade da substância ou do produto, a personalidade e a
conduta social do agente.
→ Inquérito policial na lei de drogas: 30 + 30 (preso); 90 + 90 (solto).
→ Art. 46. As penas podem ser reduzidas de 1/3 a 2/3 se, por força das circunstâncias previstas no art.
45 desta Lei, o agente não possuía, ao tempo da ação ou da omissão, a plena capacidade de entender
o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento (semi-
imputabilidade).
→ Art. 53. Em qualquer fase da persecução criminal relativa aos crimes previstos nesta Lei, são
permitidos, além dos previstos em lei, mediante autorização judicial e ouvido o Ministério Público, os
seguintes procedimentos investigatórios:
→ Art. 55. Oferecida a denúncia, o juiz ordenará a notificação do acusado para oferecer defesa
prévia, por escrito, no prazo de 10 (dez) dias.
→ Art. 60, § 2º Provada a origem lícita do produto, bem ou valor, o juiz decidirá pela sua liberação.
→ A condenação por porte de drogas para consumo próprio (art. 28 da Lei 11.343/2006) transitada em
julgado gera reincidência. Isso porque a referida conduta foi apenas despenalizada pela nova Lei de
Drogas, mas não descriminalizada (abolitio criminis).
→ Ao usuário não se imporá prisão em flagrante, devendo o autor do fato ser imediatamente
encaminhado ao juízo competente ou, na falta deste, assumir o compromisso de a ele comparecer,
lavrando-se termo circunstanciado e providenciando-se as requisições dos exames e perícias
necessários.
→ Súmula 522 – STF: Salvo ocorrência de tráfico com o exterior, quando, então, a competência será
da Justiça Federal, compete à Justiça dos Estados o processo e o julgamento dos crimes relativos a
entorpecentes.
→ "Conduzir embarcação ou aeronave após o consumo de drogas, expondo a dano potencial a
incolumidade de outrem". Não há previsão, na lei de drogas, da condução de veículo automotor.
→ STJ INF 543: Se o agente leva a droga em transporte público, mas não a comercializa dentro do
meio de transporte, incidirá essa majorante? NÃO. Exige-se que haja efetiva comercialização no
transporte público. É a posição do STF e do STJ.
→ #IMPORTANTE – É possível a utilização de inquéritos policiais e/ou ações penais em curso para
formação da convicção de que o réu se dedica a atividades criminosas, de modo a afastar o benefício
legal previsto no art. 33, § 4º, da Lei n.º 11.343/2006. STJ. 3ª Seção. EREsp 1.431.091-SP, Rel. Min. Felix
Fischer, julgado em 14/12/2016 (Info 596).
→ A natureza e a quantidade da droga podem ser utilizadas para aumentar a pena-base e também
para afastar o tráfico privilegiado?
→ STJ INF 541: Não se aplica o princípio da insignificância para o crime de posse/porte de droga para
consumo pessoal (art. 28 da Lei nº 11.343/2006). Para o STJ, não é possível afastar a tipicidade material
do porte de substância entorpecente para consumo próprio com base no princípio da insignificância,
ainda que ínfima a quantidade de droga apreendida. STF tem julgado isolado de 2012 aplicando o
princípio.
Na prática, o que muda para o réu condenado por tráfico privilegiado (art. 33, § 4º, da LD)? Podemos
apontar três mudanças principais:
#IMPORTANTE – INF STF 721: Existem precedentes do STF aplicando o benefício do tráfico privilegiado
às mulas.
1) O tráfico de drogas é crime de ação múltipla e a prática de um dos verbos contidos no art.
33, caput, é suficiente para a consumação da infração, sendo prescindível a realização de atos de
venda do entorpecente.
2) É possível que a causa de diminuição estabelecida no art. 33, § 4º, da Lei n. 11.343/06 seja fixada em
patamar diverso do máximo de 2/3, em razão da qualidade e da quantidade de droga apreendida.
3) O juiz pode fixar regime inicial mais gravoso do que aquele relacionado unicamente com
o quantum da pena ao considerar a natureza ou a quantidade da droga.
4) A Lei n. 11.343/06 aboliu a majorante da associação eventual para o tráfico prevista no artigo 18, III,
primeira parte, da Lei n. 6.368/76.
5) A incidência de mais de uma causa de aumento prevista no art. 40 da Lei n. 11.343/06 não implica a
automática majoração da pena acima do mínimo (2/3) na terceira fase, pois a sua exasperação exige
fundamentação concreta.
6) O art. 40 da Lei n. 11.343/06 conferiu tratamento mais favorável às causas especiais de aumento de
pena, devendo ser aplicado retroativamente aos delitos cometidos sob a égide da Lei n. 6.368/76.
7) Não acarreta bis in idem a incidência simultânea das majorantes previstas no art. 40 aos crimes de
tráfico de drogas e de associação para fins de tráfico, porquanto são delitos autônomos, cujas penas
devem ser calculadas e fixadas separadamente.
8) Não há bis in idem na aplicação da causa de aumento de pena pela transnacionalidade (art. 40, I, da
Lei n. 11.343/06) com as condutas de importar e exportar previstas no caput do art. 33 da Lei de
Drogas, porquanto o simples fato de o agente trazer consigo a droga já conduz à configuração da
tipicidade formal do crime de tráfico.
10) Para a incidência da majorante prevista no art. 40, V, da Lei n. 11.343/06 é desnecessária a efetiva
transposição de fronteiras entre estados, sendo suficiente a demonstração inequívoca da intenção
de realizar o tráfico interestadual.
11) A inobservância do rito procedimental que prevê a apresentação de defesa prévia antes do
recebimento da denúncia gera nulidade relativa desde que demonstrados eventuais prejuízos
suportados pela defesa.
13) A posse de substância entorpecente para uso próprio configura crime doloso e, quando cometido
no interior do estabelecimento prisional constitui falta grave, nos termos do art. 52 da Lei de
Execução Penal LEP (Lei n. 7.210/84).
14) A comprovação da materialidade do delito de posse de drogas para uso próprio (artigo 28 da Lei
n.11.343/06) exige a elaboração de laudo de constatação da substância entorpecente que evidencie a
natureza e a quantidade da substância apreendida.
15) O laudo pericial definitivo atestando a ilicitude da droga afasta eventuais irregularidades do
laudo preliminar realizado na fase de investigação.
→ Para que possa falar em tráfico internacional de drogas, é indispensável que a droga apreendida no
Brasil também seja considerada ilícita no país de origem (ou de destino). Do contrário, ter-se-á mero
tráfico interno, de competência da Justiça Estadual.
→ Não é possível aplicar nenhuma medida socioeducativa que prive a liberdade do adolescente
(internação ou semiliberdade) caso ele tenha praticado um ato infracional análogo ao delito do art. 28
da Lei de Drogas.
STF: Não. Caracteriza bis in idem considerar, na terceira etapa do cálculo da pena do crime de tráfico
ilícito de entorpecentes, a natureza e a quantidade da substância ou do produto apreendido, quando
essas circunstâncias já tiverem sido apontadas na fixação da pena-base, ou seja, na primeira etapa da
dosimetria, para graduação da minorante prevista no art. 33, § 4º, da Lei 11.343/2006. E quanto ao
momento para a consideração da referida majoração na dosimetria da pena? Prevaleceu o
entendimento de que o momento adequado ficaria ao talante do magistrado no caso concreto, ou
seja, poderá recair tanto na primeira fase ou como na terceira fase, obedecendo ao princípio da
individualização da pena (art. 42 da Lei 11.343/06). Atualmente, a partir desse entendimento, dúvidas
não há mais que a consideração da quantidade e natureza da droga apreendida na primeira e terceira
fase da dosimetria revela um bis in idem (acolhido no Pacto de São José da Costa Rica). HC 112776/MS,
rel. Min. Teori Zavascki, 19.12.2013. (HC-112776); HC 109193/MG, rel. Min. Teori Zavascki, 19.12.2013.(HC-
109193)
→ A natureza e a quantidade da droga podem ser utilizadas para aumentar a pena-base e também
para afastar o tráfico privilegiado?
→ É o réu que deve provar que a droga apreendida seria para consumo próprio? STF: Não. Cabe à
acusação.
→ O crime de porte de drogas para uso próprio é contado para fins de reincidência? STJ: Sim.
→ Por qual crime responde o agente que se autofinancia para o tráfico? Se o agente financia ou
custeia o tráfico, mas não pratica nenhum verbo do art. 33: responderá apenas pelo art. 36 da Lei de
Drogas. Se o agente, além de financiar ou custear o tráfico, também pratica algum verbo do art. 33:
responderá apenas pelo art. 33 c/c o art. 40, VII da Lei de Drogas (não será condenado pelo art. 36).
STJ. 6ª Turma. REsp 1.290.296-PR, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, julgado em 17/12/2013 (Info
534).
→ INF 745 STF: Não é possível o deferimento de indulto o réu condenado por tráfico de drogas (por
ser equiparado a crime hediondo), ainda que tenha sido aplicada a causa de diminuição prevista no art.
33, § 4º, da Lei 11.343/2006 (traficante privilegiado).
→ Segundo o STF e o STJ, homicídio qualificado privilegiado (ex: valor moral ou social) não é
hediondo. E o Tráfico Privilegiado? Com o novo posicionamento do STF o tráfico privilegiado NÃO é
mais considerado crime hediondo.
→ DOSIMETRIA DA PENA EM TRÁFICO DE DROGAS: a quantidade da droga não pode ser usada para
aumentar a pena-base do réu e também para afastar o tráfico privilegiado, ou para, reconhecendo-se
o direito do benefício, conceder ao réu uma menor redução de pena. Haveria bis in idem. Contudo, é
possível utilizar a NATUREZA da droga para majorar a pena base e a QUANTIDADE para afastar o
privilégio.
→ O crime de associação para o tráfico de drogas, previsto no art. 35 da Lei 11.343/2006, não é
hediondo nem equiparado. No entanto, mesmo assim, o prazo para se obter o livramento condicional
é de 2/3 porque este requisito é exigido pelo parágrafo único do art. 44 da Lei de Drogas.
CRIMES HEDIONDOS
→ Segundo a corrente majoritária, reincidente específico em crimes hediondos é aquele que pratica
dois crimes do gênero hediondo ou equiparado. (Ex: Estupro + Latrocínio).
1.1) Todos os crimes hediondos estão previstos no CP, salvo o genocídio, que encontra previsão na Lei
nº 2.889/56 e o terrorismo, que se encontra previsto na Lei 13.260/16. Assim, não cabe crime hediondo
militar.
2) Conforme precedente recente do STF, o tráfico privilegiado (art. 33, §4º da Lei 11.343/06) não é mais
considerado crime hediondo. Superada a Súmula 512 do STJ.
3) A Lei dos crimes hediondos veda a concessão de: a) anistia, graça e indulto; e b) fiança. OBS: Tortura
é a única exceção, pois admite indulto.
7) Progressão de regime:
7.1) Crime cometido antes da Lei 11.464/07: o período é de 1/6. (Súmula 471 STJ).
7.2) Crime cometido após a Lei 11.464/07: o período é de 2/5 se o réu for primário e 3/5 se for
reincidente específico.
8) Pode haver a realização do exame criminológico, entretanto, ele não é obrigatório para a
progressão de regime e deve ser devidamente fundamentado. (Súmula Vinculante 26).
10) A Lei dos Crimes Hediondos traz hipótese de delação premiada. No crime de extorsão mediante
sequestro, o coautor que denunciar a "quadrilha ou bando", facilitando a libertação do sequestrado,
será beneficiado com causa de diminuição de pena, que variará de 1/3 a 2/3.
CRIMES AMBIENTAIS
Assim como no CP, as penas restritivas de direitos são autônomas e substituem as privativas de
liberdade para as pessoas físicas, tendo a mesma duração da pena constituída. Essa regra só não vai
valer para a pena de interdição temporária de direitos, que tem um prazo diferenciado.
I - multa;
II - restritivas de direitos;
a) Multa: O quantitativo da multa será determinado pela gravidade da conduta e pela situação
financeira da empresa, por aplicação dos arts. 18 e 6º, III, da LCA. Se aplicada no patamar máximo, e
revelar-se ineficaz, poderá ser aumentada em até três vezes, tendo em vista o valor da vantagem
econômica auferida.
b) Penas Restritivas de Direito: No que diz respeito as penas restritivas de Direito, estas se dividem
em:
Art. 23. A prestação de serviços à comunidade pela pessoa jurídica consistirá em:
1) A Jurisprudência não adota mais o sistema da dupla imputação, ou, imputação paralela. Assim, é
possível a responsabilização da pessoa jurídica independentemente da responsabilização da pessoa
física que agia em seu nome.
3) No CP é admitida a substituição da pena privativa de liberdade de crimes com pena de até 4 anos
(nos crimes dolosos). No caso de crimes dolosos aqui, a pena deve ser inferior a 4 anos. Além disso, a
culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e a personalidade do condenado, bem como os
motivos e as circunstâncias do crime indicarem que a substituição seja suficiente para efeitos de
reprovação e prevenção do crime.
4) A reincidência nos crimes ambientais, por si só, não é suficiente para impedir que o agente tenha
direito à substituição de pena.
5) As penas restritivas de direito aplicáveis às pessoas físicas são: Prestação de serviços à comunidade;
interdição temporária de direitos; suspensão parcial ou total de atividades; prestação pecuniária e
recolhimento domiciliar.
6) Já as penas aplicáveis às pessoas jurídicas são: multa; penas restritiva de direito e prestação de
serviços à comunidade.
6.1) As penas restritivas de direito aplicáveis às pessoas jurídicas são: suspensão parcial ou total de
atividades; interdição temporária de estabelecimento, obra ou atividade; proibição de contratar com o
Poder Público, bem como dele obter subsídios, subvenções ou doações.
8) Para que haja a transação penal, é necessária uma prévia composição do dano ambiental atestada
pelo laudo competente, ressalvada a impossibilidade de fazê-lo.
9) A suspensão condicional da pena pode ser aplicada nos casos de condenação a pena privativa de
liberdade não superior a três anos.
10) Somente haverá competência da Justiça Federal se, no caso concreto, for comprovado o
interesse direto e específico da União ou de suas entidades. Atenção ao que diz a Jurisprudência!
LAVAGEM DE DINHEIRO
→ A lavagem de dinheiro consiste num complexo de operações, composto de três fases (ocultação,
dissimulação, integração), realizados com a finalidade específica de mascarar a origem ilícita de
determinados bens, tornando-os aparentemente lícitos.
→ STF: A simples movimentação de bens com o intuito de utilizá-los, mas sem o dolo de ocultá-los,
não configuraria delito autônomo.
→ É crime formal, assim, basta a prática da ação típica para a sua consumação.
→ A Lei brasileira de lavagem é considerada uma Lei de terceira geração ao combate da lavagem de
capitais:
→ #IMPORTANTE – JUSTA CAUSA DUPLICADA: Significa que não basta demonstrar a presença de
lastro probatório quanto à ocultação de bens, direitos ou valores, sendo indispensável que a denúncia
também seja instruída com suporte probatório demonstrando que tais valores são provenientes,
direta ou indiretamente, de infração penal (art. 1º, caput, da Lei 9.613/98, com redação dada pela Lei
12.683/12). Ou seja, requer-se lastro probatório mínimo quanto à lavagem e quanto à infração
antecedente.
1. Pontos principais:
→ A factoring não integra o Sistema Financeiro Nacional nem necessita de autorização do Banco
Central para funcionar.
● #IMPORTANTE – Caso uma empresa de factoring realize, sem autorização legal, a captação,
intermediação e aplicação de recursos financeiros de terceiros, sob a promessa de que estes
receberiam, em contrapartida, rendimentos superiores aos aplicados no mercado, tal empresa deverá
ser submetida aos tipos penais dos crimes contra o SFN.
→ Os crimes contra o SFN possuem hipótese específica de prisão preventiva em razão da magnitude
da lesão causada.
2. Crimes em espécie:
Art. 6º Induzir ou manter em erro, sócio, investidor ou repartição pública competente, relativamente
a operação ou situação financeira, sonegando-lhe informação ou prestando-a falsamente:
Pena - Reclusão, de 2(dois) a 6 (seis) anos, e multa
Art. 16. Fazer operar, sem a devida autorização, ou com autorização obtida mediante declaração
(Vetado) falsa, instituição financeira, inclusive de distribuição de valores mobiliários ou de câmbio:
Pena - Reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
Art. 22. Efetuar operação de câmbio não autorizada, com o fim de promover evasão de divisas do
País:
Pena - Reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa.
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem, a qualquer título, promove, sem autorização legal, a
saída de moeda ou divisa para o exterior, ou nele mantiver depósitos não declarados à repartição
federal competente.
→ Gestão fraudulenta: O agente administra a instituição financeira (ou entidade equiparada)
praticando atos fraudulentos, ou seja, atos que podem gerar engano e prejuízos aos sócios, clientes,
investidores e empregados da instituição, ou, então, aos órgãos de fiscalização. Ex.: omissão
intencional nos registros contábeis de empréstimos efetuados pelo banco.
→ Gestão temerária: O agente administra a instituição financeira (ou entidade equiparada) praticando
atos excessivamente arriscados, irresponsáveis, inconsequentes. Ex.: empréstimo de vultosos valores
a empresa já inadimplente e em situação pré-falimentar.
● A gestão fraudulenta e temerária são crimes próprios. Somente podem ser praticados por
responsável pela gerência de instituição financeira, ou seja, pelas pessoas elencadas no art. 25 da Lei
7.492/86. Nesse caso, é crime próprio. Assim, o agente deverá ser: controlador ou administrador de
instituição financeira (diretores e gerentes) e aqueles a esses equiparados (interventor, liquidante ou
síndico). Podem ser responsabilizados aqueles que atuam por procuração em nome destas pessoas.
● Considerando que a qualidade do sujeito ativo é elementar do delito, embora pessoal, comunica-
se aos partícipes e coautores. Logo, é perfeitamente possível que indivíduo não previsto no rol legal
taxativo do art. 25 figure como sujeito ativo, desde que configurado o concurso de agentes.
→ O agiota não pratica o crime previsto no art. 16 da referida Lei (operação sem autorização), pois ele
trabalha utilizando valores próprios, sem a captação de recursos de terceiros.
→ Evasão de divisas:
#JURISPRUDÊNCIA:
→ #IMPORTANTE – A absolvição quanto ao crime de emissão, oferecimento ou negociação de títulos
fraudulentos (art. 7º da Lei nº 7.492/86) não ilide a possibilidade de condenação por gestão
fraudulenta de instituição financeira.
→ Não há continuidade delitiva entre os crimes do art. 6º da Lei 7.492/86 (Lei dos Crimes contra o
Sistema Financeiro Nacional – Crime de sonegação de informação ou prestação de informação falsa) e
os crimes do art. 1º da Lei 9.613/1998 (Lei dos Crimes de "Lavagem" de Dinheiro). Não incide a regra do
crime continuado na hipótese.
→ Podem ser sujeitos ativos do crime previsto no art. 6º da Lei 7.492/86 (Crime de sonegação de
informação ou prestação de informação falsa) pessoas naturais que se fizeram passar por membro ou
representante de pessoa jurídica que não tinha autorização do BACEN para funcionar como instituição
financeira.
→ Configura o crime do art. 6º da Lei nº 7.492/86 – e não estelionato do art. 171 do CP – a falsa
promessa de compra de valores mobiliários feita por falsos representantes de investidores
estrangeiros para induzir investidores internacionais a transferir antecipadamente valores que diziam
ser devidos para a realização das operações.
→ Nos casos de evasão de divisas praticada mediante operação do tipo "dólar-cabo", não é possível
utilizar o valor de R$ 10 mil como parâmetro para fins de aplicação do princípio da insignificância.
→ Na fixação da pena do crime de evasão de divisas (art. 22, parágrafo único, da Lei nº 7.492/86), o
fato de o delito ter sido cometido por organização criminosa complexa e bem estrutura pode ser
valorado de forma negativa a título de circunstâncias do crime.
→ Os crimes contra a humanidade também conhecidos como crimes lesa-humanidade, são infrações
previstas em Direito Internacional, julgados por Tribunais Internacionais. Em muitos casos, possuem
tipos penais internos que lhe são análogos, mas independem da criminalização interna para sua
caracterização.
→ Os autores de crimes de guerra, de genocídio, crimes contra a paz e a humanidade não são
equiparados aos criminosos políticos, pois tais delitos constituem uma violação não só às normas do
direito interno, mas também, às normas do direito internacional.
→ #IMPORTANTE – A cláusula Martens visa proteger a população civil dos crimes contra a
humanidade. Em uma guerra, os beligerantes devem ter em mente que o conflito não deve envolver a
população civil.
1. Pontos Principais:
→ A competência para o processamento e julgado dos crimes será definida pelo ente tributante.
Nesse caso, será de competência da Justiça Federal quando:
b) Se na mesma conduta forem sonegados tributos estaduais e federais, nos termos do entendimento
Sumulado pelo STJ.
Súmula 122 – STJ: Compete à Justiça Federal o processo e julgamento unificado
dos crimes conexos de competência federal e estadual, não se aplicando a regra
do art. 78, II, “a”, do Código de Processo Penal.
→ Natureza das infrações: No art. 1º da Lei 8.137/90 estão previstos os crimes materiais contra a
ordem tributária, pois nestes existe uma conduta instrumental, que é a fraude, e uma conduta final,
que é a supressão ou alteração do tributo. Não basta que o agente cometa as condutas previstas, pois
elas também exigem o resultado de supressão ou redução de tributo.
OBS: Se o agente sonegar tributos diversos em uma única conduta, restará caracterizado crime único!
→ O delito contra a ordem tributária absorve o estelionato, por ser este um crime meio.
→ Denúncia no crime de sonegação fiscal deve descrever a conduta do denunciado, não bastando
apontar sua condição de sócio ou administrador, sob pena de ser inepta.
● Esse parâmetro vale, a princípio, apenas para os crimes que se relacionam a tributos federais,
considerando que é baseado no art. 20 da Lei n. 10.522/2002, que trata dos tributos federais.
● No cálculo do tributo não deve ser incluído os juros e multa.
#MUITO IMPORTANTE
Súmula Vinculante 24: Não se tipifica crime material contra a ordem tributária,
previsto no art. 1º, incisos I a IV, da Lei nº 8.137/90, antes do lançamento definitivo do
tributo.
A Súmula Vinculante 24 pode ser aplicada para fatos ocorridos antes da sua
vigência?
SIM. Segundo a 1ª Turma do STF. A súmula vinculante não é lei nem ato normativo,
de forma que a SV 24-STF não inovou no ordenamento jurídico. O enunciado
apenas espelhou {demonstrou) o que a jurisprudência já vinha decidindo.
STF. 1ª Turma. RHC 122774/RJ, Rei. Min. Dias Toffoli, julgado em 19/5/2015 (lnfo
786).
→ Nesse caso, parcelamento do crédito tributário acarreta a suspensão da pretensão punitiva, não
podendo haver o oferecimento da denúncia nesse meio tempo. Acarreta também a suspensão do
prazo prescricional.
→ O pedido de parcelamento deve ser feito antes do recebimento da denúncia.
#JURISPRUDÊNCIA:
→ Antes da constituição definitiva do crédito tributário não existe crime de sonegação. Logo, não é
lícito que a autoridade policial inicie investigação para apurar esse fato e não é possível que o juiz
decrete medidas cautelares penais.
→ Em se tratando de infrações penais contra a ordem tributária, a extensão do dano causado pode
ser invocada na 1º fase da dosimetria como critério para exasperação da pena-base, sem que tanto
implique bis in idem.
→ Se o estrangeiro está respondendo a ação penal por crime tributário no exterior, ele poderá ser
extraditado mesmo que ainda não tenha havido a constituição do crédito tributário no país
requerente.
→ O fato de o réu ter omitido o seu nome do quadro societário da empresa com o objetivo de
esconder que era ele quem realmente administrava a empresa pode configurar aumento de pena na
primeira fase da dosimetria sem caracterizar bis in idem.
→ O termo inicial do prazo prescricional da pretensão punitiva do crime previsto no art. 2º, I, da Lei nº
8.137/90 é a data em que a fraude é praticada, e não a data em que ela é descoberta.
CRIMES DE TORTURA
“entender-se-á por tortura todo ato pelo qual são infligidos intencionalmente a uma pessoa penas ou
sofrimentos físicos ou mentais, com fins de investigação criminal, como meio de intimidação, como
castigo pessoal, como medida preventiva, como pena ou com qualquer outro fim. Entender-se-á
também como tortura a aplicação, sobre uma pessoa, de métodos tendentes a anular a
personalidade da vítima, ou a diminuir sua capacidade física ou mental, embora não causem dor
física ou angústia psíquica”.
● Sujeito ativo 1: Empregados ou funcionários públicos que, no exercício de sua função, ordenem a
prática de ato de tortura ou ainda instiguem ou induzem a ele, cometem-no diretamente ou, podendo
impedi-lo, não o façam.
● Sujeito ativo 2: As pessoas que, por instigação dos funcionários ou empregados públicos em
apreço, ordenem sua prática, instiguem ou induzem a ela, cometem-no diretamente ou nele sejam
cúmplices.
● CONCLUSÃO: Para a Convenção Interamericana, o particular pode ser sujeito ativo de tortura sem
que esteja em concurso com um agente público.
→ #IMPORTANTE – No Brasil, a Lei de Tortura (Lei 9.455/97) destoa dos Tratados Internacionais em
dois pontos:
1o – No Brasil o crime de tortura pode figurar como torturador qualquer pessoa, não exigindo a lei a
condição de autoridade do agente. O crime de tortura é tratado como crime comum.
2o – O crime de tortura, em regra, está rotulado nos Tratados como imprescritível. No Brasil, a CF não
prevê a imprescritibilidade deste crime. (art. 5o , XLII e XILV da CF).
#QUADRO RESUMO
Teoria Psicológica da Teoria Psicológica-Normativa Teoria Normativa Pura da
Culpabilidade da Culpabilidade Culpabilidade
Base Causalista Base Neokantista Base Finalista
Culpabilidade: espécies Culpabilidade: –
a) Dolo Não tem espécies
b) Culpa
Culpabilidade: Culpabilidade: Faz com que o dolo e a culpa,
● Imputabilidade ● Imputabilidade que pertenciam à
● Exigibilidade de conduta culpabilidade, migrem para o
diversa FATO TÍPICO, no qual, o dolo é
● Culpa constituído de:
●Dolo normativo: 1) Consciência
1) Consciência 2) Vontade
2) Vontade ● É um dolo despido do
3) Consciência atual da elemento normativo é o
ilicitude (elemento chamado DOLO NATURAL.
normativo). ● O elemento normativo
fica na própria culpabilidade
como potencial consciência da
ilicitude.
Culpabilidade tem como
elementos:
1) Imputabilidade
2) Exigibilidade de conduta
diversa
3) POTENCIAL consciência da
ilicitude.
#RELEMBRE: A teoria normativa pura da culpabilidade se subdivide em outras duas: Extrema/estrita e
Limitada. Para ambas, os elementos da culpabilidade são os mesmos, mudando, tão somente, o
tratamento conferido às descriminantes putativas. O CP adota a Teoria Limitada da Culpabilidade!
(Não confunda com o CPM!).
+ – ou = + ou = –
→ Para a teoria unitária, adotada pelo nosso Código Penal, todo estado de necessidade é justificante,
ou seja, tem a finalidade de eliminar a ilicitude do fato típico praticado pelo agente.
13
Caiu na segunda fase do último concurso da DPU (2015).
Analisemos primeiro o erro de fato vs erro de tipo:
CPM CP
Erro de fato Erro sobre elementos do tipo
#ATENÇÃO: O art. 21, parágrafo único, do CP prevê a hipótese de o agente atuar com dolo, mas sem
consciência da ilicitude. Enquanto que o CP permite a isenção de pena por erro de proibição (exclui a
culpabilidade), no CPM, permite-se, no máximo, a redução da pena.
4. Prescrição no CPM:
O Código Penal Militar, ao contrário do Código Penal, somente prevê duas causas interruptivas
de prescrição. Vejamos o que dispõe o art. 125, §5º:
PONTOS ESPECIAIS
#IMPORTANTE: NÃO é possível aplicar a regra do art. 65, III, "d", do Código Penal comum para os
crimes militares.
3. Prescrição virtual em crimes militares:
→ A prescrição em perspectiva (ou prescrição virtual) não é admitida nos crimes militares, assim como
ocorre também nos crimes comuns.
→ Atenção! Assim como no CP, o CPM também adota a Teoria da Atividade para definir o tempo do
crime.
5.1) Território nacional por extensão: Aeronaves e navios brasileiros, onde quer que se encontrem,
sob comando militar ou militarmente utilizados ou ocupados por ordem legal de autoridade
competente, ainda que de propriedade privada, sendo ressalvada a ampliação aeronaves ou navios
estrangeiros.
2.2) Territorialidade: O CPM aplica-se em todo o território nacional, considerando como parte
integrante deste o solo, o subsolo, o espaço aéreo e o mar territorial brasileiro. Aplica-se também a lei
penal militar ao crime praticado abordo de aeronaves ou de navios estrangeiros, desde que em lugar
sujeito à administração militar, bem como o crime atente contra as instituições militares.
O que define a aplicação do CPM é a tipificação do crime no art. 9º, pouco importando onde foi
praticado e por quem foi praticado. No caso de prática de crime por integrante das Forças Armadas
(Exército, Marinha ou Aeronáutica), cabe o julgamento à Justiça Militar da União (art. 91, CPPM). No
caso de crime praticado por Policial Militar ou membro do Corpo de Bombeiros, cabe o julgamento à
Justiça Militar dos Estados (art. 125, §4º, CF).
→ O autor de um crime militar próprio pode ser preso mesmo sem flagrante delito!
LXI - ninguém será preso senão em flagrante delito ou por ordem escrita e fundamentada de
autoridade judiciária competente, salvo nos casos de transgressão militar ou crime propriamente
militar, definidos em lei;
7. Penas acessórias:
→ As penas acessórias são cumuladas com as penas principais. O CPM não passou pela reforma de 84,
pelo que a aplicação da pena acessória pressupõe a pena principal. Em outras palavras, as penas
acessórias não são penas alternativas aplicadas em substituição às penas privativas de liberdade.
● Para oficiais: (i) perda de posto e patente, (ii) indignidade para o oficialato e (iii) incompatibilidade
com o oficialato.
● Suspensão: (i) poder familiar, tutela ou curatela (no direito penal comum é um efeito específico da
condenação) e (ii) direitos políticos (no direito penal comum é efeito da condenação).
#OBS: O rol de penas acessórias, no direito penal comum, seriam efeitos da condenação.
→ No campo penal militar, o conceito de indigno para o oficialato é legal, estando previsto no art. 100
do Código Penal Militar (CPM).
→ A declaração de indignidade é pena acessória (art. 98, II, CPM) – imprescritível (art.130, CPM), e a
ela ficam sujeitos os oficiais condenados, qualquer que seja a pena, nos crimes de traição, espionagem
ou covardia (arts. 355 a 367 – tempo de guerra) ou em qualquer dos definidos nos artigos:
● 161 (desrespeito a símbolo nacional); 235 (pederastia ou outro ato de libidinagem); 240 (furto
simples); 242 (roubo simples); 243 (extorsão simples); 244 (extorsão mediante sequestro); 245
(chantagem); 251 (estelionato); 252 (abuso de pessoa); 303 (peculato); 304 (peculato mediante
aproveitamento de erro de outrem); 311 (falsificação de documento) e; 312 (falsidade ideológica).
9. Perdão Judicial:
→ Em regra, não há previsão de perdão judicial no CPM: a única exceção refere-se à receptação
culposa.
10. Sursis:
→ Art. 84 - A execução da pena privativa da liberdade, não superior a 2 (dois) anos, pode ser suspensa,
por 2 (dois) anos a 6 (seis) anos, desde que: I - o sentenciado não haja sofrido no País ou no
estrangeiro, condenação irrecorrível por outro crime a pena privativa da liberdade, salvo o disposto no
1º do art. 71; II - os seus antecedentes e personalidade, os motivos e as circunstâncias do crime, bem
como sua conduta posterior, autorizem a presunção de que não tornará a delinquir.
→ Art. 88. A suspensão condicional da pena não se aplica: II - em tempo de paz: a) por crime contra a
segurança nacional, de aliciação e incitamento, de violência contra superior, oficial de dia, de serviço
ou de quarto, sentinela, vigia ou plantão, de desrespeito a superior, de insubordinação, ou de
deserção.
→ Art. 89. O condenado a pena de reclusão ou de detenção por tempo igual ou superior a dois anos
pode ser liberado condicionalmente, desde que: I - tenha cumprido: a) metade da pena, se primário; b)
dois terços, se reincidente; II - tenha reparado, salvo impossibilidade de fazê-lo, o dano causado pelo
crime; III - sua boa conduta durante a execução da pena, sua adaptação ao trabalho e às circunstâncias
atinentes a sua personalidade, ao meio social e à sua vida pregressa permitem supor que não voltará a
delinquir.
→ Crime propriamente militar: É o crime que só pode ser praticado por militar, pois consiste na
violação de deveres que lhe são próprios. Trata-se da infração específica e funcional do militar.
Atenção: O autor de um crime militar próprio pode ser preso mesmo sem
flagrante delito!
LXI - ninguém será preso senão em flagrante delito ou por ordem escrita e
fundamentada de autoridade judiciária competente, salvo nos casos de
transgressão militar ou crime propriamente militar, definidos em lei;
→ Crime impropriamente militar: Apesar de ser um crime comum em sua natureza, cuja prática é
possível a qualquer cidadão, civil ou militar, passa a ser considerado militar porque praticado em
certas condições. Ele pode ser praticado tanto pelo civil como pelo militar.
EXEMPLO: Civil entra em uma instituição das forças armadas e roubar armamento.
DICA: Quando estiver na dúvida se o crime é militar ou não (no caso de crime que
está previsto na lei comum. ex: roubo por militar), deve-se analisar o art. 9º do CPM,
que define quais são os crimes militares próprios (em tempo de paz), em seu inciso I,
e os impróprios, em seu inciso II:
I - os crimes de que trata este Código, quando definidos de modo diverso na lei
penal comum, ou nela não previstos, qualquer que seja o agente, salvo disposição
especial;
Parágrafo único. Os crimes de que trata este artigo, quando dolosos contra a vida
e cometidos contra civil, serão da competência da justiça comum.
II. Crimes que NÃO são crimes militares:
1. O abuso de autoridade: “O abuso de autoridade praticado pelo militar em serviço NÃO É CRIME
MILITAR, pois não está previsto no CPM, mas na lei 4.898”. Por isso, deve ser julgado pela Justiça
Comum.
#SELIGANASÚMULA: Súmula 172 do STJ – Compete à Justiça Comum processar e julgar militar por
crime de abuso de autoridade, ainda que praticado em serviço.
OBS: Se, além de ter praticado abuso de autoridade, o militar também houver praticado lesão corporal
em serviço, quem vai julgar?
A lesão corporal é crime militar, enquanto o abuso de autoridade é crime comum. Haverá separação
de processos. Assim, o crime de abuso será julgado pela Justiça Comum, enquanto o crime militar será
julgado pela Justiça Militar.
ATENÇÃO – Deve-se ficar atento à natureza do estabelecimento penal do qual o cidadão fugiu:
a) Se o preso estiver em estabelecimento penal de natureza comum (penitenciária, presídio), o crime
será comum (previsto no art. 351 do CP) a competência será da Justiça Comum Estadual.
Art. 351 do CP - Promover ou facilitar a fuga de pessoa legalmente presa ou submetida à medida de
segurança detentiva:
b) No entanto, se esse estabelecimento penal for de natureza militar, o delito será considerado
militar, recaindo a competência sobre a Justiça Militar (art. 178 do CPM).
Art. 178 do CPM. Promover ou facilitar a fuga de pessoa legalmente presa ou submetida a medida de
segurança detentiva:
3. Crime de tortura: está previsto na lei de tortura (9455/97) e, portanto, é um crime comum.
6. O homicídio doloso praticado por militar contra civil: mesmo que o crime seja praticado em
serviço, é julgado pelo Tribunal do Júri (antes da lei 9299/96, era considerado um crime militar).
O art. 9º, parágrafo único, incluído pela lei 9299/96, define que:
Art. 9º, Parágrafo único do CPM. Os crimes de que trata este artigo, quando dolosos contra a vida e
cometidos contra civil, serão da competência da justiça comum.
#IMPORTANTE: Havendo a desclassificação pelos jurados de homicídio doloso para culposo, a
competência será da Justiça Militar (e não do Juiz-Presidente).
7. Crime doloso cometido por militar contra civil com arma da corporação: Justiça Estadual.
Antes da Lei 9299/96, crime cometido com arma da corporação, mesmo não estando o militar em
serviço, era considerado crime militar (gerava seriíssimas críticas). Essa lei acabou revogando esse
crime (que era previsto no art. 9º, III, f, do CPM). Por isso, hoje entende-se que o crime cometido com
arma da corporação será julgado pela Justiça Estadual. Ex: O policial está de férias e pratica um crime
com a arma da corporação.
OBS: A Súmula 47 do STJ está superada! Compete à Justiça Militar processar e julgar crime cometido
por militar contra civil, com emprego de arma pertencente à corporação, mesmo não estando em
serviço.
#IMPORTANTE:
A Justiça militar julga crimes contra a vida em dois casos:
a) Crime de militar da ativa contra militar da ativa;
b) Crime de civil contra militar da ativa:
#LEMBRAR: Só a Justiça Militar da União julga civil.
8. Crimes da Lei de Licitações: Compete à Justiça Comum Federal - e não à Justiça Militar - processar e
julgar a suposta prática, por militar da ativa, de crime previsto apenas na Lei nº 8.666/93 (Lei de
Licitações), ainda que praticado contra a administração militar. STJ. 3ª Seção. CC 146.388-RJ, Rel. Min.
Felix Fischer, julgado em 22/6/2016 (Info 586).
#OBS: O crime licitatório não está previsto no Código Penal Militar, e, embora supostamente
praticado por militar da ativa contra a administração militar, não encontra respaldo para se atribuir a
competência para a Justiça Castrense, uma vez que o art. 9º, inciso II, alínea "e", exige que o crime
esteja expressamente previsto no Código Penal Militar. Também não se poderia aplicar o disposto no
inciso III do art. 9º considerando que, no exemplo dado, o agente não é militar da reserva, reformado
nem civil. E por que a competência é da Justiça Federal comum? Porque o crime foi cometido contra
bem e serviço do Exército, que é um órgão da União. Logo, amolda-se na hipótese prevista no art. 109,
IV, da CF/88.
b) A Justiça Militar Estadual tem competência para julgar as ações judiciais contra atos disciplinares
militares. A JM Estadual teve sua competência ampliada pela Emenda Constitucional 45, que definiu:
Art. 124, § 4º da CF - Compete à Justiça Militar estadual processar e julgar os policiais militares e
bombeiros militares nos crimes militares, definidos em lei, cabendo ao tribunal competente decidir
sobre a perda do posto e da patente dos oficiais e da graduação das praças.
#ATENÇÃO: A CF diz que não cabe habeas corpus contra a punição disciplinar, mas, na verdade, não
cabe habeas corpus apenas contra o mérito da punição disciplinar, cabendo contra a legalidade (ex:
no caso em que um cabo prende outro cabo, há ilegalidade).
Da mesma forma, não é possível ajuizar ação de reparação civil por crime militar na Justiça Militar
Estadual ou da União.
#ATENÇÃO: A Justiça Militar Estadual tem competência para julgar as ações judiciais contra atos
disciplinares militares.
Militar da ativa é o militar vinculado às Forças Armadas (mesmo que esteja de férias, ou em repouso
semanal).
a.2) Civil: Para a Justiça Militar da União, são civis as pessoas comuns, os militares estaduais e os
militares da reserva (aposentado) e reformados (aposentadoria por invalidez) das Forças Armadas.
b) A Justiça Militar Estadual só julga MILITARES dos Estados, não julgando civis:
Os militares dos Estados são os policiais militares (PM), Corpo de Bombeiro e os Policiais Rodoviários
Estaduais.
#ATENÇÃO: Militar da reserva ou reformado não será julgado pela Justiça Militar do Estado, porque é
considerado civil.
A condição de militar do Estado tem que ser aferida de acordo com o tempus delicti (no tempo do
delito). Ainda que depois o militar se aposente ou venha a ser excluído, continuará sendo julgado pela
Justiça Militar, se o era à época do crime. #LEMBRAR: No TEMPO, aplica-se a teoria da ATIVIDADE
(“luTA”).
#DESDOBRAMENTO:
Ao contrário da Justiça Militar da União, que pode julgar civis, a Justiça Militar do Estado jamais
poderá julgar civil. Assim:
Se o crime for praticado em coautoria por um militar e um civil, como o civil não pode ser julgado na
Justiça Militar Estadual, deverá haver a separação dos processos. Ex: Civil e militar praticam estupro
no estabelecimento militar estadual.
A súmula 53 do STJ trata dessa separação:
#SELIGANASÚMULA: Súmula 53 – STJ. Compete à Justiça Comum Estadual processar a julgar civil
acusado de pratica de crime contra instituições militares estaduais.
Outro exemplo de aplicação dessa súmula é o caso do civil que subtrai armamento de militar. O civil
pode ser julgado na Justiça Militar da União pelo furto contra a União. Mas se o civil houver praticado
crime contra a corporação estadual deverá ser julgado pela Justiça Comum Estadual.
A competência territorial da Justiça Militar Estadual é definida pelo local onde o policial desempenha
suas funções, independentemente do Estado da federação onde o crime veio a consumar‐se. Ou seja,
será competente sempre a Justiça Militar da corporação do PM que cometeu o crime:
• Quem exerce as funções de juízo ad quem na Justiça Militar da União é o STM (Superior Tribunal
Militar).
Apesar de ele ser um Tribunal Superior, com sede em Brasília, vai atuar como tribunal de segunda
instância (vai julgar recursos em sentido estrito, apelação e correições parciais).
• Na Justiça Militar Estadual, o juízo ad quem será o TJM, onde houver, ou o próprio TJ.
Somente três Estados possuem TJM: MG, SP e RS – no PR existe previsão legal do TJM, mas ele ainda
não foi implementado.
• Na Justiça Militar da União, quem atua como Ministério Público é o Ministério Público Militar (que
faz parte do MPU, juntamente com o MPF, MPT, MPDFT e MPM).
• Na Justiça Militar do Estado, quem atua como Ministério Público é o Ministério Público Estadual,
pois não há MP específico.
Cuidado para não confundir: No caso de aberratio ictus (erro na execução), somente no que concerne
ao direito penal material leva-se em consideração a vítima virtual (quem se queria matar).
#ALERTA para nunca mais esquecer: A competência é matéria de direito processual sempre fixada
com base em critérios objetivos, pouco importando a intenção do agente. Assim, a competência deve
ser definida pela VÍTIMA REAL.
→ Importante: E caso haja conexão de um crime eleitoral com um crime contra a vida, o que
aconteceria?
A questão é bastante controversa, mas a corrente majoritária afirma que como ambas a competência
vem previstas na Constituição, o ideal é que o crime eleitoral seja julgado pela Justiça Eleitoral,
enquanto que o crime contra a vida seja julgado pelo Tribunal do Júri. Dessa forma, somente a
separação dos processos garantiria o respeito a ambas as regras fixadas pela CF.
● Se um praça (exs: soldados, cabos) for condenada por crime militar com pena superior a 2 anos,
receberá, como pena acessória, a sua exclusão das Forças Armadas mesmo sem que tenha sido
instaurado processo específico para decidir essa perda?
SIM. A pena acessória de perda do cargo pode ser aplicada a PRAÇAS mesmo sem processo específico
para que seja imposta. Trata-se de uma pena acessória da condenação criminal.
#RELEMBRE: A perda de posto e patente resulta da condenação a pena privativa de liberdade por
tempo superior a dois anos, e importa a perda das condecorações.
→ DESCUMPRIMENTO DE MISSÃO: A ausência injustificada nos dias em que o militar tenha sido
designado para a função específica de comando de patrulhas configura o crime de descumprimento
de missão. STJ. 6ª Turma. REsp 1.301.155-SP, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 22/4/2014 (Info
540).
→ INCITAMENTO À DESOBEDIÊNCIA (ART. 155 DO CPM) O militar que distribui panfletos com críticas
ao salário e à excessiva jornada de trabalho não comete o crime de incitamento à desobediência
(CPM, art. 155) e, tampouco, o de publicação ou crítica indevida às Forças Armadas (CPM, art.166).
STF. 2ª Turma. HC 106808/RN, rel. Min. Gilmar Mendes, 9/4/2013. (Info 701)
→ EXTORSÃO MEDIANTE SEQUESTRO (ART. 244 DO CPM) Para que se configure a extorsão mediante
sequestro prevista no art. 244 do Código Penal Militar, NÃO É necessário que a privação da liberdade
da vítima se estenda por longo intervalo de tempo. STJ. 5ª Turma. HC 262.054-RJ, Rel. Min. Jorge
Mussi, julgado em 2/4/2013 (Info 518).
→ DESERÇÃO (ART. 187 DO CPM) E PRAZO PRESCRICIONAL: O crime de deserção (art. 187 do CPM) é
permanente, e a prescrição se inicia com a cessação da referida permanência, ou seja, com a captura
ou a apresentação voluntária do militar. STF. 2ª Turma. HC 112511/PE, rel. Min. Ricardo Lewandowski,
2/10/2012.
#IMPORTANTE: O STF entende que o art. 132 do CPM é compatível com a CF/88. STF. 1ª Turma. (Info
774).
→ VIOLAÇÃO DE SIGILO FUNCIONAL (ART. 326 DO CPM): É possível que o militar responda pelo art.
326 do CPM e pelo art. 37 da Lei de Drogas, sem que isso configure bis in idem. STF. 2ª Turma. RHC
108491/MG, rel. Min. Gilmar Mendes, 28/2/2012.
#OLHAOGANCHO: Tal julgado tem relação com a teoria do impacto desproporcional (tema que pode
ser cobrado em direitos humanos).
De maneira muito interessante, a teoria do impacto desproporcional foi utilizada no voto do
Eminente Ministro Luís Roberto Barroso como um argumento contrário à recepção do crime de
pederastia: “Torna-se, assim, evidente que o dispositivo, embora em tese aplicável indistintamente a
atos libidinosos homo ou heterossexuais, é, na prática, empregado de forma discriminatória,
produzindo maior impacto sobre militares gays. Esta é, portanto, uma típica hipótese de
discriminação indireta, relacionada à teoria do impacto desproporcional (disparate impact),
originária da jurisprudência norte-americana. Tal teoria reconhece que normas pretensamente
neutras podem gerar efeitos práticos sistematicamente prejudiciais a um determinado grupo, sendo
manifestamente incompatíveis com o princípio da igualdade”.
#LEMBRAR: A teoria do impacto desproporcional, adotada no Brasil, permite que se constatem
violações ao princípio da igualdade quando os efeitos práticos de determinadas normas, de caráter
aparentemente neutro, causem dano excessivo, ainda que não intencional, aos integrantes de
determinados grupos vulneráveis. Logo, percebe-se que a teoria do impacto desproporcional é a
manifestação clara e evidente de uma discriminação indireta.
→ Compete à Justiça Militar julgar a conduta de civil que saca indevidamente valores oriundos de
pensão militar.
Compete à Justiça Militar julgar a conduta de ex-militar acusado do crime de “apropriação de coisa
havida acidentalmente” (art. 249 do CPM) pelo fato de ele, mesmo depois de desincorporado das
fileiras, ter continuado sacando o soldo que era depositado por engano em sua conta. STF. 2ª Turma.
HC 136539/AM, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgado em 04/10/2016 (Info 842).
INQUÉRITO POLICIAL
A Polícia Militar não exerce apenas a função ostensiva, já que possui essa função investigativa.
Segundo o art. 8º do CPPM, compete à Polícia Judiciária Militar: (i) apurar os crimes militares, bem
como os que, por lei especial, estão sujeitos à jurisdição militar, e sua autoria; (ii) prestar aos órgãos e
juízes da Justiça Militar e aos membros do Ministério Público as informações necessárias à instrução e
Em regra, essas atribuições da Polícia Judiciária Militar são exercidas pelos Comandantes (antigos
ministros) das Organizações Militares (OM’S), segundo art. 7º do CPPM. Contudo, esses Comandantes
podem delegar suas atribuições a um encarregado (como se fosse o “Delegado da Polícia Civil ou da
Polícia Federal”), segundo art. 7º, §1º, CPPM.
#ATENÇÃO: Este encarregado deve ser Oficial de posto mais elevado do acusado e deve estar na
ativa, segundo art. 7º, §2º, CPPM.
#FIQUE LIGADO: Se os Oficiais estiverem no mesmo posto, o encarregado deve ser o Oficial mais
antigo, segundo art. 7º, §3º, CPPM.
c) Incomunicabilidade do investigado preso: Salienta-se, contudo, que o art. 17 do CPPM não foi
recepcionado pela Constituição Federal de 1988, tendo em vista que sequer em estado de defesa essa
medida de incomunicabilidade é viável.
d) Detenção do investigado:
Art. 18. Independentemente de flagrante delito, o indiciado poderá ficar detido, durante as
investigações policiais, até trinta dias, comunicando-se a detenção à autoridade judiciária
competente. Esse prazo poderá ser prorrogado, por mais vinte dias, pelo comandante da Região,
Distrito Naval ou Zona Aérea, mediante solicitação fundamentada do encarregado do inquérito e por
via hierárquica.
Segundo o art. 18, a detenção é feita sem a prévia análise da autoridade competente,
independentemente de flagrante. Aparentemente, este dispositivo não foi recepcionado pela CF/1988.
No entanto, deve-se ater a um “pequeno” detalhe:
Art. 5º. [...] LXI - ninguém será preso senão em flagrante delito ou por ordem escrita e fundamentada
de autoridade judiciária competente, salvo nos casos de transgressão militar ou crime propriamente
militar, definidos em lei;
Portanto, diante do art. 5º, inciso LXI, da CF, ainda que não haja flagrante delito ou prévia autorização
judicial, a prisão do militar, sem autorização judicial, poderá ocorrer nos casos de transgressão
militar, transgressão disciplinar ou crimes propriamente militares. Isso ocorre, por exemplo, no
crime de deserção.
No caso de crimes impropriamente militares, não é cabível a detenção do art. 18 do CPPM, já que a CF
não permite tal atitude.
e) Suficiência do auto de prisão em flagrante delito: Trata-se de uma peculiaridade do CPPM, já que
não existe no CPP.
Art. 27. Se, por si só, for suficiente para a elucidação do fato e sua autoria, o auto de flagrante delito
constituirá o inquérito, dispensando outras diligências, salvo o exame de corpo de delito no crime
que deixe vestígios, a identificação da coisa e a sua avaliação, quando o seu valor influir na aplicação
da pena. A remessa dos autos, com breve relatório da autoridade policial militar, far-se-á sem demora
ao juiz competente, nos termos do art. 20.
PONTOS PRINCIPAIS
1. Aplicação da Lei Processual Penal Militar:
As regras procedimentais estão contidas no CPPM tanto em tempo de guerra quanto em tempo de
paz. Assim, pode-se dizer que não há regras criadas para regime excepcional, como no caso de guerra
declarada.
Art. 1º O processo penal militar reger-se-á pelas normas contidas neste Código, assim em tempo de paz
como em tempo de guerra, salvo legislação especial que lhe for estritamente aplicável.
O CPPM deve ser interpretado no sentido literal de sua expressão. Todavia, para beneficiar o acusado,
é admite a intepretação extensiva, desde que não afronte os princípios processuais penais militares,
que têm como parâmetros maiores a preservação da hierarquia e disciplina.
Nos casos omissivos, aplicam-se: (i) CPPM; (ii) jurisprudência; (iii) usos e costumes MILITARES; (iv)
princípios gerais de Direito; (v) analogia.
→ No sistema do CPPM o emendatio libelli NÃO pode ocorrer sem a chance de oportunizar ao réu
possibilidade de defesa, bem como sem que o MPM tenha formulado suas alegações escritas
requerendo a nova capitulação jurídica do fato.
Atenção: No CPP, o emendatio libelli pode ocorrer sem que seja dada a parte oportunidade de se
manifestar, já que se entende que o réu defende-se dos fatos e não da capitulação jurídica.
3. Questão prejudicial:
→ Não há que se falar em suspensão obrigatória no Processo Penal Militar no que tange o estado civil
das pessoas. Vejamos o que dispõe o CPPM:
Alegação irrelevante
b) se entender que a alegação é irrelevante ou que não tem fundamento legal, prosseguirá no feito;
→ Ou seja, a alegação, segundo o CPPM, poderá ser considerada irrelevante ou séria e fundada.
Somente, na segunda hipótese, é que haverá a suspensão do processo.
4. Interrogatório no CPPM:
CPP (art. 400) CPPM (art. 302)
O art. 400 do CPP foi alterado pela Lei nº O art. 302 do CPPM estabelece que
11.719/2008 e, atualmente, o interrogatório o acusado será qualificado e
deve ser feito depois da inquirição das interrogado antes de ouvidas as
testemunhas e da realização das demais testemunhas.
provas. Em suma, pela previsão do CPPM, o
Em suma, o interrogatório passou a ser o interrogatório é o primeiro ato da
último ato da audiência de instrução instrução.
(segundo a antiga previsão, o interrogatório
era o primeiro ato).
5. Menagem:
→ A menagem (“homenagem”, juramento prestado por alguém), é uma medida cautelar que evita o
recolhimento provisório do acusado, substituindo a prisão cautelar. É prevista no art. 263 e seguintes
do CPPM:
15
STF. 1ª Turma. HC 115189/AM, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 3/5/2016 (Info 824)
Art. 263. A menagem poderá ser concedida pelo juiz, nos crimes cujo máximo da pena privativa da
liberdade não exceda a quatro anos, tendo-se, porém, em atenção a natureza do crime e os
antecedentes do acusado.
Lugar da menagem
Art. 264. A menagem a militar poderá efetuar-se no lugar em que residia quando ocorreu o crime ou
seja sede do juízo que o estiver apurando, ou, atendido o seu posto ou graduação, em quartel, navio,
acampamento, ou em estabelecimento ou sede de órgão militar. A menagem a civil será no lugar da
sede do juízo, ou em lugar sujeito à administração militar, se assim o entender necessário a
autoridade que a conceder.
Cassação da menagem
Art. 265. Será cassada a menagem àquele que se retirar do lugar para o qual foi ela concedida, ou
faltar, sem causa justificada, a qualquer ato judicial para que tenha sido intimado ou a que deva
comparecer independentemente de intimação especial.
Esquema da menagem:
Liberdade Prisão
Em residência para Militar Em quartel para Militar
Em cidade para Civil Em lugar sujeito a administração
militar para civil
#LEMBRAR: Inaplicação da Lei 9.099/95 na Justiça Militar: O art. 90-A da Lei 9.099/95 aduz que o rito
dos Juizados não é aplicável à Justiça Militar, pois a os benefícios de composição civil dos danos, de
transação penal e de suspensão condicional do processo seriam incompatíveis com os princípios da
hierarquia e da disciplina.
1. Recebimento da denúncia:
2. Instalação do Conselho:
São adotadas as providências do art. 399: sorteio ou conselho, instalação do Conselho, Citação do
acusado e do procurador militar e intimação das testemunhas arroladas e do ofendido.
OBS: Vem o primeiro ato que é o interrogatório do Réu. No CPPM, não temos uma audiência única
(como no processo comum).
→ O conselho de Justiça é composto por 4 juízes militares e um juiz togado (auditor). Art. 400 CPPM.
O juiz auditor conduz o interrogatório (sistema presidencialista).
3. Interrogatório:
Art. 402. Prestado o compromisso pelo Conselho de Justiça, o auditor poderá, desde logo, se
presentes as partes e cumprida a citação prevista no art. 277, designar lugar, dia e hora para a
qualificação e interrogatório do acusado, que se efetuará pelo menos sete dias após a designação.
4. Prova da acusação:
Precedência na inquirição
Art. 417. Serão ouvidas, em primeiro lugar, as testemunhas arroladas na denúncia e as referidas por
estas, além das que forem substituídas ou incluídas posteriormente pelo Ministério Público, de acordo
com o § 4º deste artigo. Após estas, serão ouvidas as testemunhas indicadas pela defesa.
5. Prova de Defesa:
→ No rito do CPPM não há resposta à acusação. Assim, as testemunhas de defesa deverão ser
arroladas em até 05 dias após a oitiva da última testemunha de acusação.
#ATENÇÃO: O acusado preso tem direito a sempre ser intimado PESSOALMENTE de todos os atos
(pelo menos 03 dias de antecedência).
Notificação prévia
Art. 421. Nenhuma testemunha será inquirida sem que, com três dias de antecedência pelo menos,
sejam notificados o representante do Ministério Público, o advogado e o acusado, se estiver preso.
Recebimento da denúncia
↓
Providências do art. 399
↓
Interrogatório (art. 402)
Após 07 dias da instauração do conselho – Em até 48 horas, pode opor exceções (art. 408 CPPM).
↓
Prova da acusação
↓
Prova de Defesa
→ Terminadas as inquirições temos a realização de diligencias. O juiz irá deferir as diligências que
surgirem da instrução após a última testemunha de defesa (em 05 dias para cada parte).
7. Alegações Finais:
→ As alegações finais serão escritas (art. 428 CPPM) em 08 dias sucessivamente MP, assistente (se
houver após o MP) e defesa.
#IMPORTANTE: As alegações finais escritas da defesa não são obrigatórias, pois haverá oportunidade
de sustentação oral na sessão de julgamento.
8. Saneamento do processo:
→ O Juiz Auditor poderá ordenar diligências para sanar nulidade ou suprir falta prejudicial ao
esclarecimento da verdade. (art. 430).
9. Sessão de Julgamento:
→ Na sessão de julgamento todos os juízes devem estar presentes para que o presidente declare
aberta a sessão e mande apresentar o acusado.
● Pronunciamento dos juízes: Quem vota primeiro é o auditor e depois os militares em ordem
inversa de hierarquia.
Diversidade de votos
Art. 435, Parágrafo único. Quando, pela diversidade de votos, não se puder constituir maioria para a
aplicação da pena, entender-se-á que o juiz que tiver votado por pena maior, ou mais grave, terá
virtualmente votado por pena imediatamente menor ou menos grave.
#OBS: O CPPM não prevê o Mutatio Libelli, mas a Doutrina entende ser possível a sua aplicação.
● Promulgação da sentença.
CPP CPPM
Não há previsão legal de recurso Há previsão de cabimento de recurso
adequado. Por isso, admite-se a inominado.
impetração de MS.
→ É ilegal Portaria expedida por Juiz-Auditor Militar na qual ele afirma que os pedidos de
arquivamento de procedimento investigatório criminal instaurados pela Procuradoria de Justiça
Militar não devem ser recebidos ou distribuídos pela Justiça Militar.
→ CORREIÇÃO PARCIAL: É incabível o manejo de correição parcial para rever decisão que declarou
extinta a punibilidade do réu pelo reconhecimento da prescrição. A correição de processos findos
somente é possível para verificar eventuais irregularidades ou falhas administrativas a serem
corrigidas no âmbito da Justiça Militar.
→ Deserção
Art. 187. Ausentar-se o militar, sem licença, da unidade em que serve, ou do lugar em que deve
permanecer, por mais de oito dias:
→ A deserção genérica do (art. 187 CPM) - ausência por MAIS de 08 dias. O sujeito falta, e é lavrada
parte de ausência no dia da falta (D).
→ Neste dia (D), o quartel toma providências para localizar o faltoso. No dia seguinte, 0h, começa a
contar o período de graça (08 dias). A deserção se consuma quando se ausenta por mais de 08 dias.
#MACETE:
OBS: No caso do exemplo, a deserção só se consuma no dia 22, após o fim do período de graça!
→ Deserção especial:
Art. 190. Deixar o militar de apresentar-se no momento da partida do navio ou aeronave, de que é
tripulante, ou do deslocamento da unidade ou força em que serve: (Redação dada pela Lei nº 9.764,
de 18.12.1998)
Pena - detenção, até três meses, se após a partida ou deslocamento se apresentar, dentro de vinte e
quatro horas, à autoridade militar do lugar, ou, na falta desta, à autoridade policial, para ser
comunicada a apresentação ao comando militar competente. (Redação dada pela Lei nº 9.764, de
18.12.1998)
§ 1º Se a apresentação se der dentro de prazo superior a vinte e quatro horas e não excedente a cinco
dias:
Pena - detenção, de dois a oito meses.
§ 2o Se superior a cinco dias e não excedente a oito dias: (Redação dada pela Lei nº 9.764, de
18.12.1998)
Pena - detenção, de três meses a um ano.
§ 2o-A. Se superior a oito dias: (Incluído pela Lei nº 9.764, de 18.12.1998)
Pena - detenção, de seis meses a dois anos.
→ Neste caso, a lavratura do auto será imediata.
● O termo de deserção tem o caráter de instrução provisória. O termo de deserção serve para
colher os elementos para a propositura para a ação penal (Substitui o IPM).
● O Crime é permanente. Feita a lavratura, consumou o delito. Assim, a prisão se justifica porque é
crime propriamente militar, permanente e independe de ordem judicial.
CPPM:
Art. 451. Consumado o crime de deserção, nos casos previsto na lei penal militar, o comandante da
unidade, ou autoridade correspondente, ou ainda autoridade superior, fará lavrar o respectivo termo,
imediatamente, que poderá ser impresso ou datilografado, sendo por ele assinado e por duas
testemunhas idôneas, além do militar incumbido da lavratura. (Redação dada pela Lei nº 8.236, de
20.9.1991)
§ 1º A contagem dos dias de ausência, para efeito da lavratura do termo de deserção, iniciar-se-á a zero
hora do dia seguinte àquele em que for verificada a falta injustificada do militar. (Redação dada pela
Lei nº 8.236, de 20.9.1991)
§ 2º No caso de deserção especial, prevista no art. 190 do Código Penal Militar, a lavratura do termo
será, também, imediata. (Redação dada pela Lei nº 8.236, de 20.9.1991)
Art. 452. O termo de deserção tem o caráter de instrução provisória e destina-se a fornecer os
elementos necessários à propositura da ação penal, sujeitando, desde logo, o desertor à prisão.
(Redação dada pela Lei nº 8.236, de 20.9.1991)