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Nomes empresariais que remetem à localização geográfica não garantem

exclusividade de uso
O registro de termo que remete a determinada localização geográfica como
nome empresarial não garante exclusividade de uso. Esse foi o entendimento
adotado pela Terceira Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) no
julgamento de um recurso especial do restaurante Arábia, que questionava o
nome Areibian de um concorrente. 

O Arábia disse ter adquirido a propriedade de vários registros de marca com a


expressão geográfica trazida em seu nome. Por essa razão, os proprietários
pensavam ter o direito exclusivo de uso do nome em todo o território nacional.
Além disso, eles se sentiam incomodados com a semelhança entre a sua
marca e a adotada pelo concorrente. Em primeiro e segundo grau, o pedido foi
julgado improcedente. 

No recurso especial dirigido ao STJ, o restaurante Arábia pretendia, mais uma


vez, assegurar o direito exclusivo de uso de seu nome empresarial. Mas,
segundo a relatora, ministra Nancy Andrighi, isso não é possível porque,
segundo o artigo 34 da Lei n. 8.934, que dispõe sobre o registro público de
empresas mercantis, o uso de nome geográfico não garante exclusividade. A
relatora observou que a expressão “Arábia” sugere a produção e venda de
comida árabe, tratando-se de uma utilização publicitária da região. 

A ministra Nancy Andrighi salientou que a proteção da marca tem duplo


objetivo em nosso ordenamento jurídico. “Por um lado, garante o interesse de
seu titular. Por outro lado, protege o consumidor, que não pode ser enganado
quanto ao produto que compra ou ao serviço que lhe é prestado”, afirmou a
relatora no voto. Para que haja violação da Lei de Propriedade Intelectual é
preciso existir efetivamente risco de ocorrência de dúvida, erro ou confusão no
mercado entre os produtos ou serviços dos empresários que atuam no mesmo
ramo. Para a ministra, não é a hipótese do caso. 

Todos os ministros da Terceira Turma acompanharam o voto da relatora e


negaram provimento ao recurso especial

Justiça do Distrito Federal deve decidir execução contra empresa

O presidente do Superior Tribunal de Justiça, ministro Cesar Asfor Rocha,


suspendeu ação de execução trabalhista movida por uma ex-funcionária contra
a empresa BSI do Brasil e determinou que o Juízo da Vara de Falência e
Recuperações Judiciais do Distrito Federal resolva provisoriamente as medidas
de urgência, até a decisão definitiva do STJ.
De acordo com o ministro Asfor Rocha, a jurisprudência do STJ estabelece que
os atos de execução dos créditos individuais promovidos contra empresas
falidas ou em recuperação judicial devem ser realizados pelo juízo universal.
Segundo ele, a execução individual trabalhista e a recuperação judicial são
incompatíveis porque uma não pode ser executada sem prejuízo da outra.

Por isso, de acordo com o presidente do STJ, a Lei que trata da recuperação
judicial e falências privilegiou a manutenção da sociedade empresarial e da
atividade econômica, em benefício da função social da empresa. Para o STJ,
essa lei não funcionaria se sua aplicação pudesse ser partilhada por juízes de
direito e por juízes do trabalho. 

DECISÃO
Ato praticado por massa falida dentro do termo legal só pode ser anulado
por ação revocatória
O caminho para considerar ineficazes os atos praticados pelo falido, dentro do
termo legal, é o da ação revocatória, que pode ser proposta pelo síndico da
massa falida ou por qualquer credor nos prazos estipulados no artigo 55 do
Decreto-Lei 7.661/45. Com esse entendimento, a Terceira Turma do Superior
Tribunal de Justiça (STJ) reformou sentença da Justiça gaúcha que rejeitou
pedido de cessão de créditos formulado por Bernardon
AdvocaciaEmpresarial S/C contra a massa falida de Brita Mineração e
Construção Ltda. 

Segundo os autos, em fevereiro de 2002 o escritório de advocacia e a empresa


de mineração firmaram instrumento particular de cessão de direitos e ações
decorrentes de uma execução de sentença proposta contra a Prefeitura
Municipal de Porto Alegre. O valor devido pela prestação dos serviços de
advocacia era de R$ 140 mil. No dia 4 de março, menos de um mês após a
assinatura do referido documento, foi decretada a falência da empresa. 

O escritório, então, ingressou nos autos da execução de sentença, requerendo


a substituição da Brita Mineração em decorrência da cessão dos créditos. O
pedido foi negado pela Justiça gaúcha, sob o fundamento de que, por se tratar
de cessão de crédito de massa falida ocorrida dentro do termo legal da
falência, e poucos dias antes da quebra da empresa, o pedido de substituição é
inviável diante da possibilidade do ajuizamento de ação revocatória pelos
demais credores. 

O escritório recorreu ao STJ, alegando que o tribunal gaúcho aplicou


inadequadamente o artigo 55 do Decreto-Lei 7.661/45, ao não observar que a
invalidação da cessão de créditos somente poderia ser declarada mediante
ação própria, no caso a revocatória, e não pela forma como realizada nos autos
da execução. 

O argumento foi acolhido pela Turma. Segundo o relator do processo, ministro


Massami Uyeda, é certo que transações efetuadas pelo falido, dentro do termo
legal, não produzem efeito em relação à massa falida e são passíveis de
revogação. Entretanto, o caminho para considerar ineficazes os atos praticados
pelo falido, dentro do termo legal, é o da ação revocatória. 
Para o ministro, as transações realizadas pelo falido continuam tendo eficácia
enquanto não forem invalidadas por meio da ação competente prevista no
artigo 55 da Lei de Falências, pois a declaração de ineficácia não pode ser
unilateral sem que se abra a oportunidade do contraditório. Ele ressaltou que a
única exceção a essa regra é a do art. 57 da referida lei, ao possibilitar que a
ineficácia do ato seja oposta como defesa em ação ou execução. 

Assim, por unanimidade, a Turma reconheceu a validade do documento


firmado entre as partes e determinou que o escritório de advocacia figure no
pólo ativo da execução pelo valor de seus créditos a serem compensados.
DECISÃO
Marca registrada não prevalece diante do direito de uso de sobrenome em
negócio

O direito de uma sociedade sobre marca registrada junto aos órgãos oficiais
não pode impedir que membros de outra empresa utilizem seus sobrenomes
no registro da razão social do negócio, principalmente se a atividade
profissional exigir a identificação com o uso do nome familiar de, pelo menos,
um dos sócios. A conclusão é da Terceira Turma do Superior Tribunal de
Justiça (STJ) e foi proferida por maioria de votos. A ministra Nancy Andrighi
relatou o caso.

Os ministros acolheram apenas parte do recurso em que a Koch Advogados


Associados S.C. e Koch Consultoria e AssessoriaEmpresarial Ltda. reiteraram
seu pedido para que a Koch & Koch Advogados e Consultores S.C.
modificasse seu nome, similar à marca registrada pelas duas primeiras
empresas.

Apesar de reconhecer o direito da empresa de consultoria de continuar


utilizando o sobrenome familiar de seus membros, a Terceira Turma
determinou que ela acrescente à sua razão social elementos que promovam a
distinção do seu nome com relação ao dos outros dois escritórios. Os ministros
mantiveram a parte das decisões anteriores que negou o pedido das autoras
da ação de ressarcimento de possíveis prejuízos por confusões causadas
diante da semelhança dos nomes. 

Marca x nome familiar

A Koch Advogados Associados S.C. e a Koch Consultoria e


Assessoria Empresarial Ltda. entraram com ação contra a Koch & Koch
Advogados e Consultores S.C. exigindo que a empresa processada alterasse
sua denominação social para retirar o nome “Koch” e ressarcisse as autoras
pelos prejuízos causados pelo uso do nome semelhante ao das duas primeiras
sociedades.

As autoras do processo alegaram ser possuidoras da expressão “Koch”, com


registro no Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI), o que atestaria o
direito ao uso exclusivo da marca. Além disso, segundo as duas empresas,
além de utilizar indevidamente a marca, a Koch & Koch, que também
desenvolve atividades de advocacia, estaria promovendo concorrência desleal
e prejudicando as duas sociedades.

A Koch & Koch contestou o processo e apresentou provas de que sua


denominação social seria proveniente do uso do sobrenome de profissionais
que compõem o escritório. A ação foi negada em primeira instância e o
Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul (TJRS) manteve a sentença. De
acordo com o TJRS, não ficou comprovado nos autos que houve concorrência
desleal ou confusão causada pelo uso dos nomes similares.

O TJ também destacou que, “tratando-se de atividade desenvolvida pelas


partes vincula-se às pessoas naturais que a integram. As atividades
desenvolvidas não são procuradas pelos consumidores em decorrência do
nome de empresa, mas pelas qualidades das pessoas que a integram” e,
segundo o Tribunal, isso foi demonstrado pela Koch & Koch, pois há vinculação
do nome da empresa às pessoas físicas que a compõem. 

Origem nominal

Ao analisar a questão, a ministra Nancy Andrighi, relatora do caso, reconheceu


o difícil impasse, pois ambas as empresas utilizam, na marca e no nome social,
a mesma origem – o nome patronímico (familiar) “Koch”.

“Há de se concluir que a titularidade da marca ‘Koch’, para identificar os


serviços pelas autoras (duas primeiras empresas), não pode impedir que
Rogério Augusto Koch, Jimmy Bariani Koch e Dennis Bariani Koch emprestem
seu patronímico à sociedade requerida, Koch & Koch, pois é este sobrenome
que bem identificará os autores de outros Rogérios, Jimmys e Dennis que,
porventura, exerçam a advocacia”, salientou a relatora.

No entanto – destacou a ministra – é evidente a semelhança entre as


denominações das duas empresas. “Da mera semelhança, extrai-se
logicamente e sem quaisquer elementos probatórios adicionais, a possibilidade
de confusão. Quem já conhece pessoalmente os prestadores de serviços,
talvez possa bem diferenciar a advocacia ‘Koch’ da ‘Koch & Koch’. Por outro
lado, quem apenas ouviu dizer dos serviços de um e outro, sem um
conhecimento prévio, não saberá distinguir as partes litigantes. Assim, a
potencialidade de confusão está justamente nos clientes ainda não
conquistados”.

Por esse motivo, segundo a relatora, deve ser modifica a conclusão da


sentença confirmada pelo TJRS de que há necessidade de prova de confusão
causada pelas marcas. A ministra determinou que a Koch & Koch “altere sua
razão social, fazendo nela incluir outros elementos distintivos que possam bem
diferenciá-la das autoras da ação”.

A Koch & Koch, portanto, poderá continuar com o sobrenome de seus sócios
em sua denominação, apenas deverá modificar a razão social com elementos
que dificultem a possibilidade de confusão, por clientes, com as empresas
autoras do processo. “O direito da marca das autoras não pode impedir que a
requerida (Koch & Koch) se utilize da expressão “Koch” em sua razão social,
pois este o patronímico de seus sócios e fator essencial para o livre e
responsável exercício de sua atividade profissional”, concluiu a relatora.

Ainda segunda a relatora, “de qualquer forma, a marca resguarda as autoras


contra a possibilidade de que seus serviços venham a ser confundidos com
outros. No mesmo sentido, o Estatuto da Advocacia pretende que a razão
social do escritório possa bem identificá-lo no mercado”. Assim, a inclusão de
elementos que distingam a denominação da Koch & Koch das razões sociais
das duas autoras do processo é a melhor solução para o caso, pois não
prejudicará a atuação das três empresas no mercado.

DECISÃO
Tribunal reduz valor de indenização por uso do nome Dijon em edifício
O Superior Tribunal de Justiça (STJ) reduziu o valor da indenização devida
pela Construtora Guerra Martins Ltda, de Minas Gerais, à rede de confecções
Dijon S/A, do Rio de Janeiro, pela utilização do nome Dijon em um
edifício empresarialconstruído em Belo Horizonte. A Dijon S/A queria receber
5% de royalty sobre o valor de venda de cada unidade comercializada; o
Tribunal de Justiça de Minas Gerais concedeu 0,5%, mas a Quarta Turma do
STJ reduziu a indenização para 0,1%. 

A Dijon S/A propôs ação de indenização contra a construtora requerendo o


ressarcimento de danos sofridos em razão de violação de direito de
propriedade industrial pela utilização indevida de sua marca registrada para
denominar um empreendimento imobiliário. A ação foi julgada improcedente
em primeira instância. Em grau de apelação, a Terceira Câmara Cível do
Tribunal de Alçada de Minas Gerais condenou a construtora ao pagamento de
0,5% de royalty a partir da citação. 

Ambas as partes recorreram ao STJ. A construtora questionou a indenização,


alegando que não houve comprovação do dano e que o nome Dijon foi utilizado
para homenagear uma famosa cidade da França. A Dijon S/A insistiu no
pagamento de 5% sobre o valor de cada unidade comercializada, corrigido
monetariamente a partir do efeito danoso. 

A princípio, o relator, ministro Fernando Gonçalves, votou pela concessão dos


5%, mas reviu sua decisão após os votos divergentes dos ministros Aldir
Passarinho Junior e João Otávio de Noronha. Segundo o ministro Aldir
Passarinho, é comum as construtoras utilizarem nomes de lugares bons e
famosos para designar seus empreendimentos imobiliários e, como comprador,
mesmo sendo carioca, ele jamais atrelaria um edifício chamado Dijon a um
produto comercializado pela rede de confecções. 

Ressaltando que reconhece o direito de marca, Aldir Passarinho entendeu que


o grau de influência do nome da marca Dijon no referido empreendimento é
zero ou perto de zero, pois os produtos comercializados são completamente
diferentes e incapazes de gerar um direito expressivo indenizatório. Abrindo a
divergência, ele concedeu parcial provimento ao recurso da construtora e
reduziu a indenização para 0,1% 
O ministro João Otávio de Noronha seguiu a mesma linha, destacando que a
lei de propriedade visa proteger as marcas de uma eventual concorrência e
que, no caso, um empreendimento imobiliário não concorre com uma empresa
de confecção. “Não vejo em que este edifício pode ter prejudicado a imagem
da marca Dijon ou se valido dela para levar alguma vantagem”, afirmou,
acompanhando o voto divergente. 

Assim, por unanimidade, a Turma deu parcial provimento aos dois recursos
para reduzir o valor da indenização e determinar a incidência de juros
moratórios a partir do evento danoso, no caso o habite-se.

Terceira Turma decide sobre marca idêntica registrada por escritórios

A Terceira Turma do Superior Tribunal de Justiça decidiu que o direito sobre


a marca de uma empresa não impede que sócios de escritório de
advocacia usem seus sobrenomes na atividade profissional em que é comum o
uso do nome familiar, mesmo que ele seja idêntico a marca já registrada.

Mesmo assim a ministra relatora Nancy Andrighi ao julgar o


recurso envolvendo a Koch Advogados Associados, a Koch Consultoria e
Assessoria Empresarial e a Koch & Koch Advogados e Consultores, todas do
Rio Grande do Sul, pediu que essa última  modificasse seu nome, similar à
marca já registrada pelas duas primeiras empresas. 

Apesar de reconhecer o direito da empresa de advocacia e consultoria de usar


o nome familiar, a Terceira Turma ordenou que ela acrescente à sua razão
social elementos que promovam a distinção do seu nome com relação ao dos
outros dois escritórios para evitar possíveis prejuízos e confusões devido a
semelhança desses nomes. 

DECISÃO
É possível desconsiderar a personalidade jurídica de empresas no curso
de processo de falência quando há confusão patrimonial
O Superior Tribunal de Justiça (STJ) confirmou decisão da Justiça paulista que
havia desconsiderado a personalidade jurídica de duas empresas para as quais
bens imóveis da Barnet Indústria e Comércio haviam sido transferidos. Hoje
falida, a Barnet era a holding controlada pelo empresário Ricardo Mansur, que
administrava as redes Mappin e Mesbla. A transferência teria sido uma
tentativa de esvaziar o patrimônio empresarial da Barnet. Com a
desconsideração, os bens voltam à massa falida. 

A manobra teve a participação de duas filhas de Mansur que receberam por


transferência bens imóveis de alto valor de propriedade da Barnet. Esses bens
foram conferidos à Market Consultoria em Leilões. O capital social desta
empresa foi formado exclusivamente pelos imóveis. Posteriormente, as irmãs
hipotecaram os bens a outra empresa, que seria gerida por pessoa ligada a
Ricardo Mansur, em garantia de uma dívida da hoje falida Barnet. 
Em desacordo, o síndico da massa falida levou o fato ao conhecimento do juiz
de falência, que entendeu caracterizada a fraude e, no bojo do próprio
processo de falência, desconsiderou a personalidade jurídica das empresas. A
decisão baseou-se no entendimento de que, havendo confusão patrimonial
entre a sociedade e o seu controlador, é possível fazer incidir sobre os bens
deste a responsabilidade pelas dívidas sociais. No caso, a confusão foi gerada
pela seqüência de negócios envolvendo bens originariamente pertencentes à
Barnet, negócios que se deram às vésperas da quebra da empresa. 

A decisão foi mantida pelo Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ), ao julgar
apelo da empresa Market. Para o TJ, a desconsideração foi acertada na
medida em que o patrimônio da falida confundiu-se com o patrimônio da
sociedade que se constituiu, sendo os bens, por dívida da primeira,
hipotecados a uma terceira. Junto ao STJ, a Market apresentou novo recurso,
alegando que seria necessária uma ação própria, revocatória, para que se
tornasse possível a desconsideração da personalidade jurídica. 

O relator do recurso, ministro Aldir Passarinho Junior, destacou que,


comprovada a fraude, não se justificaria a continuidade da situação prejudicial
e inteiramente irregular, uma vez ser longo o trâmite de uma ação revocatória,
como pretendia a Market. De acordo com o ministro, é correta a decisão que
coíbe de imediato a fraude e busca evitar a consolidação de seus malefícios,
nada impedindo que os atingidos tentem reverter a decisão pelos meios
adequados, junto ao juiz de falência. O posicionamento foi unânime na Quarta
Turma.

DECISÃO
06h08 - 29/08/2006
STJ soluciona disputa pelo nome comercial Best Way
O Superior Tribunal de Justiça acabou com a disputa judicial pela titularidade
do nome comercial “Best Way” (melhor caminho) envolvendo duas empresas
de informática – Best Way Importação e Exportação Ltda e The Best Way
Informática Ltda. Acompanhando o voto do relator, ministro Aldir Passarinho
Junior, a Quarta Turma do STJ, por unanimidade, modificou decisão do
Tribunal de Justiça de São Paulo e garantiu a titularidade à empresa Best Way
Importação e Exportação. 

Em seu voto, o relator do processo sustentou que a conjugação das duas


palavras inglesas possui identidade própria e significado específico (melhor
caminho), que permite a individualização do titular, não podendo afirmar que se
trata de nome corriqueiro e comum, isento da proteção legal conferida pela Lei
n. 8.934/1994. Ressaltou, ainda, que a atividade desenvolvida pelas duas
empresas também é muito semelhante e pode confundir o consumidor. 

De acordo com os autos, a Best Way Importação e Exportação Ltda foi


registrada na Junta Comercial de São Paulo em dezembro de 1991 para atuar
no ramo de importação, exportação, comércio atacadista de materiais de
escritório e prestação de serviços na área de manutenção de equipamentos de
informática. Quase seis anos depois, a The Best Way Informática Ltda foi
registrada na mesma Junta, exercendo a atividade social de comércio varejista
de equipamentos e materiais para escritório, informática e comunicação. 

“Imaginar que não haveria confusão entre os clientes configura hipótese de


nenhuma razoabilidade, inclusive porque os demais nomes adicionados –
Importação e Exportação na primeira e Informática na segunda – são, eles sim,
comuníssimos”, ressaltou o ministro Aldir Passarinho. A The Best Way
Informática tem 30 dias para cumprir a decisão e modificar seu nome
comercial. Após esse prazo, incidirá cobrança de multa. 

O ministro Aldir Passarinho sustentou seu voto nos artigos 33 (a proteção ao


nome empresarial decorre automaticamente do arquivamento dos atos
constitutivos de firma individual, de sociedades ou de suas alterações) e 35, V
(não podem ser arquivados os atos de empresas mercantis com nome idêntico
ou semelhante a outro já existente), da Lei n. 8.934/1994, no artigo 129 da Lei
n. 9.279/1996 (a propriedade da marca adquire-se pelo registro validamente
expedido, conforme as disposições desta lei, sendo assegurado ao titular seu
uso exclusivo em todo o território nacional), e no parágrafo 1° da mesma lei
(toda pessoa que, de boa fé, na data da propriedade ou depósito, usava no
País, há pelo menos seis meses, marca idêntica ou semelhante para distinguir
ou certificar produto ou serviço idêntico, semelhante ou afim, terá direito de
procedência ao registro)

Terceira Turma assegura à massa falida de Bloch Editores direito de


vender fazendas
Em decisão unânime, a Terceira Turma do Superior Tribunal de Justiça, com
base em voto do ministro Castro Filho, assegurou à massa falida de Bloch
Editores S/A o direito de vender duas fazendas, Fazenda São Bento e Sítio
Santa Rosa, situadas nos municípios de Resende e Itatiaia, no sul do Estado
do Rio de Janeiro, para fazer face a créditos trabalhistas. A venda dos dois
imóveis rurais estava sendo impugnada na Justiça pela Bloch Editores S/A em
processo de autofalência, sob a alegação de que o patrimônio da empresa
estaria sendo dilapidado pelo síndico da massa falida. Segundo o processo, a
Bloch Editores S/A entrou com pedido de concordata preventiva na 5ª
Vara Empresarial da Comarca do Rio de Janeiro, mas, diante das dificuldades
encontradas, viu-se obrigada a confessar sua falência, que foi declarada por
sentença de agosto de 2000. O síndico da massa falida requereu e obteve, no
juízo falimentar, a alienação das duas fazendas: a primeira, avaliada em R$
6,87 milhões e a segunda, no valor de R$ 1,54 milhão, em valores referentes a
março de 2002. A Bloch Editores impugnou a autorização dada pelo juiz para a
venda, alegando que o procedimento de liquidação das empresas do grupo
ainda se encontra na fase de informações, não tendo sido concretizado sequer
o chamado QGC
o quadro geral de credores. Argumentou que o síndico, Valter Soares, de modo
apressado e irrefletido, vem insistindo na alienação de ativos do grupo sob o
pretexto da necessidade de produzir receitas para pagar as despesas e fazer
face até mesmo às indenizações trabalhistas. A Terceira Câmara Cível do
Tribunal de Justiça do Rio, no entanto, acolheu o recurso da Bloch Editores S/A
apenas para determinar que os preços encontrados no laudo sejam expressos
em UFIR, de modo a garantir que a venda das fazendas se processe pelo seu
valor real de mercado, mantendo integralmente a decisão do juiz falimentar de
permitir a venda dos dois imóveis rurais. O acórdão entendeu ser muito
complexo o processo de falência do grupo, já perto de 20 mil páginas, tendo
ocorrido inúmeras questões incidentais, até mesmo com a verificação de
graves ilicitudes praticadas por ex-dirigentes. Apesar de reconhecer que o ativo
equivale mais ou menos ao passivo em grandeza, o acórdão reconheceu a
necessidade de serem tomadas severas medidas, sobretudo para pagamento
dos vários trabalhadores do grupo, cujo interesse deve prevalecer sobre o dos
demais credores, comuns ou não, e até mesmo sobre os credores fiscais. Daí o
recurso da Bloch Editores S/A para o STJ, alegando que houve violação da Lei
de Falências, porque os imóveis mandados leiloar não são bens de fácil
deterioração nem de guarda dispendiosa ou de grande risco. Argumentou que
o processo de falência ainda se encontra na fase informativa dos créditos e
ainda não atingiu sequer a fase de liquidação, o que impossibilitaria, no seu
entender, a venda antecipada de bens integrantes da massa falida. Ao rejeitar
o recurso da editora, o relator do processo, ministro Castro Filho, argumentou
que a situação de extrema urgência relatada no processo autoriza ou até
reclama que o juiz falimentar, prudentemente, a título de cautela, defira a venda
antecipada dos bens para evitar maiores prejuízos à massa falida e
principalmente aos empregados. No caso, o fato de as fazendas postas à
venda já haverem sido invadidas anteriormente, duas vezes, por mais de 120
famílias de agricultores sem-terra, que foram de lá retiradas a muito custo, em
ação de reintegração de posse, até mesmo com uso de força policial, indica o
manifesto perigo de novas invasões, justificando a venda dos imóveis rurais,
até mesmo pelo sagrado dever de remunerar quem trabalhou para a empresa e
não recebeu o salário devido e de forma a evitar lesão integral a toda massa
falida. Para o relator do processo, a jurisprudência do STJ assegura que as
pessoas falidas, por meio de seus procuradores, possuem ainda a legitimidade
para exercitar os seus direitos no processo de falência, existindo, no caso, a
legitimidade da massa falida de Bloch Editores S/A para vir a juízo exercitar os
seus direitos, principalmente no que concerne à prevenção de possível prejuízo
aos bens do grupo. Assim, o ministro Castro Filho, em voto que foi
integralmente acompanhado pelos ministros Antônio de Pádua Ribeiro,
Humberto Gomes de Barros, Carlos Alberto Menezes Direito e Nancy Andrighi,
presidente da Turma, não conheceu do recurso. Para ele, ao admitir a
necessidade da venda antecipada dos imóveis para evitar sua deterioração ou
problemas com invasores, bem como a realização de novos gastos com a
indispensável proteção dos bens, o tribunal de origem decidiu com base nas
provas produzidas no processo, esbarrando, assim, no teor da Súmula 7 do
Tribunal, o recurso da Bloch Editores S/A em face da impossibilidade de o STJ,
para modificar a decisão do TJ/RJ, ter de reexaminar as provas constantes dos
autos. Viriato Gaspar (61) 319-8586

Rejeitado recurso da Globo em ação milionária sobre direitos autorais


A Terceira Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) rejeitou recurso da TV
Globo que alegava suspeição de perito em ação de indenização pelo uso
indevido de músicas em seus programas; o pedido já havia sido negado pelo
tribunal estadual do Rio de Janeiro. As gêmeas Maria Cristina e Maria Cecília,
cantoras e compositoras, entraram com ação pedindo indenização de R$ 200
milhões pelos direitos autorais de 62 músicas e 600 produções musicais em co-
autoria. São delas os temas para os programas "Os Trapalhões" e "A festa é
nossa" e as aberturas de TV Pirata e Globo de Ouro. Segundo as
compositoras, elas trabalharam para a TV Globo de 1984 a 1989, e a empresa
estaria usurpando a titularidade intelectual das diversas obras 
titularidade que pertence a elas 
por meio de portaria excluindo o direito de nominação individual do criador
pelas obras sonoras que utiliza e pelo não-pagamento de direitos autorais
quanto às constantes reprises no Brasil e no exterior. Na ação, pedem-se
danos patrimoniais pela utilização indevida do material fonográfico e danos
morais diante da supressão dos créditos pela composição das obras
executadas nos programas. As irmãs entraram também com outra ação de
indenização. Dessa vez contra a Som Livre S/A, empresa responsável pelo
setor fonográfico da Rede Globo. Pedem danos materiais e morais pelo uso
não autorizado de música delas na coletânea de sucessos antigos denominada
Hits Again. O que se discute no STJ é a prova pericial. Foi aprovada a
realização de perícia autoral e contábil e, para tanto, indicados dois peritos. No
entanto, em agosto de 2004, um perito apresentou pedido para homologar seus
honorários no valor de R$ 300 mil. A Globo impugnou o valor tanto por ser
excessivo quanto pelo fato de o perito ser ex-funcionário da Som Livre. Em
resposta, o perito afirmou ter sido nomeado em 2003, fato que era do
conhecimento da Globo. Nova impugnação da emissora, dessa vez quanto às
informações prestadas, argüindo mais uma vez o impedimento do perito, dessa
vez narrando ter ocorrido reunião secreta entre as compositoras e o
profissional na qual foram discutidos detalhes do caso. A argüição de
impedimento foi afastada pelo juiz porque feita de forma incorreta, pois a
nomeação foi impugnada apenas um ano e sete meses depois da nomeação e
o perito havia sido empregado de outro ramo empresarial do qual a Globo faz
parte e, mesmo assim, já havia se desligado há três anos. Nova tentativa da
Globo foi feita. Alegou que, somente em dezembro de 2004, soube que existia
ação judicial contra a Som Livre, a qual foi proposta em São Paulo; como o
perito foi diretor jurídico da gravadora por mais de 20 anos e, nessa condição,
supervisionou todos os contratos jurídicos firmados pela empresa, ele seria
suspeito para a ação. O pedido foi rejeitado, levando a Globo a recorrer ao
Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, que considerou ter sido o pedido
apresentado fora do prazo, que deveria ser de cinco dias. Daí o recurso da
Globo para o STJ, tentando ver reconhecido o prazo de 15 dias para argüir a
suspeição do perito. O recurso, no entanto, não foi admitido. Para a relatora,
ministra Nancy Andrighi, não há como conjugar o conceito de 'primeira
oportunidade', previsto no artigo 138, parágrafo 1º, do Código de Processo Civil
para possibilitar a argüição de suspeição do perito, com o prazo de quinze dias
do artigo 305 do CPC, este previsto especificamente para o oferecimento de
exceção de suspeição do juiz. Em tal caso, a regra específica do artigo 138,
parágrafo 1º, do CPC seria totalmente afastada em favor de norma que apenas
aparentemente disciplina a mesma questão. Como o recurso especial alega
violação do artigo 305 do CPC e não do artigo 138, incide ao caso a Súmula nº
284⁄STF, a qual não admite o recurso quando a deficiência na sua
fundamentação não permite a exata compreensão da controvérsia. Regina
Célia Amaral (61) 3319-8593

Segunda Seção do STJ nega pedido em processo sobre a fusão da Varig


e da TAM
Os ministros da Segunda Seção do Superior Tribunal de Justiça (STJ) negaram
provimento ao agravo regimental (tipo de recurso) interposto pelo aeroviário
Gilberto Rigoni. Com esse recurso, Rigoni pretendia, além da suspensão da
liminar concedida pelo vice-presidente do STJ, ministro Edson Vidigal, que o
processo fosse remetido ao Supremo Tribunal Federal (STF) e que fosse
restabelecido o curso normal das demandas judiciais. A fusão entre a Varig e a
TAM gerou duas ações cautelares propostas, uma, por Gilberto Rigoni, na
Comarca do Rio de Janeiro (RJ) e outra, por Fernando Cavalcanti Baracho, na
Comarca de Paripueira (AL). O impasse gerou um conflito de competência,
pois ambos os magistrados, subordinados a diferentes tribunais, se
consideraram competentes para processar e julgar as cautelares para impedir
a fusão. O vice-presidente do STJ deferiu a liminar para designar o Juízo da 2ª
Vara Empresarial da Comarca do Rio de Janeiro para resolver, em caráter
provisório, as medidas urgentes até o julgamento do conflito de competência
pela Seção. Para conseguir a reconsideração da decisão, os aeroviários
Gilberto Rigoni e Fernando Baracho alegaram, em recursos diferentes, não
existir o alegado conflito de competência, uma vez que as ações em trâmite em
Alagoas e no Rio de Janeiro foram impetradas por pessoas diferentes e têm
causa de pedir e objetos também diversos. Ao decidir, o ministro Sálvio de
Figueiredo Teixeira, relator do conflito, não acolheu os pedidos de revogação
da liminar concedida pelo vice-presidente e o envio do feito ao STF, em razão
do ajuizamento de um mandado de segurança, uma vez que estaria a
caracterizar a invasão da competência da Suprema Corte. "Não logra a
pretensão ser acolhida. Uma, porque o mandado de segurança teve seu
seguimento negado pelo ministro Gilmar Mendes, do STF. A duas, porque a
expressão sobrestamento de todos os processos, lançada na decisão
monocrática do ministro vice-presidente, não teve por escopo, obviamente,
sobrestar outros processos que não os dois envolvidos no conflito de
competência submetido a essa Corte", ressaltou o ministro. Sálvio de
Figueiredo lembrou, também, que a liminar foi concedida sob os fundamentos
do artigo 120 do CPC, o qual estabelece que "poderá o relator, de ofício, ou a
requerimento das partes, determinar, quando o conflito for positivo, seja
sobrestado o processo, mas, neste caso, bem como no de conflito negativo,
designará um dos juízes para resolver, em caráter provisório, as medidas
urgentes". Assim, afirmou o ministro, a suspensão dos feitos e a designação
provisória de um dos juízos para responder pelas medidas urgentes,
observaram as normas processuais referentes ao tema, "não merecendo
reforma a decisão agravada, a não ser a integração ao seu teor do
esclarecimento de que tal suspensão somente diz respeito aos feitos que
originaram o conflito de competência em exame". Cristine Genú (61) 319-6465

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