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HABITAÇÃO 1.0
Bairro saudável. População saudável
Habitação com qualidade de vida elétrica, área de lazer. A casa sozinha não resolve
A ABCP adota este conceito o problema social. É preciso que ela esteja em um
bairro, com toda a infra-estrutura e serviços.
A ABCP - Associação Brasileira de Cimento Alguns dos principais pontos do projeto
Portland, braço tecnológico da indústria brasileira de Habitação 1.0 ® são:
cimento, em parceria com a ONG paulista Água e • Construção de casas em alvenaria estrutural de
Cidade e com o apoio da Escola Politécnica da blocos de concreto ou de concreto celular, sem
Universidade de São Paulo (EPUSP) apresenta o desperdício de material e mão-de-obra e com
projeto Habitação 1.0®, que prevê a construção de grande aproveitamento dos espaços internos
casas de cerca de 40 m2 em concreto celular ou • Pavimentação de ruas com blocos intertravados,
alvenaria estrutural de blocos de concreto - alternativas ótima solução técnica e econômica
à base de cimento - casas essas que devem estar • Utilização de sistemas de coleta e tratamento de
inseridas em espaços urbanos com sistema de coleta esgoto
e tratamento de esgoto, galerias multiuso, coleta de lixo • Coleta de lixo seletiva
seletiva e pavimentos intertravados, configurando • Economia de energia com a eliminação das fontes
assim o que se chama de "Bairro Saudável". Cada de grande consumo e a instalação de central de
casa tem um custo médio que atende às exigências de aquecimento a gás
várias linhas de crédito voltadas à habitação de • Envolvimento da comunidade local, educando-a
interesse social. para a gestão da água.
O maior beneficiário dessa proposta é a população
de baixa renda, que precisa de apoio, tanto do poder O papel da ABCP
público quanto da sociedade civil, para alcançar me-
lhores padrões de vida. Por isso, o projeto Habitação O papel da ABCP é oferecer alternativas
1.0 ® destina-se a administradores municipais, sindi- construtivas detalhadas e dar assistência aos
catos, ONGs, prefeituras e secretarias de obras que municípios. Para isso, estará à disposição das
tenham um terreno saneado e vontade política de administrações municipais para auxiliá-las na
mudar a realidade do município onde se encontram. implementação de sua proposta, orientando técni-
cos da prefeitura, construtoras, mão-de-obra e até
A indústria brasileira do cimento e a habitação mesmo moradores. A ABCP acredita que é possí-
social vel, com tecnologia, construir casas populares uti-
lizando materiais de qualidade a custo baixo.
A indústria brasileira do cimento quer participar Para ter a ABCP como parceira do município,
ativamente do projeto social do país, oferecendo basta solicitar uma visita. Juntos, se avaliará a
alternativas duráveis, de qualidade e econômicas, implementação do projeto Habitação 1.0 ®. As plan-
que trabalhem o conceito de habitação com sus- tas aqui apresentadas estão disponíveis para exe-
tentabilidade. Quer também sair do lugar-comum cução por qualquer prefeitura ou instituição da área
das construções de interesse social, agregando habitacional, devendo apenas ser atendidos os ter-
harmonia e beleza aos projetos. A Habitação 1.0 ® mos que regulamentam a autoria e a responsabili-
apresenta um conceito diferente de moradia popu- dade técnica. Futuramente, as novas soluções
lar. Não adianta simplesmente fazer casas repeti- serão incorporadas ao projeto Habitação 1.0 ®.
das, sem identidade, que acabam se transformando Faça um contato com a ABCP pelo telefone (11)
em depósito de gente. A população precisa de uma 0800-555776.
moradia digna, que além de paredes, teto, tenha
Vamos mudar o Brasil, que é a nossa casa.
esgoto tratado, água limpa, pavimentação, energia
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Ficha Técnica
HABITAÇÃO 1.0
Bairro saudável. População saudável
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A História da ABCP HABITAÇÃO 1.0
Bairro saudável. População saudável
3
Índice
HABITAÇÃO 1.0
Bairro saudável. População saudável
Prefácio
A História da ABCP
1. Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .5
2. Conceito de bairro sustentável . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .6
3. Fontes de recursos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .8
4. Casa 1.0 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .19
4.1 Diretrizes básicas de projeto . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .20
4.2 Sistemas construtivos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .21
4.2.1 Alvenaria estrutural com blocos de concreto . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .21
4.2.2 Concreto celular . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .41
5. Infra-estrutura . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .68
5.1 Sistemas de esgoto sanitário . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .69
5.1.1 Diretrizes básicas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .69
5.1.2 Rede coletora de esgoto . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .70
5.2 Sistemas de abastecimento e distribuição de água . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .72
5.2.1 Diretrizes básicas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .73
5.3 Sistemas de gás . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .74
5.3.1 Diretrizes básicas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .74
5.4 Sistema de captação de águas pluviais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .75
5.5 Sistema de energia e comunicação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .76
5.5.1 Sistema de distribuição de energia elétrica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .76
5.5.2 Sistemas de comunicação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .76
5.6 Vala técnica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .77
5.7 Capacitação de gestores dos sistemas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .80
5.8 Pavimento intertravado . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .81
6. Sustentabilidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .86
7. Conclusão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .87
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1. Introdução HABITAÇÃO 1.0
Bairro saudável. População saudável
A Habitação 1.0 ® é mais que um projeto de A casa própria é um sonho de todo brasileiro e o
moradia popular – trata-se, sim, de um conceito de primeiro grande passo para o resgate de sua
habitação, pois contempla uma proposta de quali- cidadania. Porém, a realidade atual é de um déficit
dade de vida para a população: "Bairro saudável. superior a 6 milhões de habitações, segundo dados
População saudável." Esse conceito é fruto de um de 2001 da Fundação João Pinheiro, de Minas
profundo trabalho de planejamento e pesquisa na Gerais. Ajudar esse brasileiro a ser mais cidadão é
área habitacional brasileira, cujos programas o grande desafio da Habitação 1.0 ®. Para atingir
enfrentam dificuldades em todas as etapas: sistema esse objetivo, o projeto Habitação 1.0 ® oferece as
construtivo a ser adotado, mão-de-obra qualificada, informações e subsídios fundamentais relativos a
implantação, pós-ocupação e sustentabilidade. A fontes de recursos, projetos de infra-estrutura e
Habitação 1.0 ® é o aprimoramento de outro con- implantação de saneamento básico, soluções con-
ceito, o da Casa 1.0, lançado pela parceria cretas e tecnologicamente avançadas de sistemas
Governo, Iniciativa Privada e Trabalhadores em construtivos e potencial de mobilização, organiza-
junho de 2001, durante o 4º Construbusiness (4º ção, conhecimento e logística para a auto-susten-
Seminário da Indústria Brasileira da Constrção), tação do bairro.
evento realizado um mês depois de constituído o O que está descrito a seguir é um passo-a-passo
primeiro fórum das cadeias produtivas. de todo o procedimento para a realização da
Habitação 1.0 ® em seu município.
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2. Conceito de bairro sustentável HABITAÇÃO 1.0
Bairro saudável. População saudável
6
2. Conceito de bairro sustentável
HABITAÇÃO 1.0
Bairro saudável. População saudável
táveis • Flexibilidade
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3. Fontes de recursos
HABITAÇÃO 1.0
Bairro saudável. População saudável
Programas da CAIXA
A Caixa Econômica Federal, simplesmente CAIXA, alterou seus programas de financiamento com recur-
sos do FGTS. Foram mantidas as condições na modalidade Aquisição de Material de Construção na Carta
de Crédito FGTS, para famílias com renda de até R$ 2.000,00.
Novas regras
Financiamentos imobiliários com recursos do FGTS
Fa i xa
de Limite de financiamento 1 Valor do imóvel Modalidade Tax a n om in a l
renda de j uro s ( a . a . )
(1) O valor máximo estabelecido para financiamento é limitado, ainda, à capacidade de pagamento e à idade do propo-
nente (por exemplo, para uma renda familiar de até R$ 1.000,00, o financiamento máximo é de R$ 23 mil).
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3. Fontes de recursos
HABITAÇÃO 1.0
Bairro saudável. População saudável
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Programas Habitacionais de Interesse Social do Governo Federal - Resumo
Recursos do Orçamento Geral da União com contrapartida dos Estados ou Municípios – Sem Retorno
Universalizar os serviços de Prioritariamente Urbanização de áreas
Depende do Repasse de Não há
MORAR MELHOR saneamento básico, reduzir o até 3 SM
Lotes urbanizados Projeto 80% a 95% do (Repasse)
(Habitar Brasil) déficit habitacional e melhorar a valor da obra
infra-estrutura urbana Produção de moradias
Recursos originários do FGTS para Empréstimo ou Financiamento de Empreendimentos Habitacionais ou de Soluções Habitacionais Individuais
CARTA DE CRÉDITO Financiamento direto ao cidadão Até R$ 2.000,00 1. Aquisição de lotes urbanizados R$ 62 mil R$ 7 mil 6% p/ RF=
INDIVIDUAL – Pessoa Física – adquirente ou Modalidades 1,2, 3 e 4 R$ 1.000,00
proprietário de imóvel 2. Aquisição de material construção R$ 62 mil R$ 7 mil
habitacional ou de lote Até R$ 4.500,00 8,16% p/ RF=
urbanizado Modalidades 3. Conclusão, ampliação e/ou melhoria R$ 62 mil R$ 17.500 R$ 1.001/3.250
3. Fontes de recursos
5, 6 e 7
4.Aquisição de imóvel usado R$ 62 mil R$ 44 mil 10,16% p/ RF=
R$ 3.250/4.500
5. Aquisição de terreno e construção R$ 80 mil R$ 64 mil
VF>R$ 55.000
6. Aquisição de imóvel novo VV> R$ 62.000
7. Construção em terreno próprio
IMÓVEL NA PLANTA Destinação de recursos para Até R$ 4.500,00 Produção de lotes urbanizados Idem ao Carta
10
R$ 10 mil R$ 8 mil
(Ex-Carta de Crédito construção de unidades e aquisição de Crédito
Associativo) de unidades prontas desde que
Aquisição terreno e construção Individual
produzidas pelo programa, por meio
R$ 62 mil R$ 55 mil
de entidades privadas, associações,
sindicatos, Cohabs etc Construção em terreno próprio
PRÓ-MORADIA Financiamento ao setor público, Prioritariamente Aquisição de material de construção -o- R$ 4 mil 5,00
(recursos para apoio no desenvolvimento até 03 SM
contingenciados) de ações integradas e articuladas Infra-estrutura em conjuntos
R$ 3 mil
com outras políticas setoriais, habitacionais
que resultem na melhoria da
Urbanização de áreas R$ 4.500,00
qualidade de vida da população,
por intermédio de alternativas (+ 1,00 carência e
habitacionais Produção de lotes urbanizados R$ 7 mil +2,00 amortiz).
Saneamento básico
Resíduos sólidos
PAR – Programa de Permitir o acesso à moradia por Até 06 SM Aquisição terreno e construção 80% índice
Arrendamento meio de arrendamento com R$ 35 mil R$ 25 mil
Residencial opção de compra a famílias correção
moradoras em aglomerados do FGTS
urbanos, regiões metropolitanas
e capitais
HABITAÇÃO 1.0
Bairro saudável. População saudável
3. Fontes de recursos
HABITAÇÃO 1.0
Bairro saudável. População saudável
Recursos do Orçamento Geral da União (OGU) com contrapartida dos Estados ou Municípios – Sem
retorno
- Urbanização de áreas
Modalidades - Lotes urbanizados
- Produção de moradias
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3. Fontes de recursos
HABITAÇÃO 1.0
Bairro saudável. População saudável
(continuação)
Composição do
investimento Modalidade: produção de moradias
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3. Fontes de recursos
HABITAÇÃO 1.0
Bairro saudável. População saudável
Recursos do Orçamento Geral da União (OGU) com contrapartida dos Estados ou Municípios – Sem
retorno (continuação)
Faixa de renda Predominantemente famílias com renda mensal de até 03 Salários Mínimos (SM)
Ações, obras e
• TERRENO: valor de compra/venda, desapropriação ou avaliação, menor dos valores
serviços
• REGULARIZAÇÃO FUNDIÁRIA: valor do cadastramento físico da ocupação, projeto de
integrantes do
regularização ou parcelamento
projeto
• INDENIZAÇÃO DAS BENFEITORIAS: nos casos de remanejamento ou reassentamento
• PROJETOS E ESTUDOS PRELIMINARES: Os componentes do projeto integrado, limitado a
1,5% do valor de obras do projeto
• ALOJAMENTO PROVISÓRIO: para as famílias que venham a ser remanejadas, na implan-
tação do projeto
• REMANEJAMENTO / REASSENTAMENTO: despesas com remanejamento de famílias
• INFRA-ESTRUTURA:
– abastecimento de água, esgotamento sanitário e drenagem pluvial
– sistema viário
– iluminação pública e ligações intradomiciliares de eletricidade
– Coleta de resíduos sólidos
– Contenção e estabilização de encostas e/ou de áreas
– Recuperação de áreas degradadas
– Obras especiais, tais como: adução, estações elevatórias, estações de tratamento de esgo-
to, diques, canais, ancoradouros, subestações, entre outras
– Provisão de serviços sociais básicos: postos de saúde, escolas de primeiro grau, centros
comunitários, centros de assistência ao menor e outros equipamentos comunitários
• UNIDADE HABITACIONAL: Unifamiliar ou multifamiliar com área de até 32,0 m2, construída pelo
regime de empreitada, mutirão ou autoconstrução
• CESTA BÁSICA DE MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO: para a construção, ampliação, melhoria
ou conclusão da unidade habitacional, do módulo hidráulico ou do equipamento comuni-
tário público, podendo incluir remuneração do trabalho das famílias beneficiadas ou contra-
tação de mão-de-obra especializada
(continua)
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3. Fontes de recursos
HABITAÇÃO 1.0
Bairro saudável. População saudável
(continuação)
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3. Fontes de recursos
HABITAÇÃO 1.0
Bairro saudável. População saudável
Acesso aos Crédito direto via agência da Caixa, se enquadrado nos requisitos do programa
recursos
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3. Fontes de recursos
HABITAÇÃO 1.0
Bairro saudável. População saudável
Acesso aos
recursos Crédito via agência da Caixa para grupos formados por associações e construtoras
Faixa de renda
familiar Até R$ 4.500,00
Taxa nominal De 6% a 10,16%, dependendo da renda Prazos Até 240 meses – Tabela Price
de juros familiar Até 300 meses - SACRE
Composição do Não se aplica, por se tratar de programa cujo valor da alternativa habitacional é regulado pelas
investimento regras de mercado
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3. Fontes de recursos
HABITAÇÃO 1.0
Bairro saudável. População saudável
Financiamento ao setor público, para apoio no desenvolvimento de ações integradas e articuladas com
Objetivo outras políticas setoriais, que resultem na melhoria da qualidade de vida da população, por intermédio
de alternativas habitacionais
Acesso aos Proposta apresentada pelo Município ou Estado e hierarquizada pela Instância Colegiada Estadual,
recursos segundo critérios pré-estabelecidos por esta
Faixa de renda Prioritariamente famílias com renda mensal de até 03 Salários Mínimos (SM)
Composição do
• TERRENO: valor de avaliação ou desapropriação / aquisição, acrescido das despesas de legalização
investimento
• INDENIZAÇÃO DAS BENFEITORIAS: valor das indenizações, limitado à avaliação a ser efetuada
(depende da
modalidade) • INFRA-ESTRUTURA: rede de abastecimento de água e/ou esgotamento sanitário, rede de energia
elétrica e/ou iluminação pública, sistema de drenagem, pavimentação de passeios e das vias de aces-
so e internas da área sob intervenção e obras de proteção, contenção e estabilização do solo
• EQUIPAMENTOS COMUNITÁRIOS PÚBLICOS: valor das obras e serviços de bens públicos voltados
à saúde, educação, segurança, desporto e lazer, convivência comunitária, assistência à infância e ao
idoso e geração de emprego e renda das famílias
• PROJETOS: valor limitado a 1,5% do somatório dos itens relativos às obras e serviços
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3. Fontes de recursos
HABITAÇÃO 1.0
Bairro saudável. População saudável
Permitir o acesso à moradia por meio de arrendamento com opção de compra a famílias moradoras
Objetivo em aglomerados urbanos, regiões metropolitanas e capitais
Acesso aos Proposta apresentada por associações interessadas, pelo Município ou Estado, ou por empresa de
recursos construção civil
Composição do Não se aplica, por se tratar de programa cujo valor da alternativa habitacional é regulado pelas regras
investimento de mercado
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4. Casa 1.0 HABITAÇÃO 1.0
Bairro saudável. População saudável
O termo Casa 1.0 busca uma analogia com os • Reduzir custos de construção por meio de proje-
carros populares, que atingiram enorme sucesso tos racionalizados e do uso de materiais e tec-
na última década. Produção em série, pa- nologias comprovadamente eficazes
dronização de processos construtivos, utilização • Compatibilizar os projetos arquitetônicos, estrutu-
de materiais testados e aprovados formam um rais, de instalações entre si e com as tecnolo-
conceito de produção que é primordial ao objetivo gias e materiais empregados
de reduzir o déficit habitacional brasileiro. Tal con- • Projetar ambientes visando o conforto do usuário:
ceito, porém, vai muito além do empregado na pro- bem ventilados, iluminados e adequados para
dução do automóvel. Para a maioria dos receber móveis com dimensões comerciais
brasileiros, a aquisição da casa própria é a con- • Possibilitar ampliações e modificações pelo
quista de uma vida. Por isso, deve ser duradoura e usuário, sem comprometer as características do
admitir adaptações, personalização e ampliação. projeto original
A industrialização da construção não deve • Utilizar materiais e tecnologias locais e aces-
implicar em unidades habitacionais mal resolvidas, síveis
limitadas, frágeis e insalubres. Assim, buscamos
Os projetos apresentados a seguir procuram aten-
projetos otimizados, inteligentes, baseados nas
der a essas premissas, mas não são os únicos.
seguintes premissas:
Novas propostas à base de cimento poderão vir a
integrar a proposta Habitação 1.0 ® da ABCP.
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4.1 Diretrizes básicas do projeto
HABITAÇÃO 1.0
Bairro saudável. População saudável
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4.2 Sistemas construtivos
HABITAÇÃO 1.0
4.2.1 Alvenaria estrutural com blocos de concreto - Bairro saudável. População saudável
Introdução
Normas técnicas
Com um conjunto completo de normas voltadas
à qualidade dos materiais e ao processo construti-
vo, a alvenaria estrutural com blocos de concreto • NBR 12118:92 - Determinação da absorção de
proporciona um resultado final confiável e de alto água, do teor de umidade e da área líquida
desempenho. As principais normas no âmbito da • NBR 10837:89 - Cálculo de alvenaria estrutural de
ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas) blocos vazados de concreto
são: • NBR 8798:85 - Execução e controle de obras em
• NBR 6136:94 - Bloco vazado de concreto simples alvenaria estrutural de blocos vazados de con-
para alvenaria estrutural creto
• NBR 7184:92 - Determinação da resistência à • NBR 8215:83 - Prismas de blocos vazados de
compressão concreto simples para alvenaria estrutural
• NBR 12117:92 - Retração por secagem /Preparo e ensaio à compressão
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4.2 Sistemas construtivos HABITAÇÃO 1.0
4.2.1 Alvenaria estrutural com blocos de concreto - Bairro saudável. População saudável
A escolha do bloco
Como saber que bloco devo utilizar? Qual fabri- blocos de concreto de acordo com as normas
cante escolher? Existe na minha região algum pro- brasileiras. Os produtores que aderem ao programa
dutor que possa atender meu empreendimento? qualificam-se para atender, entre outros órgãos, ao
O desempenho do sistema está diretamente PBQP-H (Programa Brasileiro de Qualidade e
relacionado com a qualidade do componente. Há Produtividade – Habitação).
no mercado uma grande variedade de produtos que As vantagens oferecidas pelos produtos qualifi-
não atendem os critérios estabelecidos pelas nor- cados pelo "Selo de Qualidade" são refletidas na
mas brasileiras, por isso é imprescindível a busca qualidade e na economia final das edificações. Os
contínua pelo bloco de qualidade. produtos apresentam:
• dimensões regulares
• boa aparência
• grande durabilidade
• resistência adequada à sua aplicação
Bloco Técnico
O Selo de
Qualidade ABCP
para blocos de
concreto foi criado
com o intuito de
implementar a
conformidade dos
produtos com as
normas brasileiras
e, dessa forma,
contribuir para a
Bloco Ruim
melhoria da qualidade dos sistemas constru-
tivos à base de cimento.
Para consolidar o emprego da alvenaria estrutu- Meta Mobilizadora do PBQP-H: "Elevar
ral de blocos vazados de concreto, considerando a para 90%, até o ano 2002, o percentual médio
importância do componente BLOCO no processo de conformidade com as normas técnicas dos
construtivo, a ABCP lançou o programa "Selo de produtos que compõem a cesta básica de
Qualidade". O selo tem o objetivo de qualificar os materiais de construção."
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4.2 Sistemas construtivos
HABITAÇÃO 1.0
4.2.1 Alvenaria estrutural com blocos de concreto - Bairro saudável. População saudável
Projeto modulado
Projetar alvenaria modulada com blocos vazados Para blocos de largura de 19 cm, a família 39
de concreto lembra a montagem de um jogo de restringe-se ao B39 (19x19x39cm) e ao B19
peças de encaixe. Modular é dispor os blocos em (19x19x19cm). Complicado? Não. Basta saber
fiadas alternadas, amarrando os elementos e as interagir os elementos construtivos. Daí a necessi-
paredes entre si com o mínimo possível de peças, dade de adquirir o máximo de conhecimento sobre
sem quebras. Uma etapa importante do projeto é o sistema construtivo, como já mencionado.
definir a família de blocos a ser utilizada no O projeto é a ordem de serviço para a execução
empreendimento e a largura dos blocos. da alvenaria, ou melhor, para a montagem da alve-
Mais usualmente, utilizamos duas famílias de naria. Daí a importância de que o conjunto de deta-
blocos: a família 29 e a família 39. Cada uma delas lhes seja compatível com a técnica construtiva. As
é composta de três elementos básicos – na ver- soluções propostas devem ser sempre avaliadas
dade, três diferentes blocos de concreto, a saber: objetivando reduzir a diversidade de componentes
e incorporar facilidades na produção.
O projeto de execução da alvenaria, organizado
em plantas baixas e elevações de paredes, reúne
um conjunto de informações que contém: detalhes
arquitetônicos, estruturais, de instalações elétricas
B14
e hidro-sanitárias, que serão executados simulta-
B29 neamente ao serviço de alvenaria. Tais infor-
B44 mações, compatibilizadas com a técnica construti-
va, são levadas aos canteiros de obras por meio de
programas de qualificação profissional.
• Família 29: bloco B29 (14x19x29 cm), bloco B14
(14x19x19 cm) e bloco B44 (44x19x14 cm).
B34 B39
B54
B19
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4.2 Sistemas construtivos
HABITAÇÃO 1.0
4.2.1 Alvenaria estrutural com blocos de concreto - Bairro saudável. População saudável
Processo construtivo
Marcação
Com a planta de primeira fiada, a equipe inicia
a execução da alvenaria.
Locação das Instalações
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4.2 Sistemas construtivos
HABITAÇÃO 1.0
4.2.1 Alvenaria estrutural com blocos de concreto - Bairro saudável. População saudável
Processo construtivo
Assentamento da 1ª fiada
Elevação
A elevação de alvenaria começa a partir da exe-
cução da segunda fiada. Nesta fase serão executa-
dos os vãos das esquadrias, lembrando que os Aplicação de argamassa - juntas verticais
vãos das portas já foram locados na primeira fiada.
É realizado também o embutimento dos eletrodu- Durante a execução da alvenaria, são verificados
tos, são definidos os locais para as instalações de o nível e o alinhamento, garantindo a precisão
água e esgoto (shafts) e os detalhes estruturais dimensional da parede. As juntas verticais são total-
(armações e concretagens). Todos esses detalhes mente preenchidas, podendo ser trabalhadas com
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4.2 Sistemas construtivos
HABITAÇÃO 1.0
4.2.1 Alvenaria estrutural com blocos de concreto - Bairro saudável. População saudável
Processo construtivo
efeitos arquitetônicos (no caso de alvenaria de blo- projetados dentro dos padrões de modulação da
cos aparentes), pintura direta sobre blocos, entre alvenaria. Se previstos no projeto, facilitam tanto a
outros acabamentos. Peças pré-moldadas nas montagem quanto a manutenção das instalações.
aberturas de portas e janelas agregam valor ao Integradas ao conceito de racionalização e indus-
processo industrializado. Contramarcos pré-fabrica- trialização, as instalações hidro-sanitárias também
dos, além do efeito arquitetônico, permitem maior podem ser pré-montadas em kits para cada
produtividade e precisão na elevação da alvenaria. unidade. A instalação fica restrita ao encaixe do kit
nas prumadas principais, o que limita as interferên-
cias no processo executivo.
Os condutores das instalações elétricas, ou
"eletrodutos", caminham na vertical dentro dos
furos dos blocos. Na horizontal, eles caminham em-
butidos nas lajes ou nos forros. Os blocos com
caixas elétricas deverão ser preparados antes da
execução da alvenaria e assentados no local indi-
cado nas elevações.
Contramarcos pré-fabricados
Instalações
O estudo da interferência entre instalações e
alvenaria é importante para a racionalização do
processo construtivo e para os serviços de
manutenção. Devemos sempre buscar reduzir essa
interferência - o ideal seria não embutir nada nas
paredes. Para facilitar a manutenção ou reparo, as
instalações devem estar em posições adequadas e
ser acessíveis, de modo que o serviço seja feito Shafts (1)
sem necessidade de quebrar a parede.
Instalações de água e esgoto, entretanto, não
podem ser embutidas de forma convencional. Elas
caminharão por espaços que deverão ser
acessíveis, a fim de facilitar a manutenção e o con-
serto. Para que não fiquem visíveis, as instalações
hidro-sanitárias podem ocupar shafts (1), normal-
mente situados no boxe do banheiro ou em
armários, como o da pia da cozinha. Os shafts são Bloco elétrico
(1) Shafts são nichos embutidos na parede onde são locadas as tubulações de água e esgoto
26
4.2 Sistemas construtivos
HABITAÇÃO 1.0
4.2.1 Alvenaria estrutural com blocos de concreto - Bairro saudável. População saudável
Processo construtivo
Revestimento
Na alvenaria com blocos de concreto, pela precisão do componente e da execução, o revestimento pode
ser aplicado diretamente sobre o bloco, eliminando camadas como o chapisco e o emboço.
Revestimento - Argamassa
27
4.2 Sistemas construtivos
HABITAÇÃO 1.0
4.2.1 Alvenaria estrutural com blocos concreto - Bairro saudável. População saudável
Obras executadas
Alguns fabricantes de tintas já possuem produtos que podem ser aplicados diretamente sobre os blocos,
com garantia da durabilidade e estanqueidade da alvenaria.
Sobrados - Projeto Bom Abrigo - Florianópolis/SC Prédios de 4 andares - São José do Rio Preto/SP
28
4.2 Sistemas construtivos
HABITAÇÃO 1.0
4.2.1 Alvenaria estrutural com blocos de concreto - Bairro saudável. População saudável
Projetos
O projeto ainda permite sua implantação em dois níveis com a introdução de degraus para o acesso aos quartos.
29
4.2 Sistemas construtivos
HABITAÇÃO 1.0
4.2.1 Alvenaria estrutural com blocos de concreto - Bairro saudável. População saudável
Projetos
Fachada - 1ª opção
Fachada - 2ª opção
30
4.2 Sistemas construtivos
HABITAÇÃO 1.0
4.2.1 Alvenaria estrutural com blocos de concreto - Bairro saudável. População saudável
Projetos
Planta baixa
31
4.2 Sistemas construtivos
HABITAÇÃO 1.0
4.2.1 Alvenaria estrutural com blocos de concreto - Bairro saudável. População saudável
Projetos
Corte
Opções de telhado
32
4.2 Sistemas construtivos
HABITAÇÃO 1.0
4.2.1 Alvenaria estrutural com blocos de concreto - Bairro saudável. População saudável
Projetos
33
4.2 Sistemas construtivos
HABITAÇÃO 1.0
4.2.1 Alvenaria estrutural com blocos de concreto - Bairro saudável. População saudável
Projetos
34
4.2 Sistemas construtivos
HABITAÇÃO 1.0
4.2.1 Alvenaria estrutural com blocos de concreto - Bairro saudável. População saudável
Projetos
Planta baixa
35
4.2 Sistemas construtivos
HABITAÇÃO 1.0
4.2.1 Alvenaria estrutural com blocos de concreto - Bairro saudável. População saudável
Projetos
Elevação - 1ª opção
Corte
Elevação - 2ª opção
Opções de telhado
36
4.2 Sistemas construtivos
HABITAÇÃO 1.0
4.2.1 Alvenaria estrutural com blocos de concreto - Bairro saudável. População saudável
Projetos
Projeto de edifício
Semelhante às casas térreas, este edifício segue nas unidades. Cada apartamento tem a possibili-
o conceito de racionalização de instalações e dis- dade de ampliação da área do estar ou apro-
tribuição dos ambientes com possibilidade de veitamento desse espaço como varanda, servindo
ampliação. As instalações hidráulicas concentram- também como detalhe arquitetônico para a facha-
se em paredes estrategicamente posicionadas da do edifício.
37
4.2 Sistemas construtivos
HABITAÇÃO 1.0
4.2.1 Alvenaria estrutural com blocos de concreto - Bairro saudável. População saudável
Projetos
38
4.2 Sistemas construtivos
HABITAÇÃO 1.0
4.2.1 Alvenaria estrutural com blocos de concreto - Bairro saudável. População saudável
Projetos
Planta baixa
39
4.2 Sistemas construtivos
HABITAÇÃO 1.0
4.2.1 Alvenaria estrutural com blocos de concreto - Bairro saudável. População saudável
Projetos
Opções de telhado
40
4.2 Sistemas construtivos
HABITAÇÃO 1.0
4.2.2 Concreto celular - Introdução Bairro saudável. População saudável
41
4.2 Sistemas construtivos
HABITAÇÃO 1.0
4.2.2 Concreto celular - Introdução Bairro saudável. População saudável
Brita
Ar
Areia
Areia
Água Água
Cimento
Cimento Fibras
Composição e características
• Resistência característica
• Tela eletro-soldada
Espuma
42
4.2 Sistemas construtivos
HABITAÇÃO 1.0
4.2.2 Concreto celular - Processo construtivo Bairro saudável. População saudável
Por se tratar de um material de rápida produção Este processo encontra-se amplamente testado
e aplicação, alta fluidez (moldado sem a necessi- e é regido pelas normas:
dade de adensamento), além de características
isolantes térmicas e acústicas (graças à incorpo- • NBR 12644:92 – Concreto celular espumoso –
ração de ar), apresenta-se como uma excelente Determinação da densidade de massa aparente
opção para execução de paredes estruturais ou de no estado fresco
vedação. Dependendo da complexidade do projeto • NBR 12645:92 – Execução de paredes de con-
e da equipe disponível, é comum haver ciclos de creto celular espumoso moldadas no local
produção de paredes (montagem de fôrmas, • NBR 12646:92 – Paredes de concreto celular
armaduras, instalações e concretagem) de apenas espumoso moldadas no local
um dia de trabalho. Como a desforma pode ocorrer
já nas primeiras horas do dia seguinte (dependen-
do das condições climáticas do local), podemos
considerar que para cada jogo de fôrmas e após um
dia e meio de trabalho teremos: uma casa com
todas as paredes erguidas, todas as instalações
elétricas e hidráulicas embutidas e todas as
esquadrias instaladas, ou seja, uma casa pronta
para receber o telhado, a pintura e os acabametos.
Paredes prontas
Casa pronta
43
4.2 Sistemas construtivos
HABITAÇÃO 1.0
4.2.2 Concreto celular - Processo construtivo Bairro saudável. População saudável
Seqüência de execução
1. Fundação
A fundação em laje monolítica (tipo radier) con-
cretada no local tem a vantagem de proporcionar
uma base de trabalho apropriada para as ações das
equipes de montagem das fôrmas e instalações,
além de já deixar perfeitamente posicionadas as
instalações de entrada/saída pelo piso, tais como
as redes de esgoto. A concretagem é feita de forma
convencional, diretamente do caminhão betoneira,
com concreto estrutural.
A fôrma pode ser de madeira ou de aço – esta
última tem a vantagem da durabilidade e precisão,
necessária para a reprodutibilidade em projetos de
grande escala. A equipe de montagem neste caso
fica capacitada a realizar com precisão a montagem
da fôrma e com velocidade compatível com o ritmo
da obra.
Radier
44
4.2 Sistemas construtivos
HABITAÇÃO 1.0
4.2.2 Concreto celular - Processo construtivo Bairro saudável. População saudável
2. Fôrmas
As fôrmas são constituídas por painéis de chapa
de madeira compensada especial, revestidos com
filme de grande resistência (permitem mais de 100
uso), estruturados em perfis metálicos tubulares.
Os painéis são modulados em dimensões e peso
que permitem o fácil manuseio e transporte por um
operário. Os diversos módulos se encaixam de
acordo com a seqüência determinada em projeto,
por meio de grampos metálicos especiais que con-
ferem rigidez ao conjunto. As aberturas de portas
são mantidas para permitir a circulação dos
operários durante a execução. O conjunto das fôr-
mas desenhará a configuração das paredes con-
forme o projeto e, após a concretagem, as paredes
terão perfeito acabamento e alinhamento.
Fôrmas
45
4.2 Sistemas construtivos
HABITAÇÃO 1.0
4.2.2 Concreto celular - Processo construtivo Bairro saudável. População saudável
3. Armaduras
As armaduras têm a função de resistir às ten-
sões iniciais geradas pela retração do concreto,
provocada pela perda de água nas primeiras
idades. Para estas tensões também é recomenda-
do o uso de fibras, adicionadas ao concreto na mis-
tura. As armaduras servem também para resistir a
esforços ocasionais de flexo-torção nas paredes
por ações externas e esforços devidos à variação
da temperatura externa. São utilizadas telas indus-
Ancoragem e distanciador
trializadas de malha quadrada de pequeno
diâmetro (fio de 3,4 mm, malha de 15 x 15 cm) e
algumas barras discretas em pontos estratégicos
definidos em projeto. O uso de espaçadores indus-
trializados é fundamental para garantia de posi-
cionamento das armaduras e também da geometria
dos painéis em obediência ao projeto, especial-
mente alinhamentos e espessura de paredes.
Colocação de espaçador
Armaduras
46
4.2 Sistemas construtivos
HABITAÇÃO 1.0
4.2.2 Concreto celular - Processo construtivo Bairro saudável. População saudável
4. Esquadrias
A fixação das esquadrias é feita diretamente no
concreto celular monolítico por meio de um dos
seguintes sistemas:
• colocação prévia de contramarcos pré-fabricados
em madeira, aço ou concreto diretamente no
interior das fôrmas, concretagem e encaixe das
esquadrias após desforma
• colocação da esquadria completa, devidamente
vedada, na sua posição definitiva, dotada de gra-
Esquadria posicionada
pas que garantem sua fixação após a concre-
tagem
As esquadrias podem ser de madeira ou metáli-
cas e, em qualquer caso, a estrutura deve resistir
aos esforços da concretagem através de sua
rigidez ou de contraventamentos removíveis poste-
riormente.
Posicionamento de contramarco
47
4.2 Sistemas construtivos
HABITAÇÃO 1.0
4.2.2 Concreto celular - Processo construtivo Bairro saudável. População saudável
5. Instalações
O sistema prevê a instalação embutida no con-
creto de todas as tubulações de eletrodutos e água,
bem como caixas de passagens embutidas. O posi-
cionamento é definido em projeto e os pontos de
conexão externos são marcados diretamente nas
fôrmas, realizando-se os furos de fixação definitiva
a partir da primeira concretagem. As instalações
são posicionadas e fixadas nas fôrmas e armaduras
para impedir seu deslocamento durante a concre-
tagem. As fôrmas são então preenchidas com o
concreto celular, proporcionando a fixação definitiva
das instalações. As ligações de água são pré-tes-
tadas em bancadas dotadas de redes com pressão
para garantir a qualidade. A escala de produção e
repetitividade favorece o uso de gabaritos para
corte e pré-montagem das instalações.
Instalação hidráulica pós-concretagem
48
4.2 Sistemas construtivos
HABITAÇÃO 1.0
4.2.2 Concreto celular - Processo construtivo Bairro saudável. População saudável
6. Concretagem
Uma vez respeitadas as premissas de dosagem
do concreto, os procedimentos seguem a seguinte
ordem de ação:
a) Preparo do espumígeno
b) Produção da espuma
c) Adição da espuma ao misturador do concreto
d) Homogeneização do concreto
e) Transporte interno e lançamento do concreto
Aspecto fundamental para a aceitação do con-
creto é o seu controle de plasticidade e, após
adição da espuma, o teste de densidade. A colo-
cação do concreto nas fôrmas é facilitada pela con-
sistência fluida e espumosa do concreto celular, o
que proporciona a distribuição total do concreto em
todas as paredes pelo lançamento em alguns pon-
tos previamente conhecidos.
Concretagem
49
4.2 Sistemas construtivos
HABITAÇÃO 1.0
4.2.2 Concreto celular - Processo construtivo Bairro saudável. População saudável
7. Desforma e acabamento
A desforma pode ser feita cerca de 12 horas
após a concretagem. Imediatamente deve ser ini-
ciado o acabamento das paredes com pequenos
reparos eventualmente necessários e a estucagem
feltrada com nata de cimento, que servirá também
como selante para a retenção da água para a cura
do concreto. A superfície do concreto deverá se
apresentar lisa e nivelada, com as características
da superfície dos painéis, sem apresentar poros ou
bolhas visíveis (efeito parede). Após a secagem
superficial poderá ser iniciada a pintura com tintas à
base de cimento. Poderão ser usados outros tipos
de pintura, inclusive texturizadas, aguardando pra-
zos convencionais de cura recomendados pelo fa-
bricante da tinta para revestimentos à base de
cimento.
Desforma
Acabamento
50
4.2 Sistemas construtivos
HABITAÇÃO 1.0
4.2.2 Concreto celular - Processo construtivo Bairro saudável. População saudável
8. Estrutura do telhado
A estrutura do telhado poderá ser feita em
madeira ou estrutura metálica, de acordo com o
projeto prévio. Importante aspecto econômico é a
escala de produção, que pode permitir a industria-
lização ou semi-industrialização (pré-montagem em
canteiro), acelerando a produtividade do processo
com significativa redução de custos. Esses proces-
sos proporcionam treinamento e qualificação da
mão-de-obra local, com benefício tanto para os
empreendimentos como para os trabalhadores. Estrutura de madeira
Estrutura metálica
51
4.2 Sistemas construtivos
HABITAÇÃO 1.0
4.2.2 Concreto celular - Processo construtivo Bairro saudável. População saudável
9. Cobertura
Também como forma de viabilização regional, o
material da cobertura poderá ser bastante diferen-
ciado em função da vocação e disponibilidade local.
As telhas de concreto apresentam grande precisão
dimensional, disponibilidade de cores e alta
resistência; se somarmos a isto a contínua redução
de preços graças à instalação de novas fábricas por
todo o país, temos uma opção altamente competiti-
va. As telhas cerâmicas representam uma tradição
de conforto, visual bastante apreciado e estetica- Telha cerâmica
mente flexível, além de grande disponibilidade a
baixo custo em todo o país.
Telha de Concreto
52
4.2 Sistemas construtivos
HABITAÇÃO 1.0
4.2.2 Concreto celular - Processo construtivo Bairro saudável. População saudável
10. Acabamentos
As paredes em concreto celular aceitam os
acabamentos tradicionalmente utilizados na cons-
trução de unidades habitacionais. Isto proporciona -
e é escopo da Casa 1.0 - a realização de melhorias
futuras pelo próprio adquirente da unidade. Os for-
ros podem ser executados na montagem inicial ou
representar uma melhoria a ser incorporada pelo
proprietário no futuro, podendo ser executado em
estrutura de madeira, alumínio em perfis e placas
leves pré-fabricadas ou outras soluções existentes
no mercado. Na fixação de elementos de acaba-
mento ou decorativos, o material concreto celular
aceita fixação com buchas e parafusos.
Acabamentos
53
4.2 Sistemas construtivos
HABITAÇÃO 1.0
4.2.2 Concreto celular - Exemplos de obras Bairro saudável. População saudável
Casas
Edifícios
54
4.2 Sistemas construtivos
HABITAÇÃO 1.0
4.2.2 Concreto celular - Projetos Bairro saudável. População saudável
Casa Isolada
55
4.2 Sistemas construtivos
HABITAÇÃO 1.0
4.2.2 Concreto celular - Projetos Bairro saudável. População saudável
Planta
56
4.2 Sistemas construtivos
HABITAÇÃO 1.0
4.2.2 Concreto celular - Projetos Bairro saudável. População saudável
Corte A-A
Corte B-B
57
4.2 Sistemas construtivos
HABITAÇÃO 1.0
4.2.2 Concreto celular - Projetos Bairro saudável. População saudável
Fachada principal
Fachada lateral
58
4.2 Sistemas construtivos
HABITAÇÃO 1.0
4.2.2 Concreto celular - Projetos Bairro saudável. População saudável
59
4.2 Sistemas construtivos
HABITAÇÃO 1.0
4.2.2 Concreto celular - Projetos Bairro saudável. População saudável
Casa Geminada
60
4.2 Sistemas construtivos
HABITAÇÃO 1.0
4.2.2 Concreto celular - Projetos Bairro saudável. População saudável
Planta
61
4.2 Sistemas construtivos
HABITAÇÃO 1.0
4.2.2 Concreto celular - Projetos Bairro saudável. População saudável
Corte A-A
Corte B-B
62
4.2 Sistemas construtivos
HABITAÇÃO 1.0
4.2.2 Concreto celular - Projetos Bairro saudável. População saudável
Fachada Principal
Fachada Lateral
63
4.2 Sistemas construtivos
HABITAÇÃO 1.0
4.2.2 Concreto celular - Projetos Bairro saudável. População saudável
Prédio
64
4.2 Sistemas construtivos
HABITAÇÃO 1.0
4.2.2 Concreto celular - Projetos Bairro saudável. População saudável
Planta da unidade
65
4.2 Sistemas construtivos
HABITAÇÃO 1.0
4.2.2 Concreto celular - Projetos Bairro saudável. População saudável
Corte A-A
Corte B-B
66
4.2 Sistemas construtivos
HABITAÇÃO 1.0
4.2.2 Concreto celular - Projetos Bairro saudável. População saudável
Fachada Principal
Fachada Lateral
67
5. Infra-estrutura HABITAÇÃO 1.0
Bairro saudável. População saudável
A infra-estrutura dos bairros saudáveis e susten- águas pluviais. Para melhor aproveitamento do sub-
táveis deve contemplar: abastecimento de água, solo, organização e durabilidade desses sistemas,
coleta, tratamento e disposição final dos esgotos, estes devem estar integrados em valas técnicas.
distribuição de gás e energia e, por fim, captação de
68
5. Infra-estrutura
HABITAÇÃO 1.0
5.1 Sistemas de esgoto sanitário Bairro saudável. População saudável
69
5. Infra-estrutura HABITAÇÃO 1.0
5.1 Sistemas de esgoto sanitário Bairro saudável. População saudável
70
5. Infra-estrutura HABITAÇÃO 1.0
5.1 Sistemas de esgoto sanitário Bairro saudável. População saudável
71
5. Infra-estrutura
HABITAÇÃO 1.0
5.2 Sistemas de abastecimento e distribuição de água Bairro saudável. População saudável
72
5. Infra-estrutura
HABITAÇÃO 1.0
5.2 Sistemas de abastecimento e distribuição de água Bairro saudável. População saudável
RESERVATÓRIO
73
5. Infra-estrutura
HABITAÇÃO 1.0
5.3 Sistemas de gás Bairro saudável. População saudável
74
5. Infra-estrutura
HABITAÇÃO 1.0
5.4 Sistema de captação de águas pluviais Bairro saudável. População saudável
O projeto do sistema de captação de águas plu- xadas pela NBR-10844:89 - Instalações prediais de
viais deve perseguir níveis aceitáveis de funcionali- águas pluviais.
dade, segurança, higiene, conforto, durabilidade e O sistema de coleta e destino das águas pluviais
economia, incluindo-se a limitação nos níveis de é totalmente independente do sistema de coleta de
ruído. O sistema deve ser projetado para permitir o esgotos sanitários. Qualquer possibilidade de
rápido escoamento da água da chuva e a de- conexão entre eles acarretaria aos usuários risco
sobstrução em qualquer ponto da rede, não sendo de contaminação, bem como ineficiência dos sis-
tolerados poças ou extravasamentos de qualquer temas.
espécie para chuvas de intensidade e duração fi-
75
5. Infra-estrutura
HABITAÇÃO 1.0
5.5 Sistema de energia e comunicação Bairro saudável. População saudável
Medição da energia
As residências deverão ter medidores indepen-
dentes instalados em caixas do tipo "T" e "L", em
abrigos de alvenaria junto do alinhamento de cada
lote. A medição é direta com medidores de corrente
máxima de 150 A.
76
5. Infra-estrutura
HABITAÇÃO 1.0
5.6 Vala técnica Bairro saudável. População saudável
(continua)
77
5. Infra-estrutura
HABITAÇÃO 1.0
5.6 Vala técnica Bairro saudável. População saudável
(continuação)
Preparo do fundo A ser indicado no projeto O fundo deve ser nivelado Em formações rochosas com-
com uma camada de 5 cm plicadas deve-se escavar a
de espessura (para solos rocha por mais 0,15-0,20 m
pantanosos, antes deve-se e compactar com terra, para
fazer uma camada de 10 a que esta não mais ofereça
20 cm de brita) risco à tubulação.
O fundo deve sempre ser
regularizado com areia ou
material equivalente, de forma
a cobrir as irregularidades do
terreno
Material de reaterro A ser indicado no projeto
Camada a ser A ser indicado no projeto 10 cm se a terra original do 0,20 m de terra isenta de
compactada sobre terreno não contiver objetos material pontiagudo
a geratriz superior cortantes
da tubulação 5 cm de terra limpa quando
se fizer necessário o uso
desta
Fita de advertência Duas fitas, uma em cada Uma fita amarela paralela ao
a ser instalada extremo da vala, a 5-10 cm eixo da tubulação, a uma
de profundidade profundidade de 0,20 m
78
5. Infra-estrutura
HABITAÇÃO 1.0
5.6 Vala técnica Bairro saudável. População saudável
79
5. Infra-estrutura
HABITAÇÃO 1.0
5.7 Capacitação de gestores dos sistemas Bairro saudável. População saudável
Para que haja um perfeito desempenho dos Cada gestor capacitado será responsável tam-
sistemas de infra-estrutura durante sua vida bém por informar a comunidade e sensibilizá-la de
útil, é importante capacitar gestores da própria possíveis problemas e soluções adotadas, buscan-
comunidade, serão responsáveis pela susten- do transformar esses indivíduos em participantes
tação dos sistemas implantados. O objetivo é das decisões futuras, o que é ferramenta funda-
que os bairros saudáveis e sustentáveis rea- mental no processo do desenvolvimento sustentá-
lizem a gestão dos sistemas, garantindo sua vel. O gestor acompanhará a operação e manu-
qualidade de vida, conservando o meio am- tenção dos sistemas. Portanto, deverá estar sempre
biente e os recursos necessários. atento a possíveis problemas ou interferências.
80
5. Infra-estrutura
HABITAÇÃO 1.0
5.8 Pavimento intertravado Bairro saudável. População saudável
81
5. Infra-estrutura
HABITAÇÃO 1.0
5.8 Pavimento intertravado Bairro saudável. População saudável
Conteção lateral
Peças pré-moldadas de
concreto
Areia de
assentamento
Base
Sub-base
Arremate
82
5. Infra-estrutura
HABITAÇÃO 1.0
5.8 Pavimento intertravado Bairro saudável. População saudável
O preenchimento das juntas com areia promove da espessura e do arranjo de assentamento das
diminuição das deflexões e aumento da capacidade peças.
de suporte do revestimento do pavimento.
Arranjo
Fatores para o desempenho Tanto a aparência estética como o desempenho
A distribuição de esforços das peças inter- dos pavimentos intertravados são afetados signi-
travadas depende de seu formato, arranjo e espes- ficativamente pelo arranjo de assentamento adota-
sura. A resistência à compressão das peças tem, do. Em condições de tráfego intenso, o arranjo
neste aspecto, pouca influência. Não há um con- "espinha-de-peixe" é considerado o mais adequa-
senso entre os pesquisadores quanto à influência do, devido à sua boa resposta frente ao fenômeno
do formato das peças, no entanto, há concordância de "escorregamento" analisado em relação ao
quanto ao comportamento do pavimento em função travamento horizontal.
83
5. Infra-estrutura
HABITAÇÃO 1.0
5.8 Pavimento intertravado Bairro saudável. População saudável
84
5. Infra-estrutura
HABITAÇÃO 1.0
5.8 Pavimento intertravado Bairro saudável. População saudável
Camada de areia
A camada de areia serve de base para o assen-
tamento das peças pré-moldadas de concreto. Ela
deve proporcionar uma superfície regular onde se
possa assentar as peças e acomodar suas tolerân-
cias dimensionais de fabricação e aquelas relativas
à regularidade da superfície de rolamento do pavi-
mento. A camada de areia funciona também como
uma barreira à propagação de eventuais fissuras da
base e como fonte de areia para preencher as
partes mais baixas das juntas. Recomenda-se que
a camada de areia tenha de 3 cm a 4 cm de espes-
sura após a compactação das peças.
85
6. Sustentabilidade
HABITAÇÃO 1.0
Bairro saudável. População saudável
86
7. Conclusão
HABITAÇÃO 1.0
Bairro saudável. População saudável
A projeto Habitação 1.0 ® é uma evolução dos conceitos habitacionais já propostos. Possui como premissa
o bem-estar das pessoas em comunidades modernas, com garantia de qualidade e durabilidade. Para o êxito
dos novos empreendimentos, durante e após a ocupação, é de extrema valia a parceria de entidades civis e
organizações não governamentais, sobretudo nas ações de capacitação e treinamento das comunidades
envolvidas. É com engajamento e seriedade que este projeto procura atender à população mais carente.
87
HABITAÇÃO 1.0
Bairro saudável. População saudável
88