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EMPREGO DE SISTEMA DE INFORMAÇÕES GEOGRÁFICAS (SIG) NO


MONITORAMENTO E CONTROLE DE OBRAS

Conference Paper · November 2018

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Leandro França
Exército Brasileiro
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Geospatial Data Quality Control View project

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VII Simpósio Brasileiro de Ciências Geodésicas e Tecnologias da Geoinformação Recife - PE, 08-09 de Nov de 2018.

EMPREGO DE SISTEMA DE INFORMAÇÕES GEOGRÁFICAS (SIG)


NO MONITORAMENTO E CONTROLE DE OBRAS
LEANDRO LUIZ SILVA DE FRANÇA

Diretoria de Serviço Geográfico - DSG


3º Centro de Geoinformação – 3º CGEO, Olinda, PE
franca.leandro@eb.mil.br

RESUMO - Este artigo faz um estudo sobre o estado da arte dos recentes recursos tecnológicos e suas
potencialidades de emprego no acompanhamento de obras. Quando esses recursos são utilizados para
coletar, armazenar, processar ou analisar dados georreferenciados, então são denominados de
geotecnologia. O Sistema de Informações Geográficas (SIG) consiste em um sistema que integra todos
esses recursos geotecnológicos. Na indústria de construção, principalmente nas grandes obras de
infraestrutura, o uso de técnicas de monitoramento baseados em SIG tem se tornado essencial. As
geotecnologias elencadas neste trabalho são: VANT, fotografias georreferenciadas, rastreio GNSS a partir
de dispositivos móveis, Banco de Dados Geográficos integrado à software de SIG e Webmapping. Esses
recursos foram levantados devido ao baixo custo de operação e a possibilidade de emprego de softwares
livres. Para o monitoramento e controle, a coleta de dados geográficos do progresso de uma obra, de forma
contínua e em tempo real, possibilita a visualização de discrepâncias entre o que é feito e o que foi
planejado, auxiliando a tomada de decisões em ações corretivas quando necessárias. Além disso, a coleta
periódica de dados e seu armazenamento permite realizar consultas no registro histórico da obra, análises
cronológicas das atividades e, consequentemente, verificação da evolução espaço-temporal da construção.

ABSTRACT - This paper studies the state of the art of recent technological resources and their potential
employment in the monitoring of construction works. When these resources are used to collect, store,
process or analyze georeferenced data, then they are called geotechnology. The Geographic Information
System (GIS) consists of a system that integrates all these geotechnical resources. In the construction
industry, especially in major infrastructure works, the use of GIS-based monitoring techniques has become
essential. The geotechnologies listed in this work are: UAV, georeferenced photographs, GNSS tracking
from mobile devices, Geographic Database integrated to GIS software and Webmapping. These resources
were raised due to the low cost of operation and the possibility of using free software. For monitoring and
control, continuous and real-time geographic data collection of the progress of a work allows the
visualization of discrepancies between what is done and what was planned, helping to make decisions in
corrective actions when necessary. In addition, the periodic collection of data and its storage allows queries
in the historical record of the work, chronological analysis of the activities and, consequently, verification
of the spatial-temporal evolution of the construction.

1 INTRODUÇÃO

Diversos estudos sobre o emprego de novas tecnologias na indústria da construção vêm sendo abordadas na
atualidade, podendo ser citadas: Light Detection and Ranging (LiDAR), processamento de imagens, Building Information
Modeling (BIM), Machine Learning, Global Navigation Satellite System (GNSS), Sistema de Informações Geográficas
(SIG), Radio Frequency Identification (RFID), Veículo Aéreo Não Tripulado (VANT), Wireless Network, Modelagem
3D, robótica, realidade virtual e realidade aumentada (ASNAFI, 2016; OLIVEIRA & SERRA, 2017; ANTUNES &
POSHDAR, 2018).
Quando essas tecnologias são utilizadas para coleta, armazenamento, processamento, análise e disponibilização
de informação com referência geográfica, elas são denominadas de geotecnologias (ROSA, 2005).
Segundo Rosa (2005) as geotecnologias já são empregadas na gestão municipal, meio ambiente, planejamento
estratégico de negócios, agronegócios e prestação de serviços públicos (saneamento, energia elétrica, telecomunicações,
etc.). Swann (1999) também aborda a importância em aplicações militares.
Recentemente as potencialidades de emprego de geotecnologias na construção civil tem ganhado relevância
(GIUDICE et al., 2014), muito embora venham sendo empregadas de forma pouco eficiente. Segundo Antunes & Poshdar
(2018), a indústria de construção ocupa a última posição em produtividade. Eles apontam como motivos a demora em
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adotar as recentes inovações, o pouco rigor e consistência nos processos de execução, a pouca transferência de
conhecimento de um projeto para outro, o fraco monitoramento, a pouca cooperação entre funções, a baixa colaboração
entre fornecedores, a cultura conservadora das empresas, a deficiência de jovens talentos e capacitação de pessoal.
De acordo com Slade (2017), o monitoramento é considerado como um dos elementos chaves para o sucesso de
um projeto de construção. A avaliação contínua e rigorosa do progresso de uma obra possibilita a chance de visualizar as
discrepâncias entre o que é feito e o que foi planejado, apoiando o gerente do projeto na tomada decisão quando for
necessário ações corretivas (ASNAFI & DASTGHEIBIFARD, 2018).
Antunes & Poshdar (2018) afirmam que os sistemas de monitoramento como, por exemplo, dados em tempo real
vindo de dispositivos remotos (sensores e câmeras) funcionam bem em fábricas, entretanto, o emprego em construção é
mínimo e limitado a equipamentos isolados devido à grande mobilidade dos elementos envolvidos.
Uma tecnologia que vem se destacando na indústria da construção é o Building Information Modelling (BIM), a
qual modela e integra em um ambiente virtual 3D todas as informações do projeto possibilitando uma melhor transição
do desenho para a construção (Magalhães et. al., 2018). Quando há a integração do modelo 3D BIM com tempo e
cronograma, conectando cada parte com as respectivas tarefas, seus relacionamentos e sequências (progressão no tempo)
na fase de planejamento, o modelo é classificado como 4D BIM (Asnafi, 2016; Slade, 2017; Magalhães et. al., 2018).
Segundo Hamed (2015), o emprego do 4D BIM possibilita o melhor controle e detecção de problemas, além de
auxiliar nos complexos replanejamentos que ocorrem durante o curso de um projeto de construção. O 4D BIM também
serve de ferramenta para a visualização de informações de status da construção, bem como de apoio a comunicação entre
várias tarefas relacionadas. Os benefícios do 4D são, portanto, a otimização do planejamento e coordenação das equipes.
Entretanto, para obras de grande vulto como por exemplo de infraestrutura, o BIM necessita ser complementado
com informações geoespaciais (ZHU et. al., 2018), possibilitando realizar análises baseadas no espaço físico (ambiente
exterior) onde a construção será localizada (LIU et. al., 2017). Além disso, o desenho georreferenciado do que será
construído vem sendo uma demanda comum, tendo papel importante na seleção de localização, avaliação de impactos e
tomada de decisões em um projeto (SHIMONTI, 2018).

2 SIG PARA CONTROLE DE OBRAS

Um Sistema de Informações Geográficas (SIG) é compreendido como a integração de programas, equipamentos,


metodologias, dados e pessoas aplicados a coleta, armazenamento, processamento e análise de dados georreferenciados
(TEIXEIRA et. al., 1995), destinados à produção de geoinformação.
Na indústria da construção, o SIG amplia o valor do BIM, pois possibilitam que os envolvidos no ciclo de vida do
projeto se tornem espacialmente mais eficientes através da fácil localização dos elementos em mapas. Além disso, a
integração do BIM e SIG com os dados de tempo (4D BIM) permite um melhor entendimento espacial dos impactos de
decisões antes, durante e depois a execução da construção (SHIMONTI, 2018).
O SIG é adequado a análises espaciais baseadas nos relacionamentos funcionais do projeto com o espaço físico do
meio-ambiente exterior em escalas adequadas a grandes áreas. Entretanto, é compreensível perdas em detalhes nas
informações da construção originadas dos repositórios digitais (LIU et al., 2017).
BIM e SIG originaram-se de diferentes vertentes. O primeiro veio da arquitetura e engenharias relacionadas à
construção, já o segundo veio das disciplinas relativas às geociências. Sendo um mais focado no detalhamento de
modelagem 3D dos elementos da construção (estrutura, materiais, aparência, etc.) e outro mais dedicado ao gerenciamento
e análise de dados geoespaciais (ZHU et. al., 2018).
Outra diferença entre BIM e SIG é o sistema de coordenadas. O BIM usualmente utiliza sistema de coordenadas
local, já o SIG considera a curvatura da Terra tomando sistemas de coordenadas geodésicos, muito comuns para modelos
regionais ou maiores.
Os SIG são mais focados em dados planimétricos (2D) e suas capacidades altimétricas são limitadas se comparados
ou uso do BIM, entretanto análises baseadas em medições no terreno como, por exemplo, a distância do fornecedor de
material até a obra, são calculados mais facilmente em um ambiente de SIG (ZHU, 2018).
Ademais, os dados da evolução espaço-temporal de uma obra podem ser armazenados através de um SIG,
detalhando informações do projeto relativos ao cronograma e, até mesmo, aos custos, de modo similar ao BIM.
Este trabalho, portanto, sugere uma estrutura de processos de SIG que, endereçados ao monitoramento e controle
de produção nas obras, permitem o compartilhamento de informações em tempo real que otimizam o gerenciamento de
projetos de engenharia.

3 RECURSOS DE SIG PARA ACOMPANHAMENTO DE OBRAS

No início das atividades de construção, o trabalho de topografia é essencial para a correta locação da obra.
Procedimento de controle dimensional e geométrico garantem que as estruturas sejam corretamente locadas de acordo
com o planejamento do projeto (SILVA & SEIXAS, 2016).

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O levantamento topográfico possibilita também a coleta de coordenadas tridimensionais de pontos de controle,


sejam eles marcos geodésicos pré-sinalizados ou pontos de apoio naturais visíveis nas imagens (interseção de cercas e
muros, mourões, etc.) (LEMES et al., 2016).
Os pontos de controle garantem o correto georreferenciamento das imagens aéreas que serão geradas no
acompanhamento da obra, além de atestar por métodos estatísticos (acurácia e precisão) a qualidade posicional dos
produtos geoespaciais.
Silva & Seixas (2016) e Lemes et al. (2016) recomendam para obtenção dos pontos de controle o método relativo
estático com receptores GNSS multifrequência, sendo o tempo de rastreio determinado pela linha de base (distâncias entre
o par de receptores).
De porte dos dados de locação da obra, bem como dos pontos de controle, o emprego sistemático das seguintes
geotecnologias: Veículo Aéreo Não Tripulado (VANT), fotografias georreferenciadas, rastreio GNSS de dispositivos
móveis, Bancos de Dados Geográficos integrado a software de SIG e Webmapping, permitem acompanhar
detalhadamente a evolução espaço-temporal da obra, possibilitando rápidas diagnoses e predições no gerenciamento do
projeto (FRANÇA et al., 2017).

3.1 Veículos Aéreos Não Tripulados (VANTs)

O VANT (Figura 1) é também denominado de Aeronaves Remotamente Pilotadas (RPA) pela Agência Nacional
de Aviação Civil (ANAC) e Departamento de Controle de Espaço Aéreo (DECEA), entretanto o termo Drone é
comercialmente mais comum (BARROS et. al., 2017).

Figura 1: Exemplos de VANT (drone)

O VANT é um recurso tecnológico de baixo custo operacional que possibilita obter produtos de alta resolução
espacial e temporal (NIEMANN, 2017) para monitorar as mudanças no ambiente de construção. Dentre os diversos
produtos cartográficos oriundos de aerofotogrametria com drones, destacam-se o Modelo Digital do Terreno (MDT),
Modelo Digital de Superfície (MDS), ortoimagens e nuvem de pontos.
Na indústria de construção, o mapeamento com drones fornece grande vantagem no monitoramento do progresso
de obras, avaliação de danos, levantamento topográfico, verificação de segurança e modelagem 3D (ASNAFI &
DASTGHEIBIFARD, 2018; ASNAFI, 2016).
A tecnologia de imageamento por VANT permite a criação de modelos 3D de superfícies a partir de várias imagens
de alta resolução tomadas por diversos ângulos. Esses modelos podem ser aplicados em medições topográficas de
distância, área e volume, bem como monitorar a variação dessas medições com transcorrer do tempo.
O emprego de VANTs podem contribuir na segurança do canteiro de obras, considerado por Asnafi e
Dastgheibifard (2018) como o lugar de trabalho mais arriscado no mundo. Drones podem voar sobre o ambiente de
construção coletando imagens e vídeos em tempo real de diferentes pontos de vista, incluindo os pontos cegos e,
consequentemente, identificando condições perigosas antes que acidentes aconteçam (ASNAFI & DASTGHEIBIFARD,
2018).
Até mesmo em condições de desastres, o drone pode ser empregado na detecção de edificações avariadas e
reconhecimento do local de acidente, auxiliando no planejamento de resgate das vítimas.

3.2 Fotografias Georreferenciadas

Recentemente o registro fotográfico ganhou um significado mais abrangente. Os sistemas de câmeras digitais vêm
seguido o padrão EXchangeable Image File Format (EXIF) para armazenamento de seus metadados. O EXIF é
amplamente suportado nos formatos JPEG e TIFF de acordo com o padrão internacional para câmeras digitais (JIAYUAN
et al., 2011).
O EXIF pode armazenar dados sobre a câmera, configurações e situação espaço-temporal no momento de
aquisição da foto. A Tabela 1 apresenta os principais metadados (tags) de uma fotografia.

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Tabela 1: Principais metadados (tags) do EXIF.


Descrição e Imagem Câmera Foto GPS Arquivo
Origem Avançada
Fabricante da Latitude
Título Dimensões Fabricante Nome
lente
Modelo da Longitude
Assunto Largura Modelo Tipo
lente
Tempo de Fabricante do Altitude Caminho da
Autor Altura
exposição flash pasta
Velocidade Número de Azimute Data de
Tirada em Resolução
ISO série criação
Data de Intensidade de Distância Data de
Zoom digital
Aquisição bits focal modificação
Direitos Versão de
Compactação Modo do flash Tamanho
autorais EXIF
Representação
Proprietário
de cores

Para que a fotografia armazene as informações de posicionamento (X, Y, Z) e ângulos de atitude da câmera (pitch,
yaw, roll), o equipamento fotográfico deve ser munido de receptor GNSS e Sistema de Navegação Inercial (INS), contanto
com acelerômetro, giroscópio, bússola e barômetro, características comuns aos dispositivos móveis de comunicação
comercializados atualmente.
A Figura 2 mostra a tela (screenshot) do aplicativo para Android chamado GeoS Camera a partir de um
smartphone. Nela é possível identificar as coordenadas (latitude, longitude, altura elipsoidal) e os ângulos de atitude da
câmera no momento de captura da foto.

Figura 2: Informações de posicionamento e ângulos de atitude de uma fotografia adquirida por dispositivo móvel

Fonte: Autor

Outro tipo de recurso que pode ser empregado na indústria de construção é a foto 360 graus (também denominada
de fotografia esférica) (DIGPIX PRO, 2018). A foto 360° corresponde à cena completa (onidirecional) preferencialmente
obtida a partir de uma única captura, possibilitando que todo o ambiente seja visualizado quando interativamente
rotacionado em torno de um ponto central.
Embora esta tecnologia esteja sendo bastante usada para vendas imobiliárias (DIGPIX PRO, 2018), ela também
pode ser explorada no acompanhamento de obras. Essas fotos podem ser visualizadas de maneira georreferenciada em
softwares de SIG como, por exemplo, o QGIS (Figura 3) ou aplicações web como o Google Street View.

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Figura 3: Visualização de fotos 360º no QGIS

Fonte: Autor

3.3 Rastreio GNSS a partir de dispositivos móveis

O rastreamento e a coleta de dados sobre os equipamentos ao longo da cadeia produtiva da construção é um


trabalho desafiador. Os métodos usuais são baseados em anotações manuais em papel (OLIVEIRA & SERRA, 2017).
Cita-se como problemas no monitoramento o extravio de componentes e materiais, o descontrole na manutenção e a
ineficiência logística.
O monitoramento de localização dos equipamentos e dos trabalhadores de forma dinâmica e em tempo real pode
garantir maior eficiência no controle dos recursos. Além disso, quando os dados de rastreio são armazenados, o seu
registro histórico pode ser analisado para tomada de decisões no controle da produção.
Os modernos dispositivos móveis de comunicação (smartphones, tablets, entre outros) conseguem rastrear os
deslocamentos e compartilhá-los através de arquivos em formatos abertos como o GPS Exchange Format (GPX). Neste
tipo de arquivo cada percurso é armazenado em um track, uma linha constituída de track points.
Os track points armazenam os dados de localização (latitude, longitude e altura elipsoidal) e tempo (data e hora
em GMT). A partir desses dados é possível extrair diversas informações como a velocidade instantânea, velocidade média,
declividades, áreas de atuação, tempo parado e horários de deslocamento.
A Figura 4 apresenta um mapa das velocidades de um veículo transitando em área rural. As maiores velocidades
possuem coloração tendendo ao vermelho, já as menores velocidades são representados pelo verde mais forte.

Figura 4: Monitoramento de velocidade com dados de rastreio

Fonte: Autor

Segundo Oliveira & Serra (2017), a combinação das tecnologias avançadas de posicionamento GPS com redes de
sensores inteligentes RFID, tecnologia que considera a utilização de um dispositivo eletrônico via radiofrequência e

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variação do campo magnético para a transmissão de dados por meio de comunicação sem fio, potencializa a capacidade
de gestão e controle da obra, principalmente no aspecto de segurança dos trabalhadores.

3.4 Banco de Dados Geográficos

Um Banco de Dados Geográfico (BDGeo) consiste em um repositório de dados sobre o espaço geográfico
(FRANÇA, 2018). O BDGeo diferencia-se de um banco de dados comum por armazenar dados geográficos vetoriais e
matriciais, além de possibilitar operações de consulta espacial e geoprocessamento.
O software responsável pelo funcionamento de um banco de dados é chamado de Sistema Gerenciador de Banco
de Dados (SGBD), sendo alguns exemplos: PostgreSQL, MySQL, Oracle e Access.
No caso do PostgreSQL, a extensão espacial PostGIS permite que os objetos de SIG sejam armazenados,
consultados e processados em um BDGeo. Sua eficiência é aumentada quando utilizado a indexação espacial (GiST e R-
Tree).
A vantagem na utilização de um BDGeo no controle de obras é a adoção de um modelo padronizado (descrição
detalhada de como os dados são armazenados), garantindo a interoperabilidade entre os produtores e usuários de
geoinformação e racionalizando os recursos relacionados à construção.
Na indústria da construção, muitos controles ainda são realizados de forma manual registrados em papel ou
planilhas. Além disso os registros fotográficos e dados geoespaciais são normalmente desorganizados, carecendo de
técnicas de processamento que possam lidar eficientemente com esses dados (SLADE, 2017).
Nesse contexto, o BDGeo, aliado às tecnologias de coleta de dados, torna possível o controle dos processos de
construção de acordo com o que foi planejado, permitindo a identificação de erros e rápida correção, do ponto de vista
que as informações geradas são periódicas, confiáveis e atuais (tempo real).
A Figura 5 apresenta uma situação de dados coletados para um trecho de obra na construção das linhas da rede do
Veículo Longo sobre Trilhos (VLT) no Rio de Janeiro (SLADE, 2017). Dentre os dados, constam a identificação do
trecho e subtrecho, data inicial e final, endereço, delimitações, tipo de via, fase da obra, alertas e fotografias. A interface
de obtenção dos dados corresponde ao software de SIG, QGIS 2.18.

Figura 5: Exemplo de dados coletadas para o controle de obras com o BDGeo PostGIS e QGIS

Fonte: Autor

3.5 Software de SIG

O software de SIG é uma ferramenta para a visualização e manipulação dos diversos tipos de dados geoespaciais
com o objetivo de se extrair informações geográficas através de operações de geoprocessamento ou medição. Dentre os
diversos softwares de SIG da atualidade, destaca-se o QGIS, um software livre e de código aberto que funciona nos
principais sistemas operacionais.
O QGIS possibilita a visualização e conversão entre diferentes formatos de dados geoespaciais e possui diversas
soluções automáticas para geração de documentação relativas a área do projeto (plantas, memoriais descritivos,
inventários, etc.). Servindo também de base para o planejamento e orçamentação da obra.

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No QGIS, o emprego de estilos (simbolização e rotulação) possibilitam a fácil visualização das fases da obra
através de mapas, explorando todos os dados de cada trecho ou parcela de execução da construção (datas, fotos, alertas,
endereços, descrições, delimitações e últimas ações realizadas).
A Figura 6 apresenta o exemplo de um mapa produzido no QGIS para representar as fases em cada trecho e
acompanhamento geral das obras do VLT (SLADE, 2017).

Figura 6: Simbolização para representar as fases de uma obra

Fonte: Autor

3.6 Webmapping

A divulgação de mapas interativos com dados de SIG através da internet é conhecido como webmapping. A
interação entre usuário e mapa se dá, na maioria dos casos, através de ferramentas de visualização, como movimentação,
zoom, definição das camadas que serão apresentadas, consultas a atributos da base de dados, entre outras (MATTA et al.,
2017).
O Webmapping pode ser empregado em obras fornecendo aos usuários do sistema o estado mais atualizado da
construção e o progresso do projeto. O controle é realizado em tempo real e as decisões gerenciais são tomadas de forma
imediata por meio de monitoramento remoto.
A partir das ferramentas de um Webmap é possível executar diversas análises, utilizando recursos de
gerenciamento utilizando os vários tipos de representações gráficas dos resultados.
A Figura 7 apresenta um Webmap para visualização dos dados coletados (Figura 5) de forma iterativa através da
internet.
Figura 7: Exemplo de Webmap

Fonte: Autor
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O compartilhamento de mapas e dados geoespaciais através da internet pode ser realizado através do GeoServer,
um software servidor livre e de código aberto com grande flexibilidade e segurança para criação de mapas e
compartilhamento de dados (GEOSERVER, 2014).

4 INTEGRAÇÃO DAS GEOTECNOLOGIAS

A Figura 8 apresenta uma proposta de fluxograma de emprego dos recursos de SIG aplicados diretamente a o
controle e monitoramento em obras de engenharia.

Figura 8: Fluxograma da aplicação de SIG em controle de obras

Fonte: Autor

As atividades se iniciam com a locação e coleta de pontos de controle com técnicas precisas de topografia na área
da obra. Em seguida o monitoramento com VANTs e fotografias georreferenciadas em campo são realizados em
intervalos determinados, sendo o rastreio GNSS de equipamentos e outros veículos realizado de forma mais constante
(pelo menos diariamente), devido, principalmente, aos custos associados ao consumo de combustível e as manutenções
programadas.
Esses dados são alimentados em um BDGeo, sendo os seus metadados armazenados automaticamente em tabelas
que registrem o histórico de cada atividade. Com os dados coletados, o software de SIG permite o preparo de mapas de
visualização de acordo com as necessidades do projeto.
O emprego do webmapping permite que os envolvidos no projeto e seus patrocinadores acompanhem o andamento
da obra sem a necessidade de estar in loco, realizando consultas sobre as geoinformações geradas e, consequentemente,
auxiliando no gerenciamento dos trabalhos de forma mais eficiente.

5 CONCLUSÃO

Embora existam várias tecnologias que possam ser empregadas na indústria da construção, a sua aplicação de
forma eficiente ainda é rara (ANTUNES & POSHDAR, 2018). Slade (2017) comenta que os métodos de coleta de dados
são dispendiosos, tanto em termos de tempo quanto de custos, por isso, o registro de dados recebem pouca importância,
principalmente aqueles obtidos em tempo real.
No entanto, o monitoramento sistemático do progresso da obra através da rápida identificação e visualização das
discrepâncias do progresso entre o que é feito e o que foi planejado é de suma importância para o sucesso no
gerenciamento do projeto (SLADE, 2017).
Nesse contexto, o SIG apresenta várias aplicações para o acompanhamento geográfico de grandes obras, contando
atualmente com recursos de baixo custo baseados em softwares livres que podem ser empregados na automação do
monitoramento e controle da produção.
Além disso, a coleta periódica de dados e seu armazenamento em BDGeo possibilita realizar consultas no registro
histórico da obra, análises cronológicas das atividades (ANTUNES & POSHDAR) e, consequentemente, verificação da
evolução espaço-temporal da construção (FRANÇA et al., 2017).

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REFERÊNCIAS

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VII Simpósio Brasileiro de Ciências Geodésicas e Tecnologias da Geoinformação Recife - PE, 08-09 de Nov de 2018

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L. L. S. de França

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