Recebemos como proposta de atividade a realização de uma análise discursiva do
seguinte enunciado: “Nós temos que defender a família”, na perspectiva da Análise de Discurso “pecheuxtiana”. O enunciado proposto tem como sujeito enunciador: “Nós” que se inclui no discurso proferido, se identificando com um determinado grupo. Em seguida temos o verbo “temos” que se encontra no imperativo, expressando uma ordem. Assim sendo vem o seguinte questionamento: Defesa de quê ou de quem? No enunciado é a família que tem que ser defendida, “a família”, portanto, assim determinada pelo artigo definido “a” designa um grupo específico seu sentido vai depender da formação discursiva do sujeito enunciador.
O lexema “família” é polissêmico, na perspectiva da AD uma condição da
linguagem é a incompletude. Segundo Orlandi (2005, p. 33-34) “(...) nem os sujeitos nem os sentidos, logo, nem o discurso, já estão prontos e acabados. Eles estão sempre se fazendo, havendo um trabalho contínuo, um movimento constante do simbólico e da história”. Assim questionamos: de que família ou modelo de família se trata?
Vejamos algumas perspectivas levando em conta o sujeito enunciador. Se for
conservadora dirá que família é a união de um homem e uma mulher. Se uma pessoa liberal dirá que existem muitos modelos de família, que foram recompostas, agregando e legitimando uma pluralidade maior de experiências, como filhos de casamentos diferentes, de pais homossexuais, pais e mães solteiros, entre muitas outras.
Considerando nessa atividade a linguagem como prática de interação entre o
homem e a realidade social, trabalho simbólico e não instrumento de comunicação (ORLANDI, 2001). Pois a Análise do Discurso busca mostrar que não há divisão entre a linguagem e sua exterioridade constitutiva, compreendemos que a palavra família vem sendo ressignificada. Um marco disso são as mudanças sócio econômicas. Com emancipação das mulheres e a entrada no mercado de trabalho, reduzindo, assim, sua dependência econômica do marido.