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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MATO GROSSO DO SUL

UNIDADE UNIVERSITÁRIA DE CAMPO GRANDE – MS


PSICOLOGIA E DESENVOLVIMENTO DA APRENDIZAGEM

Gong Li Cheng
Juliane Barbosa Corrêa
Fernanda Wallery da Silva Sousa¹

Reflexões sobre a história da constituição das diversas áreas da


Psicologia e suas contribuições à Educação²

Campo Grande
2017
Acadêmicas de 2º Ano em Licenciatura em Letras – Português/Espanhol e suas Literaturas.¹
Atividade proposta pelo Prof. Dr. Francisco Carlos Espíndola Gonzalez, para a disciplina de PDA.²
Introdução
Esta atividade tem como objetivo refletir sobre a história da constituição das
diversas áreas da Psicologia. Buscando suas origens na Filosofia helenística e seus
desdobramentos no mundo moderno. No primeiro momento, discorreremos sobre “Os
objetos de estudo da Psicologia”; “Os fenômenos psicológicos”; “A subjetividade”; “Ciência
e senso comum”. Em seguida, responderemos as questões sobre as distinções entre
psicologia filosófica para psicologia científica; tais como as suas contribuições para as
diversas áreas da Psicologia que foram se constituindo ao longo da história. Por fim, após
percorrermos todos esses percursos e conceitos, refletiremos sobre as contribuições da
Psicologia à área da Educação. Tendo como base o livro “Psicologias: uma introdução ao
estudo de Psicologia” (1999), de Ana Mercês Bahia Bock, Odair Furtado e Maria de
Lourdes Trassi Teixeira.
Palavras-chave: história da psicologia; filosofia e ciência; psicologia e educação.

Senso comum e os objetos de estudo da Psicologia


Todos têm sua psicologia baseada na sua própria visão de mundo (senso comum)
e do seu comportamento como pertencente a esse mundo, assim podemos dizer que
embora as pessoas não sejam especialistas, a maioria das pessoas têm a capacidade de
explicar e compreender os problemas corriqueiros, conforme o vivenciamos. Já na
Psicologia enquanto ciência, o conhecimento baseado nas experiências não deve ser
levado em conta por sua instabilidade e falta de rigor teórico-metodológico, em verdade,
as experiências devem ser vistas como objetos de análise para a compreensão da
constituição do ser.

Os fenômenos psicológicos e a subjetividade


Para compreendermos o que são os fenômenos psicológicos, da perspectiva da
psicologia enquanto ciência, antes se faz necessário a compreensão do método científico,
pois, é o ponto de vista que vai nos dar aporte teórico e meios de apreendermos o(s)
objeto(s) de estudo dessa área. Primeiramente, entendemos que ao contrário das
ciências da natureza que estudam fenômenos físicos (regulares) e portanto exteriores e
observáveis ao seres humanos, a psicologia como ciência humana terá divergências na
delimitação de objeto e suas definições, na medida em que o homem é um sujeito social,
histórico, e que está em constantes transformações, consequentemente, gerando
contradições e reformulações do que se acreditava ser definitivo em uma determinada
época. Nesta perspectiva, teremos que levar em conta as questões espaçotemporais,
históricas, culturais, ideológicas, políticas, etc. Para enfim, chegarmos à subjetividade, o
atributo mais universal da humanidade e, ao mesmo tempo, de difícil apreensão.
Sobre a subjetividade, os autores Bock, Furtado e Teixeira, definem como:
A síntese singular e individual que cada um de nós vai constituindo conforme
vamos nos desenvolvendo e vivenciando as experiências da vida social e cultural;
é uma síntese que nos identifica, de um lado, por ser única, e nos iguala, de outro
lado, na medida em que os elementos que a constituem são experienciados no
campo comum da objetividade social. Esta síntese – a subjetividade – é o mundo
de ideias, significados e emoções construído internamente pelo sujeito a partir de
suas relações sociais, de suas vivências e de sua constituição biológica; é,
também, fonte de suas manifestações afetivas e comportamentais. (BOCK;
FURTADO; TEIXEIRA, 1999, p. 23).
Os autores expõem, em síntese, como se dá a formação da subjetividade humana,
levando em consideração todos os elementos elencados mais acima. O que nos conduz a
seguinte reflexão: o fenômeno psicológico, seja um sintoma social, seja um
comportamento particular de um determinado indivíduo, deve ser observado e analisado
numa perspectiva dual, pois, os dois inferem no desenvolvimento um do outro, o individual
reflete no social, assim como, o social reflete na subjetividade humana.

Questionário
- Quais as diferenças entre Psicologia como um ramo da Filosofia e a Psicologia
científica?
A psicologia como um ramo da filosofia tem sua origem com os filósofos helênicos
Sócrates, Platão e Aristóteles; importante ressaltar que, a concepção platônica de mundo
era a de que existia o mundo perceptível e o mundo das ideias (dos fenômenos
metafísicos). Este mundo das ideias depois seria definido por Aristóteles como a alma
humana, o corpo sendo apenas o perceptível, o invólucro da alma. Etimologicamente, o
termo psicologia vem do grego psyché, que significa alma, e de logos, que significa razão
ou estudo, resultando em “estudo da alma”. A alma ou espírito então, era “concebida
como a parte imaterial do ser humano e abarcaria o pensamento, os sentimentos de amor
e ódio, a irracionalidade, o desejo, a sensação e a percepção”. (BOCK; FURTADO;
TEIXEIRA, 1999, p. 33). Nesse sentido, o intuito dos filósofos era apreender a essência
humana.
Já no século XIX, o mundo passa por transformações que fazem com que as
questões sejam outras:
Destaca-se o papel da ciência, e seu avanço torna-se necessário. O crescimento
da nova ordem econômica – o capitalismo – traz consigo o processo de
industrialização, para o qual a ciência deveria dar respostas e soluções práticas no
campo da técnica. Há então, um impulso muito grande para o desenvolvimento da
ciência, enquanto um sustentáculo da nova ordem econômica e social, e dos
problemas colocados por ela. (Idem, p. 37).
O conhecimento, em consequência, torna-se independente da fé, já que com as
novas tecnologias foi-se descobrindo que as explicações fundadas no misticismo e na
religiosidade cristã não se sustentavam mais. Depois de pensadores como Hegel, Darwin,
entre outros; o conhecimento passou a ser voltado para a história e os sistemas políticos,
assim como, os sistemas de dominação clericais. As funções fisiológicas, cientificamente
demonstráveis, passaram a ser mais exploradas também.
É em meados do século XIX que os problemas e temas da Psicologia, até então
estudados exclusivamente por filósofos, passam a ser, também, investigados pela
Fisiologia e pela Neurofisiologia em particular. Os avanços que atingiram também
essa área levaram à formulação de teorias sobre o sistema nervoso central,
demonstrando que o pensamento, as percepções e os sentimentos humanos eram
produtos desse sistema. (Idem, p. 39).
Confirmamos então que, a Psicologia nasce como uma disciplina “mística” e ganha
caráter científico na medida em que os cientistas foram estudando o funcionamento do
corpo humano, igualmente, o funcionamento das instituições detentoras do conhecimento,
constatando que aquele modelo helênico era idealista demais para uma sociedade que
precisava de resultados pragmáticos, já que, o modelo capitalista demandava uma
produção exorbitante, os resultados precisavam ser exatos e clinicamente constatáveis,
pois uma sociedade doente não geraria capital.

- Quais as contribuições fundamentais para a psicologia apontadas nos textos de


Sócrates, Platão e Aristóteles?
Sócrates instaura uma nova concepção do ser, ao perceber a diferença entre a
consciência do homem comparado ao simples instinto animal. Já Platão, identificou que
os seres são dotados de razão, que hoje conhecemos como as nossas funções cognitivas
e intelectuais. Por fim, seu discípulo Aristóteles identificou que tanto a alma quanto a
razão estavam presentes no ser humano, complexificando-o. Através desses
conhecimentos foi possível formular duas teorias, a platônica (imoralidade da alma, fora
do corpo) e a aristotélica (moralidade da alma, dentro do corpo).

- Discorra a história da Psicologia e sua contribuição para a Educação?


Toda e qualquer produção humana — uma cadeira, uma religião, um computador,
uma obra de arte, uma teoria científica — tem por trás de si a contribuição de inúmeros
homens, que, num tempo anterior ao presente, fizeram indagações, realizaram
descobertas, inventaram técnicas e desenvolveram ideias, isto é, por trás de qualquer
produção material ou espiritual, existe a História. No caso da Psicologia, a história tem por
volta de dois milênios. Esse tempo refere-se à Psicologia no Ocidente, que começa entre
os gregos, no período anterior à era cristã.
Para compreender a diversidade com que a Psicologia se apresenta hoje, é
indispensável recuperar sua história. A história de sua construção está ligada, em cada
momento histórico, às exigências de conhecimento da humanidade, às demais áreas do
conhecimento humano e aos novos desafios colocados pela realidade econômica e
social, e pela insaciável necessidade do homem de compreender a si mesmo.
Uma área de aplicação dos conceitos apresentados tem sido a Educação (veja
capítulo 17). São conhecidos os métodos de ensino programado, o controle e a
organização das situações de aprendizagem, bem como a elaboração de uma tecnologia
de ensino. As três mais importantes tendências teóricas da Psicologia neste século são
consideradas por inúmeros autores como sendo: o Behaviorismo ou Teoria (S-R) (do
inglês Stimuli-Respond — Estímulo- Resposta), a Gestalte a Psicanálise. O homem
começa a ser estudado a partir de sua interação com o ambiente, sendo tomado como
produto e produtor dessas interações. O Behaviorismo de Skinner, tem influenciado
muitos psicólogos americanos e de vários países onde a Psicologia americana tem
grande penetração, como o Brasil. Esta linha de estudo ficou conhecida por Behaviorismo
radical, termo cunhado pelo próprio Skinner, em 1945, para designar uma filosofia da
Ciência do Comportamento (que ele se propôs defender) por meio da análise
experimental do comportamento.
Os dados de pesquisas mostram que a supressão do comportamento punido só é
definitiva se a punição for extremamente intensa, isto porque as razões que levaram à
ação — que se pune — não são alteradas com a punição. Punir ações leva à supressão
temporária da resposta sem, contudo, alterar a motivação.
Por causa de resultados como estes, os behavioristas têm debatido a validade do
procedimento da punição como forma de reduzir a freqüência de certas respostas. As
práticas punitivas correntes na Educação foram questionadas pelo Behaviorismo —
obrigava-se o aluno a ajoelhar-se no milho, a fazer inúmeras cópias de um mesmo texto, a
receber “reguadas”, a ficar isolado etc. Os behavioristas, respaldados por crítica feita por
Skinner e outros autores, propuseram a substituição definitiva das práticas punitivas por
procedimentos de instalação de comportamentos desejáveis. Esse princípio pode ser
aplicado no cotidiano e em todos os espaços em que se trabalhe para instalar
comportamentos desejados. O trânsito é um excelente exemplo. Apesar das punições
aplicadas a motoristas e pedestres na maior parte das infrações cometidas no trânsito, tais
punições não os têm motivado a adotar um comportamento considerado adequado para o
trânsito. Em vez de adotarem novos comportamentos, tornaram-se especialistas na esquiva
e na fuga. (BOCK; FURTADO; TEIXEIRA, 1999, p. 52).
Assim, conseguimos ter uma visão ainda esfumaçada, pontuada a partir da nossa
percepção individual quanto à formação do Professor, no que tange sua atuação dentro
do ambiente escolar. Muitos limites estão colocados e reforçados no cotidiano do sistema
educativo. Sejam quanto ao repasse dos saberes e conteúdos, na aquisição de
conhecimentos, ou na participação, interesse e construção do sujeito estudante,
especialmente quanto ao projeto de vida desses alunos. É possível, na nossa atualidade
dar-nos conta de que o desafio nunca foi a objetificação da educação. Já que avançamos
há tempos, primeiro na construção do material didático, depois para as aulas com
aparelhos de TV na escola, atualmente computadores e projetores, mas ainda falhamos
no desenvolvimento da aprendizagem, no acompanhamento psicológico, vocacional e
cognitivo do aluno.

- O que caracteriza o Funcionalismo, o Associacionismo e o Estruturalismo?


Para a escola funcionalista, genuinamente norte-americana, importava responder
questões tais como: “o que fazem os homens” e “por que fazem”. Para isso, “William
James elege a consciência como o centro de suas preocupações e busca a compreensão
de seu funcionamento, na medida em que o homem a usa para adaptar-se ao meio.”
(BOCK; FURTADO; TEIXEIRA, 1999, p. 41).
Já a escola de pensamento conhecida como Associacionismo, foi a primeira teoria
voltada à aprendizagem na Psicologia, daí sua relevância. Seu principal representante é
Edward L. Thorndike. Que desenvolveu sua teoria associacionista partindo da
”concepção de que a aprendizagem se dá por um processo de associação das ideias –
das mais simples às mais complexas.” (Idem, p. 42). Além de formular a Lei do Efeito, que
serviu para as teorias behavioristas, pois essa lei se debruçava sobre as repetições dos
organismos vivos, ou seja, o comportamento relativamente regular dos seres.
E o Estruturalismo enfim, se encarregou da consciência assim como o
Funcionalismo, mas com o diferencial de que Tichner irá estudar a consciência em seus
aspectos estruturais, a partir do sistema nervoso, em observações laboratoriais, o
chamado método introspectivo.

Reflexão discursiva acerca da formação do professor da área de Letras


Após percorrermos esse breve percurso da história da Psicologia e as suas
ramificações, penso que assim como a Literatura se aprofundou no âmago do ser
humano, e a Linguística nos fenômenos linguageiros, nós enquanto futuros professores,
temos que nos ater em como desenvolver mecanismos que visem nos capacitar a
desenvolver uma boa relação com os alunos, a um maior aproveitamento em sala de
aula, a partir do diálogo e da observação desses alunos, para chegarmos a um nível de
compreensão mútua. (Gong Li).
A necessidade de haver profissionais de educação com a formação específica em
sala de aula, se dá no ensino das disciplinas fundamentas, sobre a língua portuguesa,
como a gramática histórica, os casos de variação linguística e demais conteúdos que
seriam muito mais aproveitáveis do que o método tradicional de reprodução da gramática
normativa. Com o auxílio da psicologia o professor pode desenvolver estratégias
baseadas num perfil de turma, assim como num perfil individual de cada aluno,
desenvolvendo um plano de aula e ensino bem sucedido, capaz de ampliar o saber de
seus educandos. (Fernanda Wallery).
Há uma falência gigantesca de profissionais dentro da rede de ensino, e de
atendimentos efetivos aos encaminhados para centros de atendimento psicológicos
(CAPS e CREAS) já que há uma fila de quase três meses para ser atendido. Assim, nós
nos perguntamos de que nos vale tanto conhecimento acadêmico e científico, tantas
concepções se na realidade há um abismo entre a teoria e a prática. Pois, o profissional
de educação fica fadado a enfrentar diversos desafios que se fazem presente, tais como,
desde o não cumprir com o repasse de conteúdos e saberes planejados, a problemáticas
diárias de violência, instabilidade familiar e transtornos por parte dos alunos etc. Nesse
sentido, a Psicologia deve atuar de forma mais contundente nas instituições de ensino,
sobretudo nas instituições públicas, carentes de suporte aos profissionais e aos próprios
estudantes. (Juliane Corrêa).
Referências Bibliográficas
BOCK, A.; FURTADO, O.; TEIXEIRA, M. Psicologias: Uma introdução ao estudo de
Psicologia. Saraiva, São Paulo, 13ª ed., 1999.

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