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O Ballet de Corte
A dança trazida por Lacombe, ao Brasil, a qual chegou à
Província do Grão Pará e Maranhão, correspondia ao que era realizado
na Europa. Os movimentos executados pelos bailarinos apreciados por
toda sociedade, não constituíam ainda um espetáculo inteiro. Sua
forma de apresentação era caracterizada como um divertissement
(divertimento), podendo estar delineado como tal, entre os atos de uma
ópera ou de uma peça teatral ou, até mesmo, complementando a
programação. Compunha-se dos passos pequenos das cortes francesas
como o Minueto, a Pavana e o Gallope. Foi codificado por Beauchamps
(1639-1705), mestre de ballet da corte francesa, nos anos de 1655 a
1689, na Academia Real de Dança, que passou a sistematizar os
movimentos, gestos e passos de ballet e criou as cinco posições básicas
de pés e braços da dança clássica.
Num retrospecto, pode-se perceber que o advento da
Renascença trouxe uma nova atitude para o corpo, as artes e a dança.
Quando a história do ballet começou, há mais de 500 anos, na Itália,
em seus salões, os nobres representavam, para os seus visitantes,
através de espetáculos de poesia, música, mímica e dança.
As cortes italiana e francesa tornaram-se o centro cultural da
dança, graças aos mestres de dança e de música. Ali surgiram os
primeiros professores que viajaram por vários países, ensinando para
ocasiões, como casamentos, alianças políticas e vitórias de guerra. Ao
mesmo tempo, a dança se converteu em objeto de estudiosos sérios e
de um grupo de intelectuais de alto nível, denominados La Pléyade,
que trabalharam para recuperar o teatro dos antigos gregos,
combinando a música, a dança e o teatro.
O Ballet Romântico
A grande contribuição para o ballet romântico, isto é, mais
expressivo e virtuosístico foi a criação de La Sylphide, em 14 de março
de 1832, em Paris, que encarnou a essência do romantismo, na
bailarina Taglioni (1804-1884). Ao criar a sapatilha de ponta, seu pai,
Fellipo Taglioni, (1777-1871) desenvolveu, também, a técnica do ser
etéreo, do sonho, do seu tutu semilongo de tule, com corpete justo,
dando vida à forma mais acabada da inspiração da mulher no
romantismo. O libreto de La Sylphide (1832) aborda um ente
sobrenatural que se apaixona por um mortal e sofre pela escolha desta
paixão. Assim, um novo enredo vai aparecer no mundo do ballet, que
não é mais o dos temas mitológicos, mas o etéreo, o sonho, o
imaginário. A dança passa a ser considerada uma arte merecedora de
competir com a poesia e a pintura, pois o movimento começa a
transmitir formas, como também as mais encantadoras idéias.
No ideal romântico, a mulher é um ser etéreo, quase sem corpo
e, sobretudo, despido de sensualidade. Assim, fadas e espíritos
passaram a povoar os palcos nos ballets românticos. Tecnicamente, o
ballet romântico fez um apelo aos contos de fadas que narravam
pequenas histórias e passou a usar, efetivamente, os princípios de
interpretação, desenvolvidos por Noverre, no século XVIII. A partir daí,
puderam identificar os usos dos braços, as expressões do rosto e a
sapatilha de ponta. No trabalho corporal, foi privilegiado o desenho das
pernas e a conquista do espaço. Continuando esta contribuição para a
técnica, surge o virtuosismo que passa a ser muito exaltado. Por isso, a
performance é mais importante que o conteúdo. O ballet romântico,
com toda sua força técnica e semântica, chegou a Belém ao final do
século XIX. Deixando mais marcas, em circunstâncias que lhe foram
favoráveis, conforme segue.
REFERÊNCIAS
GARIBA, C. M. S. Personal Dance: Uma Proposta Empreendedora.
2002.133f. Dissertação (Mestrado em Engenharia de Produção)-
Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção,
Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis.
MARIZ, Vasco. História da música no Brasil. Rio de Janeiro:
Civilização Brasileira, 1981.
SALLES, Vicente. Épocas do Teatro do Grão Pará – ou apresentação
do teatro de época. Belém: UFPA, 1994. Tomos 1 e 2.
MOREIRA, Giselle. O Episódio Pavlova. Belém: UNAMA, 2004.
SUCENA, Eduardo. A dança teatral no Brasil. Rio de Janeiro:
FUNDANCEN, 1989.
Notas:
1 O Grande Hotel foi erguido em 1915, era uma construção em estilo neoclássico, que
compreendia o conjunto Hotel – Teatro passou à propriedade da empresa “Teixeira
Martins e Cia”, que o reinaugurou em 05/11 do mesmo ano. A Empresa Teixeira
Martins administrou o conjunto até o fim da Segunda Guerra Mundial, quando foi
adquirido pela Pan-American (durante a guerra arrendada aos norte-americanos) e
passou a fazer parte da cadeia de Inter-Continentais hotéis. Entretanto, nunca foi
administrado pela empresa hoteleira a qual estava associado. A empresa de aviação o
administrou até por volta de 1965, quando se desinteressou. Posto à venda em 1972,
podemos conferir nos livros de Salles (1994). Destacou-se como o mais importante
para a sociedade paraense o Theatro Providência, localizado na Praça das Mercês,
que devido a um incêndio deixou de existir no ano de 1880. Mesmo antes deste
período áureo (1905-1918), que favoreceu a vinda de grandes nomes, a cidade
também viveu dias de esplendor com a passagem das grandes companhias de
danças e óperas de prestígio internacional como as que vieram da Itália. A
companhia lírica italiana dirigida por Tómas Passini foi a primeira a visitar o Theatro
da Paz, em agosto de 1880, após a inauguração do mesmo.
A primeira ópera nacional apresentada ao público paraense foi “O Guarani” de Carlos
Gomes. Sua premiére foi em 09 de setembro de 1880 e marcou um dos momentos
de maior sucesso do Theatro da Paz. Destacou-se a participação dos artistas como a
senhora Sávio, no papel de Cecy, do senhor Giraud como Peri, senhor Mailini como
Dom Antônio (pai de Cecy) e da senhora Gally (na variação solo de primeira
bailarina).
7 Rudolf Van Laban foi o criador da teoria do movimento como denominador comum