Você está na página 1de 38

UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO

CENTRO DE CIÊNCIAS JURÍDICAS E ECONÔMICAS


DEPARTAMENTO DE BIBLIOTECONOMIA

PATRÍCIA SANTOS SILVA

O PROCESSO DE FORMAÇÃO CONTINUADA DO


BIBLIOTECÁRIO DE REFERÊNCIA

VITÓRIA
2015
PATRÍCIA SANTOS SILVA

O PROCESSO DE FORMAÇÃO CONTINUADA DO


BIBLIOTECÁRIO DE REFERÊNCIA

Trabalho de Conclusão de Curso de Graduação em


Biblioteconomia apresentado aoDepartamento de
Biblioteconomia da Universidade Federal do
EspíritoSanto,como requisito parcial à obtenção do título
de bacharel em Biblioteconomia.

Professora orientadora: Profª. Drª. Dulcinea Sarmento


Rosemberg.

VITÓRIA
2015
Catalogação na fonte elaborada pela autora.
S586p

SILVA, Patrícia Santos, 1986-.


O processo de formação continuada do bibliotecário de
referência/Patrícia Santos Silva. — Vitória, 2015.
34f: il.

Trabalho de conclusão de curso (graduação em


Biblioteconomia) - Universidade Federal do Espírito Santo, Centro de
Ciências Jurídicas e Econômicas, Departamento de Biblioteconomia, 2015.
Orientadora: Profª. Dra. Dulcinea Sarmento Rosemberg.

1. Formação Continuada. 2. Bibliotecário 3. Bibliotecário de


referência. I. Título.
CDD 023.2

Referência I. Título.
À Deus, por ter permitido que meu sonho se realizasse e por
iluminar meu caminho nas adversidades da vida.

Aminha família pelo apoio e compreensão.

Aos meus amigos, pela força, incentivo e carinho nos


momentos bons e ruins.
AGRADECIMENTOS
Quero agradecer a DEUS, por tudo, do início até aqui: a sua presença é que me
deu força. Quero agradecer aquela que “traçou seu destino ao meu desde a
maternidade” minha mãe, minha rainha, meu exemplo de vida, Edite Macário, que,
mesmo sem ter estudado muito, mostrou a importância deste caminho para suas
filhas e incentiva em tudo que é possível. Obrigada por tudo: sem você seria
impossível eu conseguir. As minhas irmãs agradeço pela torcida e companheirismo.

Quero agradecer aos meus amigos, que me apoiaram e tiveram a paciência de


entender as minhas ausências, pois “eu estava estudando”. Agradeço a todos os
meus gestores que desde a minha aprovação na UFES,sempre me apoiaram,
incentivaram e sempre foram solícitos aos meus “pedidos” de liberação para
participação em algum evento acadêmico.

Agradeço a minha querida orientadora Professora Doutora Dulcinéa Sarmento


Rosemberg, “a diva da Biblioteconomia capixaba”, que conquistou a minha
admiração desde o início do curso e me fez crescer muito por meio da orientação
atenciosa e sempre disponível para sanar minhas dúvidas: você realmente foi uma
luz no meu caminho.

Agradeço a todos os colegas de curso, por compartilharem comigo os momentos de


loucura de todo fim de período, as discussões calorosas, as aulas intermináveis,
seminários consecutivos, produção de artigos, parcerias conquistadas para toda a
vida. Agradeço também aos bibliotecários que conheci durante a conclusão do
curso, vários me serviram de inspiração.

Agradeço a todos os professores que se empenharam em não só transmitir


conhecimento, mas mostraram como o bibliotecário é essencial no processo de
disseminação da informação. Um agradecimento especial àqueles que sempre
estiveram disponíveis quando eu bati à sua porta ou lotei a sua caixa de email.

Aos bibliotecários respondentes dos questionários, que se dispuseram a doar seu


tempo e atenção para explicitarem, mesmo que de forma anônima, suas opiniões
acerca da formação continuada da categoria.

A todos que, direta ou indiretamente, ajudaram-me na conclusão deste trabalho.


Obrigada por sempre acreditarem em mim!
“Talvez não tenha conseguido fazer o melhor, mas
lutei para que o melhor fosse feito. Não sou o que
deveria ser, mas Graças a Deus, não sou o que era
antes.”
Marthin Luther King

“Aprender é a única coisa de que a mente nunca se


cansa, nunca tem medo e nunca se arrepende.”

Leonardo da Vinci
RESUMO

Trata-se de um trabalho de conclusão do Curso de Biblioteconomia da Universidade


Federal do Espírito Santo (UFES), cuja pesquisa objetivou conhecer o processo de
formação continuada dos bibliotecários de referência capixabas e como objetivos
específicos foram estabelecidos: caracterizar os bibliotecários participantes do
estudo; levantar aspectos relativos à empregabilidade do profissional; identificar os
canais utilizados para a formação continuada e conhecer os desafios enfrentados
para a formação continuada. Realizou-se quanto aos objetivos um estudo descritivo,
do tipo levantamento (survey). Utilizou-se como instrumento para a coleta de dados
o questionário, com questões fechadas e de múltiplas escolhas. Conclui-se que os
bibliotecários de referência capixabas são compromissados com a formação
continuada; e pensam que somente a graduação em Biblioteconomia (formação
inicial) não garante as competências para ingresso e permanência no mundo do
trabalho. Reforça-se, então, o pressuposto de que a sociedade requer um
trabalhador capaz de atender as suas necessidades de um lado; e de outro, a ideia
de que a formação continuada torna-se necessária não somente por ser quesito de
competitividade, mas também de aprendizagem coletiva quando os trabalhadores
trocam experiências. Evidenciou que 59,4% dos bibliotecários buscam a formação
continuada por essa via de troca de experiências.

Palavras- chave: Formação continuada. Bibliotecário. Bibliotecário de referência.


Carreira profissional.
ABSTRACT

It is a complete work of Library Science from the Federal University of Espirito Santo
(UFES), whose research aimed to know the process of continuing education of
Espirito Santo reference librarians and specific objectives were established: to
characterize the participants librarians of the study; raising aspects of the
employability of the professional; identify the channels used for continuing education
and meet the challenges for continuing education. It was held on the objectives a
descriptive study of the survey type (survey). It was used as a tool for data collection
the questionnaire with closed questions and multiple choice. We conclude that the
capixabas reference librarians are committed to continuing education; and think that
only a degree in Librarianship (initial training) does not guarantee the skills to enter
and remain in the labor market. is strengthened, then the assumption that society
requires a worker able to meet their needs on one side; and the other, the idea that
continuing education becomes necessary not only to be Question of
competitiveness, but also of collective learning when workers share experiences. It
showed that 59.4% of librarians seek continuing education for this experience
exchange via.

Keywords: Continuing Education. Librarian. Reference librarian. Professional


career.
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO.................................................................... 11

2 A IMPORTÃNCIA DA FORMAÇÃO CONTINUADA............ 13

3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS........................... 16

4 O PROCESSO DE FORMAÇÃO CONTINUADA DOS 17


BIBLIOTECÁRIOS DE REFERÊNCIA CAPIXABAS..........

4.1 A Caracterização dos Participantes da Pesquisa............ 17

4.2 Aspectos Relativos á Empregabilidade do Bibliotecário 19


de Referência.....................................................................

4.3 Canais Utilizados para a Formação Continuada.............. 22

4.3.1 Canais Formais..................................................................... 23

4.3.2 Canais Informais................................................................... 25

4.4 Desafios Enfrentados para a Formação Continuada....... 28

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS................................................ 31

REFERÊNCIAS..................................................................... 33

APÊNDICE 35
A.........................................................................
11

1INTRODUÇÃO

Um dos fatores que instigaram a realização da pesquisa cujos resultados


apresentaremos neste trabalho de conclusão de curso apresentado ao Curso de
Biblioteconomia da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES) foi a impressão
in loco de certo descaso de algumas unidades de informação com Setores de
Referência.Tal descaso pode decorrer especificamente,da carência de formação
continuada dirigida aos bibliotecários de referência que tem resultado em um serviço
de baixa qualidade, uma vez que as competências de alguns profissionais para
atuarem no serviço de referência não são as desejáveis para o trabalho nesta
atividade-fim das unidades de informação.

Partindo do princípio que o processo educacional é infinito, Oliveira (1999) considera


que todo profissional necessita de atualização constante, pois somente o ensino da
graduação não é suficiente para suprir as exigências do mundo do trabalho. Os
adventos relacionados às Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) estão
impondo transformações nos modos de trabalhar de inúmeros segmentos
profissionais.

Os bibliotecários, tradicionalmente considerados “custodiadores de livro”, veem-se


diante de um cenário que impõe a adoção de novos paradigmas que têm pautado a
área de informação, levando-os a se comprometerem com a busca pela atualização
como um instrumento estratégico da qualidade de serviços e produtos de
informação.

Cunha (1984, p. 147) diz que “[...] o bibliotecário precisa reconhecer a necessidade e
as vantagens da educação continuada para si próprio, para a instituição provedora
de informação e, principalmente, para a comunidade que atende”. Destarte, o
moderno profissional da informação deve estar voltado para os novos campos de
atuação a fim de acompanhar os avanços da sociedade. Por ser o profissional que
mantêm o contato mais próximo com os usuários em uma unidade de informação, o
12

bibliotecário de referência precisa de capacitação contínua, pois a formação não é


mais adquirida apenas na formação inicial, ou seja, em cursos de graduação.

Diante disso, indaga-se: como ocorre o processo de formação continuada dos


bibliotecários de referência capixabas?

Para responder a esta questão delineou-se como objetivo geral da pesquisa


conhecer o processo de formação continuada dos bibliotecários de referência
capixaba e como objetivos específicos foram estabelecidos: caracterização dos
bibliotecários participantes do estudo; levantar aspectos relativos à empregabilidade
do profissional e identificar os canais utilizados para a formação continuada e
conhecer os desafios enfrentados para a formação continuada.
13

2 A IMPORTÂNCIA DA FORMAÇÃO CONTINUADA

A formação continuada é o aprendizado adquirido após a educação formal do


profissional. Permite que o profissional possa adquirir a especialização na área de
seu interesse, e preencha lacunas que possam existir no desempenho de suas
funções. A respeito de formação continuada, Marim (1995 apud ROSEMBERG,
2002, p.47) considera

[...] a atividade profissional como algo que se refaz continuamente, por meio
de processos educacionais formais e informais variados, cujo
desenvolvimento consiste em auxiliar qualquer tipo de profissional a
participar ativamente do mundo que o cerca,incorporando tal vivência ao
conjunto de saberes de sua profissão.

Também chamada de educação continuada, formação contínua e educação


permanente, a formação continuada pode ser definida como o aprendizado pelo qual
o profissional procura avançar nos estudos e aperfeiçoar suas atividades em relação
ao trabalho que exerce ou que exercerá. Classificam-se como formação continuada
os cursos de especialização, participação em eventos e cursos de pós-graduação
(mestrado ou doutorado).

Um profissional engajado deve se voltar à realidade social em que vive e aos


avanços da sociedade, pois ficar “estacionado no tempo” somente contribui para sua
desvalorização pessoal e profissional. A educação continuada pode ser realizada
com períodos de duração de curto alongo prazo. Cursos de pós-graduação,
conferências, congressos, cursos de curta duração, entre outros, caracterizam as
modalidades de educação continuada de caráter oficial. Como iniciativa pessoal a
leitura de materiais técnico-científicos, participação em grupos de estudos e em
fóruns de discussão propiciam as trocas de experiências (CRESPO; RODRIGUES E
MIRANDA,2006, p.7).

Responsável por desenvolver as competências em informação de usuários, o


bibliotecário de referência precisa estar interligado às novas possibilidades que
14

dimensões tecnológicas apresentam como, por exemplo, as bibliotecas virtuais.


Diante desse contexto:

O bibliotecário deve agregar aos conhecimentos adquiridos no curso de


graduação vários outros, que devem ser buscados em outros cursos e
campos de conhecimento, à medida que os desafios e/ou dificuldades forem
surgindo. (ARAUJO; DIAS, 2005, p.101)

Silva (2009) constata que o mundo do trabalho exige pessoas com qualidades como
conhecimento, criatividade e liderança. Pois é o capital intelectual que vai ser
norteador na tomada de decisões.

Considerando que uma das grandes funções das bibliotecas, é justamente


atuar como provedor da educação continuada, colocando à disposição dos
usuários, materiais e bibliografias que deem suporte à atividade intelectual
promovendo, assim, oportunidades para o crescimento do conhecimento, é
mister enfatizar a importância da atualização justamente do profissional que
atuará nesta orientação: o bibliotecário[de referência] (CRESPO;
RODRIGUES; MIRANDA, 2006, p. 4).

Martucci (2000) define o trabalho de referência como um processo diagnóstico,


elaboração e fornecimento de respostas às necessidades de informação do usuário.
Para isso, é necessário que o bibliotecário de referência saiba analisar e interpretar
de forma crítica as demandas de informação.

Por sua vez, Macedo (1990) propõe uma conceituação do serviço de referência em
dois segmentos: serviço de referência em sentido restrito e em sentido amplo. A
autora apresenta que em sentido restrito, o serviço de referência tem em sua
essência o atendimento do bibliotecário ao usuário, que o procura para pedir
orientação ao sentir dificuldade em utilizar a biblioteca e seus recursos. Já em
sentido amplo, a autora subdivide o serviço de referência em serviço de referência e
serviço de referência da informação, definindo-os como segue:

 O serviço de referência é quando o bibliotecário de referência se torna o elo


entre a informação e o usuário, e este, com base em seus conhecimentos
profissionais, consegue auxiliá-lo em sua busca.
 O serviço de referência da informação é o momento em que o acervo de
documentos da biblioteca se transforma em acervo informacional, tendo como
15

seu principal interpretador o bibliotecário de referência. É o resultado de todo


o esforço da equipe da biblioteca em organizar os documentos e otimizar os
equipamentos afim de que a biblioteca atinja seu principal objetivo:disseminar
a informação.

Grogan (2001) afirma que “a arte do serviço de referência” é um dom profissional do


bibliotecário e sua razão de ser está centrada nos usuários, que auxiliados pelo
bibliotecário têm melhores possibilidades de usufruir do acervo consultado. Fazendo
assim, valer a quarta Lei de Ranganathan: poupe o tempo do leitor. Pois “[...] devido
à prática constante, o pessoal da referência adquiriu não somente precisão maior,
mas também maior presteza do que os leitores no manuseio do instrumental
bibliográfico” (RANGANATHAN, 2009, p. 225).

Os profissionais da informação têm consciência de que a noção de


recepção é um campo de estudo próprio, que deve ser pensado e avaliado
de forma constante, com a ajuda, se necessário, de especialistas em
marketing e em comunicação. O serviço de referência, em contato direto
com o público, é o primeiro a ter interesse nisso (ACCART, 2012, p.
114, grifos nossos).

Accart (2012) considera o serviço de referência como a “raison d'etre” (razão de ser)
da profissão de bibliotecário, também chamado de serviço de informação,
atendimento ao leitor ou ao usuário, concentra o elo principal entre a informação e o
usuário. Caracterizado como mediador da informação o bibliotecário é responsável
por habilitar o usuário para que ele consiga ter autonomia na busca, acesso e
recuperação da informação. Ter conhecimento sobre o acervo e saber interpretar os
problemas do usuário se tornam ferramentas fundamentais para trabalhar no Setor
de Referência. Por desempenhar múltiplas funções como atendimento e
identificação das necessidades do usuário, recuperação da informação e análise de
fontes de informação, o bibliotecário de referência precisa investir em uma formação
continuada específica que garanta a valorização e o aprimoramento do desempenho
de suas funções.
16

3 PROCEDIMENTOS METODÓGICOS

Quanto aos objetivos a pesquisa classifica-se como um estudo descritivo por


propiciar descrever as características de uma determinada população ou fenômeno
ou, então, o estabelecimento de relações entre variáveis (GIL, 2009).

O instrumento (apêndice A) utilizado para a coleta de dados foi o questionário, com


questões fechadas e de múltiplas escolhas, configurando a pesquisa como um
levantamento (survey), pois a intenção desse tipo de pesquisa, de acordo com Gil
(2009, p.50):

[...] caracterizam-se pela interrogação direta das pessoas cujo


comportamento se deseja conhecer. Basicamente, procede-se à solicitação
de informações a um grupo significativo de pessoas acerca do problema
estudado para, em seguida, mediante análise quantitativa, obterem-se as
conclusões correspondentes aos dados coletados.

A população estudada constituiu-se de bibliotecários de referência que trabalham


em diversos tipos de bibliotecas de instituições públicas e privadas do Estado do
Espírito Santo. A amostra envolveu 45 participantes que receberam os questionários
via e-mail (formato Google Docs). Desse total, 32 bibliotecários de referência,
portanto, 86% responderam ao mesmo.

Segundo Marconi e Lakatos (2003, p. 201), o questionário configura-se como “[...]


instrumento de coleta de dados, constituído por uma série ordenada de perguntas,
que devem ser respondidas sem a presença do entrevistador”. O questionário
apresenta vantagens como economia de tempo, possibilidade de se pesquisar um
grande número de pessoas. Para a coleta das informações, foi desenvolvido um
questionário estruturado, onde a primeira parte correspondeu aos dados pessoais
dos sujeitos e a segunda apresentou questões relativas à educação continuada dos
bibliotecários.

A seguir, são apresentados os resultados da pesquisa que foram organizados tendo-


se como eixos os objetivos específicos propostos.
17

4 O PROCESSO DE FORMAÇÃO CONTINUADA DOS


BIBLIOTECÁRIOS DE REFERÊNCIA CAPIXABAS

4.1 A Caracterizaçãodos Participantes da Pesquisa

Quanto ao gênero dos entrevistados conclui-se que a maioria (87%) dos


bibliotecários de referência é do sexo feminino, e apenas 13% são homens
(Gráfico1). Podemos acrescentar que este fato se confirma pelo número de
estudantes do sexo feminino que ingressam semestralmente nos cursos brasileiros
de Biblioteconomia.

Historicamente, a profissão é associada ao profissional do sexo feminino. Esta


predominância foi analisada por Martucci (1996) como uma aproximação entre a
Biblioteconomia e ao Magistério. Tais profissões, relacionadas ao ensino, passaram
a ser direcionadas às mulheres, pois eram aceitas pela sociedade patriarcal da
época.

Gráfico 1 - Gênero

13%

Feminino
Masculino

87%

Ao tratar do gênero predominante na carreira do professor, Nóvoa (1995, p. 127)


afirma que a feminização do magistério é um fenômeno claramente percebido, pois
18

A atividade docente é um dos primeiros domínios em que as mulheres


obtiveram os mesmos privilégios econômicos que os homens, (mas que a
feminização colocou) obstáculos às ações dos docentes com vistas à
melhoria de seu estatuto econômico e social, pois que o salário da mulher é
visto como uma espécie de renda suplementar e não como renda principal
da família e porque a situação que as mulheres ocupam na hierarquia social
é mais determinada pela posição de seus maridos que por sua própria
atividade profissional.

Até então consideradas como profissões extradomésticas que surgiram a partir do


desenvolvimento dos serviços públicos do Estado, a professora e a bibliotecária,
transmitiam a imagem de pessoas cultas, “de família” e com aptidões para ensinar e
orientar o conhecimento. Como infere Martucci (1996, p. 235),

No século XX, as duas profissões continuam a ser essencialmente


femininas, pelo que pode-se inferir que os motivos históricos de ingresso
continuam a ser válidos para a manutenção da feminização, mas perdem
pouco a pouco sua valorização social. Hoje, a mulher ocupa espaços
profissionais diversificados e abrangentes, conquistados pelo seu caminhar
de libertação da ideologia patriarcal, desenvolvendo-se a existência de
preconceito para opção e ingresso nestas profissões rotuladas como
femininas, pelas jovens de classes sociais mais privilegiadas.

No que diz respeito à faixa etária 46,9% possuem entre 31-40 anos; 21,9% têm
idade entre 41-50 anos e 15,6%entre 21-30 anos (Gráfico 2).

Gráfico 2-Faixa etária

De 41 a 50 anos 21,9%

De 31 a 40 anos 61,9%

De 21 a 30 anos 15,6%
19

4.2 Aspectos Relativos à Empregabilidade do Bibliotecário de Referência

Analisando o tempo de atuação dos bibliotecários foi constatado que 56,3%possuem


entre 1-5 anos de trabalho na profissão de bibliotecário; 21,3% trabalham há mais de
16 anos como bibliotecário; 15,6%, atuando entre 6-10 anos e que somente
6,3%disseram que possuem entre 11-15 anos de profissão (Gráfico 3).

Gráfico 3 – Tempo de atuação no mercado de trabalho

16 anos ou mais 21,3%

De 11 a 15 anos 6,3%

De 6 a 10 anos 15,6%

De 1 a 5 anos 56,3%

Os resultados descritos nos Gráficos 2 e 3, respectivamente, permitem inferir que


mais da metade dos bibliotecários de referência capixabas entrevistados são recém
formados (56,3%), porém já possuem uma certa maturidade quando se constata que
estão na faixa etária entre 31-40 anos.

A respeito dos tipos de unidade de informação em que trabalham, os resultados


apontaram que 36% dos bibliotecários que responderam ao questionário, exercem a
atividade de referência em bibliotecas universitárias; 28% trabalham em bibliotecas
públicas, 22% representam os bibliotecários escolares, seguidos de 15% de
profissionais atuantes em bibliotecas especializadas (Gráfico 4).
20

Gráfico 4 - Tipos de unidade de informação em que atuam

Biblioteca Especializada 15%

Biblioteca Escolar 22%

Biblioteca Pública 28%

Biblioteca Univesitária 36%

Os resultados apresentados no Gráfico5sobre como ocorreu o ingresso no atual


emprego confirmam que as instituições públicas continuam sendo as maiores
empregadoras dos profissionais bibliotecários, logo a forma de ingresso de 53% foi o
concurso público. No entanto, uma parcela significativa (25%)que trabalha em
instituições privadas foi indicada para assumira vaga, e os outros 22%que atuam na
área enfrentaram um processo de seleção para ingressar na iniciativa privada.

Gráfico 5 - Forma de ingresso no atual emprego

Análise de currículo/Processo Seletivo 22%

Indicação/Entrevista 25%

Concurso público 53%


21

Em pesquisa realizada em 2002 com 92 bibliotecários capixabas objetivando


conhecer o perfil do bibliotecário em exercício no Estado do Espírito Santo,
Rosemberg et al. (2003), obtiveram resultados semelhantes aos que aqui se
descreve. Na ocasião também ficou explícito com relação à tipologia da instituição
em que o profissional atua que 53,26% atuavam em instituição de caráter público;
45,65%em instituição privada; e apenas 1,09% em instituição de economia mista.
Esses dados foram confirmados parcialmente quando cotejados com os resultados
obtidos a partir da operacionalização da variável forma de ingresso no atual
emprego, que remeteram a um percentual de 31,52% de ingresso através de
concurso público; 26,09% através de indicação ou convite; e 11,96% através de
processo seletivo e contato direto com o empregador.

Quanto ao ramo de negócios das instituições em que os bibliotecários atuavam, foi


possível mapear um elenco de 16 áreas de atuação, dentre as quais, destacaram-
se: Ensino Superior (36,4%), Ensino Fundamental e Médio (14,7%), Serviço Público
(11,3%), Cultura, Informação e Lazer (9,1%) e Assessoria e Consultoria em
Informação (5,7%) (ROSEMBERG et al., 2003).

Neste estudo, realizado com bibliotecários de referência capixabas, ao serem


indagados sobre a exigência de pós-graduação como requisito da contratação atual,
77% disseram que não foi exigido pós-graduação para ocupar o cargo e apenas
23% afirmaram que tiveram que apresentar outro nível de formação posterior à
graduação (Gráfico 6).Conclui-se que, se o serviço público continua sendo um dos
principais empregadores de bibliotecários, então, a formação em áreas afins à
Biblioteconomia e outros títulos são imprescindíveis, uma vez que em concursos
públicos de provas e títulos um dos critérios de classificação vem a ser a pontuação
referente à formação continuada adquirida após a conclusão da graduação em
Biblioteconomia.
22

Gráfico 6 – Exigência de Pós-Graduação

23%

SIM
NÃO

77%

4.3 Canais Utilizados para a Formação Continuada

Denominados de canais ou fontes, são as origens de onde provém a informação.


Para Targino (2000) o que irá diferenciar uma da outra é o suporte ao qual a
informação foi submetida.

Vejamos como Rosemberg (2000) os descreve:

Os canais formais são compostos das fontes de informação impressas, tais


como livros, publicações periódicas, enciclopédias, dicionários, revisões de
literatura, anuários, bibliografias, periódicos de indexação e resumos,
índices, bibliografias de bibliografias e outros. Os canais semiformais
incluem pré-publicações, tais como teses de doutorado, dissertações de
mestrado, relatórios técnicos, relatórios de pesquisas, cópias de
comunicações orais, trabalhos e/ou resumos apresentados e/ou publicados
em anais de reuniões acadêmico científicas. Os canais informais são
compostos das comunicações interpessoais entre pares, efetuadas em
conferências, congressos, seminários, simpósios e similares e, mais
recentemente, das comunicações trocadas mediante a utilização de redes
de computadores, tais como a INTERNET (ROSEMBERG, 2000, p.2).

Nos gráficos a seguir são apresentados os canais formais e informais utilizados


pelos bibliotecários de referência para o desenvolvimento da formação continuada.
23

4.3.1 Canais Formais

Na primeira questão buscou-se identificar se haviam cursado outro curso de


graduação além do bacharelado em Biblioteconomia. A maioria (78,1%) dos
entrevistados respondeu que não possui outro curso de graduação e somente 21,9%
informaram que realizaram outro curso de graduação (Gráfico 7).

Gráfico 7 – Realização de outro curso de graduação

78.1

21.9

Sim Não

Entre os bibliotecários de referência que possuem outra graduação, conforme


apresentado no Gráfico 8,a realizaram em áreas que são afins à Biblioteconomia.

Gráfico 8 - Graduação em área afim

12%

Letras
15%
46% Artes
Arquivologia
Outros

27%
24

Ainda com relação aos canais formais verificou-se que em nível de pós-graduação,
72% possuem especialização; mestrado (3%) e 25% responderam que ainda não
realizaram pós-graduação. O resultado elevado de profissionais com especialização
parece confirmar que eles julgam importante a formação continuada, de acordo com
a descrição no Gráfico 9:

Gráfico 9– Nível de pós-graduação

25%
Sim.Especialização

0% Sim.Mestrado
3% Sim.Doutorado
Não possui
72%

Quanto às áreas em que foram realizados os cursos de especialização, igualmente à


escolha da segunda graduação (Gráfico 8), essas também são correlatas à
Biblioteconomia ou na própria área de conhecimento (Gráfico 10).

Gráfico10 – Área da especialização

67.70%
50%
28% 23%
7%
Área de Área Tecnológica Área da Área de Recursos Outros
Biblioteconomia Administração Humanos
25

4.3.2 Canais Informais

Referente aos canais informais quando questionados sobre o assunto, sugeriu-se


que assinalassem aqueles que mais utilizam, percebe-se a partir dos dados obtidos
que os profissionais utilizam diversos deles para darem conta da sua formação
continuada. Entre os quais destacaram a participação em palestras e congressos
(62%), cursos de aperfeiçoamento presencial (59%) e cursos de aperfeiçoamento a
distância (48%) (Gráfico 11).

Gráfico 11- Canais Informais utilizados para atualização

Participação em palestras e congressos 62%

Cursos de aperfeiçoamento presencial 59%

Cursos de aperfeiçoamento à distância 48%

Para 90% dos entrevistados a educação à distância é uma oportunidade acessível


de formação continuada (Gráfico 12).
26

Gráfico 12- Cursos à distância com o canal de acesso à formação continuada

4% 6%

Sim
Não
Parcialmente
90%

Naves (1998) afirma que a educação a distância é um canal importante para quem
deseja aprender sempre, que foi oportunizada pelo desenvolvimento das redes de
computadores, vindo a ser facilitada via Internet.

Corroborando as opiniões sobre os cursos a distância como canais de formação, ao


serem perguntados sobre o grau de importância atribuído às tecnologias de
informação como fomentadoras da formação continuada, 87% dos entrevistados as
consideraram muito importante (Gráfico 13).

O principal objetivo do uso destes recursos tecnológicos sempre foi oferecer


oportunidades às pessoas que se encontravam distantes dos centros de
difusão de informação a condição de se capacitarem. Vencer as barreiras
do tempo, do espaço e da falta de recursos financeiros. Percebe-se que os
últimos avanços tecnológicos tornaram esta modalidade de educação mais
confiável e mais acessível. A possibilidade de uma maior interação entre
mestre e aprendiz criou condições para a realização de ensino e
aprendizado em níveis próximos aos obtidos através das experiências
presenciais (NAVES, 1998, p. 4).
27

Gráfico 13 – Grau de importância das tecnologias da informação

13%

Muito importante
Importante
87%

Sobre o grau de relevância atribuído às novas ferramentas tecnológicas (Gráfico 14),


81% as julgam extremamente importantes e outros 19% dos entrevistados as têm
como importantes. O resultado confirma a preocupação e os esforços dos
bibliotecários para se ajustarem as novas e possíveis demandas que o mercado de
trabalho possa exigir. Pois as novas ferramentas tecnológicas

[...] fazem parte agora da rotina dos serviços de referência na maioria das
bibliotecas [...] A proporção crescente das fontes de informação tradicionais
do bibliotecário de referência que se apresentam na forma de bases de
dados informatizadas, ao lado de inúmeras ferramentas novíssimas,
disponíveis para buscas numa variedade de novas formas, representa um
progresso do serviço de referência [...] (GROGAN, 2001, p.56).

Gráfico 14 – Importância atribuída às novas ferramentas tecnológicas

81%

19%

Extremamente importante Importante


28

Ainda no que concerne ao uso dos canais informais para desenvolver a formação
continuada destacam-se a leitura de livros e periódicos especializados (75%) e a
comunicação informal e troca de experiências (59,4%). Outros resultados
expressivos indicam as consultas a sites específicos (56%) e a participação em
redes sociais relacionados à Biblioteconomia, haja vista que 53% dos participantes
da pesquisa deram indícios do uso dessas ferramentas de comunicação (Gráfico
15).

Gráfico 15 – Canais de informação informais utilizados para atualização

Consultas a sites específicos 56%

Participação em grupos(redes sociais,fóruns)


53%
relacionados à Biblioteconomia

Comunicação informal e troca de experiências


59.40%
entre colegas e professores

Leitura de livros e períodicos especializados 75%

4.4 Desafios Enfrentados para a Formação Continuada

Procuramos saber quais desafios os bibliotecários enfrentam para a formação


continuada. A formação continuada não deve ser apenas de responsabilidade do
profissional. A instituição onde ele atua é corresponsável pelo processo de
atualização contínua.

Neste estudo vislumbrou-se que todas as instituições (Gráfico 16), de algum modo,
incentivam o processo de formação continuada. Afinal, uma organização que investe
na educação de seus colaboradores está consequentemente, investindo em sua
29

inteligência organizacional. Um profissional que investe em si se valoriza e faz com


que a sua profissão seja valorizada pelos outros, pela sociedade!

Gráfico 16 – Incentivo à prática da formação continuada

Sim.A instituição promove


formação em serviço
19%

Sim.A instituição incentiva


53% financeiramente (ajuda de
22% custo,bolsas)
Sim.A instituição tem plano de
carreira(progressão de acordo
com nível formação)
Sim.A instituição concede
liberação ou licença para o
34% 12% profissional se capacitar
Não

Apesar do incentivo de parte das empresas, algumas dificuldades foram assinaladas


pelos bibliotecários. Uma das variáveis mais citadas (63%) é a literatura
desatualizada. Trata-se de colocar em suspensão essa informação, uma vez que a
produção científica no campo da Ciência da Informação e da área da
Biblioteconomia relacionada a quaisquer temas tem sido variada e intensificada
porque a quantidade de programas de pós-graduação em Ciência da Informação
tem aumentado, especialmente, no que tange ao mestrado profissional e ao alto
índice de publicações (periódicos e livros) que circulam na área, principalmente,
após o advento da internet. Pode-se ainda contrapor a esse dado a afirmativa de
que 75% dos bibliotecários disseram que se atualizam por meio da leitura de livros e
de periódicos especializados, conforme descrito no Gráfico 15 apresentado
anteriormente.

Outro fator enfatizado por 58% deles relaciona-se às poucas opções existentes no
Estado visando à formação continuada. Essa opinião também pode ser colocada em
questão. Se estiverem se referindo a não oferta de programas de pós-graduação em
30

Ciência da Informação, é válida essa afirmação, entretanto, se forem consideradas


as oportunidades formais em áreas afins e as oportunidades disponibilizadas
mediante os canais informais não procede, pois são inúmeras as possibilidades
deformação tanto na área de Biblioteconomia quanto em áreas afins.

Por outro lado, quando 37% afirmam que faltam recursos próprios para custeio de
sua atualização, realmente essa pode ser uma constatação, uma vez que os salários
dos bibliotecários são relativamente baixos. No que concerne ao volume de trabalho
como um aspecto, apontado por 32%, igualmente é coerente, pois todas as
instituições (públicas ou privadas) contam com reduzido número de bibliotecários e
de colaboradores.

Esse dado também tem a ver com o fato das instituições não liberaram os
profissionais para o desenvolvimento de sua formação contínua, como dizem 17%
(Gráfico 17).

Gráfico 17 – Dificuldades apontadas para a ocorrência da formação continuada

Burocracia nas políticas de financiamento e


4%
concessão de bolsas

Demanda de trabalho não permite tempo hábil


32%
para a continuidades nos estudos

Falta de liberação da instituição em que


17%
trabalha

Falta de recursos financeiros próprios 37.00%

Poucas opções de atualização no estado 58%

Literatura pouco atualizada 63%


31

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O objetivo desta pesquisa foi conhecer o processo de formação continuada dos


bibliotecários de referência capixabas. Nessa perspectiva, os resultados
apresentados levam a crer que os bibliotecários de referência capixabas são
compromissados com a formação continuada. E, assim, deve ser, pois competências
diferenciadas são adquiridas quando a aprendizagem ocorre ao longo da vida o que
resulta em serviços de informação de qualidade, afinal o usuário tem se tornado
cada vez mais exigente. Como reconhece Accart (2012, p. 78):

[...] um profissional de referência, em virtude de sua ‘exposição’ constante e


sua visibilidade aos olhos do público, das consultas em busca de
informação que lhe são formuladas, deve possuir competências diferentes
das de um catalogador, de um indexador ou de gerente de patrimônio.

Na percepção dos bibliotecários entrevistados somente a graduação em


Biblioteconomia (formação inicial) não garante as competências para ingresso e
permanência no mundo do trabalho. Figueiredo (1993) considera de suma
importância a formação continuada, pois “[...] a influência das novas tecnologias que,
através de seus novos recursos criam, constantemente, demandas diferenciadas”.
Pois somente os profissionais preparados são absorvidos pelo exigente mercado de
trabalho.

Reforça-se, então, o pressuposto de que a sociedade requer um trabalhador capaz


de atender as suas necessidades de um lado; e de outro, a ideia de que a formação
continuada torna-se necessária não somente por ser quesito de competitividade,
mas também de aprendizagem coletiva quando os trabalhadores trocam
experiências. Confirmou-se que 59,4% dos bibliotecários buscam a formação
continuada por essa via. Entre outros autores que valorizam as experiências dos
trabalhadores como via de formação encontram-se Antônio Nóvoa e Yves Clot.

Para Nóvoa (1995, p. 26) “[...] a troca de experiências e a partilha de saberes


consolidam espaços de formação mútua” enquanto Clot (2002, p. 12) enfatiza que
32

[...] o sujeito, ele mesmo, não se reconhece em formação se não a partir do


momento em que sua experiência, fora de seu contexto habitual, vale
também em outros contextos. É somente quando a experiência serve a
fazer outras experiências que o sujeito toma em suas mãos sua história.

O discurso corrente veicula a ideia de que os trabalhadores precisam envolver-se


continuamente com a sua formação, dados os avanços sistemáticos em todas as
áreas do conhecimento. Como lembram Heckertetetal. (2001), aí reside a ideia do
caráter descartável da produção do saber e de toda a experiência historicamente
construída pelos indivíduos no percurso de suas vidas. Como as autoras, nós
também apostamos em uma concepção de formação continuada para além dos
espaços formais, não com o intuito de atender às formas hegemônicas de
existência, mas como um campo de invenção rumo à transformação da realidade em
que vivemos. Concebida desse modo, em um contexto em que inúmeros desafios se
colocam à vida do trabalhador, a formação em serviço é um fator relevante que pode
levá-lo a transformar o trabalho para conhecê-lo, como diz Clot (2002).

Mas para que esse movimento de transformação possa ser concretizado a partir da
concepção de formação defendida neste estudo, parafraseando Nóvoa (1995) e
Tardifet al. (1991), um dos caminhos a ser trilhado diz respeito à busca do
desenvolvimento dos saberes de que o profissional é portador, trabalhando-os de
um ponto de vista conceitual na perspectiva da produção de conhecimento sobre as
experiências cotidianas. Os processos formativos, portanto, devem tomar para si a
responsabilidade de estimular os trabalhadores a se apropriarem dos saberes de
que são portadores, visando a produzirem novos sentidos para as suas ações
profissionais (ROSEMBERG, 2011).

Por ser assim, somando-se aos canais formais e aos demais canais informais,
apostamos na criação de espaços dialógicos em que as experiências dos
trabalhadores possam ser compartilhadas por eles e com eles, pois acreditamos que
ao dirigirem-se “[...] a outros para falarem das suas atividades de trabalho, eles dão
passagem à socialização de seus saberes, tornando visíveis as riquezas de suas
experiências” (ROSEMBERG, 2011, p. 38).
33

REFERÊNCIAS

ACCART, Jean-Philippe. Serviço de referência: do presencial ao virtual; tradução


de Antônio Agenor Briquet de Lemos. Brasília, DF: Briquet de Lemos, 2012.

ARAUJO, Eliany Alvarenga; DIAS, Guilherme Atayde. A atuação profissional do


bibliotecário no contexto da sociedade informação: novos espaços de informação. In:
OLIVEIRA, Marlene de (Org.). Ciência da informação e biblioteconomia: novos
conteúdos e espaço de atuação. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2005.p. 93-102.

CLOT, Yves. Clinique de l‟activitéetrépétition. CliniquesMéditerranéennes,


Marseille, n. 66, p. 31-53, 2002. Tradução de Claudia Osório da Silva.

CRESPO, Isabel Merlo; RODRIGUES, Ana Vera Finardi; MIRANDA, Celina Leite.
Educação continuada para bibliotecários: características e perspectivas em um
cenário de mudanças. Biblios, Lima, v. 7, n. 25-26, jul./dez.2006.

CUNHA, Murilo Bastos. O desenvolvimento profissional e a educação continuada.


Revista Biblioteconomia de Brasília, Brasília, DF, v. 12, n. 2, p. 149-156,
jul./dez.1984.

FIGUEIREDO, Nice Menezes de. Metodologias inovadoras para a


educaçãocontinuada de bibliotecários. Revista da Escola de Biblioteconomia da
UFMG, Belo Horizonte, v.22, n.2, p.239-256. jul./dez.1993.

GIL, Antônio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. 4.ed.São Paulo: Atlas,
2009.

GROGAN, Denis Joseph. A prática do serviço de referência. Brasília, DF: Briquet


de Lemos, 2001.

HECKERT, A. L. et al. As sutilezas dos processos de grupo e formação na


atualidade. In: ATHAYDE, M. et al. Trabalhar na escola? “só inventando o prazer”.
Rio de Janeiro: IPUB, 2001. p. 91-102.

MACEDO, Neusa Dias de. Princípios e reflexões sobre o serviço de referência e


informação. Revista Brasileira de Biblioteconomia e Documentação, São Paulo,
v.23, n.1/4, p. 9-37, jan./dez.1990.

MARCONI, Marina de Andrade; LAKATOS, Eva Maria. Fundamentos de


metodologia científica. 5ºed. São Paulo: Atlas, 2003.

MARTUCCI, Elizabeth Márcia. A feminização e a profissionalização do magistério e


biblioteconomia: uma aproximação. Perspectiva em Ciência da Informação, Belo
Horizonte, v.1, n.2, p.225-244, jul. /dez.1996.
34

________. Revisitando o trabalho de referência: uma contribuição teórica para a


abordagem interpretativa de pesquisa. Perspectivas em Ciência daInformação.
Belo Horizonte, v.5, n.1, p. 99-115, jan./jun.2000.

NAVES, Carlos Henrique Tomé. (1998). Educação continuada e a distância de


profissionais da ciência da informação no Brasil via Internet. Brasília, DF, 1998.
Dissertação - Mestrado em Ciência da Informação - Universidade de Brasília, 1998.

NÓVOA, A. (Org.). Os professores e a sua formação. 2. ed. São Paulo: Artes


Gráficas, 1995.

OLIVEIRA, Jemima Marques de. Pós-graduação para bibliotecários: educação em


permanência. Informação & Sociedade: Estudos, João Pessoa, v. 9, n.2, p.1999.

RANGANATHAN, S.R. As cinco leis da biblioteconomia. Brasília, DF: Briquet de


Lemos, 2009.

ROSEMBERG, DulcineaSarmento. O processo de formação continuada


deprofessores universitários: do instituído ao instituinte. Niterói: Intertexto; Rio de
Janeiro: Wak Editora, 2002.

ROSEMBERG, Dulcinea Sarmento et al. O perfil dos bibliotecários em exercício no


Espírito Santo. In: ENCONTRO NACIONAL DE PESQUISA EM CIÊNCIA DA
INFORMAÇÃO, 5., 2003, Belo Horizonte (MG). Anais... Belo Horizonte: ANCIB,
2003.

ROSEMBERG, Dulcinea Sarmento. O trabalho docente universitário em análise


do ponto de vista da atividade: tessituras de vidas em uma universidade federal
brasileira. Tese (Doutorado em Educação). 2011. Programa de Pós-Graduação em
Educação, Universidade Federal do Espírito Santo, Vitória, 2011.

SILVA, Luciana Cândida. Competências essenciais exigidas do bibliotecário frente


desafios da sociedade da informação: um estudo dos profissionais de Goiânia-GO.
2009. Dissertação (Mestrado em Ciência da Informação e Documentação) –
Universidade Nacional de Brasília, Brasília, DF, 2009.

TARDIF, Mauriceet al. Esboço de uma problemática do saber docente. Teoria &
Educação, Porto Alegre, n. 4, p. 215-233, 1991.
35

APÊNDICE A- Questionário

O processo de formação continuada do bibliotecário de referência

Prezado Bibliotecário (a):

Sou aluna do 8º período do curso de Biblioteconomia da Universidade Federal do


Espírito Santo. Meu Trabalho de Conclusão de Curso (TCC), orientado pela Profª.
Drª.Dulcinea Sarmento Rosemberg tem como objetivo caracterizar o processo de
formação continuada dos bibliotecários de referência diante de sua relevância para a
atuação profissional. Para o levantamento dos dados que concretizarão minha
pesquisa, necessito de sua colaboração, preenchendo o questionário a seguir.
Comprometo-me a manter o sigilo, não divulgando dados dos pesquisados nem a
instituição em que atuam.

Desde já agradeço a sua participação,


Patrícia Santos Silva.

1- Gênero

o Feminino
o Masculino

2 - Faixa Etária

o de 21 a 30 anos

o de 31 a 40 anos

o de 41 a 50 anos

o de 51 a 60 anos

o acima de 61 anos
36

3- Qual seu tempo de atuação como bibliotecário de referência?

o de 1 a 5 anos

o de 6 a 10 anos

o de 11 a 15 anos

o 16 anos ou mais

4- Qual o tipo de unidade de informação que atua como bibliotecário?


Universitária
Pública
Especializada
Escolar

5- Qual a forma de ingresso no atual emprego:


(Pode ser marcada mais de uma opção)
Entrevista/Indicação
Análise de currículo/Processo seletivo
Concurso público

6- Durante a sua contratação foi lhe exigida pós-graduação?

o Sim
o Não

7- Possui outra graduação?


Sim
Não
8- Se a resposta anterior foi positiva, qual outra graduação você possui?

o Letras
o Artes
o Arquivologia
o Outros

9- Possui curso de pós-graduação?


Sim. Especialização
Sim. Mestrado
37

Sim. Doutorado
Não.
10 - Caso tenha especialização, especifique a área:
(Assinale área em que possui pós-graduação. Pode ser marcada mais de
uma opção).
Área -Biblioteconomia
Área-Administração
Área-Tecnológica
Área-Recursos Humanos
Outra área
11 - Quais instrumentos você utiliza para manter-se atualizado (canais
formais e canais informais)?
(Pode ser marcada mais de uma opção)
Cursos de aperfeiçoamento
Participação em eventos (congressos, palestras, seminários)
Leitura de livros e periódicos especializados
Participação em grupos relacionados à Biblioteconomia (redes
sociais, fóruns)
Consultas a sites específicos
Cursos à distância
Comunicação informal com colegas e ex-professores

12- Sobre os cursos na modalidade à distância, você considera uma


forma de promoção ao acesso à formação continuada?
Sim
Não
Parcialmente

13- Qual o grau de importância você atribui ao domínio das novas


tecnologias da informação:
Muito importante
Importante
38

14 - Qual o grau de importância da formação continuada para o


bibliotecário de referência diante das novas tecnologias da informação
(mídias e formatos diferentes):
Muito importante
Importante

15- Você participou de rodas de conversa, visitas técnicas ou cursos


nos últimos dois anos?
Sim
Não

16- A instituição em que você trabalha incentiva a prática da formação


continuada?
Sim.
Sim. A instituição promove formação em serviço
Sim. A instituição incentiva financeiramente (ajuda de custo,
bolsas, premiação)
Sim. A instituição tem plano de carreira (de acordo com o nível de
formação)
Sim. A instituição concede liberação ou licença para o profissional
se capacitar
Não.

17- Quais os entraves você apontaria no processo de formação


continuada:
Pode ser marcada mais de uma opção
Falta de recursos (próprios) financeiros
Poucas opções de especialização no estado
Falta de apoio (liberação/incentivos financeiros) da instituição em
que trabalha
Burocracia nas políticas de financiamento, auxílio de bolsas
Demanda de trabalho não permite tempo hábil para continuidade
nos estudos
Literatura pouco atualizada na área

Você também pode gostar