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BIBLIOLOGIA

I – CONCEITOS
A palavra Bibliologia deriva-se do gr. “Bíblion” (livro) e “logia” (estudo, tratado). Assim, Bibliologia é a área
da teologia que trata do estudo da Bíblia.
Nesta matéria veremos alguns conceitos sobre o tema:
1.“Ciência que trata das questões críticas da Bíblia tais como, seu texto, língua, inspiração, canonicidade,
autenticidade, autoridade e conteúdo”.
2.“Tratado de todas as questões, cujo conhecimento imediato é indispensável para se entender o sentido da
Bíblia”.
3.“Ciência que trata de certos assuntos que são preliminares ao estudo e interpretação da Bíblia”.
A- O que é a Bíblia?
“Bíblia” é uma palavra que não aparece na Bíblia. Este nome consta apenas da capa da Bíblia, mas não o
vemos através do volume sagrado. Foi primeiramente aplicado por João Crisóstomo, grande pregador e
reformador de Constantinopla (398 – 404). Ela é uma palavra derivada do Latim, com origem na palavra
Grega Biblion, que significa “livro”.
Portanto o vocábulo “Bíblia” vem do grego, língua original do Novo testamento. Deriva do vocábulo grego
“Biblos”. Um rolo de papiro de tamanho pequeno era chamado “Biblion”, e vários destes eram uma “Bíblia,
literalmente, a palavra Bíblia quer dizer “coleção de livros pequenos”. A palavra “Bíblia” é o plural de biblion
e significa “Livros”
Vem do grego bíblia, plural byblyov = livro (s), nome vem da fenícia de biblios (no At Gebal) neste lugar
produzia-se o papiro, o papel antigo
B. Outros nomes da bíblia (técnicos e figurativos)

1. TÉCNICOS 2. FIGURATIVOS
A Palavra Tg 1.21-23 Uma Luz Sl 119.105
A Escritura Jo 2.22
As Escrituras Mt 22.29 Um Espelho Tg 1.23
A Palavra de Deus Mc 7.13
Água purificadora Ef 5.26
A Palavra do Senhor 2Ts 3.1
A Palavra de Cristo Cl 3.16 Alimento Jó 23.12
A Palavra da Verdade 2Co 6.7
Ouro Fino Sl 19.10
A Lei 1Co 14.21
As Sagradas Escrituras 2Tm 3.15 Fogo e Martelo Jr 23.29
As Palavras da Vida At 7.38
A Escritura da Verdade Dn 10.21 Espada Ef 6.17
A Palavra da Graça At 20.32 Alguns desses nomes variam de acordo com as
A Palavra da Fé Rm 10.8 traduções e se referiam na maioria das vezes ao AT.
A Palavra da Justiça Hb 5.13 No entanto Paulo cita Lc 10.7 como Escritura
A Palavra do Testemunho Ap 12.11 (1Tm 5.18), ao compará-lo com Dt 25.4.
O Livro do Concerto Êx 24.7
Os oráculos de Deus Rm 3.2 Escrituras ≠ Bíblia
As Santas Escrituras Rm 1.2 AT AT + NT (2 Pd 3.14-16)
A Lei do Senhor Is 34.16

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II – COMO ELA VEIO À EXISTÊNCIA
QUEM ESCREVEU A BÍBLIA?
A Bíblia foi escrita por cerca de 40 autores em um período de aproximadamente1600 anos (16 séculos). Os
autores eram poetas, pescadores, reis, profetas, filósofos, médicos, músicos etc.

O Antigo Testamento foi escrito em Hebraico (algumas porções em Aramaico), e o Novo Testamento foi
escrito em Grego.

A_ DEUS TEM FALADO

1. PESSOALMENTE
O Senhor desde o princípio mostrou a sua boa vontade em se comunicar com o homem, este jamais O
encontraria, pois, a tendência do homem é a de afastar-se cada vez mais do seu Criador (Gn 3.8; 6.5).
Ainda bem que Ele tem proposto em Seu coração nada fazer sem que antes revele seus propósitos a Seus
servos, os profetas (Am 3.7).
Até certo ponto do AT não temos prova de que houvesse a Palavra de Deus escrita. Deus falou
especificamente a certos homens como
Deus falou especificamente a certos homens como Adão, Enoque, Noé, Abraão, etc., mas eles não foram
autorizados a registrar as Palavras de Deus. Até certo ponto do AT não temos prova de que houvesse a
Palavra de Deus escrita, apenas algumas tradições e genealogias como Toledot. (Gn. 5.1).
As Escrituras dão tanta importância ao que diz, Deus que exigiu de Moisés o registro de tudo em um livro. A
1ª evidência de que isso tenha acontecido está em Êx 7.14. Lemos depois em Êx 24.4 e depois disto, até o
1º séc. encontramos homens de Deus falando e escrevendo a Palavra de Deus, movidos pelo Espírito
Santo.

2. ATRAVÉS DOS ANJOS


Quando Ele não falava diretamente ao homem, enviava os anjos para fazê-lo. Dezenas de vezes
encontramos esses servos descendo e subindo, com a incumbência específica de comunicar ao homem a
vontade de Deus.

3. ATRAVÉS DE ISRAEL
Em tese, Deus escolheu Israel para entregar uma mensagem ao mundo. Nenhum estudioso pode negar
que a Bíblia foi entregue ao mundo pelo povo hebreu. Jonas é um exemplo simbólico disto. Ao pregar em
Nínive, ele representava Israel e Nínive o resto da humanidade (os gentios).

4. ATRAVÉS DOS PROFETAS


Sem contar com aqueles que aparecem em certos livros da Bíblia que não chegaram a registrar suas
mensagens, nada menos que 17 outros profetas deixaram suas profecias escritas. O que eles transmitiam
de Deus era tão importante, que se ocupava o dia e a noite (Jr 7.13; 25.3; 35.15; etc.). A alguns, Deus
ordenou que escrevessem a mensagem na hora para que fosse lida diante do povo (Jr 36.2-7; Ap 1.19;
2.1). A outros, Deus ordenou que escrevessem em tábuas a fim de que a lesse quem passasse correndo
(Hc 2.2). Também outros homens foram usados como sacerdote Samuel, poetas de Davi, (salmos) e os
sábios e (Jr 18.18)

5. ATRAVÉS DE JESUS
Esta foi a maior expressão de Deus aos homens (Hb 1.1). Ninguém jamais falou da parte de Deus com
tanta perfeição como o fez Jesus. Ele mesmo afirma que Sua palavra não era dEle mesmo, mas do Pai (Jo
7.16; 12.49; 14.10; etc.).

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6. ATRAVÉS DA IGREJA
A extraordinária instituição criada por Jesus tem proclamado em alto e bom som todo o conselho de Deus
(At 4.2; 5.28; 8.4,5; 9.20; etc.). Paulo chega a dizer que a igreja é a única instituição que possui a verdade e
está autorizada a pregá-la (1Tm 3.15).

PROCESSO REDACIONAL
Acontecimentos e Experiências .> Interpretação e formulação> Assimilação> Transmissão oral>
Escritura Original> Cânon> Traduções. > Bíblia em Português.

III- A ESTRUTURA DA BÍBLIA


ANTIGO TESTAMENTO NOVO TESTAMENTO
39 LIVROS 27 LIVROS
TEXTO HEBRAICO TEXTO GREGO
ANTIGA ALIANÇA NOVA ALIANÇA
VEIO PELA LEI VEIO POR CRISTO
FEITO NO SINAI FEITO NO CALVÁRIO
SELADA COM SANGUE DE ANIMAIS SELADA COM SANGUE DE ANIMAIS

O ANTIGO TESTAMENTO é composto por 39 livros classificados assim:


PENTATEUCO (5) Gn, Êx, Lv, Nm, Dt
HISTÓRICOS (12) Js, Jz, Rt, 1Sm, 2Sm, 1Re, 2Re, 1Cr, 2Cr, Ed, Ne, Et
POÉTICOS (5) Jó, Sl, Pv, Ec, Ct
PROFETAS MAIORES (5) Is, Jr, Lm, Ez, Dn
PROFÉTICOS (17) Os, Jl, Am, Ob, Jn, Mq,
PROFETAS MENORES (12)
Na, Hc, Sf, Ag, Zc, Ml

2- O NOVO TESTAMENTO contém 27 livros divididos da seguinte forma:


BIOGRÁFICOS (4) Mt, Mc, Lc, Jo
HISTÓRICO (1) At
CARTAS PAULINAS (13) Rm, 1Co, 2Co, Gl, Ef, Fp, Cl, 1Ts, 2Ts, 1Tm, 2Tm, Tt, Fm
CARTAS GERAIS/ ou Hb, Tg, 1Pe, 2Pe, 1Jo, 2Jo, 3Jo, Jd
UNIVERSAIS (8)
PROFÉTICO (1) Ap

IV- COMO ACONTECEU O PROCESSO DE ESCRITA DA BÍBLIA?


Como Deus inspirou a Bíblia? O Autor é Deus, porém homens inspirados pelo do Espírito Santo a escrever.
(2Tm 3.16; 1Pe 1.10-12; 2Pe 1.20-21)

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Meios que Deus usou para se comunicar com os homens (Hb 1.1)
Sonhos e Visões (Gênesis 37 / Daniel 4 e 5);
Voz (1Samuel 3);
Teofanias (Gênesis 33.22-32; Êxodo 3);
Mensagens angelicais (Daniel 8.15);
Estudo e Pesquisa pessoal (Lc 1.1-3; At 1.1-3; Mt 1.1,14; Jo. 20.30)
Redação de cartas (Cartas paulinas e gerais)
Revelação de Jesus (APCD. 1.1)

V – MATERIAL DE ESCRITA DO NOVO TESTAMENTO


1.PAPIRO – Supõe-se que os manuscritos originais do NT foram grafados em papiro. O papiro era o
material de escrita mais usado nos 3 primeiros séculos. Extraía-se a membrana da entrecasca da planta do
mesmo nome, que era muito abundante nas margens do Nilo.
2.VELLUM – Era um material de boa qualidade. Podia-se usar de ambos os lados. Na realidade era uma
pele fina, geralmente de antílope ou bezerro. Identificava-se com o pergaminho, só que este era
especificamente pele de ovelha ou de cabra, preparado para grafia. Sabemos hoje que quase todos os
manuscritos foram grafados em vellum ou pergaminho.
3.PAPEL – Já era usado na China no 2º séc. a.C. Na Arábia foi introduzido no séc. VII. Na Europa, no séc.
X. Tornou-se realmente popular nos sécs. X e XIII e caminhou ao lado do vellum até o advento da imprensa
(1450).

VI– TINTA E INSTRUMENTOS DE ESCREVER


O vocábulo “tinta” em heb. Significa “fluir suavemente” (Jr 36.18). No gr. significa “negro” 2Co 3.3. Isso
porque era geralmente preta feita de fuligem ou fumaça de lâmpada e goma, tudo diluído em água. Mesmo
predominando o preto, encontramos também no NT as cores vermelha, verde, azul e amarela. O estojo de
escrever (Ez 9.2-21) era uma peça de madeira, chifre ou metal que o escriba usava geralmente de lado.
Consistia de um recipiente longo para as penas, preso a um pequeno vasilhame para a tinta.
Os instrumentos usados na época eram:
1.O ESTILETE – Era geralmente feito de metal ou madeira resistente e, às vezes de osso. Usavam-se as
duas extremidades, cada uma formava um tipo diferente de grafia. Era ideal para grafar em tabletes de
argila.
2.O CINZEL – Era o que Jó chamava de “pena de ferro” (19.24). Ou ainda era designada como “ponta de
diamante” (Jr 17.1). Tornou-se objeto ideal para grafar em superfícies sólidas como lâminas de mármore ou
de pedras.
Tudo isso dá uma visão de grande dificuldade que os homens tinham naquela época para registrar a
história e suas mais importantes descobertas, e ao mesmo tempo salienta a extraordinária invenção de
Gutenberg (a imprensa), que tanto tem contribuído no desenvolvimento da humanidade.

VII – FORMAÇÃO DO CÂNON DO AT.


1-Como se formou, e em quanto tempo se completou o Cânon do Antigo Testamento?

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O Cânon do Antigo Testamento foi formado num período aproximado de 1.046 anos - de Moisés
a Esdras.
Moisés começou a escrever o Pentateuco cerca de 1490 a.C., Esdras surge por volta de 445
a.C.
Esdras, segundo a literatura judaica, na qualidade de escriba e sacerdote, presidiu um conselho
formado por 120 membros chamado Grande Sinagoga. A Grande Sinagoga selecionou e
preservou os rolos sagrados, determinando naquele tempo o cânon das Escrituras do Antigo
Testamento (Ed 7.10,14).
Foi essa mesma entidade que reorganizou a vida religiosa nacional dos repatriados e, mais
tarde, deu origem ao supremo tribunal judaico denominado sinédrio.

Nos dias de Jesus


Na época de Jesus, os 39 livros do Antigo Testamento já eram plenamente aceitos pelo judaísmo como
divinamente inspirados. O Senhor referiu-se repetidas vezes ao Antigo Testamento, reconhecendo-o como
a Palavra de Deus (Mt 19.4; 22.29). Para ver a confiança que os escritores do Novo Testamento tinham no
Antigo, basta conferir as centenas de citações da Lei, dos profetas e dos escritos feitos por eles.
Concluímos que, começando por Moisés, à proporção que os livros iam sendo escritos, eram postos no
tabernáculo, junto ao grupo de livros sagrados. Esdras, como já dissemos, após a volta do cativeiro, reuniu
os diversos livros e os colocou em ordem, como coleção completa. Destes originais eram feitas cópias para
as sinagogas largamente disseminadas.
· Credibilidade do A.T. é autenticado por Jesus Cristo: Cristo recebeu o A.T. como relato verídico. Ele
endossou grande número de ensinamentos do A.T., como, por exemplo: A criação do universo por Deus
(Mc.3:19), a criação do homem (Mt.19:4,5), a existência de Satanás (Jo.8:44), o dilúvio (Lc.17:26,27), a
destruição de Sodoma e Gomorra (Lc.17:28-30), a revelação de Deus a Moisés na sarça (Mc.12:26), a
dádiva do maná (Jo.6:32), a experiência de Jonas dentro do grande peixe (Mt.12:39,40). Como Jesus era
Deus manifesto em carne, Ele conhecia os fatos, e não podia se acomodar a ideias errôneas, e, ao mesmo
tempo ser honesto. Seu testemunho deve, portanto, ser aceito como verdadeiro ou Ele deve ser rejeitado
como Mestre religioso.
O Cânon do Antigo Testamento só foi realmente reconhecido e fixado no Concílio de Jâmnia em 90 d.C.
Houve muitos debates acerca da aprovação de certos livros, porém, o trabalho desse Concílio foi apenas
ratificar aquilo que já era aceito por todos os judeus através dos séculos.
VIII – FORMAÇÃO DO CÂNON DO NT
Por que formar um cânon para o Novo Testamento?
Jesus foi o redentor de quem o Antigo Testamento deu testemunho. Suas palavras, segundo eles, não
podiam ter menos autoridade do que a Lei e os Profetas. Convencidos disto, os cristãos as repetiam
sempre e as colocaram na forma escrita que se tornou o núcleo do cânon.
O tempo estava passando. Enquanto a regra tradicional da "doutrina apostólica baseada nos ensinos de
Cristo e na interpretação do seu trabalho a luz do Antigo Testamento" foi mantida, houve necessidade de
escrevê-la para combater os ensinos falsos.

Mas, com a morte dos apóstolos, um a um, a tradição oral tornou-se insuficiente. As dissensões nas igrejas
também tornaram o apelo à palavra escrita tanto natural quanto necessário.
Nenhum livro podia ser declarado Escritura, se não contivesse as ênfases que o tornasse como tal.
Prevalecia uma unanimidade surpreendente entre as igrejas quanto aos escritos que falavam
convincentemente de Deus.
O cânon do Novo Testamento aumentou sob a orientação de um instinto espiritual, em lugar da imposição
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de uma autoridade externa.
Os escritos aceitos eram de autoria daqueles honrados pela Igreja - Mateus, João, Paulo, Pedro - assim
como de pessoas menos conhecidas, apoiadas por uma autoridade apostólica - Pedro por trás de Marcos,
Paulo por trás de Lucas. Alguns livros levaram mais tempo para alcançar a canonicidade.
O Cânon do Novo Testamento se fixou de forma quase universal no século IV d.C., com Atanásio de
Alexandria (325 d.C.).
No ano de 367 d.C. Atanásio enviou uma carta estabelecendo a lista dos livros sagrados que deviam ser
lidos nas igrejas. Essa lista era exatamente a mesma que contém os atuais vinte e sete livros do Novo
Testamento.
Porém, o cânon neotestamentário só foi definitivamente reconhecido e fixado, quando uma lista idêntica à
de Atanásio foi aprovada no concílio de Cartago em 397 d.C.
A história da formação daquilo que é conhecido como o cânon do Novo Testamento é a história da
exigência de uma autoridade. No final do século I os livros já haviam chegado ao seu destino. Nem todos se
tornaram conhecidos por todos os cristãos logo de início. Pelo contrário, é muito provável que alguns dos
cristãos primitivos não tivessem visto todos os evangelhos, nem todas as epístolas antes do fim do século.
Além disso, muitos evangelhos, atos e epístolas apócrifas circulavam durante o segundo século e foram
aceitos por alguns grupos, senão não teriam sequer sobrevivido. A valiosa literatura dos cristãos primitivos
que expressavam sua fé e dedicação era preservada pelas congregações em todo o império romano. Esta
autoridade canônica repousava sobre o testemunho ocular de doze homens.
Moule nos sugere que: “se perguntarmos quais os critérios que a igreja, conscientemente, havia aplicado
para provar a autenticidade dos seus escritos, descobriremos que tais critérios são determinados pela
controvérsia com heréticos e incrédulos”.

A igreja estabeleceu alguns critérios para selecionar os escritos, dentre os quais destacaremos:

1-A APOSTOLICIDADE: O material em consideração pela comunidade eclesiástica deveria ter sido
redigido por um dos doze que conviveram com Jesus. "O livro deveria ter sido escrito por um apóstolo ou
baseado em seu testemunho ocular. Os apóstolos eram tanto testemunhas oculares pessoais do ministério
de Cristo como os primeiros líderes da Sua igreja". Assim sendo o testemunho deles tornou-se a primeira
autoridade nesta nova comunidade de fé. Já que estes ficaram com a responsabilidade de instruir os novos
discípulos, seu testemunho deveria ser aceito pela igreja como possuindo a autoridade de Jesus. Logo os
seus escritos deveriam ser aceitos. Se o escrito procedesse de alguém que não estivesse no grupo dos
doze, mas que tivesse alguma relação com estes seria aceito. “Quanto aos evangelhos, estes deveriam
manter o padrão apostólico de doutrinas particularmente com referência à encarnação e ser na realidade
um evangelho e não porções de evangelhos, como tantos que circulavam naquele tempo”.

2.A CATOLICIDADE: Este fator envolve a circulação, o uso e a aceitação do livro. Já que não era fácil
comprovar a autenticidade apostólica, esta característica auxiliou e muito a confecção do Cânon. "Os
autores tinham no geral seguidores em sua igreja e comunidade, mas só os livros usados pela igreja inteira
vieram a ser incluídos no Cânon. Como os pastores e membros das várias congregações se comunicavam
entre si, os livros mais usados se tornaram obviamente conhecidos". Como nem sempre era fácil
demonstrar a autenticidade apostólica do documento, nem mesmo sua derivação, o critério do uso e
circulação veio colaborar na aferição canônica. Existe a probabilidade de que certos escritos foram aceitos
e circularam tendo a autoridade antes mesmo de possuir qualquer tipo de relação com o grupo apostólico.

3-A ORTODOXIA: Esta também era um importante fator na questão da seleção. Nos relatos, livros escritos
que para serem canonizados deveriam possuir no seu bojo um conteúdo doutrinário cristalino. Nenhum dos
escritos que concorriam a uma aceitação canônica poderia contrariar àquela ortodoxia característica das
primeiras décadas. Isto possibilitou a igreja a expor e repudiar as grandes heresias dos primeiros séculos e
preservar a pureza do Evangelho. E quando havia erros ou obscuridades nos escritos estes eram tirados da
lista canônica.

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4-INSPIRAÇÃO: A última prova para canonizar era a inspiração. Os livros escolhidos davam evidências de
serem divinamente inspirados e autorizados. O Espírito Santo guiou a igreja para que ela discernisse entre
a literatura religiosa genuína e a falsa. Houve a necessidade de certo período de tempo para se
concretizar.
Os doze apóstolos eram o cânon e o foram enquanto viveram, já que a comunidade cristã dos primórdios
preferia a mensagem proferida oralmente por aquelas pessoas que testificaram, estando presentes e
participantes do ministério de Jesus.
A necessidade de se responder as dúvidas e dificuldades de algumas igrejas e de alguns líderes, promoveu
o surgimento de cartas e tratados dos apóstolos orientando-os na forma de agir. Tendo como precursor
Marcos inicia-se a produção dos Evangelhos canônicos e série extensas de apócrifos, entre os quais alguns
são conhecidos. Em nenhuma das circunstâncias houve a intenção de suplementar o Antigo Testamento
que eram as Escrituras. E as coleções a respeito de Jesus, repleta de parábolas e narrativas, foram
copiadas muitas vezes e entregues às várias congregações para serem lidas. Nenhum livro seria admitido
para a leitura pública na igreja se não possuísse características próprias. Muitos outros livros circulavam
quando Mateus começou a ser usado pelos cristãos. Estas compilações acrescentaram o número de
material evangélico. No entanto o testemunho vivo dos apóstolos era o mais preferido.

IX- O SURGIMENTO DE UM CÂNON


A coletânea dos textos cristãos primitivos que estava começando a ser feita trouxe um estímulo à evolução
desse processo. Muito provavelmente, no fim do séc. I já havia uma coleção das dez epístolas de Paulo. De
concreto sabemos que uma coleção de dez epístolas paulinas só aparecem claramente confirmada com
Marcião, por volta do ano 140, mas é bem pouco provável que Marcião tenha sido o primeiro a reunir tais
epístolas. O cânon de Marcião foi o primeiro a ser adotado por um grupo de seguidores de Marcião. O
cânon de Marcião provocou uma reação violenta no seio da igreja. "Como é natural, a igreja nunca aceitou
o cânon de Marcião como legítimo, este falso cânon levantou, porém, duas questões. Primeira, que livros
eram legitimamente a palavra de Deus? E segunda, como a igreja poderia proteger o uso errado das cartas
de Paulo, como aconteceu com Marcião, no futuro? Para resolver a primeira pergunta os líderes da igreja
começaram a estudar a questão do cânon. Para tratar da segunda, as igrejas começaram a colocar Atos
antes das epístolas de Paulo"
.

1- A Conclusão do Cânon do Novo Testamento


O cânon, lista dos volumes pertencentes a um livro autorizado, surgiu como um reforço à garantia
centralizada no bispo e à fé expressa num credo. As pessoas, equivocadamente, supõem que o cânon é
uma lista de livros sagrados vindos diretamente dos céus ou, imaginam que o cânon foi estabelecido pelos
concílios eclesiásticos. Não foi assim, pois os vários concílios que se pronunciaram a respeito do problema
do cânon do Novo Testamento apenas o tornavam públicos, porque já tinham sido aceitos amplamente pela
consciência da igreja. A história do cânon estava concluída no Ocidente no começo do século V, cem anos
mais cedo que no Oriente.
É evidente que nem todos os livros do atual Novo Testamento eram conhecidos ou aceitos por todas as
igrejas do Oriente e do Ocidente durante os primeiros quatro séculos da era cristã. As variações do cânon
eram devidas a condições e interesse locais. O cânon existente surgiu de um vasto corpo de tradição oral e
escrita e de especulação, e impôs-se às igrejas devido à sua autenticidade e poder dinâmico inerentes.
Sendo, portanto um fruto do emprego de vários escritos que provavam o seu mérito e a sua unidade pelo
seu dinamismo interno. Alguns foram reconhecidos mais lentamente do que os outros devido ao seu pouco
tamanho ou devido ao caráter remoto ou particular do seu destino ou até mesmo ao anonimato no tocante a
autoria, ou falta de aplicabilidade às necessidades da igreja naquele período. Porém, nenhum desses
fatores trabalha contra a inspiração divina destes livros ou contra o seu direito de possuir um lugar na
palavra autorizada do Deus Todo-Poderoso.

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2- O que são “Pseudepígrafos”?
Os livros chamados pseudepígrafos são livros que circularam sob um nome falso. “Pseudo” (falso), “epí”
(sobre) “grafê” (escritos), portanto: escritos falsos sobre. São chamados assim, porque não foram escritos
pelos autores aos quais são atribuídos. Por exemplo, o livro de Enoque não foi escrito pelo personagem de
Gênesis; o Apocalipse de Abraão não foi escrito pelo patriarca e assim por diante. Era comum na
antiguidade atribuir um livro qualquer a alguma pessoa antiga e bem conhecida. Isso se fazia também com
livros filosóficos e literaturas em geral.
O objetivo disso era fazer uma grande distribuição da obra, honrar o nome usado e propagar ideias e
tradições dos alegados autores. Também, como a maioria tinha característica apocalíptica, trazia a
esperança messiânica, que dava ao povo judeu uma expectativa da libertação do jugo dos impérios da
época. Sendo atribuído, portanto, a um personagem respeitado já falecido, o verdadeiro autor teria sua
identidade preservada de possíveis retaliações do governo.
Já no caso dos pseudepígrafos do NT, a maioria é gnóstica, heresia que desejava infiltrar-se no
Cristianismo, desde o final do 1º século. Seu objetivo era inserir a doutrina gnóstica no meio dos cristãos e
para tanto atribuíam seus escritos a certos apóstolos, como no caso do Evangelho de Filipe, Atos de Paulo,
etc. para que fossem aceitos.

VEJAMOS ALGUNS PSEUDEPÍGRAFOS DO AT E DO NT:

PSEUDEPÍGRAFOS DO AT
Os Livros de Enoque, Assunção de Moisés, Salmos de Salomão, Apocalipse de Elias, etc.

PSEUDEPÍGRAFOS DO NT
Os Evangelhos de Tomé, Pedro, Nicodemos, etc., Atos de Paulo, Pedro, André, João, etc. Apocalipses de
Paulo e Pedro, etc.
A diferença entre apócrifo e pseudepígrafo é que este, além de não-inspirado, foi escrito sob um alegado
autor não-verdadeiro. E o apócrifo, apesar de não ser inspirado, não foi escrito sob um nome falso de
autoria.

X – A FALA DE DEUS E SUA REVELAÇÃO


1- ETIMOLOGIA
A palavra “revelação” vem do latim “revelare” e significa: descobrir, tirar o véu, fazer conhecer, colocar
patente aos olhos, etc.
Em Bibliologia significa: ação de Deus em comunicar aos homens Seus desígnios.
A palavra grega “apocalipse” foi transliterada para encabeçar o título do último livro da nossa Bíblia.
Significa também revelação. É por isso que nas versões inglesas, o Apocalipse é chamado de Revelação.
No caso desse livro trata-se duma revelação específica. Afora isso, toda a Bíblia pode ser considerada uma
revelação de Deus ao homem.

2 CARACTERÍSTICAS DA REVELAÇÃO
A- ELA É SOBRENATURAL – Cerca de 40 homens, alguns vivendo em épocas diferentes, num
período aproximado de 1500 anos, sem terem feito nenhum plano para isso escrevem determinadas coisas
que, ao se juntarem formam um único livro com uma única mensagem, sem contradição. Num processo
desses, a palavra “sobrenatural” encaixa-se perfeitamente.
B- ELA É POSSÍVEL – Embora haja uma série de argumentos contrários à revelação, sabemos que
nada é impossível para Deus (Mc 10.27). E o fato de milhares de pessoas terem sido transformadas por
conhecê-la endossa esta verdade.
C- ELA É NECESSÁRIA – Obviamente Deus tem um compromisso com o universo, especialmente
com o homem. Por estar este homem em cegueira, depravação e perdição, a revelação se faz
extremamente necessária, pois ela é a solução par esse estado.
D- ELA É PROVÁVEL – Desde que possível, é também provável. Pois esta revelação sempre esteve
acompanhada por sinais, prodígios e maravilhas (Jo 4.48; At 4.29,30; etc.).
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E -ELA É DIGNA DE CRÉDITO – Nenhuma filosofia sobrevive por muito tempo, se não consegue
comunicar grandes e eternas virtudes a seus adeptos. Só a revelação de Deus tem provado ser capaz disto
(1Tm 1.15; 4.9).
F- ELA É RAZOÁVEL – Embora seja sobrenatural, a revelação é razoável, isto é, ela se adapta
perfeitamente aos princípios gerais da razão. Nada exige nem ensina que possa ferir a integridade física,
moral ou espiritual do homem. Pelo contrário, as eleva.
G- ELA É CORRETA – Por mais que se tenha aprofundado a crítica bíblica, não se conseguiu até
agora encontrar discrepâncias ou contradições na revelação. O cumprimento de centenas de profecias
funciona como forte crédito quanto à veracidade e infalibilidade da revelação de Deus.

XI – O MÉTODO DA REVELAÇÃO
1-ENSINO PELO EXEMPLO – Uma das coisas mais imorais do mundo é um professor que não vive aquilo
que ensina. Está provado que a força da lição de qualquer um está diretamente ligada ao exemplo vivido na
prática (At 1.1). A revelação de Deus prima por este método. É assim que vemos registrados os atos nobres
dos grandes vultos da Bíblia, e o elogio à referência, o destaque, para que aprendamos que são exemplos
que devem ser seguidos. Também é fato que o que os heróis da Bíblia aprenderam de bom, devem ao
Deus da revelação.

2-ENSINO PELA UNIDADE – A revelação na Bíblia não é um emaranhado de princípios sem começo, fim
ou lógica. Todas as suas doutrinas são vistas uniformemente do início ao fim, em perfeita unidade didática,
facilitando o raciocínio. Só as mentes carnais a consideram dispersiva e sem sentido. Um exemplo disso
são as profecias, que embora variadas, tinham sempre o objetivo de aperfeiçoamento moral do homem.

3-ENSINO PROGRESSIVO – Logicamente, Deus, por várias razões, jamais poderia ensinar todas as
implicações de uma doutrina já no livro de Gênesis. Toda revelação bíblica é progressiva, de modo que o
desenvolvimento de qualquer doutrina pode ser acompanhado e assimilado sem muito esforço. Exemplo: a
compreensão de Paulo sobre a doutrina da Trindade é muito maior que a de Moisés, embora ambos falem
dela (Gn 1.26; Ef 4.4-6).

DIFERENÇAS TEOLÓGICAS
A respeito desta revelação de Deus existem diferentes ideias:

1. ATEÍSTA – Nega a existência de Deus, bem como Sua revelação.


2. DEÍSTA – Admite a existência de Deus, mas nega a revelação, argumentando que a natureza e a
razão nos dão luz suficiente para a prática da fé. Para eles, Deus abandonou à própria sorte a
natureza depois de havê-la criado.
3. TEÍSTA – Deus Criador, Preservador, Único, Eterno, Governador do universo, nos deu uma
revelação através da Bíblia.
4. REVELAÇÃO NATURAL (TEOLOGIA NATURAL) – Para conhecer a Pessoa, atributos e obras de
Deus, somente pela razão e natureza.
5. TEOLOGIA SISTEMÁTICA – Estabelece a Teologia com o auxílio da filosofia, psicologia,
sociologia, história, ética, etc. sugerindo um conteúdo humano na matéria.
6. TEOLOGIA BÍBLICA – É o conhecimento da divina verdade extraído puramente das Escrituras –
através da iluminação do Espírito Santo e do conhecimento do contexto cultural.

XII – INSPIRAÇÃO
1-ETIMOLOGIA
Inspiração provém de 2 vocábulos latinos: “in” e “spiro”, que significa “soprar em” ou “soprar dentro”.
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Com este sentido específico, ela aparece duas vezes na Escritura (Jó 32.8; 2Tm 3.16). No contexto de Jó,
ela tem mais sentido de “sopro”. A ideia é de que esse sopro capacita o espírito do homem ao raciocínio.
Em 2Tm ela está exatamente em sua ideia teológica plena, quanto à produção da Bíblia. É com essa ideia
que estudaremos o vocábulo.
No heb. esta mesma palavra é “nishamah” e ocorre 25 vezes no AT, sendo traduzida por termos como:
sopro, sopro de Deus, inspiração, etc.
No gr. seu equivalente é “Theopneustos”, traduzida como: divinamente inspirada, ou seja, soprado por Deus,
ou mais claramente, dado por Deus através do Espírito.
A palavra “pneu” ocorre 7 vezes no NT e, dependendo do contexto pode também significar “vento do Espírito”
(Jo 3.8; 6.18; Mt 7.25-27; Ap 7.1; etc.).
Concluímos dizendo que a palavra “Theopneustos” implica em uma influência da qual advém poderes
sobrenaturais para produzir alguma coisa e isso nada mais é do que a Palavra de Deus.

2- A AUTORIA BÍBLICA É, PORTANTO, DIVINA E HUMANA, SIMULTANEAMENTE:


Autoria Divina: Do lado divino, as Escrituras são a Palavra de Deus, no sentido de que se originaram nEle e
são a expressão de Sua mente. Em 2Tm.3:16 encontramos a referência a Deus: "Toda Escritura é
divinamente inspirada" (theopneustos = soprada ou expirada por Deus). A referência aqui é ao que foi
escrito. Então Deus “sopra” Sua Palavra na mente do escritor (expiração), e este, por sua vez, ao receber
este “sopro” inspira (inala) a Palavra de Deus a qual será processada em uma mente humana, recebendo
dela sua influência, isto é, a maneira de se expressar.
Autoria Humana: Na perspectiva humana vemos certos indivíduos escolhidos por Deus com a
responsabilidade de receberem (inalarem) a Palavra e transformá-la em escrita. Em 2Pe.1:21 encontramos
a referência aos "Homens santos de Deus que falaram movidos pelo Espírito Santo" (pherô = movidos ou
conduzidos).
A própria Bíblia reconhece a autoria dual (Divina e Humana) em seu registro. Veja, por exemplo, que
Mateus (15:4) registra que Deus ordenou: “Honra a teu pai e a tua mãe. E quem maldisser a seu pai ou a
sua mãe seja punido de morte”. Mas Marcos (7:10) registra o mesmo texto dizendo que foi Moisés quem
ordenou essa conduta. E não há contradição – Deus é o autor desse mandamento, mas Ele usou Moisés
para transmiti-lo aos homens. Em muitas outras passagens percebemos essa dualidade na autoria da
Escrituras (Compare Sl.110:1 com Mc.12:36; Ex.3:6,15 com Mt.22:31; Lc.20:37 com Mc.12:26; Is.6:9,10;
At.28:25 com Jo.12:39-41).
Deus opera de modo misterioso usando a vontade humana, sem anulá-la e sem que o homem perceba que
está sendo divinamente conduzido. Neste fenômeno, o homem faz pleno uso de sua liberdade
(Pv.16:1;19:21; Sl.33:15;105:25; Ap.17:17).
RESUMINDO:
Inspiração é a operação divina que influenciou os escritores bíblicos, capacitando-os a receber a
mensagem divina, e que os moveu a transcrevê-la com exatidão, impedindo-os de cometerem erros e
omissões, de modo que ela recebeu autoridade divina e infalível, garantindo a exata transferência da
verdade revelada de Deus para a linguagem humana inteligível (2Co.10:13; 2Tm.3:16; 2Pe.1:20,21).
3- PROVAS DA INSPIRAÇÃO BÍBLICA
1. O Testemunho da Arqueologia – Dr. Melvin Grove Kyle, um famoso arqueólogo internacional, já disse
que nenhuma descoberta arqueológica nos últimos cem anos invalidou de algum modo qualquer simples
declaração da Bíblia. Pelo contrário, a descoberta tem confirmado as Sagradas Escrituras de modo
admirável.
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2. O Testemunho das Vidas Transformadas – Sua influência sobre o caráter e a conduta de milhares de
pessoas ao longo da história.
3. O Testemunho da Unidade – O fato de ter sido escrita num período de cerca de 1600 anos por 40
autores diferentes, sem qualquer contradição, faz-nos pensar um pouco.
4. O Testemunho das Profecias Bíblicas – João 10: 35. Mais de 300 profecias do Antigo Testamento
convergem para a pessoa do Senhor Jesus Cristo (Lucas 24: 27, 44 – 49). Argumento da Profecia Cumprida:
Mais de 300 profecias a respeito de Cristo registradas nas Escrituras já se cumpriram integralmente. E dentre
essas profecias, a mais próxima do nascimento de Cristo foi pronunciada 396 anos antes de seu cumprimento.
Além disso, as profecias a respeito da dispersão de Israel também, se cumpriram (Dt.28; Jr.15:4; l6:13; Os.3:4
etc.); da conquista de Samaria e preservação de Judá (Is.7:6-8; Os.1:6,7; 1Rs.14:15); do cativeiro babilônico
sobre Judá e Jerusalém (Is.39:6; Jr.25:9-12); sobre a destruição final de Samaria (Mq 1:6-9); sobre a
restauração de Jerusalém (Jr.29:10-14), etc.
5 Reivindicações da Própria Escritura: A própria Bíblia expressa sua infalibilidade e inspiração, reivindicando
autoridade. Nenhum outro livro ousa fazê-lo. Encontramos essa reivindicação nas seguintes expressões:
"Disse o Senhor a Moisés" (Ex.14:1,15,26; 16:4; 25:1; Lv.1:1; 4:1; 11:1; Nm.4:1;13:1; Dt.32:48) "O Senhor é
quem fala" (Is.1:2); "Disse o Senhor a Isaías" (Is.7:3); "Assim diz o Senhor" (Is.43:1). Outras expressões
semelhantes são encontradas: "Palavra que veio a Jeremias da parte do Senhor" (Jr.11:1); "Veio
expressamente a Palavra do Senhor a Ezequiel" (Ez.1:3); "Palavra do Senhor que foi dirigida a Oséias"
(Os.1:1); "Palavra do Senhor que foi dirigida a Joel" (Jl.1:1), etc. Expressões como estas são encontradas
mais de 3.800 vezes no AT.
Portanto e essa mesma reivindicação faz o Novo Testamento: “Outra razão ainda temos nós para,
incessantemente, dar graças a Deus: é que, tendo vós recebido a palavra que de nós ouvistes, que é de
Deus, acolhestes não como palavra de homens, e sim como, em verdade é, a palavra de Deus, a qual, com
efeito, está operando eficazmente em vós, os que credes” (1Ts.2:13);
4-A APLICADA À BÍBLIA
Quando a palavra “inspiração” é aplicada à Escritura, entendemos que foi o “sopro de Deus no homem”,
qualificando-o a receber e comunicar a verdade divina. Ou, “unção de Deus que capacitou o homem para
produzir a Bíblia”.
Inspiração é, pois, Deus falando pelo Espírito Santo através do homem e ao homem. É justamente por
causa deste processo que podemos afirmar a infalibilidade da Bíblia. Ela própria dá testemunho de que isso
é verdadeiro (2Sm 23.2; 2Tm 3.16; 2Pe 1.21; etc.).

5-PALAVRAS “NÃO-INSPIRADAS” NA BÍBLIA?


Nós, cristãos ortodoxos, afirmamos que a Bíblia É a palavra de Deus. Mas a teologia liberal afirma que ela
apenas CONTÉM palavras de Deus. Dizem que, por haver na Bíblia ditos errados, doutrinariamente
falando, tais como, palavras de Satanás, dos amigos de Jó, sacerdotes, Pilatos, etc. então a Bíblia não
pode ser a palavra de Deus inspirada, apenas contém certas palavras de Deus.
Mas quando se diz que a Bíblia é a palavra de Deus não quer dizer que aquilo que todos seus personagens
disseram seja doutrinariamente correto, apenas que foi verdade o fato acontecido. Por exemplo: não é
verdade aquilo que o diabo falou, mas é verdade que ele falou. E quando o autor inspirado estava
escrevendo, escreveu a verdade sobre o fato, mesmo sabendo que o personagem tenha falado algo
doutrinariamente incorreto.

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6-FATOS INERENTES À INSPIRAÇÃO
É claro que a Bíblia não é um volume que se preocupa em apresentar a ciência. Ela não foi escrita com
esse propósito.
Desde que teve seu cânon completado, ela é apresentada como infalível livro de Deus, dono exclusivo da
verdade.
Mesmo monopolizada pela Igreja Católica, conservou este conceito, de modo que a ciência verdadeira, por
um longo tempo foi mantida afastada do caminho dos homens, porque a Igreja argumentava que o homem
não precisava saber mais do que dizia a Bíblia. Seu objetivo não era honrar a Palavra de Deus, mas manter
os homens na ignorância e usá-los para seus fins mundanos e diabólicos.
Por isso, homens como Nicolau Copérnico e Galileu Galilei se viram obrigados pela Igreja Romana a negar
fatos científicos em nome da religião, surgindo assim um aparente choque entre a Bíblia e a Ciência que
permanece até hoje. Aliás, muitas pessoas abandonaram a fé por causa da ignorância da Igreja e passaram
a crer mais na ciência. Isso deu origem ao crescente número de pessoas sem religião, que hoje zombam da
Bíblia. Não precisava ser assim.
A verdadeira ciência não contradiz a Bíblia, pelo contrário, comprova sua verdade.
Mesmo não sendo um livro científico, a Bíblia, por ser inspirada, nos dá notáveis lampejos científicos, muito
antes que eles fossem observados e estabelecidos. Por exemplo:
a) ORDEM DE CRIAÇÃO DAS COISAS – Céu, água, terra, vegetação, seres irracionais e o homem.
Esta ordem científica está em harmonia com o relato de Gênesis.
b) LUZ INDEPENDENTE DO SOL – Deus disse: “Haja luz” no 1º dia, mas o sol foi criado no 4º dia.
Temos, portanto, dois tipos de luz no universo. Moderna aparelhagem científica constatou a
existência da luz cósmica.
c) REDONDEZA DA TERRA – Por muito tempo discutiu-se a forma da terra. Mas Si 40.22, que foi
escrito 700 anos a.C. já dava resposta a isso. Hoje ninguém mais duvida de que a terra é redonda.
d) A IMPONDERABILIDADE DA TERRA – Enquanto que a Civilização Antiga pensava que a Terra
era sustentada por gigantescos elefantes, Jó dizia que ela era sustentada sobre o nada (Jó 26.7)!
Olha que ele viveu quase 1500 anos a.C.
e) “Todos os rios vão para o mar e, contudo, o mar não se enche; ao lugar para onde os rios vão, para
ali tornam eles a correr” (Ec 1.7). Ver Jó 36:27-29; Sl 135:7; Am 9:6. Como todos estes escritores
bíblicos, que escreveram entre 2000 a.C. e 800 a.C. sabiam sobre o ciclo hidrológico (evaporação,
condensação e precipitação pluviométrica) e a decorrente formação e manutenção de rios, lagos,
mares e oceanos por causa deste ciclo, se isto só foi reconhecido pela ciência quando foi
descoberto por Galileu em 1630 d.C.?! Quem contou isto a eles?!

XIII – A VERDADEIRA DOUTRINA DA INSPIRAÇÃO


A inspiração em sua perfeita compreensão teológica inclui duas fases:
FASES EXPLICAÇÃO
INSPIRAÇÃO PLENA A Bíblia inteira, completa foi divinamente inspirada (2Tm 3.16)
Não confundir com “ditado verbal” visto antes. É ação do Espírito dirigindo o
INSPIRAÇÃO VERBAL homem a escolher e empregar suas próprias palavras no texto. Deus
supervisionou e dirigiu as ideias, mas o estilo é do escritor.

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A-CRITÉRIOS DA INSPIRAÇÃO
É o meio pelo qual se distinguem os livros inspirados dos que não são. Descobre-se:
Existem livros inspirados? Se sim,
Quais são eles e como se distinguem dos demais?
Isso ajuda a descobrir os critérios de inspiração e canonicidade.
Os critérios de inspiração são os seguintes:

1- INFALIBILIDADE
Na Bíblia estão verdades reveladas que devemos crer com fé absoluta. Logo, um escrito só pode ser aceito
como inspirado, caso passe na prova de infalibilidade. Existindo nele algum sentido dúbio, contradições ou
fatos históricos irreais, sua falibilidade é evidente e, portanto, se exclui.
2-HARMONIA COM O TODO
Aqui está outro detalhe espetacular do escrito inspirado. Ele OBRIGATORIAMENTE concorda e se
harmoniza com os demais escritos também inspirados.
3-O TESTEMUNHO DO ESPÍRITO SANTO
Este critério final é o mais importante. O Senhor diz que zela pela Sua Palavra. Ele não deixaria que
escritos espúrios se introduzissem nela. É o Espírito Santo o Grande Guardião que impede tal
acontecimento. Gaetano e Luigi, teólogos católicos propõem como critério apenas a Tradição Católica,
afirmando que ela pode ser autoridade máxima na questão. Dizem que a Tradição tem o mesmo peso da
Escritura, uma vez que a mesma Igreja que escolheu os livros que fariam parte do cânon é a mesma que
acumulou a Tradição. Portanto a autoridade está na Igreja e não na Bíblia.
Há uma sutil diferença entre os católicos e os protestantes a respeito da canonicidade. Enquanto os
católicos dizem que a Igreja escolheu quais livros fariam parte do cânon, os protestantes dizem que a Igreja
reconheceu a inspiração neles já existentes. Pois a Igreja está abaixo da Escritura e não o contrário como
dizem os católicos.
Na verdade, devemos reconhecer a autoridade que as Escrituras possuem por si só, pelo fato de serem as
palavras do próprio Deus.
Observe as provas da autoridade bíblica:

XVI – AUTORIDADE BÍBLICA


1. Que a Bíblia possui autoridade divina é provado a partir do seguinte silogismo: Deus tem toda
autoridade; as Escrituras são sopradas por Deus; portanto, a Bíblia é a Palavra autorizativa de
Deus.
2. Que a Bíblia possui autoridade divina é ensinado por referências bíblicas expressas. Is 1.2 declara:
“Ouvi, ó céus, e dá ouvidos, tu, ó terra; porque o SENHOR tem falado” (cf. Mq 1.2). É também visto
na declaração: “Assim diz o Senhor”, e nas palavras de Cristo: “Na verdade, na verdade vos digo”.
3. Que a Bíblia possui autoridade divina é provado a partir de citações, pelo Novo Testamento, de
passagens do Antigo Testamento como sendo as palavras do Espírito Santo (Hb 3.7; cf. Sl 95.7; Hb
10.15; Jr 31.33). Como Deus, o Espírito Santo fala com autoridade divina.

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4. Que a Bíblia possui autoridade divina é provado a partir de citações do Novo Testamento onde a
fala de Deus é citada como a Escritura falando (Gl 3.8; cf. Gn 12.3; Rm 9.17; Êx 9.16). A Escritura
(que não existia então) não falou a Abraão, mas Deus o fez (Gn 12.3). Similarmente, Deus, através
de Moisés, fez esse anúncio a Faraó (Ex 9.16). Das citações de Paulo (Gl 3.8; Rm 9.17) desses
dois textos, vemos que ele habitualmente identificava o texto da Escritura como Deus falando.
5. Que a Bíblia possui autoridade divina é provado a partir de citações do Novo Testamento onde
Deus é mencionado como se fosse as Escrituras (Mt 19.4,5; cf. Gn 2.24; At 4.25,26; Sl 2.1,2).
Cristo (Mt 19.4,5) e Pedro (At 4.25,26) citam palavras do Antigo Testamento como sendo “ditas” por
Deus, mas no texto do Antigo Testamento essas afirmações não são colocadas na boca de Deus.
Assim, as palavras da Escritura são as palavras de Deus, possuindo a autoridade de Deus mesmo.
6. Que a Bíblia possui autoridade divina é visto pela finalidade com a qual Cristo citava a Escritura. O
Senhor Jesus usava as Escritura como autorizativas. Ele dizia continuamente, “Está escrito” (Mt
4.4,7,10; 21.13; 26.31; Mc 7.6; 9.13; Jo 6.31,45; 10.34), e assim também os apóstolos (At 1.20;
7.42; 15.15; 23.5; 1Co 1.19; 1Pe 1.16). O veredicto das Escrituras é final; não deve ser
questionado; “a Escritura não pode ser anulada” (Jo 10.35). Visto que “a Bíblia não é outra coisa
senão a voz daquele que está assentado sobre o trono” (Dean Burgon), ela é a regra pela qual
devemos crer e viver (2Tm 3.15-17; Sl 19.7-9).
Portanto, podemos concluir que, enquanto Jesus é a Palavra Encarnada, a Bíblia é a Palavra Impressa.
Assim, ninguém pode negar a incontestável inspiração das Escrituras Sagradas.

XVII – ILUMINAÇÃO
É interessante sabermos aqui que há uma significativa diferença entre inspiração, revelação e iluminação.
A inspiração tem a ver com a recepção e o registro da verdade, a revelação tem a ver com a transmissão e
a iluminação é a compreensão desta mesma mensagem.
Se revelação tem a ver com a coisa revelada, e se inspiração tem a ver com o movimento divino
pressuposto na revelação, a iluminação tem a ver com o movimento humano – como o homem toma pé da
revelação.
O mais comum de ouvirmos é um complemento do binômio revelação x interpretação nos termos em que
um se confunde com o outro. Quer dizer, Deus revela, o homem recebe como revelação também a
interpretação da revelação, e o que o homem entende dessa interpretação é também “revelação”, isto é,
iluminação. Como se tudo fosse uma coisa só – simples: da fábrica ao consumidor, sem intermediários.
Há outras formas de encararmos a questão. Uma vez discutiram Lutero e Erasmo. Eram os dois então
amigos – de cristianismo e de humanismo, um mais o outro menos, mas os dois no mesmo barco. Eram
dias da Reforma. Vão-se 500 anos. E parece ontem!
Situemos melhor o caso. Erasmo era católico – e malgrado o amigo Lutero, que se tornou protestante,
protestando – permaneceu católico. O que discutiam, o católico humanista Erasmo e o recém-protestante e
humanista Lutero? Discutiam como os crentes podiam interpretar a Bíblia. Lutero queria que cada crente
interpretasse a Bíblia – livre-exame das Escrituras. Erasmo achava uma loucura – literalmente. Alegava que
a Igreja deveria determinar o sentido das Escrituras – como havia 1500 anos vinha fazendo, a seu ver,
positivamente. Não para Lutero. “Mas Lutero”, dizia Erasmo, “vai dar uma confusão enorme, porque cada
crente vai interpretar do seu jeito. É melhor ouvir a Tradição, que apresenta uma única interpretação – pelo
menos há ordem”. Lutero não queria ouvir. Estava convencido de que cada crente deve examinar a Bíblia –
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ter o direito de fazê-lo, contudo, não significa ler do jeito que quiser, ele diria. O crente verdadeiro, esse saberá
interpretar a Bíblia de forma conveniente. Erasmo avançava – diria que cada um alegaria sua interpretação
como sendo a verdadeira, e que a confusão estaria instalada. Lutero, então, faz a afirmação: o verdadeiro
crente, que tem o verdadeiro Espírito, interpretará a Bíblia de forma correta.
Que tipo de saída foi a de Lutero? Erasmo, católico, de um lado, dizia: “Deixa isso com a Tradição – a Igreja
resolve”. Lutero, protestante, contradizia: “Não – o Espírito iluminará o crente para que ele interprete a
Bíblia de forma correta”. Tratava-se de uma disputa, parece.
Uma coisa é confiar na ação do Espírito, submeter-se de sol a sol à fé irresoluta de que o sopro de Deus há
de guiar. Outra é dizer que essa interpretação que eu faço aqui, agora, é a do Espírito. Isso é poder,
controle e manipulação, disfarçados em reverência, temor e tremor.
A doutrina da iluminação é um paradoxo tão grande quanto o é a doutrina da revelação. Cada crente deve
examinar a Bíblia, com certeza, mas deve valer-se de muita humildade em reconhecer que aquilo que
entende das Escrituras é míope perto do que o Espírito Santo revelou aos escritores inspirados. Grande
exemplo disso é “aquele ou aquilo que o detém” do texto de 2Ts 2. Os tessalonicenses sabiam quem era.
Nós não sabemos, por mais que respeitemos as regras hermenêuticas.
Em resumo, a Bíblia envolve os conceitos de revelação, inspiração e iluminação. Mas esses conceitos nos
trazem a responsabilidade de interpretar as Escrituras caminhando por regras sensatas e não sair dizendo
por aí que alcançamos uma “revelação” sobre um texto bíblico, dizendo que o Espírito Santo nos “inspirou”
e falar bobagens. Isto não é iluminação, é escuridão.

A divisão em Capítulos e Versículos


As versões antigas da Bíblia ou os Manuscritos mais antigos não observavam as
divisões de Capítulos e Versículos que hoje temos. A Bíblia foi dividida em capítulos e versículos pelo bispo
católico Stephen Langhton entre 1227 - 1242 para facilitar a citação, o estudo e a pesquisa das Escrituras.
Os Massoretas dividiram o Antigo Testamento em versículos no século IX
O Novo Testamento e foi dividido em versículos por Robert Stephanus em 1551 na Reforma Protestante, e
possivelmente ele tenha dividido novamente o Antigo Testamento para que o mesmo fosse impresso, já que
antes dele não havia ainda sido inventada a impressora.

XVIII VERSÕES CONTENDO APENAS O AT


Após o cativeiro na Babilônia, os judeus tiveram algumas versões do Antigo Testamento à disposição.
1. TARGUNS
São traduções parafraseadas do Antigo Testamento, do hebraico para o aramaico. Os targuns são paráfrases
aramaicas da Bíblia hebraica surgidos pouco a pouco depois do exílio babilônico (ou seja, por volta de 538
a.C.) até os primeiros anos da difusão do cristianismo, visando atender às necessidades da sinagoga. De
fato, a leitura da Bíblia nas sinagogas era feita em hebraico, mas sempre aumentava entre o povo o número
dos que já não entendiam essa língua e serviam-se, ao invés, da língua aramaica; por isso, paulatinamente
se impôs o uso de fazer seguir, à leitura hebraica do texto, a versão em aramaico. Essas versões, que
parafraseavam o texto, documentam a interpretação comum entre os judeus na época do surgimento do
cristianismo, do que nasce seu notável interesse.

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2-TARGUM DE ÔNQUELOS
Ônquelos traduziu de forma parafraseada a expressão “Eu Sou” (Êx 3.14; Dt 32.39) por “aquele que é, e que
era, e que há de vir”. O tradutor é único na medida em que evita qualquer tipo de personificação, ou
corporeidade, com Deus, muitas vezes substituindo as características "humanas" que representam Deus no
original hebraico com palavras que transmitem um sentido mais remoto e impessoal. Por exemplo, "meu
rosto" (hebraico panai ) é substituído por "de diante de mim" (Êxodo 33:23) , enquanto "debaixo de seus pés"
é substituído por "sob o seu trono de glória" (Êxodo 24: 10)
3. A SEPTUAGINTA
Septuaginta: Versão dos Setenta - Primeira tradução dos escritos do Antigo Testamento hebraico para o
grego, produzida em Alexandria, no século III a.C., a pedido de um dos reis macedônicos do Antigo Egito,
Ptolomeu II Filadelfo. Durante o seu reinado, os judeus receberam privilégios políticos e religiosos totais.
Também foi durante esse tempo que o Egito passou por um grande programa cultural e educacional, sob o
patrocínio de Arsíno e, esposa e irmã de Ptolomeu II. Nesse programa inclui-se a fundação do museu de
Alexandria e a tradução das grandes obras para o grego.
A Septuaginta tomou esse nome pelo fato de ter sido realizada por 70 anciões, trazidos de Jerusalém
exclusivamente para a tarefa. Foi rechaçada pelos judeus ortodoxos, numa atitude semelhante ao católicos
da Idade Média, diante do reformador protestante Martim Lutero, que traduziu a Bíblia para o alemão,
tornando-a acessível ao povo. A ideia era a mesma: Ampliar o conhecimento do Antigo Testamento para a
língua grega, para atingir outros judeus alexandrinos, mas os radicais viram este trabalho como uma
profanação. A Septuaginta incluía não apenas o cânon hebraico, mas também outras obras judaicas, em sua
maior parte escritas nos séculos II e I a.C., em hebraico, aramaico e grego. Esses escritos, mais tarde, vieram
a ser conhecidos como os Apócrifos, palavra grega que significa oculto ou ilegítimo. Os judeus consideravam
esses livros como não inspirados.
A Septuaginta e o Novo Testamento.
A Septuaginta serviu de fundo às traduções para o latim a para as outras línguas. Tornou-se também uma
espécie de ponte religiosa colocada sobre o abismo existente entre os judeus (de língua hebraica) e os
demais povos (de língua grega). O Antigo Testamento da LXX foi o texto utilizado em geral na primitiva
igreja cristã.

OUTRAS VERSÕES GREGAS DO ANTIGO TESTAMENTO


1-OUTRAS VERSÕES
Outras traduções gregas do Antigo Testamento foram produzidas posteriormente, como as de Símaco (170
d.C.) e Teodócio (190 d.C.).
Outras versões surgiram após a Septuaginta. São elas:
A versão de Áquila (130 a 150 d.C.) - manteve o padrão de pensamento e as estruturas de linguagem
hebraicas, tornando-se uma das versões mais utilizadas pelos judeus;
A revisão de Teodócio (150 a 185 d.C.) - revisão de uma versão anterior - a LXX ou a de Áquila
A revisão de Símaco (185 a 200 d.C.) - preocupou-se com o sentido da tradução, e não com a exatidão
textual. Exerceu grande influência sobre a Bíblia latina, pois Jerônimo fez grande uso desse autor para
compor a Vulgata Latina;
Os Héxapla de Orígenes (240 a 250 d.C.) - promoveu-se uma visão comparativa dos textos hebraicos com
a tradução dos LXX, de Áquila, de Teodócio e de Símaco, procurando harmonizar os textos em busca de
uma tradução fiel do hebraico;
Uma edição do texto hebraico, por volta de 100 d.C., veio a estabelecer o texto massorético.
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2. PESHITA
Palavra Aramaica que significa simples, é a versão Siríaca, tradução completa do Antigo Testamento
do Hebraico para o Aramaico.
A Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro ostenta, em sua estante de Obras Raras, um exemplar da Peshitta
ou NT em arameu, com texto peculiar e diferente do comum, editado em 1584 por Benenato, em Paris,
mais tarde presenteado aos reis de Portugal. Veio para o Brasil com D. João VI e ostenta o carimbo da
BIBLIOTECA REAL. Em 2002 iniciou-se uma pesquisa textual sobre a obra, e traduziu-se Marcos que,
neste texto, chama-se “O Compromisso”, heb. “Berith”.
OS COMENTÁRIOS JUDEUS ANTIGOS:
O Talmuld (Midrash e Gemara) (II – IV d.C.);
Os Targuns aramaicos (III a.C.);
A Mishiná (I-II d.C.) etc.

XIX – VERSÕES CONTENDO O AT E O NT


1. VULGATA LATINA.
Vulgata Latina – Tradução dos escritos do Antigo e do Novo Testamento para ao latim, realizada por
Sofrônio Eusébio Jerônimo (São Jerônimo), no século IV d.C., a pedido de Dâmaso, bispo de Roma. Depois
da Septuaginta, foi a primeira vez que os escritos foram ordenados de forma a tomar um corpo de doutrina.
Foi o mais importante trabalho de codificação dos Escritos Sagrados, pois é o que se utiliza até hoje como
detentor de autenticidade e credibilidade. Na época havia numerosos textos que compunham o Novo
Testamento, também chamado Antiga Latina, que apareceram ao redor da segunda metade do século IV e
que induziram os cristãos a uma situação religiosa intolerável, o que levou o bispo de Roma (366-384) a
providenciar a revisão. O resultado desse grande esforço chama-se Vulgata Latina. A tradução de
Jerônimo sofreu muitas críticas e ataques dos ortodoxos, principalmente de Santo Agostinho, um dos Pais
da Igreja, que só mais tarde reconheceu o valor do documento. São Jerônimo passou 38 anos de sua vida
dedicados ao exame das Escrituras Sagradas. Nos séculos seguintes, a Vulgata passou a ser a edição
predominante da Bíblia e assim foi por toda a Idade Média. Também serviu de base para a maioria dos
tradutores da Bíblia, anteriores ao século XIX.
Seguindo o princípio da Reforma de interpretação particular, os protestantes produziram um número maior
de traduções particulares da Bíblia do que os católicos romanos. Algumas das primeiras traduções
derivaram das descobertas de novos materiais manuscritos, visto que nenhum dos grandes manuscritos
tinha sido descoberto na época da tradução do rei Tiago, exceto o Códice Beza, muito pouco usado.
XX-TIPOS DE BÍBLIA
Por que existem diferenças entre algumas Bíblias?
· Qual é a melhor tradução da Bíblia?
· O que preciso saber para não ser enganado quando comprar uma Bíblia?
.1 - Basicamente possuímos dois tipos de Bíblia:
A) Baseadas no Texto Tradicional ou Texto Bizantino
· Antigo Testamento à Texto Massorético (hebraico)
Os Massoretas eram escribas judeus que se dedicaram a preservar e cuidar das escrituras (A.T)
Substituíram os escribas por volta do ano 500 d.C. até 1.000 d.C..
No hebraico antigo escrevia-se somente com consoantes, e as vogais eram somente pronunciadas, isto é,
as vogais eram transmitidas através das gerações do povo judeu oralmente e não de forma escrita.
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Os Massoretas foram os responsáveis pela adição de vogais no texto hebraico moderno.
Novo Testamento à Textus Receptus (TR) (grego)
Obs.: estudaremos mais sobre esta tradução. Esta Bíblia é Preservada pela cultura Oriental

B) Baseadas no Texto Moderno ou Texto Alexandrino:


Antigo Testamento à Septuaginta (grego)
É o nome de uma tradução do Antigo Testamento para o idioma grego, feita no século III a.C..
Foi encomendada por Ptolomeu II, rei do Egito, para ilustrar a recém inaugurada Biblioteca de Alexandria.
tradução ficou conhecida como os Setenta (ou Septuaginta, palavra latina que significa setenta, ou ainda
LXX), pois setenta e dois rabinos trabalharam nela.
A Septuaginta foi usada como base para diversas traduções da Bíblia do Ocidente
· Novo Testamento à Texto Crítico (TC) (grego)
Obs.: estudaremos mais sobre esta tradução. Preservado pela cultura Ocidental

.2 - A Recuperação do Texto Bíblico


Na idade Média, a Igreja Romana só permitia o uso do Latim, e o povo não tinha acesso à Bíblia nem aos
textos em grego.
A igreja Romana preservou a Bíblia em Latim, por meio da tradução de Jerônimo, a “Vulgata Latina”.
No período entre 400 a 1400 d.C. a Bíblia oficial do Ocidente era a Vulgata Latina.

3 - Precursores da Reforma que lutaram pela divulgação da Bíblia (1376-1416):


John Wyclif (traduz a Bíblia para o Inglês)
João Huss ou Jan Hus (condenado à fogueira por apoiar Wyclif)
Jerônimo de Praga (condenado à fogueira por apoiar João Huss)

4 – O Textus Receptus (Texto Recebido) TR


No Império Bizantino (Império Romano do Oriente) a cultura grega foi preservada nos períodos de 333 d.C.
a 1453 d.C. Os Bizantinos conservaram muitas cópias dos manuscritos do Novo Testamento em sua língua
original. Cerca de 5.000 manuscritos.
Com a invasão do Muçulmanos em 1453, e o fim do Império Bizantino, os eruditos cristãos fugiram para o
ocidente levando consigo as cópias dos textos gregos. Esse fato reavivou o estudo do grego no Ocidente.
·Após a invenção da prensa móvel por Gutenberg (1454), o Evangelho expandiu poderosamente.
·Erasmo de Roterdã, um estudioso do grego, preparou um edição do Novo Testamento tendo como base os
melhores manuscritos bizantinos.
·Esse texto foi posteriormente denominado Textus Receptus (Texto Recebido) TR.
O TR foi editado por Erasmo (1516), depois por Estéfano (1546-51), depois por Beza (1598) e os irmãos
Elzevir (1624/1633)

4.1 - O Textus Receptus (TR) foi o texto Grego usado na Reforma


Bíblias produzidas na Reforma Protestante:
· Bíblia de Lutero – Alemão (1522)
· Reina Valera – Espanhol (1569)
· Rei Tiago (King James) – Inglês (1611)
· Diodati – Italiana (1649)
· João Ferreira de Almeida – Português (1681)
· Muitas Bíblias foram destruídas pela Igreja Romana e muitos crentes foram mortos por causa das
novas traduções da Bíblia.
· William Tyndale foi condenado e morto em 6 de Outubro de 1536 por traduzir a Bíblia para o inglês.
· Por cerca de 400 anos (de 1500 a 1900), o maior avivamento do planeta, o Protestantismo, usou um
mesmo tipo de Bíblia, ou seja, Bíblias baseadas no texto preservado pelo Oriente (Texto Bizantino).

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5 - Como surgiu o Texto Crítico
Cerca de 400 anos após a Reforma Protestante, o pesquisador Tischendorf descobriu mais dois
manuscritos gregos datados do quarto século: o Códice Sinaiticus (1844) no convento de Santa Catarina no
monte Sinai. Esses manuscritos estavam numa cesta de lixo prestes a se tornarem combustível para o
fogão do convento.
O Códice Vaticanus (1866) guardado em uma biblioteca do Vaticano (onde está até hoje).
O Vaticano só permitiu que ele consultasse durante 14 dias, 3 horas por dia.
Em 1882, dois bispos anglicanos, Westcott e Hort, fizeram um trabalho de Crítica Textual baseando-se
principalmente nesses dois manuscritos. A partir daí lançaram uma versão revisada do texto grego.
· Esse texto passou a ser chamado de Texto Crítico (TC)
· O TC possui 7% de diferença do TR
· O trabalho de Crítica Textual consiste em determinar qual a versão mais provável do texto original
dentre as variantes dos manuscritos disponíveis.
· Porém foi dado um peso maior aos dois manuscritos descobertos (Sinaiticus e Vaticanus) por serem
mais antigos e mais completos. Daí surgiu o termo “melhores manuscritos”.
· A partir 1882, foram lançadas novas Bíblias no mundo inteiro baseadas no TC
Só após o ano de 1882, com o trabalho de Westcott e Hort é que houve toda a influência nas Bíblias atuais.
· Essa diferença de 7%, no geral, não afeta nenhuma doutrina fundamental do Cristianismo.

XXI MÉTODOS DE TRADUÇÕES


Temos dois métodos de traduções:
· Método por Equivalência Formal
· Método por Equivalência Dinâmica
·
.1 - Método por Equivalência Formal:
Traduz-se palavra por palavra do texto bíblico seguindo a estrutura do grego ou hebraico, mas respeitando
as regras do português. Acrescentam-se palavras em caracteres itálicos para indicar que uma específica
palavra não consta no texto base, mas que precisou ser adicionada para dar melhor fluência ao texto.
Ex: Bíblia ACF da SBTB; RC da IBB; RC da SBB

Exemplo de tradução por Equivalência Formal


“Todas as coisas me são lícitas, mas nem todas as coisas convêm”
“Todas as coisas me são lícitas, mas nem todas as coisas edificam” (1 Co 10:23-ACF)

. 2 - Método por Equivalência Dinâmica:


Este princípio tenta usar uma tradução que se aproxime do sentido original do texto usando a fluência da
língua para a qual se está traduzindo sem, contudo, seguir a estrutura do grego ou hebraico.
Ex: NTLH da SBB, NVI da SBI

Exemplo de tradução por Equivalência Dinâmica Alguns dizem:


“Podemos fazer tudo o que queremos.” Sim, mas nem tudo é bom.
“Podemos fazer tudo o que queremos”, mas nem tudo é útil. (1 Co10:23-NTLH)

3- Tradução Formal - Vantagens e desvantagens


· É uma tradução Fiel ao texto base.
· Passa maior confiança ao leitor
· Possui uma leitura mais difícil, pois exige um nível cultural maior (leitura erudita)
· Possui expressões não tão comuns aos nossos dias:
 “mó de atafona” ---------------------- “pedra de moinho
 “não se te dá” --------------------------- “não te importas”
 “com razão o sofrereis” -------------- “o tolerais facilmente”

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4 - Tradução Dinâmica - Vantagens e desvantagens
· É uma tradução mais fácil de entender
· Facilita a leitura para as pessoas mais simples
· A fidelidade da tradução depende da fidelidade do tradutor
· Nem sempre há uma correlação de palavras entre o texto base e o texto traduzido

5 - Bíblias em português
·ACF = Almeida Corrigida Fiel da SBTB - 100% TR (tradução formal)
ARC = Almeida Revista Corrigida da IBB e SBB - 98% TR e 2% TC (tradução formal)
AEC = Almeida Edição Contemporânea da Ed.VIDA 96% TR e 4% TC (tradução mista) - Ex: Bíblia
Thompson
ARA = Almeida Revista e Atualizada da SBB 93% TR e 7% TC (tradução mista)
Usa “[ ]” colchetes para indicar o que fazia parte da edição original de João Ferreira de Almeida, i.eTR.

6 - Bíblias totalmente baseadas no TC e que usam o método de tradução dinâmica:


· NTLH (Linguagem de Hoje) - SBB
· Bíblia Viva - Editora Vida
· NVI (Nova Versão Internacional) - SBI
· Bíblia Católicas (todas)
· Tradução do Novo Mundo – Testemunhas de Jeová

7 - Comparando o TR e o TC
§ (ACF) “Ide, porém, e aprendei o que significa: Misericórdia quero, e não sacrifício. Porque eu não vim a
chamar os justos, mas os pecadores , ao arrependimento.”
§ (ARA) “Ide, porém, e aprendei o que significa: Misericórdia quero e não holocaustos; pois não vim
chamar justos e sim pecadores [ao arrependimento].”
§ (NVI) “Vão aprender o que significa isto: ‘Desejo misericórdia, não sacrifícios’. Pois eu não vim chamar
justos, mas pecadores.” (Mateus 9:13)

1 Timóteo 3:16
(ACF) “E, sem dúvida alguma, grande é o mistério da piedade: Deus se manifestou em carne, foi justificado
no Espírito, visto dos anjos, pregado aos gentios, crido no mundo, recebido acima na glória.”
(ARA) “Evidentemente, grande é o mistério da piedade: Aquele que foi manifestado na carne foi justificado
em espírito, contemplado por anjos, pregado aos gentios, crido no mundo, recebido na glória.”

Atos 8:37
(ACF) “E disse Filipe: É lícito, se crês de todo o coração. E, respondendo ele, disse: Creio que Jesus Cristo
é o Filho de Deus”
(ARA) “[Filipe respondeu: É lícito, se crês de todo o coração. E, respondendo ele, disse: Creio que Jesus
Cristo é o Filho de Deus]”

Romanos 8:1
(ACF) "Portanto, agora nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus, que não andam
segundo a carne, mas segundo o Espírito”
(NVI) "Portanto, agora já não há condenação para os que estão em Cristo Jesus."

XXII OS PERIGOS NAS TRADUÇÕES


Como povo de Deus, precisamos ficar atentos quanto às investidas do inimigo. Devemos lembrar que o
inimigo tenta corromper a palavra de Deus desde o início da nossa era.
A situação hoje não é diferente. Em algumas traduções estão inseridas algumas
Ambiguidades. Devemos nos lembrar também que Satanás falou: “É assim que Deus disse: Não comereis
de toda a árvore do jardim?” (Gn 3:1)
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Exemplo 1
Tradução do Novo Mundo - (Testemunhas de Jeová)
“No princípio era a Palavra, e a Palavra estava com o Deus, e a Palavra era [um] deus” (João 1:1).
O que está escrito no texto grego?

Kai qeos hn o logos. (E Deus era o Verbo) Sujeito da oração “o Verbo”.

Observações sobre o uso do Artigo: Nesse versículo, “Deus” é atributo.


Diante de um atributo o artigo é omitido. Então, a tradução correta é: “E o Verbo (a Palavra) era Deus”.

Exemplo 2
Tradução da Bíblia de Jerusalém
“Porei hostilidade entre ti e a mulher, entre tua linhagem e a linhagem dela. Ela te esmagará a cabeça e tu
lhe ferirás o calcanhar” (Gn 3:15).
A interpretação dada aqui, pelos Católicos Romanos, é que “Maria” pisou na cabeça da serpente, e por
isso, é co-redendora da salvação.
Em nenhum lugar da Bíblia há essa interpretação; nem pelos profetas, nem pelos apóstolos.

Exemplo 3
Notícia: Alemanha publica uma versão politicamente correta da Bíblia - Agência France Presse (AFP).
· "Mãe nossa e pai nosso que estão no céu´”
· Jesus "regressa" e não "ressuscita" (reencarnação?)
· Usa sempre "fariseus e fariséias".
· Usa sempre “Irmãos e Irmãs”
Só não usaram “Diabo e Diaba”, por quê?

XXIII- OS PERIGOS NAS INTERPRETAÇÕES


Aprenderemos mais sobre a interpretação da Bíblia na disciplina de hermenêutica. Contudo daremos um
breve panorama a respeito desta disciplina.
Hermenêutica é o nome dado a ciência da interpretação bíblica.
A hermenêutica tenta responder a seguinte pergunta: Como podemos compreender a Bíblia?

15.1 – Iluminação
Em relação à Bíblia, revelação trata de seu conteúdo ou material (ato ou processo como Deus se revelou).
Inspiração diz respeito ao registro de tal conteúdo (como foi elaborado?), e iluminação trata do significado
deste conteúdo (O que ele quer nos ensinar).
O homem não salvo não pode compreender o ministério iluminador do Espírito Santo já que está cego para
a verdade de Deus (1 Co 2:14). Isto não significa que nada possa aprender dos fatos da Bíblia, mas sim
que ele os considera loucura.
Por outro lado o crente tem a promessa de ser iluminado para compreender o significado do texto bíblico
(Jo 16:12-15; 1 Co 2:9-16).
O propósito do ministério de iluminação do Espírito é glorificar a Cristo e não a si mesmo (Jo 16:13).

15.2 – Interpretação
A iluminação, embora assegurada, nem sempre garante compreensão automática. O crente deve estar em
comunhão com o Senhor para experimentar esse ministério.
Deve, além disso, estudar, utilizando-se dos mestres dados por Cristo a Igreja (Rm 12:7), bem como das
capacidades e dos recursos de que dispuser.

15.2.1 – Princípios básicos para interpretação


Interpretá-la literalmente – Este princípio, conhecido tecnicamente como o método gramático-histórico,
toma o sentido natural, direto, de um texto ou passagem como sendo fundamental. Esta abordagem "literal"
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deve ser cuidadosamente distinguida da "literalista". Esta última interpreta as palavras da Escritura de modo
rígido, sem fazer concessões a figuras de linguagem, metáforas, formas literária, etc.; para tomar um
exemplo extremo: "Pois os olhos do Senhor passam por toda terra, para cima e para baixo" (2 Cr 16:9 BV)
ensina a onisciência de Deus e não que um par de olhos celestiais periodicamente varre todo o globo. Uma
abordagem "literal" exige que interpretemos a Escritura: 1) Segundo o significado original.
2) Segundo a forma literária (prosa, poesia, parábolas, alegoria (Ez 16), mito, apocalíptica, fabula (Jz 9:8-
15), etc. 3) Segundo o contexto.
· Reconhecer o progresso da revelação – Lembre-se que a Bíblia não foi entregue pronta de uma vez,
como um livro completo, mas que chegou da parte de Deus através de muitos autores, durante um período
de cerca de 1600 anos. Isto significa que, no processo de sua revelação ao homem, Deus pode ter acrescido
ou até mesmo mudado numa era aquilo que Deus dera em outra (como, por exemplo, a proibição do consumo
de carne de porco, outrora imposta para o povo de Deus, foi suspensa em nossa era, At 10:10-16; 1 Tm 4:3).
Isso é muito importante; doutra sorte, a bíblia conteria contradições aparentemente insolúveis (como Mt 10:5-
7 {fim da lei} comparado a Mt 28:18-20 {início de uma nova era} salvação é para todos).
· A Escritura deve ser interpretada pela Escritura – "A regra infalível de interpretação da Escritura é a
própria Escritura; portanto quando surge uma questão sobre o sentido verdadeiro e completo de qualquer
Escritura, ela deve ser pesquisada e determinada por outras passagens que falem mais claramente."
(Confissão de Fé de Westminster).
· A Escritura só pode ser interpretada pelo Espírito Santo – A verdadeira compreensão não nos é natural;
é dom de Deus (Mt 11:25; 16:17) mediante o Espírito Santo (Jo 16:13). Isto não nos isenta do esforço aplicado,
nem implica em que possamos isolar-nos de outros cristãos em nosso entendimento da Bíblia. É tolice esperar
que Deus nos ensine pela sua Palavra se negligenciarmos a maneira ordenada como nos traz sua verdade,
inclusive o dom exercido pelos mestres por ele escolhidos.

CONCLUSÃO
Tentamos aqui, de forma muito resumida, apresentar uma introdução a Bibliologia que é: o estudo
sistemático das Escrituras Sagradas. Falamos da estruturação da Bíblia; da formação do cânon das
Sagradas Escrituras e das principais traduções, para nós, os cristãos brasileiros. Estimulo os amados a
continuarem “escavando” as Escrituras e a aprofundarem no vosso conhecimento sobre Deus e a Sua
Palavra. (Ef 4.13-16)
A Bíblia não fala somente sobre Jesus, mas a Bíblia é Jesus também falando conosco. Muitos podem
buscar a Deus à sua maneira, mas o verdadeiro conhecimento só obtêm aqueles que ouvem, estudam e
creem na reveladora palavra de Deus.
O principal propósito da Bíblia é transformar nossa vida . Como ?
Revelando quem é Deus e quem somos. Ensinar como devemos nos relacionar com Deus.
Comece hoje a sua leitura Bíblica.

17. BIBLIOGRAFIA

ALEXANDER, Pater. Enciclopédia ilustrada da Bíblia. Paulinas. São Paulo.


BETTENCOURT, Estevão. Para Entender o Antigo Testamento.. Editora Agir. RJ 1956-
CHAMPLIN,Russell N. Enciclopédia de Bíblia Teologia e Filosofia . Ed. Candeia. São Paulo. 1997.
ELWELL, Walter A. Manual Bíblico do Estudante. 1ª ed. Rio de janeiro/RJ: CPAD, 1997.
GEISLER, Norman e NIX, William. Introdução Bíblica: como a bíblia chegou até nós. São Paulo: Ed. Vida.
HALLEY, Henry H. Manual Bíblico. São Paulo: Edições Vida Nova, 1993
SHEED, Russel P. Novo Comentário da Bíblia. São Paulo: Edições Vida Nova, 1980
PEARLMAN, Myer, Conhecendo as Doutrinas Bíblicas. Ed. VIDA 1991
SHEED, Russel P. Novo Comentário da Bíblia. São Paulo: Edições Vida Nova, 1980.
RYRIE, Charles C. A Bíblia Anotada. São Paulo: Editora Mundo Cristão, 1991.
TOGNINI, Enéas. Geografia da Terra Santa. Vol. I,II Ed. Louvores do Coração. 1980
MILNE, Bruce. Estudando As Doutrinas Da Bíblia. São Paulo: ABU Editora, 1995
Manual Bíblico da SSB.
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