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Projeto

Pela Primeira Infância

Entendendo o
desenvolvimento infantil:
contribuições das neurociências e
o papel das relações afetivas
para pais e educadores
Autoras
Sumário
Pompéia Villachan-Lyra
Ericka Fernanda F. de Queiroz

4 Sobre o
Rosemery Batista de Moura
Márcia Gil
desenvolvimento infantil
Projeto Gráfico e Diagramação
Priscilla Ballarin

Ilustrações
Eliza Freire

Apoio
iABCD
11 Sobre o
neurodesenvolvimento
Realização
NINAPI/UFRPE

Relações afetivas
Villachan-Lyra, P.; Queiroz, E, F. F. Moura; R. B. e Gil,
M. Entendendo o desenvolvimento infantil: contribui-
ções das neurociências e o papel das relações afetvas
26 na primeira infância
para pais e educadores. Recife. 2017.50p.

(Material complememtar do Programa pela Primeira


Infância - PPI) A criança no início da vida
e sugestões de atividades para
38 promoção do desenvolvimento
infantil

Agradecemos à Maria Carolina Alves Pereira Silva e Lucas Alencar


pelo trabalho de diagramação do texto inicial.
Apresentação
Não existem receitas a respeito de como
cuidar e educar as crianças, não é mesmo?
Mesmo concordando com essa afirmação, a em grupos de crianças, respeitando as parti-
Ciência tem apontado alguns caminhos para cularidades e contexto de cada família.
ajudar pais e educadores na difícil tarefa de
favorecer um desenvolvimento rico e saudável Esse livro foi pensado como uma estraté-
para os bebês e as crianças. Em particular, nas gia de diálogo entre o conhecimento for-
últimas décadas, o estudo sobre o cérebro e o mal desenvolvido pelos (as) pesquisadores
seu desenvolvimento na infância trouxe várias (as), tanto com o contexto de atuação prá-
contribuições para aqueles que se dedicam ao tica dos profissionais que se dedicam aos
cuidar e educar crianças de 0 a 6 anos. cuidados e educação da criança na primei-
ra infância, como também com as famílias.
Um desenvolvimento infantil rico em oportu- Assim, buscando contribuir com a promoção
nidades, principalmente nos primeiros anos de de um desenvolvimento infantil no contex-
vida, contribui para a formação de um sujei- to doméstico, da creche e pré-escola, temos
to com suas potencialidades desenvolvidas e como público alvo familiares e educadores
com maior possibilidade de tornar-se uma pes- que participam diretamente da educação e
soa mais segura para enfrentar a vida e seus do cuidado das crianças.
desafios com determinação e entusiasmo.
Além disso, esse livro é uma parceria do NI-
Esse livro “Entendendo o Desenvolvimento NAPI-UFRPE (Núcleo de Investigação em
Infantil: Contribuições das Neurociências e Neuropsicologia, Afetividade, Aprendizagem
o Papel das Relações Afetivas é destinado à e Primeira Infância) e o iABCD, sendo um ma-
pais e educadores e se propõe a caracterizar o terial complementar do “Programa pela Pri-
desenvolvimento da criança na primeira infân- meira Infância”.
cia, bem como discutir aspectos relacionados
à importância das relações afetivas no início O Instituto ABCD é uma organização da so-
da vida, da brincadeira e de ações simples do ciedade civil de interesse público (OSCIP), que
cotidiano que podem ter grande impacto na se dedica a gerar, promover e divulgar ações
promoção do desenvolvimento infantil. e projetos que tenham impacto positivo na
vida de crianças e jovens com transtornos de
Além de discutir os aspectos acima menciona- aprendizagem, em especial a dislexia, dentro
dos, apresentamos, ainda, algumas caracte- e fora da escola.
rísticas e comportamentos típicos da criança
entre 0 e 5 anos. São também apresentadas O apoio a este material visa contribuir para a
algumas propostas de atividades que podem melhoria da sociedade através da busca e ge-
ser adaptadas e realizadas com bebês e crian- ração de conhecimentos sobre temas ligados
ças de diferentes faixas etárias, sozinhos ou à educação.
Crescimento é diferente
Envolve mudanças de desenvolvimento
Universais: ocorrem em todas as crianças, Crescimento é um processo biológico natu-
relacionadas à maturação do organismo (ex. ral, caracterizado pelo aumento do tamanho
ficar em pé, andar e falar), tendo pouca in- corporal devido ao aumento no número e no
fluência da cultura. tamanho das células (ex. peso, altura, etc).

Individuais: referem-se às características Desenvolvimento é a aquisição de novas ha-


específicas de cada pessoa, fortemente in- bilidades ou o aumento da capacidade do in-
fluenciadas pelo contexto no qual está inse- divíduo na realização de atividades cada vez
rida (ex. personalidade, valores, determina- mais complexas. Fortemente influenciado por
das competências cognitivas). aspectos ambientais, tais como modo de cria-
ção, cuidado e experiências.

Sobre o
desenvolvimento infantil
O que é o desenvolvimento?
Entendemos desenvolvimento como mudan- Um sistema aberto (porque sofre influên-
ças que ocorrem ao longo da vida, de ma- cia do ambiente, contexto e diversas rela-
neira ordenada e relativamente duradoura e ções estabelecidas pela criança) e dinâmico
afetam as estruturas físicas e neurológicas, (está em constante transformação), que é
os processos de pensamento, as emoções, formado a partir das diversas experiências
as formas de interação social e muitos outros da criança com seu meio, considerando a in-
comportamentos. terdependência dos diferentes domínios do
desenvolvimento (FÍSICO, COGNITIVO, SO-
Gradativamente, torna a criança mais com- CIOCULTURAL e AFETIVO).
petente para responder as suas necessida-
des e às do seu meio, considerando seu con-
texto de vida.
É, necessariamente,
Mais especificamente... um fenômeno
Entendemos “Desenvolvimento” e “Neuro- sócio-histórico-cultural.
desenvolvimento” infantil como um cons-
tante processo de mudança.

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Entendendo o
desenvolvimento infantil • Através de suas ações e interações com • É uma pessoa que nasce em um tempo e
a criança e da organização do seu am- em um contexto sociocultural específico,
biente, traçam as metas gerais para o seu por isso é considerado um sujeito sócio-
desenvolvimento, estimulando e incenti- -histórico. Existe uma profunda relação
vando suas ações. entre o ser humano em desenvolvimento
e o seu ambiente interacional e sociocul-
Apesar de ser dependente dos adultos ou de tural, pois esse ambiente irá organizar
alguém mais experiente, é importante des- as experiências que esse bebê irá viver,
tacar que a criança: seus artefatos culturais e rotinas.

• É um sujeito ativo que sente, pensa e • Assim, entendemos o ser humano como
interage; “biologicamente sócio-cultural”, como de-
fendem as abordagens sociointeracionis-
• É um parceiro interacional competente, tas (Vygotsky, Wallon, Luria), pré-deter-
que tem suas preferências, interesses, minado a estabelecer relações sociais e
ritmo e curiosidades; afetivas com seus pares e, a partir de tais
Algumas características Bebês são sensíveis, ativos e relações e das características da cultura,
se constituem como sujeitos.
atentos desde o início da vida e
do bebê humano
a afetividade tem um papel de
fundamental importância.
• Imaturidade e incompletude;

• Período prolongado de dependência de Neste processo de dependência e interação,


outro sujeito mais experiente, sendo in- se estabelece uma forte relação afetiva entre
capaz de sobreviver sem a ajuda de um o bebê e o adulto que se responsabiliza pelos
adulto cuidador; seus cuidados, favorecendo a construção de
uma relação de apego.
• Pré-disposição à interação social (reco-
nhece o cheiro e a voz da figura materna, Para o bebê, o elemento mais importante
enxerga melhor à aproximadamente 30 cm do seu meio ambiente são as pessoas com
de distância – distância média entre seus quem interage (pais, avós, irmãos, babás e
olhos e os da mãe durante a amamenta- educadoras de creches e pré-escolas). São
ção, acalma-se diante de um colo acolhe- essas pessoas que apresentarão o mundo à
dor e carinhoso, reage de modo positivo a criança e lhe proporcionará diversas expe-
um tom de voz carinhoso); riências. São elas que:

• Curiosidade... Um abraço carinhoso e • Inserem a criança em determinados con-


acolhedor pode ser suficiente para au- textos de relações sociais;
mentar a liberação de ocitocina (além de
ter efeito tranquilizante, reduz nível de • Interpretam o “mundo para ela e ela para
alerta e ansiedade). “o mundo” e as pessoas;

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Sobre o A qualidade das relações
afetivas estabelecidas (e/

neurodesenvolvimento
ou abandono ou negligência)
tem grande impacto no
desenvolvimento cerebral de
Neurodesenvolvimento... o que é? um bebê-criança.

É um processo dinâmico de amadurecimento Buscaremos aqui destacar algumas caracterís-


e transformação do cérebro, que ocorre ao ticas do desenvolvimento do cérebro ao longo
longo da vida, principalmente na infância e da infância, destacando porque um ambiente
adolescência. afetuoso e acolhedor, que favorece a constru-
ção de um senso de confiança por parte da
O desenvolvimento do nosso cérebro é um criança, é tão importante para o seu desenvol-
processo contínuo, que tem na primeira in-
fância um período fundamental.
vimento (e neurodesenvolvimento).
Algumas curiosidades sobre o
Para que ocorra de modo saudável, é fundamen-
Fatores que influenciam desenvolvimento do nosso cérebro:
tal um ambiente socioafetivo acolhedor e amo- o desenvolvimento
roso, tanto na família como no ambiente escolar,
bem como a oferta de experiências desafiadoras
cerebral • Ao nascer, o cérebro de um bebê é ex-
tremamente imaturo e irá se desenvol-
• As experiências educacionais vividas pela
criança na escola têm forte influência no
e promotoras de desenvolvimento. ver dependendo das experiências que a desenvolvimento do seu cérebro, além de
• Genes e maturação biológica.
criança tiver, principalmente nos primei- influenciar o desenvolvimento de sua in-
Ao nascer, o cérebro de um bebê é bastante ros anos de vida. teligência, capacidade de resolver proble-
• Qualidade do sono e aspectos nutricionais.
imaturo e plástico. Você já deve ter ouvido mas, de se relacionar com os outros e até
Uma boa alimentação e sono de qualidade • As experiências vividas na infância “mol- como avalia a si mesma (autoestima).
que não se deve sacudir o bebê ou balan-
são fundamentais. dam” o cérebro.
çá-lo bruscamente. Essa orientação está
baseada no fato de o cérebro do bebê não • As relações sociais que a criança estabe-
• As diversas experiências vivenciadas pelo • O cérebro de uma pessoa nunca deixa lece com as outras pessoas, juntamente
ocupar toda a “caixa” craniana. bebê/criança. de se desenvolver, mas quanto mais ve- com o sono e uma boa alimentação são
lha, mais difícil será o aprendizado de as principais fontes para o seu desenvol-
O intervalo entre o nascimento e os três • A construção de relações de confiança en- coisas novas. vimento e amadurecimento cerebral.
anos é o período em que o cérebro mais tre o bebê/criança e seus pais e/ou cuida-
cresce e ganha peso (praticamente duplica) dores e educadores (função materna). Vale • O desenvolvimento humano, e também • Apesar de poder influenciar positivamen-
e ocorre o amadurecimento das conexões resaltar que aqui usaremos essa expressão do nosso cérebro, não depende da etnia te o desenvolvimento infantil, certamen-
entre os neurônios, processo fundamental “função materna” para nos referir àquelas ou da condição socioeconômica da crian- te a tecnologia não substitui a presença
para o bom funcionamento do cérebro, cha- pessoas que se dedicam aos cuidados do ça, mas sim das oportunidades que lhe de cuidadores amorosos e atenciosos na
mado “sinapses”. bebê de forma mais direta, seja no contex- são oferecidas. relação com a criança. Pelo contrário,
to de casa ou na escola. Não estamos nos como qualquer outra coisa, em excesso a
Durante este amadurecimento cerebral referindo à mãe propriamente dita, mas • Altos níveis de estresse no início da vida tecnologia pode ser bastante prejudicial
a criança tem uma grande capacidade de sim à(s) pessoa(s) que está(ão) exercendo a prejudicam a formação e funcionamento para o desenvolvimento infantil.
aprendizado, que se dá muito rapidamente. função de cuidado. do cérebro, impactando até a vida adulta.

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Neurodesenvolvimento... como ocorre? Desenvolvimento do cérebro humano

formação de sinapses dependente da experiência


O desenvolvimento do cérebro é “dependente cita algum circuito neural e deixa outros isola-
de atividade”. Ou seja, ao longo da infância, a dos. Circuitos neurais que são muito usados se
partir das contínuas experiências vividas pela fortalecem, os que não são usados são descar-
criança (ex. contato com diferentes canções, tados, resultando na “poda”.
brincadeiras, desenhos, conversas com os pais
ou diferentes pessoas, etc), são criadas cone- Nascemos com um potencial de mais de 100 córtex pré-frontal
xões entre os neurônios (processo conhecido bilhões de neurônios, mas apenas a metade migração celular sinaptogênese
(6-24 semanas (-3 a 15-18 anos) nível de sinapses
como sinapses), que passam a ser permanen- desses “irá” ou “irão” sobreviver, e isso vai de- de gestação) no adulto
mielinização (-2 meses a 5-10 anos)
tes (ou mais duradouras), uma vez que tais ex- pender das experiências vividas pela criança,
-9 -8 -7 -6 -5 -4 -3 -2 -1 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 30 40 50 60 70
periências são repetidas. que irá fortalecer as conexões que serão usa-

concepção

nascimento

morte
das e eliminar (podar) aquelas que não forem mesesm eses anos décadas
Assim, ao fazer essas e outras atividades, o cé- estimuladas, vistas como desnecessárias. Idade
rebro da criança continuamente cria e reorga-
niza as suas redes neurais. Sendo o desenvol- Assim...
vimento do cérebro fortemente dependente A experiência da criança durante a infância Fonte: Thompson, R. A., & Nelson, C. A. (2001). Developmental science and the media:
da natureza e riqueza de vivências e de expe- molda a estrutura e o funcionamento do seu Early brain development. American Psychologist, 56(1), 5-15.
riências de um indivíduo. cérebro e também favorece a construção da
sua autoestima e de outros diversos aspectos
Assim, cada experiência vivida pela criança ex- do seu desenvolvimento.

Com o passar do tempo, as redes neuronais utilizadas tornam-se


Exemplo de aumento da densidade sináptica cada vez mais fortes e mais difíceis de serem alteradas, enquanto as
ao longo dos dois primeiros anos de vida da criança. que não foram utilizadas acabam sendo “podadas” pelo cérebro.

Assim, uma característica marcante do cérebro • No entanto, há momentos do processo


na infância é a sua capacidade de se reorgani- de amadurecimento cerebral que são ver-
zar e formar novas conexões entre os neurô- dadeiras “janelas de oportunidades” para
nios, em decorrência da experiência, de modo a aquisição de determinadas habilidades
a se adaptar às necessidades e características e competências. Esses são os chamados
do contexto no qual está inserido. A essa ca- “períodos sensíveis de desenvolvimento”.
racterística os neurocientistas dão o nome de Nesses momentos, há uma maior predispo-
“plasticidade cerebral”. sição do organismo para receber algumas
influências. Vale ressaltar que a primeira
• Apesar de ser fortemente influenciado infância, com ênfase nos 3 primeiros anos,
pela experiência, o desenvolvimento do é considerada um período sensível para o
cérebro também segue uma ordem bio- desenvolvimento de diversas competências
lógica de amadurecimento e leva cerca de como as sensoriais (visão, audição, tato),
20 anos para para se completar, sendo o habilidades sociais e afetivas, aquisição da
Recém nascido 1 mês 9 meses 2 anos Adulto
córtex pré-frontal a última estrutura do liguagem, do pensamento e de funções
Fonte: Conel, JL. The postnatal development of the human cerebral cortex. cérebro a amadurecer. executivas, além de diversas habilidades
Cambridge, Mass: Harvard University Press, 1959.
motoras.

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Assim...
As experiências vividas pela criança vão ser-
vindo de base para a construção de novos
pegar, lançar) como também os sentidos (vi-
sual, auditivo, tátil, olfativo e gustativo), a
1 É importante identificar e valorizar seus
interesses e preferências;
conhecimentos, que dependem também da cognição (pensamento, percepção, atenção,

2
relação que ela estabelece com o ambien- memória, imaginação, raciocínio, etc) e os
te nas diversas situações de brincadeira ou afetos (autoconfiança, motivação, alegria). É
interação com seus cuidadores. É através por meio das relações estabelecidas com a
Geralmente as crianças são muito curiosas, valorize isso;
da interação com outras pessoas (adultos e criança que serão criadas situações lúdicas,

3
crianças) que, desde o nascimento, o bebê concebidas como “estimuladoras”.
vai construindo suas características pessoais
É importante perceber e respeitar o ritmo de cada criança,
(modo de agir, de pensar, de sentir), sua vi-
são de mundo (seu conhecimento) e a sua
Mas... Cuidado! não se antecipando às respostas delas e, ao mesmo tempo,
maneira de se relacionar com as pessoas. Estímulo demais pode incentivando-as a responder;
se tornar um estressor
Mas...

4
O que é “estimular”? Como o desenvolvimento cerebral depende
das experiências vividas pelo bebê e pela Fiquem atentos as pistas de cansaço e possíveis
criança bem como dos estímulos dados a
Destacamos a definição de Chan (2014), que
eles, somos tentados a achar que quanto desconfortos (nascimento dos dentes, dores,
defende que “estimular significa criar situa-
ções, contextos e oportunidades para que as
mais estímulos forem dados à criança me- irritabilidade, etc.). Será difícil curtir a brincadeira e
crianças tomem iniciativas e tenham prazer
lhor, certo? Não exatamente! aprender se a criança não estiver bem;
em explorar o mundo. Movimentos, formas,
O importante é a qualidade da relação esta-
cores, sons e cheiros dão vida ao ambiente.
belecida e a riqueza das experiências vividas
Mas, acima de tudo, o ambiente estimulador
e não a sua quantidade. Excesso de ativida-
deve ter pessoas que interagem com os be-

5
des pode ser considerada como uma situação
bês. Quanto mais diversos forem os estímu- estressora que pode, inclusive, atrapalhar o O estabelecimento de uma rotina (flexivel) é muito importante
los, melhor para o cérebro do bebê. Ouvir desenvolvimento saudável do cérebro. para uma criança. A ajuda a entender o seu ambiente,
música com ritmos e intensidades diferen-
tes, visualizar objetos diversificados com co- É importante observar como o bebê e a
se sentir mais segura e, diante de certa previsibilidade,
res diferentes, permitir tocar em diferentes criança recebe e responde às atividades ofe- diminuir possível ansiedade;
texturas, essas experiências promovem uma recidas e se as acolhem de modo prazeroso,
intensa formação de novas conexões neu- não devendo ser uma atividade maçante e

6
rais”. Mas, obviamente, nada substitui as re- desagradável para a criança, mas sim praze-
lações afetivas estabelecidas com a criança. rosa. Acima de tudo, é importante que tais
atividades estejam inseridas em um contex-
Olhe o bebê nos olhos, troque sorrisos e carícias e
É importante destacar que as situações pro- to afetivo de acolhimento e apoio emocional. fale sempre com ele, que irá adorar ouvir o som da
motoras de desenvolvimento devem envol- Algumas dicas importantes a serem conside- sua voz e ver o seu sorriso.
ver tanto os aspectos motores (engatinhar, radas ao interagir com a criança buscando
equilibrar-se, andar, sentar, manter postura, promover o seu desenvolvimento:

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Relações afetivas Como são construídas as relações de apego?

na primeira infância
O bebê não nasce “apegado” a sua mãe ou essa responsiva aos seus cuidados, amorosa, etc) e
a seu filho. Apego é uma relação construída sobre si mesma (o que será a base para a cons-
com base nas experiências vividas no cotidiano. trução do seu autoconceito e autoestima).
A partir dessas experiências, a criança vai cons-
truindo uma compreensão sobre o seu ambien- Assim, são diversas as situações do cotidiano
te (se prazeroso ou ameaçador), sobre a(s) sua(s) que podem favorecer a construção de víncu-
figuras de apego (se disponível para a relação, los afetivos:

“O apego íntimo a outros seres


humanos é o núcleo em torno do qual
gira a vida de uma pessoa, não só
enquanto bebê, criança pequena
ou criança de escola, mas também
durante a sua adolescência e
maturidade, até a velhice. É desse
apego íntimo que retiramos a força e
o prazer da vida, e proporcionamos
também força e prazer a outros. Nessas
questões, a ciência atual e a sabedoria
tradicional se identificam”.
John Bowlby

Relações de apego...
Construindo relações de confiança
Você sabe o que significa apego? E saberia confiança, precisam se sentir seguras e ter
explicar qual é a importância do apego para alguém a quem elas sabem que podem recor-
o desenvolvimento da criança? Temos certe- rer sempre que precisar.
za que você já ouviu, e até já usou, as frases:
“mãe é quem cuida”; ou “aquela criança é ape- É isso que chamamos apego seguro: a constru-
gada demais a sua mãe”. ção de uma relação de confiança em alguém,
que promova autonomia e exploração do am-
Essas frases representam a ideia que as pes- biente e o enfrentamento das dificuldades e
soas têm sobre a importância da relação de desafios, pois a criança sabe que, se precisar,
apego para o desenvolvimento da criança. terá com quem contar.
As crianças precisam estabelecer relações de

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Entendendo os diversos Assim...
padrões de apego Uma das principais funções dos responsáveis
pelo bebê e criança na primeira infância con-
O carinho, o toque e o contato físico funcio-
nam como modeladores cerebrais, que torna a
siste em promover um ambiente facilitador criança mais hábil e com o sistema de proteção
Mas nem todas as relações são de apego se- da construção do senso de conforto e segu- orgânico (sistema imunológico) mais forte. Você
guro. Existem diferentes padrões de relação. rança para a criança, a partir das constantes sabia que um abraço acolhedor e duradouro
trocas relacionais estabelecidas entre eles. tem um efeito calmante, além de nos dar uma
Seguro: A figura de apego é concebida como sensação de bem-estar e segurança? Sim, é ver-
uma “base segura”, promotora de proteção e Além de ter suas necessidades físicas atendi- dade... há liberação do hormônio ocitocina no
segurança, o que favorece o movimento de das (sendo limpos e alimentados), os bebês e as abraço o que pode trazer vários benefícios para
exploração e autonomia por parte da criança. crianças precisam desenvolver um sentimento nós e nosso corpo... O toque carinhoso ajuda na
de confiança no outro, de ser cuidado e acolhi- diminuição dos níveis de hormônios do estres-
Mensagem implícita enviada pela figura de do. Isso é tão importante para um desenvolvi- se e aumenta a sensação de bem-estar. Por isso
apego à criança: “Vá em frente, você consegue. mento saudável como o próprio alimento. que um abraço carinhoso ou um beijinho “cura”
Se precisar, estarei por perto”. a dor de um machucado, não é?
O abandono e a privação de carinho pode ser
extremamente danoso para a criança. A construção de relações afetivas seguras e
saudáveis é também uma ótima prevenção da
A primeira condição para que uma criança se ansiedade e outros transtornos de compor-
Inseguro Ambivalente: Insegurança e ambi- desenvolva bem é o afeto de sua mãe/pai ou tamento que, as vezes, só se manifestam na
valência diante da figura de apego, que não é da pessoa encarregada de cuidar dela. vida adulta.
usada como base segura, pois não há confian-
ça na disponibilidade e responsividade dessa
pessoa. Padrão relacional típico de uma edu-
“A importância do ambiente
cação superprotetora.
no desenvolvimento cerebral não
Mensagem implícita enviada à criança: “Não se pode ser subestimada. As crianças
afaste, eu não vou aguentar que você fique longe expostas aos ambientes empobrecidos
de mim, você só consegue com a minha ajuda”. (com poucos estímulos), abuso ou à
negligência provavelmente terão sérias
desvantagens em outras fases da vida”
Kolb & Whishaw, 2002, p.256.
Inseguro Evitante: A criança apresenta poucos
comportamentos de busca da figura de apego,
que também não é utilizada como “base segu-
ra” pois não há confiança na sua disponibili-
dade. Padrão relacional característico de uma
educação autoritária ou negligente.

Mensagem implícita enviada à criança: “Não


me peça ajuda, resolva seus problemas sozinho.
Estou muito ocupado(a)”.

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A criança ao longo do desenvolvimento
Para que a criança tenha um bom desenvol- seus principais cuidadores que ela desenvol- real. Além disso, brincando ela poderá desen- bebês e as crianças nos momentos de brinca-
vimento é necessário, antes de tudo, que ela verá autonomia, autoconfiança e, diante dis- volver a linguagem, descobrir seu potencial, deira (em casa e na escola) e, assim, ajudá-la
seja amada e cuidada, despertando nela um so, se sentirá mais motivada para explorar o superar desafios, se relacionar com as pes- a se desenvolver e se relacionar, bem como
sentimento de confiança no mundo e nas pes- seu ambiente físico e social. soas e também aprender sobre limites e lidar estabelecer e estreitar relações afetivas com
soas. Isso irá contribuir para que a criança sin- com frustrações. seus cuidadores e responsáveis.
ta-se motivada e segura para explorar novas A exploração do ambiente
situações e desafios e, assim, criar novas opor-
físico e social também está O brincar é uma oportunidade Aqui é muito importante uma ressalva. Iremos
tunidades de crescimento e desenvolvimento. apresentar algumas características que, de
relacionado ao ato de brincar, incrível para o desenvolvimento modo geral, tendem a estar presentes em be-
É importante que ela tenha oportunidades não é mesmo? E tem forma mais das crianças, não é mesmo? bês e crianças em cada faixa etária. No entan-
para se engajar em experiências diversas que to, cada criança tem um ritmo próprio e pode
promovam seu desenvolvimento e, para isso, gostosa de se desenvolver do Ou seja, o brincar é uma atividade cultural, desenvolver essas características um pouco an-
precisamos buscar garantir algumas condi- que brincando? é uma das maneiras da criança participar, se tes ou um pouco depois e isso não se constitui
ções, tais como: Condições humanas (pessoas apropriar e transformar a sua cultura. como um problema e as próprias brincadeiras
que promovam essa interação de forma posi- Além de ser uma delícia, a brincadeira tem podem estar contribuindo para o desenvolvi-
tiva), Biológicas (como alimentação e higiene) papel fundamental no desenvolvimento afe- Além de ser uma atividade cultural muito diver- mento dessa característica. É importante não
e Físicas (como moradia, parques, creches e tivo, intelectual, motor, social e neurológico tida, o brincar pode ajudar a aproximar as pes- ficar excessivamente preocupado ou ansioso se
escolas). Essas condições devem possibilitar da criança. soas e contribuir no processo de construção de a criança ainda não apresenta algumas dessas
à criança viver experiências diferentes e, ao vínculos afetivos. É uma ótima oportunidade características. No entanto, se demorar muito
mesmo tempo, garantir a ela proteção, segu- É por meio da brincadeira que a criança tem para estreitar os laços de afetividade e confian- para que as mesmas se desenvolvam, aí sim
rança e a sensação de conquistas e realizações. suas primeiras sensações, constrói sua per- ça entre a criança e você, contribuindo para que será importante procurar um especialista (pe-
sonalidade, aprende os primeiros valores ela perceba o quanto és especial. E que, além diatra, psicólogo do desenvolvimento, neurop-
Além de garantir a oferta de um ambiente da vida e desenvolve-se emocionalmente e de se divertirem juntas, você cuida, protege e sicólogo ou outro profissional da área de saúde
rico em oportunidades de desenvolvimento, cognitivamente. É por meio do brincar que ajuda no seu crescimento e desenvolvimen- infantil) para ouvir sua opinião a respeito.
é importante também que esse ambiente seja a criança começa a participar da sua cultura to. Entre outros motivos, é por isso que é tão
favorável à construção de um senso de con- e aprende nossos principais valores, papeis e importante que vocês brinquem juntos. Será É importante lembrar que as atividades que se-
fiança e segurança por parte da criança. regras, como nos lembra Vygotsky. justamente por meio do brincar que, além de rão aqui propostas se constituem apenas como
fortalecerem seus laços afetivos, a criança tam- sugestões e que, portanto, elas devem ser adap-
A brincadeira contribui para o desenvolvi- tadas às características peculiares de cada bebê
Você lembra quando falamos bém irá se desenvolver, conhecer o mundo, se
mento da criança, uma vez que a impulsiona a apropriar e transformar sua cultura e se divertir. e criança (ou grupo de crianças), bem como ao
sobre a formação da relação de realizar coisas que ainda não é capaz de fazer ambiente e rotina da família e da escola.
apego? sozinha, envolvendo-se em graus maiores de A seguir, vamos conhecer algumas caracte-
consciência das regras de comportamento, rísticas do bebê e da criança pequena e, a Várias das atividades propostas foram extratídas e
Pois é a partir do desenvolvimento de uma adaptadas de Batllori e Escandell (2013) e Navarro
antecipando e elaborando situações que ain- partir dessas características, sugerir algumas
(2008). Livros cuja leitura indicamos fortemente e que
relação de apego segura entre a criança e da não está preparada para realizar na vida atividades que podem ser realizadas com os
encontram-se citados na seção de Bibliografia.

{ 20 | Entendendo o desenvolvimento infantil: contribuições das neurociências e o papel das relações afetivas para pais e educadores | 2017 Entendendo o desenvolvimento infantil: contribuições das neurociências e o papel das relações afetivas para pais e educadores | 2017 | 21 }
O bebê de... 0 a 3 meses Brincadeiras para promover o
desenvolvimento de bebês de 0 a 3 meses
Enxerga melhor a uma distância de aproxi- mar, pode franzir a testa. Além disso, acre-
madamente 30 cm durante o primeiro mês dite, reconhece e prefere ouvir o som da
Estou aqui!
(distância entre seus olhos e os olhos da voz materna.
No momento em que o bebê
figura materna no momento da amamenta-
estiver acordado no berço...
ção ou alimentação no colo). Gosta de ser balançado e segurado nos bra-
ços, sobretudo se for um braço acolhedor e
1. Posicione-se perto do berço, à vista do
Pode chorar muito, geralmente devido à cheio de amor para dar, acompanhado de
bebê, e o chame pelo nome com um tom
cólicas, no final da tarde. um lindo sorriso e um tom de voz amoroso.
de voz agradável, que o surpreenda, sem
assustá-lo.
Olha diretamente em nossos olhos e acom- Leva as mãos à boca com frequência.
panha, com o olhar, objetos em movimento Essa é uma forma dele ir conhecendo o
2. Se ele não notar sua presença, aproxime-
dentro do seu campo de visão. mundo, sabia?
-se um pouco mais (com bebês menores
de um mês, será necessário posicionar-se
Sorri em resposta a outro sorriso a partir dos Segura com firmeza um objeto.
junto ao berço e ir se movimentando ao
2 meses, o que chamamos de “sorriso social”.
Levanta a cabeça momentaneamente, man- redor dele, pois dificilmente o bebê nos
Movimenta os pés e as mãos. tendo-a erguida por mais tempo. verá a uma distância maior).

Enxerga em cores: fixa seu olhar sobre ob- Dorme cada vez menos, embora ainda dur- 3. Quando se certificar de que o bebê já o
localizou com o olhar, mude de lugar e Nesta brincadeira será possível:
jetos de cores brilhantes e chamativas, por ma muito, em média 15 a 17 horas.
isso brinquedos e desenhos bem coloridos torne a chamá-lo.
Exercitar a visão (acuidade e campo visual)
chamam mais sua atenção. Começa a vocalizar. É tão importante que e audição do bebê.
você vocalize como resposta às vocaliza- 4. Por fim, cada vez mais perto, acaricie sua
cabecinha, ou lhe dê um beijo, e repita Ajudá-lo a localizar e a identificar
Escuta sons diversos: volta-se para onde ções do bebê. Assim você irá ensinando a sons e pessoas.
vem o som, arregala os olhos e para de ma- ele como entrar em um diálogo. seu nome, acrescentando umas palavras
de carinho, sempre sorrindo. Na verdade, Iniciá-lo na movimentação da cabeça
o seu sorriso e tom de voz carinhoso será e do pescoço.
importante sempre. Iniciar o estabelecimento de relações

Como promover o desenvolvimento e vínculos afetivos entre o bebê e nós.

do bebê de 0 a 3 meses? Mobiles e objetos sonoros


São muitas as possibilidades... uma delas é também ver detalhes do seu rosto, do seu 1. Com o bebê no berço, converse com ele 3. Observe se o bebê acompanha com os
manter um diálogo carinhoso com o bebê, olhar carinhoso e do seu sorriso. e chame sua atenção para o mobile pen- olhos o objeto, e o incentive a participar
buscando um contato visual (olho no olho) durado. Atenção! Certifique-se que o desse momento. Repita a brincadeira. A
e troca de sorrisos. Colocar o bebê deitado de barriga para mobile esta bem ajustado e não corre o repetição é muito importante para os be-
baixo, chamando sua atenção para frente risco de cair. bês nesse momento.
Estimulá-lo visualmente com objetos co- também é importante... vai contribuir para
loridos, em uma distância de aprox. 30 que ele, gradativamente, tenha maior con- 2. Explore os sons e os movimentos do ob-
cm, realizando pequenos movimentos na trole sobre seu pescoço e cabeça. jeto, que deve ser colorido.
frente dos seus olhos. Ah, ele vai adorar

{ 22 | Entendendo o desenvolvimento infantil: contribuições das neurociências e o papel das relações afetivas para pais e educadores | 2017 Entendendo o desenvolvimento infantil: contribuições das neurociências e o papel das relações afetivas para pais e educadores | 2017 | 23 }
Nesta brincadeira será possível:
Brincadeiras para promover o
Aprimorar a percepção visual do bebê.
desenvolvimento de bebês de 3 a 6 meses
Estabelecer relações e vínculos afetivos
entre o bebê e nós.

Estimulá-lo a localizar sons e pessoas. Vamos fazer ondinhas?


O banho também pode ser um momento
muito agradável e de diversão para o bebê.
Podemos brincar com ele, mas devemos
segurá-lo o tempo todo.

O bebê de... 3 a 6 meses 1. Enchemos a banheira com água até cobrir


as perninhas do bebê. Essa água deve estar
Responde com sorrisos ao estímulo da brin- Reconhece o próprio nome e o nome de fa- numa temperatura agradável, de acordo
cadeira. O sorriso passa a ser “social”, ou seja, miliares mais próximos. com a época do ano em que estivermos.
direcionado a quem interage com ele, não
sendo mais uma reação muscular ou uma res- Sustenta a cabeça. 2. Pegamos as mãozinhas do bebê e lhe en-
posta emocional à satisfação biológica (como sinamos como é que se bate na água para
a saciedade após a alimentação). Mesmo de bruços, levanta as pernas, vira-se formar ondinhas. Ele irá adorar. Batemos
de um lado para o outro. na água também.
Olha diretamente em nossos olhos e por
mais tempo. 3. Se acompanharmos suas batidas com gri-

Como promover
tos de alegria, certamente ele irá gritar
Nesta brincadeira será possível:
Brinca com os seus pés e mãos, ainda sem en- conosco e sorrir.
tender que fazem parte do seu próprio corpo.
o desenvolvimento 4. Devemos estar preparados para receber
Desenvolver a habilidade

do bebê de 3 a 6 meses?
e coordenação motora.
Gosta que o carreguem nas costas de lá respingos e para ter que secar a água que
Explorar as sensações corporais
para cá. cair de dentro da banheira. E, sobretudo, como a temperatura, o toque do sabonete.
não devemos nunca deixar o bebê sozi-
Iniciá-lo no reconhecimento das relações
Segura objetos e estende a mão para nho na água.
de causa e efeito (bater na água
pega-los. Oferecer brinquedos à pequenas distâncias, e ela respingar, por exemplo).
oportunizando que ele tente alcança-los.
Mostrar-lhe um elemento sempre presente
Chora quando é deixado sozinho. Variações no seu ambiente e tão próximo dele: a água.
Dar objetos (limpos e que não causem ris-
Gosta de massagens e toques acolhedores. co) na mão do bebê, facilitando que ele le- Engajá-lo em uma atividade prazerosa.
Podemos deixar ao alcance do bebê brinque-
Na verdade, vai gostar disso sempre... é tão ve-o à boca. dos de plástico flutuando sobre a banheira
bom, não é mesmo? para que ele se anime a brincar, buscando al-
Emitir sons fora do campo visual do bebê, cança-los e pegá-los. É importante nomear as atividades que fo-
Quando ouve a voz da figura materna, movi- para que ele o localize. rem sendo realizadas como, por exemplo,
menta os olhos e a cabeça procurando-a. Enquanto brincamos, podemos cantar e/ou fa- agora vamos lavar o corpinho, o braço, colo-
Estimular o bebê lateralmente, visando as lar com o bebê. car o sabonete. Isso vai ajudando o bebê a
mudanças de posição, com objetos e atitu- entender o processo do banho e a conhecer
des (brinquedos, palmas). as diferentes palavras.

{ 24 | Entendendo o desenvolvimento infantil: contribuições das neurociências e o papel das relações afetivas para pais e educadores | 2017 Entendendo o desenvolvimento infantil: contribuições das neurociências e o papel das relações afetivas para pais e educadores | 2017 | 25 }
Meu e seu Emite uma série de sons e parece prestar 2. Depois, sentamos no chão com ele. Com
Com o bebê sentado no nosso colo, atenção à conversa dos adultos. a música tocando, mostramos como se
mover seguindo o ritmo. Nesse momento,
olhando nos nossos olhos, podemos nos
Reconhece o próprio nome e procura quem pode ajudar se batermos palmas ou as mãos
divertir com esta brincadeira interativa.
o chamou. no chão acompanhando o ritmo da música.
1. Primeiro, perguntamos por uma parte do
Bate palmas e dá tchau. 3. Enquanto vamos cantando a música, po-
corpo do bebê, por exemplo: “Onde esta o
demos pedir-lhe que bata palmas, levante
nariz do meu pequenino?”
Pode começar a engatinhar. os braços e os mova de um lado para o
outro, bata os pés no chão e por aí vai.
2. Em seguida, tocamos o seu nariz com a
nossa mão e exclamamos: “Está aqui!” Como promover Nesta brincadeira será possível:
3. E, rapidamente, acrescentamos: “E onde Nesta brincadeira será possível:
o desenvolvimento Favorecer ao bebê a vivência de experiências moto-
está o nariz da mamãe/do papai?”
do bebê de 6 a 9 meses? ras múltiplas e inexploradas por ele.
Fazê-lo explorar o próprio corpo, para descobrir di-
Fazer o bebê iniciar a intuir o sentido de ritmo e sua
4. Então, pegamos sua mãozinha e fazemos versas partes e seus nomes (identificação corporal). Dar ao bebê brinquedos fáceis de serem relação com o movimento.
com que toque o nosso nariz, fazendo Estimular a exploração sensorial do bebê. manuseados, para que ele possa pegá-los Estimular a habilidade para observar e imitar pos-
também alguma exclamação de alegria;
Contribuir para o estabelecimento de relações e passar de uma mão à outra. turas e movimentos.
e vínculos afetivos entre o bebê e nós.
5. E, assim, vamos brincando com o bebê, Potencializar a coordenação motora do bebê.
Manter constante diálogo com o bebê, in-
nomeando as diversas partes do corpo Exercitar suas capacidades motoras simples. Promover o gosto pela música e dança.
troduzindo palavras de fácil sonorização
para tocá-las em seguida.
(dá-dá, pá-pá).
Variações Variações
Deixá-lo brincar sentado no chão (colcho-
Quando estiver um pouco maiorzinho, pode- nete, esteira) ou deitado de barriga para Dependendo do tipo de música podemos
mos repetir o jogo, pois continuará servindo baixo, estimulando que role, se arraste e interagir com o bebê, promovendo um mo-
para fazê-lo conhecer melhor seu corpo. posteriormente engatinhe. mento relaxante ou mais ativo.

Na creche, essa brincadeira pode ser adap-


Brincadeiras tada para ser realizada com um pequeno

O bebê de... 6 a 9 meses para promover o grupo de bebês.

desenvolvimento de
Balbucia para ouvir a própria voz, e se di-
verte imitando sons.
legar e indicador para pegar objetos (de-
senvolvimento motor). bebês de 6 a 9 meses
Coloca os dedos dos pés na boca e brinca Gosta de soltar brinquedos no chão, espe- Minha música
com eles. rando que alguém os pegue de volta para É muito interessante colocar músicas de
que ele o jogue novamente. Embora possa ritmos diferentes e que não sejam muito
Senta sem apoio. parecer chato para o adulto, essa é uma ação difíceis de acompanhar para o bebê escutar.
muito importante para o desenvolvimento
Começa a entender o significado de algu- do bebê. É importante que você tenha pa-
mas palavras, como o “não”. ciência e torne isso uma brincadeira. 1. Pegamos o bebê nos braços e colocamos
a música. Dançamos com ele ao som da
Faz movimento de pinça com os dedos po- Rasga papéis com ambas as mãos. música.

{ 26 | Entendendo o desenvolvimento infantil: contribuições das neurociências e o papel das relações afetivas para pais e educadores | 2017
Cadê? Achou? O túnel
4. Não devemos deixar o pequenino dentro
Os bebês adoram as brincadeiras de Se tivermos uma caixa grande de papelão
da caixa por muito tempo, pois ele poderá
surpresas e de aparecer e desaparecer, e retirarmos o fundo, podemos usá-la
se assustar.
desde que não sejam bruscas e não os para brincar com o nosso bebê.
assustem. Poderá ser muito divertido. 5. O ensinamos a não se levantar dentro da
caixa e a manter a cabeça abaixada até que
1. Com o bebê deitado no berço, de barriga 1. Colocamos a caixa virada de lado no chão,
tenha superado totalmente o obstáculo.
para cima, nos aproximamos dele, o sau- sem o fundo e a tampa, de modo que for-
damos ou o chamamos carinhosamente me uma espécie de túnel. A caixa deve ser
pelo nome. grande o suficiente para que o bebê possa Caixas de papelão podem
passar por dentro dela. ser excelentes brinquedos!
2. Quando ele já tiver percebido nossa pre-
Utilize sua imaginação e a trans-
sença, brincamos de “Cadê? Achou!”. 2. Sentamos o pequenino no chão, posicio-
nando-o em um dos lados da caixa e colo- forme em carrinhos ou trens,
3. Para isso, de frente para ele, cobrimos o camos o brinquedo do outro lado, de ma- e você poderá brincar com seu
nosso rosto com as mãos ou com uma neira que ele possa vê-lo através da caixa.
bebê, empurrando levemente.
peça de roupa, perguntando: “Cadê?”.
3. Convidamos o bebê para ir pegar o brinque- Será uma diversão!
4. Em seguida, abrimos as mãos de repente do, passando através da caixa, ou o chama-
/ tiramos a roupa que cobre nosso rosto, mos para que venha até nós.
e exclamamos: “Achou!”. Esse momento
pode ser acompanhado de um grande sor-
riso e um tom de voz animado.

5. Podemos repetir a brincadeira direcionan- Nesta brincadeira será possível:


do a cabeça para um ou outro lado das
mãos ou, ainda, variando nossa posição Potencializar a capacidade para adquirir confian-
em relação ao bebê, que responderá com ça em si mesmo e nos outros.
gritinhos de alegria e surpresa. Variações Ajudar o bebê a superar o medo diante de uma
situação nova, desenvolvendo a confiança no
Com o tempo, podemos brincar de seu cuidador.
Nesta brincadeira será possível: “cadê-achou” não só escondendo o rosto Exercitar os músculos do bebê e fazê-lo conseguir
mas o corpo todo, saindo e voltando ao controlar melhor sua coordenação e lateralidade.
Aprimorar a percepção visual do bebê. campo visual do bebê. Com a repetição da Explorar novas sensações a partir da criação de
Fortalecer relações e vínculos afetivos entre o brincadeira, podemos demorar um pouqui- objetos relacionados à experiência cultural da
bebê e nós. nho mais para aparecer, ajudando o bebê criança.
Contribuir para o desenvolvimento da noção de a lidar e suportar pequenas ausências dos
permanência de objetos e pessoas. seus cuidadores. Variações
Ajudar o bebê a entender que as pessoas somem,
mas retornam e, assim, ajudá-lo a lidar com as Essa brincadeira pode ser realizada duran- Podemos decorar a caixa com papel celofa-
pequenas ausências dos seus cuidadores. te qualquer atividade de cuidado como o ne de cores que chamem a atenção do bebê;
banho, a alimentação ou outra atividade. ou substituir as caixas por uma cadeira, so-
Favorecer a capacidade de antecipação do bebê.
Os bebês costumam adorar. bre a qual colocaremos um pano que cubra
Estimulá-lo a localizar sons e pessoas.
os dois lados paralelos, formando um túnel
entre as pernas da cadeira.

{ 28 29 }
O bebê de... 9 a 12 meses Brincadeiras para promover o
desenvolvimento de bebês de 9 a 12 meses
Engatinha com facilidade.
Como promover Parlendas cantadas Nesta brincadeira será possível:

Consegue erguer-se, segurando-se nos o desenvolvimento 1. Cante com o bebê músicas da cultura, que Relacionar ritmo da música com movimentos
móveis.
do bebê de 9 a 12
corporais.
combinam movimentos corporais.
Iniciar o desenvolvimento da consciência fonoló-
Aprende a se expressar e usa o dedo indi-
cador para apontar algo que deseja.
meses? 2. Por exemplo: Bambalalão, senhor capi- gica, por meio da identificação de rimas.
tão, espada na cinta, sinete na mão. Com Engajar o bebê em uma atividade prazerosa, que
Brincar com o bebê através de músicas, fa- o bebê no seu colo, vá fazendo movimen- envolve trocas de afetos, vocalizações e sorrisos.
Começa a entender o significado de:
zendo gestos (bater palmas, dar tchau), solici- tos de balanço, suavemente. Contribuir com o desenvolvimento da linguagem
“aqui”, “lá”, “dentro”, “fora”, “para cima”,
tando sua resposta. receptiva, aumentando o repertório de palavras
“para baixo”.
3. Ainda com o bebê no colo, simule suave- da criança.
Oferecer brinquedos que produzam sons, mente o galopar de um cavalo, imitando o Potencializar o desenvolvimento da coordenação
Entende quando os pais desaprovam seu
brinquedos com encaixes simples e coloridos, som dos cascos. motora do bebê.
comportamento.
e mostrar ao bebe como brincar. Aproveite e Promover o gosto pela música e dança.
se divirta com ele! 4. Explore as cantigas de roda, apresentando
Sente ciúmes e pode chorar se a mãe car- Dependendo do ritmo da música, animar a crian-
a cultura local ao bebê.
regar outra criança no colo. ça ou ajudá-la a relaxar.
Conversar com o bebê, incentivando que
conheça o nome das pessoas e objetos do
Gosta de ficar junto dos irmãos ou outras Variações
seu convívio.
crianças, mas não entendem o que é divi-
dir brinquedos. Explorar também canções que tenham
Deixar o bebê em local onde ela possa fazer a
mudança da posição sentada para a posição rima.
Gosta que leiam histórias para ele.
de pé com apoio (sofá, cama, cadeira) e onde
ela possa deslocar-se segurando nos móveis. Usar músicas com ritmos diferentes,
Fala suas primeiras palavras. que favoreçam a animação e, em ou-
Incentivar que fique de pé (inicialmente com
apoio e depois sem apoiar-se). tros momentos, músicas mais tranqui-
Procura um parente adulto para receber las, que favoreçam o relaxamento.
carinho, ajuda ou consolo.
Certifique-se que o apoio esteja bem fi-
Ainda precisa da presença da mãe para se xado, evitando que caia por sobre o bebê.
sentir seguro. Mas atenção! Nessa fase são comuns os
tombos. Redobre sua atenção.
Introduz objetos em recipientes e tenta
retira-los e nos dá um objeto se pedirmos.

Entende que as coisas não desaparecem


porque estão fora do seu campo visual.

{ 30 31 }
O bebê de... 1 ano a 2 anos
A primeira construção 4. Não devemos ajudá-lo muito, porque con-
vém deixar que os blocos caiam para que
Com alguns blocos de madeira, algumas
ele aprenda e ganhe experiência. Além
peças de construção ou algumas caixas
disso, ele se divertirá derrubando tudo e
de tamanhos diferentes, o bebê pode
exercitar sua imaginação, o que será muito
reiniciando suas construções. O bebê de 1ano a o movimento de busca de maior autonomia por
parte da criança. Agora ela já anda (o que lhe dá
rico para ele. 5. Podemos e devemos brincar com ele, mas 1 ano e 6 meses liberdade de deslocamento), tem as mãos libe-
deixando que ele tome a iniciativa ou fazer radas para pegar nas coisas, fala e tem noções
1. Colocamos o bebê sentado no chão e dei- construções paralelas às dele, para que ele Gosta de rabiscar, se for oferecida essa de posse, ou seja, início da fase do “é meu”.
xamos vários blocos de madeira ou peças veja como nós fazemos e tente nos imitar. oportunidade.
de construção de diferentes tamanhos per- Pode ajudar a tirar a sua própria roupa. É
to dele. Podemos usar caixas de papelão de Anda para os lados e para trás, pode dar capaz de fechar um zíper, calçar sapatos
Nesta brincadeira será possível:
tamanho médio, como a caixa de leite vazia, corridinhas. de fecho simples.
por exemplo. Nesse caso, lave-as bem e en- Favorecer o desenvolvimento da sua capacidade
cape com papéis coloridos. criativa e estimular sua imaginação. Fala algumas palavras soltas. Pode ser ciumento e usar muito o pronome
possessivo “meu” e quer que tudo seja dele.
Estimular a aprendizagem por meio do exemplo e
2. Se isso não chamar a atenção dele, come- da imitação. Puxa e arrasta o que encontra pela frente. Mas isso vai depender muito dos valores de
çamos a brincar, nós mesmos, empilhan- cada família. Desde cedo incentive a crian-
Fazê-lo perceber a permanência dos objetos. ça a dividir seus brinquedos e objetos.
do-os das mais variadas maneiras.
Experimentar a relação causa e efeito, inician- Como promover o desenvolvi-
3. Logo o pequenino irá se interessar pelos
do a construção de lógicas a partir das expe- mento da criança de 1 ano Constrói torre de três cubos, chuta uma bola.
riências lúdicas.
blocos e começará a brincar com eles. a 1 ano e 6 meses? Aponta figuras solicitadas.
Variações Solicitar à criança objetos diversos, no-
Destampa potes, abre porta.
meando-os, ajuda a aumentar seu reper-
Também podemos brincar com caixas ou tório de conhecimento, assim como as
embalagens vazias, de diferentes formas e Responde à perguntas e pode se engajar
funções de dar, pegar, largar e sempre que
tamanhos. em uma conversa.
possível, demonstrar para ela.
Fase negativista: usa muito “não quero”,
Dar papel e giz de cera (tipo estaca, grosso) não vou”, “não gosto”.
para iniciar as atividades auto expressivas
(rabisco espontâneo). Exige mais atenção.

Brincar com a criança solicitando que ela Pede coisas simples e entende o significado
ande para frente e para trás (marcha ré), ini- de meu e seu.
cialmente com ajuda.
Gosta de subir escadas.
O bebê de 1 ano
Como promover o desenvolvi-
e 6 meses a 2 anos mento do bebê de 1 ano e
Essa é uma fase muito importante do desenvol- 6 meses a 2 anos?
vimento infantil, pois nela fica mais evidenciado
Estimular o bebê a colocar e tirar suas ves-
timentas nos momentos indicados, inicial-
mente com ajuda. Estimular a autonomia do 1. A mesa pode estar em qualquer lugar do Variações simples, sem levantar o lápis do papel.
bebê é sempre importante, ainda mais nessa quarto ou da sala, de preferência perto da
fase. Fique por perto sendo uma pessoa de parede. Podemos construir uma casinha com uma 4. Se fizermos rabiscos com ele na folha, deve-
referência e disponível para ajudá-lo, mas caixa grande de papelão, decorá-la e pintá-la mos procurar não invadir “sua área de dese-
ajude-o nessa busca por maior autonomia. 2. Cobrimos a mesa com um lençol ou co- de acordo com o nosso gosto; depois, colo- nho” para respeitar o que ele está fazendo.
bertor que cubra os quatro lados da mesa. camos uma almofada dentro dela, para que
Realizar brincadeiras com objetos que pos- o pequenino faça dormir alguns bichinhos 5. E, uma vez terminada a “obra de arte”, po-
sam ser empilhados, demonstrando antes. 3. Colocamos o lençol de tal maneira que seja de pelúcia ou bonecos. demos pendurá-la no quarto do bebê, para
fácil entrar por um dos lados, como se fos- que ele possa vê-la de seu berço ou mes-
Solicitar que o bebê localize figuras de re- se a porta da casinha. É preciso deixar que Essa brincadeira pode também ser reali- mo deixar os desenhos espostos na sala de
vistas e jogos previamente nomeados. um pouco de luz entre dentro da cabana. zada com grupos de crianças que podem aula, caso a atividade seja feita na escola.
entrar em pequenos grupos na cabana ou Sendo assim, nos dias seguintes pode-se
Brincar com bola. Chutar (fazer gol), lançar 4. Contamos uma historinha para a criança e mesmo intercalar a hora de entrar e sair. mostrar ao bebê o seu “desenho”. Isso irá
e pegar. entramos na casinha com ela. Sendo feita em grupo, essa atividade po- também contribuir para o desenvolvimen-
derá também ajudar a criança a aguardar to da sua memória visual.
Brincadeiras para promover o 5. “Fechamos” a porta e ficamos com ela ali a sua vez, a dividir o espaço e a ter em um
um pouco. amiguinho um apoio afetivo para lidar com Nesta brincadeira será possível:
desenvolvimento de o novo. No entanto, é muito importante a
bebês de 1 ano a 2 anos 6. Também podemos colocar alguns brin- mediação atenta e sensível de um adulto Iniciar o conhecimento de formas e cores.
quedos lá dentro. para tornar esse momento agradável para Favorecer o desenvolvimento da sua capacidade
Minha cabana todos. criativa.
7. Para concluir, podemos sair da casinha e
Todas as crianças adoram ter um Dar início à preensão de lápis.
observar o que ele faz dentro de seu “es-
esconderijo ou cabana onde possam Os rabiscos Ajudá-lo a adquirir destreza e firmeza na coorde-
conderijo”. É importante que esse seu “sair”
brincar. Uma mesa com um lençol ou Nesta idade, já podemos ensinar o nosso nação óculo-manual, em movimentos de precisão.
faça parte do contexto da brincadeira e não
cobertor grande basta para construí-la. bebê a fazer rabiscos em um papel, Potencializar sua expressão.
gere sofrimento para criança.
atividade que vai mantê-lo entretido Contribuir para o desenvolvimento da visoconstru-
Nesta brincadeira será possível: durante longos períodos. Só precisaremos ção e memória visual, caso retorne aos desenhos
de um pedaço grande de papel e alguns em momentos posteriores.
Estimular a imaginação da criança. gizes de cera grossos. Ele vai adorar!
Facilitar a exploração do ambiente ao seu redor Podemos mostrar a ele como pintar no Variações
e a lidar com o novo e desconhecido que pode, papel, usando as mãos. Mas atenção! Não
em princípio, parecer ameaçador. vale papel pequeno! O bebê precisa de Outra brincadeira bem interessante para
Usar a figura materna como “porto seguro” para espaço para se expresser, não é mesmo? esta idade é pintar com os dedos, usando
explorar o ambiente. alguma tinta especial para crianças. Mas a
Ajudá-la a superar receio diante do novo e a 1. Para começar, esticamos o papel no chão ou tinta precisa ser caseira. Uma ótima opção
ficar só por um curto período de tempo. em algum lugar onde o pequenino estiver. é fazer tinta de gelatina. Basta misturar o
Desenvolver a capacidade de orientação da pó com água. Caso o bebê leve as mãos à
criança. 2. Devemos dar os lápis de cores vivas e lhe boca, não está em risco de contato com
ensinar a segurá-los e a usá-los. Por en- substâncias toxicas. O bebê vai adorar
Ensiná-la a compartilhar experiências, aguardar
a sua vez, a dividir o espaço. quanto, esses rabiscos serão seus primeiros passar a mão na tinta.
exercícios de artes plástica.
Da mesma forma, essa atividade pode ser
3. Em seguida, deixamos que o pequenino pe- adaptada e realizada com um pequeno
gue os lápis e faça “riscos”, a princípio bem grupo de crianças.

Entendendo o desenvolvimento infantil: contribuições das neurociências e o papel das relações afetivas para pais e educadores | 2017 | 35 }
Pontaria aumentar a distância. Podemos tornar a
Com uma bola pequena e um par de garrafas brincadeira mais complexa se fizermos
com que a criança jogue a bola algumas
de plástico, podemos exercitar a pontaria.
vezes com a mão direita e outras, com a
1. Colocamos no chão duas garrafas de esquerda.
plástico, um pouco separadas entre si, há
5. É importante reagir com alegria e entu-
cerca de um metro de distância de nós.
siasmo às conquistas da criança, compar-
2. Convidamos a criança para jogar a bola tilhando com ela seus resultados. Na ver-
com uma das mãos, a princípio, para der- dade, isso deve acontecer sempre!!! Meu clone
Com um pedaço de papel pardo, grande
rubar as garrafas e, depois de algum trei-
Nesta brincadeira será possível: o suficiente para desenhar o contorno do
no, para que faça a bolinha passar entre
Aumentar a habilidade de arremessamento da
corpo da criança em tamanho real, e algumas
elas, sem derrubá-las.
criança. fitas adesivas, podemos brincar um pouco e
3. Pouco a pouco, vamos afastando as gar- Ensiná-la a administrar corretamente a força.
ensiná-lo os nomes das partes do corpo.
rafas, senão a bola não passará entre elas; Fazer com que aumente o controle da lateralidade. 1. Colocamos o papel pardo no chão e con-
voltamos ao começo.
Propiciar-lhe a percepção das distâncias. vidamos nosso pequenino para ficar dei-
tado sobre ele de barriga para cima, com
4. Na medida em que a criança fica mais ve- Ajudá-la a lidar com a satisfação do acerto e a
Ajudá-la a descobrir e a conhecer as partes do
frustração do erro de suas tentativas. os braços e as pernas abertos.
lha ou desenvolve sua pontaria, podemos próprio corpo (seu e do outro).
2. Desenhamos a silhueta da criança sobre Desenvolver a coordenação da percepção ocular.
Variações
o papel. Ensiná-la a realizar atividades em conjunto.
Assim como se brinca com as mãos, pode- Dividir o espaço e aguardar a sua vez de
3. Pregamos o papel na parede, na altura da
mos brincar com os pés, chutando a bola. Se participação.
criança.
a criança preferir, podemos montar um jogo Desenvolver controle inibitório, na medida em
de boliche com várias garrafas de plástico. que precisa ficar deitadinho enquanto alguém
4. Então, colamos os adesivos em diferentes
desenha sua silhueta.
pontos da silhueta desenhada no papel
Para realizar essa atividade em grupos, pardo.
podemos dividir duplas que poderão re- Variações
vezar o momento de arremessar e de 5. Entregamos a outra metade dos adesivos
“arrumar as garrafas” (claro que mediado ao pequenino e o convidamos para que Também podemos colar os adesivos na
por um adulto)... Assim, além dos aspec- cole em seu corpo, da mesma forma que criança e lhe pedir que os coloque na si-
tos acima mencionados, o engajamento foram colados na silhueta de papel. lhueta, como pintar as partes do corpo
nessa atividade pode ajudar a criança a com cores diferentes. Pode tornar a ativi-
aguardar a sua vez e ir aprendendo a tor- 6. Devemos, primeiro, ensinar-lhe como fa- dade ainda mais interessante.
cer pelo seu coleguinha. zer a atividade, para que, depois, ele pos-
sa fazê-la sozinho. A todo momento, po- Em pequenos grupos, podemos distribuir
demos dizer a ele o nome das partes do os adesivos e pedir para várias crianças co-
corpo onde estão os adesivos. larem os adesivos no “clone”, de modo que
todas participem tanto da colegam como do
Nesta brincadeira será possível: desenho da silhueta. Podemos também pe-
dir que diferentes crianças nomeiem as par-
Fazer a criança tomar consciência do próprio tes do corpo correspondentes aos adesivos.
corpo e das diferentes partes.

{ 36 | Entendendo o desenvolvimento infantil: contribuições das neurociências e o papel das relações afetivas para pais e educadores | 2017 Entendendo o desenvolvimento infantil: contribuições das neurociências e o papel das relações afetivas para pais e educadores | 2017 | 37 }
A criança de... 2 anos e 6 meses
É bastante ativa. Salta com os dois pés ao Diverte-se montando e desmontando, empi-
mesmo tempo e anda na ponta dos pés. lhando e derrubando.

Carrega objetos sem perder o equilíbrio. Está aprendendo a conviver com outras crian-
ças, mas ainda manifesta sentimentos de pos-
Corre bem. se. Como dito anteriormente, isso também
dependerá muito dos valores da família e da
Reconhece algumas cores. oportunidade de viver experiências onde seja
necessário compartilhar objetos e espaço.

A criança de... 3 anos


Adiciona à linguagem detalhes como adjetivos.
Busca maior autonomia. Por exemplo, pode
Consegue manter a atenção por períodos mais recusar ajuda para tomar banho ou se vestir.
longos ao ouvir uma história, por exemplo.
Tem habilidade motora para tocar instru- perceber a lateralidade da criança.
mentos musicais simples, como o tambor
ou a gaita. Isso também pode se desenvol- A criança de 2 a 3 anos que tiver uma boa orien-
ver mais cedo. tação dos pais tenderá a sair dessa fase segura
de si mesma, feliz com suas novas conquistas e
É ágil, podendo realizar duas atividades ao orgulhosa, ao invés de tímida. É muito impor-
mesmo tempo. Por exemplo, chutar a bola tante as figuras de referência serem suporte
enquanto corre. afetivo para promover a autonomia da criança
e desenvolver esse sentimento de segurança
Busca maior independência dos pais. (apego seguro). Isso terá importantes repercus-
sões nos momentos seguintes do seu desen-
Relaciona-se melhor com os outros. volvimento. Talvez essa seja uma das maiores
conquistas dessa etapa. E essa é uma conquista
Diz o seu nome completo. de ambos, pais/cuidadores e criança.

Nomeia três ou mais objetos numa figura. É importante lembrar a importância de incen-
tivar a autonomia das crianças nessa fase, mas
Está descobrindo as diferenças entre meni- isso não pode ser sinônimo de indisciplina. É
no e menina. comum que as crianças de 2 ou 3 anos façam
cenas de birra em casa ou no meio da rua, se
A menina tende a imitar o comportamento recusem a dar a mão para atravessar a rua, e
da mãe e o menino o comportamento do digam ‘’não’’ com muita facilidade.
pai e revela se é destro ou canhoto. No en-
tanto, pistas quanto à lateralidade podem Cabe aos pais e professores explicar, com fir-
ser identificadas mais cedo. Qual a perna meza e carinho, o que a criança pode ou não
e o braço de força é geralmente utilizado pode fazer, sem impedir que ela se desenvolva.
pela criança? Em que ouvido coloca o tele- A superproteção também atrapalha, e muito, o
fone? Que olho opta para ver uma luneta? desenvolvimento infantil e torna a criança pas-
A resposta a essas perguntas irão ajudá-lo a siva, insegura e dependente dos pais.

{ 38 Entendendo o desenvolvimento infantil: contribuições das neurociências e o papel das relações afetivas para pais e educadores | 2017 | 39 }
Brincadeiras para promover o Praxia (movimento intencional, organizado, com
um determinado fim). Por exemplo, pentear os
desenvolvimento de crianças de cabelos.
2 a 3 anos Desenvolver sua memória e imaginação.
Melhorar sua habilidade para observar e imitar
O objeto fantasma posturas e movimentos.
Esta brincadeira aproveita a capacidade de Ensiná-las por meio do exemplo e da imitação.
imitar e a imaginação de nossas crianças.
1. Para começar, dizemos ao pequenino que Variações
ele vai nos imitar.
Também podemos brincar de imitar o que
2. Na primeira vez, podemos fingir, por o outro faz: gestos, movimentos, etc. Brin-
exemplo, que estamos bebendo um copo cadeira do tipo “seguir o mestre” ou “seu
d’água, e fazemos os gestos próprios des- mestre mandou dizer...”
ta ação, mas sem o copo: “Estou bebendo
água, e você?” As ações podem vir acompanhadas por Conte-me um conto
uma pequena história. É sempre bom incentivar a criança a
3. Depois, ele deve nos imitar. Então, reafir- desenvolver o gosto por livros e pela leitura
mamos como ele imita direitinho. Se estivermos com outras crianças, po- vozes e expressões faciais, compatíveis
e histórias. Nesta idade, é importante
demos fazer um pequeno círculo com as com as emoções dos personagens e o
4. Podemos também reproduzir diversas ações oferecer à criança um livro de histórias com
crianças sentadas no chão e seguirmos uma contexto da história.
cotidianas (escovar os dentes, tomar uma ilustrações de cores vivas e atraentes, com
sopa, arremessar um objeto, trocar de roupa, sequencia onde cada uma terá o seu mo-
muitos desenhos e poucas frases, para que
etc), imitadas em seguida pela criança.
mento para imitar. Pode imitar o “chefe” ou Nesta brincadeira será possível:
a pessoa que estiver à sua direita. Pode ser
ela não se canse de escutar as histórias e de
Melhorar a capacidade de concentração da
5. Devemos também deixar que ela tome a ini- muito bom fazer essa brincadeira com vá- observar as figuras.
criança.
ciativa da ação que, logo depois, imitaremos. rias crianças pois cada uma terá que aguar- 1. Pegamos um dos livros preferidos de his- Desenvolver sua memória.
dar a sua vez de brincar/imitar e também tórias do pequenino e nos sentamos com
poderá aprender com as demais crianças. Engajá-la em um mundo de faz de conta e estimu-
Nesta brincadeira será possível: ele no chão. lar sua imaginação e o seu gosto por livros.
Estimular sua criatividade e coordenação
dinâmica. Ainda em grupo, uma outra possibilidade é 2. Vamos lendo a historinha enquanto ele Desenvolver sua linguagem.
revesar apenas a vez de quem será o “mes- vai olhando as ilustrações. Desenvolver uma atmosfera de prazer entre vocês,
Contribuir com o desenvolvimento da praxia.
tre” e todas as outras crianças imitá-lo. mediada pela leitura e histórias.
3. De repente, mudamos algum trecho da
história, inventando alguma coisa absur-
da. Fazemos uma pausa para ver como a Variações
criança reage.
Podemos iniciar uma história e pedir que a
4. O mais provável é que ela reclame e diga criança continue, usando e exercitando sua
que mudamos uma parte do enredo, so- imaginação. Podemos ainda brincar com ma-
bretudo se ela já conhece bem a história. rionetes de fabricação caseira.
5. Podemos continuar a leitura e mudar al-
Se na brincadeira tiver várias crianças, cada
guma coisa, de vez em quando, para sur-
uma pode contar uma parte da história, sendo
preendê-la.
a próxima criança quem deve dar continuidade
6. É importante que a contação da história à mesma. As outras crianças podem também
seja acompanhado de diferentes tons de ajudar na construção do enredo da história.

{ 40 | Entendendo o desenvolvimento infantil: contribuições das neurociências e o papel das relações afetivas para pais e educadores | 2017 Entendendo o desenvolvimento infantil: contribuições das neurociências e o papel das relações afetivas para pais e educadores | 2017 | 41 }
Saquinhos
A criança de... 4 anos a 5 anos
estimulamos a sentar no chão ou em uma
Preparamos alguns saquinhos de plástico, cadeira sem deixar cair.
não muito grandes, com lentilhas, arroz, feijão
Nesta brincadeira será possível:
ou algo parecido dentro deles, cujo peso total
não ultrapasse 50 gramas. Fazer a criança tomar consciência do próprio
3 anos e 6 meses
1. Fazemos todas as brincadeiras e exercí-
corpo. a 4 anos Pode mostrar insegurança e retrocessos. Por
Desenvolver suas habilidades motoras básicas. exemplo: cai constantemente, pede que lhe
cios divertidos que quisermos, carregan- Veste-se e despe-se com facilidade; abotoa
Melhorar sua capacidade para controlar a deem comida.
do um saquinho cada um. botões.
postura.
Conta de 1 a 10; nomeia 6 a 8 cores.
2. Primeiro, colocamos um saquinho sobre a Ensiná-la a manter o equilíbrio. Vai ao banheiro sozinha, sem assistência de
cabeça da criança e pedimos para ela an- Ajuda-la a lidar com os sentimentos de satisfação uma adulto, durante o dia. Utiliza pronomes pessoais (“Eu bati minha
dar de um lado ao outro, sem deixá-lo cair. com a conquista e frustração com o fracasso. cabeça”).
Não usa mais fraldas.
3. Em seguida, colocamos o saquinho en- Atenção: Cuidado para que a criança não Gosta de repetir contos e poesias.
Pode manifestar medo de alturas.
tre seus joelhos e pedimos que ande introduza os grãos no nariz ou ouvido.
Conhece as 4 figuras geométricas básicas
sem derrubá-lo. Demonstra paciência ao esperar sua vez.
(círculo, quadrado, triângulo, retângulo).
Variações
4. Depois, andando e correndo, pedimos à Tem um melhor amigo.
Arremessa e agarra uma bola com as duas mãos.
criança para jogar o saquinho no ar para
Tendo várias crianças, a brincadeira pode
ver se consegue pegá-lo de volta antes Mostra-se mais sociável e se interessa por brin-
ser realizada em duplas ou mesmo no co- Alterna os pés ao subir escadas.
que caia no chão. car com outras crianças, mas pode ainda se
letivo. Será muito bom também trabalhar
mostrar possessivo em algumas situações. Sabe o nome, o sobrenome e a idade.
o sentimento de cooperação e parceria
5. E, finalmente, com a criança de pé, colo-
entre as crianças. Faz perguntas das quais sabe a resposta, para
camos o saquinho sobre sua cabeça e lhe
reafirmar seus conhecimentos.

{ 42 43 }
Brincadeiras para
a estimulação de
crianças de 4 anos
Quem será? Nesta brincadeira será possível:
Essa brincadeira ajuda a criança a expressar
suas preferências e refletir sobre as escolhas Aprender a tomar decisões em diversas
situações.
que se faz (ela e o outro).
Aprender que quando tomamos uma
1. Convidamos as crianças para formar um decisão, pensamos previamente nos motivos/
círculo. Justificativa das escolhas (desenvolvimento
das funções executivas).
2. Observamos o vestuário das crianças e di- Desenvolver a escuta e a aguardar a sua
zemos: Vejo uma criança vestindo “calça vez de falar.
marrom”, quem é essa criança? Desenvolver atenção (rastreio e seleção) ao
buscar identificar quem está com determina-
3. Pedimos às crianças que identifiquem o da peça de roupa.
4 a 5 anos colega. Quem veste a peça citada explica-
Aumentar vocabulário.
rá porque escolheu usá-la neste dia.
É independente e toma a iniciativa, porém, sinada, claro, como a maior parte das demais
pode manifestar insegurança e medos sociais. É competências. 4. O jogo continua com a identificação das Variações
muito importante a presença de uma figura de crianças e suas explicações.
Confunde realidade com fantasia e, às vezes, Podemos elaborar um quadro mostrando
apego que a ajude a superar tais sentimentos.
parece mentir, contudo, na maioria das vezes, 5. Colocamos as respostas em um quadro, as diferentes formas de vestir de acordo
Veste-se e despe-se sem ajuda; amarra o cor- são apenas relato de sua imaginação. relacionando o nome da criança e sua jus- com local/situação (praia, campo, aula, ani-
dão dos sapatos. tificativa, e analisamos as respostas: esco- versário, casamento, etc.). Podemos mos-
Sabe o endereço e o telefone de casa. trar trajes de culturas diferentes, fazendo
lhemos pela cor, conforto ou pela ativida-
Tem noção de perigo. de que iriamos realizar. relação com o costume religioso ou clima.
Utiliza advérbios de tempo: hoje, ontem, ama-
Gosta da ordem e do cuidado, embora possa nhã, agora, cedo, antes, etc.
fazer birra quando contrariado.
Aprende e recita poesias, gosta de adivinha-
Gosta de estar em casa com a família, mas ções, rimas, canções e trava-línguas.
também interage com outras crianças.
Faz leituras através de pictogramas (imagens/
Expressa e controla melhor seus sentimentos desenhos/figuras sem texto).
e emoções, demonstrando espontaneamente
Reconhece e nomeia 8 a 12 cores, combinan-
afeto, mas pode ter mudanças repentinas de do-as para obter novos tons.
humor e comportamentos agressivos, sobre-
tudo quando frustrado. Classifica objetos mediante 2 ou 3 qualidades:
forma, cor ou tamanho.
Incorpora normas sociais, mostrando regras
de educação: cumprimenta, despede-se, diz Utiliza a tesoura com grande destreza e recor-
“por favor” e “obrigado”, desde que seja en- ta círculos.

{ 44 | Entendendo o desenvolvimento infantil: contribuições das neurociências e o papel das relações afetivas para pais e educadores | 2017 Entendendo o desenvolvimento infantil: contribuições das neurociências e o papel das relações afetivas para pais e educadores | 2017 | 45 }
Jogo das cartas
Essa brincadeira ajuda a criança a interiorizar
lições do convívio social através do jogo com
cartas do baralho.

1. Dividimos as crianças em grupos de até


5 jogadores e as convidamos para senta-
rem-se em círculo, em cada grupo.

2. Distribuímos as cartas de 1 (Ás) a 8 (orga-


nizar as cartas para cada grupo); distribuí-
mos 3 cartas para cada jogador. Jogo da casinha
Podemos simular uma casa com caixas de
3. Antes de começar o jogo será importante papelão, lençóis/toalhas de mesa, cadeiras
explicar as regras. Será necessário cada e mesas, colchonetes e/ou almofadas, e
jogador combinar a sua carta com a carta representar uma família.
que estiver na mesa, podendo combinar
com o número ou o naipe. Será necessá- 1. Motivamos e ajudamos as crianças a
rio explicar o que é o naipe e garantir a montarem uma casinha com os recursos
compreensão por parte da criança antes
de iniciar o jogo.
citados, convidando-as a participar da ar-
rumação dos cômodos. A criança de... 5 anos
4. Explicamos que o primeiro a jogar é quem 2. Solicitamos voluntários para represen- Distancia-se das suas figuras de apego com Os medos noturnos são muitos frequentes,
distribui, e a vez seguinte é do jogador da tar os diferentes papéis: mãe, pai, filhos, maior facilidade. devido à grande imaginação.
esquerda. avós, etc.
Dá solução rápida aos seus problemas, embo- Tem um vocabulário de mais de 2.200 palavras,
5. Exemplificamos: se eu jogar 8 de copas, 3. Deixamos que as crianças criem a consti- ra com respostas poucos lógicas. pronuncia e articula corretamente; utiliza cor-
o próximo poderá jogar um 8 de outro tuição familiar. retamente os gêneros feminino e masculino.
naipe ou qualquer carta de copas. Terá Fortalece suas relações de amizade, esco-
que combinar ou com o número ou com 4. Perguntamos: O que vai acontecer pri- lhendo-as por afinidade. Reconhece as letras de seu nome e o escreve.
o naipe. meiro? E depois? Devemos observar o
comportamento das crianças. Desenvolve o jogo regrado e competitivo, Nomeia as diferentes partes do seu corpo, lo-
6. Ganha o primeiro jogador que ficar sem sua conduta egocêntrica tende a diminuir ou caliza coração e estômago.
cartas. 5. Devemos observar e motivar a participa- desaparecer.
ção de todas as crianças, mesmo as que Conta histórias conhecidas sem esquecer de-
Nesta brincadeira será possível: mostram timidez e indiferença. Mantém um amigo imaginário na dramatiza- talhes, podendo dar a elas um final diferente.
ção com seus brinquedos.
Aprender a participar, colaborar e respeitar os Nesta brincadeira será possível: Identifica as direções direita e esquerda.
colegas e as regras em atividades de grupo. As regras morais são decretos inalteráveis
Aprender a classificar as cartas pelo seu for- Aprender a participar, colaborar e respeitar os dados por uma pessoa de autoridade. Por Monta um quebra cabeça com mais de 12
mato, cor e quantidade (desenvolvimento da colegas e as regras em atividades de grupo. exemplo: “Não pode porque meu pai disse”. peças.
categorização) e flexibilidade de pensamento. Expressar sua visão de mundo através do jogo
Desenvolver a capacidade de aguardar a sua dramatizado. Adquire normas de comportamento sociocul- Pinta sem fugir das bordas das figuras.
vez de jogar. Desenvolver a compreensão dos diferentes tural: higiene pessoal, consciência socioam-
Lidar com diferentes emoções (ganhar e perder). papeis nesse contexto social. biental, ordem e cortesia.

{ 46 Entendendo o desenvolvimento infantil: contribuições das neurociências e o papel das relações afetivas para pais e educadores | 2017 | 47 }
Brincadeiras para a estimulação 5. Se a garrafa apontar para uma criança Roleta de amizades 2 5. Pedimos um voluntário para iniciar os
que já foi descrita, a vez será da criança comentários. Se nenhum se manifestar,
de crianças de 5 anos da direita (para ser descrita).
Mostramos às crianças imagens de pessoas
a atividade pode ser iniciada pelo adulto
diferentes (cor, etnia, religião, portador
que conduz a atividade.
de necessidades especiais, etc.) e assim
Roleta de amizades 1 6. Será muito importante a mediação do
conversamos sobre inclusão.
Podemos fortalecer os laços de amizade e adulto de modo que todas as crianças sin- 6. Escrevemos as respostas no quadro, que
confiança entre as crianças. tam-se descritas de forma positiva pelos deverá indicar: o personagem, a criança,
1. Pedimos às crianças que formem um cír-
colegas. semelhanças e diferenças.
culo.
1. Pedimos as crianças que se sentem no
chão e formem um círculo. Nesta brincadeira será possível: 7. Depois de escrevermos todas as respos-
2. Distribuímos os cartões com imagens/
Conhecer melhor os amigos. tas, discutimos com o grupo, enfatizando
fotos de pessoas com necessidades es-
2. Explicamos que elas vão jogar uma roleta a igualdade de direitos, o respeito, a bele-
Desenvolver a confiança em si e nos outros. peciais e diversas etnias, religiões e níveis
com uma garrafa plástica. É interessante za da diversidade do mundo.
Aguardar a sua vez de falar. econômicos.
colocar alguma coisa dentro da garrafa para
que ela fique um pouco mais pesada para Expressar-se em “público” e lidar com uma pos- Nesta brincadeira será possível:
3. Solicitamos que os observem atentamen-
girar bem. sível timidez.
te e encontrem coisas em comum entre Desenvolver valores e regras de comporta-
Aprender a ponderar sobre o que deve ser dito mento individual e social.
ela e a pessoa da foto/imagem.
3. Apresentamos a atividade: uma criança para não magoar o coleguinha (empatia).
Refletir sobre a aceitação e o respeito às dife-
deve girar a garrafa; quando a garra-
4. Em seguida, identificamos as diferenças: renças culturais, religiosas e econômicas.
fa parar, a criança que girou deve falar Variações No que ela difere de você?
algo sobre a criança para quem a garra-
fa aponta: Do que ela gosta de brincar? Outra forma de brincar é combinar que a
Quantos irmãos ela tem? Etc. A criança criança que girar a garrafa poderá falar
que foi descrita pode completar as res- uma característica que gosta na criança
postas do colega. apontada pela garrafa.

4. Todas as crianças devem girar a garrafa e


todas devem ser descrita por um colega.

{ 48 | Entendendo o desenvolvimento infantil: contribuições das neurociências e o papel das relações afetivas para pais e educadores | 2017 Entendendo o desenvolvimento infantil: contribuições das neurociências e o papel das relações afetivas para pais e educadores | 2017 | 49 }
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