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Revisão de Hermenêutica (P2)

I – FORMAS DE INTERPRETAÇÃO

Autor da interpretação: Sujeito; Norma/lei: Objeto.

1. INTERPRETAÇÃO PÚBLICA

1.1. Autêntica:

Interpretações elaboradas pelos próprios autores da lei e/ou pelos


órgãos competentes para tais ações legais (entendimento do próprio
legislador).

1.1.1. Considerações:

 Tautologia da interpretação, pois a interpretação é a exposição da


própria lei;

 É apenas uma nova lei e não uma interpretação (a interpretação


compete à esfera judiciária).

1.2. Judicial:

Interpretações particularmente geradas no poder judiciário (decisões


tomadas pelos juízes). Tem responsabilidade de compreender e interpretar a lei
para aplicar. Pode ser entendida como fonte do direito se, e somente se,
firmada como jurisprudência.

1.3. Administrativa:

1.3.1. Conceito

Tem como origem os agentes públicos, particularmente o Poder


Executivo. Sendo:

1.3.1.1. Regular

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Aquelas realizadas pelos órgãos públicos, notadamente a administração
do Poder Executivo Federal, Estadual ou Municipal, realizada pelos órgãos
públicos. Diretamente pelo funcionário público.

1.3.1.2. Casuística

Aquelas resultantes dos pareceres que são realizados pela consultoria


jurídica do órgão público. Tais consultas têm por objetivo dar certa garantia ao
administrador público para a efetiva aplicação da norma jurídica. Realizadas
por consultas ao órgão jurídico (assessorias, orientações). Ex: cargo de
confiança.

2. INTERPRETAÇÃO PRIVADA OU DOUTRINAL

Interpretação por excelência, hermenêutica jurídica em sua plenitude.


Porque, pelas compreensões e interpretações realizadas pelos juristas é que
se pode organizar ou sistematizar determinada doutrina do Direito em relação a
essa ou aquela norma jurídica, como também essa ou aquela lei (sustentar a
interpretação por simples poder de Autoridade).

Doutrinadores, historiadores que estudam e publicam as coisas.

Pode caracterizar-se como aquela que tem sua formatação e


conformação com o rigor científico. O Direito é colocado na condição de ciência
social: elaboração da hipótese, argumentação lógica e conclusões coerentes.
Justifica-se por exposições teóricas e/ou praticas.

2.1. Importante

O Juiz só pode formar sua opinião dentro dos limites estabelecidos pela
lei. Ex: pena de morte não pode no Brasil (há uma lei superior à vontade do
Juiz).

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II – PROCEDIMENTOS INTERPRETATIVOS:

Métodos, modos ou técnicas aplicadas que fazem uso de parâmetros


que se intercalam, mesmo porque não há como fazer uso de uma única forma
de interpretação.

Não há como fixar-se no caráter gramatical e ignorar a lógica. Ou, ainda,


aplicar o procedimento histórico e deixar de lado os valores socioculturais.

1. PROCEDIMENTO GRAMATICAL

O “sentido léxico” sempre será aplicado. O Direito e o Jurídico firmam-se


em discursos. Portanto, não há como excluir o estudo hermenêutico na
perspectiva gramatical, da linguística.

Assim, a marca maior no inicio de um processo jurídico hermenêutico é


a compreensão do texto legal a partir das referências linguísticas. Aplica-lo ao
interpretar as leis, suas palavras e escrita.

Tanto o legislador, quanto o intérprete, devem estar na mesma esfera de


compreensão para ocorrer efetivamente a compreensão do sentido da palavra
em determinado texto ou contexto. Devem-se analisar todas as palavras. É
uma concepção hermenêutica pelo sentido e significado das palavras.

2. PROCEDIMENTO LÓGICO

É a “conduta de pensamento racional”, sabendo que lógica não é


sinônimo de verdade e nem de evidência.

A lógica formal tem por preocupação os raciocínios validos e não


validos.

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A lógica é uma conduta de pensamento racional que estabelece a
conclusão na esfera da certeza, mas não da verdade e segue o principio da
não contradição.

Pode-se entender que a lógica é um modo de ordenar a percepção


mental do mundo, no sentido de que os princípios da lógica formam o
parâmetro para organizar aquilo que se raciocina em termos de coerência; é
um instrumento que permite a coesão e coerência na emissão dos juízos, além
da compreensão daqueles que recepcionam tais emissões.

2.1 Princípios da lógica:

- Identidade: A norma jurídica é norma jurídica;

- Não contraditório: A norma jurídica não pode ser não norma jurídica;

- Terceiro excluído: Ou é norma jurídica ou não é norma jurídica.

3. PROCEDIMENTO TELEOLÓGICO:

A posição teleológica sustenta-se na intencionalidade do enunciado, que


tem como referência o significado da norma jurídica no tecido social tanto no
presente quanto no futuro.

Ela firma-se nos fins que motivam a elaboração da norma/lei. A


concepção teleológica, portanto, permite (como não poderia deixar de ser)
estabelecer relação com o ordenamento jurídico.

A concepção teleológica apreende e expressa o conjunto dos fins


socioculturais, e, por consequência, valorativos do próprio ordenamento jurídico
e assim possibilita as análises dos casos concretos e individuais de modo mais
amplo.

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4. PROCEDIMENTO SISTÊMICO

É o “conjunto de leis”, analisa mais de uma lei.

A sistêmica está intimamente vinculada com as interpretações do


conjunto de outras leis que possuem o mesmo objeto de natureza legal.

É nesse sentido que adquirem relevância a concepção de ordenamento


jurídico na sua mais ampla acepção.

5. PROCEDIMENTO HISTÓRICO

Sua análise está no “contexto histórico” da norma, na evolução da lei no


tempo.

6. PROCEDIMENTO VALORATIVO

Muito próximo do Procedimento Histórico, é aquele cuja importância está


nos “valores sociais, no contexto sociocultural”.

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III – TIPOS DE INTERPRETAÇÃO

1. INTERPRETAÇÃO DECLARATIVA

Compatibilidade entre o texto legal e os fatos, sem maiores


“obstáculos” / controvérsias. Encontra amparo no próprio dizer da lei, isto é, há
uma adequação do que é expresso pelos termos utilizados para expressar o
direito e a aplicação no caso concreto. Ex: código militar é do militar e não do
professor.

2. INTERPRETAÇÃO EXTENSIVA

Ampliar a aplicação da lei nos casos em que se verifica a possibilidade


de que, apesar de não explicitada na lei, haver pressuposições implícitas no
sentido de natureza do caso em que se pretende aplicar. É extensiva no
sentido de que é possível estender o sentido da letra da lei (o que ela diz). Ex:
aplicar a Lei Maria da Penha a um homem.

3. INTERPRETAÇÃO RESTRITIVA

“Apreender/restringir a legislação no sentido de colocar limites na própria


legislação”. Tal restrição possui como justificativa inibir consequências e/ou
resultados que, de forma direta e/ou indireta, possa causar sérios prejuízos no
momento da aplicação. Ex: uma lei criada para o período eleitoral terá vigência
somente no período eleitoral.

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IV – RAZOABILIDADE E PROPORCIONALIDADE NO DIREITO

1. RAZOABILIDADE

“Indica o que é razoável, aquilo que é da razão”. O Principio da


Razoabilidade indica a existência de uma atitude de ponderação, equilíbrio,
sensatez, como algo atrelado à razão. É uma conduta de bom raciocínio. A
razoabilidade é um instrumento jurídico que possibilita a ponderação justa,
devendo também ser analisado o fator de ordem social, cultural e até político.
Ex: Índios tem um modo diferente de vida do nosso, tem que ser considerado o
fator de ser indígena.

2. PROPORCIONALIDADE

“Para aplicação da dose da pena”. O princípio da proporcionalidade é


fundamental na elaboração das sentenças judiciais, nas tomadas de decisões
judiciais. O significado de proporcionalidade na esfera jurídica é a medida para
que ocorra com eficiência uma proporção justa na aplicação do Direito aos
casos concretos. É um instrumento que possibilita garantia na aplicação do
Direito, medida de ponderação.

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V – DISCURSO JURÍDICO

Em relação ao discurso jurídico, Pierre Bourdieu desenvolve sua análise


considerando o Direito um “poder simbólico” por excelência, ou seja, o discurso
do Direito tem o “poder” de nomear as coisas (é inerente à capacidade de
criação).

1. EFICIÊNCIA OU EFICÁCIA SOBRE O DISCURSO JURÍDICO

A eficiência ou eficácia do discurso jurídico tem relação com o modo pelo


qual as normas jurídicas são interpretadas e aplicadas aos casos concretos. O
poder simbólico do discurso jurídico, ou seja, o poder de nomear, criar as
coisas e institutos do Direito, é legitimado por um processo de crença,
confiabilidade, que pode ser extraído do próprio ordenamento jurídico.

2. ARGUMENTAÇÃO JURÍDICA

Trata-se de uma importante ferramenta do neoconstitucionalismo e tem


como base e fundamento a qualificação das regras e a distinção com os
Princípios.

O Direito não pode ser estudado como um ‘’produto acabado’’, como um


produto da própria existência da lei, e isso significa que o estudo do Direito e a
análise dos casos concretos devem ser realizados através do Processo Judicial
até se chegar à Decisão Judicial.

Durante o trâmite processual, a utilização das Técnicas de


Argumentação Jurídica é fundamental para formarem o convencimento dos
juízes e até mesmo dos jurados nas Decisões do Tribunal do Júri.

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QUADRO RESUMO

Tipos:
1- Autêntica; (Próprio Autor)
2- Judicial; (Poder Judiciário)
3- Administrativa. (Poder
INTERPRETAÇÃO PÚBLICA Executivo)
3.1. Regular (Agentes
Públicos)
3.2. Casuística
(Consultorias)
INTERPRETAÇÃO PRIVADA OU
1- Feita Pelos Estudiosos.
DOUTRINAL
1- Gramatical (Sentido Léxico =
“Ao Pé da Letra”)
2- Lógico (Razão)
PROCEDIMENTOS
3- Teleológico (Intencional)
INTERPRETAVIVOS
4- Sistêmico (Em Conjunto)
5- Histórico (Temporal)
6- Valorativo (Cultural)
1- Declarativa (O Que Está
Escrito)
2- Extensiva (Com Base na
TIPOS DE INTERPRETAÇÃO
Adequação)
3- Restritiva (Com Base na
Limitação)
RAZOABILIDADE E
1- Razoabilidade (Bom Senso)
PROPORCIONALIDADE NO
2- Proporcionalidade (Peso)
DIREITO
1- Eficiência ou Eficácia (Atingir a
Finalidade)
DISCURSO JURÍDICO
2- Argumentação (Fundamentar,
embasar)

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