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Doutora em Filosofia da Educação, professora da Universidade Federal do Pará do Instituto de Educação Científica
e Matemática. Email: mrb@ufpa.br
ALEGRAR nº09 - jun/2012 - ISSN 18085148
www.alegrar.com.br
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ABSTRACT: Anti-traditionalist, the modernity was an age of great discoveries and revolutions
in the culture, in the thinking and in the sciences. The modern age offered a new type of
knowledge or truth that, passing through the sieve of reason and method could lead to an
understanding of the real world. Thus the modernity established a new standard of rationality.
With it, the men believed in the power and in the strength of their interventions in the world
through their enlightened reason, becoming lords of themselves and nature, for the reason,
substantial unity, was the only source of truth and knowledge. Time of great changes that
included the Descartes‟ cogito, ergo sum (I think, therefore I am). That thinker found inside
himself the safe refuge for that the “I” can get the undoubted truth and certainty. The rational
and scientific spirit brings with it the idea of a conscious, autonomous and self-centered subject.
Then, the subject is affirmed and, through reason, conscience, can build the processes of
representation of the world. This perspective drew a kind of unaltered pattern of subjectivity
that marked a whole way of thinking and understanding and that established, of one form or
another, certain modes of life for the subjects. This essay works with new way of thinking that
privileges the difference as a form to contribute to the establishment other perspective and
understanding of the subjectivity, no longer unified, essentialized, and universal, but in motion,
and displacement. Thus, the textual scripture answers the following questions: why Deleuze and
Guattari reject the idea of subjectivity embedded in the representation model? How can you
think of the idea of subjectivity through concept of deterritoriality? What would be a
deterritorialized subjectivity? What possible ways and expressions can the subjectivity
introduce in the life and existence of someone who practices it? What is mode of existence
asserted by it? The hypotheses developed in this essay is that Deleuze and Guattari make an
effective rejection of the idea centered and unified subjectivity, of an “I”, lord himself, because
it denies the complexity of the change of the life and existence. The concept of deterritoriality
and its inference combined with the idea of deterritoriality subjectivity will be treated in
opposition to the idea of the unified and universal subjectivity, in order to envision a new way
of existence that runs through the creativity and constitution of a kind of singularity and
subjectivity beyond the identity logic. Thus, the deterritorialized subjectivity operates on
connections, heterogeneous flows, movements, displacements and folds. This essay also uses
the works of Escher and René Magritte to illustrate what Deleuze and Guattari presupposes on
subjectivity in motion, because the art of these artists split with the interiority, universality,
unity and centrality of a subjectivity stuck by identity to think the idea of subjectivity in relation
to the other, with alterity. Deleuze and Guattari, artisans of one kind of subjectivity that goes
beyond the representation logic establish the outside line to think of new ways of intensity in an
opposition movement to the encodings, stabilized models, to think of other modes of life
affirmation. Hence the idea of a deterritorialized subjectivity, for the deterritorialization
promotes the life, because it works by creating and recreating other movements / displacements
beyond what was given.
ESCRITURA I
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Deleuze entende que o pensamento da representação foi sendo profundamente formado por uma imagem dogmática
(da identidade e da semelhança) e que tal imagem influenciou significativamente os padrões lógicos de entendimento
e de significação acerca do mundo e da vida. Tal proposta de pensamento reconhece uma espécie de imagem
recognitiva, da adequação e designação do que é, que tende a gozar de uma natureza reta e moralizante, bem como
do exercício de uma prática ascética e de mortificação do corpo e da linguagem. Essa imagem tende a difamar tudo o
que seja devir na existência e procura um telos, um porto seguro, uma ancoragem, negando o despertar da potência
criadora da vida. Assentado em bases moralizantes, o pensamento da representação é configurado em sua severidade
identidária, o que leva a uma vida cansada e enfadonha. Tal pensamento se estabelece pela identidade, pela oposição
ao predicado, pela analogia no juízo e pela semelhança na percepção. O pensamento da representação “se define
por essas quatro dimensões que o medem e o coordenam” (DELEUZE, G. 2006, p. 365).
Dessa forma, sendo o sujeito o ponto de partida para o conhecimento, ele deve
ser necessariamente quem pensa, quem conhece e quem fomenta suas “percepções
claras e distintas da mente” (COTTINGHAM, 1986, p. 21). O sujeito é o centro
unificador da certeza, e é a partir daquilo que está no sujeito que se pode saber o que é
conhecimento, mas não qualquer conhecimento, mas aquele que pode ser chamado de
verdadeiro, pois a sua ideia dominante é clara, “a verdade, muito longe de estar envolta
em mistério, era facilmente acessível ao intelecto” (COTTINGHAM, 1986, p. 39).
Então, o sujeito é o próprio pensamento, o eu pensante, sendo o único princípio
fundamental do conhecimento.
O mundo material terá que ser demonstrado no intelecto, na ideia, como bem
sugere o pensamento de Descartes. Dessa forma, as ideias são o ponto de partida da
verdade. O sujeito assume a função ordenadora do conhecimento, sendo ele, o núcleo da
certeza. Assim, como se pode observar, a verdade no mundo moderno não é mais
revelada, ela é tecida por um pensamento racional, por um cogito, ao modo de
Descartes, que tem certeza de sua identidade, que é pensamento, que se efetiva pela
interioridade do eu penso, de tal maneira que ele chega na segunda meditação de sua
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O conceito será esclarecido durante o desenvolvimento deste ensaio.
ESCRITURA II
Para Deleuze e Guattari, a subjetividade é uma trama que não está dada, mas que
está em composição contínua com diferentes arranjos, sendo assim, ela não está na
ordem do “identificado”, como uma espécie de moldura formatada e fixada que leva à
padronização do indivíduo a ser conhecido e reconhecido, pois “a subjetividade não é
passível de totalização ou centralidade no indivíduo” (GUATTARI, F; ROLNIK, S,
1996, p. 31). Dessa forma, sem dúvida, é possível dizer que não há algo invariante na
subjetividade para ser preenchido independentemente das variações e ocorrências do
mundo histórico, econômico, cultural e social. Assim, ela não é um “tesouro”, também
não pode ser vista como algo “secreto” que faz parte do interior do indivíduo, nem está
intacta, inata, nem está lá somente para ser desvelada ou descoberta. Portanto, não há
nenhum “eu” que sendo pensante detenha o critério de tudo o que seja verdade, certeza,
que leva a transformar o “eu” em subjectum, em um fundamento de toda a
representação, que seja a unidade, o centro, o limite fundador, como sugere o
pensamento moderno.
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Sobre essa questão conferir a séria -“Das singularidades”, na obra Lógica do Sentido, de Gilles Deleuze.
A subjetividade não pode ser vista por limites, por unificações e nem por
centros, o que efetivamente facilitaria a dominação, o controle, pois as forças
repressivas sempre tiveram a necessidade de nomear, atribuir eus classificados,
indivíduos determinados, modelados, registrados, sobre os quais pudessem exercer a sua
dominação. Assim, para Deleuze, quando se torna um pouco líquido, movente, quando
se deixa de furtar as caracterizações do eu unificante, o controle é mais difícil. Deleuze
deseja vazar, perfurar o que parece sólido e unificante, por isso ele usa a ideia de
individuações impessoais, singularidades pré-individuais, não mais o sujeito. Assim, as
singularidades impessoais não são identidades e nem interioridade, essas singularidades
são perfuradas e se fazem pela exterioridade, pelo fora e pelas intensificações criadoras.
Os acontecimentos do incorporal fazem transbordar o que passa em si mesmo, mesmo
quando opera por velocidades diminuídas. É por isso que Deleuze não fala de sujeito,
pois...
Se não existe sujeito, indivíduo, pessoa, não existe uma unidade e nem uma
universalidade edificante, tudo comporta uma subjetividade que se movimenta em sua
subjetivação, em sua singularização, a sua possível interioridade é o exercício do fora
que vai dobrando sobre si mesmo, para além da moralidade imposta. Sendo assim, a
subjetividade não se submete ao controle quando não se deixa fixar em um território,
quando não se permite à segmentarização. Deleuze entende que é necessário perder-se,
pois a vida não tem nada de pessoal. Como diz...
ESCRITURA III
Quem agora?
(Samuel Beckett)
É por isso que a subjetividade proposta por Deleuze e Guattari sofre devir, que
não é “uma correspondência de relações, nem tampouco o devir “é ele uma semelhança,
uma imaginação e, em última instância, uma identificação. (...) Devir não é progredir
nem regredir segundo uma série” (DELEUZE, G; GUATTARI, F. 2007, p. 18). Ele não
é uma evolução, não é uma continuidade, da mesma forma, a subjetividade não pode
ser vista como uma linha progressiva, uma evolução, tal como o devir ela é da ordem da
aliança, da involução, antes, é efetivamente criadora, tudo se processa pelo meio e não
pelos extremos. Com isso, a subjetividade não deixa de promover uma perspectiva
rizomática7, pois as ramificações não têm início e também não se sabe o fim. Ela sem
dúvida está na ordem da legião, pois como dizem Deleuze e Guattari “não nos
interessamos pelas características; interessamo-nos pelos modos de expansão, de
propagação, de ocupação, de contágio, de povoamento. Eu sou legião” (DELEUZE, G;
GUATTARI, F. 1997, p. 20). E dizem ainda “Essas multiplicidades de termos
heterogêneos, e de co-funcionamento de contágio, entram em certos agenciamentos e é
neles que o homem opera seus devires..” (DELEUZE, G; GUATTARI, F. 1997, p. 23),
tal como a imagem de Magritte.
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Cf: DELEUZE, G. e GUATTARI, F, Mil Platôs, v. 1. Nesse volume os autores mostram o que entendem pelo
termo.
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A subjetividade vista por esses dois pensadores está na ordem da expressão, dos
modos de existência. Essa expressão pode ser observada, por exemplo, na obra de
Escher, que sem dúvida soube promover uma espécie de subjetividade em movimento,
em deslocamento, experimentadora de vida e de plasticidade. Na sua obra „Encontro”
(1944), observa-se uma paisagem-corpo ou corpo-paisagem em multiplicidade, em
devires, mostrando deslocamentos, ilusões, obrigando aquele que observa a sair da
matriz conceitual identificante, da fixidade, convidando o observador a fissurar as
estruturas organicistas e a exaltar os paradoxos, as diferenças, as metamorfoses. Esse
jogo plástico produzido por Escher remete ao questionamento de quem seja o sujeito, há
algum? E se há, qual a sua matriz? Aqui ele é posto em questionamento e vibração, pois
Escher quebra com as hierarquias, com as dominações e promove novos jogos de
subjetividade em que não se pode dizer onde é o começo tal como sugerem os dois
filósofos aqui trabalhados. Os corpos, as imagens, sofrem deslocamentos contínuos, nos
quais o suposto “sujeito” parece desaparecer, parece haver apenas um efetivo exercício
de constituição, de experimentação e aliança.
ESCRITURA IV
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Sigla criada por Deleuze e Guattari para representar o nome “corpo sem órgãos”. Para um maior esclarecimento do
termo é interessante conferir os seguintes textos: LINS, Daniel. A metafísica da carne: que pode o corpo. In:
Nietzsche e Deleuze: que pode o corpo. Daniel Lins e Sylvio Gadelha (orgs), Rio de Janeiro: Relume Dumará, 2002,
p.67, 80; LAPOUJADE, David. O corpo que não agüenta mais. In: Nietzsche e Deleuze: que pode o corpo. Daniel
Lins e Sylvio Gadelha (orgs), Rio de Janeiro: Relume Dumará, 2002, p.81, 90; GIL, José. O corpo paradoxal. In:
Nietzsche e Deleuze: que pode o corpo. Daniel Lins e Sylvio Gadelha (orgs), Rio de Janeiro: Relume Dumará, 2002,
p.131, 147.
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A questão reside em saber o que pode o corpo, como deve manter seus
mecanismos de defesa, de resistência, como suportar certas inferências para depois
encontrar sua força, pois seus agenciamentos não são sem dor e sem conflitos. Esse
corpo, que é um povoamento, precisa também construir mecanismos de resistência
quando opera a dobra. Porém, construir um processo de defesa do sofrimento, da dor,
não é se manter distante e receoso ao seu enfrentamento, pois é na sua exposição com o
fora que o corpo aumenta sua potência. É na altura do mais sutil, do mais baixo, que
pode estar presente a fortaleza do corpo sem órgãos, assim, dizem Deleuze e Guattari, o
corpo sem órgãos “Não é uma noção, um conceito, mas antes uma prática, um conjunto
de práticas. Ao Corpo sem Órgãos não se chega, não se pode chegar, nunca se acaba de
chegar a ele, é um limite” (DELEUZE, G; GUATTARI, F. 2006, p.9). Ele é um
exercício de força, de interação com o mundo, e só pode exercitar a sua potência quando
deseja a vitalidade. Diz Daniel Lins que “O CsO não cessa de desfazer o organismo, de
fazer passar partículas a-significantes, intensidades puras. O CsO é uma espécie de
máquina abstrata à qual só os agenciamentos importam.” (LINS, D. 2004, p. 74).
ESCRITURA FINAL V
efetivamente alargado, mas não se pode escapar dos deslizamentos quando se mergulha
nas águas do pensamento da diferença.
O ensaio de forma alguma tem a pretensão de fechar a interpretação e nem de
afirmar que ele deve ser o caminho da leitura para essa questão. O que se pretende é
provocar inferências e exercitar o pensamento, assim como novas maneiras de escritas.
Espera-se que essa reflexão possa contribuir para se repensar a ideia de
subjetividade unificada, assim como contribuir para repensar a ideia de identidade, de
unidade do ser, para navegar em outros mares, em outros modos de subjetivações, para
traçar outros mundos possíveis afirmados pela força e pela potência alegres. Sem
dúvida, isso pode ser uma nova linha de fuga mais condizente com o humano e com a
vida. Por isso, o fundamental é se por à experimentação. Experimente! Experimente
novos modos de vida. É essa a exigência sugerida por Deleuze e Guattari, mas que não é
fácil diante de uma vida padronizada sob o solo da mediocridade, da moralidade e da
identidade.
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