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Índice
Prefácio ....................................................................................................... 5
1. Agora É a Hora de Amar ........................................................................ 7
2. Quando Há Amor no Lar ....................................................................... 15
3. Comunicar ou Explodir ........................................................................ 21
4. Tal Pai, Tal Filho ................................................................................... 30
5. Tornando Espiritual a Vida da Família .................................................. 36
6. Cortesia — Captada e Ensinada ............................................................. 44
7. Conseguindo Que os Filhos Ajudem em Casa ....................................... 51
8. Os Pais Ensinam Sobre o Sexo .............................................................. 59
Dedicatória
A Betty, minha esposa,
que ajudou a tornar possíveis estas páginas,
e a nossos filhos,
John, Sandra, Rose, Joseph e David,
que são quem melhor conhece como falhei
alcançar totalmente as metas compartilhadas aqui,
e também como é profundo
o meu desejo de cumpri-las
de forma mais plena.
Prefácio
É PROVÁVEL que nenhum segmento da sociedade esteja mais carente
de ajuda hoje que o dos jovens pais. Este livro foi preparado com eles em
mente. Dentro de todo o pessimismo que existe acerca da família, estes
capítulos buscam retratar a esperança e a possibilidade de felicidade verda-
deira para qualquer lar.
Não é fácil ser uma família cristã feliz. Não há panacéias ou planos
instantâneos. As pressões são grandes. Mas há também muito encoraja-
mento. A família, a primeira instituição criada por Deus, não é nada sem a
ajuda dEle.
Você já estudou alguma vez a história de Noé, conforme registrada em
Gênesis? Muita inspiração para todas as famílias pode ser encontrada aqui.
Durante os dias da maior podridão moral jamais registrada, Noé instilou em
seus filhos respeito pela lei moral de Deus. Em uma época em que todas as
outras famílias da Terra voltavam às costas a Deus, a fé da família de Noé foi
firme, tão firme e forte que seus filhos não titubearam quando tiveram de
enfrentar a zombaria e insana rebeldia contra Deus e tudo que era bom.
Podemos imaginar os filhos de Noé dizendo muitas coisas: "Mas, papai,
ninguém mais faz isso. Todo mundo faz assim. Somos a única família que
vive dessa forma. Por que precisamos ser assim?" Em contraste à situação de
hoje, na qual a maioria de nós está cercada de pelo menos algumas outras
pessoas que também amam a Deus, o que aqueles filhos diziam era a verdade
literal.
A família de Noé era a única que amava e adorava a Deus. Era a única
família que prestava atenção aos mandamentos de Deus. Noé colocava a
Deus e o culto a Ele em primeiro lugar em seu lar.
Mediante sua fé firme e uma tranqüila e confiante dedicação a Deus, Noé
convenceu sua família e viu a salvação de todos eles.
Que desafio! Como foi que Noé conseguiu isso? Houve, em qualquer
época, antes ou depois, tal exemplo do que é uma família que honra a Deus,
do que ela pode suportar, e do que ela pode realizar? E isto tudo deu-se
debaixo da lei. Imaginem só as possibilidades sob a graça e o poder do
Espírito Santo!
Esta história da Escritura é, com certeza, para nos encorajar. Se Noé
conseguiu criar os filhos para Deus no período mais crítico da história,
possamos nós ser fortalecidos para enxergar que, com a ajuda de Deus, não
estamos em uma batalha da qual podemos sair derrotados.
Estes capítulos são um esforço para capturar, em forma condensada,
ilustrações e percepções que vão de encontro às necessidades surgidas em
numerosas discussões entre maridos e mulheres, e entre pais e filhos. Como
eles abriram as portas à participação em grupo, esperamos que estes
capítulos, agora em forma de livro, forneçam uma base para muitas outras
discussões desse tipo. É por este motivo que diversas perguntas são
apresentadas no final de cada capítulo.
Para melhores resultados, sugerimos que o grupo de discussão inclua não
mais de cinco casais. Quando o grupo excede esse número, algumas pessoas
temem participar. Outras não têm oportunidade de compartilhar.
Este pequeno volume é apresentado agora com a idéia de que as metas
compartilhadas aqui possam ser veículos de bênçãos e encorajamento em
muitos lares para a glória de Deus e para o bem de todos os pais que possam
respigar algo que está contido aqui.
1
Agora É a Hora de Amar
PAPAI, QUERO FICAR com você" Esta declaração de meu filho de três
anos de idade foi feita três vezes antes que eu levantasse os olhos do que
fazia. Eu o havia mandado para a cama diversas vezes. Toda vez, ele dizia
simplesmente: "Papai, quero ficar com você". Daí, para conseguir minha
atenção, havia feito uma dúzia de perguntas. Quando parei de escrever, ele
perguntou: "Papai, por que parou de escrever?" ou "O que você está
pensando agora, papai?" Quando comecei a escrever de novo, ele indagou:
"O que você está escrevendo, papai?"
Finalmente, quando viu que meus verdadeiros pensamentos o ignoravam
e que eu estava meio aborrecido com suas interrupções, desceu lentamente
do banquinho em que se encontrava a meu lado e disse baixinho: "Acho que
vou deitar agora, papai".
Foi então que percebi. Meu filho estava dizendo, à sua moda: "Papai, tire
um pouquinho de tempo para mim. Por favor, papai, converse comigo".
Quando ele já estava quase virando o canto da escada, chamei-o:
"Joelzinho, venha aqui, deixe papai segurar você antes de ir para a cama.
Quero conversar com o meu garoto um pouco".
Com um amplo sorriso, ele veio. Peguei-o e abracei-o bem apertado.
Depois, quando ele foi para a cama alguns minutos mais tarde, fiquei pen-
sando na freqüência com que minhas ocupações me levavam a perder opor-
tunidades preciosas de compartilhar meu amor com meus filhos. Lembrei-
me daquelas declarações repetidas que ouvi como pastor, como pai, como
preletor de conferências e cursos sobre a família, e em visitas feitas a muitos
lares. São mais ou menos assim: "Se eu apenas tivesse arranjado mais tempo
para estar com meus filhos". "Se tivesse meus filhos de novo, certamente
arranjaria mais tempo para ficar com eles!' "Arranje tempo para ficar com
seus filhos agora. Eles vão embora tão depressa!'
Construa Camaradagem
Procure construir um espírito de camaradagem. Constrói-se o amor com
base nos relacionamentos. Toda a tendência econômica e social hoje
inclina-se para a separação das famílias. Isto quer dizer que devemos estar
atentos e planejar oportunidades de podermos trabalhar e divertir-nos juntos.
Nossas famílias precisam ter um espírito de camaradagem. Algumas famílias
separam uma noite por semana que é chamada de noite em casa. Ela tem
prioridade máxima em todas as agendas.
Mesmo quando alguns membros da família precisam estar fora de casa,
uma forte camaradagem pode ser construída, na maneira como os que estão
juntos lembram-se do membro ausente.
"Quando tenho de me ausentar de casa", disse certo pai, "sei que minha
família está pensando em mim e orando por mim. Todos eles sabem que
estou pensando neles e orando por eles." Amor e camaradagem não são algo
que fazemos ou compartilhamos quando estamos reunidos. O amor é um
modo de vida. Ele desenvolve o sentimento de "nós".
As crianças não apenas anseiam por pertencer, mas também desenvolvem
o sentimento de "nós" com a maior facilidade. A menos que, por alguma
razão, as crianças sejam condicionadas para fazer o contrário, seus braços e
corações são grandes. Seu amor se expande. É natural para elas gostar de
fazer coisas em conjunto — seja jogar, passear, ou planejar uma festa.
Portanto, para as crianças, é natural construir um espírito de união se forem a
isso estimuladas pelos pais.
A união é estimulada pelos pais quando permitem que seus filhos par-
ticipem da vida em família. Muitas vezes os pais sufocam o espírito de união
ou o sentimento de pertencer pela impaciência. Quando a criança pequena
deseja ajudar seus pais nas pequenas tarefas que fazem parte da vida da casa,
às vezes afastam-na para o lado dizendo-lhe que é muito pequena e que
espere até ficar maior. Embora certas coisas tenham, com certeza, de ser
reservadas para quando houver maior maturidade, a participação no serviço,
culto, brincadeiras e conversação é que cria os sentimentos de união,
camaradagem e de pertencer.
Talvez os pais pensem, com demasiada freqüência, que seus filhos
sentem que pertencem e que são amados. Se, como pais, nos perguntarem se
nossos filhos sentem-se amados, responderemos imediatamente: _
"E claro que são amados; amamos todos os nossos filhos". Entretanto, como
já disse alguém: "Isso não basta. Não é o que nós sentimos, mas o que eles
sentem".
Muitas coisas criam a sensação de "ser amado". Quais são algumas delas?
As crianças sentem-se amadas pelo tom de nossa voz, pela forma como as
abraçamos, pela atenção que damos aos seus ferimentos e por beijarmos seus
machucados para sarar, pela disposição de brincar e rir com elas, pelo tempo
que passamos com elas na hora de dormir, lendo histórias para elas e
ouvindo aquelas últimas perguntas que ainda permaneceram em suas
cabecinhas, e pelas pequenas coisas que permitimos que façam para ajudar
em nosso trabalho. Tudo isto e muitas outras pequenas coisas contam a
história do amor. E agora é a hora de amar dessas muitas pequenas maneiras.
Além disso, a camaradagem e a participação são úteis para prevenir
contra problemas disciplinares. Certa mãe escreveu acerca de sua expe-
riência para satisfazer a carência da filha adolescente que se tornara hostil e
provocante. "Ao invés de castigar Betinha e relembrá-la constantemente da
idade que tinha, resolvi dar-lhe amor e aprovação em grande quantidade.
Parei de mandá-la fazer certos deveres que eram sua obrigação e, ao invés
disso, pedi-lhe que trabalhasse comigo e participasse de minhas obrigações.
Antes, ela tinha de arrumar a cozinha do jantar sozinha — e o fazia com
rebeldia — e então passamos a fazê-lo juntas, tagarelando enquanto
trabalhávamos.
"Fiz questão de dar-lhe um abraço afetuoso de vez em quando e de
elogiá-la calorosamente quando ela o merecia. Tanto meu marido quanto eu
deixamos de lado nossos hobbies às noites para brincar com ela...
Gradualmente, reencontramos nossa filha.
"Todos nós amamos nossos filhos", diz esta mãe, "mas esquecemo- nos
de mostrar-lhes quanto os amamos: repartindo com eles nosso tempo, nossos
hobbies, nosso trabalho; ouvindo-os e dando-lhes paciente conselho ou, se
necessário, inteligente e justo castigo. Aquele tantinho extra de amor
capacitá-los-á a tornar-se amadurecidos e felizes — assim como desejamos
que sejam?'
Dorothy Baruch, psicóloga e consultora na área de problemas de
orientação infantil, mostra em seu livro New Ways to Discipline (Novas
Maneiras de Disciplinar), que mesmo o tempo que passamos com nossos
filhos pode ser de um tipo errado. Tantas vezes é tempo de supervisão,
focalizado no que a criança deve fazer, ao invés da própria criança. Isto não
leva a um sentimento de pertencer ou de união. Nosso tempo é gasto em
coisas e não nela.
O Amor É Bondoso
"O amor é...bondoso", diz a Escritura. "Sede bondosos uns para com os
outros, compassivos, perdoando-vos uns aos outros, assim como Deus por
amor a Cristo perdoou a vós. E andai em amor...como filhos queridos." O
conselho é este: "Vivam em amor". Como? Sendo bondosos, ternos, e
perdoando aos outros. E em parte alguma isso tem mais direito ou sig-
nificado que no lar.
A bondade é o amor nas pequenas coisas. E as pequenas coisas tornam a
vida acinzentada ou gloriosa porque a vida é, em grande parte, composta de
pequeninas coisas.
Como membros de uma família, é muito fácil desenvolver uma dis-
posição malévola. Não é nossa intenção, mas muitas vezes são aqueles a
quem mais amamos que têm de suportar o ímpeto de nossa indelicadeza e
irritabilidade.
Certa mãe habituara-se a ser rabugenta e reclamona. Longe da família, ela
era toda doçura e afabilidade. Uma noite, depois de ela ter estado
especialmente irritadiça, ouviu sua filhinha orar, dizendo: "Querido Deus,
faz com que mamãe me ame como ela ama as pessoas a quem visitamos".
A princípio, ela achou graça na oração e foi contar ao marido. Ele olhou
para ela com uma expressão séria. Depois, disse: "Você não nos trata com a
delicadeza com que trata os comerciantes e os nossos amigos". Foi um
momento crucial para aquela mãe. Há um antigo provérbio escocês que diz:
"Lembre-se que se você não for muito bondoso, não é muito espiritual".
Se as pequenas considerações, cortesias e bondades foram essenciais para
conquistar o amor no namoro e no noivado, são igualmente essenciais para
manter o amor no casamento. O ardor, a atenção e a consideração dos tempos
de namoro e noivado não podem atrever-se a ser transformados em uma
atitude de cada-um-por-si no casamento. Sente-se às vezes que quase é
possível determinar quantos anos um casal está casado pela distância entre a
esposa que caminha arrastadamente e seu marido apressado.
Podemos ter casas eficientes e limpíssimas, mas sem amor e o calor do
afeto, nossos lares serão como castelos de pedra, úmidos, escuros e frios, que
produzem apenas um desejo profundo de nos distanciarmos de tudo.
A bondade, o amor nas pequenas coisas, por outro lado, acrescenta calor à
noite mais fria e nos dá o desejo de aproximar um pouco mais. Enquanto
esperamos que algo grandioso aconteça, no qual possamos demonstrar nosso
caráter, a verdade é que o caráter cristão transparece mais fortemente em
quão fiéis e amorosos somos nas pequeninas coisas. E todo lar feliz é
constituído desses pequenos atos e palavras de bondade.
Lembre-se, a cortesia e a bondade não estão mais fora de moda do que
comer e dormir. E são tão necessárias para a vida de amor quanto o alimento
e o descanso são para a própria vida.
Recentemente, um amigo meu e sua esposa, casados há quase um ano,
escreveram: "Nunca havia percebido antes a importância da bondade, dos
elogios, dos sorrisos, do espírito de perdão, e da boa vontade em ajudar. Isso
tudo se junta para formar um bom relacionamento entre o marido e a
esposa".
Frederick William Faber escreveu: "Palavras bondosas constituem a
música do mundo. Elas têm o poder que parece ultrapassar causas naturais,
como se fossem a canção de algum anjo que perdeu seu caminho e desceu à
Terra. Parece que podem fazer o que, na realidade, só Deus pode fazer —
amolecer os corações duros e zangados dos homens. Ninguém jamais foi
corrigido pelo sarcasmo — esmagado, talvez, se o sarcasmo tiver sido
suficientemente inteligente, mas atraído para Deus, jamais".
E por isso que as palavrinhas: "Por favor", "Sinto muito", "Desculpe", e
"Deixe-me ajudá-lo", são palavras de amor usadas no ministério da bondade
que pode ser conseguido por todos. E embora grande habilidade e
inteligência devam ser admirados, não podem enxugar uma única lágrima ou
consertar um espírito alquebrado. Somente a bondade pode fazer isso.
O Amor Precisa Ser Expresso por Palavras
Para a felicidade no lar, precisamos falar de nosso amor. A maioria dos
cônjuges é muito modesta ao expressar palavras de amor. Parece que obe-
decemos a um enganoso provérbio ou sentimento antigo que é expressado
assim: "Se precisamos falar ao outro acerca de nosso amor, não amamos de
verdade". Embora exista alguma verdade nele, está longe de ser adequado.
É com demasiada freqüência que agimos como aquele velho senhor que
estava sentado em sua varanda talhando madeira enquanto sua esposa
sentava-se ao seu lado, balançando-se e tricotando. Depois de um longo,
longo silêncio, disse o velho: "Sabe, Sara, você tem significado tanto para
mim que às vezes quase não agüento a vontade de contar-lhe isso".
Um escritor desconhecido o descreveu da seguinte maneira:
O Amor É Paciente
O amor cristão permanece apesar de falhas e fracassos. Esta é uma ca-
racterística especial do amor cristão. Cristo nos ama apesar de quem somos e
do que temos feito. E a Escritura diz que devemos amar como Ele amou. "O
amor é paciente". Isto é, o amor suporta o desagradável e aceita os outros
como são. O amor, quando é puro e verdadeiro, não arde de zelo para mudar
as outras pessoas. Ele simplesmente as ama. Como diz Evan H. Hopkins:
"Embora seja a fé que torne todas as coisas possíveis, é o amor que as torna
fáceis".
Ninguém está livre de faltas. E no lar, onde estamos tão familiarizados
com nossos fracassos, isto torna-se ainda mais aparente. Podemos, se assim
o desejarmos, fixar nossa atenção nas faltas alheias, ou podemos escolher
pensar no que é bom.
É possível para uma esposa ver as poucas faltas de seu esposo e
esquecer-se de suas muitas qualidades. Ela pode implicar com o marido em
pendurar suas roupas na maçaneta da porta (e isso é difícil para uma esposa
organizada) e deixar de considerar o quanto ele é bom e carinhoso, como
sustenta bem a casa e como ajuda com as muitas pequenas tarefas.
E então existe o marido que reclama da comida (e alguém já disse que
"Ofertas queimadas não são facilmente aceitas pelo guloso"). Mas ele pode
estar esquecendo o tempo todo que tem uma esposa fiel e verdadeira, que seu
espírito dedicado e mãos serviçais estão sempre ocupados para o bem das
outras pessoas.
Sim, todos temos nossos defeitos. Resolvemos se vamos pensar nas
coisas boas ou nos defeitos nas vidas daqueles a quem mais amamos. É bom
aprender a enfatizar as boas e deixar que o amor cubra uma multidão de
outras coisas.
"Amor é aquilo que permite a uma mulher cantar ao limpar o chão depois
que o marido passou por ali com suas botas sujas do curral", diz uma
publicação para fazendeiros. Poder-se-ia também acrescentar que o amor diz
alegremente a esse marido que tire as botas da próxima vez.
Lembre-se, o amor vai para os amáveis. Disse são Tomás de Aquino:
"Amar a alguém nada mais é do que desejar o bem daquela pessoa". E por
fim, o cônjuge mais feliz não é o que casou-se com a melhor pessoa mas o
que fez o melhor da pessoa com quem se casou.
O Que Acontece
Embora a comunicação seja fundamental para a edificação da confiança e
do amor durante o período de namoro e noivado, parece que algo acontece
depois do casamento. Um escritor diz o seguinte: "Se você vir um casal
sentado em um restaurante, no parque, ou em qualquer lugar público,
observe a conversa. Se a mulher estiver obviamente impressionada com cada
palavra que o homem murmura, e se ele por sua vez aguarda ansiosamente e
recebe bem a resposta dela, pode ter certeza de uma coisa — não são
casados.
"Mas se ela fica olhando distraída para um lado enquanto ele fixa o olhar
em outra direção; quando os lábios de um se movem, o outro dá pouca ou
nenhuma indicação de ouvir, nem se incomode de procurar a aliança. Não
podiam estar mais casados.
"Oh! sim, há exceções. Os poucos casais que cultivam a arte da co-
municação.... Não é estranho que um casal se apaixone através da comu-
nicação, alimente o amor através de códigos singulares de comunicação, e se
una na comunicação espiritual, emocional e física do casamento — e de
repente fique mudo! De repente, não consegue se entender mais ou apenas
não o faz".
Parte do problema talvez se deva ao fato de que cada um dos dois, ao
entrar para o casamento, tenha feito um quadro idílico de como o casamento
deveria ser. Naturalmente, há um choque entre esses ideais. Por medo de
magoar ou perturbar um ao outro, ou porque uma discussão geralmente
surge acerca das diferenças, a comunicação termina. E como os problemas
pequenos ou grandes, que todo casamento enfrenta, não são tratados aberta e
maturamente, os amantes começam a se desunir. A diferença entre a
felicidade e a infelicidade não é que um casamento tenha menos ou mais
problemas que outro, mas sim que um casal tenha aprendido a arte de
conversar a respeito de tudo e o outro não tenha. A harmonia vem e o amor é
fortalecido por uma discussão franca e honesta das diferenças.
Além disso, estudos indicam a existência de uma relação íntima entre o
nível de comunicação dos pais entre si e a comunicação que existe entre eles
e os filhos. O abismo na comunicação entre pais e filhos começa com o
abismo na comunicação entre o pai e a mãe. Quando o pai e a mãe
aprenderam a conversar de maneira plena, livre, amorosa e aberta; quando o
pai e a mãe realmente prestam atenção ao que o outro está dizendo, os filhos
também desenvolvem um espírito livre, aberto e participante.
Sempre que os pais perceberem que estão sendo ríspidos um com o outro
ou que seus filhos estão briguentos, implicantes e frustrados, é hora de parar
e perguntar: "O que está acontecendo por aqui?" É bem provável que
descubram que está havendo falta de comunicação entre eles próprios como
marido e mulher.
O Dr. Paulo Popenoe, fundador e presidente do Instituto Americano de
Relações Familiares, acredita que o problema da criança delinqüente
dificilmente pode ser solucionado enquanto algo não seja feito "para criar
um relacionamento harmonioso entre os pais". Portanto, brigar por causa dos
filhos, a fonte número um de conflito entre marido e mulher, não resulta de
problemas de paternidade, mas sim de problemas entre os cônjuges.
Comunicação, o Núcleo
Perguntaram a um conselheiro experiente: "Qual é a característica mais
essencial a um casamento feliz?" Replicou ele: "Depois do amor, a capa-
cidade de confiar o que pensa plena, livre e francamente ao outro". Outro
conhecido conselheiro matrimonial descobriu que a falta de conversar era
um "fator freqüente nos conflitos da meia idade e quase universal em todos
os casamentos infelizes". Um estudo realizado em uma faculdade declara:
"Não há nada que tenha maior capacidade de suavizar o curso do amor do
que a comunicação; o nível de satisfação conjugal parecia estar relacionado à
quantidade de tempo que, cada dia, o casal passava conversando". O
casamento é realmente uma vida toda de relacionamentos que dependem da
comunicação.
Que conselheiro matrimonial consegue esquecer-se da esposa típica que
vem consultá-lo para despejar seus sentimentos sobre as ações e atitudes do
marido? O marido é mal-educado nos relacionamentos com ela. Não respeita
os sentimentos dela nas relações sexuais. Ele é apressado, impaciente e
ignora os sentimentos dela. Se a amasse, agiria de modo diferente. Mas
quando lhe perguntam se já conversou alguma vez a respeito disso com o
marido, sua resposta é: "Não". A história do marido é parecida. A esposa está
sempre cansada, indiferente aos seus sentimentos, e frígida. Se ela realmente
o amasse, seria sensível às suas necessidades e saberia como ele se sente.
Mas quando lhe foi perguntado se jamais discutira isso com a esposa, sua
resposta também foi: "Não".
Este exemplo é um entre muitos. A principal ferramenta que Deus nos
deu para compreendermos uns aos outros é a conversação. Muitos dos
ajustes do casamento poderiam ser esclarecidos com facilidade se enfren-
tados francamente e discutidos livremente. E, no entanto, porque não con-
versamos, pequenas irritações tornam-se grandes problemas.
Entraves à Comunicação
Vez por outra, todos nós fazemos coisas simples que impedem a
possibilidade de a comunicação continuar depois que a conversa começou.
Alguns escolhem o silêncio como arma. E é uma arma cruel. Phillis
McGinley escreveu:
Às vezes o silêncio é ouro. A Escritura diz: "Há ... tempo de ficar em si-
lêncio, e tempo de falar". Mas onde existem problemas, o profundo frio do
silêncio raramente é a solução. No casamento, o silêncio é perigoso porque o
silêncio também fala. O silêncio grita que algo está errado. O amor pode
sobreviver melhor a grandes problemas que forem expostos à luz do que
pequenos problemas que fiquem fumegando e ardendo às escondidas. O
silêncio pode tornar a vida bem difícil.
Ivy Moody conta de um visitante que estava observando seu velho amigo
arar. "Não quero interferir", disse ele, "mas o senhor conseguiria mais desse
animal se dissesse 'anda' e 'vamos' ao invés de ficar simplesmente puxando
as rédeas." O velho lavrador enxugou a testa e concordou. "É sim, sei disso,
mas esta mula me deu um coice há seis anos e desde então, não falei mais
com ela."
O silêncio é realmente falta de amor. Dá a entender que a outra pessoa
não vale o esforço de compartilharmos com ela um interesse, que não nos
importamos com o que ela pensa, e que ela não contribuirá para chegarmos a
um acordo
Alguns bloqueiam a comunicação com palavras de sarcasmo, ridículo, ou
caçoada. Todas essas são formas de hostilidade. Elas ferem. Também ferem
as palavras "Você nunca" ou "Você sempre". Jamais deveriam essas palavras
ser usadas por constituírem farpas que machucam e nunca ajudam, além do
fato de não serem verdadeiras. Pense por um instante. Simplesmente não é
verdade que jamais fazemos ou sempre fazemos alguma coisa. Geralmente
essas palavras bloqueiam uma conversa porque uma declaração abrangente
como esta apaga qualquer lampejo de esperança de se chegar à compreensão
e conversação.
Às vezes, trazer à tona o passado é um bom entrave. Certo homem,
falando acerca da esposa, disse: "Quando comecei a falar, ela ficou his-
tórica". "Você quer dizer histérica", disse a amiga dela. "Não", falou o ma-
rido, "quero dizer histórica mesmo. Ela falou de tudo que jamais fiz". Trazer
à tona o passado é uma forma de fazer parar a comunicação. Se o passado
precisa ser discutivo, então discuta-o até esgotá-lo e depois esqueça-o. Faça
isso de uma vez por todas. Depois, perdoe e esqueça.
Fazer o outro sentir-se desvalorizado ou ignorante é um entrave à co-
municação. Algumas esposas fazem parar a comunicação começando a
chorar. Alguns maridos batem as portas e deixam o cômodo. Essa conduta
constitui uma maneira infantil ao invés de amadurecida de enfrentar os
problemas. E toda família vai ter de enfrentar problemas mais cedo ou mais
tarde se quiser que a felicidade venha reinar.
Casamento e Maturidade
Não há posição na vida que ofereça maior oportunidade de progresso e
amadurecimento do que o casamento. E no entanto, é aqui, dentre todos os
lugares, que temos maior temor de enfrentar a nós mesmos. Mas se es-
tivermos dispostos a fazê-lo, as possibilidades para crescimento são infindas.
Quem conhece você melhor — suas fraquezas e forças — do que a pessoa
com quem se casou? Quem deveria ser capaz de mostrá-las a você melhor do
que a pessoa a quem você ama e que o ama? Quem tem maior interesse em
fazer com que se torne uma pessoa melhor do que a pessoa cuja própria vida
depende de você? Por isso também, usando um ao outro como tampa de
ressonância, vocês conseguem testar seus pensamentos, idéias e planos.
Muita bênção advém de aprender a complementar um ao outro.
Se quisermos ajudar um ao outro, há diversas coisas que são necessárias.
Primeiro, precisaremos ouvir de verdade o que a outra pessoa está dizendo.
Comunicar significa esquecer a nós mesmos, ouvir, tentar compreender o
ponto de vista do outro. O único tipo de comunicação que pode ajudar é
aquele disposto a dizer: "Sei que posso não pensar ou agir como você, mas
tentarei compreender como se sente a respeito disto".
O casamento requer um tipo especial de comunicação — um sentimento
de empatia, de "sentir com" o outro. Ouvir inclui tentar compreender o que
as pessoas querem dizer, bem como prestar atenção às suas palavras. Quando
um marido diz: "Acho que você está cansada demais para ter relação sexual
esta noite" deve ficar entendido que ele deseja que sua esposa lhe garanta
que não, ela não está cansada demais para isso. A comunicação depende
tanto da qualidade do ouvir quanto da qualidade do falar.
É com demasiada freqüência que ouvimos, não para saber o que o outro
está pensando, mas somente até que possamos encontrar algum erro ou
pensar em algo para usar como munição em defesa própria. E como não
podemos ver a nós mesmos sem a ajuda do outro, não apenas deixamos de
chegar a um discernimento que poderia fazer de nós melhores pessoas, como
também fazemos cessar a comunicação.
Segundo, comunicação verdadeira é baseada em um clima de segurança,
confiança e amor. Compartilhar os pensamentos, os sentimentos e a
experiência mais íntimos depende da segurança que se sente em ouvir e
trocar confidências, e do conhecimento de que o que é compartilhado não
será ridicularizado ou mal compreendido. Persiste por estar convencido de
que o que é dito é levado a sério.
Todos entram para o casamento tímidos, sem graça e temerosos do que o
outro possa pensar se os pensamentos e sentimentos mais íntimos forem
revelados. O amor diminuirá ou os laços do casamento serão enfraquecidos
se tudo for contado? Somente quando houver o tipo de amor que transmite
um espírito verdadeiro de aceitação e interesse, não importa o que seja dito,
poderá haver a verdadeira comunicação.
Paul Tournier indica que quando um marido reclama: "Ela não me
compreende", ou "Eu simplesmente não consigo compreender aquela mu-
lher", está, na verdade, dizendo em código: "Não acho que ela me aceita", ou
"Não posso aceitar minha mulher". Mas um compromisso de compreender,
amar e aceitar pode mudar isso.
O ingrediente seguinte para a boa comunicação no casamento é a ver-
dadeira decisão de compartilhar plenamente os sentimentos, fracassos e
temores, bem como as alegrias, prazeres e desejos. O casamento não se
atreve a permitir reservas. Mantenham os corações abertos. Compartilhem
livremente os pensamentos, isso significa dar nossos próprios corpos ple-
namente e liberar nossas almas reverentemente um para com o outro, até
que, como disse Erasman: "O casamento das mentes será maior que o dos
corpos".
A verdadeira comunicação é auto-manifestação, auto-revelação. As
máscaras devem ser removidas. O fingimento deve ser eliminado. As de-
fesas devem ruir por terra. As proteções têm de ir embora. Finanças, pa-
rentes, sentimentos sobre sexo, disciplina dos filhos — tudo isto, e mais,
deve ser tratado. Os casamentos se desfazem, não por causa de conversas,
mas porque os cônjuges não falam um com o outro. São os casais que
se sentem livres para discutir temores e frustrações, bem como alegrias e
prazeres nos níveis mais profundos e sem quaisquer limites, que experi-
mentam uma crescente intimidade.
Termine a Discussão
Algo deve ser dito ainda acerca do perigo de jamais discutir realmente um
assunto até o fim. Em todos os lares, as tensões se acumulam por vezes até
chegar ao ponto de ebulição. Ficamos aborrecidos com o outro e com as
muitas irritações cotidianas. O que deve ser feito? Podemos ferver por dentro
com amargura até que úlceras se desenvolvam, ou podemos conversar a
respeito do assunto mesmo que nossas vozes se elevem. De vez em quando, é
bom ouvirmos nossos sentimentos colocados em palavras para que
possamos ver como são exagerados e realmente discuti-los, É muito mais
perigoso e prejudicial discutir coisas pela metade e depois ficar abrigando
sentimentos de mágoa e hostilidade no íntimo do que dizer como achamos
que a coisa é. Disse uma autoridade: "Divórcios são causados por
comunicações não completadas". Meias discussões só produzem efeitos
prejudiciais. Poucos casamentos se desfazem por causa de coisas grandes,
mas sim devido a pequenas irritações que ficam sem ser discutidas ou
confessadas.
Uma declaração importante da Escritura diz: "Não se ponha o sol sobre a
vossa ira, nem deis lugar ao diabo" (Efésios 4:26,27). Em outras palavras,
nunca vá dormir com um sentimento de amargura. Resolva todo mau
sentimento ou erro antes de ir para a cama. Quando o ressentimento
permanece, gera uma ferida e uma moléstia íntimas, que podem levar à
morte do amor. Além disso, nossa vida física e emocional não pode suportar
o peso da amargura sem sofrer sérios danos. Certo líder desafiou seus
ouvintes a pensar se conheciam qualquer casal que vivesse sempre brigando
que chegasse a celebrar suas bodas de ouro. Ele estava tentando mostrar que
a taxa que a amargura cobra da vida é grande demais para que nossos corpos
físicos agüentem por muito tempo.
Má vontade em discutir sentimentos e atos também permite que o diabo
faça sua obra de divisão e destruição. É por isso que a Escritura diz que
devemos resolver as coisas e não dar lugar ao diabo.
Apesar de ser difícil a discussão dos problemas profundos e reais que
todo lar tem, ainda é o melhor remédio para fortalecer o casamento. E
necessário ter coragem e honestidade para revelar os pensamentos mais
íntimos, mesmo correndo o risco de acalorada discussão. Isto é muito melhor
do que amargura ardente, enterrada.
O Dr. Wendell Watters, um psiquiatra canadense, diz que os casais que
evitam "negociações quentes" têm relacionamentos friamente impessoais. O
amor verdadeiro impele-nos a compartilhar não somente as coisas boas mas
também aquelas que perturbam. É bom lembrarmo-nos de que não casamos
com a pessoa perfeita com quem sonhávamos. É bom lembrarmo-nos de que
somos pessoas reais, com pés de barro, que cometem muitos erros. O marido
e esposa que dizem que jamais tiveram uma discussão ou são muito bons na
arte de esquecer ou jamais aprenderam a conhecer um ao outro como pessoas
de verdade. Existem aqueles maridos e mulheres que jamais compartilharam
a alegria de conhecer um ao outro. Sentem uma crescente solidão com o
passar dos anos.
Algum tempo atrás, um conferencista deu o que disse ser uma fórmula
garantida para reiniciar a comunicação se ela estivesse quebrada. O marido e
a esposa devem sentar-se em frente um ao outro, tão próximos que seus
joelhos se toquem. Devem dar-se as mãos e olhar nos olhos um do outro por
quinze minutos, nem mais, nem menos, sem dizer palavra. Quanto tempo faz
que vocês olharam para dentro dos olhos um do outro? Nos tempos de
namoro e noivado, vocês passaram horas juntos. Aproveitavam toda
oportunidade para ficar juntos, para ficar de mãos dadas e para olhar-se nos
olhos. Agora façam isso novamente.
Uma das primeiras coisas que acontecerá é que cada qual provavelmente
começará a rir. O humor é um grande comunicador. Muitas vezes, levamos
nós mesmos muito a sério e, fazendo isso, cortamos as linhas de
comunicação.
Um amigo contou esta história: No começo do casamento de Reinal- do e
Celina, tiveram uma torta no jantar. Era a primeira vez que Celina fazia a
massa de torta. Alguns dias mais tarde, Celina descobriu que Rei- naldo
havia dado, às escondidas, a massa da torta para o cachorro. Ficou
profundamente magoada. Quando o marido voltou para casa, ela lhe disse o
que acontecera sem rodeios.
Reinaldo ficou quieto por alguns instantes, e depois falou: "Celina, fiquei
com medo por algum tempo que nem o cachorro comesse aquilo". Com isso,
os dois caíram na risada e nos braços um do outro.
"Naquele momento", disse Celina, "Reinaldo e eu prometemos discutir
tudo o que sentíssemos. Prometemos ser francos e abertos um com o outro e
jamais esconder nossos sentimentos ou pensamentos de novo. E, acredite ou
não, ainda somos amigos depois de quinze anos".
COMUNICAR OU EXPLODIR
1. A comunicação é um problema no seu casamento? Exemplos.
2. O que você acha da declaração de que a falta de comunicação entre as
gerações começa com a falta de comunicação entre o pai e a mãe?
3. Você percebe em sua experiência que se entrega a hobbies, atividades
desnecessárias e recreação para escapar à árdua tarefa de realmente
conversar até resolver divergências?
4. Você sente que pode ser livre para conversar com seu cônjuge acerca de
seus sentimentos, frustrações e temores sem perda de confiança e amor?
Por quê?
4
Tal pai, Tal Filho
"As palavras daquela canção que diz: 'eleitos de todas as nações, mas um
só sobre toda a terra', adquiriam novo significado ao orarmos juntos naquela
casa pastoral na região central do país, com amigos novos e antigos do leste,
oeste, norte, sul e outras plagas!'
Que É Cortesia?
Uma das credenciais do cristianismo é: "Seja cortês". A palavra vem da
maneira da corte. Significa comportar-se como a realeza. Cortesia é aquela
fina flor da vida que leva uma fragrância doce aonde quer que vá. Cortesia é
discurso temperado com amor. É ação motivada pela afeição. É baseada
sobre atitudes íntimas e revela preocupação pela felicidade e direito dos
outros. A cortesia é o transbordar e o resultado da bondade e da paciência, e
o desejar o melhor para as outras pessoas.
E claro que existe uma cortesia superficial que é colocada do lado de fora,
Pode brotar de um desejo de aprovação e popularidade ou reputação. Isso
pode ser ilustrado pelo homem que deixa do lado de fora da porta as boas
maneiras quando chega a casa ou pela esposa que trata os de fora melhor que
os de casa.
Alguém descreve a cortesia assim: "A cortesia é demonstrar amor por
outras pessoas mesmo nas menores ações. Usar ou não gravata em uma
situação particular é apenas uma questão insignificante, sabe? A longo
prazo, provavelmente não é muito importante. Mas passar correndo à frente
de outra pessoa, pisando seus sentimentos pelas coisas que dizemos, ou
rir-lhe na face são ações sérias de descortesia por serem atos que não
expressam amor pela pessoa. Assim, boas maneiras básicas brotam de um
coração de amor pelas pessoas". A cortesia é mais do que a etiqueta apro-
priada. Não é apenas boas maneiras "assumidas". A cortesia cristã é boas
maneiras "embutidas".
Comece Cedo
Receba calorosamente os primeiros esforços da criança para ajudar. O pai
ou mãe que elogia a primeira cooperação da criança em coisas como ar-
regaçar as mangas, lavar as mãos e comer sozinho cultiva uma atitude de
querer ajudar.
A criança gosta muito de ajudar. Tanto assim que muitas vezes, pode
virar uma amolação. Como comentou a mãe de duas crianças pequenas:
"Elas me ajudam desde cedo até a noite e levo o dobro do tempo para fazer as
coisas que levaria se fizesse sozinha". Sim, é muito mais rápido para os pais
fazerem pequenas tarefas sozinhos. Uma professora também pode somar e
escrever melhor e mais rápido do que seus alunos. Mas ela sabe quão
importante é dar à criança a oportunidade de aprender. Os pais sábios
também sabem disso.
Certa manhã, Sandra, que tinha dois anos de idade, estava demasia-
damente quieta no banheiro. Quando a mãe foi ver o que ela estava fazendo,
viu que a menina havia passado a pasta de dentes no espelho, pia, paredes e
chão. Como o faria qualquer mãe, sua primeira vontade foi de castigar, de
indicar claramente a Sandra que esse comportamento era mau. Mas a menina
podia ter tido boas intenções. Talvez estivesse tentanto limpar como vira a
mãe fazer. Além disso, era tão gostoso espremer o tubo de pasta. A sensação
de espalhar algo macio e liso por tudo sem dúvida alguma fora agradável e
satisfatória.
A mãe de Sandra reconheceu o interesse da menina em ajudar e deu o
primeiro passo para ensiná-la a limpar o espelho e a pia da maneira apro-
priada. É claro que é mais simples ralhar e bater numa situação dessas. Mas é
melhor tirar o tempo para orientar. Um pouquinho de tempo quando a
criança está com dois anos pode economizar muito tempo e evitar muita
tensão quando ela estiver com doze anos.
Mesmo uma criancinha pode ajudar. Podemos ensiná-la a tomar parte no
divertimento de apanhar os brinquedos e guardá-los no lugar certo. Em seu
livro The Strategy of Handling Children (A Estratégia de Lidar com
Crianças), D. A. Laird diz que as crianças deveriam ser levadas a "formar o
hábito de manter as coisas em ordem assim que comecem a engatinhar. Nove
em dez crianças podem aprender o hábito da ordem a partir da mais tenra
infância".
Começar cedo não quer dizer impingir numerosas responsabilidades à
criança. Enquanto a criança que não tem nada para fazer fica entedia- da, a
que tem muitas coisas para fazer fica frustrada. O importante é que cada
criança tenha alguma responsabilidade regular. À' medida que ela vai
crescendo, pode ir gradualmente assumindo mais tarefas.
Ao determinar tarefas, devemos ter em mente que a criança, em idades
diferentes, tem a capacidade de prestar atenção por durações diferentes de
tempo. Dê trabalhos mais curtos para os mais jovens e tarefas que requerem
mais tempo para as mais velhas.
Lembre-se, um segredo para conseguir que a criança ajude em casa é
começar cedo separando tempo para ensinar quando ela deseja ajudar.
Jogar água fria nos anseios profundos que a criança tem desde cedo de
ajudar é, muitas vezes, o começo do problema posterior de a criança não
querer ajudar. Respeitar a exuberância inicial da infância expressa pelo
espírito de "deixe-me ajudar" ou "estou ajudando também" é uma boa forma
de começar a ajudar a criança a assumir responsabilidade.
Estimule a Iniciativa
Um passo além de honrar o desejo inicial da criança de ajudar é o de
procurar estimular a criança a tentar muitas coisas diferentes.
Freqüentemente, a criança é estimulada quando os pais simplesmente lhe
permitem participar de pequenas coisas. Ela sente-se encorajada a ajudar
quando lhe permitem carregar pequenos pacotes quando a família vai às
compras. Ela sente-se estimulada a pendurar suas roupas quando os pais
colocam cabideiros em altura que ela consiga alcançar. Ela é impelida a lavar
as mãos se um banquinho coloca a pia ao seu alcance.
A iniciativa é estimulada também se permitir certa liberdade para fazer as
coisas, para investigar, e para tentar novos projetos.
Veja, por exemplo, o que aconteceu quando Décio, de dez anos de idade,
começou um negócio florescente de engraxar sapatos. Ele construiu sua
própria caixa, funcional embora com uma aparência meio desajeitada. A
família toda discutiu qual seria o preço justo para os diferentes tipos de
calçado. Durante algum tempo, o menino ganhou um dinheirinho extra
mantendo todos os sapatos da família engraxados e brilhantes. É verdade que
o projeto não durou muito tempo, mas os pais o encorajaram e levaram em
consideração os picos e vales naturais do entusiasmo.
A criança gosta muito de consertar as coisas. Ela adora experimentar, ver
como as coisas são feitas e como funcionam. Para desenvolver a iniciativa,
capitalize sobre este gosto permitindo que seu filho experimente consertar as
coisas.
Permitir que a criança participe do planejamento e preparação de algo que
goste de fazer estimula a iniciativa. Os filhos do casal Antônio e Júlia
Macedo, como a maioria das crianças, são sociáveis. Elas gostam de festas e
hóspedes. Mas isto acarreta trabalho a mais. Quando as crianças pediram
para fazer uma festa, a família toda tirou o tempo para sentar e discutir o que
significa convidar amigos para vir à nossa casa. Durante a discussão, cada
uma delas decidiu fazer alguma coisa para facilitar o trabalho da mamãe. O
que normalmente era uma chateação virou uma delícia. Agora limpar, lavar
os pratos, e ajudar a preparar a refeição tinham significado. Além disso, cada
criança sentia uma alegria íntima por estar contribuindo de uma forma
especial.
A criança deseja fazer o que ela vê os adultos fazendo. Aqui mesmo, a
iniciativa pode ser sufocada ou estimulada. E necessário ter muita coragem e
fé para ficar de lado e deixar a criança assumir a responsabilidade que ela
está querendo assumir. E se os ovos realmente quebrarem? É melhor ter ovos
quebrados do que um espírito quebrado. E se o bolo se queimar ou o leite for
derramado? É melhor isso do que desestimular a criança de ajudar. Se ela
tentar fazer um pouco mais do que é capaz, não tem importância.
Simplesmente ajude-o a crescer até onde quer alcançar. É preciso ter uma
noção da hora certa para manter a responsabilidade de acordo com o
crescimento, e a reconhecer e respeitar as aptidões e limitações da criança. É
verdade que os pais às vezes colocam responsabilidades demais sobre a
criança. Mas talvez seja mais predominante e igualmente errado afastar a
criança dizendo continuamente coisas tais como: "Agora não. Espere até
ficar maior".
Expresse Apreciação
A apreciação é a chave que abre a porta do espírito de ajudar na família.
Os pais têm a tendência a achar que o trabalho da criança é obrigação delas.
É mais fácil corrigir e criticar do que elogiar. Se os pais desejarem ensinar os
filhos a trabalhar, devem aceitar o desafio de celebrar os sucessos da criança.
Jane Grossman escreve em Life with Family (Vida em Família) que "celebrar
o sucesso é importante. Devemos registrar nosso prazer e satisfação quando
um filho ou filha demonstra ter progredido em algo que até aqui fora difícil,
quando o trabalho é bem feito".
A criança recebe estímulo para ajudar em casa destas primeiras ex-
pressões de apreciação. Um sorriso quando ela apanha algo do chão pela
primeira vez estimula o espírito de ajudar. Um generoso uso de elogios traz
para fora o melhor. E os pais que costumam elogiar o filho por trabalho bem
feito verão que ele viverá de forma a corresponder à sua reputação. Também
verão que ele estará pronto a responder da maneira certa em outras áreas da
vida.
Em seu livro How to Help Your Child Grow Up (Como Ajudar Seu Filho
a Crescer), Ângelo Petri diz que, da mesma forma que todo artista precisa de
uma platéia e perece sem ela, assim também toda criança que consegue fazer
algo difícil para ela precisa ser elogiada. O executante- mirim é inspirado
pela aceitação e aprovação dos mais velhos a quem ele anseia agradar.
Talvez pareça bobagem dizer a um filho pequeno: "Você fez um ser-
vicinho bem feito", quando ele conserta a maçaneta da porta, ou troca a
arruela da torneira. Mas não é, não. Pode parecer coisa insignificante a mãe
dizer para a filha adolescente: "Fico tranqüila quando você está tomando
conta do seu irmão". Mas esse tipo de asserção leva a uma atitude de mais
responsabilidade ainda. Quando o pai pergunta: "Mamãe, você viu o Daniel
me ajudar a limpar a garagem hoje?" está instilando no menino a emoção de
conseguir fazer algo difícil e a alegria de trabalhar junto com outra pessoa.
Os pais que expressam apreciação a seus filhos com regularidade, verão
que ela lhes é devolvida de muitas maneiras, inclusive sob a forma de ajuda
no trabalho de casa.
Mas qual é o tipo certo de elogio? Elogio deve ser específico. Expressar
reconhecimento ao Joãozinho por ter ajudado a irmãzinha a calçar os sapatos
é muito melhor que um elogio vago como, por exemplo: "Joãozinho, você
foi um menino muito bom hoje". Talvez o menino se lembre, com um elogio
geral assim, de alguma coisa que ele fez e que não foi muito boa. Agradecer
a Anita, de seis anos, por ajudar a mãe a arrumar a mesa ou limpar o quarto
de brinquedos tem significado muito mais profundo do que dizer
simplesmente: "Obrigada por ter ajudado tão bem a mamãe hoje".
Elogie a criança por fazer coisas que requereram esforço, auto- sacrifício
ou uma reação certa. Elogiar a criança por coisas tais como ter olhos azuis ou
lindas roupas, que não são obtidas mediante esforço pessoal, pode atrapalhar
ao invés de ajudar.
O elogio não deveria criar a impressão de que a criança está trabalhando
pelas recompensas externas. Não deve existir de forma alguma a idéia de que
os pais devem dinheiro ou favores especiais só porque o filho ajuda um
pouco em casa. O lar é um esforço cooperativo e não uma empresa
comercial. As mesadas não devem estar, de forma alguma, relacionadas às
obrigações e responsabilidades como membros da família. Embora seja
válido pagar por trabalho extra-especial de vez em quando, isto não deve
levar a criança a esperar ser paga por deveres cotidianos. Palavras sinceras
de reconhecimento por trabalho bem feito é o pagamento de que a maioria
das crianças acha falta, embora seja o de que mais precisa.
Sejam Companheiros
"Quanto mais agradável e amigo for o relacionamento da criança com os
pais, tanto mais disposta estará a participar das obrigações e trabalhos
monótonos da casa", diz uma autoridade. "É difícil duplicar a intimidade e o
sentido de participação quando pais e filhos trabalham lado a lado!'
Paulo dos Santos tipifica o enfoque de um pai trabalhando com seus
filhos. Certa noite, ele estava falando a um vizinho acerca do serviço enorme
que teria no dia seguinte. Precisava podar algumas árvores e refazer uma
parte do gramado da frente da casa. Depois de discutir o trabalho, voltou-se
para os dois filhos que estavam a seu lado e disse: "Garanto que
conseguiremos fazer tudo em um só dia, certo, meninos?" Eles responderam
prontamente.
Lucas tinha uma hortinha. As ervas daninhas estavam tomando conta dela
e o menino estava ficando desanimado. Certa noite, o pai disse: "Lucas,
amanhã é sábado. E se eu for junto com você lá até a sua horta e o ajudar a
acabar com os matinhos? Em uma hora a gente faz isso". Na manhã seguinte,
Lucas levantou-se cedo e aprontou-se para trabalhar. Não apenas estava seu
pai ajudando-o, mas também sendo seu companheiro de trabalho.
Muitas mães aprendem que arrumar a cozinha pode ser um prazer para a
mãe e para a filha se o fizerem juntas. E muitos pais sabem que o filho reage
muito mais prontamente quando ele pede que este o ajude com alguma tarefa
ao invés de exigir que a criança a faça sozinha.
É claro que nem sempre o trabalho pode ser feito em conjunto. En-
tretanto, uma sensação geral de união pode ser desenvolvida. Em Bringing
Up Children (Criando os Filhos), Langdon e Stout escrevem: "É uma boa
idéia considerar as responsabilidades da criança como apenas parte da vida
cotidiana da família, e não simplesmente a execução de certas tarefas a elas
designadas... Elas recaem sobre a criança porque ela está envolvida em todos
os aspectos da vida familiar. Constituem uma parte natural de viver".
Quando a família descobre projetos nos quais todos participam, surgem
novas oportunidades para aprender a ajudar. A família Soares mudou-se para
uma casa velha. Apesar da idade, entretanto, a casa era sólida e ainda exibia
sinais de ter sido linda e até luxuosa. Agora, precisava de uma família para
possuí-la e esbanjar amor e cuidado sobre ela.
Tudo isso significava inúmeros projetos de serviço de verdade. Muitas
árvores e roseiras precisavam ser cortadas e podadas. Havia todo tipo de
serviço para pais e filhos.
Antes de a casa ser comprada, os envolvimentos foram discutidos no
conselho de família e o trabalho planejado. Agora, eles esfregavam é pin-
tavam, podaram e cortaram, ajardinaram e plantaram até que a casa teve
restaurada parte de sua antiga atmosfera e beleza. Também resgataram,
consertaram e deram novo acabamento a antigas peças de mobiliário. Seu lar
foi não apenas o local de treinamento para desenvolver hábitos de trabalho,
mas também uma oportunidade para edificar a união familiar.
"A criança muito pequena, especialmente se seus esforços forem apre-
ciados, formará elos com os lugares onde conseguiu fazer algo de valor que
permanecerão para sempre como fontes de satisfação", diz Lillian M.
Gilbreth em Living with Our Children (Vivendo com Nossos Filhos).
E são as coisas que as famílias fazem em conjunto que permanecem por
mais tempo na lembrança.
Seja Perseverante
A perseverança deve ser uma característica dos pais que desejam que seu
filho enxergue o valor do trabalho e de ajudar em casa. Primeiro, deve haver
persistência na exigência de que a tarefa seja executada. A verdadeira alegria
e senso de responsabilidade para uma tarefa vai sumindo quando ela é
exigida um dia, ignorada no outro, e depois exigida de novo. É muito melhor
ter uma tarefa bem feita cada dia do que meia dúzia de tarefas mal feitas e só
depois de freqüentes lembretes. A criança, para ter hábitos de trabalho
eficazes, precisa aprender a formar esses hábitos na rotina da vida doméstica
cotidiana.
Se a tarefa ficar por fazer, também deve haver persistência na aplicação
da pena. É bom que a criança saiba qual é a pena de antemão. Jamais deve-se
dar trabalho como castigo. Isso ajuda a formar atitudes erradas com relação
ao trabalho. Antes, prive-a de fazer algo que ela goste e faça com que isso
seja cumprido sem falta.
Apesar de cada criança dever ter uma responsabilidade específica e
regular, a persistência não significa que ela faça a mesma tarefa para todo o
sempre. Quais são os pais que já não ouviram o argumento de favoritismo
acerca da divisão das tarefas? Uma maneira de evitar as discussões é fazer
com que as tarefas sejam trocadas: Alice arruma a cozinha uma semana, a
Laura a arruma na próxima, e assim por diante. As crianças gostam de variar
e isto pode desenvolver aptidões e interesses mais amplos.
Certa mãe sugere a elaboração de uma lista das tarefas, usando uma folha
de papel separada para cada uma delas. Depois, misture as folhas e deixe que
cada criança tire uma para ficar sabendo qual vai ser sua tarefa para o dia ou
para a semana seguinte.
A criança tem também um senso aguçado de justiça. A melhor maneira de
satisfazer esse senso é os pais mostrarem consideração e persistência tanto
nos pedidos como nas exigências da vida doméstica.
Sejam naturais
Quando a criança faz perguntas acerca de sua sexualidade, ela indica uma
curiosidade básica da vida que não traz o conteúdo emocional que os- adul-
tos lhe dão. Portanto, responda à criança de uma maneira natural. Os pais
jamais se atrevam a dar a entender pela atitude, palavra ou silêncio que o
sexo é mau, de mau gosto ou qualquer coisa menos que belo e bom.
Por que, quando a criança faz uma pergunta nesta área da vida, os pais
abaixam sua voz, coram, ficam quietos, agem como se estivessem chocados,
perguntam à criança por que deseja saber, ou começam um longo discurso
acerca da reprodução? Por causa destas ações, a criança sente que esta área
da vida não é bem normal e começa a erigir barreiras à compreensão e à
apreciação. Atitudes reticentes degradam o sexo. Acolham bem as perguntas
da criança e façam com que ela sinta que tem o direito de fazê-las aos pais.
Falem com naturalidade sobre o amor e a afeição, sobre gravidez e
nascimento na frente das crianças. Isto produz uma atmosfera que as induz a
fazer perguntas mais facilmente.
Devido a certas circustâncias e temores, a criança pode não fazer uma
pergunta direta, como, por exemplo: "De onde vêm os bebês?" Entretanto ela
pode fazer todo tipo de outras perguntas, apenas tangenciais ao sexo, ao
ponto de virar uma amolação. Os pais, nesses casos, deveriam ficar atentos
para perceber uma deixa e usá-la para explicar os fatos que as crianças
desejam saber. Muitas vezes, a criança suspeita certas coisas, mas teme que
seja um tabu fazer perguntas sobre elas e por isso evita a pergunta real,
perguntando acerca de coisas em torno delas. Entretanto, ela não ficará
satisfeita até que receba a resposta que deseja. Costumamos dizer que a
"criança caixa de perguntas" deveria receber "a resposta" à pergunta que ela
não está fazendo.
Sejam Honestos
Sempre respondam à pergunta da criança honesta, direta e exatamente.
Forneçam informação adequada à idade da criança e à pergunta feita. Uni
bom guia para se ter em mente é o expresso pelo Dr. H. Clair Amstutz em seu
ótimo livro: Growing Up To Love (Crescendo Para Amar): "Quando a
criança tem idade suficiente para fazer uma pergunta específica, já de-
monstrou ser capaz de compreender uma resposta direta". Se os pais forem
desonestos ao explicar de onde vêm as crianças, por que não deveria a
criança questionar a honestidade dos pais acerca do mal do sexo ilícito mais
tarde?
Vivian Ziegler, em um artigo muito bom intitulado: Parents Are Sex
Educators, Whether They Know It or Not (Os Pais São Educadores Sexuais,
Quer Saibam Disso ou Não), escreve: "A verdadeira história da reprodução é
tão maravilhosa que se fica sem saber o motivo pelo qual tantos pais 'bons'
esperam melhorá-la, susbstituindo-a pelas fábulas da cegonha ou da bolsa do
médico. Aprender os termos certos para as partes e funções do corpo no
começo é muito mais fácil e melhor do que descobrir mais tarde".
Assim também explicar os palavrões que as crianças ouvem em um grupo
ou vêem escritos nas paredes dos banheiros tira o significado secreto que
causa fascinação até que seja explicado. Lembrem-se de usar os termos
próprios e explicar os que são desconhecidos para seu filho. As palavras
reais não são mais difíceis de explicar do que as difíceis.
Estejam Alertas
Ensinar é um processo do dia-a-dia que prossegue do conhecido para o
recentemente descoberto. Os pais podem fornecer a educação sexual fazendo
uso das oportunidades naturais que surgem se estiverem alertas para elas. E
essas oportunidades de transmitir conhecimentos surgem gradual e
repetidamente. Nem tudo precisa ser dito de uma vez só. Podemos sempre
voltar a discussões antigas para acrescentar nova informação e ênfase.
A mãe não ensina à filha tudo sobre a arte de cozinhar em uma breve
sessão de uma hora. Tampouco o pai ensina um ofício ao filho em uma só
sessão formal.
Quando a criança vem com a primeira pergunta, alegre-se e compartilhe
gostosamente e de forma direta. O fato de a criança vir perguntar demonstra
uma confiança que os pais não se atrevem a perder. "De onde foi que eu vim,
mamãe?" "Você cresceu dentro do corpo da mamãe. Carreguei-o perto do
meu coração!' Tal resposta, com um abraço afetuoso, ensina muita coisa. À
medida que o tempo passar, mais fatos poderão ser compartilhados.
Uma das melhores oportunidades para ensinar é na hora que a criança
está tomando banho. Não demora muito para ela aprender o nome de sua
orelha, olho, nariz, dedos e assim por diante. Pode-se ensinar também à
criança os termos certos para as outras partes do corpo, conversando sobre
isso à medida que o banho vai ocorrendo. Desta forma, pode-se referir a
todas as partes do corpo de maneira natural.
Às vezes os pais são lerdos para usar essas oportunidades de compartilhar
informação sexual por terem a idéia errada de que a criança sente e pensa da
mesma forma que eles. É perfeitamente natural para as crianças pequenas
serem curiosas a respeito de seus próprios corpos e os corpos das outras
pessoas. Esta é, sem dúvida, a maneira que Deus providenciou para ajudar os
pais a ensinar. Se eles estiverem alertas para isso e satisfizerem a curiosidade
dos filhos, ela não precisará ser satisfeita mais tarde. Informação salutar
remove o medo e apaga a curiosidade doentia.
Assim, à medida que a criança vai crescendo, está aberta a todo tipo de
coisas que podem e vão influenciar as atitudes a respeito da sexualidade. À
medida que as crianças crescem, a tarefa principal dos pais é a de prepará-las
para avaliar as influências mais do que protegê-las delas. E mais uma
questão de orientação do que de proteção. E não vá pensar que seu filho é
diferente dos outros naquilo que sabe. É bem provável que ele saiba muito
mais do que você sabia quando tinha a idade dele porque é bombardeado
pelo sexo de tantas maneiras diferentes hoje.
Estejam alertas também, como pais, para descobrir bom material de
leitura para você e para seus filhos. Antes de a criança ter aprendido a ler, os
pais deviam ler para ela alguns dos livros excelentes disponíveis hoje sobre
sexo, que são escritos de maneira saudável. É provável que não haja uma
forma mais maravilhosa de aprender de onde vêm os bebês do que sentar-se
no colo da mãe ou do pai, no calor de braços amorosos, e ouvir sobre isso dos
próprios pais durante horas tranqüilas de leitura. Isto também fornece uma
melhor atmosfera para responder a perguntas do que a situação na qual a
criança lança "De onde vêm os bebês?" em uma sala cheia de visitas.
Em horas certas, vale a pena colocar o livro ou panfleto apropriado no
quarto do seu filho. Há diversos bons livros que podem ser dados a seu filho
que respondem a todas as perguntas que um jovenzinho de diferentes níveis
etários está provavelmente fazendo, se não em voz alta, pelo menos no
recesso do seu coração.
Não coloque o livro no quarto de seu filho às escondidas. Antes, seja
aberto e honesto o suficiente para dizer a ele que você acha que o livro é bom
e estimule-o a que o leia.
Embora nem sempre seja possível, uma boa ajuda na compreensão do
sexo pode ser dada quando se tem animais domésticos em casa, prin-
cipalmente cães, gatos e peixinhos fêmeas.
Sejam Felizes
Isto significa que os pais devem gozar seus papéis respectivos se
quiserem ensinar o verdadeiro significado da sexualidade. Um autor escreve:
"Muita mulher existe que não gosta ou tem medo do sexo ou é
emocionalmente incapaz de gozá-lo por jamais ter aprendido, nas
profundezas de sua mente inconsciente a 'gostar de ser mulher'". A mãe
precisa sentir-se glorifica- da pelo fato de ser mulher e mãe.
A mãe que reclama do seu papel, da monotonia do serviço da casa, da
amolação que são os filhos, da desgraça da menstruação, das dores da
gravidez e do parto está ensinando muita coisa a respeito do sexo, e está
ajudando seu filho ou sua filha a serem mal ajustados.
Certa esposa feliz escreve: "Quando vi a satisfação que minha mãe sentia
em cuidar da casa, cuidar de um bebê, e a maneira como ela gostava de fazer
todas as coisas que uma mulher precisa fazer, senti que a melhor coisa do
mundo era ser esposa e mãe. Quando senti a atitude dela de amor e liberdade
para com meu pai, percebi a grandiosidade que existe em ser menina e
mulher e como é bom relacionar-se com o homem que se ama. Também, ao
ver o amor e a liderança de meu pai dentro de nosso lar, resolvi o que
desejava naquele com quem me casaria algum dia".
É claro que a mesma coisa é verdadeira da parte do pai. O pai estabelece o
modelo de masculinidade diante dos filhos. Para os meninos, ele fornece um
padrão ao qual tentarão chegar, com o qual poderão se identificar, que
poderão apreciar e admirar. Isto não quer dizer que o pai deva ser um atleta,
um cientista, ou o homem mais bonito da redondeza. Antes, significa que ele
deve expressar-se nas coisas especificamente masculinas.
Um jovem marido feliz escreve: "Ninguém me mostrou o que significa
ser um homem e o que significa respeitar e amar uma mulher mais do que
meu próprio pai. Se ele deixava de ter muitas das coisas que algumas pessoas
podem chamar de grandiosas, ele era grande por gozar o fato de ser homem
em seu trabalho, atividades de lazer, e como pai e marido dentro de casa. Seu
exemplo é um desafio para mim quando meus relacionamentos familiares
parecem frágeis".
Nas palavras de Vivian Ziegler, no artigo a que já nos referimos: "O fato
tranqüilizador é que se você, como pai ou mãe, aceita sua própria se-
xualidade e descobre o gozo de usá-la como método para expressar amor a
seu cônjuge, você tem muito ativamente estado a dar educação sexual a seus
filhos desde seu nascimento de forma positiva, espontânea, saudável e de
acordo com o plano de Deus".
"Nunca é demais dizer", escreve outra autoridade, "que a educação sexual
não é o aprendizado de um conjunto de pode e não pode, mas sim o
desenvolvimento das características que produzem pessoas amorosas e
responsáveis."
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