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Título original em inglês:

NOW IS THE TIME TO LOVE


Copyright © 1970 por Herald Press
Scottdale, Pa., E.U.A.

Tradução: Wanda de Assumpção


Capa: Robert Heyer
1a edição brasileira: março de 1986
2a edição brasileira: outubro de 1988
3a edição brasileira: outubro de 1991
4a edição brasileira: março de 1996

Publicado no Brasil com a devida autorização


e com todos os direitos reservados pela
ASSOCIAÇÃO RELIGIOSA EDITORA MUNDO CRISTÃO
Caixa Postal 21.257, CEP 04698-970 São Paulo, SP

Impresso na Colômbia
Índice
Prefácio ....................................................................................................... 5
1. Agora É a Hora de Amar ........................................................................ 7
2. Quando Há Amor no Lar ....................................................................... 15
3. Comunicar ou Explodir ........................................................................ 21
4. Tal Pai, Tal Filho ................................................................................... 30
5. Tornando Espiritual a Vida da Família .................................................. 36
6. Cortesia — Captada e Ensinada ............................................................. 44
7. Conseguindo Que os Filhos Ajudem em Casa ....................................... 51
8. Os Pais Ensinam Sobre o Sexo .............................................................. 59
Dedicatória
A Betty, minha esposa,
que ajudou a tornar possíveis estas páginas,
e a nossos filhos,
John, Sandra, Rose, Joseph e David,
que são quem melhor conhece como falhei
alcançar totalmente as metas compartilhadas aqui,
e também como é profundo
o meu desejo de cumpri-las
de forma mais plena.
Prefácio
É PROVÁVEL que nenhum segmento da sociedade esteja mais carente
de ajuda hoje que o dos jovens pais. Este livro foi preparado com eles em
mente. Dentro de todo o pessimismo que existe acerca da família, estes
capítulos buscam retratar a esperança e a possibilidade de felicidade verda-
deira para qualquer lar.
Não é fácil ser uma família cristã feliz. Não há panacéias ou planos
instantâneos. As pressões são grandes. Mas há também muito encoraja-
mento. A família, a primeira instituição criada por Deus, não é nada sem a
ajuda dEle.
Você já estudou alguma vez a história de Noé, conforme registrada em
Gênesis? Muita inspiração para todas as famílias pode ser encontrada aqui.
Durante os dias da maior podridão moral jamais registrada, Noé instilou em
seus filhos respeito pela lei moral de Deus. Em uma época em que todas as
outras famílias da Terra voltavam às costas a Deus, a fé da família de Noé foi
firme, tão firme e forte que seus filhos não titubearam quando tiveram de
enfrentar a zombaria e insana rebeldia contra Deus e tudo que era bom.
Podemos imaginar os filhos de Noé dizendo muitas coisas: "Mas, papai,
ninguém mais faz isso. Todo mundo faz assim. Somos a única família que
vive dessa forma. Por que precisamos ser assim?" Em contraste à situação de
hoje, na qual a maioria de nós está cercada de pelo menos algumas outras
pessoas que também amam a Deus, o que aqueles filhos diziam era a verdade
literal.
A família de Noé era a única que amava e adorava a Deus. Era a única
família que prestava atenção aos mandamentos de Deus. Noé colocava a
Deus e o culto a Ele em primeiro lugar em seu lar.
Mediante sua fé firme e uma tranqüila e confiante dedicação a Deus, Noé
convenceu sua família e viu a salvação de todos eles.
Que desafio! Como foi que Noé conseguiu isso? Houve, em qualquer
época, antes ou depois, tal exemplo do que é uma família que honra a Deus,
do que ela pode suportar, e do que ela pode realizar? E isto tudo deu-se
debaixo da lei. Imaginem só as possibilidades sob a graça e o poder do
Espírito Santo!
Esta história da Escritura é, com certeza, para nos encorajar. Se Noé
conseguiu criar os filhos para Deus no período mais crítico da história,
possamos nós ser fortalecidos para enxergar que, com a ajuda de Deus, não
estamos em uma batalha da qual podemos sair derrotados.
Estes capítulos são um esforço para capturar, em forma condensada,
ilustrações e percepções que vão de encontro às necessidades surgidas em
numerosas discussões entre maridos e mulheres, e entre pais e filhos. Como
eles abriram as portas à participação em grupo, esperamos que estes
capítulos, agora em forma de livro, forneçam uma base para muitas outras
discussões desse tipo. É por este motivo que diversas perguntas são
apresentadas no final de cada capítulo.
Para melhores resultados, sugerimos que o grupo de discussão inclua não
mais de cinco casais. Quando o grupo excede esse número, algumas pessoas
temem participar. Outras não têm oportunidade de compartilhar.
Este pequeno volume é apresentado agora com a idéia de que as metas
compartilhadas aqui possam ser veículos de bênçãos e encorajamento em
muitos lares para a glória de Deus e para o bem de todos os pais que possam
respigar algo que está contido aqui.
1
Agora É a Hora de Amar

PAPAI, QUERO FICAR com você" Esta declaração de meu filho de três
anos de idade foi feita três vezes antes que eu levantasse os olhos do que
fazia. Eu o havia mandado para a cama diversas vezes. Toda vez, ele dizia
simplesmente: "Papai, quero ficar com você". Daí, para conseguir minha
atenção, havia feito uma dúzia de perguntas. Quando parei de escrever, ele
perguntou: "Papai, por que parou de escrever?" ou "O que você está
pensando agora, papai?" Quando comecei a escrever de novo, ele indagou:
"O que você está escrevendo, papai?"
Finalmente, quando viu que meus verdadeiros pensamentos o ignoravam
e que eu estava meio aborrecido com suas interrupções, desceu lentamente
do banquinho em que se encontrava a meu lado e disse baixinho: "Acho que
vou deitar agora, papai".
Foi então que percebi. Meu filho estava dizendo, à sua moda: "Papai, tire
um pouquinho de tempo para mim. Por favor, papai, converse comigo".
Quando ele já estava quase virando o canto da escada, chamei-o:
"Joelzinho, venha aqui, deixe papai segurar você antes de ir para a cama.
Quero conversar com o meu garoto um pouco".
Com um amplo sorriso, ele veio. Peguei-o e abracei-o bem apertado.
Depois, quando ele foi para a cama alguns minutos mais tarde, fiquei pen-
sando na freqüência com que minhas ocupações me levavam a perder opor-
tunidades preciosas de compartilhar meu amor com meus filhos. Lembrei-
me daquelas declarações repetidas que ouvi como pastor, como pai, como
preletor de conferências e cursos sobre a família, e em visitas feitas a muitos
lares. São mais ou menos assim: "Se eu apenas tivesse arranjado mais tempo
para estar com meus filhos". "Se tivesse meus filhos de novo, certamente
arranjaria mais tempo para ficar com eles!' "Arranje tempo para ficar com
seus filhos agora. Eles vão embora tão depressa!'

Amanhã É Tarde Demais


A hora de amar é agora. Amanhã é tarde demais para balançar o nenê.
Amanhã o pequenino não estará fazendo perguntas. Amanhã o escolar não
precisará de ajuda com a lição de casa. Tampouco trará para casa seus
amigos da escola e da vizinhança para participar das diversões da família.
Amanhã, o adolescente terá feito suas grandes decisões e não sentirá
necessidade da proximidade pela qual anseia, e que podemos lhe dar agora.
E amanhã teremos a intimidade ou o distanciamento de nosso filho, de-
pendendo de como usarmos agora o tempo para ele.
A vida coloca sobre os pais a responsabilidade de arranjar tempo para
amar no exato momento em que começam a carregar a carga de começar
uma família e um lar. O pai está lutando para se estabelecer na profissão que
exerce. A mãe está ocupada dando de comer a carinhas famintas, lavando
roupas e cuidando da casa. É nessa hora que a convocação para amar chega.
E nessa hora que as crianças precisam do calor da afeição dos pais para seu
bem-estar pessoal.
Quando as crianças são pequenas, não há outra coisa em particular ou
abundância de coisas que possam tomar o lugar do amor, que significa, em
grande parte, arranjar tempo para passar com nossos filhos, para responder a
suas perguntas, para fazer coisas juntos, e para compartilhar o significado
real da vida. Criar uma atmosfera de cuidado e amor no lar é o primeiro
passo para ensinar a nossos filhos o que é o amor e como compartilhá-lo.
Fazer isso requer tempo.
Mas como fazer para arranjar tempo? Sem dúvida, é mais difícil hoje do
que no compasso vagaroso dos séculos passados. E é tanto mais necessário à
luz das atividades e pressões dos dias de hoje. A seguir, apresentamos
algumas sugestões que podem dar o impulso inicial em direção a essa meta.

Procure Maior Simplicidade


Busque por maior simplicidade em sua vida. Precisamos evitar que as
preocupações e atividades comuns do lar, da comunidade, e até mesmo da
igreja roubem-nos das coisas mais necessárias. Uma amiga minha coloca os
pais na mira do poema de Joy Allison: "Which Loved Her Best "(O Que Ela
Mais Amava), e o escreve desta maneira:

"Eu o amo, filhinho" disse a mamãe certo dia.


"Eu o amo tanto que exprimi-lo jamais poderia!'

Mas daí ela respondeu a suas perguntas com um


"Não me amole agora";

E nem teve tempo para mostrar-lhe como


Amarrar seu caminhão ao trator e ao arado.
Mas lavou as janelas e esfregou o chão
E assou e cozinhou e limpou ainda mais.

"Trazer seu amigo para brincar? Ora, é claro que não.


Vocês vão sujar todo o chão e não quero nem uma manchinha.
Não, não vamos ter tempo para uma história hoje.
Mamãe está ocupada, as visitas vão chegar,
Por que não vai lá fora brincar?
Talvez amanhã", disse ela com um suspiro,
E o filho saiu quase a chorar.

"Eu o amo, filhinho", disse ela de novo


Ao lavar seu rostinho e mandá-lo para a cama.
E agora, o que você acha que o filho pensou
que ela, na verdade amava mais: a ele ou a casa?

O dia de hoje é conhecido como o dia da despersonalização. Isso pode


começar dentro do próprio lar, onde as pessoas deveriam se importar mais
umas com as outras. E muitas vezes, começa aí mesmo quando os pais
substituem a si mesmos por coisas. Provemos lares confortáveis e conve-
nientes. Damos dinheiro para aqueles pequenos extras. Podemos até inundar
nossos filhos de brinquedos, equipamento esportivo, roupas, livros e tudo
aquilo que desejamos e não tivemos quando crianças. Dar a nossos filhos
uma fartura de coisas pode facilmente ser uma forma de alimentar nossa
própria necessidade da segurança que a sociedade diz residir na posse de
coisas. E essas coisas podem tornar-se um substituto para um envolvimento
pessoal com nossos filhos. Mas a menos que nos demos a nós mesmos, e os
ajudemos a dar a si mesmos, todas as coisas que lhes dermos pouco valor
terão.
Mesmo em meio a uma fartura de coisas, muitas crianças não se sentem
amadas. Há numerosos casos de crianças a quem nos referimos como "tendo
tudo". Entretanto, elas odeiam seus pais. Por quê?
Um jovem conta como seus pais lhe davam generosa mesada, com-
pravam tudo que ele desejava, e inundavam-no com todo tipo de presente,
não somente no seu aniversário e no Natal, mas o ano inteiro. Chegou a hora
em que, levado por uma indignação íntima, ele jogou o dinheiro em seus
rostos e percorreu a casa quebrando os brinquedos, porque, como disse,
parecia-lhe que seus pais o estavam sempre subornando para não precisar
passar tempo com ele.
O amor somente cresce à medida que damos de nós mesmos. As crianças
nem de longe precisam de coisas tanto quanto precisam do amor dos pais. No
entanto, um dos enganos mais comuns hoje é o de que a mãe precisa sair de
casa para trabalhar, para ganhar dinheiro para comprar mais coisas "por amar
a seus filhos". O pai acha que tem de arranjar um segundo emprego para
ganhar mais dinheiro para comprar mais e maiores coisas porque "ama sua
família".
E este o motivo pelo qual todos os dias tantas crianças chegam da escola e
encontram casas vazias — uma das coisas que instilam insegurança e
ressentimento. Elas sofrem também a tensão e pressão de nervos e corpos
cansados tanto do pai como da mãe. E por causa de uma paixão consumidora
e constante por coisas da parte dos pais, as crianças são muitas vezes
privadas daquilo que mais necessitam — nosso amor e nós próprios.
Compramos coisas para demonstrar nosso amor mas não temos tempo para
fazer coisas que mostram nosso amor na linguagem que as crianças
conhecem.
Dar de nós mesmos não é fácil. Portanto, requer propósito e plane-
jamento. Alguém já escreveu: "É claro que é muito mais fácil dar coisas ao
invés de nós mesmos, da mesma forma que é mais fácil mandar um cartão do
que fazer uma visita sossegada".
Um pai, depois que seu filho havia passado da idade da persuasão e do
castigo, disse: "Planejei sair com meu filho e ser seu companheiro, quando
tivesse tempo. Resolvi ir regularmente aos cultos e levá-lo comigo, quando
tivesse tempo. Esperei fazer com que se interessasse pelas atividades do
grupo de jovens, quando tivesse tempo. Prometi que conversaria com ele da
maneira como um pai deveria conversar com seu filho, quando tivesse
tempo. Mas, por mais de vinte anos, para cada pensamento que tive acerca de
meu filho, tive mais de cem acerca de meus negócios".
Conforme disse um pai sábio: "Não sinta pena da criança que não tem
uma bicicleta ou cujos pais não têm condições de comprar uma enciclopédia.
Sinta pena daquela cujos pais não têm tempo para viver com ela, para
ensiná-la, para brincar com ela, para expressar seu amor por ela de muitas e
muitas formas. A criança que não tem bicicleta e outros bens materiais, mas
que tem o calor do amor dos pais, é muito mais feliz do que a pobre criança
rica que tem tudo o que o dinheiro possa comprar menos a necessária
segurança que vem ao saber-se amada 'em ações e em verdade'".
Há algum tempo, certo juiz contou acerca das resposta que recebera de
um jovem delinqüente quando lhe falara em seu pai, tão bom e respeitado.
"Sempre ouvi dizer que meu pai foi um homem muito bom", disse o jovem.
"Mas não cheguei a conhecê-lo. Ele não tinha tempo para mim!'
Talvez se parássemos para pensar, veríamos que algumas das coisas a que
damos ênfase, tais como um chão imaculado, o acúmulo de coisas materiais,
e a corrida despropositada de atividades sociais, não são tão importantes
quanto nos parecem. Disse com sabedoria o Rei Salomão: "Melhor é um
prato de hortaliças onde há amor, do que o boi cevado e com ele o ódio"
(Provérbios 15:17).

Arranje Tempo Para a Recreação


Tente fazer as horas de recreação e lazer mais centralizadas na família. A
família cria a atmosfera propícia para se receber e dar amor. Volte ao pas-
sado por um momento. As experiências mais significativas de sua infância
que lhe ficaram na memória não são aquelas de que toda a família par-
ticipou? De alguma forma, essas permanecem.
Uma noite dessas, visitei um amigo. Encontrei-o no quintal com a
família. Estavam fazendo um churrasco simples, só deles. Esse tipo de ati-
vidade caracteriza sua família e tem produzido muita união com o passar dos
anos.
Nossa família gosta de acampar. Sai mais barato que muitos outros tipos
de recreação. E poucos tipos de recreação envolvem a família toda mais do
que aprontar para acampar, guardar as coisas, tirá-las para fora, armar a
barraca, e aprontar as refeições. Ajuda a economizar também nas viagens.
Papai e os meninos armam a barraca. Mamãe e as meninas trabalham juntas
para escolher e cozinhar os alimentos. E depois vem a hora alegre, que
jamais será esquecida, de entrar nos sacos de dormir, contar histórias e
passar a noite aninhados sobre um colchão macio de folhas secas.
Se a família arranjar tempo para planejar ocasiões em que passará junta,
fica-se surpreso em ver quantas coisas podem ser feitas. Jamais me
esquecerei do passeio que nossa família fez ao jardim zoológico. Assim
também um dia passado na galeria de arte ou o passeio a algum monumento
histórico pode ser centralizado na família. Cada família gosta de fazer certas
coisas e por isso, cada família precisa escolher o tipo de recreação de que
seus membros gostem. O importante é que as famílias façam coisas juntas,
pois essas horas de planejamento e distrações trazem grandes recompensas e
lembranças permanentes. Elas ajudam a formar um lindo desenho na
tapeçaria da vida.
Certa mãe compartilhou o seguinte: "De minha infância, jamais me
esquecerei da excitação e do prazer de cada verão, quando toda nossa família
preparava-se para passar um dia inteiro pescando não muito longe de nossa
casa. Havia sete filhos na família. A gente subia na carroceria do velho
caminhão para ir passar um dia pescando, andando de bote, nadando,
andando em uma ponte móvel, e comendo juntos o lanche que levávamos
para fazer um piquenique. Esta foi uma das coisas, juntamente com ocasiões
que surgiram espontaneamente, tais como quando a família toda saía para
passear ao luar no sítio do meu avô, que firmou em amor a união do nosso
lar".

Construa Camaradagem
Procure construir um espírito de camaradagem. Constrói-se o amor com
base nos relacionamentos. Toda a tendência econômica e social hoje
inclina-se para a separação das famílias. Isto quer dizer que devemos estar
atentos e planejar oportunidades de podermos trabalhar e divertir-nos juntos.
Nossas famílias precisam ter um espírito de camaradagem. Algumas famílias
separam uma noite por semana que é chamada de noite em casa. Ela tem
prioridade máxima em todas as agendas.
Mesmo quando alguns membros da família precisam estar fora de casa,
uma forte camaradagem pode ser construída, na maneira como os que estão
juntos lembram-se do membro ausente.
"Quando tenho de me ausentar de casa", disse certo pai, "sei que minha
família está pensando em mim e orando por mim. Todos eles sabem que
estou pensando neles e orando por eles." Amor e camaradagem não são algo
que fazemos ou compartilhamos quando estamos reunidos. O amor é um
modo de vida. Ele desenvolve o sentimento de "nós".
As crianças não apenas anseiam por pertencer, mas também desenvolvem
o sentimento de "nós" com a maior facilidade. A menos que, por alguma
razão, as crianças sejam condicionadas para fazer o contrário, seus braços e
corações são grandes. Seu amor se expande. É natural para elas gostar de
fazer coisas em conjunto — seja jogar, passear, ou planejar uma festa.
Portanto, para as crianças, é natural construir um espírito de união se forem a
isso estimuladas pelos pais.
A união é estimulada pelos pais quando permitem que seus filhos par-
ticipem da vida em família. Muitas vezes os pais sufocam o espírito de união
ou o sentimento de pertencer pela impaciência. Quando a criança pequena
deseja ajudar seus pais nas pequenas tarefas que fazem parte da vida da casa,
às vezes afastam-na para o lado dizendo-lhe que é muito pequena e que
espere até ficar maior. Embora certas coisas tenham, com certeza, de ser
reservadas para quando houver maior maturidade, a participação no serviço,
culto, brincadeiras e conversação é que cria os sentimentos de união,
camaradagem e de pertencer.
Talvez os pais pensem, com demasiada freqüência, que seus filhos
sentem que pertencem e que são amados. Se, como pais, nos perguntarem se
nossos filhos sentem-se amados, responderemos imediatamente: _
"E claro que são amados; amamos todos os nossos filhos". Entretanto, como
já disse alguém: "Isso não basta. Não é o que nós sentimos, mas o que eles
sentem".
Muitas coisas criam a sensação de "ser amado". Quais são algumas delas?
As crianças sentem-se amadas pelo tom de nossa voz, pela forma como as
abraçamos, pela atenção que damos aos seus ferimentos e por beijarmos seus
machucados para sarar, pela disposição de brincar e rir com elas, pelo tempo
que passamos com elas na hora de dormir, lendo histórias para elas e
ouvindo aquelas últimas perguntas que ainda permaneceram em suas
cabecinhas, e pelas pequenas coisas que permitimos que façam para ajudar
em nosso trabalho. Tudo isto e muitas outras pequenas coisas contam a
história do amor. E agora é a hora de amar dessas muitas pequenas maneiras.
Além disso, a camaradagem e a participação são úteis para prevenir
contra problemas disciplinares. Certa mãe escreveu acerca de sua expe-
riência para satisfazer a carência da filha adolescente que se tornara hostil e
provocante. "Ao invés de castigar Betinha e relembrá-la constantemente da
idade que tinha, resolvi dar-lhe amor e aprovação em grande quantidade.
Parei de mandá-la fazer certos deveres que eram sua obrigação e, ao invés
disso, pedi-lhe que trabalhasse comigo e participasse de minhas obrigações.
Antes, ela tinha de arrumar a cozinha do jantar sozinha — e o fazia com
rebeldia — e então passamos a fazê-lo juntas, tagarelando enquanto
trabalhávamos.
"Fiz questão de dar-lhe um abraço afetuoso de vez em quando e de
elogiá-la calorosamente quando ela o merecia. Tanto meu marido quanto eu
deixamos de lado nossos hobbies às noites para brincar com ela...
Gradualmente, reencontramos nossa filha.
"Todos nós amamos nossos filhos", diz esta mãe, "mas esquecemo- nos
de mostrar-lhes quanto os amamos: repartindo com eles nosso tempo, nossos
hobbies, nosso trabalho; ouvindo-os e dando-lhes paciente conselho ou, se
necessário, inteligente e justo castigo. Aquele tantinho extra de amor
capacitá-los-á a tornar-se amadurecidos e felizes — assim como desejamos
que sejam?'
Dorothy Baruch, psicóloga e consultora na área de problemas de
orientação infantil, mostra em seu livro New Ways to Discipline (Novas
Maneiras de Disciplinar), que mesmo o tempo que passamos com nossos
filhos pode ser de um tipo errado. Tantas vezes é tempo de supervisão,
focalizado no que a criança deve fazer, ao invés da própria criança. Isto não
leva a um sentimento de pertencer ou de união. Nosso tempo é gasto em
coisas e não nela.

Estabeleça Horas Para Conversarem


Estabeleça horas definidas só para conversarem. Pode parecer estranho
dizer que as famílias deveriam conversar. Contudo, a verdade é que muitas
famílias que moram na mesma casa vivem em mundos distantes. A
proximidade não prova que a comunicação esteja se dando. Tampouco viver
na mesma casa garante que as famílias têm tempo para conversar ou que um
membro sabe o que o outro realmente pensa. No entanto, é verdade que o
calor de nosso amor como pais e filhos pode ser calculado, em grande parte,
pela maneira como conversamos uns com os outros e como nos ouvimos
mutuamente.
Uma vez por dia em nossa casa, separamos tempo para o que chamamos
de hora da família. Alguns poderiam chamá-lo de hora devocional. Mas
fazemos mais do que ler a Bíblia e orar juntos como família. E também uma
hora para conversarmos acerca de muitas coisas. Não podemos passar sem
esta hora de convivência.
Gosto da sugestão de uma autora que diz que talvez nossas horas de
refeições possam ser tornadas mais significativas. Ela mostra que os dra-
maturgos incluem refeições em família em seus dramas com freqüente efi-
ciência. O novelista usa a conversa em torno da mesa para delinear caráter ou
para favorecer o enredo.
Da mesma forma que os amigos saem juntos para comer para discutir
interesses comuns, também a família pode usar a hora da refeição para
discutir seus interesses e produzir amor e cuidado de uns pelos outros. O
amor não pode desenvolver-se de verdade sem experiências compartilhadas.
Portanto, nossas famílias precisam encontrar horas nas quais possam
livremente compartilhar alegrias e tristezas, gozos e desapontamentos.
Por ser difícil encontrar tempo para fazer o que deveríamos fazer não
significa que devemos desistir ou deixar de cumprir as metas diante de nós.
Um pai resumiu isso da seguinte maneira: "Podemos, às vezes, achar que o
tempo que temos para passar com nossos pequenos é tão ilusório quanto a
borboleta que nossa filhinha tenta apanhar. Ela estende a mão para o objeto
desejado só para vê-lo escapar-lhe por entre os dedinhos ávidos. Mas isso
não lhe tira a alegria de tentar.
"Assim também nós, pais ocupados, podemos sentir a alegria de tentar.
Nós, como ela, podemos por vezes surpreender a nós mesmos e 'apanhar
nossa borboleta"'.

AGORA É A HORA DE AMAR


1. E verdade que as coisas das quais se lembra com maior clareza de sua
infância são aquelas que fizeram juntos como família? Quais são algumas
dessas coisas?
2. E as prioridades? Está um número demasiado grande de atividades, que
em si mesmas podem ser boas, tirando você do convívio da família?
3. Discuta todo o assunto de substituir a nós mesmos por coisas.
4. Como fazer para melhorar em seus filhos a sensação de pertencer ao lar?
2
Quando Há Amor no Lar

NOSSO CASAMENTO ESTAVA para desfazer-se", escreveu uma


senhora há algum tempo. "Eu não amava João. Então comecei a perguntar:
'Como é que eu agiria se realmente amasse meu marido?' Comecei
conscienciosamente a notar o que ele gostava e o que não gostava. Preparei
seus pratos favoritos. Participei de seus hobbies. Comprei surpresas para
colocar em seu almoço. Agora, amo-o de todo o coração.
"Mas minha maior recompensa veio outro dia, quando nosso filho
adolescente disse: 'Puxa, mamãe, tenho sorte!' 'oh!' respondi, 'por quê?'
'Porque você e papai se amam tanto. Você ficaria surpresa ao saber quantos
garotos têm pais que brigam e discutem a maior parte do tempo'."
O casamento foi planejado por Deus para ser o entrosamento de duas
vidas em amor para toda a vida. A cerimônia nupcial proclama o que Deus
produziu através do amor. E as possibilidades do amor são infindas.
O amor, apesar de tão discutido, é difícil de definir. Existe um sentido
real no qual apenas "o amor compreende o amor". Além disso, existe um
mal-entendido entre o amor, conforme mostrado pelos filmes, que é uma
triste mistura de egoísmo e impureza coberta por grossa camada de paixão
carnal, e o amor verdadeiro, que não negocia a seu próprio favor, mas apenas
pede para favorecer o outro.
O amor verdadeiro é mais uma questão da vontade do que da emoção.
Portanto, a Escritura pode nos ordenar a amar. Deus pode dizer: "Maridos,
amai as vossas esposas. Esposas, respeitai a vossos maridos". A pessoa que
diz que não consegue mais amar está realmente confessando que não tem
vontade de amar. Também, "o amor é muitas vezes fruto do casamento", nas
palavras de Moliere, tanto quanto é a raiz do casamento. Alguém que falou
depois de toda uma vida de amor familiar, disse: "Amor é aquilo pelo qual
você passou com alguém".
Sem dúvida alguma, a melhor definição de amor é aquilo que ele faz.
Quando primeiro sentimos o toque do amor, nada havia que não
estivéssemos dispostos a fazer pelo objeto do nosso amor. Fazíamos de tudo
para ver a pessoa amada, para fazer qualquer coisa que achássemos que agra-
daria, e dávamos pequenos presentes para aumentar a alegria do outro.
Lembra-se disso? De alguma forma, sabíamos que o amor não pode ser
passivo. O amor não é amor até que faça algo. E, interessante, quanto mais
fazíamos, mais amávamos. O amor só cresce na medida em que é trans-
formado em ação.

O Amor Precisa Ser Nutrido


Muitos cônjuges deveriam aprender de novo o hábito de fazer coisas
agradáveis pelo outro, sem qualquer motivo ou exibição. Experimente fazer
qualquer coisa por amor, sem pensar em retribuição, e veja o que acontece.
Sabe, o amor deve ser cultivado para crescer e isso é um processo de-
licado. Ele é alimentado pela bondade humana. Ele viceja devido as de-
licadezas comuns que demonstram cuidado solícito. Amadurece em resposta
ao respeito e reverência mútuos. O amor não pode viver ao sabor de vagas
passadas. Sem o cultivo e alimentação constante, ele morre. Na realidade, se
o amor não amadurecer, provará ter sido insuficiente. E o amor amadurecido
é simplesmente fidelidade em desempenhar os deveres cotidianos e as
alegrias advindas do cuidado com a outra pessoa.
Assim, não devemos esperar que o amor permaneça o mesmo. O amor da
adolescência é diferente do amor dos vinte anos. E o amor dos vinte anos é
diferente do amor dos trinta. O amor traz em si um anseio de crescer e ficar
cada vez mais belo.
Uma grande parte no amor amadurecido é a que poderia ser chamada de
"dar e receber" do amor. A maioria de nós percebe que "dar" amor requer
esforço. Muito poucas pessoas fazem um esforço real para "receber" amor.
Bernie Wiebe, em um panfleto sobre a vida em família intitulado When
Opinions Differ (Quando as Opiniões Diferem), escreveu: "Pense por um
instante. Como é que você normalmente recebe um elogio? Alguém lhe diz:
'Que vestido lindo você está usando!' Como é que você responde? Você diz:
'Oh! é apenas algo que fiz correndo'? Se é assim que você responde, não está
se permitindo verdadeiramente 'receber' o elogio daquela pessoa. E não está
permitindo a ela o prazer de dar. Ou então, você aprendeu a sinceramente
dizer 'obrigada' ou algo assim de todo o coração?" Se o que melhor define o
amor é o que ele faz, procure então os gestos do amor.

O Amor É Bondoso
"O amor é...bondoso", diz a Escritura. "Sede bondosos uns para com os
outros, compassivos, perdoando-vos uns aos outros, assim como Deus por
amor a Cristo perdoou a vós. E andai em amor...como filhos queridos." O
conselho é este: "Vivam em amor". Como? Sendo bondosos, ternos, e
perdoando aos outros. E em parte alguma isso tem mais direito ou sig-
nificado que no lar.
A bondade é o amor nas pequenas coisas. E as pequenas coisas tornam a
vida acinzentada ou gloriosa porque a vida é, em grande parte, composta de
pequeninas coisas.
Como membros de uma família, é muito fácil desenvolver uma dis-
posição malévola. Não é nossa intenção, mas muitas vezes são aqueles a
quem mais amamos que têm de suportar o ímpeto de nossa indelicadeza e
irritabilidade.
Certa mãe habituara-se a ser rabugenta e reclamona. Longe da família, ela
era toda doçura e afabilidade. Uma noite, depois de ela ter estado
especialmente irritadiça, ouviu sua filhinha orar, dizendo: "Querido Deus,
faz com que mamãe me ame como ela ama as pessoas a quem visitamos".
A princípio, ela achou graça na oração e foi contar ao marido. Ele olhou
para ela com uma expressão séria. Depois, disse: "Você não nos trata com a
delicadeza com que trata os comerciantes e os nossos amigos". Foi um
momento crucial para aquela mãe. Há um antigo provérbio escocês que diz:
"Lembre-se que se você não for muito bondoso, não é muito espiritual".
Se as pequenas considerações, cortesias e bondades foram essenciais para
conquistar o amor no namoro e no noivado, são igualmente essenciais para
manter o amor no casamento. O ardor, a atenção e a consideração dos tempos
de namoro e noivado não podem atrever-se a ser transformados em uma
atitude de cada-um-por-si no casamento. Sente-se às vezes que quase é
possível determinar quantos anos um casal está casado pela distância entre a
esposa que caminha arrastadamente e seu marido apressado.
Podemos ter casas eficientes e limpíssimas, mas sem amor e o calor do
afeto, nossos lares serão como castelos de pedra, úmidos, escuros e frios, que
produzem apenas um desejo profundo de nos distanciarmos de tudo.
A bondade, o amor nas pequenas coisas, por outro lado, acrescenta calor à
noite mais fria e nos dá o desejo de aproximar um pouco mais. Enquanto
esperamos que algo grandioso aconteça, no qual possamos demonstrar nosso
caráter, a verdade é que o caráter cristão transparece mais fortemente em
quão fiéis e amorosos somos nas pequeninas coisas. E todo lar feliz é
constituído desses pequenos atos e palavras de bondade.
Lembre-se, a cortesia e a bondade não estão mais fora de moda do que
comer e dormir. E são tão necessárias para a vida de amor quanto o alimento
e o descanso são para a própria vida.
Recentemente, um amigo meu e sua esposa, casados há quase um ano,
escreveram: "Nunca havia percebido antes a importância da bondade, dos
elogios, dos sorrisos, do espírito de perdão, e da boa vontade em ajudar. Isso
tudo se junta para formar um bom relacionamento entre o marido e a
esposa".
Frederick William Faber escreveu: "Palavras bondosas constituem a
música do mundo. Elas têm o poder que parece ultrapassar causas naturais,
como se fossem a canção de algum anjo que perdeu seu caminho e desceu à
Terra. Parece que podem fazer o que, na realidade, só Deus pode fazer —
amolecer os corações duros e zangados dos homens. Ninguém jamais foi
corrigido pelo sarcasmo — esmagado, talvez, se o sarcasmo tiver sido
suficientemente inteligente, mas atraído para Deus, jamais".
E por isso que as palavrinhas: "Por favor", "Sinto muito", "Desculpe", e
"Deixe-me ajudá-lo", são palavras de amor usadas no ministério da bondade
que pode ser conseguido por todos. E embora grande habilidade e
inteligência devam ser admirados, não podem enxugar uma única lágrima ou
consertar um espírito alquebrado. Somente a bondade pode fazer isso.
O Amor Precisa Ser Expresso por Palavras
Para a felicidade no lar, precisamos falar de nosso amor. A maioria dos
cônjuges é muito modesta ao expressar palavras de amor. Parece que obe-
decemos a um enganoso provérbio ou sentimento antigo que é expressado
assim: "Se precisamos falar ao outro acerca de nosso amor, não amamos de
verdade". Embora exista alguma verdade nele, está longe de ser adequado.
É com demasiada freqüência que agimos como aquele velho senhor que
estava sentado em sua varanda talhando madeira enquanto sua esposa
sentava-se ao seu lado, balançando-se e tricotando. Depois de um longo,
longo silêncio, disse o velho: "Sabe, Sara, você tem significado tanto para
mim que às vezes quase não agüento a vontade de contar-lhe isso".
Um escritor desconhecido o descreveu da seguinte maneira:

“Ele nunca diz: 'Amo-a tanto',


Como eu achava que faria.
E se pergunto, ele diz: 'Claro
Que sim, se não eu diria'.

"Na fartura e na pobreza,


Disse o bom e velho pastor.
Não sei do que João teve certeza
Mas, para mim, o voto garantia seu amor”.

O Amor É Paciente
O amor cristão permanece apesar de falhas e fracassos. Esta é uma ca-
racterística especial do amor cristão. Cristo nos ama apesar de quem somos e
do que temos feito. E a Escritura diz que devemos amar como Ele amou. "O
amor é paciente". Isto é, o amor suporta o desagradável e aceita os outros
como são. O amor, quando é puro e verdadeiro, não arde de zelo para mudar
as outras pessoas. Ele simplesmente as ama. Como diz Evan H. Hopkins:
"Embora seja a fé que torne todas as coisas possíveis, é o amor que as torna
fáceis".
Ninguém está livre de faltas. E no lar, onde estamos tão familiarizados
com nossos fracassos, isto torna-se ainda mais aparente. Podemos, se assim
o desejarmos, fixar nossa atenção nas faltas alheias, ou podemos escolher
pensar no que é bom.
É possível para uma esposa ver as poucas faltas de seu esposo e
esquecer-se de suas muitas qualidades. Ela pode implicar com o marido em
pendurar suas roupas na maçaneta da porta (e isso é difícil para uma esposa
organizada) e deixar de considerar o quanto ele é bom e carinhoso, como
sustenta bem a casa e como ajuda com as muitas pequenas tarefas.
E então existe o marido que reclama da comida (e alguém já disse que
"Ofertas queimadas não são facilmente aceitas pelo guloso"). Mas ele pode
estar esquecendo o tempo todo que tem uma esposa fiel e verdadeira, que seu
espírito dedicado e mãos serviçais estão sempre ocupados para o bem das
outras pessoas.
Sim, todos temos nossos defeitos. Resolvemos se vamos pensar nas
coisas boas ou nos defeitos nas vidas daqueles a quem mais amamos. É bom
aprender a enfatizar as boas e deixar que o amor cubra uma multidão de
outras coisas.
"Amor é aquilo que permite a uma mulher cantar ao limpar o chão depois
que o marido passou por ali com suas botas sujas do curral", diz uma
publicação para fazendeiros. Poder-se-ia também acrescentar que o amor diz
alegremente a esse marido que tire as botas da próxima vez.
Lembre-se, o amor vai para os amáveis. Disse são Tomás de Aquino:
"Amar a alguém nada mais é do que desejar o bem daquela pessoa". E por
fim, o cônjuge mais feliz não é o que casou-se com a melhor pessoa mas o
que fez o melhor da pessoa com quem se casou.

O Amor Pode Rir


O amor tem um senso de humor. Certamente não teremos liberdade para
rir se levarmos nós mesmos muito a sério. Seremos feridos a cada momento.
O amor desenvolve o senso de humor ao invés dos canais lacrimais.
Um escritor moderno conta sobre um marido que colocou uma moeda
numa máquina que produz um bilhete que diz seu peso e sua sorte. Leu
declarações como esta: "Você é uma ótima pessoa a quem o sexo oposto
admira e segue". Sua esposa, que tinha um aguçado senso de humor, olhou
por cima do ombro dele, leu o que dizia o papel com um sorriso, e disse:
"Estou vendo, querido, que eles erraram o seu peso também".
Lembre-se, o amor verdadeiro permite que a pessoa ria, contanto que isso
não diminua a pessoa amada e contanto que a pessoa ria com o outro e não do
outro.
Finalmente, nas palavras de Hazen G. Werner: "O amor e a compreensão
familiar são aperfeiçoados quando Deus está ali; as vidas de todos os
membros da família dependem do bem final, a vida com Deus".
Isto nos traz a chave do lar cristão. Nós, que dizemos ser filhos de Deus,
podemos esperar que Deus conceda aquele amor divino especial para nós,
Seus filhos. Um coração egoísta não pode amar com altruísmo. Mas Ele
promete um novo coração. Ofereçamo-nos agora como canais pelos quais
Seu amor possa fluir para nossa família e para os outros. Toda vez que isto
acontecer, nossos lares experimentarão uma afeição santa e divina.

QUANDO HÁ AMOR NO LAR


1. O que você acha da idéia de que o amor verdadeiro é mais uma questão da
vontade que da emoção? É verdade que quando alguém diz: "Não posso
mais amar aquela pessoa", está realmente dizendo: "Não quero mais
amá-lo"?
2. Enumere maneiras de alimentar o amor no casamento.
3. Por que hesitamos em falar de nosso amor? É verdade que sentimos
necessidade de ouvir dizer que somos amados mas que achamos que a
outra pessoa não precisa disso?
4. Qual é o lugar do humor em uma família feliz? Que cada um compartilhe
algo engraçado que se lembre da experiência de sua família.
3
Comunicar ou Explodir

UM NUMEROSO GRUPO de maridos e esposas reuniu-se diversas


noites por semana por um período de seis semanas para estudar, de uma
forma bem íntima, os relacionamentos familiares. Durante a primeira sessão,
sugeri que cada pessoa respondesse a duas perguntas: Qual é o principal
problema em seu casamento? O que você está pensando em fazer a esse
respeito?
Pedimos a cada pessoa que escrevesse as respostas a estas perguntas e me
entregasse as respostas na conclusão do curso. Cada um sentia-se livre para
responder, porquanto não pedimos que declinasse seu nome.
As respostas foram boas, e revelaram o que muitos conselheiros
matrimoniais dizem ser um dos principais problemas dentro do casamento: o
problema da comunicação.
Os papéis que recebi continham declarações do tipo: “Nosso maior
problema é que não conseguimos conversar de verdade". "Não discutimos
nossos problemas.'' "Nunca falamos a respeito de coisas que realmente
importam; só de coisas superficiais." "O nosso problema é uma quebra na
comunicação. Ou não abrimos o bico de modo algum quando enfrentamos
um problema ou explodimos um com o outro." "Eu gostaria que realmente
pudéssemos conversar a respeito dos problemas."

O Que Acontece
Embora a comunicação seja fundamental para a edificação da confiança e
do amor durante o período de namoro e noivado, parece que algo acontece
depois do casamento. Um escritor diz o seguinte: "Se você vir um casal
sentado em um restaurante, no parque, ou em qualquer lugar público,
observe a conversa. Se a mulher estiver obviamente impressionada com cada
palavra que o homem murmura, e se ele por sua vez aguarda ansiosamente e
recebe bem a resposta dela, pode ter certeza de uma coisa — não são
casados.
"Mas se ela fica olhando distraída para um lado enquanto ele fixa o olhar
em outra direção; quando os lábios de um se movem, o outro dá pouca ou
nenhuma indicação de ouvir, nem se incomode de procurar a aliança. Não
podiam estar mais casados.
"Oh! sim, há exceções. Os poucos casais que cultivam a arte da co-
municação.... Não é estranho que um casal se apaixone através da comu-
nicação, alimente o amor através de códigos singulares de comunicação, e se
una na comunicação espiritual, emocional e física do casamento — e de
repente fique mudo! De repente, não consegue se entender mais ou apenas
não o faz".
Parte do problema talvez se deva ao fato de que cada um dos dois, ao
entrar para o casamento, tenha feito um quadro idílico de como o casamento
deveria ser. Naturalmente, há um choque entre esses ideais. Por medo de
magoar ou perturbar um ao outro, ou porque uma discussão geralmente
surge acerca das diferenças, a comunicação termina. E como os problemas
pequenos ou grandes, que todo casamento enfrenta, não são tratados aberta e
maturamente, os amantes começam a se desunir. A diferença entre a
felicidade e a infelicidade não é que um casamento tenha menos ou mais
problemas que outro, mas sim que um casal tenha aprendido a arte de
conversar a respeito de tudo e o outro não tenha. A harmonia vem e o amor é
fortalecido por uma discussão franca e honesta das diferenças.
Além disso, estudos indicam a existência de uma relação íntima entre o
nível de comunicação dos pais entre si e a comunicação que existe entre eles
e os filhos. O abismo na comunicação entre pais e filhos começa com o
abismo na comunicação entre o pai e a mãe. Quando o pai e a mãe
aprenderam a conversar de maneira plena, livre, amorosa e aberta; quando o
pai e a mãe realmente prestam atenção ao que o outro está dizendo, os filhos
também desenvolvem um espírito livre, aberto e participante.
Sempre que os pais perceberem que estão sendo ríspidos um com o outro
ou que seus filhos estão briguentos, implicantes e frustrados, é hora de parar
e perguntar: "O que está acontecendo por aqui?" É bem provável que
descubram que está havendo falta de comunicação entre eles próprios como
marido e mulher.
O Dr. Paulo Popenoe, fundador e presidente do Instituto Americano de
Relações Familiares, acredita que o problema da criança delinqüente
dificilmente pode ser solucionado enquanto algo não seja feito "para criar
um relacionamento harmonioso entre os pais". Portanto, brigar por causa dos
filhos, a fonte número um de conflito entre marido e mulher, não resulta de
problemas de paternidade, mas sim de problemas entre os cônjuges.

Comunicação, o Núcleo
Perguntaram a um conselheiro experiente: "Qual é a característica mais
essencial a um casamento feliz?" Replicou ele: "Depois do amor, a capa-
cidade de confiar o que pensa plena, livre e francamente ao outro". Outro
conhecido conselheiro matrimonial descobriu que a falta de conversar era
um "fator freqüente nos conflitos da meia idade e quase universal em todos
os casamentos infelizes". Um estudo realizado em uma faculdade declara:
"Não há nada que tenha maior capacidade de suavizar o curso do amor do
que a comunicação; o nível de satisfação conjugal parecia estar relacionado à
quantidade de tempo que, cada dia, o casal passava conversando". O
casamento é realmente uma vida toda de relacionamentos que dependem da
comunicação.
Que conselheiro matrimonial consegue esquecer-se da esposa típica que
vem consultá-lo para despejar seus sentimentos sobre as ações e atitudes do
marido? O marido é mal-educado nos relacionamentos com ela. Não respeita
os sentimentos dela nas relações sexuais. Ele é apressado, impaciente e
ignora os sentimentos dela. Se a amasse, agiria de modo diferente. Mas
quando lhe perguntam se já conversou alguma vez a respeito disso com o
marido, sua resposta é: "Não". A história do marido é parecida. A esposa está
sempre cansada, indiferente aos seus sentimentos, e frígida. Se ela realmente
o amasse, seria sensível às suas necessidades e saberia como ele se sente.
Mas quando lhe foi perguntado se jamais discutira isso com a esposa, sua
resposta também foi: "Não".
Este exemplo é um entre muitos. A principal ferramenta que Deus nos
deu para compreendermos uns aos outros é a conversação. Muitos dos
ajustes do casamento poderiam ser esclarecidos com facilidade se enfren-
tados francamente e discutidos livremente. E, no entanto, porque não con-
versamos, pequenas irritações tornam-se grandes problemas.

Nosso Método de Fuga


Comunicação nos níveis mais profundos da vida é difícil. Por isso, pro
curamos métodos de fuga. Urban G. Steinmetz, em seu livro I Will (Sim!),
menciona muitas das coisas sutis que fazemos para evitar conversa séria.
Podemos nem sempre estar conscientes do que estamos fazendo. Ele chama
essas técnicas de "técnicas de fuga". Por exemplo, quando não queremos
falar acerca de nossos problemas, ocupamo-nos de algum projeto. O marido
fica no escritório dia e noite. A esposa precisa esfregar o chão, lavar os
pratos, fazer o almoço, e muitos outros serviços da casa à noite.
Até mesmo sair com outro casal para uma gostosa noite passada juntos
pode ser uma técnica de fuga. Evita que o marido e a mulher fiquem
conversando entre si. Assim também revistas e livros, hobbies e uma centena
de outras coisas são muitas vezes rotas de escape para o marido e a esposa
não ficarem juntos a sós o tempo necessário para lidar com as diferenças ou
problemas.
Hoje, a televisão oferece uma fuga primária. Um estudo recente diz: "A
família típica da grande cidade é encontrada à frente da tela da televisão,
ouvindo outras pessoas falarem. Mas não existe conversa entre os que
assistem. Não há o sentimento de compartilhar, e portanto, a solidão, o
isolamento e a falta de amor tornam-se o padrão da vida diária".
Quem já não usou essas fugas? Para os mais religiosos, Steinmetz diz que
muitas coisas, tais como Associação de Pais e Mestres, a Sociedade
Feminina, a reunião de quarta-feira na igreja, os comitês da igreja, as co-
missões de planejamento, diretorias de bibliotecas, e muitas outras "coisas
boas" parecidas mantêm o marido e a mulher ocupados. Diz Steinmetz: "A
mania de fazer o bem é uma forma muito insidiosa de evitar as necessárias
conversas. Todos sentimo-nos tão bem acerca do que fazemos enquanto
estamos fazendo essas coisas. Nosso filho teve de nos dar um toque tempos
atrás: 60 que estão fazendo, saindo hoje de novo para falar aos outros sobre
como criar os filhos? Nós também gostaríamos de conversar com vocês de
vez em quando"'.

Entraves à Comunicação
Vez por outra, todos nós fazemos coisas simples que impedem a
possibilidade de a comunicação continuar depois que a conversa começou.
Alguns escolhem o silêncio como arma. E é uma arma cruel. Phillis
McGinley escreveu:

Paus e pedras ossos quebram


Se atirados com má intenção.
Assim as palavras, quanto magoam!
Mas o silêncio quebra o coração.

Às vezes o silêncio é ouro. A Escritura diz: "Há ... tempo de ficar em si-
lêncio, e tempo de falar". Mas onde existem problemas, o profundo frio do
silêncio raramente é a solução. No casamento, o silêncio é perigoso porque o
silêncio também fala. O silêncio grita que algo está errado. O amor pode
sobreviver melhor a grandes problemas que forem expostos à luz do que
pequenos problemas que fiquem fumegando e ardendo às escondidas. O
silêncio pode tornar a vida bem difícil.
Ivy Moody conta de um visitante que estava observando seu velho amigo
arar. "Não quero interferir", disse ele, "mas o senhor conseguiria mais desse
animal se dissesse 'anda' e 'vamos' ao invés de ficar simplesmente puxando
as rédeas." O velho lavrador enxugou a testa e concordou. "É sim, sei disso,
mas esta mula me deu um coice há seis anos e desde então, não falei mais
com ela."
O silêncio é realmente falta de amor. Dá a entender que a outra pessoa
não vale o esforço de compartilharmos com ela um interesse, que não nos
importamos com o que ela pensa, e que ela não contribuirá para chegarmos a
um acordo
Alguns bloqueiam a comunicação com palavras de sarcasmo, ridículo, ou
caçoada. Todas essas são formas de hostilidade. Elas ferem. Também ferem
as palavras "Você nunca" ou "Você sempre". Jamais deveriam essas palavras
ser usadas por constituírem farpas que machucam e nunca ajudam, além do
fato de não serem verdadeiras. Pense por um instante. Simplesmente não é
verdade que jamais fazemos ou sempre fazemos alguma coisa. Geralmente
essas palavras bloqueiam uma conversa porque uma declaração abrangente
como esta apaga qualquer lampejo de esperança de se chegar à compreensão
e conversação.
Às vezes, trazer à tona o passado é um bom entrave. Certo homem,
falando acerca da esposa, disse: "Quando comecei a falar, ela ficou his-
tórica". "Você quer dizer histérica", disse a amiga dela. "Não", falou o ma-
rido, "quero dizer histórica mesmo. Ela falou de tudo que jamais fiz". Trazer
à tona o passado é uma forma de fazer parar a comunicação. Se o passado
precisa ser discutivo, então discuta-o até esgotá-lo e depois esqueça-o. Faça
isso de uma vez por todas. Depois, perdoe e esqueça.
Fazer o outro sentir-se desvalorizado ou ignorante é um entrave à co-
municação. Algumas esposas fazem parar a comunicação começando a
chorar. Alguns maridos batem as portas e deixam o cômodo. Essa conduta
constitui uma maneira infantil ao invés de amadurecida de enfrentar os
problemas. E toda família vai ter de enfrentar problemas mais cedo ou mais
tarde se quiser que a felicidade venha reinar.

Casamento e Maturidade
Não há posição na vida que ofereça maior oportunidade de progresso e
amadurecimento do que o casamento. E no entanto, é aqui, dentre todos os
lugares, que temos maior temor de enfrentar a nós mesmos. Mas se es-
tivermos dispostos a fazê-lo, as possibilidades para crescimento são infindas.
Quem conhece você melhor — suas fraquezas e forças — do que a pessoa
com quem se casou? Quem deveria ser capaz de mostrá-las a você melhor do
que a pessoa a quem você ama e que o ama? Quem tem maior interesse em
fazer com que se torne uma pessoa melhor do que a pessoa cuja própria vida
depende de você? Por isso também, usando um ao outro como tampa de
ressonância, vocês conseguem testar seus pensamentos, idéias e planos.
Muita bênção advém de aprender a complementar um ao outro.
Se quisermos ajudar um ao outro, há diversas coisas que são necessárias.
Primeiro, precisaremos ouvir de verdade o que a outra pessoa está dizendo.
Comunicar significa esquecer a nós mesmos, ouvir, tentar compreender o
ponto de vista do outro. O único tipo de comunicação que pode ajudar é
aquele disposto a dizer: "Sei que posso não pensar ou agir como você, mas
tentarei compreender como se sente a respeito disto".
O casamento requer um tipo especial de comunicação — um sentimento
de empatia, de "sentir com" o outro. Ouvir inclui tentar compreender o que
as pessoas querem dizer, bem como prestar atenção às suas palavras. Quando
um marido diz: "Acho que você está cansada demais para ter relação sexual
esta noite" deve ficar entendido que ele deseja que sua esposa lhe garanta
que não, ela não está cansada demais para isso. A comunicação depende
tanto da qualidade do ouvir quanto da qualidade do falar.
É com demasiada freqüência que ouvimos, não para saber o que o outro
está pensando, mas somente até que possamos encontrar algum erro ou
pensar em algo para usar como munição em defesa própria. E como não
podemos ver a nós mesmos sem a ajuda do outro, não apenas deixamos de
chegar a um discernimento que poderia fazer de nós melhores pessoas, como
também fazemos cessar a comunicação.
Segundo, comunicação verdadeira é baseada em um clima de segurança,
confiança e amor. Compartilhar os pensamentos, os sentimentos e a
experiência mais íntimos depende da segurança que se sente em ouvir e
trocar confidências, e do conhecimento de que o que é compartilhado não
será ridicularizado ou mal compreendido. Persiste por estar convencido de
que o que é dito é levado a sério.
Todos entram para o casamento tímidos, sem graça e temerosos do que o
outro possa pensar se os pensamentos e sentimentos mais íntimos forem
revelados. O amor diminuirá ou os laços do casamento serão enfraquecidos
se tudo for contado? Somente quando houver o tipo de amor que transmite
um espírito verdadeiro de aceitação e interesse, não importa o que seja dito,
poderá haver a verdadeira comunicação.
Paul Tournier indica que quando um marido reclama: "Ela não me
compreende", ou "Eu simplesmente não consigo compreender aquela mu-
lher", está, na verdade, dizendo em código: "Não acho que ela me aceita", ou
"Não posso aceitar minha mulher". Mas um compromisso de compreender,
amar e aceitar pode mudar isso.
O ingrediente seguinte para a boa comunicação no casamento é a ver-
dadeira decisão de compartilhar plenamente os sentimentos, fracassos e
temores, bem como as alegrias, prazeres e desejos. O casamento não se
atreve a permitir reservas. Mantenham os corações abertos. Compartilhem
livremente os pensamentos, isso significa dar nossos próprios corpos ple-
namente e liberar nossas almas reverentemente um para com o outro, até
que, como disse Erasman: "O casamento das mentes será maior que o dos
corpos".
A verdadeira comunicação é auto-manifestação, auto-revelação. As
máscaras devem ser removidas. O fingimento deve ser eliminado. As de-
fesas devem ruir por terra. As proteções têm de ir embora. Finanças, pa-
rentes, sentimentos sobre sexo, disciplina dos filhos — tudo isto, e mais,
deve ser tratado. Os casamentos se desfazem, não por causa de conversas,
mas porque os cônjuges não falam um com o outro. São os casais que
se sentem livres para discutir temores e frustrações, bem como alegrias e
prazeres nos níveis mais profundos e sem quaisquer limites, que experi-
mentam uma crescente intimidade.
Termine a Discussão
Algo deve ser dito ainda acerca do perigo de jamais discutir realmente um
assunto até o fim. Em todos os lares, as tensões se acumulam por vezes até
chegar ao ponto de ebulição. Ficamos aborrecidos com o outro e com as
muitas irritações cotidianas. O que deve ser feito? Podemos ferver por dentro
com amargura até que úlceras se desenvolvam, ou podemos conversar a
respeito do assunto mesmo que nossas vozes se elevem. De vez em quando, é
bom ouvirmos nossos sentimentos colocados em palavras para que
possamos ver como são exagerados e realmente discuti-los, É muito mais
perigoso e prejudicial discutir coisas pela metade e depois ficar abrigando
sentimentos de mágoa e hostilidade no íntimo do que dizer como achamos
que a coisa é. Disse uma autoridade: "Divórcios são causados por
comunicações não completadas". Meias discussões só produzem efeitos
prejudiciais. Poucos casamentos se desfazem por causa de coisas grandes,
mas sim devido a pequenas irritações que ficam sem ser discutidas ou
confessadas.
Uma declaração importante da Escritura diz: "Não se ponha o sol sobre a
vossa ira, nem deis lugar ao diabo" (Efésios 4:26,27). Em outras palavras,
nunca vá dormir com um sentimento de amargura. Resolva todo mau
sentimento ou erro antes de ir para a cama. Quando o ressentimento
permanece, gera uma ferida e uma moléstia íntimas, que podem levar à
morte do amor. Além disso, nossa vida física e emocional não pode suportar
o peso da amargura sem sofrer sérios danos. Certo líder desafiou seus
ouvintes a pensar se conheciam qualquer casal que vivesse sempre brigando
que chegasse a celebrar suas bodas de ouro. Ele estava tentando mostrar que
a taxa que a amargura cobra da vida é grande demais para que nossos corpos
físicos agüentem por muito tempo.
Má vontade em discutir sentimentos e atos também permite que o diabo
faça sua obra de divisão e destruição. É por isso que a Escritura diz que
devemos resolver as coisas e não dar lugar ao diabo.
Apesar de ser difícil a discussão dos problemas profundos e reais que
todo lar tem, ainda é o melhor remédio para fortalecer o casamento. E
necessário ter coragem e honestidade para revelar os pensamentos mais
íntimos, mesmo correndo o risco de acalorada discussão. Isto é muito melhor
do que amargura ardente, enterrada.
O Dr. Wendell Watters, um psiquiatra canadense, diz que os casais que
evitam "negociações quentes" têm relacionamentos friamente impessoais. O
amor verdadeiro impele-nos a compartilhar não somente as coisas boas mas
também aquelas que perturbam. É bom lembrarmo-nos de que não casamos
com a pessoa perfeita com quem sonhávamos. É bom lembrarmo-nos de que
somos pessoas reais, com pés de barro, que cometem muitos erros. O marido
e esposa que dizem que jamais tiveram uma discussão ou são muito bons na
arte de esquecer ou jamais aprenderam a conhecer um ao outro como pessoas
de verdade. Existem aqueles maridos e mulheres que jamais compartilharam
a alegria de conhecer um ao outro. Sentem uma crescente solidão com o
passar dos anos.
Algum tempo atrás, um conferencista deu o que disse ser uma fórmula
garantida para reiniciar a comunicação se ela estivesse quebrada. O marido e
a esposa devem sentar-se em frente um ao outro, tão próximos que seus
joelhos se toquem. Devem dar-se as mãos e olhar nos olhos um do outro por
quinze minutos, nem mais, nem menos, sem dizer palavra. Quanto tempo faz
que vocês olharam para dentro dos olhos um do outro? Nos tempos de
namoro e noivado, vocês passaram horas juntos. Aproveitavam toda
oportunidade para ficar juntos, para ficar de mãos dadas e para olhar-se nos
olhos. Agora façam isso novamente.
Uma das primeiras coisas que acontecerá é que cada qual provavelmente
começará a rir. O humor é um grande comunicador. Muitas vezes, levamos
nós mesmos muito a sério e, fazendo isso, cortamos as linhas de
comunicação.
Um amigo contou esta história: No começo do casamento de Reinal- do e
Celina, tiveram uma torta no jantar. Era a primeira vez que Celina fazia a
massa de torta. Alguns dias mais tarde, Celina descobriu que Rei- naldo
havia dado, às escondidas, a massa da torta para o cachorro. Ficou
profundamente magoada. Quando o marido voltou para casa, ela lhe disse o
que acontecera sem rodeios.
Reinaldo ficou quieto por alguns instantes, e depois falou: "Celina, fiquei
com medo por algum tempo que nem o cachorro comesse aquilo". Com isso,
os dois caíram na risada e nos braços um do outro.
"Naquele momento", disse Celina, "Reinaldo e eu prometemos discutir
tudo o que sentíssemos. Prometemos ser francos e abertos um com o outro e
jamais esconder nossos sentimentos ou pensamentos de novo. E, acredite ou
não, ainda somos amigos depois de quinze anos".

COMUNICAR OU EXPLODIR
1. A comunicação é um problema no seu casamento? Exemplos.
2. O que você acha da declaração de que a falta de comunicação entre as
gerações começa com a falta de comunicação entre o pai e a mãe?
3. Você percebe em sua experiência que se entrega a hobbies, atividades
desnecessárias e recreação para escapar à árdua tarefa de realmente
conversar até resolver divergências?
4. Você sente que pode ser livre para conversar com seu cônjuge acerca de
seus sentimentos, frustrações e temores sem perda de confiança e amor?
Por quê?
4
Tal pai, Tal Filho

A MAE, TRABALHANDO na cozinha, ouviu uma briga. O barulho foi


crescendo cada vez mais.
"Parem de brigar!" disse, chegando à sala de estar. "Vocês sabem que isso
nunca resolve nada. Fiquem quietos e parem de implicar um com o outro!'
Imaginem a surpresa dela quando uma das crianças replicou: "Mas,
mamãe, não estamos brigando. Estamos só brincando de papai e mamãe".
Aqueles pais não sabiam o que estavam ensinando.
Desde os primeiros momentos de vida, a criança é um "macaquinho".
Esta é uma forma de aprendizado. A imitação cobre todas as áreas da vida. A
brincadeira é copiada do que os pais fazem. As crianças também imitam a
postura física, os hábitos, tom de voz, dicção e vocabulário. Muito do
linguajar dos bebês é resultado de os adultos falarem dessa maneira.
Geralmente, é tão fácil para a criança imitar as palavras corretas quanto as
incorretas. Hohman escreve em As The Twig Is Bent (É de pequenino que se
torce o pepino), "A influência mais poderosa na cultura infantil é a
imitação".
A atmosfera do lar não pode ser tocada. Mas pode ser sentida. É uma
coisa do espírito. Nenhum filme fotográfico é mais sensível quanto o espírito
de uma criança. As imagens que são imprimidas aí determinam a direção e o
destino da vida. Mediante inúmeras coisinhas e influência inconsciente,
tecemos o caráter de nossos filhos, fio por fio. Tão certamente quanto
provemos as roupas e a alimentação de nossos filhos, nós, pelo nosso
exemplo, ajudamos a formar seus hábitos e lhes damos aquilo que os
fortalecerá ou enfraquecerá para a vida toda.

O Lar Molda o Caráter da Criança


À medida que nosso filho cresce, leva em seu caráter as impressões sutis
do lar. Se a atmosfera ali for de amor, ele a absorverá. Se a atmosfera for de
confiança e fidelidade, ele avança com confiança sempre.
O que cria a atmosfera de um lar? Nossas atitudes um para com o outro e
para com outras pessoas ajudam a criá-la. Os fatores básicos determinantes
em nosso viver diário ajudam a determinar o ambiente em nossos lares e
também são a essência da fé. É isto que legamos a nossos filhos.
Através de meios simples, conquistamos respeito e amor. Se temos tempo
para nossos filhos, descobrimos que eles têm tempo para nós. Se
expressamos amor e devoção pela forma como falamos com nossos filhos,
pela forma como os abraçamos, e até mesmo pela forma como trocamos
sorrisos, construímos amor e devoção.
Se provamos por nossas ações que hoje desejamos nossos filhos, nossos
filhos nos desejarão amanhã. Se dizemos coisas boas a respeito deles e
expressamos interesse sincero pelas outras pessoas, nossos filhos aprenderão
a respeitar, amar e cuidar das outras pessoas. O oposto também é verdadeiro.
Nossas irritações passam para nossos filhos. Nossas fofocas os deixam com
"os nervos à flor da pele".
Muitas vezes, a atmosfera de nossos lares é determinada mais por nossas
reações do que por nossas ações. A reação calma de um pai aos palavrões e
acusação de um vizinho enraivecido marcou indelevelmente um jovem que
hoje serve com confiança e calma em um cargo extremamente difícil e
crítico.
Como reagimos a uma catástrofe? Você já notou como algumas crianças
reagem quando caem de um balanço ou se machucam quando estão
brincando? Algumas levantam-se depressa, limpam a sujeira e voltam ao
brinquedo sem pôr a culpa nos outros. Outras choram enraivecidas, põem a
culpa em alguma outra criança e saem correndo emburradas. Nós, como
pais, por nossas reações, muitas vezes determinamos como nossos filhos
reagem nessas situações. Eles reagem da maneira como nos vêem reagir.
É notável como o mesmo pai que diz: "É só o garoto chamando", des-
cobre mais tarde na vida que tem um filho que diz: "É só o. velho papa-
gaiando". É notável como a mesma mãe que diz: "Não tenho tempo para
contar uma história esta noite", descobre mais tarde na vida que tem uma
filha que diz: "Não tenho tempo para visitar a mamãe". É notável como o
mesmo pai ou mãe que chama o filho de marotinho ou diabinho, descobre
que o filho sempre vive de acordo com esses epítetos.
Por outro lado, é igualmente notável como o mesmo pai que acha tempo
para ouvir o que o filho quer lhe contar descobre um filho ansioso para ouvir
as suas palavras. É notável como uma mãe que considera precioso o tempo
que passa com os filhos, tem filhos cujos pensamentos e visitas mais tarde na
vida sempre voltam-se na direção do lar. É notável, também, como o pai ou
mãe cujos pensamentos e palavras indicam que amam seus filhos descobrem
que recebem de volta amor e confiança. "A medida com a qual medirdes, vos
medirão a vós!' "Lança o teu pão sobre as águas, porque depois de muitos
dias o acharás" Podemos escolher o julgamento e o tipo de pão que
desejamos que voltem.
As Crianças Gravam as Reações
Reações emocionais atraem as crianças muito depressa. F. H.
Richardson, em seu livro Parenthood and the Newer Psychology
(Paternidade e a Psicologia Mais Nova), escreve: "Sabíamos que a criança ...
pode gravar inconscientemente os truques e hábitos e maneirismos dos pais,
e realmente o fazem, em uma idade em que parece impossível que esteja
tomando consciência do que acontece a sua volta".
As atitudes são tão contagiosas quanto tosse comprida e duram muito
mais tempo. É aqui que nós, como pais, mais freqüentemente revelamos
como realmente somos. Podemos ensinar desrespeito pela lei por nossas
atitudes. Conheço um pai que deplora a delinqüência juvenil, e no entanto
desrespeita os limites de velocidade e os sinais de "pare". Ele se gaba, na
frente dos filhos, da vez em que foi pego acima da velocidade permitida mas
que, por esperteza sua, escapou de pagar a multa. Deve esse pai ficar
surpreso quando seu filho violar a lei em casa, na escola, na comunidade?
Às vezes, membros ativos da igreja não conseguem compreender porque
seus filhos não parecem interessados na igreja e nas atividades dela. Mas que
tipos de atitudes são transmitidas quando os pais reclamam da quantidade de
tempo que a igreja reivindica, dos sermões compridos do pastor, e da falta de
qualidade do canto coral?
Certo pai, ao ficar sabendo que seu filho pegou diversos lápis de uma loja
de departamentos, ralhou severamente com ele e disse: "Você deveria saber
que isso não é coisa que se faça. Eu posso pegar todos os lápis de que
precisar no escritório".
Que lições em honestidade nossos filhos aprendem quando os pais trazem
para casa lápis, papel, ferramentas e outros itens pertencentes ao
empregador? O que podemos esperar que resulte dos negócios escusos ou da
dedução astuciosa do imposto de renda discutidos à mesa do jantar? É
surpreendente que em uma pesquisa recente, muitos estudantes de nível
superior dissessem que colar é uma prática generalizada, e alguns não
achavam nada de errado com isso, contanto que não fossem apanhados?
"Uma noite destas", escreveu um líder cristão, "fui a uma reunião do
grupo de escoteiros. O filho de um amigo meu estava para mudar de nível.
Uma das promessas exigidas do menino era a de que não fumaria tabaco.
Ninguém no grupo nem mesmo sorriu quando o rapazinho fez o juramento
com a mão levantada, enquanto doze pais e mães fumavam cigarros,
charutos ou cachimbos”.
Sei de um pai que costuma cumprir suas promessas. Não importa quão
pequenino o filho ou a promessa, ele tenta cumpri-la. Confiança,
honestidade e integridade estão sendo entretecidos em seu filho. Conheço
também um pai que afasta o filho com promessas, para logo em seguida
esquecer-se delas. Este pai destrói a própria estrutura de caráter que é difícil
de reconstruir.
Assim também acontece quando damos a nossos filhos muito dinheiro
para divertimentos e uma miséria para a coleta da igreja. Estamos dizendo a
eles que a auto-indulgência é muito mais importante que a benevolência
cristã.
Um meninozinho construiu cuidadosamente um prédio de blocos. Estava
intensamente interessado em seu projeto. Sem que percebesse, chegou a hora
de ir para a cama. Seu pai o chamou. Estava na hora de guardar os blocos —
agora! Apesar dos apelos e sentimentos do filho, de uma só vez e sem
maiores explicações, ele derrubou a criação do menino.
Algum tempo mais tarde esta criança, impulsivamente e aparentemente
sem problemas de consciência, destruiu um objeto a que seus pais davam
muito valor. Será que isso fazia lembrar a ação do pai?
Minha filhinha e eu estávamos esperando nossa vez no consultório
médico. Uma família entrou com dois menininhos. O menorzinho não per-
mitiu que seus pais tirassem seu agasalho ou capuz de medo do médico.
Logo depois, entretanto, ele estava brincando feliz, mas fazendo muito
barulho para uma sala de espera de consultório médico. Para impedi-lo de
quebrar um abajur, rasgar as revistas ou amolar os outros, os pais tentaram
fazê-lo obedecer pelo medo, dizendo mais de uma dúzia de vezes que o
médico já estava vindo, ou que o bicho-papão vinha pegá-lo ou que ele
apanharia quando chegasse a casa. O molequinho, depois de uma ou duas
ameaças, não prestou mais atenção. E por que deveria? Seus pais o estavam
ensinando não apenas a ter medo de um amigo, mas também a desconfiar das
próprias palavras deles.
As crianças geralmente correspondem à reputação que os pais lhes
conferem. Há algum tempo, eu estava em um lar onde os pais comentavam
continuamente o comportamento terrível de seu filhinho de três anos de
idade. Repetidas vezes, diziam: "Ele é dos ruins", "Ele é um danadinho", ou
"Ele não sabe se comportar".
E aquela criança de três anos demonstrou na nossa frente que estava
fazendo tudo o que podia para corresponder ao que diziam dela. Pense no
poder que comentários positivos poderiam muito bem ter tido.

O Filho Foi o Eco dos Pais


Existem pais que têm tido de enfrentar o fato de o filho ser expulso da
escola por ter faltado com o respeito à professora. Não apenas descobrem
que a criança não está nem um pouco arrependida, como também que se
rebela contra admitir haver feito algo errado. Os pais ficam horrorizados.
Entretanto, não se lembram das vezes em que eles, na presença do filho,
falaram com menosprezo dos administradores e do corpo docente da escola.
Aparentemente, não achavam que estivessem ensinando quando diziam
coisas tais como: "Ser professor costumava ser uma profissão respeitada.
Hoje, é emprego para os mal-ajustados e para aqueles que não conseguem
fazer outra coisa".
Como pais, somos professores sem férias. Como as ações de nossos filhos
que mais nos perturbam são geralmente reflexos de nosso desempenho,
devemos olhar para nós mesmos com toda honestidade. Precisamos procurar
ser pessoas de verdade — livres de hipocrisia. Precisamos nos esforçar mais
para ser o tipo certo de exemplo.
"Você quer dizer", perguntou um pai que estava participando em um
grupo de discussão para pais, "que o pai ou a mãe deve admitir para o filho
que cometeu um erro?"
Certamente. Os pais têm uma obrigação para com os filhos de admitir
seus erros. Os filhos bem ajustados não vêm necessariamente de lares onde
os pais cometem o menor número de erros. É bem provável que venham de
lares onde os pais cometem muitos erros, mas são francos e honestos o
bastante para admiti-los.
Algumas pessoas acham que admitir haver errado é sinal de fraqueza. O
oposto é verdadeiro. Admitir um erro quando é realmente um erro é sinal de
força e maturidade. É também o primeiro passo para melhorar e conquistar o
respeito.
Não há como possamos fingir perfeição ao ponto de convencermos
nossos filhos de que não temos defeitos. Quando um pai admite ter cometido
um erro, está instilando respeito pela verdade e o desejo de agir certo. Penso
às vezes que posso ler as reações dos pais pela forma como as crianças
reagem. A verdade é que nossos filhos aprendem a reagir pelo tipo de
reações que nós, como pais, demonstramos, particularmente durante horas
de tensão e circunstâncias penosas.
Uma ou duas vezes por semana, durante os meses de verão, eu paro no
campo de futebol da vizinhança para ver os meninos jogar bola. O en-
tusiasmo e o espírito desses meninos me intrigam muito. Seriedade e alegria
assim raramente são ultrapassadas em qualquer outra idade.
Interesso-me de modo particular pela forma como os meninos reagem
quando cometem um erro, quando perdem a bola ou quando o outro time faz
um gol.
Você já notou que quase todo time tem um "achador de pedregulho"? É o
garoto que pega um pedregulho ou torrãozinho e o joga para longe do lugar
onde comete um erro. Ele finge que foi a pedrinha que fez a bola ir para o
lado errado ou que de alguma forma interferiu em seu chute.
Ou considere o exemplo do rapazinho que vi outro dia. A bola pareceu
fugir da ponta do seu pé. Ele começou imediatamente a arrumar o tênis para
que todo mundo ficasse sabendo que o problema certamente era por o tênis
não estar bem amarrado. Outros meninos estão sempre a reclamar, quando
perdem a bola para o outro time, ou que tropeçaram, ou que o juiz estava
contra eles.
Existe também outro tipo de garoto. Quando ele comete um erro, também
o leva muito a sério. Dá para ver isso no seu rosto. Mas quando sai do campo,
ouço-o dizer: "Puxa, que bola fora eu dei. Dava para ter pego aquela com a
maior facilidade". Ou quando chuta para fora do campo, seu comentário
característico é, não que o juiz estava errado, mas — "Como é que fui fazer
uma dessas!"
Queremos que nossos filhos cresçam para encontrar seu lugar em um
mundo onde as pessoas freqüentemente estarão erradas. Queremos que eles
sustentem com firmeza aquilo que sabem ser certo. O desejo de procurar a
verdade é não apenas uma forma de não passar vexame, é o que precisam
aprender de nós, os pais.
Temos de estar alertas para as oportunidades de ensinar que possam
aparecer em situações diretas de ensino. Mas mais ainda, já que a maior parte
de nosso ensino é feita de maneira indireta e já que estamos verdadeiramente
ensinando o tempo todo quer queiramos ou não, precisamos estar
prevenidos, exercendo controle próprio, e em constante dependência da
ajuda divina.
Alguns anos atrás, certa mãe escreveu: "Você quer saber o que educará
seu filho? Seu exemplo o fará; sua conversa com os amigos; o negócio que
ele vê você fazer; o que você gosta e o que não gosta que ele o vir expressar
— tudo isto o educará... Sua... posição na vida, seu lar, sua mesa o
educarão... A educação acontece a cada instante; você não pode parar nem
voltar seu curso. O lado para o qual tudo isso levar seu filho é o que ele será
para o resto da vida".

TAL PAI, TAL FILHO


1. Discuta o fato de parecer que alguns filhos vindos de lares muito bons
não se tornam bons.
2. Você já notou que quando você, como pai ou mãe, fica de mau humor, os
filhos parecem ficar também choramingas e irritadiços, e que quando está
feliz, os filhos ficam felizes também? Isto é imaginário ou acontece
mesmo?
3. Dê ilustrações de como os filhos gravam as reações dos pais. Todo lar
tem histórias destas para contar.
4. De que maneira é mais difícil criar filhos bem-ajustados e felizes hoje do
que anos atrás?
5
Tornando Espiritual
a Vida da Família

MAS, PAPAI, NÓS não oramos" Estas palavras partiram da Sandra,


de quatro anos de idade, que estava no banco de trás
do carro.
Eu decidira, naquele exato momento, fazer uma experiência. Ao invés de
fazer o que geralmente fazíamos, curvando nossas cabeças em oração antes
de sair de viagem, eu havia dado partida no carro e começado a dar
marcha-à-ré para sair da garagem. Será que alguma das crianças perceberia a
omissão?, pensei. Perceberam sim. E isso foi expresso em voz alta por
Sandra.
Uma das maiores oportunidades que os pais têm, e no entanto uma que é
facilmente deixada de lado, é a de transformar os grandes momentos da vida
em família em momentos de caráter profundamente espirituais.
Considere esta questão das viagens da família. Começamos a tirar só um
momento, antes de sair de viagem, para orar pedindo a orientação e a bênção
de Deus para a nossa jornada. Parece uma coisa tão simples, e no entanto é
uma oportunidade significativa para ensinar não apenas a importância da
oração nas coisas comuns da vida, mas também para, com naturalidade,
levar nossos filhos a buscar a direção e o cuidado de Deus.
É assim que muitos acontecimentos e eventos da vida familiar têm grande
potencial para instilar discernimento e bênção espirituais. Isto não quer dizer
que uma oração ou sermão seja inserido em tudo o que acontece. De maneira
alguma. Antes, devemos aproveitar todas as oportunidades na vida familiar
que podem fazer muito para construir nossas vidas e lares para Deus.
Veja, por exemplo, o que o nascimento de um bebê no lar pode significar
para toda a família. Este é um grande momento que pode ser levado a ter um
caráter profundamente espiritual. Cada pessoa da família pode tomar parte
no grandioso milagre da vida. Agradecer juntos a Deus pelo novo membro
de uma família e, unidos, dedicar a criança a Deus, não pode deixar de causar
um impacto espiritual indelével sobre a família.
"Eu sei", disse uma jovem universitária, "que minha família me dedicou a
Deus antes e depois de eu nascer. Com cada novo irmão ou irmã, ouvi meus
pais fazendo preces de dedicação. Sempre soube que cada criança em nossa
família era considerada uma bênção de Deus. A bênção e a direção de Deus
eram pedidas diariamente para as nossas vidas."

Ao Andarmos Pelo Caminho


Muitas vezes fico impressionado pela expressão espontânea das crianças
com relação à criação de Deus. Em cada volta, a criança consegue ver a obra
das mãos dEle. Um passeio a pé ao lado de um riacho ou por um parque
apresenta novas oportunidades de aprendizado, tanto natural quanto
espiritual. Que pai consegue esquecer-se de perguntas tais como: "Papai,
como é que as estrelas ficam lá em cima no céu? O que faz algumas pedras
serem arredondadas e outras pontudas? Como é que Deus fez as montanhas
tão altas?" Que perguntas feitas podem ser melhores para levar a uma
conversa a respeito da grandeza e da glória de Deus?
O que deveriam os pais fazer quando as perguntas e as experiências
espontâneas das crianças nos levam a solo santo? Muito tempo atrás, Jó
recebeu ordens de parar e "considerar as maravilhas de Deus". Muitas vezes,
os pais deixam passar essas oportunidades, não tirando o tempo para
ponderar com seus filhos acerca das maravilhas de Deus.
Um amigo meu expressou o alvo de sua família da seguinte maneira:
"Tentamos capturar momentos de beleza sempre que aparecem e onde quer
que estejam e relacioná-los a Deus e Seu plano total para o universo. Muitas
vezes os interesses e preocupações das crianças levam ao limiar da
adoração". Ele dá o seguinte exemplo: "O Valter, que está na quinta série,
trouxe para casa seu livro de ciências para que o pai e a mãe pudessem
'aprender acerca das baleias também*" A conversa na hora do jantar foi uma
mistura de futebol e baleias. Quando o jantar terminou, o pai do menino leu
estas palavras da Bíblia: "Criou Deus os grandes animais marinhos... E viu
Deus que isso era bom".
"Está vendo, filho", disse o pai, "até mesmo as baleias são parte do grande
plano de Deus."

Abençoados por Pertencer


Poucos momentos da vida em família são melhores para acrescentar uma-
dimensão espiritual do que aniversários. Aniversários constituem marcos na
mente da criança. Podem também ser marcos espirituais quando a ênfase é
colocada sobre pertencer e compartilhar, e o sentimento de pertencer e
compartilhar não é apreendido através de dar presentes más sim através de
darmos a nós mesmos. Há crianças que receberam grandes presentes e
sentiram-se odiadas o tempo todo.
Considere o caso da criança cuja família providenciou um grande bolo,
uma quantidade enorme de brinquedos e roupas novas, juntamente com. uma
grande quantia em dinheiro para a ocasião. Mas com todos os presentes que
recebeu, a criança sentiu aguda negligência por parte dos pais. Não havia a
sensação de realmente pertencer. Ela se lembra que "parecia sentir lá dentro
que os pais evitavam dar de si mesmos dando outras coisas".
Outro jovem fala da forma como a família celebrava seu aniversário
quando ele era criança. Eram pobres demais para comprar presentes, mas
com o bolo que sua mãe fazia e as velas guardadas dos aniversários
anteriores, combinados com o amor expressado, ele tinha uma sensação
profunda de pertencer. Além disso, pela forma como a família participava
para fazer daquele um grande dia e pela maneira como as pessoas falavam do
seu garoto e irmão ficando cada vez mais velho e mais alto, davam- lhe um
senso de valor e bem-estar. "Lembro-me também", diz, "da oração que meu
pai fazia à refeição de aniversário. Eu sabia que minha família e Deus no céu
estavam interessados em mim e que eu pertencia a todos eles!' Como é fácil
para a compreensão infantil passar do fato de pertencer a uma família assim
para o de pertencer à família de Deus.
Parar para orar antes de sair para a igreja domingo de manhã transforma ir
à igreja em mais do que rotina ou ritual sem significado. Orar por aqueles
que ministram ou ensinam e pedir a Deus uma nova compreensão de Sua
vontade não fica sem recompensa na edificação do amor por Deus, por Sua
igreja e por Sua Palavra.
Um pastor muito querido, agora com mais de noventa anos, tinha diversas
formas de transformar momentos em seu lar em instantes de caráter
profundamente espiritual. Um exemplo era a bênção que ele dava a hóspedes
que estavam se retirando.
Quando uma família deixava as suas portas, sempre ia embora com uma
nova consciência de Deus. A filha dele, agora uma professora universitária,
escreveu palavras de gratidão ao refletir sobre a experiência de seu lar.
Quando a família e amigos pausavam antes do adeus, o pai dela lhes pedia
que se unissem a eles em uma leitura bíblica, canção ou oração.
"Geralmente", dizia ela, "se os hóspedes estavam viajando por certa
distância, repetíamos o salmo 23 ou cantávamos:

Ao viajar por este país, alegre cantando,


O Calvário, o rubro líquido, as almas mostrando,
Muitos dardos em minh'alma se cravam, causando-me dor,
Mas meu Senhor me conduz, faz-me vencedor.

Oh! desejo vê-10, Sua face contemplar,


Para sempre Sua graça salvadora cantar;
Nas ruas da glória, minha voz elevarei.
Sem cuidados, com muito gozo, no lar p'ra sempre estarei.

"As palavras daquela canção que diz: 'eleitos de todas as nações, mas um
só sobre toda a terra', adquiriam novo significado ao orarmos juntos naquela
casa pastoral na região central do país, com amigos novos e antigos do leste,
oeste, norte, sul e outras plagas!'

Nossa Diversão e Nossa Fé


Em dias nos quais as famílias acampam e viajam muito, como podemos
fazer com que essas experiências sejam profundamente espirituais? Essas
ocasiões oferecem algumas das oportunidades mais fáceis de chamarmos a
atenção para a criação de Deus. Certo jovem refletiu acerca de uma
experiência dessas e escreveu: "Alguns dos momentos mais espirituais para
mim têm sido durante os cultos domésticos quando nossa família está
acampando".
Quem não se sentiu espiritualmente fortalecido ao quedar-se sob um céu
estrelado ou ao sentar-se ao redor da fogueira de um acampamento, cercado
pela obra das mãos de Deus?
Certa família levou a Bíblia ao excursionar durante as férias. Quando a
viagem começou a ficar cansativa, a mãe tomou a Bíblia e abriu no Salmo
121. "Elevo os meus olhos para os montes", ela leu. Então, a família repetiu:
"Elevo os meus olhos para os montes".
Através do Salmo 121 e da repetição que a família fez, as crianças re-
ceberam uma impressão que levou a filhinha de dez anos a observar quando
chegaram às majestosas Montanhas Rochosas: "Estou tão contente por
termos aprendido esses versículos sobre os montes, mamãe, para hoje".
Algum tempo atrás, dois de nossos filhos chegaram de uma excursão da
escola e nos contaram que as crianças haviam cantado no ônibus quase todo
o tempo da viagem. Isto não era novidade para nossos filhos, pois cantamos
muitas canções favoritas quando viajamos. Cantar é uma boa válvula de
escape para crianças irriquietas. Refrigera a todos que participam e
acrescenta uma dimensão espiritual à viagem.
Em certa família de rapazes adolescentes, o mais velho havia acabado de
passar no exame para motorista. Ele veio para casa contente e excitado e
cheio de detalhes acerca da experiência. A conversa durante o jantar foi um
recontar dos acontecimentos, dos conselhos que havia recebido, dos perigos
a serem evitados, o que era legal e o que era ilegal fazer.
O pai, compreendendo a importância da hora, não apenas para o filho,
mas para toda a família, sugeriu que esta orasse pelo membro que, tendo
acabado de receber sua carta de motorista, estava assumindo uma
responsabilidade de grande importância para ele próprio e para inúmeras
outras pessoas.
Dois anos mais tarde, o segundo filho passou no exame para a carta de
motorista. Depois do jantar, ele colocou o braço em volta do ombro do pai e
pediu: "Que tal a família orar por mim hoje, papai? Acho que preciso disso
tanto quanto o Artur".
Quando a família do Sérgio Medeiros construiu uma nova casa, seus
membros encontraram maneiras de fazer com que esse empreendimento
tivesse significado espiritual. Não apenas buscaram, como família, a direção
de Deus antes de construir, como também, ao se mudarem, planejaram um
culto especial de dedicação. Convidaram o pastor com a família, além de
diversos amigos íntimos, para compartilhar com eles da dedicação de seu lar
a Deus, da promessa de tentar fazer de seu lar um lugar no qual Cristo
sinta-se bem-vindo, e no qual os amigos e estranhos encontrem um refúgio
de amor.

Por poder Especial


O momento em que os jovens partem para estudar fora de casa ou para
servir o exército é um grande momento na vida da família. Se nossos lares
forem as plataformas espirituais de lançamento das quais enviamos nossos
filhos passo a passo para servir a um mundo, então estes momentos de
lançamento deveriam ter um impacto espiritual Compartilhar algumas
palavras de orientação da Escritura e deter-se em prece por parte da família
toda nessas horas constitui uma experiência inesquecível.
Um jovem, servindo ao exército em um dos lugares de conflito no
mundo, recebeu a seguinte pergunta de um amigo: "Como é possível para
você agüentar uma situação dessas? As tentações não são terríveis,?" "São
sim", respondeu ele, "as tentações são tremendas. Mas posso ainda ouvir a
oração de papai e mamãe quando eu estava saindo de casa. Pediram a Deus
que me guardasse do mal e me ajudasse a ser fiel a Ele e aos ensinamentos
que haviam tentado me dar. Sei que minha família está a orar fervorosamente
por mim enquanto eu estou aqui."
O casamento é um instante de significado espiritual. Deve ser uma
experiência cheia de gozo. Muitas vezes, mesmo jovens cristãos podem
lembrar-se do dia do seu casamento como um dia de frivolidades, doces, e
brincadeiras bobas. É aqui que nós, como pais cristãos, somos desafiados a
acrescentar a dimensão espiritual. Não é tanto a hora de pregar àqueles que
estão se casando como a hora de ensinar aos filhos mais jovens o significado
do casamento. É a hora de os pais compartilharem com os filhos seu próprio
amor um pelo outro e como Deus os uniu.
"Lembro-me de quando minha prima se casou", disse uma jovem esposa
que estava muito feliz no casamento, "meus pais, ao voltarmos para casa
depois da cerimônia, contaram-nos um pouco da alegria que haviam sentido
quando se casaram. Quando nos disseram que o amor de um pelo outro e sua
felicidade agora eram maior que nunca, senti uma sensação de bem-estar que
tem me dado estabilidade muitas vezes desde então. Aquela experiência
lançou um raio de luz por toda minha existência sem a qual não sinto que
poderia ter vivido!'
Até mesmo a morte de um amigo ou de alguém da família pode ser um
momento de experiência de crescimento espiritual. Uma experiência dessas
pode ser um meio de instilarmos confiança em Deus que ultrapasse em muito
qualquer outra experiência, sendo também, totalmente diferente de quase
todas as outras. Aqui, na hora da separação e do que parece ser o fim, a
criança pode aprender através do espírito, da atitude e das palavras dos pais,
as coisas que são eternas. Aqui, para o cristão, está a oportunidade de
compartilhar profundamente da tristeza que é normal, mas mostrar de forma
clara que a fé em Deus nos livra do fatalismo e da desesperança. Mesmo no
fato da morte, a fé da família pode desabrochar.
Em nossa família, era costume levar todas as crianças ao enterro de
parentes e amigos. O modo como papai e mamãe derramavam lágrimas de
tristeza e simpatia, as palavras de esperança que diziam aos que estavam
enlutados, e a mensagem cristã pregada nessas ocasiões muito fizeram para
dar-me uma esperança abençoada e viva.
Certa família levou seus dois filhinhos ao enterro de um tio-avô que os
meninos conheciam bem. "Esperávamos ter de enfrentar muitas perguntas, e
foi isso o que aconteceu", disse a mãe. "Mas o fato de a morte não
atemorizá-los foi o que mais me surpreendeu. O garoto de oito anos falou
calmamente acerca da morte e de ver a Deus. O de quatro anos queria saber
por que tinha de esperar até ficar mais velho para morrer. Ficamos felizes por
ter a segurança da vida após a morte para poder levá-los à concepção da vida,
morte, e céu.

Quando Prestamos Culto e Testemunhamos


O culto doméstico não precisa ser coisa do passado. Por anos, muitas pes-
soas adquiriram a consciência de Deus em derredor do altar da família ao
qual as famílias de hoje fariam bem em dar valor.
"Hoje cedo vi um lindo quadro", disse-me um amigo ao nos encon-
trarmos antes de uma palestra. Estávamos hospedados em casas diferentes
durante uma conferência que estava sendo promovida em uma comunidade
universitária.
Ele me contou a cena que presenciou ao descer para o café da manhã. A
família toda estava assentada ao redor da mesa, o professor de química da
faculdade, a esposa e os cinco filhos. Os filhos, cujas idades iam de cinco
anos ao final da adolescência, estavam com suas Bíblias e hinários. Depois
de cantar diversos hinos, alternaram-se na leitura da Escritura e na oração.
Essa família começava o dia com poder espiritual
Através do culto doméstico, as crianças aprendem como se relacionar
também com a família maior de Deus. À medida que oram no círculo
familiar pela igreja, por seus pastores e por sua missão mundial, o amor e
lealdade delas por Cristo e Sua igreja crescem. Do mesmo modo que os
interesses e amizades das crianças se alargam para incluir as pessoas de fora
da família e dos amigos íntimos, assim também as orações em família se
ampliam em escopo à medida que as crianças começam a sentir inclinações
missionárias no sentido básico de preocupar-se com todas as pessoas.
Robertinho, de cerca de quatro anos de idade, pensando nos contatos de
vendas que o pai fazia de casa em casa, incluiu os clientes do pai em sua
oração ao pedir a Deus: "Por favor, abençoe todo mundo que eu não
conheço".
Muitas vezes, fico maravilhado com a preocupação profunda das crianças
pelas outras pessoas. Após ter compartilhado a necessidade de alguém, já
ouvi crianças pequenas, por si mesmas, lembrarem-se daquela pessoa em
oração, dia após dia. Assim é que, ao ouvir o noticiário do dia que fala de
necessidades físicas e espirituais, de guerra e paz, temos ainda outra
oportunidade de recobri-las de significado e propósito espiritual.
Em Deuteronômio 6:6,7 Deus nos diz que a tarefa de ensinar e usar os
momentos disponíveis para ensinar não é coisa de última hora. "Estas
palavras que hoje te ordeno, estarão no teu coração; tu as inculcarás a teus
filhos, e delas falarás assentado em tua casa, e andando pelo caminho, e ao
deitar-te e ao levantar-te"
De um ponto de vista, é uma tremenda responsabilidade dar alimento e
educação cristãos verdadeiros aos filhos. É muito mais fácil para os pais
negligenciarem do que alimentarem seus filhos para Deus. É por este motivo
que as Escrituras enfatizam com tanta insistência que os pais falem a seus
filhos de Deus e de Sua obra em todas as circunstâncias. Quando assentados
na própria casa, andando pelo caminho, ao deitar, ao levantar, quer
tranqüilamente em casa ou apressando-se por uma estrada quente e
poeirenta, a conversação deverá voltar-se sempre para Deus e Sua Palavra.
Falar acerca de Deus ao deitar-se, ao levantar-se, assentados ou andando
não significa, é claro, incessante tagarelice sobre religião. Significa que
nossa fé será tão significativa para nós que será natural em todas as
circunstâncias da vida falar de Deus e de Suas obras. Veja que Deus diz:
"Estas palavras que hoje te ordeno, estarão no teu coração".
É assim que nós, pais, temos preciosas oportunidades de relacionar tudo
na vida a Deus. Mas as oportunidades são transitórias. As oportunidades têm
de ser agarradas imediatamente ou serão perdidas. Somos convocados a
aproveitar ao máximo cada oportunidade para Deus na única família que
jamais teremos. Somos convocados a fazer de nossas famílias centros de
demonstração de vida cristã.
Se, como escreveu Henry Drummond: "O círculo familiar é o supremo
condutor do cristianismo", então precisamos tornar sacros os deveres e
alegrias cotidianos da vida familiar com o toque do divino.
TORNANDO ESPIRITUAL A VIDA EM FAMÍLIA
1. Faça uma lista das ocasiões e oportunidades em seu lar que poderiam ser
levadas a ter caráter mais significativo e espiritual.
2. Como podemos transmitir a verdade espiritual sem viver pregando ser-
mões a nossos filhos?
3. Como podemos impedir que o culto e as disciplinas espirituais
transformem-se em rotina?
6
Cortesia captada e ensinada

UM OLHAR MAGOADO brotou nos olhos de Sandra. "Papai", disse a


menina, "às vezes eu gostaria que você fosse mais delicado!' Chocado,
perguntei a ela o que queria dizer. Ela explicou com bondade, mas em termos
bem claros.
Sandra havia vindo mostrar-me sua prova de ortografia da quarta série.
Seu sorriso denotava a satisfação que sentia ao tirar uma nota alta. E eu, ao
invés de olhar a sua prova e participar daquilo que conseguira, havia olhado
para ela e dito: "Sandra, seu cabelo cobrindo todo o rosto. Mal posso ver seus
olhos".
Agora, eu percebia sua mágoa e pedi desculpas. Disse a ela que tentaria
melhorar. Apesar de não ter tido a intenção de ser descortês, percebi que
minha preocupação com convenções adultas tornara-me insensível à cortesia
que minha filha merecia. Sandra, com sua observação, estimulou-me a
pensar com seriedade acerca da cortesia.
Como qualquer genitor, tento ensinar meus filhos a serem corteses. Uma
das primeiras coisas que descobri ser verdade era a de que eu mandava meus
filhos serem corteses mais do que a cortesia que eu demonstrava. É claro que
deve haver preceito bem como prática, mas, como com a maior parte das
coisas, a cortesia é captada mais do que ensinada.

Que É Cortesia?
Uma das credenciais do cristianismo é: "Seja cortês". A palavra vem da
maneira da corte. Significa comportar-se como a realeza. Cortesia é aquela
fina flor da vida que leva uma fragrância doce aonde quer que vá. Cortesia é
discurso temperado com amor. É ação motivada pela afeição. É baseada
sobre atitudes íntimas e revela preocupação pela felicidade e direito dos
outros. A cortesia é o transbordar e o resultado da bondade e da paciência, e
o desejar o melhor para as outras pessoas.
E claro que existe uma cortesia superficial que é colocada do lado de fora,
Pode brotar de um desejo de aprovação e popularidade ou reputação. Isso
pode ser ilustrado pelo homem que deixa do lado de fora da porta as boas
maneiras quando chega a casa ou pela esposa que trata os de fora melhor que
os de casa.
Alguém descreve a cortesia assim: "A cortesia é demonstrar amor por
outras pessoas mesmo nas menores ações. Usar ou não gravata em uma
situação particular é apenas uma questão insignificante, sabe? A longo
prazo, provavelmente não é muito importante. Mas passar correndo à frente
de outra pessoa, pisando seus sentimentos pelas coisas que dizemos, ou
rir-lhe na face são ações sérias de descortesia por serem atos que não
expressam amor pela pessoa. Assim, boas maneiras básicas brotam de um
coração de amor pelas pessoas". A cortesia é mais do que a etiqueta apro-
priada. Não é apenas boas maneiras "assumidas". A cortesia cristã é boas
maneiras "embutidas".

Faltar com a Cortesia


Como sucedeu no caso da Sandra, nós, como pais, podemos acabar des-
cobrindo que nossa prática da cortesia deixa muito a desejar. Quebramos as
regras. Muitas vezes, esperamos mais cortesia de nossos filhos do que nós
mesmos pomos em prática.
No livro Homes Build Persons (Os Lares Constroem Pessoas), o autor
escreve: "Nós, os pais, deveríamos nos aperceber, embora raramente o fa-
çamos, de que nossos filhos têm tanta preocupação e ansiedade acerca de
nossas maneiras e conduta quanto temos acerca das deles".
Por nossos filhos não serem adultos, inclinamo-nos a ignorar suas
questões e preocupações. As crianças fazem perguntas. Elas chamam a nossa
atenção de diversas maneiras. Estas perguntas e chamadas de atenção podem
ser usadas como ocasiões para edificar relacionamentos e compreensão.
Entretanto, muitas vezes, simplesmente por sermos descorteses, perdemos a
oportunidade.
Os adultos têm o mau hábito de interromper quando as crianças estão
falando. Certo dia, ao visitar um lar, o homenzinho da casa e eu ficamos
sozinhos na sala de estar. Ele estava me explicando algo realmente excitante
que estava fazendo: estava construindo uma cabaninha debaixo de uma
árvore no quintal, e planejava dormir ali uma noite dessas.
No meio da história, o pai dele entrou na sala e, sem pedir licença,
interrompeu o filhinho e falou para mim que o jantar estava pronto. Percebi o
olhar magoado no rosto do garoto. O pai não tivera a intenção de ser
descortês. Para mim, as palavras que usou para me convidar para jantar
foram muito delicadas. Mas por alguma estranha razão, não achou ne-
cessário ser cortês para com o próprio filho, por ele ser pequeno. O menino
demonstrou melhores maneiras quando sussurrou para mim ao dirigirmo-nos
para a sala de jantar: "Talvez depois do jantar eu possa contar-lhe o resto,
está bem?"
Os adultos cometem falta de cortesia quando riem das perguntas ou
observações da criança. Também é coisa séria repetir errinhos bobos que as
crianças fazem para os amigos, com o intuito de fazê-los rir. Isso não apenas
é descortês como destrói a confiança que a criança tem nos outros e em si
mesma.
Em seu ótimo livro: A ParenVs Guide to Emotional Needs of Children
(Guia dos Pais Para as Necessidades Emocionais dos Filhos), o Dr. David
Goodman escreve o seguinte: "Ser tratado cortesmente pelos pais torna a
criança segura do próprio valor. Isso é importante para que se sinta segura e
autoconfiante de modo geral. É pela autoconfiança que a criança abre
caminho no mundo. Esse é o grande dom que concedemos a nossos filhos.
Sem ele, todos os outros presentes nada valem". E, numa sociedade de
despersonalização, a cortesia muito pode fazer para satisfazer a desesperada
necessidade de reconhecimento e aceitação.
Muitas vezes os pais, por sentirem que são mais bem qualificados para
responder a perguntas, não permitem que a criança responda por si mesma
quando alguém se dirige a ela. Pense quanto isto é descortês considerando
como soa ao ser aplicado ao mundo adulto.
Intimamente relacionado ao ato de falar pela criança é a contradição do
que ela diz. Há uma forma de corrigir bondosamente sem contradizer
abertamente.
Assim também, quando os pais se levantam da mesa ou saem do cômodo
quando a criança está falando, estão sendo descorteses. Às vezes, os pais são
mal-educados ao forçar a criança a ser bem-educada. Já ouviu alguma vez
um pai ou mãe gritar irado para o filho: "Não me interrompa"? Além disso,
pouca esperança há de ajudar o filho a ser cortês dizendo-lhe que é grosseiro
ou mal-educado. O fato é que as crianças têm * um modo de corresponder à
sua reputação. A criança que apenas ouve falar que é mal-educada não está
recebendo ajuda alguma. Está simplesmente sendo relembrada de ter sido
mal-educada, e provavelmente corresponderá de novo à fama que tem.

Onde Começa a Cortesia


Onde, então, começamos a ensinar cortesia a nossos filhos? Começamos
no lugar onde começamos quase tudo o mais, conosco mesmos. Por ser a
cortesia captada mais do que ensinada, os pais devem olhar para os próprios
relacionamentos e práticas. A cortesia é criada em casa.
Um pastor, no aconselhamento pré-nupcial, tem o hábito de sempre fazer
uma pergunta a cada um dos noivos: "João, quero que me prometa ser
sempre cortês para com Maria do mesmo modo como é para com as esposas
dos outros homens". João faz que sim com a cabeça e diz: "Sim, senhor".
Nesta fase, ele não consegue imaginar nada diferente. Então o pastor
pergunta: "E, Maria, você me promete que será, em todo o tempo, tão cortês
para com o João quanto é para com os maridos das outras mulheres?" Maria
responde, sem hesitar: "Sim",
Esperamos que a cortesia tenha parte importante durante o namoro e o
noivado, mas é bom lembrar que as maneiras afetam o casamento mais do
que qualquer outra coisa. O dia do casamento não pode ser o fim do
cavalheirismo e o começo da servidão, pois a cortesia não é somente uma
preparação para o casamento, mas também aquilo que preserva essa
instituição.
A cortesia é um meio básico e extremamente importante para expressar o
amor. Diz um conselheiro matrimonial: "A falta de cortesia por parte do
marido ou da esposa é a causa básica de 80 por cento da frieza e alienação,
senão de brigas e separações permanentes na vida conjugai".
A falta de cortesia também permite que uma frieza se desenvolva entre os
pais e os filhos. E como a cortesia nasce na atmosfera do lar, os filhos, em
seu relacionamento com as outras pessoas, refletem, em grande parte, essa
atmosfera. Uma atmosfera tranqüila, graciosa, serena e feliz fará mais do que
dúzias de ordens.
Às vezes, ficamos com a idéia estranha de que devemos ser corteses com
as pessoas de fora da nossa família, mas que em casa isso não tem
importância. Certa mãe ficou chocada quando sua filhinha lhe disse: "Ma-
mãe, gostaria que você fosse tão boazinha para nós quanto é para as outras
pessoas". Apercebeu-se de repente que tratava sua família de forma diferente
de como tratava os amigos.
A melhor forma de edificarmos a cortesia é sendo corteses para com
nossos filhos. Estive em um lar no qual senti que os filhos tinham um senso
de propriedade. Aprendi uma lição. O pai, desejando que o filho lhe fizesse
um favor, disse: "João, você poderia fazer o favor de apanhar meu talão de
cheques na escrivaninha?" A mãe, ao expressar apreciação, disse: "Júlia,
obrigada por lavar a pia hoje. Estava tão brilhante quando cheguei a casa".
Não apenas isso funcionava assim, mas vi inúmeras vezes que os pais se
prontificavam a ajudar os filhos. Júlia precisou do livro que estava no
escritório. "Espere um minuto, filha", disse o pai a dirigir-se àquele cômodo.
"Trarei o livro para você!' E a mãe, percebendo que a menina tinha muito que
estudar aquela noite, disse depois do jantar: "Filha, pode deixar que eu
mesma arrumo a cozinha, pois já coloquei meu serviço em dia. Você vai
precisar de tempo para estudar".
Nesta história estão outros segredos para a edificação da cortesia. É um
ato sublime de cortesia cumprimentarmos nossos filhos e outras pessoas pelo
nome: "Bom dia, João" transmite calidez e amor, pois ainda é verdade que
não há outro som tão doce quanto nosso próprio nome. Uma palavra de
elogio, ao invés de implicar ou culpar, valerá muito mais a longo prazo. E
acontece ainda que as pequenas palavras abrem o coração. Como diz um
antigo versinho popular:
Como a porta, é fácil abrir o coração
Com chaves pequenas, de valor.
E não se esqueça de que, dentre elas estão
"Obrigada" e "Por favor".

A Cortesia É Respeito Peias Pessoas


Cortesia, em seu melhor aspecto, é uma qualidade espiritual nascida da
reverência e da consideração pelo indivíduo. Garry e Caroline Myers, em seu
livro Homes Build Persons (Os Lares Constroem Pessoas), dizem:
"Lembremo-nos de que a melhor forma de ensinarmos boas maneiras à
criança é provando, através da autodisciplina, que temos grande conside-
ração por ela como pessoa, e, portanto, somos corteses para com ela". Já
disse alguém: "Jesus jamais encontrou uma pessoa sem importância".
Ser cortês é respeitar a pessoa como pessoa, uma das criaturas de Deus.
Isto significa que não há exceções — rico ou pobre, culto ou inculto. A
forma como os pais tratam o carteiro, o leiteiro e o lixeiro; a forma como os
pais falam com o caixa no banco e a forma como falam com os vizinhos
constroem ou destroem o respeito pelas pessoas. A bondade demonstrada
para com todos, não importa quem sejam, fornece o caminho para a prática
da cortesia por parte de nossos filhos.
Gosto muito da história em que o Presidente Abraão Lincoln demonstrou
seu respeito pelas pessoas em um jantar oficial na Casa Branca.
Mais ou menos uma hora antes do jantar, um grupo de velhos amigos do
tempo em que tinha uma lojinha no interior apareceu para visitá-lo,
naturalmente pensando em ficar para jantar. Lincoln mandou que ar-
rumassem de novo a mesa e fez sentar os políticos e os seus amigos caipiras
juntos para a refeição.
Durante o jantar, um dos seus amigos do interior despejou café no pires,
assoprou para esfriá-lo, e bebeu do pires mesmo.
Lincoln percebeu que seus críticos erguiam sombrancelhas, trocando
olhares, sorrindo. Enquanto o observavam para ver como reagiria, o
presidente ergueu a xícara, despejou café no pires, assoprou e bebeu do pires
também. Seus críticos foram graciosos o bastante para seguir a deixa, e
naquele dia, à mesa da Casa Branca, todos os convidados tomaram café dos
pires.
Talvez os pais ensinem mais acerca do respeito pelas pessoas quando elas
estão ausentes do que pela forma quando agem quando elas estão presentes.
A criança, cuja família se permite caçoar de traços de personalidade e de
ações e das vidas de outras pessoas — dizendo com isso que são inferiores e
ridículas — achará difícil ser cortês para com essas pessoas. Um senhor que,
quando rapazote, visitou uma casa na qual todos pareciam se deliciar em
contar histórias acerca das outras pessoas para provocar risadas, diz que
embora fosse bem criança nessa ocasião, sentiu a maldade disso e percebeu
que era uma coisa errada. Acabou ficando sem vontade de voltar a visitar
aquele lar.
Ensinamos os filhos a desconfiar dos outros pelas perguntas que fazemos
acerca dos amiguinhos deles. É muita indelicadeza criticar o com-
panheirinho da criança. Certa menininha orou assim: "Senhor, ajuda as
pessoas más a serem boas, e todas as pessoas boas a serem amáveis".
Um questionário perguntava às crianças o que elas gostariam que seus
pais fizessem e o que gostariam que eles não fizessem. Três coisas se des-
tacaram: tratar meus amigos como se fossem bem-vindos e tentar
compreender-nos; contar-me a diferença entre o certo e o errado, mas sem
ser muito ruim a esse respeito; não ficar implicando comigo na frente das
outras pessoas.
Gosto da definição de cortesia de Henry Drummond: "O amor é coisas
pequeninas". Alguém sugere que as três palavras milagrosas na família são
"desculpe", "por favor" e "muito obrigado". O amor diz "por favor" porque
reconhece a bondade da outra pessoa. O amor diz "muito obrigado" porque
sente e expressa gratidão pela outra pessoa. O amor tem de se expressar com
palavras tais como essas ou perde seu brilho e beleza.
A cortesia é parte do caráter e da habilidade. Como tal, seu ensino
também é importante. Um escritor a ela se refere da seguinte maneira: "Su-
ponha que a vida toda você observasse boas maneiras à mesa; você sempre
mastiga com a boca fechada. Não acho que esse exemplo vai transmitir a
idéia a seus filhos. Acho que, além de fechar a boca quando mastiga, você
vai ter de dizer às crianças para fazerem o mesmo. Você pode passar a vida
toda tomando cuidado para não olhar na bolsa ou ler a correspondência das
outras pessoas. Mas não creio que esse fato vá ensinar a seus filhos a não
olhar na bolsa de outra pessoa. Você vai ter de dizer isso a eles".
Assim, é verdade que umas deixas dos pais são essenciais além do
exemplo certo. Boas maneiras também são aprendidas como qualquer traço
desejável de caráter "um pouco aqui, um pouco ali... linha sobre linha...
preceito sobre preceito". As crianças precisam aprender a respeitar as pro-
priedades e direitos alheios. O papai tem a escrivaninha dele; a mamãe tem o
gaveteiro dela. Cartas são coisas particulares, e o certo é bater à porta antes
de entrar no banheiro ou no quarto de outra pessoa.
Tivemos, em nossa família, o que chamávamos de clube das boas ma-
neiras. Se um membro percebesse que outro havia esquecido de dizer "por
favor" ou "obrigado", ou que havia interrompido uma conversa, ou passado
na frente de outra pessoa sem dizer "com licença", ficava presidente do
clube. Ficava nesse cargo até que fosse apanhado por não praticar as boas
maneiras. Como podem bem imaginar, os pais eram apanhados tantas vezes
quanto os filhos. Talvez não seja bom manter um clube desses em operação
por longo período de tempo. Todavia, é um método de cultivar a
conscientização da cortesia.
Finalmente, é quase tão simples quanto decidir o que desejamos. Pre-
cisamos escolher ser corteses e desenvolver a disciplina da cortesia coti-
diana. Não viramos cavalheiros ou damas sem querer. O lar que não tiver
tempo para a cortesia, terá tempo para a grosseria. O lar que não arranjar
tempo para elogios terá tempo para as reclamações. O lar que não tiver
tempo para sorrisos terá tempo para caras fechadas. E o lar que não tiver
tempo para palavras doces e amorosas encontrará tempo para palavras duras
e críticas.
Escreveu um autor desconhecido:

Sou pequenina com grande significado.


Ajudo todo mundo.
Destranco portas, abro corações, elimino preconceito:
Crio amizade e boa vontade.
Inspiro respeito e admiração.
Não quebro lei alguma.
Não custo nada.
Muitos me elogiaram; ninguém jamais me condenou.
Agrado a pessoas de situação alta e baixa.
Sou útil a cada instante.
Sou a cortesia.

A CORTESIA — CAPTADA E ENSINADA

1. Escreva uma definição de cortesia.


2. Enumere faltas de cortesia além daquelas enumeradas pelo artigo.
3. Quantos pais dizem continuamente "obrigado", "por favor" e "desculpe",
dentro de casa? Por que é que fazemos em casa diferente do que fazemos lá
fora?
7
Conseguindo Que os Filhos
Ajudem em Casa

O QUE PODEMOS fazer para conseguir que nossos filhos ajudem em


casa?" Esta pergunta , feita em um grupo de estudos para pais por uma mãe
frustrada, parece ser conhecida de muitas famílias. Ela aponta para um
problema perene dos pais. O que podem fazer para treinar os filhos a ajudar
em casa?
É claro que não devemos acreditar no mito de que os pais podem ser tão
habilidosos em conseguir que cada filho vá sempre naturalmente querer
descascar batatas, limpar o chão, arrumar as camas, varrer e tirar o pó, lavar
pratos e, com boa vontade, fazer tudo o que deve ser feito. Mas os pais
podem ter certeza de que há princípios que todos podem seguir para
desenvolver em seus filhos uma atitude salutar para com o trabalho.

Comece Cedo
Receba calorosamente os primeiros esforços da criança para ajudar. O pai
ou mãe que elogia a primeira cooperação da criança em coisas como ar-
regaçar as mangas, lavar as mãos e comer sozinho cultiva uma atitude de
querer ajudar.
A criança gosta muito de ajudar. Tanto assim que muitas vezes, pode
virar uma amolação. Como comentou a mãe de duas crianças pequenas:
"Elas me ajudam desde cedo até a noite e levo o dobro do tempo para fazer as
coisas que levaria se fizesse sozinha". Sim, é muito mais rápido para os pais
fazerem pequenas tarefas sozinhos. Uma professora também pode somar e
escrever melhor e mais rápido do que seus alunos. Mas ela sabe quão
importante é dar à criança a oportunidade de aprender. Os pais sábios
também sabem disso.
Certa manhã, Sandra, que tinha dois anos de idade, estava demasia-
damente quieta no banheiro. Quando a mãe foi ver o que ela estava fazendo,
viu que a menina havia passado a pasta de dentes no espelho, pia, paredes e
chão. Como o faria qualquer mãe, sua primeira vontade foi de castigar, de
indicar claramente a Sandra que esse comportamento era mau. Mas a menina
podia ter tido boas intenções. Talvez estivesse tentanto limpar como vira a
mãe fazer. Além disso, era tão gostoso espremer o tubo de pasta. A sensação
de espalhar algo macio e liso por tudo sem dúvida alguma fora agradável e
satisfatória.
A mãe de Sandra reconheceu o interesse da menina em ajudar e deu o
primeiro passo para ensiná-la a limpar o espelho e a pia da maneira apro-
priada. É claro que é mais simples ralhar e bater numa situação dessas. Mas é
melhor tirar o tempo para orientar. Um pouquinho de tempo quando a
criança está com dois anos pode economizar muito tempo e evitar muita
tensão quando ela estiver com doze anos.
Mesmo uma criancinha pode ajudar. Podemos ensiná-la a tomar parte no
divertimento de apanhar os brinquedos e guardá-los no lugar certo. Em seu
livro The Strategy of Handling Children (A Estratégia de Lidar com
Crianças), D. A. Laird diz que as crianças deveriam ser levadas a "formar o
hábito de manter as coisas em ordem assim que comecem a engatinhar. Nove
em dez crianças podem aprender o hábito da ordem a partir da mais tenra
infância".
Começar cedo não quer dizer impingir numerosas responsabilidades à
criança. Enquanto a criança que não tem nada para fazer fica entedia- da, a
que tem muitas coisas para fazer fica frustrada. O importante é que cada
criança tenha alguma responsabilidade regular. À' medida que ela vai
crescendo, pode ir gradualmente assumindo mais tarefas.
Ao determinar tarefas, devemos ter em mente que a criança, em idades
diferentes, tem a capacidade de prestar atenção por durações diferentes de
tempo. Dê trabalhos mais curtos para os mais jovens e tarefas que requerem
mais tempo para as mais velhas.
Lembre-se, um segredo para conseguir que a criança ajude em casa é
começar cedo separando tempo para ensinar quando ela deseja ajudar.
Jogar água fria nos anseios profundos que a criança tem desde cedo de
ajudar é, muitas vezes, o começo do problema posterior de a criança não
querer ajudar. Respeitar a exuberância inicial da infância expressa pelo
espírito de "deixe-me ajudar" ou "estou ajudando também" é uma boa forma
de começar a ajudar a criança a assumir responsabilidade.

Estimule a Iniciativa
Um passo além de honrar o desejo inicial da criança de ajudar é o de
procurar estimular a criança a tentar muitas coisas diferentes.
Freqüentemente, a criança é estimulada quando os pais simplesmente lhe
permitem participar de pequenas coisas. Ela sente-se encorajada a ajudar
quando lhe permitem carregar pequenos pacotes quando a família vai às
compras. Ela sente-se estimulada a pendurar suas roupas quando os pais
colocam cabideiros em altura que ela consiga alcançar. Ela é impelida a lavar
as mãos se um banquinho coloca a pia ao seu alcance.
A iniciativa é estimulada também se permitir certa liberdade para fazer as
coisas, para investigar, e para tentar novos projetos.
Veja, por exemplo, o que aconteceu quando Décio, de dez anos de idade,
começou um negócio florescente de engraxar sapatos. Ele construiu sua
própria caixa, funcional embora com uma aparência meio desajeitada. A
família toda discutiu qual seria o preço justo para os diferentes tipos de
calçado. Durante algum tempo, o menino ganhou um dinheirinho extra
mantendo todos os sapatos da família engraxados e brilhantes. É verdade que
o projeto não durou muito tempo, mas os pais o encorajaram e levaram em
consideração os picos e vales naturais do entusiasmo.
A criança gosta muito de consertar as coisas. Ela adora experimentar, ver
como as coisas são feitas e como funcionam. Para desenvolver a iniciativa,
capitalize sobre este gosto permitindo que seu filho experimente consertar as
coisas.
Permitir que a criança participe do planejamento e preparação de algo que
goste de fazer estimula a iniciativa. Os filhos do casal Antônio e Júlia
Macedo, como a maioria das crianças, são sociáveis. Elas gostam de festas e
hóspedes. Mas isto acarreta trabalho a mais. Quando as crianças pediram
para fazer uma festa, a família toda tirou o tempo para sentar e discutir o que
significa convidar amigos para vir à nossa casa. Durante a discussão, cada
uma delas decidiu fazer alguma coisa para facilitar o trabalho da mamãe. O
que normalmente era uma chateação virou uma delícia. Agora limpar, lavar
os pratos, e ajudar a preparar a refeição tinham significado. Além disso, cada
criança sentia uma alegria íntima por estar contribuindo de uma forma
especial.
A criança deseja fazer o que ela vê os adultos fazendo. Aqui mesmo, a
iniciativa pode ser sufocada ou estimulada. E necessário ter muita coragem e
fé para ficar de lado e deixar a criança assumir a responsabilidade que ela
está querendo assumir. E se os ovos realmente quebrarem? É melhor ter ovos
quebrados do que um espírito quebrado. E se o bolo se queimar ou o leite for
derramado? É melhor isso do que desestimular a criança de ajudar. Se ela
tentar fazer um pouco mais do que é capaz, não tem importância.
Simplesmente ajude-o a crescer até onde quer alcançar. É preciso ter uma
noção da hora certa para manter a responsabilidade de acordo com o
crescimento, e a reconhecer e respeitar as aptidões e limitações da criança. É
verdade que os pais às vezes colocam responsabilidades demais sobre a
criança. Mas talvez seja mais predominante e igualmente errado afastar a
criança dizendo continuamente coisas tais como: "Agora não. Espere até
ficar maior".

Expresse Apreciação
A apreciação é a chave que abre a porta do espírito de ajudar na família.
Os pais têm a tendência a achar que o trabalho da criança é obrigação delas.
É mais fácil corrigir e criticar do que elogiar. Se os pais desejarem ensinar os
filhos a trabalhar, devem aceitar o desafio de celebrar os sucessos da criança.
Jane Grossman escreve em Life with Family (Vida em Família) que "celebrar
o sucesso é importante. Devemos registrar nosso prazer e satisfação quando
um filho ou filha demonstra ter progredido em algo que até aqui fora difícil,
quando o trabalho é bem feito".
A criança recebe estímulo para ajudar em casa destas primeiras ex-
pressões de apreciação. Um sorriso quando ela apanha algo do chão pela
primeira vez estimula o espírito de ajudar. Um generoso uso de elogios traz
para fora o melhor. E os pais que costumam elogiar o filho por trabalho bem
feito verão que ele viverá de forma a corresponder à sua reputação. Também
verão que ele estará pronto a responder da maneira certa em outras áreas da
vida.
Em seu livro How to Help Your Child Grow Up (Como Ajudar Seu Filho
a Crescer), Ângelo Petri diz que, da mesma forma que todo artista precisa de
uma platéia e perece sem ela, assim também toda criança que consegue fazer
algo difícil para ela precisa ser elogiada. O executante- mirim é inspirado
pela aceitação e aprovação dos mais velhos a quem ele anseia agradar.
Talvez pareça bobagem dizer a um filho pequeno: "Você fez um ser-
vicinho bem feito", quando ele conserta a maçaneta da porta, ou troca a
arruela da torneira. Mas não é, não. Pode parecer coisa insignificante a mãe
dizer para a filha adolescente: "Fico tranqüila quando você está tomando
conta do seu irmão". Mas esse tipo de asserção leva a uma atitude de mais
responsabilidade ainda. Quando o pai pergunta: "Mamãe, você viu o Daniel
me ajudar a limpar a garagem hoje?" está instilando no menino a emoção de
conseguir fazer algo difícil e a alegria de trabalhar junto com outra pessoa.
Os pais que expressam apreciação a seus filhos com regularidade, verão
que ela lhes é devolvida de muitas maneiras, inclusive sob a forma de ajuda
no trabalho de casa.
Mas qual é o tipo certo de elogio? Elogio deve ser específico. Expressar
reconhecimento ao Joãozinho por ter ajudado a irmãzinha a calçar os sapatos
é muito melhor que um elogio vago como, por exemplo: "Joãozinho, você
foi um menino muito bom hoje". Talvez o menino se lembre, com um elogio
geral assim, de alguma coisa que ele fez e que não foi muito boa. Agradecer
a Anita, de seis anos, por ajudar a mãe a arrumar a mesa ou limpar o quarto
de brinquedos tem significado muito mais profundo do que dizer
simplesmente: "Obrigada por ter ajudado tão bem a mamãe hoje".
Elogie a criança por fazer coisas que requereram esforço, auto- sacrifício
ou uma reação certa. Elogiar a criança por coisas tais como ter olhos azuis ou
lindas roupas, que não são obtidas mediante esforço pessoal, pode atrapalhar
ao invés de ajudar.
O elogio não deveria criar a impressão de que a criança está trabalhando
pelas recompensas externas. Não deve existir de forma alguma a idéia de que
os pais devem dinheiro ou favores especiais só porque o filho ajuda um
pouco em casa. O lar é um esforço cooperativo e não uma empresa
comercial. As mesadas não devem estar, de forma alguma, relacionadas às
obrigações e responsabilidades como membros da família. Embora seja
válido pagar por trabalho extra-especial de vez em quando, isto não deve
levar a criança a esperar ser paga por deveres cotidianos. Palavras sinceras
de reconhecimento por trabalho bem feito é o pagamento de que a maioria
das crianças acha falta, embora seja o de que mais precisa.

Sejam Companheiros
"Quanto mais agradável e amigo for o relacionamento da criança com os
pais, tanto mais disposta estará a participar das obrigações e trabalhos
monótonos da casa", diz uma autoridade. "É difícil duplicar a intimidade e o
sentido de participação quando pais e filhos trabalham lado a lado!'
Paulo dos Santos tipifica o enfoque de um pai trabalhando com seus
filhos. Certa noite, ele estava falando a um vizinho acerca do serviço enorme
que teria no dia seguinte. Precisava podar algumas árvores e refazer uma
parte do gramado da frente da casa. Depois de discutir o trabalho, voltou-se
para os dois filhos que estavam a seu lado e disse: "Garanto que
conseguiremos fazer tudo em um só dia, certo, meninos?" Eles responderam
prontamente.
Lucas tinha uma hortinha. As ervas daninhas estavam tomando conta dela
e o menino estava ficando desanimado. Certa noite, o pai disse: "Lucas,
amanhã é sábado. E se eu for junto com você lá até a sua horta e o ajudar a
acabar com os matinhos? Em uma hora a gente faz isso". Na manhã seguinte,
Lucas levantou-se cedo e aprontou-se para trabalhar. Não apenas estava seu
pai ajudando-o, mas também sendo seu companheiro de trabalho.
Muitas mães aprendem que arrumar a cozinha pode ser um prazer para a
mãe e para a filha se o fizerem juntas. E muitos pais sabem que o filho reage
muito mais prontamente quando ele pede que este o ajude com alguma tarefa
ao invés de exigir que a criança a faça sozinha.
É claro que nem sempre o trabalho pode ser feito em conjunto. En-
tretanto, uma sensação geral de união pode ser desenvolvida. Em Bringing
Up Children (Criando os Filhos), Langdon e Stout escrevem: "É uma boa
idéia considerar as responsabilidades da criança como apenas parte da vida
cotidiana da família, e não simplesmente a execução de certas tarefas a elas
designadas... Elas recaem sobre a criança porque ela está envolvida em todos
os aspectos da vida familiar. Constituem uma parte natural de viver".
Quando a família descobre projetos nos quais todos participam, surgem
novas oportunidades para aprender a ajudar. A família Soares mudou-se para
uma casa velha. Apesar da idade, entretanto, a casa era sólida e ainda exibia
sinais de ter sido linda e até luxuosa. Agora, precisava de uma família para
possuí-la e esbanjar amor e cuidado sobre ela.
Tudo isso significava inúmeros projetos de serviço de verdade. Muitas
árvores e roseiras precisavam ser cortadas e podadas. Havia todo tipo de
serviço para pais e filhos.
Antes de a casa ser comprada, os envolvimentos foram discutidos no
conselho de família e o trabalho planejado. Agora, eles esfregavam é pin-
tavam, podaram e cortaram, ajardinaram e plantaram até que a casa teve
restaurada parte de sua antiga atmosfera e beleza. Também resgataram,
consertaram e deram novo acabamento a antigas peças de mobiliário. Seu lar
foi não apenas o local de treinamento para desenvolver hábitos de trabalho,
mas também uma oportunidade para edificar a união familiar.
"A criança muito pequena, especialmente se seus esforços forem apre-
ciados, formará elos com os lugares onde conseguiu fazer algo de valor que
permanecerão para sempre como fontes de satisfação", diz Lillian M.
Gilbreth em Living with Our Children (Vivendo com Nossos Filhos).
E são as coisas que as famílias fazem em conjunto que permanecem por
mais tempo na lembrança.

Seja Perseverante
A perseverança deve ser uma característica dos pais que desejam que seu
filho enxergue o valor do trabalho e de ajudar em casa. Primeiro, deve haver
persistência na exigência de que a tarefa seja executada. A verdadeira alegria
e senso de responsabilidade para uma tarefa vai sumindo quando ela é
exigida um dia, ignorada no outro, e depois exigida de novo. É muito melhor
ter uma tarefa bem feita cada dia do que meia dúzia de tarefas mal feitas e só
depois de freqüentes lembretes. A criança, para ter hábitos de trabalho
eficazes, precisa aprender a formar esses hábitos na rotina da vida doméstica
cotidiana.
Se a tarefa ficar por fazer, também deve haver persistência na aplicação
da pena. É bom que a criança saiba qual é a pena de antemão. Jamais deve-se
dar trabalho como castigo. Isso ajuda a formar atitudes erradas com relação
ao trabalho. Antes, prive-a de fazer algo que ela goste e faça com que isso
seja cumprido sem falta.
Apesar de cada criança dever ter uma responsabilidade específica e
regular, a persistência não significa que ela faça a mesma tarefa para todo o
sempre. Quais são os pais que já não ouviram o argumento de favoritismo
acerca da divisão das tarefas? Uma maneira de evitar as discussões é fazer
com que as tarefas sejam trocadas: Alice arruma a cozinha uma semana, a
Laura a arruma na próxima, e assim por diante. As crianças gostam de variar
e isto pode desenvolver aptidões e interesses mais amplos.
Certa mãe sugere a elaboração de uma lista das tarefas, usando uma folha
de papel separada para cada uma delas. Depois, misture as folhas e deixe que
cada criança tire uma para ficar sabendo qual vai ser sua tarefa para o dia ou
para a semana seguinte.
A criança tem também um senso aguçado de justiça. A melhor maneira de
satisfazer esse senso é os pais mostrarem consideração e persistência tanto
nos pedidos como nas exigências da vida doméstica.

Mantenha Atitudes Certas


As atitudes dos pais para com o trabalho influenciam de modo profundo a
atitude dos filhos. A criança normalmente respeita o trabalho quando os pais
vêem seu trabalho com respeito e dignidade, bem como com satisfação.
Expressões tais como: "Não quero que meu filho trabalhe, se sacrifique e
lute como eu tive de fazer quando era criança" só podem prejudicar.
Acusações tolas e infantis de falta de amor tais como: "Depois de tudo que
faço por você, você deveria fazer algumas coisas por mim", só podem ter um
efeito adverso.
Dois meninos, que hoje são a alegria de seus pais, estavam ao lado do pai
um dia quando este disse a um amigo: "Alegro-me com meu trabalho. Na
verdade, acho que uma das piores coisas que podem acontecer a uma pessoa
saudável é ficar sem trabalhar". Há pouco tempo, disse um desses jovens:
"Sabe, em nossa casa nunca fizemos muito barulho por causa das tarefas
caseiras que tínhamos de fazer. Hoje, ao olhar para trás, creio que a atitude
de meus pais para com o trabalho é o que fez com que o trabalho fosse
agradável para nós".
No lar é que se encontra a primeira inspiração para trabalhar. O lar é a
unidade básica de trabalho — pai, mãe e filhos. O trabalho é necessário.
Precisa ser aprendido. E o trabalho pode ser divertido. Sucesso e realizações
são coisa aprazível. Há maior calor quando todos participam do brilho
cintilante das realizações e triunfos uns dos outros.
Tão passageiros são os anos em que nós e nossos filhos envelhecemos
juntos. Como passa rápido o tempo de partilhar trabalho e brincadeiras! É
bom saber que todos são necessários para fazer uma contribuição, grande ou
pequena, pelos outros ou por nós mesmos. E quando percebemos isso que as
palavras de Kahlil Gibran adquirem significado: "O trabalho é o amor
tornado visível".
Aos pais que perguntam: "Podemos fazer alguma coisa para conseguir
que nossos filhos ajudem em casa?" a resposta é: "Sim". A qualquer
momento, os pais podem começar a ensinar atitudes saudáveis para com o
trabalho que faz com que ajudar seja interessante e natural.

COMO CONSEGUIR QUE OS FILHOS AJUDEM EM CASA

1. Discuta primeiro se este é um problema em sua casa.


2. O que parece conseguir a melhor reação por parte de seus filhos?
3. Provavelmente, a área onde há maiores fracassos é a de os pais não ex-
pressarem apreciação a seus filhos. É verdade?
4. Quais são as coisas que a família moderna pode fazer em conjunto ou das
quais pode participar?
8
Os Pais Ensinam
Sobre o Sexo

MEUS PAIS JAMAIS me contaram coisa alguma acerca de sexo.


Quando me casei, não sabia quase nada acerca do que estava envolvido no
ato sexual. Quando meu marido tentou me fazer compreender, senti-me
culpada por muito tempo. Até hoje que já sou mãe de filhos crescidos, ainda
sinto amargura às vezes e fico emocionalmente perturbada porque sinto que
meus pais fracassaram para comigo neste ponto" Esta experiência de certa
mãe não é fora do comum.
Uma reclamação que surge sempre entre os jovens é expressa por um
rapaz do colegial: "Não confio em mim mesmo para perguntar a meus pais
acerca do sexo. Se por acaso usasse uma palavra feia, eles cairiam mortos
com o choque".
Uma universitária cursando o primeiro ano de faculdade contou à
conselheira: "Jamais poderia fazer qualquer pergunta a respeito de sexo à
minha mãe porque ela respondia imediatamente: "Por que você quer saber?"
Muitos pais consideram a educação sexual como um verdadeiro pro-
blema. Alguns sentem-se pouco inquietos a respeito de as escolas ensinarem
sexo porque sabem que sexo é mais do que simples fatos. Existe um lado
espiritual e sagrado que dificilmente podemos esperar que as escolas
ensinem. Valores precisam ser ensinados. Entretanto, sabendo que a
educação sexual é necessária e que a responsabilidade recai principalmente
sobre os pais, muitos continuam a sentir-se incompetentes por acharem que
não sabem o suficiente, culpados por acharem que falam muito pouco, e
temerosos de usarem uma abordagem errada.
O sexo é um assunto difícil para qualquer pessoa discutir. Você pode
estremecer ao pensar na hora em que seu filho fizer a primeira pergunta
sobre o nascimento ou a reprodução. Você pode sentir que fracassou quando
teve a oportunidade de ensinar ou pode ser reticente acerca da questão do
sexo devido a complexos que tem. Você não se sente livre para falar
abertamente.
"Ao mesmo tempo", diz Millard J. Bienvenu, Sr., chefe do Departamento
de Sociologia na Faculdade Estadual Northeastern da Louisiana e autor de
Parent-Teenager Communication(Comunicação Entre Pais e Adolescentes),
"apercebemo-nos de que a melhor maneira de ajudar as crianças a crescerem
com uma apreciação saudável e decente sobre sexo, é evitar ser reticente a
esse respeito. A juventude de hoje tem à sua disposição mais informação e
desinformação e está exposta a maior número de estímulos sexuais do que
jamais aconteceu antes. Por conseguinte, é imperativo que receba a
informação que moldará suas atitudes primeiro dos pais!'
Na realidade, a experiência de lares para mães solteiras e dos tribunais
que lidam com delinqüentes ensina que a maioria dos jovens que se metem
em encrencas tem muito pouca informação verídica sobre o sexo.
Dois pontos preliminares são importantes para iniciar o assunto de
sexo.

Todos os Pais Estão Ensinando Sobre Sexo


Primeiro, quer estejamos cientes disso ou não, nós, como pais, estamos
ensinando acerca do sexo. Não podemos evitá-lo. Cada momento, pela
maneira como vivemos, por nossas atitudes, pelo que dizemos ou deixamos
de dizer, estamos ensinando aquilo que tem muito a ver com a compreensão
e abordagem que nossos filhos têm desse assunto.
A criança sente o amor e a aceitação desde cedo. Ela pode interpretar o
tom de voz e o toque da mão. Mas, além de tudo, sua compreensão acerca do
sexo brota daquilo que sente nos relacionamentos entre a mãe e o pai.
O sexo é geralmente limitado a uma discussão das relações sexuais. É
muito mais que isso. Inclui a comunicação livre, atos de amor e bondade, e
um relacionamento no qual os pais gozam um ao outro. Quando o pai e a mãe
se amam e não hesitam em demonstrar isso e de dizê-lo, não é preciso que
ninguém diga aos filhos que o sexo é belo. Eles vêem, sentem e sabem que
isso é verdade. Quando há tensão entre a mãe e o pai, mesmo que se fale
muito sobre a beleza e a santidade do sexo, não vai adiantar.
Os relacionamentos conjugais entre os pais e as atitudes para com o sexo
são as primeiras coisas que devemos examinar ao trabalhar para conseguir
uma melhor compreensão do sexo por parte dos filhos. Além disso, os pais
devem ser capazes de comunicar-se livremente entre si mesmos antes que
compartilhar com a criança possa ser tão bem sucedido quanto pode ser.
Assim, o conceito que a criança faz do sexo vem de observar e sentir a
intimidade dos pais e por contatos físicos agradáveis começando na infância
— o beijo e o abraço amoroso e o tapinho no ombro de vez em quando. A
abordagem que a criança faz do sexo é aprendida também pela reação dos
pais a declarações a respeito do sexo. Por todos esses meios os pais estão
sempre, a cada momento, ensinando algo sobre o sexo.
Os Fatos Devem Ser Compartilhados Cedo
Um segundo ponto importante é que os fatos acerca do sexo, tais como a
diferença entre masculino e feminino, as funções do corpo e as mudanças,
bem como a reprodução, devem ser compartilhados tão plenamente quanto
possível antes que tais fatos carreguem carga emocional. Isto significa que
os pais deveriam apresentar esses fatos antes que a criança chegue à
adolescência, quando os jovens têm problemas o bastante para perturbá-los
durante os anos problemáticos dessa idade. O psiquiatra Paul Conrad diz:
"As idades que vão de um a cinco anos são os anos mais significativos na
educação sexual. A informação acerca do sexo deve ser transmitida antes
dos seis anos". Por que se deveria referir a algumas partes do corpo usando
termos misteriosos e sem significado? Não aprendemos nomes estrangeiros
para nossos dedos e pés.
Se os fatos referentes ao sexo, que realmente são poucos, forem com-
partilhados com a criança antes de ela chegar à idade de onze ou doze anos,
chegará à adolescência com a compreensão e liberdade que merece. Este
conhecimento também lhe dá uma sensação real de segurança e força.
Se a garota souber a respeito de coisas como menstruação e outras
mudanças que experimentará antes de elas terem de fato ocorrido, estará
preparada e aceitará essas mudanças com naturalidade. Ela fica então tran-
qüila e feliz com tais mudanças. Vive com confiança. Uma compreensão do
ato sexual alivia a criança da ignorância e da curiosidade. "São a curiosidade
e a ignorância", de acordo com um conselheiro experiente, "que causam
problemas à maior parte das meninas".
Quando um garoto fica sabendo acerca de coisas como sonhos molhados,
circuncisão e reprodução através de pais amorosos antes da adolescência,
quando esses assuntos tornam-se altamente emocionais, está bem
encaminhado para ajustar-se correta e amadurecidamente. Mentalmente, fica
também mais à vontade. E é mais provável que vá procurar os pais para ajuda
adicional mais tarde.
Muitas perguntas que os jovens fazem revelam que as informações
erradas e os boatos ainda constituem a regra ao invés da exceção. Se os pais
compartilharem os fatos cedo o bastante, muita tensão mental e emocional,
bem como desinformação, serão evitados. Muita exploração curiosa, que
geralmente produz sentimentos de culpa, pode ser eliminada. Além disso, a
criança com informação verídica chega com compreensão confiante a
situações nas quais os jovens compartilham histórias de sexo que são
incorretas, confusas e produzem impressões erradas que permanecem por
toda vida.
Além destas duas orientações gerais, certas sugestões simples mas es-
pecíficas são úteis.
Sejam Bíblicos
Comecem com os fatos bíblicos básicos. Nós deformamos e distorcemos
a vida quando tentamos ignorar algo de que Deus colocou dentro de nós e
espera de nós. Ele nos fez macho e fêmea. Estes fatos são inescapáveis. E
Deus assim nos fez com um propósito, e proclama que Sua criação foi muito
boa.
Uma grande parte do problema dos círculos religiosos é que a mo-
ralização acerca do sexo é quase sempre negativa. Algumas gerações atrás,
algumas pessoas achavam que a admissão do impulso sexual era errada.
Uma atitude de se manter silêncio a esse respeito prevaleceu. A atitude cristã
é a de que o sexo não é algo que se envergonhe nem tampouco algo a ser
explorado. É uma parte normal e saudável da vida, tão normal e saudável
quanto qualquer outra.
Assim, a Bíblia começa com o fato da sexualidade. Deus criou macho e
fêmea. A masculinidade e a feminilidade são essenciais a nossa humanidade.
Não há vergonha na obra de Deus. Afeição apaixonada estava presente antes
da Queba. A queda do homem não criou sexo ou a paixão. Perverteu-os.
Tanto o libertino quanto o excessivamente modesto estão igualmente
debaixo do julgamento de Deus em sua falta de compreensão bíblica da
sexualidade.
O sexo é saudável. Temos de começar aqui se formos educar apro-
priadamente. A Escritura não deixa de falar francamente acerca do sexo. A
verdade é que a Bíblia tem algumas das declarações mais diretas de toda a
literatura. Foi Deus quem nos criou como seres intelectuais, emocionais,
espirituais, sociais e sexuais.
Sejam Amorosos
Alguns enxergam a educação sexual como simples explicação de biologia,
fisiologia e anatomia, ou a enxergam como uma oportunidade de informar os
adolescentes sobre o planejamento familiar ou o perigo de doenças venéreas.
Isso é insuficiente. Muitas pessoas conhecem todos esses fatos e muita
técnica, e no entanto jamais conhecem o verdadeiro significado da
sexualidade por faltar o amor. Essas pessoas podem saber toda a mecânica
das atividades da cama, e entretanto saber muito pouco ou nada do que está
envolvido para que o sexo tenha significado e gozo verdadeiros. Assim, a
experiência em si é vazia de satisfação íntima e a procura continua em
desejos e atos ilícitos. Não há quantidade de fatos sobre o sexo que possam
compensar a falta de amor.
Ajudar as pessoas a compreenderem a si mesmas como pessoas e a
apreciarem a dignidade do amor humano é o propósito básico da educação
sexual. E a única maneira de aprendermos a amar é sendo amados e amando
de volta. E esta a razão de ser da família. Os pais deveriam demonstrar
afeição um pelo outro diariamente dentro do círculo familiar.
Em estudo recente das diferenças em personalidades entre moças que são
virgens antes do casamento e as que não são, ficou demonstrado que a
severidade dos castigos e falta de amor no lar eram muito mais caracte-
rísticos daquelas que tiveram relações sexuais pré-conjugais. É um lar sem
amor que ensina aos jovens que o sexo é a meta da vida.
Sexualidade em seu melhor aspecto é liberdade, ternura, abandono, amor
e gozo. E só os pais podem ensinar ternura, liberdade e abandono que vem da
presença da confiança, proteção e amor. Por isso, é através do beijo amoroso,
da carícia e da palavra que mesmo a criança pequena aprende sua primeira
lição do que é amor. Mais tarde, ela aprende que sexo pertence ao quadro
total de amar, cuidar e compartilhar.
Um jovem conta como suas atitudes a respeito de sexo foram formadas ao
ver o amor que o pai tinha por sua mãe e irmãs. "Muitas vezes, de manhã
bem cedinho, meu pai saía procurando o botão de rosa mais lindo do jardim.
Ele o colocava no lugar de mamãe para saudá-la quando ela descesse para o
café da manhã. Custava apenas alguns minutos de tempo e um coração cheio
de amor. Mas quando ele ia colocar-se atrás da cadeira dela, e ela apanhava a
rosa, ele lhe dava o beijo de bom-dia e todo o dia ficava glorificado. Até
mesmo a criança que havia se levantado da cama 'com o pé esquerdo',
sentia-se envergonhada porque a vida havia sido tocada elo amor. Agora
acho que compreendo por que sempre me senti repelido por aquelas pessoas
que consideram a mulher como um brinquedo barato. Meus pais ilustraram
para mim o que amor e personalidade realmente significam!'

Sejam naturais
Quando a criança faz perguntas acerca de sua sexualidade, ela indica uma
curiosidade básica da vida que não traz o conteúdo emocional que os- adul-
tos lhe dão. Portanto, responda à criança de uma maneira natural. Os pais
jamais se atrevam a dar a entender pela atitude, palavra ou silêncio que o
sexo é mau, de mau gosto ou qualquer coisa menos que belo e bom.
Por que, quando a criança faz uma pergunta nesta área da vida, os pais
abaixam sua voz, coram, ficam quietos, agem como se estivessem chocados,
perguntam à criança por que deseja saber, ou começam um longo discurso
acerca da reprodução? Por causa destas ações, a criança sente que esta área
da vida não é bem normal e começa a erigir barreiras à compreensão e à
apreciação. Atitudes reticentes degradam o sexo. Acolham bem as perguntas
da criança e façam com que ela sinta que tem o direito de fazê-las aos pais.
Falem com naturalidade sobre o amor e a afeição, sobre gravidez e
nascimento na frente das crianças. Isto produz uma atmosfera que as induz a
fazer perguntas mais facilmente.
Devido a certas circustâncias e temores, a criança pode não fazer uma
pergunta direta, como, por exemplo: "De onde vêm os bebês?" Entretanto ela
pode fazer todo tipo de outras perguntas, apenas tangenciais ao sexo, ao
ponto de virar uma amolação. Os pais, nesses casos, deveriam ficar atentos
para perceber uma deixa e usá-la para explicar os fatos que as crianças
desejam saber. Muitas vezes, a criança suspeita certas coisas, mas teme que
seja um tabu fazer perguntas sobre elas e por isso evita a pergunta real,
perguntando acerca de coisas em torno delas. Entretanto, ela não ficará
satisfeita até que receba a resposta que deseja. Costumamos dizer que a
"criança caixa de perguntas" deveria receber "a resposta" à pergunta que ela
não está fazendo.

Sejam Honestos
Sempre respondam à pergunta da criança honesta, direta e exatamente.
Forneçam informação adequada à idade da criança e à pergunta feita. Uni
bom guia para se ter em mente é o expresso pelo Dr. H. Clair Amstutz em seu
ótimo livro: Growing Up To Love (Crescendo Para Amar): "Quando a
criança tem idade suficiente para fazer uma pergunta específica, já de-
monstrou ser capaz de compreender uma resposta direta". Se os pais forem
desonestos ao explicar de onde vêm as crianças, por que não deveria a
criança questionar a honestidade dos pais acerca do mal do sexo ilícito mais
tarde?
Vivian Ziegler, em um artigo muito bom intitulado: Parents Are Sex
Educators, Whether They Know It or Not (Os Pais São Educadores Sexuais,
Quer Saibam Disso ou Não), escreve: "A verdadeira história da reprodução é
tão maravilhosa que se fica sem saber o motivo pelo qual tantos pais 'bons'
esperam melhorá-la, susbstituindo-a pelas fábulas da cegonha ou da bolsa do
médico. Aprender os termos certos para as partes e funções do corpo no
começo é muito mais fácil e melhor do que descobrir mais tarde".
Assim também explicar os palavrões que as crianças ouvem em um grupo
ou vêem escritos nas paredes dos banheiros tira o significado secreto que
causa fascinação até que seja explicado. Lembrem-se de usar os termos
próprios e explicar os que são desconhecidos para seu filho. As palavras
reais não são mais difíceis de explicar do que as difíceis.

Estejam Alertas
Ensinar é um processo do dia-a-dia que prossegue do conhecido para o
recentemente descoberto. Os pais podem fornecer a educação sexual fazendo
uso das oportunidades naturais que surgem se estiverem alertas para elas. E
essas oportunidades de transmitir conhecimentos surgem gradual e
repetidamente. Nem tudo precisa ser dito de uma vez só. Podemos sempre
voltar a discussões antigas para acrescentar nova informação e ênfase.
A mãe não ensina à filha tudo sobre a arte de cozinhar em uma breve
sessão de uma hora. Tampouco o pai ensina um ofício ao filho em uma só
sessão formal.
Quando a criança vem com a primeira pergunta, alegre-se e compartilhe
gostosamente e de forma direta. O fato de a criança vir perguntar demonstra
uma confiança que os pais não se atrevem a perder. "De onde foi que eu vim,
mamãe?" "Você cresceu dentro do corpo da mamãe. Carreguei-o perto do
meu coração!' Tal resposta, com um abraço afetuoso, ensina muita coisa. À
medida que o tempo passar, mais fatos poderão ser compartilhados.
Uma das melhores oportunidades para ensinar é na hora que a criança
está tomando banho. Não demora muito para ela aprender o nome de sua
orelha, olho, nariz, dedos e assim por diante. Pode-se ensinar também à
criança os termos certos para as outras partes do corpo, conversando sobre
isso à medida que o banho vai ocorrendo. Desta forma, pode-se referir a
todas as partes do corpo de maneira natural.
Às vezes os pais são lerdos para usar essas oportunidades de compartilhar
informação sexual por terem a idéia errada de que a criança sente e pensa da
mesma forma que eles. É perfeitamente natural para as crianças pequenas
serem curiosas a respeito de seus próprios corpos e os corpos das outras
pessoas. Esta é, sem dúvida, a maneira que Deus providenciou para ajudar os
pais a ensinar. Se eles estiverem alertas para isso e satisfizerem a curiosidade
dos filhos, ela não precisará ser satisfeita mais tarde. Informação salutar
remove o medo e apaga a curiosidade doentia.
Assim, à medida que a criança vai crescendo, está aberta a todo tipo de
coisas que podem e vão influenciar as atitudes a respeito da sexualidade. À
medida que as crianças crescem, a tarefa principal dos pais é a de prepará-las
para avaliar as influências mais do que protegê-las delas. E mais uma
questão de orientação do que de proteção. E não vá pensar que seu filho é
diferente dos outros naquilo que sabe. É bem provável que ele saiba muito
mais do que você sabia quando tinha a idade dele porque é bombardeado
pelo sexo de tantas maneiras diferentes hoje.
Estejam alertas também, como pais, para descobrir bom material de
leitura para você e para seus filhos. Antes de a criança ter aprendido a ler, os
pais deviam ler para ela alguns dos livros excelentes disponíveis hoje sobre
sexo, que são escritos de maneira saudável. É provável que não haja uma
forma mais maravilhosa de aprender de onde vêm os bebês do que sentar-se
no colo da mãe ou do pai, no calor de braços amorosos, e ouvir sobre isso dos
próprios pais durante horas tranqüilas de leitura. Isto também fornece uma
melhor atmosfera para responder a perguntas do que a situação na qual a
criança lança "De onde vêm os bebês?" em uma sala cheia de visitas.
Em horas certas, vale a pena colocar o livro ou panfleto apropriado no
quarto do seu filho. Há diversos bons livros que podem ser dados a seu filho
que respondem a todas as perguntas que um jovenzinho de diferentes níveis
etários está provavelmente fazendo, se não em voz alta, pelo menos no
recesso do seu coração.
Não coloque o livro no quarto de seu filho às escondidas. Antes, seja
aberto e honesto o suficiente para dizer a ele que você acha que o livro é bom
e estimule-o a que o leia.
Embora nem sempre seja possível, uma boa ajuda na compreensão do
sexo pode ser dada quando se tem animais domésticos em casa, prin-
cipalmente cães, gatos e peixinhos fêmeas.

Sejam Felizes
Isto significa que os pais devem gozar seus papéis respectivos se
quiserem ensinar o verdadeiro significado da sexualidade. Um autor escreve:
"Muita mulher existe que não gosta ou tem medo do sexo ou é
emocionalmente incapaz de gozá-lo por jamais ter aprendido, nas
profundezas de sua mente inconsciente a 'gostar de ser mulher'". A mãe
precisa sentir-se glorifica- da pelo fato de ser mulher e mãe.
A mãe que reclama do seu papel, da monotonia do serviço da casa, da
amolação que são os filhos, da desgraça da menstruação, das dores da
gravidez e do parto está ensinando muita coisa a respeito do sexo, e está
ajudando seu filho ou sua filha a serem mal ajustados.
Certa esposa feliz escreve: "Quando vi a satisfação que minha mãe sentia
em cuidar da casa, cuidar de um bebê, e a maneira como ela gostava de fazer
todas as coisas que uma mulher precisa fazer, senti que a melhor coisa do
mundo era ser esposa e mãe. Quando senti a atitude dela de amor e liberdade
para com meu pai, percebi a grandiosidade que existe em ser menina e
mulher e como é bom relacionar-se com o homem que se ama. Também, ao
ver o amor e a liderança de meu pai dentro de nosso lar, resolvi o que
desejava naquele com quem me casaria algum dia".
É claro que a mesma coisa é verdadeira da parte do pai. O pai estabelece o
modelo de masculinidade diante dos filhos. Para os meninos, ele fornece um
padrão ao qual tentarão chegar, com o qual poderão se identificar, que
poderão apreciar e admirar. Isto não quer dizer que o pai deva ser um atleta,
um cientista, ou o homem mais bonito da redondeza. Antes, significa que ele
deve expressar-se nas coisas especificamente masculinas.
Um jovem marido feliz escreve: "Ninguém me mostrou o que significa
ser um homem e o que significa respeitar e amar uma mulher mais do que
meu próprio pai. Se ele deixava de ter muitas das coisas que algumas pessoas
podem chamar de grandiosas, ele era grande por gozar o fato de ser homem
em seu trabalho, atividades de lazer, e como pai e marido dentro de casa. Seu
exemplo é um desafio para mim quando meus relacionamentos familiares
parecem frágeis".
Nas palavras de Vivian Ziegler, no artigo a que já nos referimos: "O fato
tranqüilizador é que se você, como pai ou mãe, aceita sua própria se-
xualidade e descobre o gozo de usá-la como método para expressar amor a
seu cônjuge, você tem muito ativamente estado a dar educação sexual a seus
filhos desde seu nascimento de forma positiva, espontânea, saudável e de
acordo com o plano de Deus".
"Nunca é demais dizer", escreve outra autoridade, "que a educação sexual
não é o aprendizado de um conjunto de pode e não pode, mas sim o
desenvolvimento das características que produzem pessoas amorosas e
responsáveis."

OS PAIS ENSINAM SOBRE O SEXO


1. Qual você considera o maior problema que enfrenta em ensinar seus
filhos acerca do sexo?
2. É verdade que "os pais pouco têm a temer da educação sexual oferecida
pelas escolas se tiverem ensinado a seus filhos os fatos e valores básicos
do sexo"?
3. O que pode ser feito para ensinar sexo aos adolescentes se os pais sen-
tirem que deixaram de ensinar os fatos antes do período da adolescência?
4. Qual é a sua opinião da declaração feita por um psiquiatra de que "a
criança deveria aprender os nomes corretos dos órgãos sexuais, bem
como dos dedos, artelhos e outras partes do corpo até a idade de três
anos"?

___________
Prezado leitor,
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Os Editores
PARA SUA EDIFICAÇÃO ESPIRITUAL, LEÍA ESTES LIVROS DA
EDITORA MUNDO CRISTÃO
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A CRIANÇA NO LAR CRISTÃO


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especificamente nas áreas: física, emocional, mental e espiritual.
ADOLESCÊNCIA FELIZ
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adolescentes, nesse período da vida que vai dos 13 aos 16 anos.
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educação e disciplina de seus filhos.
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COMO DESENVOLVER O TEMPERAMTº DE SEUS FILHOS. LaHaye
Ajuda prática para criar seus filhos de acordo com os seus temperamentos
individuais. Escrito pela esposa de Tim LaHaye.
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financeiros, monotonia, vida destituída de poder, quebra de relacionamentos,
sonhos não realizados. Este livro mostra-lhe como vencer seus temores e
medos, e como obter o melhor de Deus para sua vida.
COM QUEM VOU ME CASAR?.................................................Luís Palau
O autor, famoso evangelista argentino, escreve sobre algo de importância
para todo jovem.
COMUNICAÇÃO: A CHAVE PARA O SEU CASAMTº.. Norman Wright
Muitos problemas conjugais surgem porque os cônjuges nào se comunicam
de maneira honesta e franca. Um ótimo livro. Deveria ser lido por todos os
casais.
A CRIANÇA NO LAR CRISTÃO...................................Margaret Jacobsen
Conselhos práticos sobre as características das crianças em cada idade nas
áreas física, emocional, mental e espiritual.
DECEPCIONADO COM DEUS..............................................Philip Yancey
A leitura deste livro será uma fonte de conforto para todo leitor que já sofreu
alguma perda significativa. Através da Bíblia o autor descobre soluções às
perguntas que mais torturam a alma humana: Deus é injusto? Deus está
calado? Deus escondeu-se de mim?
O DESAFIO DE SER SOLTEIRA...................................Margaret Clarkson
Neste livro íntimo, a autora afirma que ser solteira não é castigo; pode ser até
uma grande bênção. Sua mensagem franca e realista servirá de inspiração
para os solteiros.
DINHEIRO, SEXO E PODER ............................................Richard J. Foster
Um livro recente de enorme sucesso no exterior. O autor discute o desafio da
disciplina cristã. Do mesmo autor de Celebração da Disciplina.
DR. DOBSON RESPONDE AS SUAS PERGUNTAS....Dr. James Dobson
VOL. I: O famoso psicólogo cristão responde às perguntas sobre educação e
disciplina dos seus filhos.
VOL. II: A importância do desenvolvimento da auto-estima nas crianças e
como ensinálas a serem responsáveis. Como ajudar o adolescente.
VOL. III: Conselhos valiosos sobre casamento, emoções, sexualidade,
auto-estima nos adultos e meia-idade.
EDIFICANDO UM LAR CRISTÃO................................. Dr. Henry Brandi
Como estabelecer um lar cristão bem-sucedido. Trata do relacionamento
entre marido e mulher e entre pais e filhos.
...E OS DOIS TORNAM-SE UM................................Wanda de Assumpção
Uma perspectiva brasileira sobre o casamento bem-sucedido. Inclui
capítulos sobre áreas críticas do casamento como: papéis dos cônjuges, sexo,
comunicação, finanças, etc.
FILHOS FELIZES............................................................Dr. Ross Campbell
Uma perspectiva nova sobre os relacionamentos entre pais e filhos. Escrito
por um psiquiatra cristão,
GANHANDO ATRAVÉS DA PERDA..........................Evelyn Christenson
Como Deus pode usar as dificuldades na sua vida — perdas financeiras,
doenças, morte, relacionamentos quebrados — tornando-as em lucros.
GUIA DO CRISTÃO..............................................................Kenneth Tavlor
Depois de tornar-se cristã, que deve uma pessoa fazer? Um guia detalhado
sobre os primeiros passos do novo cristão.
HOMEM: HABITAÇÃO DE DEUS.............................................A.W.Tozer
O autor trata do profundo relacionamento entre Deus e o homem, e as
riquezas de Sua graça para o crente.
JESUS, ENSINA-NOS A ORAR!.....................................Hope MacDonalcl
Este livro nos ensina a orar de modo prático, agradável e alegre. Expõe
diante de nós o potencial da oração.
— MAMÃE, QUE É AIDS?.............................................................J. Dodge
Muitos adultos ainda têm dúvidas a respeito da AIDS. E as crianças também.
Este livro traz respostas corretas mas cuidadosas embasadas em princípios
bíblicos a perguntas como: Eu vou pegar AIDS'? De que modo se pega
AIDS?
MANÁ NO DESERTO...........................................................K.P. Guedelha
Leituras diárias para meditação e reflexão. Escrito de forma prática,
especialmente para o leitor brasileiro.
A MORTE E A VIDA ALÉM...................................................Billy Graham
Pela primeira vez em forma de livro, o famoso evangelista trata de assuntos
como a morte de filhos, a certeza da morte e as promessas que nos capacitam
a morrer com esperança.
A MULHER QUE QUERO SER.........................................Barbara Sullivan
Um livro especial que aborda as apreensões, as ansiedades, a insegurança, a
timidez, o desejo oculto de ser bela e de valorização pessoal, peculiares a
quase todas as mulheres, e mostra como, em todas as áreas, atingir o
necessário equilíbrio da auto- imagem feminina.
OS OPOSTOS SE ATRAEM...................................................John Drescher
O autor oferece conselhos de como namorados ou pessoas casadas podem
tirar proveito das diferenças de suas personalidades.
PREDESTINAÇÃO E E1VRE-ARBÍTRIO......................Basinger/Basinger
Quatro ensaios sobre este tema polêmico. Um debate literário, no qual os
quatro colaboradores apresentam suas idéias e respondem às opiniões dos
outros.
QLE BOM SE ELE SOUBESSE!.............................................Gary Smalley
Quais são as coisas que toda mulher gostaria que seu marido soubesse? Um
livro dirigido ao marido.
O SEGREDO DA ORAÇÃO........................................Warren e Ruth Myers
Sua sobrevivência espiritual depende da sua comunicação com Deus. Neste
livro, descubra a essência da oração eficaz.
O SEGREDO DE UM CASAMENTO FELIZ...................Dr. Henrv Brandi
Um psicólogo cristão explica como, conforme a Bíblia, conseguir felicidade
no casamento.
SENHOR, TRANSFORMA-ME! ....................................Evelyn Chnstenson
Como mudar suas atitudes, ser realmente a pessoa que você, gostaria de ser e
assemelhar-se a Cristo nas suas relações com outras pessoas.
SEQUESTRO EM ANGOLA.............................Mirian e Margarida Horvalh
Um depoimento fascinante sobre o seqüestro das duas missionárias
brasileiras no início de 1986. Um relato comovente sobre o amor de Cristo
entre a violência africana.
SETE NECESSIDADES BÁSICAS DA CRIANÇA..............John Drescher
O autor fala sobre: segurança, valor, aceitação, amor, elogios, disciplina e
conhecer a Deus.
SEXO E INTIMIDADE...........................................................Dr. Ecl Wheat
Técnicas sexuais e satisfação física no casamento cristão. Escrito por um
médico/sexólogo cristão, autor de O Amor Que Não Se Apaga. Ilustrado.
SONHOS E DESCOBERTAS - O Mundo da Adolescente...........Jill Renich
Através do diálogo entre uma adolescente, sua mãe e as companheiras da
escola, vamos acompanhando os sonhos, as descobertas, as dúvidas e as
alegrias das garotas bem como seus comentários a respeito dos pais, de
namoro e da vida. Por que muitas mães perdem o diálogo com as filhas? Por
que tantas filhas não encontram nas mães uma companheira amiga? Um
livro de grande ajuda para filhas, mães, professoras — para você!
SOCORRO, TEMOS FILHOS! ...................................Dr. Bruce Narramore
Um psicólogo cristão oferece conselhos bíblicos sobre a criação dos filhos,
disciplina, auto-estima, etc.
AS TRÊS FACES DO AMOR................................................Josh McDowell
Razões lúcidas por que o plano de Deus para o amor, casamento e sexo é o
melhor.
VOCÊ É ALGUÉM ESPECIAL...................................Dr. Bruce Narramore
Este psicólogo cristão escreve o que a Bíblia diz sobre auto-estima e por que
devemos nos aceitar como Deus nos fez.

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