Você está na página 1de 7

Criptografia e seu uso no Ensino de Matrizes

Janaina Sagiorato Suptitz¹


Clarisse Aparecida da Silva Machado²

RESUMO
Desde muito tempo se teve a necessidade da comunicação ser de maneira sigilosa, nas guerras,
por exemplo, os lideres tinham a necessidade de se comunicar com seus aliados de maneira
secreta para desenvolver seus planos. Já os primeiros relatos da utilização da criptografia surgem
nas civilizações antigas quando os egípcios utilizavam dessa ferramenta para guardar documentos
importantes em segurança, desde essa época, grandes estudiosos procuraram saber mais sobre
essa técnica e assim aplicando-a no estudo da matemática. O presente trabalho tem como objetivo
apresentar como a criptografia pode ser usada no ensino da matemática de maneira mais
diferenciada criando um paralelo com a realidade atual. Sendo assim foi realizado um estudo
bibliográfico sobre a criptografia, retratando sua evolução histórica e os conceitos matemáticos
que estão ligados a essa ferramenta, tendo como destaque a Cifra de Hill, técnica essa
criptografada baseada na Álgebra Linear. E no final deste trabalho foi elaborado uma sequencia
didática para professores da educação básica no ensino das operações matriciais usando a
criptografia como ferramenta de ensino.

Palavras-chave: Criptografia, Matemática, Sequencia Didática.

1. INTRODUÇÃO
A criptografia é uma técnica usada para a troca de informações de forma segura e sigilosa,
onde apenas quem recebe e quem a envia a mensagem é que sabe o que está escrito nela, sendo
assim é uma ferramenta de comunicação que traz segurança aos envolvidos.
Esta ferramenta é usada desde o princípio para se houver a troca de informações. Segundo
Singh (2010) ” A história dos códigos e de suas chaves é a história de uma batalha secular entre os
criadores de código e os decifradores, uma corrida armamentista intelectual que teve um forte
impacto na história humana”. Sendo assim os grandes estudiosos sempre buscaram “quebrar” a
técnica criptográfica, com o propósito de desenvolver outra com mais segurança.
Atualmente a criptografia é usada como uma forma de segurança em situações do nosso dia
a dia, facilitando o acesso a caixas eletrônicos, páginas da internet e outras maneiras de transmissão
de dados que exigem segurança e sigilosas. A criptografia é uma técnica envolvida com o estudo da
matemática, pois está inserida em algumas áreas dessa disciplina, sendo elas Álgebra Linear,
Matemática Discreta e Teoria dos Números. partindo daí surge o proposito que norteia este estudo,
trabalhar a criptografia como um conteúdo matemático.
Segundo Tamarozzi (2001)” o tema criptografia possibilita o desenvolvimento de atividades
didáticas envolvendo os conteúdos de matrizes e funções que se constituem em material útil para
exercícios, atividades e jogos de codificação, onde o professor pode utilizá-los para fixação de
conteúdos”.
Esse trabalho tem como objetivo falar sobre a criptografia como ferramenta de ensino, sendo
assim contendo o histórico e conceitos relacionados a criptografia. Em seguida será analisado a
fundamentação matemática dando destaque aos estudos de matrizes e congruências, pois esses
assuntos estão presentes na cifra de Hill que será vista através de uma sequência didática.
A metodologia usada neste trabalho tem fundamentação exploratória, envolvendo um
levantamento bibliográfico relacionado a criptografia e seus históricos e seus conceitos

1 Janaina Sagiorato Suptitz


2 Clarisse Aparecida da Silva Machado
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI – Matemática(FLX0069) – Prática do Módulo I - 11/12/19
2

matemáticos. Em seguida será desenvolvida uma sequência didática para o ensino de matrizes no
Ensino Médio.

2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1 Criptografia

A criptografia foi criada após se ter a necessidade da troca de mensagens e informações em


segurança, peça fundamental durante as guerras. A palavra se origina do grego Kryptós que
significa escondida e gráphein que significa escrita , sendo assim criptografia é definida como
escrita escondida. Esta ferramenta que vem se aperfeiçoando durante os anos tem fundamentação na
matemática

2.2 Surgimento da Criptografia

Os primeiros relatos feitos sobre a utilização da criptografia, surgiram aproximadamente


1900 a.C quando os egípcios usavam os hieróglifos para vendar importante documentos. Durante o
século V a.C, os exércitos de esparta também usava esta técnica para fazer a troca de mensagens e
informações de maneira sigilosa. Esta cifra é conhecida como cítalas, usava cilindros com o mesmo
diâmetro, como descreve Jesus (2013):
Para codificar uma mensagem, o emissor inicialmente enrolava uma .
faixa de pergaminho ao redor da cítalas, de modo que expirasse o
cilindro. Depois, escrevia a mensagem sobre o pergaminho, ao longo do
comprimento da cítala. Desenrolando-se o pergaminho a mensagem fica
codificada. Para decifrar a mensagem era necessário, que o receptor
tivesse uma citala de mesmo diâmetro par enrolar a tira de como ler a
mensagem.

Outra forma conhecida é a Cifra de Políbio desenvolvido pelo grego Políbio, durante os anos
de 200 ac até 118 a.C. Essa cifra utiliza o método de substituição, que concite em uma tabela
quadrada.
Os romanos também foram desenvolvedores de uma cifra chamada Cifra de Cesar, é uma
cifra caraterizada pelo método da substituição, que consiste na substituição de cada letra do
alfabeto.
Outros criadores de uma cifra foram os franceses criando a Cifra de Vigenère, cifra essa que
consiste na substituição poli alfabética, ou seja, era utilizado mais de um alfabeto.
Outra cifra a ser destacada é a Cifra de Hill criada no ano de 1929. É baseada de Álgebra
Linear.
Uma forma de criptografar que ficou realmente conhecida na historia foi a Maquina Enigma,
que era usada durante a segunda Guerra Mundial. Sua decifração era de extrema dificuldade, pois
era necessário outra maquina para poder decifrar o enigma. Esta maquina era revolucionaria para a
época, pois era um dispositivo que tinha um eletromecânico formado por um teclado, um painel
com letras, um plugbord, um refletor e também um mecanismo de rotores.
Essa técnica parecia ser infalível, porém o matemático Alan Turing desenvolveu uma
maquina capaz de desvendar o enigma da maquina alemã o que os ajudou a derrotar a força da
Alemanha. Essa maquina desenvolvida por Turing é o que deu sustentação para a criação dos
computadores.
Aproximadamente ate os anos 70 a codificação, a chave usada era privada, mas no ano de
1976 foi desenvolvido a chave publica;. Este método funciona da seguinte maneira: o emissor e o
receptor combinam uma chave por meio de algum canal, pode ser comparado ao método de funções
logaritmos.
3

Já no ano de 1978 a criptografia desenvolvida foi a RSA, foi baseada na teoria dos números,
e é considerada um dos métodos mais seguros no que se refere a criptografia de mensagens, pois
possui duas chaves, uma publica e outra privada.

2.3 Métodos de Criptografia

2.3.1Cifra de Substituição e de Transposição

O método da criptografia é divida em dois tipos: método de substituição e método de


transposição.
No método de substituição, a mensagem é codificada onde cada um de seus caracteres é
substituído por outro, seguindo uma tabela pré-estabelecida. Neste método ainda existem as cifras
de substituição monoalfabética, que consiste na substituição por letras e símbolos. Pode ainda ser
classificada como cifra de substituição polialfafabética que uma letra pode ser substituída por
diferentes símbolos.
Já o método da transposição permite que as letras troquem de lugar entre o texto que esta
codificado e o que não está.

2.4 Tipos de Criptografia

A criptografia esta dividida em dois diferentes tipos: criptografia de chave simétrica e


criptografia de chave assimétrica.
A primeira criptografia utiliza somente uma chave de acesso, sendo a mesma para codificar
e decifrar a mensagem, sendo assim na criptografia simétrica os logaritmos usados são mais simples
do que na assimétrica, o que trona esse processo mais rápido.
Já na criptografia assimétrica, são usadas duas chaves, sendo elas a chave publica e a chave
privada, chamadas de par de chaves. Os algoritmos usados são mais complexos, o que torna o
processo de criptografar e descriptografar mais demorado. Esse processo é considerado mais
seguro, pois utiliza duas chaves de acesso.

2.5 Relação com a Matemática

A criptografia utiliza muitos segmentos matemáticos possibilitando uma maior segurança,


mas neste trabalho serão abordados apenas as matrizes, as congruências e o inverso modular.

2.6 Matrizes

Os conceitos expostos aqui são encontrados no livro de Gelson Iezzi e Samuel Hazzan,
Fundamentos da Matemática, Vol4.
As matrizes podem ser definidas como uma tabela formada por m linhas e n colunas, sendo indicada
m x n. Os elementos que compõe uma matriz qualquer, são representados por aij, onde i indica a
quantidade de linhas e j indica a quantidade de colunas.

2.7 Operações com Matrizes

-Adição: sendo duas matrizes A e B com mesma ordem para se obter uma terceira raiz é necessário
soma os elemento de A mais os elementos de B ,formando assim uma terceira matriz resultante da
soma de A e B.
-Produto de um número por matriz: tendo uma constante C e uma matriz A, a matriz B é obtida
através do produto dos elementos de C por cada um de A.
-matriz trasposta: sendo a matriz A, chama-se transposta de A, ou seja, as linhas da matriz A são
iguais as colunas da matriz B.
4

-Matriz inversa: dada uma matriz A com ordem N, A é imersível se, e somente se, exista uma
matriz B de ordem N de modo que AB=BA=In.

2.8 Congruência

Congruência pode ser definida como, a é congruente a b modulo m se (a - b)é um múltiplo


de m.

2.9 Inverso modular

Sendo a não nulo, o seu inverso na multiplicação vai ser igual a um.

2.9.1 Usando a criptografia através do uso das matrizes

Existem duas técnicas criptográficas mais importantes no estudo das matrizes que auxiliam
os professores de matemática na questão de ensina aprendizagem.
Uma delas é uma técnica encontrada no livro Quadrante-Matemática 2 de Chavante e Prestes
(2016), a técnica encontrada sesse livro é feita da seguinte forma :
- considerando a tabela a seguir, cada letra é substituída por um número.

A B C D E F G H I
1 2 3 4 5 6 7 8 9
J K L M N O P Q R
10 11 12 13 14 15 16 17 18
S T U V W X Y Z Espaço
19 20 21 22 23 24 25 26 27

Iremos criptografar a seguinte mensagem: MATEMÁTICA E EDUCAÇÃO.


1- Para dar inicio associamos cada letra e espaço a seu respectivo número, sendo assim
obtemos a seguinte sequencia numérica: 13 1 20 5 13 1 20 9 3 1 27 5 27 5 4 21 3 1 3 1 15
27.
2- Define-se a matriz codificadora e calcula-se sua inversa resultando assim na chave.
3-para realizar a codificação definimos uma matriz B formada pelos números da mensagem, que
terá a mesma quantidade de linhas da matriz A, em seguida realiza-se a multiplicação entre elas.
Tem-se agora como resultado: 31 29 45 14 47 5 41 21 7 7 81 49 57 70 23 81 9 62 33 11 13
135 como a mensagem codificada.
Quem recebe a mensagem em seu formato codificado deve multiplicar a matriz A e B pela
chave encontrada que é a matriz inversa.
Após o receptário obtém a seguinte sequencia numérica: 13 1 20 5 13 1 20 9 3 1 27 5 27 5 4
21 3 1 3 1 15 27, que ao substituir os números pelas letras encontrará a mensagem original.
Outra técnica é chamada Cifra de Hill, é um sistema de criptografia de chave simétrica.
A o usar-se esta cifra cada letra é associada ao seu valor numérico de acordo com a tabela a seguir:
A B C D E F G H I J K L M
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13
N O P Q R S T U V W X Y Z
14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 0

Após escolhe-se uma matriz A com ordem n x n. Agrupam-se as letras sucessivas do texto
em n-uplas, substituindo cada letra pelo seu valor numérico.
Converte-se cada n-uplas do texto em um vetor coluna, substituindo os inteiros maiores que 25 pelo
resto da divisão por 26. Obtendo assim a multiplicação A x p.
5

O p é chamado de vetor coluna e A x p é o vetor cifrado após isso se converte cada um dos
vetores cifrados pelo seu valor numérico.

3. MATERIAIS E MÉTODOS

A metodologia usada neste trabalho tem fundamentação exploratória, envolvendo um


levantamento bibliográfico relacionado a criptografia e seus históricos e seus conceitos
matemáticos. Em seguida será desenvolvida uma sequência didática para o ensino de matrizes no
Ensino Médio. Sendo assim este trabalho é caracterizado como qualitativo, pois não se apoia em
dados estatísticos, mas ajuda no desenvolvimento do pensamento cientifico, conforme afirma
Trivino:
[...] Sem dúvida alguma, muitas pesquisa qualitativa não precisam
Apoiar-se na informação estatística. Isto não significa que sejam
especulativas. Elas têm um tipo de objetividade e de validada
conceitual, que contribuem decisivamente para o desenvolvimento
cientifico [...] (TRIVINOS, 1987, P.118)

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1 Sequencia didática

A sequencia didática é definida como um conjunto de atividades criadas para ensinar certo
assunto associando-o com outros temas. Quando se desenvolve uma sequencia didática pensa-se em
alcançar os objetivos que foram planejados pelo professor.
Sendo assim, a seguir terá uma sequencia didática que foi criada a partir do estudo
bibliográfico sobre o referido temo criptografia e os conteúdos matemáticos que envolvem esta
técnica. Essas atividades foram propostas a partir da cifra de Hill no estudo das matrizes. Esta
sequencia didática foi dividida em cinco momentos diferentes.
1° momento: apresentação do tema
Para dar inicio o professor deve explorar sobre o que é a criptografia e seu histórico, relacionando a
sua necessidade nos dia de hoje. Este momento é importante para criar a curiosidade os alunos
diante do tema, recomenda-se a utilização de recursos tecnológicos para este inicio. Após é
necessário que os alunos façam uma pesquisa relacionando os conteúdos matemático encontrados
na criptografia.
2° momento: Questionando os conteúdos matemáticos encontrados na criptografia
Nesta situação, os alunos já realizaram sua pesquisa sobre os conteúdos matemáticos encontrados
na criptografia, sendo assim o professor inicia uma conversa sobre a pesquisa realizada, dando
destaque a como uma mensagem pode ser codificada usando as operações de matrizes.
6

3° momento: Dando limite ao conteúdo a ser estudado e a técnica a ser estudado


Nesse momento o professor fala sobre a Cifra escolhida, explicando os conteúdos que nela são
necessários para codificar e decifrar uma mensagem. Após terá uma explicação sobre os conceitos e
operações realizadas nas matrizes, não se esquecendo de falar sobre a congruência.
4° momento: Atividade a ser dada como exemplo
Nesta aula o professor deve realizar uma atividade junto com os seus alunos, tendo como objetivo
codificar e decifra uma mensagem utilizando os conceitos matemáticos relacionados a criptografia.
5° momento: Atividade a ser realizada pelos alunos
Agora em fase final o professor deve deixar que os alunos façam outras atividades para codificar e
decifrar mensagens, exigindo que os alunos apliquem os conceitos matemáticos. O professor precisa
analisar os procedimentos utilizados pelos alunos.

5. CONCLUSÃO

Após a realização desse trabalho que a criptografia é uma área tecnológica sendo assim
muito atual, podendo auxiliar os professore no ensino de matrizes. Já que a criptografia possui um
grane conceito histórico, permite ser trabalhada em sala de aula de diferentes maneiras, sendo uma
delas na aplicação de conteúdos matemáticos o que nos mostra sua grande importância e aplicações
no ensino da matemática.
Percebe-se que existem outros métodos criptográficos que podem ser estudados em sala de
aula, pois a criptografia é definida basicamente pela matemática, pode ser ainda utilizar meios
tecnológicos criando programas e aplicativos que auxiliam o professor em sala de aula.
7

REFERÊNCIAS

Medium. Como fazer criptografia básica com Matrizes. Disponível em:


<https://medium.com/@gustavosarturi/como-fazer-criptografia-b%C3%A1sica-com-matrizes-
1e6c237ae50a>. Acessado em: 27/09/2019.

Matemática Multimídia. Mensagens secretas com matrizes. Disponível em: <


file:///C:/Users/Cliente/Downloads/mensagens_secretas_com_matrizes---guia_do_professor.pdf>.
Acessado em: 27/09/2019.

CHAVANTE, E. PRESTES, D. Quadrante matemática, 2o ano: ensino médio. São Paulo, SP. 1 a
ed. Edições SM, 2016.

A Educação Matemática. Matrizes e Criptografia. Disponível em:


<http://educacaomatematica2010.blogspot.com/2011/01/matrizes-e-criptografia.html>. Acessado
em: 04/10/2019.

Você também pode gostar