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Registro: 2019.0000727691
ACÓRDÃO
EMENTA
APELAÇÃO AÇÃO INDENIZATÓRIA VÍCIO DO
PRODUTO RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA CARRO
NOVO VÍCIOS DE FÁBRICA - SUBSTITUIÇÃO DO BEM
LUCROS CESSANTES - DANOS MORAIS
- Legitimidade constatada na relação de direito material
responsabilidades das corrés obrigação solidária artigos 7º,
parágrafo único, 18 e 34, do Código de Defesa do Consumidor;
- Substituição do bem violação dos prazos de conserto do vício
do art. 18 CDC;
- Os fatos narrados são suficientes para configurar reflexo em
elemento integrante da moral humana, constituindo dano
(modalidades própria e imprópria) indenizável inteligência dos
artigos 186, 188 e 927 do Código Civil. A frustração na aquisição
de veículo com vício denota o dano moral. 'Quantum' arbitrado de
acordo com a extensão do dano e com os paradigmas
jurisprudenciais (art. 944, do CC);
- Lucros cessantes comprovados.
RECURSOS IMPROVIDOS
Vistos.
Aduziu a corré Navesa que não lhe foi oportunizado o direito de reparo,
previsto no art. 18 do Código de Defesa do Consumidor, de modo que não tem
responsabilidade pela substituição do veículo ou qualquer indenização. Sustentou, ainda,
que não há nexo causal entre sua conduta e o prejuízo sofrido pelos autores, já que não foi a
pessoa jurídica incumbida a realizar os reparos questionados no veículo. Concluiu pela
ausência de dano moral indenizável.
É o relatório.
PODER JUDICIÁRIO 4
Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo
Seção de Direito Privado
Pois bem.
Ademais, o prazo de trinta dias, por outro lado, é suficiente para o cumprimento
da obrigação, não sendo o caso de aumentá-lo ou de reduzir a multa já fixada para o caso
de descumprimento. Mesmo porque o objetivo das astreintes não é obrigar o réu a pagar o
valor da multa, mas obrigá-lo a cumprir a obrigação na forma específica.
Com relação aos danos morais, tenho que o dever de indenizar é inafastável.
Estando as partes perfeitamente incluídas nos artigos 2º e 3º da Lei 8.078, de 1990, não é
demais lembrar que cumpre aos fornecedores a “efetiva prevenção e reparação de danos
patrimoniais e morais” direito que integra o rol do artigo 6º, do Código de Defesa do
Consumidor.
Yussef Said Cahali rememora que a jurisprudência se inclina para punir atos
ilícitos, que se mostram “hábeis para macular o prestígio moral da pessoa, sua imagem, sua
honradez e dignidade”, que excedem o âmbito patrimonial e comercial, constituindo condição
para o exercício de outras atividades (Dano Moral 4a Ed. São Paulo: RT, 2011, p. 318).
No caso dos autos, o autor se viu privado de gozar livremente do bem que
acabara de adquirir. Veículo novo, com que tinha a real expectativa de que não apresentaria
problemas de uso. Logo, não é razoável supor indene a alienação de objeto com evidentes
vícios de fábrica, o que, além do prejuízo material, fomenta o abalo da credibilidade, além do
périplo na tentativa de comprovar a regularidade de seu bem.
Relatora