O Reino dos Fungos

AULA 3 O Reino dos Fungos apresenta grande variedade: são popularmente conhe-
cidos como bolores, mofos, fermentos, levedos, orelhas-de-pau, cogumelos.
Podem ser extremamente prejudiciais à saúde do homem, ou ser utilizados
como alimento; existem os que parasitam vegetais e animais mortos, e os
que servem de matéria-prima para remédios.

Cogumelos

Orelha-de-pau

Os fungos e suas formas delirantes

A natureza inventou, com os cogumelos, esculturas delicadas e delirantes. E a cada dia surgem
novas formas. A ciência só identificou 4% dos fungos que existem. Mas só eles já são um espetáculo
de encher os olhos. Olhe só. Você pergunta: a que plano arquitetônico, a que delírio febril esses se-
res frágeis obedecem? Difícil saber. Eles brotam espontaneamente na natureza.
A Micologia, ciência que estuda os fungos, não dá conta de tanta variedade. Estima-se que
existam 1,5 milhão de espécies no mundo, mas só 69 mil foram descritas – 2 500 no Brasil. Na Ama-
zônia, deve haver milhares desconhecidas. A classificação é difícil. Há fungos que nascem e morrem
em poucas horas, antes que os pesquisadores possam sequer conhecê-los. Eles existem há 130
milhões de anos. Uns são deliciosas iguarias, outros são venenos fatais e há aqueles que funcionam
como poderosos alucinógenos. Todos, obras de arte.

Superinteressante. Fevereiro de 1997. Texto adaptado.

Biologia 2 - Aula 3 35 Instituto Universal Brasileiro

 Reino dos Fungos e os Liquens
Fungos
Os fungos se desenvolvem em qualquer
ambiente. Podem ser encontrados tanto no ar
e no solo como dentro de casa, nos sapatos
e roupas, nas frutas e pães, e também pa-
rasitando nossas unhas ou órgãos internos.
Os fungos podem ser úteis na produção de
queijos, vinhos e cervejas, e também usados
na fabricação de antibióticos como a penicili-
na. Existem inúmeras espécies desses seres,
que, de tão peculiares, são classificados num
reino à parte.
Características gerais dos fungos
• Podem ser uni ou pluricelulares, to-
dos eucariontes.
• São desprovidos de clorofila, logo,
não fazem fotossíntese. Têm nutrição heteró-
trofa, por isso necessitam de matéria orgânica
proveniente de outros seres vivos. Para isso,
produzem enzimas digestivas que agem so-
bre a matéria orgânica dos seres que atacam,
absorvendo as substâncias decompostas.
Existem fungos que vivem como pa-
rasitas, no exterior ou interior de seres vi-
vos, prejudicando-os e causando-lhes do-
enças. Entre os fungos mais conhecidos
citamos os bolores, os cogumelos, as
orelhas-de-pau, e outros como as leve-
duras, invisíveis a olho nu.
à membrana plasmática) com quitina, em vez
de celulose, como nos vegetais. Outra diferen-
ça em relação aos vegetais é que possuem
centríolos, organoides celulares atuantes du-
rante a divisão celular.
Além disso, sua substância de reserva
não é o amido, como nos vegetais, mas sim
o glicogênio, outro carboidrato. As hifas po-
dem apresentar um ou dois núcleos ou ainda
vários núcleos.
A estrutura de reprodução é chamada
corpo de frutificação. É o chapéu do co-
gumelo. Quando o chapéu surge na super-
fície do solo ou de um tronco podre, por
exemplo, significa que surgiram de um ex-
tenso micélio subterrâneo, que pode alcan-
çar dezenas de metros, vivendo há anos
sem ser notado.
Estrutura
Estrutura
reprodutora
Estruturas
produtoras
Hifas
de esporos

Características gerais dos fungos

Nos fungos pluricelulares cada célula é
longa e em forma de filamento ou fio e recebe
o nome de hifa. Inúmeras hifas formam uma
rede de fios entrecruzados e misturados, que
no seu conjunto é chamado de micélio.
Apesar de o micélio ser formado por vá-
rias células, não é um tecido verdadeiro. Cada
hifa isoladamente não é visível a olho nu, mas
o micélio, sim. As células dos fungos possuem Micélio
parede celular (reforço da membrana, externa
Biologia 2 - Aula 3 36 Instituto Universal Brasileiro
 Cenocítica

Maior ser vivo do mundo é um fungo

Septada
O maior
fungo conhecido
vive numa flores-
ta dos Estados
Unidos, onde as
Dicariótica
hifas ocupam uma
área subterrânea
de cerca de 9 km2. Foi descoberto apenas
em 1996: um fungo que cresce sob o solo da
Floresta Nacional de Malheur, no Estado do Ore-
gon, Estados Unidos. O Armillaria ostoyae, po-
pularmente conhecido como “cogumelo do mel”,
nasceu como uma partícula minúscula (esporo), Reprodução dos fungos
impossível de ser vista a olho nu, e foi estenden-
do seus filamentos durante um período estimado Os fungos podem apresentar as duas
de 2.400 anos. Da superfície, dá para ver apenas formas de reprodução: sexuada e assexuada.
suas extremidades junto aos troncos das árvo-
res, mas debaixo da terra ele ocupa 880 hecta- Reprodução sexuada
res – o equivalente a 1.220 campos de futebol.
“Ele ainda cresce de 70 centímetros a 1,20 metro Ocorre na maioria dos fungos. Hifas
por ano”, diz o engenheiro agrônomo João Lúcio
com um só núcleo (n) se fundem, funcionan-
de Azevedo, da USP. Antes de sua descoberta, o
maior ser vivo era outro fungo da mesma espé-
do como gametas e formam hifas com dois
cie, encontrado em 1992. Até os anos de 1990, núcleos (2n) que vão constituir uma estrutura
o título pertencia a uma árvore sequoia da Ca- conhecida como corpo de frutificação (“cha-
lifórnia. À superfície do solo, ele possui a forma péu”) do cogumelo. No corpo de frutificação
de pequenos cogumelos de aparência inocente, (2n) ocorrerão meiose e produção de esporos
mas sob o solo (micélio) fixa-se nas raízes das ár- (n). Os esporos soltam-se do corpo de frutifi-
vores da floresta, roubando-lhes água, nutrientes, cação e espalham-se no ambiente. Em condi-
provocando putrefação e morte destas. Embora ções favoráveis, germinam e originam hifas,
existam espécies de árvores que resistam a este que por sua vez formam o micélio. Neste caso,
fungo, a taxa de crescimento fica comprometida. as hifas haploides representam a geração ga-
Assim, abre caminho para que espécies vegetais
metofítica. O corpo de frutificação representa
floresçam no lugar.
a geração esporofítica.
http//curiosidades-mundocurioso.blogspot.com.
br/2010/05/maior ser vivo do mundo. Reprodução assexuada

Pode ocorrer por cissiparidade, gemipa-

Tipos de hifas
As hifas podem ser cenocíticas, isto é,
sem septos, seus núcleos ficam dispersos
numa massa citoplasmática comum. Há hifas
septadas, cujas células possuem um núcleo
haploide e há hifas com dois núcleos haploi-
des. Neste caso, formam as hifas chamadas
dicarióticas (di = dois; cario = núcleo).
Biologia 2 - Aula 3
ridade e esporulação.
Cissiparidade. Como nos fungos uni-
celulares, com simples divisão da célula em
duas iguais, cada uma constituindo um novo
indivíduo.
Gemiparidade ou brotamento. Com
formação de brotos ou gêmulas que brotam
e se destacam, constituindo um novo orga-
37 Instituto Universal Brasileiro
nismo. As leveduras se reproduzem por bro-
tamento.
Gemiparidade ou brotamento
Broto ou gema
Esporulação. Com formação de espo-
ros, que podem ser resultantes de divisão por
mitose ou meiose
Classificação
O Reino dos Fungos compreende o filo
Mycophyta, com várias classes. As principais
são as classes dos ficomicetos, dos basidio-
micetos e dos ascomicetos.
1. Ficomicetos - são os mais simples.
O micélio se espalha sobre o substrato, origi-
nando esporângios na extremidade de algu-
mas hifas. Os esporângios soltam os esporos,
que se dispersam no ambiente, podendo ger-
minar em outros substratos.
Exemplos: os bolores do gênero Mucor,
que se desenvolvem sobre frutas em apodre-
cimento, e os do gênero Rhizopus, pretos, que
crescem sobre pão envelhecido e sobre frutas.
Certos mofos do gênero Penicillium são
úteis, pois produzem antibióticos (penicilina) e
também dão sabor a alguns queijos.
A penicilina G é um antibiótico natural
derivado de um fungo, o bolor do pão Peni-
cillium chrysogenum. Ela foi descoberta em
15 de setembro de 1928 pelo médico e bac-
teriologista escocês Alexander Fleming (1881-
1955) e está disponível como medicamento
desde 1941, sendo o primeiro antibiótico a ser
utilizado com sucesso.
Fonte: Wikipedia/penicilina.
Acesso em: 19.06.13. Texto adaptado.
Biologia 2 - Aula 3
Vale recordar que os fungos obtêm
energia através do processo da fermenta-
ção. Eles degradam a molécula de glicose
em condições anaeróbicas, isto é, sem
oxigênio.
Observando as equações da fermen-
tação, já estudadas, entende-se que na
fermentação alcoólica, a partir de cada
molécula de glicose são produzidas duas
moléculas de etanol (álcool etílico), duas
moléculas de gás carbônico e liberação de
energia na forma de calor (duas molécu-
las de ATP). Já na fermentação lática, são
produzidas duas moléculas de ácido lático
e energia (duas moléculas de ATP), sem li-
beração de gás carbônico.
Aplicações da fermentação alcoólica
• Na produção de bebidas alcoóli-
cas, tendo em vista que o processo gera
etanol. As diferentes bebidas alcoólicas são
geradas a partir da atividade das leveduras
Saccharomyces cerevisiae, que se utilizam
da glicose presente em certos alimentos
para gerar energia via fermentação. As be-
bidas mais comuns obtidas por esse pro-
cesso são: o vinho (fermentação do suco
de uva), a cerveja (fermentação do malte,
oriundo da cevada), o saquê (fermentação
do arroz) e a cachaça (fermentação do açú-
car da cana)
• Na produção do etanol (álcool com-
bustível). Neste processo as leveduras atu-
am sobre o melaço da cana-de-açúcar.
• Na fabricação de pães, bolos,
biscoitos e outras massas. Inicialmente
se mistura fermento biológico em pó (le-
veduras) à massa. No interior da massa,
um meio anaeróbio, as leveduras realizam
fermentação alcoólica e liberam CO 2, que
forma bolhas capazes de inflar a massa. E
o álcool? O álcool, produzido em peque-
na quantidade se evapora ou é degradado
quando a massa é levada ao forno para as-
sar. Os períodos de fermentação emprega-
dos na produção de bebidas alcoólicas são
muito mais longos que a fermentação das
massas.
38 Instituto Universal Brasileiro
 As partes de um cogumelo

Chapéu

Vinho em vinagre: uma fermentação

que os fungos não fazem

A fermentação acética (do latim

aceto = azedo) é realizada por bactérias Lamelas
aeróbias (Acetobacter) em duas etapas.
Na primeira etapa, a glicose é transfor-
mada em álcool e gás carbônico:
Anel

C6H12O6 2 C2H5OH + 2 CO2

glicose álcool gás carbônico

Pé
Na segunda etapa o álcool é oxida-
do, produzindo ácido acético e água.
O “chapéu” do cogumelo é chamado ba-
C2H5OH + 2 O2 2 C 2H 4O 2 + 2 H 2O sidiocarpo (corpo de frutificação). Na face
álcool oxigênio ácido acético água
inferior há inúmeras lamelas dispostas radial-
mente e é na superfície delas que são produ-
zidos os esporos (basidiósporos) haploides.
Vinho, suco de maçã e sidra são os
Caindo no solo ou em substrato rico em maté-
substratos mais usados para a fabricação
ria orgânica, desenvolvem-se em novas hifas,
de vinagres.
ainda haploides, formando um micélio.

3. Ascomicetos - são fungos superio-

res, unicelulares ou pluricelulares, estes com
micélio bastante desenvolvido. Exemplos: o
Aspergillus, um bolor que ataca sementes de
plantas como o amendoim e soja, milho, trigo
e arroz, sendo muito venenoso, pode causar a
morte em virtude de graves lesões no fígado.

2. Basidiomicetos (cogumelos e ore-

lhas-de-pau) - neste grupo encontram-se os
fungos comestíveis, como os champignons, Células de levedura da cerveja e fermento biológico
(Saccharomyces cerevisiae)
os shiitakes e outros. As hifas são septadas e
desenvolvem-se sob o solo ou no interior de
troncos apodrecidos.

Gênero Morchella
Trufas (comestível)

As leveduras são ascomicetas muito co-

nhecidas. São unicelulares e se reproduzem as-
Orelha-de-pau Champignon sexuadamente por brotamento. A espécie Sac-
(não comestível) Amanita (venenoso) (comestível)
charomyces cerevisiae, conhecida como levedura
Biologia 2 - Aula 3 39 Instituto Universal Brasileiro
da cerveja ou fermento biológico, é responsável
pela fermentação alcoólica na produção do vinho,
da cerveja e do etanol e também na produção da
massa do pão. Outros representantes desse gru-
po são as famosas trufas (gênero Tuber), com
corpos de frutificação que crescem sob a terra,
são muito apreciadas na culinária europeia.
Os ascomicetos produzem, em sua re-
produção assexuada, milhões de esporos tão
pequenos como partículas de poeira. Por se-
rem leves e resistentes, espalham-se no am-
biente, podendo sobreviver por muito tempo
até que surjam condições favoráveis à ger-
minação. São esses esporos, principalmente
os do gênero Aspergillus, que no ambiente
doméstico provocam crises alérgicas de asma
e rinite nos seres humanos. Quando ocorre
aspergilose, quadro gravíssimo, o fungo colo-
nizou todas as vias respiratórias.
Importância ecológica dos fungos
• Como decompositores, reciclam a ma-
téria orgânica, decompondo cadáveres ou restos
de seres.
• Formam as micorrizas, associações sim-
bióticas com as raízes das plantas. Essas asso-
ciações são de mutualismo, em que tanto a planta
quanto os fungos são beneficiados: os fungos auxi-
liam a planta na absorção de nutrientes (principal-
mente o fósforo) e a planta fornece ao fungo subs-
tâncias orgânicas como carboidratos e vitaminas.
Fungo
Hifas do fungo
Raízes
da árvore
Raízes
Hifas
MICORRIZAS
Biologia 2 - Aula 3
• Na associação (mutualismo) com
algas unicelulares, formando os liquens, or-
ganismos pioneiros na ocupação dos ambien-
tes terrestres, preparando-os para a instala-
ção de espécies mais complexas.
Doenças
• Na agricultura podem causar prejuí-
zos com a presença de bolores que atacam e
decompõem as sementes, produzindo inclusi-
ve, toxinas que podem matar. Atacam também
outras partes das plantas, como folhas, caules
subterrâneos (tubérculos), frutos etc.
• Causam sérias doenças no ser huma-
no como bronquite e asma, rinites e aler-
gias desencadeadas pelos esporos que se
disseminam pelo ar.
• Micoses (mico = fungo) são infecções
causadas por fungos parasitas. As frieiras nos
pés, causadas pelo Tricophyton, que também
pode atacar outras partes do corpo, provocan-
do manchas vermelhas com coceira.
A levedura Candida albicans é parasita
e causa a candidíase: “sapinho” (infecção na
língua) e nas mulheres, corrimento vaginal.
Foto de Candida albicans ao microscópio
Os fungos apreciam ambientes úmidos,
com pouca ou nenhuma luz. Como seus espo-
ros são facilmente espalhados pelo ar ou água,
são seres com muito sucesso. Juntamente
com as bactérias são os organismos que con-
seguem decompor a matéria orgânica. Sem
eles, os cadáveres não seriam decompostos
(apodrecidos) e não haveria a reciclagem de
substâncias orgânicas na natureza.
No solo de uma floresta, por exemplo,
caem folhas, frutos, galhos, enfim, várias par-
tes das plantas. Com a decomposição pelos
fungos e bactérias, tornam o solo rico, pois as
substâncias componentes das partes caídas
das plantas são reduzidas em forma de subs-
40 Instituto Universal Brasileiro
tâncias muito simples, que são absorvidas pe-
las raízes das plantas num ciclo natural, per-
feito e necessário. O mesmo acontece com os
cadáveres de animais ou suas fezes deixadas
no solo. Tudo é reciclado, graças à atividade
dos fungos e bactérias decompositoras.
O champignon de Paris, ou simplesmen-
te champignon, é o cogumelo mais consumido
no mundo, sendo, inclusive, o mais popular no
Brasil. É consumido fresco ou em conserva e
sua popularização ocorreu devido à facilidade
com que este cogumelo se adaptou em todos
os países por que passou.
Champingon Portobello Champingon de Paris
O nome científico do champignon é Aga-
ricus bisphorus e foi a primeira espécie de cogu-
melo a ser cultivada racionalmente no Brasil.
Sua cultura foi iniciada pelos imigrantes
chineses do estado de São Paulo, especial-
mente por agricultores da região de Mogi das
Cruzes (SP) que é, até hoje, o maior produtor
nacional desta espécie.
Basicamente, existem dois tipos de
champignon: o tradicional champignon de Pa-
ris (de cor branca) e o champignon Portobel-
lo, de cor parda. Brasil e Holanda consomem
mais os de cor branca, enquanto França e Es-
tados Unidos preferem o Portobello.
http//www.cogumelosonline.com.br/champignon.
Texto adaptado.
Qual a diferença entre cogumelo
comestível, venenoso e alucinógeno?
Como existem muitas espécies de cogu-
melos, e nenhuma característica física denuncia
Biologia 2 - Aula 3
a presença de veneno ou substâncias alucinóge-
nas, é muito difícil (e perigoso) diferenciá-los no
“olhômetro”. Para piorar as coisas, estima-se que
nem 5% das espécies estejam classificadas na
literatura biológica. Isso significa que nem um mi-
cologista (especialista em fungos) muito experien-
te pode enfiar na boca um cogumelo achado no
meio da floresta. Mesmo que ele se pareça muito
com uma espécie comestível, é bom desconfiar,
afinal um mesmo gênero pode ter espécies que
matam, deixam doidão ou, simplesmente, en-
chem a barriga (exemplo, o gênero Amanita). Em
laboratório, há duas formas de se identificar um
cogumelo: análise morfológica e bioquímica. A
primeira nada mais é do que comparar as carac-
terísticas da espécie encontrada com as das já
identificadas e catalogadas nos livros científicos.
Para isso, leva-se em conta o formato, as medi-
das e a coloração do cogumelo. Mesmo que ele
se pareça com alguma espécie conhecida, por
precaução é analisado por um bioquímico trei-
nado para identificar a presença de toxinas. Por
isso, não coma cogumelo colhido na natureza!
Disponível em: www.mundoestranho.com.br/ciência/co-
gumelos. Acesso em: 25.06.2013. Texto adaptado.
Os liquens
Os liquens são seres especiais. São forma-
dos por uma associação de simbiose entre um
fungo (ascomiceto) e uma alga unicelular, verde
ou azul (cianobactéria). Esse tipo de associação
é chamado de mutualismo, onde os dois se be-
neficiam e um não vive sem o outro. A alga faz
fotossíntese e fornece alimento ao fungo; e este
dá proteção e ambiente adequado à alga.
Distribuem-se por toda a esfera terres-
tre, inclusive pelas regiões polares, pelas altas
montanhas, superfície das rochas e solos des-
providos ou pobres de vegetais. São vistos,
com grande frequência, fixos nas cascas das
árvores, em três formas: incrustantes (placas),
foliáceos (lâminas salientes) e arboriformes
(forma de arbustos ramificados).
Na natureza os liquens desempenham
papel importante na desagregação das ro-
chas, concorrendo para tornar o meio próprio
ao desenvolvimento de vegetais. Por isso,
são os pioneiros no processo de sucessão
ecológica.
41 Instituto Universal Brasileiro
 Podem ser encontrados em diversas co-
res: cinza-azulado, avermelhado, esverdea-
do, amarelado. Muitos como o tornassol, por
exemplo, fornecem matéria corante; outros
são comestíveis, constituindo um importante
alimento para os animais das regiões árticas,
como as renas, por exemplo.
Veja alguns tipos de líquens mais
comuns na natureza.
Apesar de resistentes à seca, os lí-
quens são sensíveis à poluição ambiental.
Por absorverem vapor d’água e partículas de
poluentes, principalmente dióxido de enxofre
(SO2), são considerados bioindicadores da
qualidade do ar.
Estrutura de um líquen
Observe no esquema a associação en-
tre o fungo e a alga no corpo de um líquen.
} Córtex superior (cama-
da compacta de hifas)
} unicelulares, formam os líquens.
}
Algas
Medula (rede de hifas)
}
Córtex inferior (hifas
rizoides de fixação)
Biologia 2 - Aula 3
Reprodução
A reprodução dos líquens é feita através
de uma estrutura chamada sorédio, formada de
algas unicelulares envoltas por alguns pedaços
de hifas. Essas estruturas se soltam do corpo
do líquen e são levadas pelo vento, caindo mui-
tas vezes em locais distantes e garantindo o
desenvolvimento de um novo líquen.
Alga unicelular
Hifas do fungo
► Fungos - são seres uni ou pluricelu-
lares, eucariontes (células com núcleo), sem
clorofila, razão pela qual são colocados num
reino separado dos vegetais. Como não fazem
fotossíntese (são heterótrofos), vivem à custa
de outros seres vivos, animais e vegetais, ab-
sorvendo deles a matéria orgânica. Estão pre-
sentes em todos os ambientes e podem causar
doenças como alergias e micoses. São úteis
(os unicelulares) na produção de antibióticos,
bebidas e pães. Os fungos vivem em ambien-
tes úmidos e com pouca luminosidade. Fazem
decomposição de matéria orgânica e asso-
ciação com raízes. Na associação com algas
Classificação. 1 - Ficomicetos: bolo-
res. 2 - Basidiomicetos: cogumelos. 3 - As-
comicetos: leveduras e trufas.
► Líquens - são associações entre um
fungo e uma alga microscópica (unicelular).
Os líquens são ecologicamente importantes
por serem os pioneiros na sucessão ecológi-
ca, preparando rochas e solos para a vegeta-
ção. Também funcionam como bioindicado-
res de poluição, pois absorvem vapor d’água
e partículas de gases poluentes (SO2).
42 Instituto Universal Brasileiro

Marque (x) na única alternativa que
completa corretamente as frases a seguir.
1. Uma diferença importante entre algas
e fungos é que apenas um deles apresenta:
a) ( ) núcleo com membrana nuclear.
b) ( ) associação que forma os liquens.
c) ( ) clorofila.
d) ( ) corpo vegetativo em forma de talo.
2. Quanto à presença de núcleo nas cé-
lulas e capacidade de produção de alimento,
pode-se afirmar que os fungos são seres:
a) ( ) procariontes e autótrofos.
b) ( ) procariontes e heterótrofos.
c) ( ) eucariontes e autótrofos.
d) ( ) eucariontes e heterótrofos.
3. Uma pessoa pode fabricar em casa
alguns copos de iogurte a partir de leite fresco
misturado a um pouco de iogurte industriali-
zado. A mistura deve permanecer a uma tem-
peratura de aproximadamente 37 °C e após
algumas horas o produto estará pronto. A
transformação do leite em iogurte ocorre pelo
processo da:
a) ( ) fermentação lática, realizada por
fungos.
b) ( ) fermentação alcoólica, realizada por
bactérias.
c) ( ) fermentação lática, realizada por
bactérias.
d) ( ) fermentação acética, realizada por
bactérias.
4. As hifas, presentes nos fungos, são:
a) ( ) células com cloroplastos.
b) ( ) células longas, apresentando um,
dois ou vários núcleos.
c) ( ) células longas, sem núcleo.
d) ( ) esporos.
Biologia 2 - Aula 3
5. As micorrizas são exemplos de rela-
ção por mutualismo entre:
a) ( ) fungos de diferentes espécies.
b) ( ) algas de diferentes espécies.
c) ( ) fungos e algas.
d) ( ) fungos e plantas.
6. (UFRO) Os fungos são importantes
para o homem em todos os processos abaixo,
exceto:
a) ( ) fermentação, como na produção
de bebidas alcoólicas.
b) ( ) fabricação de antibióticos, como a
penicilina.
c) ( ) alimentação, como os cogumelos
comestíveis.
d) ( ) purificação do ar através da fotos-
síntese.
7. As partes comestíveis de certos cogu-
melos e trufas são:
Champingon Portobello Champingon de Paris
a) ( ) esporos.
b) ( ) corpos de frutificação.
c) ( ) esporângios.
d) ( ) liquens.
8. Alexander Fleming, um cientista esco-
cês, estudava bactérias. Uma ocasião esque-
ceu-se de uma placa de vidro num local escu-
ro e úmido. Depois de certo tempo, achou-a
e verificou que as bactérias haviam morrido,
mas que havia um bolor na placa. Iniciou uma
série de estudos e concluiu que aquele fungo
produzia uma substância que matava as bac-
térias. Chamou esta substância de penicilina,
pois ela é produzida:
a) ( ) pelo fungo Penicillium.
b) ( ) pelo fungo Aspergillus.
c) ( ) pelo Champignon.
d) ( ) pelo Saccharomyces.
43 Instituto Universal Brasileiro

1. c) ( x ) clorofila.
Comentário. Quando o corpo vegetati-
vo de uma espécie não apresenta raízes di-
ferenciadas, nem caule e folhas, falamos em
talo. Por isso, muitos autores chamam as al-
gas e os fungos de talófitos. Algas e fungos
possuem membrana nuclear, mas, somente
as algas possuem clorofila.
2. d) ( x ) eucariontes e heterótrofos.
Comentário. Procariontes são os se-
res cujas células não possuem núcleo,
como as bactérias e as algas azuis. Autó-
trofos (auto = por si; trofos = alimento) são
seres fotossintetizantes. A única alternativa
correta é a d pois, células dos fungos têm
núcleo envolvido por membrana (cariote-
ca), por isso são eucariontes (eu = pró-
prio; carion = núcleo). Como não fabricam
alimento, porque não fazem fotossíntese,
são heterótrofos.
3. c) ( x ) fermentação lática, reali-
zada por bactérias.
Comentário. A transformação do lei-
te em iogurte é realizada por bactérias
(lactobacilos) que fazem a fermentação
lática. Nesse processo, a energia é obtida
da lactose, que é o açúcar do leite. A tem-
peratura adequada intensifica o processo
fermentativo.
4. b) ( x ) células longas, apresen-
tando um, dois ou vários núcleos.
Comentário. Hifas são as células dos
fungos, que são longas e formam um ema-
ranhado chamado micélio. Os núcleos são
haploides e quando a hifa tem dois núcleos
é chamada dicariótica (di = dois; carion =
núcleo). As células dos fungos não possuem
cloroplastos, mas possuem núcleo, por isso
Biologia 2 - Aula 3
as alternativas a e c estão erradas. Esporos
são células de reprodução, não fazem parte
das hifas. Portanto, a alternativa d também
é incorreta.
5. d) ( x ) fungos e plantas.
Comentário. Fungos associam-se às
raízes da maioria das plantas, formando as
micorrizas. Tanto as plantas quanto os fun-
gos são beneficiados nessa associação. Os
fungos auxiliam na absorção de água e nu-
trientes e as plantas fornecem aos fungos
substâncias orgânicas como carboidratos e
vitaminas.
6. d) ( x ) purificação do ar através
da fotossíntese.
Comentário. As alternativas a, b e c
estão corretas, pois tratam da importância
dos fungos: fermentação alcoólica feita por
fungos unicelulares, produção da penicilina
extraída do bolor Penicillium e o consumo de
algumas espécies na alimentação. Apenas a
alternativa d está incorreta, pois os fungos
são aclorofilados, portanto não fazem fotos-
síntese, sendo incapazes de produzir alimen-
to (são heterótrofos).
7. b) ( x ) corpos de frutificação.
Comentário. Nos cogumelos a parte
comestível é o “chapéu” ou corpo de frutifica-
ção. É nessa estrutura que ocorre a formação
de esporos haploides (basidiósporos), que,
caindo em local rico em matéria orgânica, de-
senvolvem-se em novas hifas.
8. a) ( x ) pelo fungo Penicillium.
Comentário. O nome do antibiótico
(penicilina) originou-se do nome do fungo,
Penicillium (um tipo de bolor), cuja toxina
mata bactérias. O Aspergillus é um fungo
ascomiceto que elimina milhares de espo-
ros no ar, causando alergias. O Champig-
non é comestível e o Saccharomyces é um
fungo fermentador, usado na produção de
bebidas e pães.
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