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Introdução
Como sabemos, o mundo não mudou
apenas em termos demográficos, sociais e
econômicos, mas também em termos
ecológicos.
Além do desmatamento e da perda das
espécies, o planeta está sofrendo os
embates de novos problemas ambientais
intrinsecamente globais ou transnacionais:
o efeito estufa, o problema da camada de
ozônio e as precipitações ou chuvas ácidas.
Todos esses problemas têm impactos
diretos ou indiretos sobre nós, embora o
principal caso da América Latina seja o
efeito estufa.
Lamentavelmente, os registros
climatológicos entre 2011 e 2005
consideram que o problema é ainda pior
que o estimado pelo Painel
Intergovernamental sobre Mudanças
Climáticas (IPCC). De fato, os cinco anos
mais quentes do planeta, desde anos 1890,
foram, pela ordem, 2005, 1998, 2002, 2003
e 2004.
Além da fusão dos glaciares e da
elevação das marés, os principais impactos
das mudanças climáticas representam:
Mudanças na distribuição dos
ecossistemas terrestres, pois as plantas
e os animais vão se movimentar de
acordo com suas preferências
climáticas;
Ameaça para a sobrevivência da
biodiversidade de cada país, em maior
ou menor escala, em função da
velocidade da mudança e de sua
magnitude;
Mudança na composição e na função dos
ecossistemas;
Dificuldade para prever como os
ecossistemas vão responder às
mudanças climáticas.
Que tal entrarmos nessa polêmica
discussão para podermos entender melhor
sobre as fontes que geram esses
desequilíbrios e sobre como podemos
dispersá-los, em tratando de atmosfera?
Efeito Estufa
Como didaticamente explicado por
Branco, um tipo de impacto ambiental de
longo alcance é o efeito estufa. Essa
denominação não se refere, como se
poderia pensar, às estufas elétricas usadas
em laboratório ou em outros
estabelecimentos, mas sim às estufas de
jardins, pouco utilizadas no Brasil, mas
largamente empregadas nos países de
clima frio para proteger as plantas do rigor
do inverno.
Tais estufas possuem paredes e teto de
vidro. Seu aquecimento se dá em virtude de
uma propriedade interessante ao próprio
vidro que, embora seja transparente, é um
isolante térmico: ele deixa que as
radiações do sol passem para o interior da
estufa, mas não permite que o calor saia.
Dessa forma, o calor acumula-se,
mantendo o interior da estufa cada vez
mais quente. Essa propriedade é conhecida
dos jardineiros desde século XV e permite
que se cultive plantas tropicais em climas
frios como os da Europa.
De acordo com Salgado-Laboriau, as
nuvens do céu agem com o vidro da estufa
e fazem a temperatura na parte baixa da
atmosfera aumentar. Sem as nuvens, o
calor escapa, diminuindo a temperatura.
Durante o inverno, as noites estreladas são
mais frias, pois a superfície perde calor
pela falta de nuvens.
A atmosfera é praticamente
transparente às radiações solares de ondas
curtas, mas absorve as radiações
infravermelhas emitidas pela superfície
terrestre. Os principais absorventes dessa
energia na atmosfera são o vapor d’água, o
ozônio troposférico, o dióxido de carbono e
as nuvens. Somente cerca de 6% do
infravermelho irradiado pela superfície
escapa para o espaço. O restante é
absorvido pela atmosfera e irradiado
novamente por ela.
Ainda de acordo com a autora, o efeito
estufa é fundamental para a manutenção
da vida na Terra. Mede-se esse efeito por
meio da comparação entre a temperatura
na superfície e a temperatura irradiada. “A
temperatura média global da Terra, hoje,
é de + 15ºC, mas a temperatura efetiva de
radiação é de +18ºC. Portanto, o efeito
estufa da atmosfera causa um aquecimento
de aproximadamente 33ºC.”
O ozônio troposférico, o vapor d’água e
o CO2 são os constituintes mais importantes
na absorção da radiação solar. Entretanto,
o metano e as partículas em suspensão,
como a poeira, o pólen e rejeitos
industriais, interagem também na absorção
de radiação e seus efeitos estão sendo
muito estudados atualmente. Como
resultado do processo industrial e da
passagem de aeronaves voando na
estratosfera, a concentração de óxidos de
nitrogênio está aumentando.
O CO2 é encontrado naturalmente no
ar. Ele entra na atmosfera pela respiração
dos seres vivos e pelas emanações de
vulcões, gêiseres, etc. Quando o CO2
aumenta, elevando a temperatura, esta,
por sua vez, aumenta a evaporação da
água, elevando a quantidade de vapor
d’água. Com isso tem-se um aumento da
nebulosidade, que favorece ainda mais o
efeito estufa, resultando em uma bola de
neve, a qual incrementará mais a
temperatura média global. Os resultados
poderão ser observados principalmente na
temperatura do verão e no equilíbrio entre
água líquida e água em forma de gelo.
É importante ressaltar que, apesar do
alarde atual, a quantidade de carbono no
sistema Terra é praticamente a mesma,
não há acréscimo com o passar do tempo,
o que existe é uma mudança de local onde
esse elemento é encontrado. Quando
extraímos os hidrocarbonetos do solo e os
utilizamos em processos de combustão, por
exemplo, modificamos sua localização: o
que estava retido abaixo da superfície é
transferido para a atmosfera.
Esse processo vem ocorrendo desde a
formação do planeta, quando causas
naturais elevavam a concentração de CO2 e
esta, por sua vez, elevava a temperatura.
Contudo, hoje, com a evolução dos objetos
de técnica utilizados pela sociedade para a
transformação do espaço, há uma mudança
mais rápida do local de concentração de
certos elementos, acelerando e/ou
retardando alguns processos naturais.
Não se discute aqui a notória elevação
da temperatura global; a preocupação está
em identificar como as informações são
passadas e como são utilizadas. A Terra já
passou, de forma natural, por períodos
muito mais frios e muito mais quentes. A
própria evolução do Homo sapiens é fruto
dessas variações: com o resfriamento do
final do período Mesozoico, que
apresentava temperaturas bem superiores
às atuais, a sobrevivência de grandes
animais, como os dinossauros, tornou-se
inviável. Com a extinção desses animais,
houve uma grande evolução dos mamíferos.
Outro gás natural que produz o efeito
estufa é o metano. Uma molécula de
metano (CH4) é 25 vezes mais eficiente que
uma molécula de CO2 na retenção do calor.
O metano chega à atmosfera de diferentes
maneiras, como, por exemplo, por
erupções vulcânicas, bactérias
decompositoras, ruminantes, insetos como
térmitas, e atividades antrópicas.
Os óxidos de nitrogênio NOx (NO2, NO3,
N2O) são produzidos pela ação microbiana
no solo. Sua capacidade de retenção de
calor é 250 vezes mais eficiente que a do
CO2. A queima de vegetação,
decomposição de fertilizantes e de resíduos
da agricultura e outras atividades podem
aumentar, significativamente, sua
concentração.
Chuva Ácida
Um modo segundo o qual o SO2 é
removido da atmosfera é através da chuva
ácida. A chuva normal e não contaminada
possui um pH de cerca de 5,6 (em função
do CO2), mas a chuva ácida pode apresentar
um pH de 2 ou até mais baixo. A formação
da chuva ácida é um processo complexo, e
sua dinâmica ainda não é totalmente
compreendida. Em outras palavras, o SO2 é
emitido pela queima de combustíveis que
contêm enxofre e reage com os
componentes da atmosfera, produzindo o
que chamamos de ácido sulfúrico (H2SO4).
Os óxidos de enxofre não produzem
exatamente o ácido sulfúrico nas nuvens,
mas a ideia é exatamente a mesma. A
precipitação do ar contendo concentrações
de óxido de enxofre é pouco diluída, e seu
pH cai imediatamente.
Os óxidos de nitrogênio, emitidos, em
sua maior parte, pelos automóveis, mas
também por qualquer combustão de alta
temperatura, contribuem para a formação
da mistura ácida na atmosfera. As reações
químicas que aparentemente ocorrem, com
o nitrogênio, formam o ácido nítrico
(HNO3).
O efeito da chuva ácida tem sido
devastador. Centenas de lagos na América
do Norte e na Escandinávia tornaram-se tão
ácidos que não existe mais vida aquática
neles. Em um estudo recente em lagos
noruegueses, mais de 70% que
apresentaram um pH menor que 4,5 não
continham peixes, e quase todos os lagos
com o pH a partir de 5,5 continham. O pH
baixo não só afeta os peixes diretamente
mas também contribui para a liberação de
metais potencialmente tóxicos (como o
alumínio), ampliado a magnitude do
problema.
A chuva ácida da América do Norte já
acabou com todos os peixes e muitas
plantas em 50% dos lagos e montanhas de
Adirondacks. Em muitos desses lagos, o pH
atingiu níveis tão altos de acidez a ponto
de ser necessário substituir as trutas e as
plantas nativas por mantas de algas
tolerantes à acidez.
A sedimentação de ácido atmosférico
nos sistemas de água doce fez com que a
EPA sugerisse um limite de 10 a 20 kg de
SO4 por hectare ao ano. Se a “lei e poluição
do de Newton “for utilizada (tudo o que
sobre tem que descer), será fácil notar que
a quantidade de óxidos nítricos e sulfúricos
emitidos é bem maior que esse limite. Por
exemplo, somente para o estado de Ohio,
nos Estados Unidos, o total anual de
emissões é de 2,4 x 106 tonemadas métricas
de SO2 por ano. Se isso tudo for convertido
para SO4 e depositado no estado,
totalizaria 360 kg por hectare ao ano.
No entanto, nem toda essa quantidade
de enxofre cai sobre a população de Ohio.
Na verdade, a maior parte dela é
exportada, através da atmosfera, para
locais bem distantes. Cálculos semelhantes
para as emissões de enxofre no noroeste
dos Estados Unidos indicam que a taxa de
emissão de enxofre é 4 a 5 vezes maior que
a taxa de sedimentação. Para onde tudo
isso vai?
A população canadense tem uma
resposta direta e convincente. Durante
muitos anos, eles culpavam os Estados
Unidos pela formação da maior parte da
chuva ácida que caía dentro do seu
território. Da mesma forma, muito dos
problemas da Escandinávia ocorriam em
função do uso de grandes chaminés na
Grã=Bretanha e nos países localizados ao
sul da Europa continental. Por anos, a
indústria britânica construiu chaminés cada
vez mais altas como um meio de controlar
a poluição do ar, reduzindo a concentração
direta no nível do solo, mas emitindo os
mesmos poluentes na atmosfera superior. A
qualidade do ar no Reino Unido melhorou,
mas ao custo de causar chuva ácida em
outras partes da Europa.
Além das fronteiras politicas, a poluição
é um problema regulamentar
particularmente complexo. A grande ajuda
da força policial não está mais disponível.
Porque o Reino Unido deveria se preocupar
com a chuva ácida na Escandinávia? Porque
os Alemães deveriam limpar o rio Reno
antes que suas águas cheguem a Holanda?
Porque Israel deveria parar de tirar água do
Mar Morto compartilhado com a Jordânia?
As leis já não são mais úteis e é improvável
que haja ameaça de retaliação. O que pode
ser sugerido para encorajar esses países a
fazer a coisa certa? Existe mesmo o que
chamamos de “ética internacional”?