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Aula 03 – Poluição Atmosférica

Introdução
Como sabemos, o mundo não mudou
apenas em termos demográficos, sociais e
econômicos, mas também em termos
ecológicos.
Além do desmatamento e da perda das
espécies, o planeta está sofrendo os
embates de novos problemas ambientais
intrinsecamente globais ou transnacionais:
o efeito estufa, o problema da camada de
ozônio e as precipitações ou chuvas ácidas.
Todos esses problemas têm impactos
diretos ou indiretos sobre nós, embora o
principal caso da América Latina seja o
efeito estufa.
Lamentavelmente, os registros
climatológicos entre 2011 e 2005
consideram que o problema é ainda pior
que o estimado pelo Painel
Intergovernamental sobre Mudanças
Climáticas (IPCC). De fato, os cinco anos
mais quentes do planeta, desde anos 1890,
foram, pela ordem, 2005, 1998, 2002, 2003
e 2004.
Além da fusão dos glaciares e da
elevação das marés, os principais impactos
das mudanças climáticas representam:
 Mudanças na distribuição dos
ecossistemas terrestres, pois as plantas
e os animais vão se movimentar de
acordo com suas preferências
climáticas;
 Ameaça para a sobrevivência da
biodiversidade de cada país, em maior
ou menor escala, em função da
velocidade da mudança e de sua
magnitude;
 Mudança na composição e na função dos
ecossistemas;
 Dificuldade para prever como os
ecossistemas vão responder às
mudanças climáticas.
Que tal entrarmos nessa polêmica
discussão para podermos entender melhor
sobre as fontes que geram esses
desequilíbrios e sobre como podemos
dispersá-los, em tratando de atmosfera?

Fontes de Poluição Atmosférica


Segundo Assunção, qualquer processo,
equipamento, sistema, máquina,
empreendimento, etc., que possa liberar
ou emitir matéria ou energia para a
atmosfera, de forma a torna-la poluída,
pode ser considerado uma fonte de
poluição do ar.
Essas fontes podem ser divididas em
fixas e móveis.
As emissões para a atmosfera podem vir
de ações naturais e de ações antrópicas (ou
seja, de ações do homem).
As emissões naturais são muito
significativas quando comparadas às
antropogênicas e, em muitos casos, são
bem maiores que as últimas.
As emissões naturais provêm de:
 Erupções vulcânicas que lançam
partículas e gases para a atmosfera,
como os compostos de enxofre (gás
sulfídrico e dióxido de enxofre);
 Decomposição de vegetais e animais;
 Ação do vento, que causa ressuspensão
de poeira de solo e de areia;
 Ação biológica de micro-organismos no
solo;
 Formação de metano, principalmente
nos pântanos (gás grisu);
 Aerossóis marinhos;
 Descargas elétricas na atmosfera, que
formam ozônio;
 Incêndios florestais naturais, que
lançam na atmosfera grande
quantidade de material particulado,
gás carbônico, monóxido de carbono,
hidrocarbonetos e outros gases
orgânicos, e óxidos de nitrogênio (NOx);
 Outros processos naturais, como as
reações na atmosfera entre substância
de origem natural.
De acordo com Assunção, entre as
fontes antropogênicas, destacam-se
diversos processos e diversas operações
industriais, tais como:
 A queima de combustível na indústria,
para fins de transporte nos veículos a
gasolina, álcool e diesel ou movidos por
qualquer outro tipo de combustível, e
para aquecimento em geral e
cozimento de alimentos.
 Queimadas, queima de lixo ao ar livre;
 Incineração de lixo;
 Limpeza de roupas a seco;
 Poeira fugitiva, em geral provocada
pela movimentação de veículos,
principalmente em vias sem
pavimentação;
 Poeiras provenientes de demolição na
construção civil e movimentações de
terra em geral;
 Comercialização e armazenamento de
produtos voláteis, como gasolina e
solventes.

Veículos como Fonte de Emissão de


Poluentes
Conforme Assunção, os veículos são,
atualmente, a principal fonte de emissão
de poluentes para a atmosfera, em especial
nos grandes centros urbanos.
Na América Latina, merece destaque a
poluição do ar na Cidade do México, em São
Paulo, no Rio de Janeiro e em Santiago.
Na região metropolitana de São Paulo,
os veículos contribuem com cerca de 98%
da emissão de monóxido de carbono, 97%
dos hidrocarbonetos e 96% dos óxidos de
nitrogênio, além de serem importantes
contribuintes na emissão de dióxido de
enxofre e material particulado inalável.
A poluição causada por veículos é tão
significativa que seu uso foi restringido na
cidade de São Paulo e em alguns outros
limítrofes, por meio da operação
denominada rodízio de veículos.
Isso também tem ocorrido em outras
grandes cidades, como a Cidade do México,
Santiago, Roma e Paris. Já em Londres, foi
adotado, em 2003, o sistema de pedágio
para circulação de carros no centro da
cidade.
Poluição Atmosférica Segundo o
Proconve
Com base em experiências e estudos em
âmbito nacional e internacional sobre a
questão da poluição atmosférica, deu-se
origem à Resolução nº 18/86 do CONAMA,
que estabelece, em nível nacional, o
Programa de Controle de Poluição do Ar por
Veículos Automotores (PROCONVE).
O efeito do PROVONCE na redução das
emissões médias de poluentes dos veículos
é um fator importante no controle da
qualidade do ar.
Os dados da tabela mostram os diversos
estágios de desenvolvimento tecnológico,
exigidos pelo PROCONVE, com relação à
emissão de poluentes dos veículos leves.

Classificação das Fontes de Poluição


Atmosférica
De acordo com Malheiros, a
classificação das fontes de poluição do ar
pode ser feita quanto a sua forma do
seguinte modo:
Fontes Pontuais – quando a fonte pode ser
considerada como um ponto em uma
determinada área.
Fontes do tipo área – fontes utilizadas
para englobar um conjunto de pequenas
fontes individuais não significativas (no
contexto individual) quando caracterizadas
como fontes pontuais, mas a emissão do
conjunto todo é importante.
Fontes Veiculares – tendo em vista a
importância da contribuição das emissões
veiculares nos estudos do controle da
poluição atmosférica, diversos autores
sugerem que essas fontes sejam tratadas
em separado.

Problemas da Poluição Atmosférica


Segundo Vesilind e Morgan, quatro dos
problemas mais complicados com relação à
poluição do ar para a saúde correspondem
a questões sem resposta, relacionadas a:
Limiares:
A existência de um limiar nos efeitos
dos poluentes sobre a saúde foi assunto
debatido durante muitos anos.
É possível traçar diversas curvas de
reações em funções de doses para o caso de
um poluente específico (por exemplo, o
monóxido de carbono) e a reação a ele (por
exemplo, a redução da capacidade do
sangue de transportar oxigênio).
É possível, ainda, que não haja efeito
algum para o metabolismo humano até que
atinja uma concentração crítica: o limite.
Em contrapartida, alguns poluentes podem
produzir uma reação detectável para
qualquer concentração finita.
Nenhuma das curvas precisa ser linear.
Para a poluição do ar, a relação dose-
reação mais provável para muitos
poluentes é não linear, sem limiares
identificáveis, mas com reação mínima até
uma alta concentração, no ponto em eu a
reação torna-se grave.
O problema é que desconhecemos a
forma dessas curvas para a maioria dos
poluentes.
Carga Total
Nem todas as doenças poluentes
provêm do ar.
Por exemplo, apesar de uma pessoa
inspirar cerca de 50µg/dia de chumbo, ela
ingere cerca de 300 50µg/dia de chumbo
com água e alimentos.
No que diz respeito aos padrões de
qualidade para o chumbo, devemos
reconhecer que a ingestão de chumbo
acontece, em maior quantidade, através de
alimentos e água.
Tempo vs. Dosagem
A maioria dos poluentes leva certo
tempo para reagir, e o tempo é tão
importante quanto o nível de contato.
O melhor exemplo disso é o efeito do
monóxido de carbono. A afinidade que a
hemoglobina humana (Hb) tem com o
monóxido de carbono é 210 vezes maior
que a afinidade com o oxigênio.
Consequentemente, o CO combina-se
imediatamente com a hemoglobina para
formar a carboxihemoglobina (COHb). A
formação desse composto reduz a
quantidade de hemoglobina disponível para
transportar oxigênio/
Uma concentração de
aproximadamente 60% de COHb pode levar
à morte por falta de oxigênio. No entanto,
os efeitos de CO a concentrações subletais
são, geralmente, reversíveis.
Em função de problemas desse tipo ao
tempo e à reação dos poluentes, os padrões
de qualidade do ar ambiente são
estabelecidos a concentrações máximas
permitidas para um determinado tempo de
contato.
Sinergismo
O termo sinergismo é definido como um
efeito maior que a soma das partes.
Por exemplo, a doença do pulmão negro
em trabalhadores de minas de carvão
ocorre apenas quando o minerador é
fumante.
A mineração de carvão, por si só, e o
hábito de fumar isoladamente não causarão
a doença, mas a ação sinérgica das duas
ações coloca os mineradores que fumam
em uma condição de alto risco.
Portanto, é incorreto afirmar que a
poluição do ar (independente da gravidade
ou do consumo de cigarros para tal
problema) causa câncer de pulmão ou
outras doenças respiratórias.

Dispersão de Poluentes Atmosféricos


A dispersão de poluentes na atmosfera,
ou seja, o movimento de poluentes
atmosféricos é determinado,
principalmente, pelas condições
meteorológicas, como a turbulência
mecânica provocada pelo vento e a
turbulência térmica resultante de parcelas
de ar aquecido – essas parcelas de ar
aquecido ascendem da superfície terrestre
e são substituídas pelo ar mais frio, em
sentido descendente, no perfil vertical de
temperatura da atmosfera -, além da
topografia e da rugosidade do terreno da
região.
Os poluentes lançados na atmosfera
sofrem o efeito de processos complexos,
sujeitos a vários fatores, que determinam a
concentração do poluente no tempo e no
espaço.
Sendo assim, emissões com conteúdos
idênticos sob as mesmas condições de
lançamento no ar, podem produzir
concentrações diferentes em um mesmo
local.
Tudo vai depender das condições
meteorológicas presentes, como: a chuva,
as condições de inversão térmica, a
rugosidade e as características do terreno
e de outras condições locais.
Uma das principais condições
meteorológicas para a dispersão dos
poluentes é a turbulência da atmosfera.
Segundo Assunção, a turbulência exerce
um papel importante no transporte, na
difusão e na consequente diluição da
poluição do ar. Essa turbulência é
determinada pela velocidade do vento e
pelo gradiente térmico na vertical.

Condições de Estabilidade e Instabilidade


da Atmosfera
Pasquill dividiu as condições de
estabilidade da atmosfera em seis classes,
quais sejam:
Classe A – Extremamente instável;
Classe B – Instável;
Classe C – Ligeiramente instável;
Classe D – Neutra;
Classe E – Ligeiramente estável;
Classe F – Estável
Alguns autores acrescentam uma
sétima condição de estabilidade,
denominada extremamente estável.
As condições para a ocorrência de
instabilidade são a alta radiação solar e
ventos de baixa velocidade. A condição
instável é boa para a dispersão de
poluentes!
A condição de estabilidade, por sua vez,
ocorre na ausência de radiação solar, de
nuvens, e de ventos leves, além de
representar condição desfavorável à boa
dispersão dos poluentes.
Já céu nublado ou ventos fortes
caracterizam a condição neutra da
atmosfera.
Para completar nossa aula, vamos ler
três textos que se referem aos principais
problemas gerados pela poluição do ar,
quais sejam:
- Aquecimento global;
- Chuva ácida;
- Efeito smog.

Efeito Estufa
Como didaticamente explicado por
Branco, um tipo de impacto ambiental de
longo alcance é o efeito estufa. Essa
denominação não se refere, como se
poderia pensar, às estufas elétricas usadas
em laboratório ou em outros
estabelecimentos, mas sim às estufas de
jardins, pouco utilizadas no Brasil, mas
largamente empregadas nos países de
clima frio para proteger as plantas do rigor
do inverno.
Tais estufas possuem paredes e teto de
vidro. Seu aquecimento se dá em virtude de
uma propriedade interessante ao próprio
vidro que, embora seja transparente, é um
isolante térmico: ele deixa que as
radiações do sol passem para o interior da
estufa, mas não permite que o calor saia.
Dessa forma, o calor acumula-se,
mantendo o interior da estufa cada vez
mais quente. Essa propriedade é conhecida
dos jardineiros desde século XV e permite
que se cultive plantas tropicais em climas
frios como os da Europa.
De acordo com Salgado-Laboriau, as
nuvens do céu agem com o vidro da estufa
e fazem a temperatura na parte baixa da
atmosfera aumentar. Sem as nuvens, o
calor escapa, diminuindo a temperatura.
Durante o inverno, as noites estreladas são
mais frias, pois a superfície perde calor
pela falta de nuvens.
A atmosfera é praticamente
transparente às radiações solares de ondas
curtas, mas absorve as radiações
infravermelhas emitidas pela superfície
terrestre. Os principais absorventes dessa
energia na atmosfera são o vapor d’água, o
ozônio troposférico, o dióxido de carbono e
as nuvens. Somente cerca de 6% do
infravermelho irradiado pela superfície
escapa para o espaço. O restante é
absorvido pela atmosfera e irradiado
novamente por ela.
Ainda de acordo com a autora, o efeito
estufa é fundamental para a manutenção
da vida na Terra. Mede-se esse efeito por
meio da comparação entre a temperatura
na superfície e a temperatura irradiada. “A
temperatura média global da Terra, hoje,
é de + 15ºC, mas a temperatura efetiva de
radiação é de +18ºC. Portanto, o efeito
estufa da atmosfera causa um aquecimento
de aproximadamente 33ºC.”
O ozônio troposférico, o vapor d’água e
o CO2 são os constituintes mais importantes
na absorção da radiação solar. Entretanto,
o metano e as partículas em suspensão,
como a poeira, o pólen e rejeitos
industriais, interagem também na absorção
de radiação e seus efeitos estão sendo
muito estudados atualmente. Como
resultado do processo industrial e da
passagem de aeronaves voando na
estratosfera, a concentração de óxidos de
nitrogênio está aumentando.
O CO2 é encontrado naturalmente no
ar. Ele entra na atmosfera pela respiração
dos seres vivos e pelas emanações de
vulcões, gêiseres, etc. Quando o CO2
aumenta, elevando a temperatura, esta,
por sua vez, aumenta a evaporação da
água, elevando a quantidade de vapor
d’água. Com isso tem-se um aumento da
nebulosidade, que favorece ainda mais o
efeito estufa, resultando em uma bola de
neve, a qual incrementará mais a
temperatura média global. Os resultados
poderão ser observados principalmente na
temperatura do verão e no equilíbrio entre
água líquida e água em forma de gelo.
É importante ressaltar que, apesar do
alarde atual, a quantidade de carbono no
sistema Terra é praticamente a mesma,
não há acréscimo com o passar do tempo,
o que existe é uma mudança de local onde
esse elemento é encontrado. Quando
extraímos os hidrocarbonetos do solo e os
utilizamos em processos de combustão, por
exemplo, modificamos sua localização: o
que estava retido abaixo da superfície é
transferido para a atmosfera.
Esse processo vem ocorrendo desde a
formação do planeta, quando causas
naturais elevavam a concentração de CO2 e
esta, por sua vez, elevava a temperatura.
Contudo, hoje, com a evolução dos objetos
de técnica utilizados pela sociedade para a
transformação do espaço, há uma mudança
mais rápida do local de concentração de
certos elementos, acelerando e/ou
retardando alguns processos naturais.
Não se discute aqui a notória elevação
da temperatura global; a preocupação está
em identificar como as informações são
passadas e como são utilizadas. A Terra já
passou, de forma natural, por períodos
muito mais frios e muito mais quentes. A
própria evolução do Homo sapiens é fruto
dessas variações: com o resfriamento do
final do período Mesozoico, que
apresentava temperaturas bem superiores
às atuais, a sobrevivência de grandes
animais, como os dinossauros, tornou-se
inviável. Com a extinção desses animais,
houve uma grande evolução dos mamíferos.
Outro gás natural que produz o efeito
estufa é o metano. Uma molécula de
metano (CH4) é 25 vezes mais eficiente que
uma molécula de CO2 na retenção do calor.
O metano chega à atmosfera de diferentes
maneiras, como, por exemplo, por
erupções vulcânicas, bactérias
decompositoras, ruminantes, insetos como
térmitas, e atividades antrópicas.
Os óxidos de nitrogênio NOx (NO2, NO3,
N2O) são produzidos pela ação microbiana
no solo. Sua capacidade de retenção de
calor é 250 vezes mais eficiente que a do
CO2. A queima de vegetação,
decomposição de fertilizantes e de resíduos
da agricultura e outras atividades podem
aumentar, significativamente, sua
concentração.

Chuva Ácida
Um modo segundo o qual o SO2 é
removido da atmosfera é através da chuva
ácida. A chuva normal e não contaminada
possui um pH de cerca de 5,6 (em função
do CO2), mas a chuva ácida pode apresentar
um pH de 2 ou até mais baixo. A formação
da chuva ácida é um processo complexo, e
sua dinâmica ainda não é totalmente
compreendida. Em outras palavras, o SO2 é
emitido pela queima de combustíveis que
contêm enxofre e reage com os
componentes da atmosfera, produzindo o
que chamamos de ácido sulfúrico (H2SO4).
Os óxidos de enxofre não produzem
exatamente o ácido sulfúrico nas nuvens,
mas a ideia é exatamente a mesma. A
precipitação do ar contendo concentrações
de óxido de enxofre é pouco diluída, e seu
pH cai imediatamente.
Os óxidos de nitrogênio, emitidos, em
sua maior parte, pelos automóveis, mas
também por qualquer combustão de alta
temperatura, contribuem para a formação
da mistura ácida na atmosfera. As reações
químicas que aparentemente ocorrem, com
o nitrogênio, formam o ácido nítrico
(HNO3).
O efeito da chuva ácida tem sido
devastador. Centenas de lagos na América
do Norte e na Escandinávia tornaram-se tão
ácidos que não existe mais vida aquática
neles. Em um estudo recente em lagos
noruegueses, mais de 70% que
apresentaram um pH menor que 4,5 não
continham peixes, e quase todos os lagos
com o pH a partir de 5,5 continham. O pH
baixo não só afeta os peixes diretamente
mas também contribui para a liberação de
metais potencialmente tóxicos (como o
alumínio), ampliado a magnitude do
problema.
A chuva ácida da América do Norte já
acabou com todos os peixes e muitas
plantas em 50% dos lagos e montanhas de
Adirondacks. Em muitos desses lagos, o pH
atingiu níveis tão altos de acidez a ponto
de ser necessário substituir as trutas e as
plantas nativas por mantas de algas
tolerantes à acidez.
A sedimentação de ácido atmosférico
nos sistemas de água doce fez com que a
EPA sugerisse um limite de 10 a 20 kg de
SO4 por hectare ao ano. Se a “lei e poluição
do de Newton “for utilizada (tudo o que
sobre tem que descer), será fácil notar que
a quantidade de óxidos nítricos e sulfúricos
emitidos é bem maior que esse limite. Por
exemplo, somente para o estado de Ohio,
nos Estados Unidos, o total anual de
emissões é de 2,4 x 106 tonemadas métricas
de SO2 por ano. Se isso tudo for convertido
para SO4 e depositado no estado,
totalizaria 360 kg por hectare ao ano.
No entanto, nem toda essa quantidade
de enxofre cai sobre a população de Ohio.
Na verdade, a maior parte dela é
exportada, através da atmosfera, para
locais bem distantes. Cálculos semelhantes
para as emissões de enxofre no noroeste
dos Estados Unidos indicam que a taxa de
emissão de enxofre é 4 a 5 vezes maior que
a taxa de sedimentação. Para onde tudo
isso vai?
A população canadense tem uma
resposta direta e convincente. Durante
muitos anos, eles culpavam os Estados
Unidos pela formação da maior parte da
chuva ácida que caía dentro do seu
território. Da mesma forma, muito dos
problemas da Escandinávia ocorriam em
função do uso de grandes chaminés na
Grã=Bretanha e nos países localizados ao
sul da Europa continental. Por anos, a
indústria britânica construiu chaminés cada
vez mais altas como um meio de controlar
a poluição do ar, reduzindo a concentração
direta no nível do solo, mas emitindo os
mesmos poluentes na atmosfera superior. A
qualidade do ar no Reino Unido melhorou,
mas ao custo de causar chuva ácida em
outras partes da Europa.
Além das fronteiras politicas, a poluição
é um problema regulamentar
particularmente complexo. A grande ajuda
da força policial não está mais disponível.
Porque o Reino Unido deveria se preocupar
com a chuva ácida na Escandinávia? Porque
os Alemães deveriam limpar o rio Reno
antes que suas águas cheguem a Holanda?
Porque Israel deveria parar de tirar água do
Mar Morto compartilhado com a Jordânia?
As leis já não são mais úteis e é improvável
que haja ameaça de retaliação. O que pode
ser sugerido para encorajar esses países a
fazer a coisa certa? Existe mesmo o que
chamamos de “ética internacional”?

Efeito Smog – O smog fotoquímico


Uma reação fotoquímica é qualquer
reação química ativada pela luz. A poluição
do ar conhecida como smog fotoquímico
forma-se quando uma mistura de óxidos de
nitrogênio (NO e NO2, coletivamente
chamada de NOx) e compostos de
hidrocarbonetos orgânicos voláteis, de
origens natural e humana, reagem sob a
influência da radiação UV para produzir
uma mistura de mais de 100 poluentes
primários e secundários.
A formação do smog fotoquímico
envolve uma complexa série de reações
químicas, que começa nos motores de
automóveis e nas caldeiras de usinas
elétricas e de indústrias que queimam
carvão. Nas altas temperaturas
encontradas, o nitrogênio e o oxigênio no
ar reagem para produzir óxido nítrico
incolor. Na atmosfera, alguma quantidade
do NO é convertida em dióxido de
nitrogênio (NO2), um gás amarelo-
amarronzado cujo odor é sufocante. O NO2
é a causa da neblina marrom que paira
sobre as cidades durante as tardes de dias
ensolarados. Isso explica porque o smog
fotoquímico é chamado, algumas vezes, de
smog de ar marrom.
Quando exposta a radiação UV, alguma
quantidade de NO2 prende-se em uma
complexa série de reações com
hidrocarbonetos (liberados,
principalmente, pela vegetação, por
veículos motorizados e por outras
atividades humanas) que produzem o smog
fotoquímico – uma mistura de ozônio,
ácido nítrico, aldeídos, nitratos de
Peroxiacetil (NPAs) e outros poluentes
secundários.
Todas as cidades modernas sofrem de
smog fotoquímico. No entanto, o smog
fotoquímico é muito mais comum em
cidades com climas ensolarados, quentes e
secos e com muitos veículos motorizados –
como por exemplo, Los Angeles, Denver e
Salt Lake City, nos Estados Unidos; Sidney,
na Austrália, São Paulo, no Brasil; Buenos
Aires, na Argentina, Cidade do México, no
México. De acordo com um estudo feito em
1999, se 400 milhões de pessoas na China
dirigirem carros movidos à gasolina até
2050, conforme o previsto, o smog
fotoquímico resultante poderá cobrir com o
ozônio todo o leste do Pacífico até os
Estados Unidos.
O smog industrial
Há 50 anos, cidades como Londres (na
Inglaterra), Chicago e Pittsburgh (nos
Estados Unidos) queimavam grandes
quantidades de petróleo pesado (que
contém impurezas de enxofre) em usinas
elétricas e fábricas, para aquecer
residências e cozinhar alimentos.
Durante o inverno, pessoas dessas
cidades foram expostas ao smog industrial,
que consiste, principalmente, de dióxido
de enxofre, aerossóis que contêm gotas
suspensas de ácido sulfúrico (formado pelo
dióxido de enxofre) e uma variedade de
partículas sólidas suspensas, que deram ao
smog resultante uma cor acinzentada (por
isso, o nome alternativo é smog de ar
cinza).
Hoje, é raro o smog industrial urbano
representar um problema na maioria dos
países desenvolvidos. Nessas nações, o
carvão e o petróleo pesado são queimados
somente em caldeiras grandes, cujos
controles de poluição são razoavelmente
bons, ou com chaminés altas, que levam os
poluentes para áreas rurais a favor do
vento.
No entanto, o smog industrial continua
sendo um problema nas áreas urbanas
industrializadas da China, Índia, da Ucrânia
e de alguns países do leste europeu
(principalmente a região do “triângulo
negro”, composta por Eslováquia, Polônia,
Hungria e República Tcheca), nas quais
grandes quantidades de carvão são
queimadas em fábricas e em residências
cujos controles de poluição são
inadequados.
Um estudo feito em 2002 pelo Programa
das Nações Unidas para o Meio Ambiente
constatou que uma imensa cobertura,
sobretudo de smog industrial – chamava
nuvem asiática -,estende-se quase que
continuamente por grande parte da Índia,
de Banglaesh, do coração industrial da
China e por áreas do mar aberto dessa
região. Essa nuvem – com a espessura
imensa de três quilômetros – resulta de
enormes emissões de cinzas, fumaças, pó e
compostos ácidos produzidos por pessoas
que queimam carvão em indústrias ou
residências, e limpam e queimam florestas
para plantações juntamente com a poeira
que é soprada dos desertos do leste
asiático. Conforme viaja, a nuvem recolhe
diversos poluente tóxicos.
A rápida industrialização de partes do
sudeste asiático, principalmente da China
e da Índia, está repetindo, em uma escala
muito maior, o passado nocivo e cheio de
fumaça da queima de carvão realizada no
período da Revolução Industrial da Europa
e dos Estados Unidos, durante o século XIX
e o início do século XX.

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