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4. O ELEITOR
Um dos problemas mais clássicos da ciência política é estudar e determinar o padrão de
comportamento dos eleitores. Como ele pensa e decide o seu voto? Existe algum motivo para a
escolha do seu candidato, quais aspectos que padronizam essa escolha?
No Brasil, através de alguns estudos realizados sobre o comportamento do eleitor, chegou-se a um
consenso de que existem três leis fundamentais de posicionamento do eleitor, são elas:
Ø Lei da Indiferença: Onde o eleitor, quando entra na cabine eleitoral põe fim a um difícil processo
de tomada de decisão. Nessa hora ele se lembra de Pelé, de Sílvio Santos, do macaco Tião e de outras
personalidades de forte presença em sua mente, menos nos candidatos, porque para ele, é tudo
igual, é indiferente votar nesse ou naquele candidato.
Ø Lei da Procrastinação: Representa o máximo adiamento. O eleitor adia, sempre que puder, sua
decisão de voto para o período mais próximo possível da eleição. Cerca de 90% das pessoas ao dirigir-
se a cabine eleitoral, já tem o seu candidato consolidado, mas 10% ainda entram para votar, com
muita dúvida, são os procrastinadores e, esses podem decidir uma campanha mais acirrada.
Ø Lei da efemeridade: As idéias e aspirações da sociedade obedecem a um ciclo de vida
determinado (corrupção, ecologia, violência, etc...). A lei da efemeridade trata dos ciclos das idéias e
aspirações, onde elas nascem, crescem, se desenvolvem, desgastam-se e desaparecem. Um candidato
começar a defender uma causa ou uma idéia, ecologia, por exemplo, num momento em que o mundo
inteiro não fala mais no assunto, é aderir a uma moda que aos olhos do eleitor já está ultrapassada,
porque o mundo está preocupado neste momento é com o combate à violência.
5) O CANDIDATO
O candidato é o elo de ligação entre as causas públicas e o eleitor. É a primeira vitrine dos partidos,
das ideologias, das estratégias de marketing e de seus ideais. O candidato é o conteúdo, é um
contexto amplo entre partido, ideologia, vida e sua participação na vida social.
Os fatores que compõem um candidato são:
Ø Potencial próprio: sua capacidade de liderança, suas habilidades, sua comunicação, sua
habilidade de discurso e seu carisma...
Ø Fatores Internos de pressão: Grupo político (partido ou facção) e grupo de financiamento
Ø Fatores Externos de pressão: Eleitores e adversários...
6) COMUNICAÇÃO
Cada dia que se passa às pessoas são bombardeadas por milhões de informações e estímulos. É claro
que elas não conseguem processar e reter todas as informações, o que acontece é que a mente
simplifica o que é recebido, aceitando apenas aquilo que interessa. A arte de se fazer ouvir, de se
comunicar e persuadir está na identificação do caminho mais rápido para a mente. A pirâmide de
Maslow, por exemplo, fornece pistas para descobrirmos o melhor caminho. Segundo ele as reações
das pessoas aos estímulos são determinados basicamente pelas necessidades básicas (fisiológicas) até
as mais elevadas(auto-realização).
A mídia eletrônica hoje é considerada de o “segundo deus” por sua onipresença e seu poder de
influência sobre as pessoas. Cada veículo tem uma linguagem muito específica, mas quando se trata
de televisão, a linguagem se aproxima bastante do cotidiano das pessoas, de forma simples e direta.
O candidato deve estar ciente de que está invadindo a sala de estar dos eleitores, é nessa hora o
equilíbrio e a moderação, devem fazer parte de seu comportamento, pois é como se ele estivesse
conversando com o eleitor em sua casa.
7) PESQUISAS
Um ditado de Maquiavel que diz “ a realidade é como é, não como gostaríamos que ela fosse”,
resume muito bem a importância da pesquisa na vida do candidato e mais ainda na vida do eleitor.
As pesquisas podem mensurar três tipos de levantamento para avaliação do eleitorado. As pesquisas
de opinião pública procuram mensurar o conhecimento da população sobre determinados assuntos
como ecologia, privatização, aids, economia, política, área social e etc... . As pesquisas de
acompanhamento e desempenho administrativo levantam os principais problemas da população,
avaliam o desempenho dos governantes, aferem a imagem administrativa, o grau de conhecimento
dos projetos e das obras realizadas e o grau de satisfação com os serviços públicos. Já as pesquisas
eleitorais, por sua vez, procuram detectar as intenções de voto do eleitor a cada momento, aferindo o
potencial de adesão ou rejeição a cada candidato.
Os fatores de maior relevância em uma pesquisa são: a imagem do candidato, sua trajetória política,
seu carisma e empatia com o eleitor, seu programa de governo, sua principal meta de governo, a sua
profissão, seu partido político, seus apoiadores e o grupo social em que está inserido ou se identifica.
Na eleição, como na guerra, grande parte das batalhas é decidida em tempos de paz. A preparação da
campanha inicia-se com a avaliação do eleitorado, do potencial próprio do candidato e de seus
prováveis inimigos.
8) PRINCÍPIOS ESTRATÉGICOS
“ O Brasil não é para principiantes”(Tom Jobim)
1o.) Mantenha sempre um trunfo contra seus inimigos e saiba quando deve ser acionado;
2o.) Conheça o que pensa o eleitor, antes de partir para a sua conquista;
3o.) A melhor forma de conquistar a mente a mente do eleitor é ser primeiro a chegar;
4o.) Não basta ter o perfil desejado pela população, é preciso associar sua imagem a ele antes dos
adversários;
5o.) Trabalhe na linha de menor resistência ao posicionamento na mente do eleitor;
6o.) Procure maximizar os pontos favoráveis e minimizar as falhas, se possível convertendo-se em
virtudes;
7o.) Procure antecipar o ciclo de idéias e aspirações que predominará no momento da eleição;
8o.) O eleitor sempre associará o candidato a continuidade ou mudança. Compatibilize sua imagem
com a tendência predominante, respeitando os limites impostos por sua personalidade;
9o.) Concentre seu discurso na valorização e unidade do partido;
10o.) Convenção é sinal de força. Se for conveniente, antecipe a convenção;
11o.) Concentre forças no seu principal inimigo, não desperdice munição atirando para todos os lados;
12o.) Procure sempre antecipar-se aos movimentos de adversários que possam ameaçar sua posição
antes que seja preciso reagir;
13o.) Confirme os defeitos do inimigo junto ao eleitorado. Ataque nesse ponto.
14o.) Procure demonstrar incoerência entre o discurso do candidato e seu passado;
15o.) Utilize a força de liderança para eliminar as possibilidades de reação do inimigo;
16o.) Redirecione forças para os segmentos que apresentam maior potencial de votos;
17o.) Se a polarização é inevitável, procure levar seu adversário para o campo que lhe seja mais
favorável;
Fonte: Livro “VOTO É MARKETING, O RESTO É POLÍTICA” (Jacques Seqüela) Edições Loyola