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A POTENCIALIDADE DO CORPO NA OBRA DE HUDINILSON JR

Jacks Ricardo Selistre 1

Resumo: Este estudo analisa a potência e o erotismo do corpo na obra de Hudinilson Jr. O corpo é
uma constante na obra do artista. Ao trabalhar com o corpo masculino nu o artista propõe a
desconstrução do imaginário historicamente imposto, visto que na arte a presença do corpo nu é
constante, mas sobretudo do corpo feminino. Assim, Hudinilson desconstrói e descaracteriza esse
imaginário ancorado em pensamentos datados utilizando seu próprio corpo para constituir a obra.
Ao utilizá-lo em fotografias que não mostram a integridade do corpo, mas apenas detalhes, cria-se
um imaginário do corpo sem identidade, de um corpo apenas em seu estado físico, desconsiderando
o seu gênero/sexo, produzindo assim uma ambiguidade visual. A não identificação acarreta na
reflexão acerca de um corpo sem gênero, não se encaixando nas ideias binárias de homem/mulher,
assim coloca em questão as polaridades da sociedade heteronormativa, possibilitando múltiplas
leituras e interpretações acerca desse corpo. Na série Exercício de me ver (1982), Hudinilson faz
referencia a Narciso, personagem da mitologia grega, que influenciou a produção do artista tanto de
forma conceitual, quanto estética. Visto que o artista se posiciona frente à maquina xerográfica
como Narciso em um rio. A medida que Narciso encontra seu reflexo na água, Hudinilson obtém
seu reflexo através da máquina xerográfica. Assim o presente trabalho procura investigar a potência
e o erotismo do corpo na obra de Hudinilson Jr.
Palavras-chave: Hudinilson Jr. Corpo. Identidade. Gênero.

A maldição daquele que amava a sua imagem

Ricardo Resende, 2016

Hudinilson Urbano Jr, conhecido no cenário artístico simplesmente como Hudinilson Jr,
nasceu no ano de 1957 na cidade de São Paulo. Destacou-se como um artista híbrido que trabalhou
com as mais diversas linguagens da arte, como colagem, gravura, desenho, pintura, também
mostrou interesse em revolucionar o suporte artístico, trabalhando com a performance, a arte postal,
o graffiti, a intervenção urbana e sendo o precursor da xerografia no Brasil, produção de obras de
arte através de fotocópias.
Sua vida artística inicia muito cedo, quando realiza xilogravuras aos dezoito anos. As
xilogravuras iniciais realizadas pelo artista já trazem a questão do corpo nu masculino, do
homoerotismo, ou bem, prefiro ainda referir-me pontualmente à questão do erotismo principalmente
representado através do corpo masculino, do corpo em si, e por casais homossexuais. No início de
sua trajetória nas artes, o artista participou do coletivo de arte 3NÓS3, fundado em 1979, junto com

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Mestrando em Artes Visuais na Universidade Federal de Santa Maria, CAPES; realizou período de investigação no
mestrado de Arte Latinoamericano na Universidade Nacional de Cuyo. Licenciado em Artes Visuais na Universidade
de Caxias do Sul (2015), com período de intercâmbio em Gestión e História de las Artes na Universidad del Salvador
(2012) e em Bellas Artes na Universidade de Vigo (2014). Brasil. jacksricardoselistre@gmail.com

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os artistas Rafael França e Mario Ramiro, sendo esse um dos primeiros coletivos de arte que
trabalhava com a intervenção urbana no Brasil (Resende, 2016). As intervenções artísticas ocorriam
na cidade de São Paulo, grande parte da produção artística do coletivo possui um teor crítico de
questionamento artístico e social. Vale frisar que a atuação do coletivo iniciou-se durante a ditadura
militar brasileira (1964 – 1985), dessa maneira houve a subversão também ao sistema ditatorial de
vigilância e controle dos cidadãos e cidadãs. As obras, por acontecerem em espaços públicos, e de
maneira de certa forma anônima, tendo a autoria atrelada ao coletivo, não podiam ser censuradas, já
que eram criações espontâneas, aparecendo como surpresas no dia seguinte para xs transeuntes. Ao
(des)configurar a tradicional visão da cidade, alterava-se também a dinâmica e a ordem das coisas
no cotidiano das pessoas (Resende, 2016).
A produção artística suscitava repensar o espaço da cidade, rever os pontos considerados
comuns através de uma estética subversiva que se manifestava na intervenção de monumentos
históricos, sendo chamada de Ensacamentos (1979). Neste trabalho o coletivo ensacava a cabeça de
personagens icônicos da cidade de São Paulo, modificando temporariamente a compreensão visual
da cidade de dos monumentos em questão. Tratava-se de (re)conhecer a cidade, chamar atenção
para os espaços do cotidiano, que muitas vezes são esquecidos ou passam despercebidos aos olhos
do público. Seus projetos centravam-se em questionar a normalidade, em questionar o cânone
artístico, o mercado e suas táticas mercadológicas de avaliação e distribuição da arte, bem como
propor a reflexão dos limites do suporte artístico, evidenciando ou problematizando a fronteira entre
arte e não-arte através de atos estéticos transgressores.
Hudinilson mostrou-se atento ao panorama artístico nacional e internacional, visto sua
atenção ao emprego das tecnologias na arte, como a questão do xerox que redimensiona o espaço
artístico de maneira conceitual, podendo levar-nos a pensar na questão da reprodutibilidade e com
isso a perda da aura da obra de arte em decorrência da possibilidade de reprodução imagética,
pensamento proposto por Walter Benjamin (2014). Ou bem como expõe Hudinilson Jr (1981),
existe o interesse dxs artistas em trabalhar as possibilidades técnicas contemporâneas, com a
intenção de desmaterializar o mito da obra de arte em sua questão elitista, ou bem, desconstruir o
conceito da obra de arte como peça única. Ao desconstruir o paradigma da unicidade na obra de
arte, vemos que o artista insere o xerox na arte-postal, meio que o artista se dedicou desde o
princípio de sua carreira. Proporcionando assim uma ampla disseminação da arte realizada através
das fotocópias.

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O xerox como manifestação artística teve o apoio da Pinacoteca do Estado de São Paulo,
quando em 1979, propõe um espaço para a exposição de obras que confeccionadas através da
linguagem xerográfica, bem como disponibilizou uma máquina fotocopiadora para que os/as artistas
pudessem desenvolver seu trabalho (Ribeiro, 2016). Sua relação com a xerografia acontece tanto a
maneira de propor a criação artística, bem como ministrar cursos e oficinas incentivando o uso
dessa nova linguagem. Ainda, analisando o contexto histórico brasileiro da década de 70,
percebemos que o governo ditatorial continua com as técnicas regulatórias de censura, os artistas e
as artistas aproveitam da facilidade tecnológica da xerografia para subverter a censura e difundir
mensagens e imagens que se multiplicavam de maneira rápida e barata. Essa linguagem artística foi
importante na luta pelo retorno à liberdade de expressão, tanto artística quanto social, visto que a
censura a obras múltiplas e por vezes anônimas, seria muito mais difícil do que a censura aos meios
de comunicação, ou bem às linguagens tradicionais da arte. A difusão, de acordo com Resende
(2016) foi uma ferramenta extremamente importante para a xerografia, que facilmente foi aliada à
arte postal, permitindo assim que imagens e mensagens subversivas fossem disseminadas a
qualquer parte do país ou do mundo com maior facilidade.
A xerografia mostra-se como uma constante em sua produção, entretanto é importante
perceber como a cópia da cópia não representa a mesma imagem. Visto que ao fotocopiar algo, os
pixels vão dilatando-se lentamente, e logo uma figura, através de inúmeras cópias, acaba sendo
modificada da primeira fotocopia em virtude da dilatação dos pixels.
A xerografia mostrou-se como uma linguagem a qual permite a reflexão acerca da obra de
arte e de seu suporte levando em consideração o binarismo original versus cópia. Existe um
questionamento acerca do termo original e do termo cópia no âmbito artístico, já que sempre, na
arte, o original prevalece à cópia (Blanca, 2011). Neste caso a obra é constituída através da cópia
xerográfica, colocando em questão o paradigma da originalidade, da unicidade que são tradicionais
na arte, abrindo espaço assim para a multiplicidade de originais, que também operam como cópias –
levando em consideração o processo de elaboração ou a linguagem utilizada para produzir a obra.
Ao analisar o processo de reprodução das imagens, Benjamin (2011) afirma que seria um absurdo
buscar por uma cópia autêntica, uma vez que todas operam como originais, de acordo com o
processo.
O processo criador extrapola a ideia de fotocopiar tradicional, quando se fotocopia um
papel, fotografia, etc. Hudinilson reconfigura a ideia de fotocopiar, e bem de fotografar (Carvalho;
Bohns, 2008), o artista posiciona-se diretamente no espaço onde a máquina capta a imagem, e dessa

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forma posiciona seu corpo para que seja fotocopiado. A fotografia, a seu tempo, colocou a arte em
crise (Benjamin, 2011), agora vemos que a fotocópia por sua vez também opera de modo a
redimensionar o espaço da fotografia na arte. Acrobacias em cima da máquina a fim de buscar a
imagem ideal. Corpo do artista presente, um corpo cujo personagem pode ser abstraído, oferecendo-
se, neste momento, apenas como um corpo físico, carnal e desprovido de identidade ou de
subjetividade, um corpo sem sexo e sem gênero, de ninguém. De modo a abrir espaço nas
subjetividades alheias ao observarem a imagem. Ainda que a imagem tenha pelos e por isso possa
ser mais facilmente relacioná-la ao corpo masculino, é importante desconstruir a ideia de depilação
como um natural ao corpo feminino. Entendendo-a como uma imposição sociocultural às mulheres.
Dualidades. O corpo do artista exposto, entregue à máquina, um corpo masculino viril, com
pelos e músculos aparentes, corpo esse que fotocopiado opera como um corpo desconfigurado e
desconstruído em sua totalidade ou parcialidade, podendo operar uma certa ambiguidade em relação
à condição sexual binária homem/mulher, ou bem homemulher, nem homem nem mulher, ambos,
nenhum, pessoa (Carvalho; Bohns 2008). A composição das obras se fundamentava no corpo do
próprio artista em contato com a fotocopiadora e também revistas pornográficas. Através dessas
imagens o artista iniciava um processo técnico de desconstrução, de transfiguração da imagem. O
que ocasionava em uma ressiginificação imagética, corporal e conceitual. Corpos sobrepostos, o seu
corpo sobreposto e aliado à fotografia da revista, ambos muitas vezes eram ampliados
sucessivamente, focando em detalhes do corpo – dissolvendo a ideia de identidade identificadora de
uma pessoa em específico, possibilitando assim uma leitura aberta à pluralidade dos corpos e dos
indivíduos que compõem a sociedade.
A técnica da ampliação constante das imagens permitiu uma atenção não só ao lado do
impessoal, ou do sem identidade, mas também, conforme Resende (2016) ao privilegiar os poros, a
textura e os fios de cabelos ampliados e multiplicados, é possível perceber uma linguagem que se
aproxima ao abstrato, à textura pura. A textura do corpo humano (des)sexualizado, podendo estar
relacionado a uma questão biológica, anatômica, corpo enquanto matéria, desprovido das
qualidades hierárquicas de gênero. É um processo de desconstrução corpórea que ressignifica a
imagem inicial e os corpos que a compõem. Podendo inclusive não estar atrelado ao corpo humano,
tratando-se como mera textura abstrata.
A sexualidade é uma constante nas obras de Hudinilson desde as xilogravuras iniciais às
colagens posteriores, excetuando-se aquelas intervenções produzidas pelo coletivo 3NÓS3
(Resende, 2016). Nota-se a presença dos corpos nus, sobretudo do corpo masculino, em sua

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totalidade ou em detalhes. Esse interesse pelo corpo masculino é relacionado à vida do artista, que
assumiu abertamente a sua homossexualidade, quebrando tabus e questionando a
heteronormatividade que reinava no âmbito artístico e social da década de 1980 no Brasil. A
presença do corpo masculino despido é importante analisando a história da arte, a qual ocultou ou
mesmo não tratou do nu masculino, preferindo o nu feminino representado por um artista homem.
Delegando assim uma hierarquia, que encontra-se presente tanto na arte como na sociedade, o
homem enquanto artista e a mulher enquanto modelo, ou bem o homem enquanto sujeito ativo,
público, autônomo e a mulher enquanto sujeito passivo, privado e dependente; de maneira que tanto
a mulher quanto a natureza encontram-se subordinadas ao homem (Gerbara, 2007). Seguindo assim
a hierarquia construída e imposta pelo homem sobre a mulher.
Construções culturais introduzidas para que funcionem de forma natural e imutável.
Construções essas que são insustentáveis em uma sociedade democrática, tanto no âmbito social
quanto no artístico. Sobre a presença das mulheres na arte, observando a relação artista x modelo, o
coletivo de arte estadunidense, Guerrilla Girls (1989) explicita em uma de suas obras “Do women
have to be naked to get into the Met. Museum? Less than 5% of the artists in the Modern Art
Sections are women, but 85% of the nudes are female”2. Observa-se que o patriarcalismo busca
enaltecer o corpo feminino enquanto produto artístico ou comercial, recusando a ideia de
reconhecer o corpo masculino como belo, a ponto de tornar o corpo feminino, em algumas ocasiões,
como objeto, mercadoria (Resende, 2016).
A reflexão mostra claramente que o nu masculino é renegado em detrimento do feminino,
isso pelas construções sociais de que o corpo feminino é mais dócil, mais formoso e mais belo do
que o corpo viril masculino. Ou bem, pelo motivo de que, em uma sociedade em que tudo é pré-
estipulado pelas regras sociais heteronormativas, o homem está para o pensamento assim como a
mulher está para o corpo (Souza, 2016) – de maneira que o primeiro encontra-se como superior ao
segundo, já que o pensamento é mais valorizado que o corpóreo. Diante dessa disparidade vemos
que a obra de Hudinilson aparece como uma provocadora e questionadora da historiografia da arte.
Há a busca pela experiência sensorial do belo presente no corpo seja ele masculino ou feminino, ou
apenas enquanto corpo, sem gênero, sem um sexo biológico definido.
Desejo corpóreo, corpo masculino, do corpo em geral, atração pelo sexo e pela pornografia –
temas recorrentes em suas obras – que permitem uma leitura do corpo relacionado à beleza, a
sensibilidade e a sexualidade (Resende, 2016) como algo natural e não como um tabu, como algo a
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Tradução livre: As mulheres precisam estas nuas para entrarem no Metropolitan Museum? Menos de 5% dos/as
artistas da Seção de Arte Moderna são mulheres, mas 85% dos nus são femininos.

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ser escandalizado ou escondido, omitido e renegado com a intenção de permanecer dentro do
parâmetro do socialmente aceito. Existe um apreço à condição marginal, à contestação dos valores
hegemônicos através do discurso artístico, o qual se expressava objetiva ou subjetivamente através
de metáforas ou de símbolos passíveis de uma leitura que tende à subversão. Através dos mais
variados objetos Hudinilson criava um discurso que constantemente se voltava ao sexo, ao fálico, à
beleza, sobretudo do corpo masculino.
A obra de Hudinilson Jr mostra-se como singular à medida que introduz a xerografia na arte,
e também com a presença do corpo nu masculino. Explorado a sua beleza, o caráter erótico presente
neste corpo. Ou bem, na desconstrução do corpo masculino, possibilitando a interpretação de corpos
plurais, (des)identificados com um gênero, com um sexo, sendo compostos pela diversidade, pela
interpretação. A ruptura do binarismo homem e mulher dá possibilidades para interpretações. Ao
mesmo tempo que sua obra é uma ode, uma adoração ao corpo masculino. Hudinilson Jr insere o
corpo masculino nu na arte brasileira, modificando as posições do homem e da mulher na arte e na
sociedade. Sua obra mostra a potência erótica do corpo masculino, que muitas vezes foi omitido
pela história da arte. A pornografia foi sua aliada ao compor essas imagens de corpos
desconstruídos, (des)identificados em suas totalidades. A subversão às linguagens tradicionais da
arte atravésda xerografia proporcionam uma mudança do status quo artístico a medida que são
produzidas a partir da fotocópia. As obras de Hudinilson desde o princípio foram pornográficas,
mas como o próprio artista diz: “se antes fui pornográfico, hoje sou mais ainda” (2016).

Referências

BENJAMIN, Walter. La obra de arte em la era de su reproducción técnica. Buenos Aires: El


Cuenco de Plata, 2011.
CARVALHO, Ana Albani; BOHNS, Neiva Maria Fonseca. Corpocomoopção - Hudinilson Jr..
Porto Alegre: Fundação Vera Chaves Barcellos, 2008 (Catálogo de Exposição).
GARCIA, Wilton. Homoerotismo & imagem no Brasil. São Paulo: FAPESP, 2004.
GERBARA, Ivone. Reflexiones desde el ecofeminismo. In: Vida y pensamento, revista teológica de
la Universidad Bíblica Latinoamericana, v. 27, nº 1, San José, Costa Rica, 2007. Tradução livre:
Dra. Estela Fernández Nadal.
HUDINILSON JR., 3NÓS3. Xerografia – Arte e uso. 1981-1987. Apostila de Acompanhamento.
São Paulo, 1984. In: RESENDE, Ricardo. Posição Amorosa – Hudinilson Jr. São Paulo: Martins
Fontes, 2016.
RIBEIRO, Niura Legramante. A fotografia com pintura: a reproduç ão como original . Anais do 25º
Encontro da ANPAP, Porto Alegre, setembro, 2016. Disponível em: <

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Florianópolis, 2017, ISSN 2179-510X
http://anpap.org.br/anais/2016/comites/chtca/niura_legramante_ribeiro.pdf >. Acesso em: 18 de
mai. de 2017.
RESENDE, Ricardo. Posição Amorosa: Hudinilson Jr. São Paulo: Martins Fontes, 2016.

SOUZA, Jessé. A radiografia do golpe: entenda por que você foi enganado. São Paulo: Leya, 2016.

The power of the body in the work of Hudinilson Jr

Astract: This study analyzes the power and eroticism of the body in the Hudinilson Jr’s work. The
body is a constant in the artist's work. Engaged with the naked male body the artist proposes the
deconstruction of the imaginary historically imposed, since in art the presence of the naked body is
constant, especially of the female body. Thus, Hudinilson deconstructs and de-characterizes this
imaginary anchored in dated thoughts using its own body to constitute the work. By using it in
photographs that do not show the integrity of the body, but only details, an imaginary of the body
without identity is created, of a body only in its physical state, disregarding its gender/sex,
consequently producing a visual ambiguity. Non-identification leads to reflection on a body with no
gender, that do not fit into the binary ideas of man/woman, therefore calling into question the
polarities of heteronormative society, allowing multiple readings and interpretations about this
body. In the series Exercício de me ver (1982), Hudinilson makes reference to Narciso, personage
of the Greek mythology, which has influenced the production of the artist in a conceptual as well as
aesthetic way. As far as the artist stands in front of the xerographic machine like Narciso in a river.
As Narciso finds his reflection in the water, Hudinilson gets his reflection through the xerographic
machine. Thus the present work investigates the power and the eroticism of the body in the
Hudinilson’s work.
Keywords: Hudinilson Jr. Body. Identity. Gender.

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