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NOTA DA ASSOCIAÇÃO DE PROFESSORES DE HISTÓRIA (ANPUH - RN) EM

REPÚDIO ÀS DECLARAÇÕES DE GUSTAVO NEGREIROS

Os professores e professoras de História abaixo assinados vêm a público


repudiar as mais recentes declarações do jornalista Gustavo Negreiros em seu blog
sobre a atuação da nossa comunidade profissional. Não é a primeira vez que o senhor
Gustavo Negreiros comete julgamentos e ataques impertinentes: o mesmo declarou
durante a transmissão do programa 96 Minutos da rádio 96 FM no dia 24 de setembro
de 2019 que a jovem ativista Greta Thunberg, de apenas 16 anos, “estava precisando de
sexo”. Agora, o jornalista direcionou o seu ataque ao grupo de professores de História
da cidade de Natal/RN. No dia 16 de dezembro de 2019, o jornalista publicou em seu
blog uma espécie de alerta, direcionado aos pais e responsáveis que efetuarão as
matrículas de crianças e adolescentes nas escolas do município de Natal/RN em 2020.
Seu alerta vem com o seguinte título: “Perigo que representa os professores de história”.
A Associação Nacional de Professores de História (ANPUH) seção Rio Grande do
Norte, e os professores dos Departamentos de História dos campi de Assu e Mossoró,
da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN), dos Departamentos de
História de Natal e Caicó da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) e
do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte (IFRN)
manifestam amplo repúdio à declaração de Gustavo Negreiros. O ataque à comunidade
de docentes de História desconsidera a formação profissional séria que instituições
superiores públicas como a Universidade do Estado do Rio Grande do Norte e a
Universidade Federal do Rio Grande do Norte realizam diariamente junto aos seus
estudantes. É imprescindível lembrar que a formação e a atuação dos professores e das
professoras de História são pautadas em valores democráticos e éticos comprometidos
com a constituição cidadã da sociedade brasileira. Lembramos ao jornalista que a nossa
formação e atuação em História obedece aos princípios previstos em leis, seja em nossa
Constituição Federal (1988), seja nos parâmetros e orientações curriculares que
embasam o ensino de História. A advertência que Gustavo Negreiros faz sobre o “modo
de pensar” e a “metodologia” aplicada pelos docentes de História, antes de tudo, fere
gravemente o artigo nº 206 da Constituição Federal do Brasil em seus incisos II e III, os
quais versam sobre a liberdade de ensino e de aprendizagem, garantindo “liberdade de
aprender, ensinar, pesquisar e divulgar o pensamento, a arte e o saber, bem como o
pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas” (CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE
1988). A acusação feita aos docentes de embuste ideológico e político, ao recomendar
que se teste o profissional de História sobre os eventos políticos ocorridos no Brasil do
ano de 2016, golpeia também duramente a Lei de Diretrizes e Bases da Educação
(1996), os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs, 1997) e as Orientações
Curriculares (2008), que estabelecem, entre outras coisas, o comprometimento em
“preparar o educando para o trabalho e a cidadania, incluindo a formação ética e o
desenvolvimento da autonomia intelectual e do pensamento crítico” e em “buscar
oferecer aos alunos possibilidades de desenvolver competências que os
instrumentalizem a refletir a si mesmos, a se inserir e a participar ativa e criticamente no
mundo social, cultural e do trabalho”. Desse modo, reiteramos que a comunidade de
professores e professoras de História do Rio Grande do Norte está inteiramente
comprometida com uma educação que possibilite uma produção de conhecimento
reflexiva, crítica, plural e democrática.

Assinam:
Airan dos Santos Borges Oliveira (DHI – UFRN/Campus CERES)
Aledson Manoel Silva Dantas (IFRN campus Macau)
Amauri Morais de Albuquerque Júnior (IFRN/Campus Ipanguaçu)
André Mendes Salles (DHI-UFRN/Campus CERES)
Arthur Luís de Oliveira Torquato (IFRN campus Macau)
Aryana Costa (DHI/UERN; ANPUH/RN)
Augusto Sérgio de Oliveira (UERN/Campus Assu)
Bruno Balbino Aires da Costa (IFRN campus Canguaretama)
Carlos Eduardo Martins Torcato (UERN DHI-Campus Central)
Carmen Margarida Oliveira Alveal (DHI UFRN/Campus Central)
Diego José Fernandes Freire (SEEC/RN)
Evandro Santos (DHI UFRN – Campus CERES)
Fábio André da Silva Morais (UERN/Campus Assu)
Fernando Domingos de Aguiar Júnior (IFRN campus São Gonçalo do Amarante)
Flávia Emanuelly Lima Ribeiro Marinho (IFRN campus Apodi)
Francisco das Chagas Fernandes Santiago Jr. (DHI UFRN – Campus Central)
Francisco Fabiano de Freitas Mendes (UERN/Campus Central)
Francisco Leandro Duarte Pinheiro (IFRN Campus Nova Cruz)
Francisco Ramon de Matos Maciel (UERN/Campus Assu)
Haroldo Loguercio Carvalho (DHI UFRN/Campus Central)
Hélder Alexandre Medeiros de Macedo (DHI-UFRN/Campus CERES)
João Fernando Barreto de Brito (IFRN campus Pau dos Ferros)
João Quintino de Medeiros Filho (DHI-UFRN/Campus CERES)
Joel Carlos de Souza Andrade (DHI-UFRN/Campus CERES)
Jovelina Silva Santos (UERN Campus de Assu).
Júlio César Vieira de Alencar (IFRN - campus São Paulo do Potengi)
Kleber Luiz Gavião Machado de Souza (IFRN campus São Paulo do Potengi)
Larissa Jacheta Riberti (DHI – UFRN/Campus CERES)
Leonardo Cândido Rolim (UERN - Campus Central; ANPUH/RN)
Lindercy Francisco Tomé de Souza Lins (UERN/Campus Central)
Lívia Brenda da Silva Barbosa (IFRN campus Pau dos Ferros ; ANPUH-RN)
Lucas Soares Chnaiderman (IFRN campus Pau dos Ferros)
Luiza Leila Velez de Miranda (UERN/Campus Assu)
Maiara Juliana Gonçalves da Silva (UFRN/ Campus EAJ; ANPUH/RN)
Marcelo Vieira Magalhaes (UERN/Campus Assu)
Margarida Maria Dias de Oliveira (DHIS UFRN)
Modesto Batista Neto (UERN/Campus Assu)
Renato Amado Peixoto (DHI UFRN/Campus Central)
Robson William Potier (SEEC/RN)
Rosenilson da Silva Santos (UERN/Campus Assu)
Soraya Geronazzo Araújo (UERN-Campus Assu)
Thiago Alves Dias (PNPD-PPGH UFRN; ANPUH/RN)

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