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Johann Sebastian Bach

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Johann Sebastian Bach

Retrato de 1748 pintado por Elias Gottlob Haussmann

Informação geral

Nome completoJohann Sebastian Bach

Nascimento 21 de março de 1685

Origem Eisenach

País Sacro Império Romano-Germânico (atual Alemanha)

Morte 28 de julho de 1750 (65 anos), em Leipzig

Gênero(s) Barroco

Ocupação(ões) Compositor, multi-instrumentista, professor, cantor e maestro.

Johann Sebastian Bach signature.svg

Johann Sebastian Bach (Eisenach, 21 de março de 1685[nota 1] — Leipzig, 28 de julho de 1750)


foi um compositor, cravista, Kapellmeister, regente, organista, professor, violinista e violista
oriundo do Sacro Império Romano-Germânico, atual Alemanha.

Nascido numa família de longa tradição musical, cedo mostrou possuir talento e logo tornou-se
um músico completo. Estudante incansável, adquiriu um vasto conhecimento da música
europeia de sua época e das gerações anteriores. Desempenhou vários cargos em cortes e
igrejas alemãs, mas suas funções mais destacadas foram a de Kantor da Igreja de São Tomás e
Diretor Musical da cidade de Leipzig, onde desenvolveu a parte final e mais importante de sua
carreira. Absorvendo inicialmente o grande repertório de música contrapontística germânica
como base principal de seu estilo, recebeu mais tarde a influência italiana e francesa, através das
quais sua obra se enriqueceu e transformou, realizando uma síntese original de uma
multiplicidade de tendências. Praticou quase todos os gêneros musicais conhecidos em seu
tempo, com a notável exceção da ópera, embora suas cantatas maduras revelem bastante
influência desta que foi uma das formas mais populares do período Barroco.[1]

Sua habilidade ao órgão e ao cravo foi amplamente reconhecida enquanto viveu e se tornou
lendária, sendo considerado o maior virtuoso de sua geração e um especialista na construção de
órgãos. Também tinha grandes qualidades como maestro, cantor, professor e violinista, mas
como compositor seu mérito só recebeu aprovação limitada e nunca foi exatamente popular,
ainda que vários críticos que o conheceram o louvassem como grande. A maior parte de sua
música caiu no esquecimento após sua morte, mas sua recuperação iniciou no século XIX,através
do compositor Felix Mendelssohn (1809-1847) e desde então seu prestígio não cessou de
crescer. Na apreciação contemporânea Bach é tido como o maior nome da música barroca, e
muitos o vêem como o maior compositor de todos os tempos, ganhando também o título de
"Pai da Música", elogiado e estudado por grandes compositores como Mozart e Beethoven,
deixando muitas obras que constituem a consumação de seu gênero. Entre suas peças mais
conhecidas e importantes estão os Concertos de Brandenburgo, o Cravo Bem-Temperado, as
Sonatas e Partitas para violino solo, a Missa em Si Menor, a Tocata e Fuga em Ré Menor, a Paixão
segundo São Mateus, a Oferenda Musical, a Arte da Fuga e várias de suas cantatas.[1]

Índice

1 Vida

1.1 Primeiros anos em Eisenach

1.2 Ohrdruf

1.3 Lüneburg

1.4 Weimar

1.5 Arnstadt

1.6 Mühlhausen

1.7 Novamente em Weimar

1.8 Köthen

1.9 Leipzig

1.9.1 Anos finais

2 Personalidade e iconografia
3 Obra

3.1 Visão geral

3.2 Música instrumental solo

3.2.1 Cravo e similares

3.2.2 Órgão

3.2.3 Cordas e flauta

3.3 Música de câmara

3.4 Música orquestral

3.5 Música vocal

3.5.1 Cantatas

3.5.2 Missas e motetos

4 A posteridade de Bach

4.1 Mitos, primeiros estudos críticos e resgate da obra

4.2 Estudos recentes

4.3 Bach na cultura popular

5 Notas

6 Referências

7 Bibliografia

8 Ligações externas

Vida

Primeiros anos em Eisenach

Casa de Bach em Eisenach

Johann Sebastian Bach (IPA: [joˈhan] ou IPA: [ˈjoːhan zeˈbastjan ˈbax]) nasceu em Eisenach,
pequena localidade da Turíngia, em 21 de março de 1685. Era o filho caçula de Johann
Ambrosius Bach e Maria Elisabetha Lämmerhirt. Foi batizado na Igreja de São Jorge dois dias
depois, tendo como padrinhos o músico Sebastian Nagel e o guarda-caça Johann Georg Koch. Os
Bach eram uma família luterana integrada por músicos e compositores há várias gerações, entre
eles Veit Bach (o fundador da dinastia Bach), Heinrich, Johann Michael, o próprio pai de
Sebastian e muitos outros. A sua mãe era de uma família de peleteiros e agricultores, também
com alguns músicos, todos profundamente religiosos, seguidores de uma doutrina anabatista de
inclinação mística.[2]

Pouco se conhece sobre sua primeira infância, salvo que desde cedo seu talento musical foi
reconhecido, sendo instruído em instrumentos de cordas por seu pai e em órgão e teclado
possivelmente por seu primo Johann Christoph.[3] Com oito anos de idade ingressou na
Lateinschule (escola latina) de Eisenach, a mesma escola onde Lutero havia estudado dois
séculos antes. Ali o núcleo do aprendizado era a doutrina luterana, acompanhada de gramática,
história e aritmética. Os níveis superiores incluíam latim, grego, hebreu, lógica, filosofia e
retórica.[4] Graças à educação musical que recebeu em casa, pôde logo ser aproveitado pelo
coro da escola e também da congregação de São Jorge, destacando-se pela sua bela voz de
soprano infantil.[3]

Ohrdruf

Catálogo de alunos matriculados na escola de Ohrdruf, 1700. Bach é o quarto da segunda lista.
Stadtarchiv Ohrdruf

Contudo, as condições de vida na Turíngia naquela época eram precárias, seguidamente


assolada por guerras e epidemias. Estando com apenas nove anos perdeu a mãe e, meses
depois, o pai, depois de ter já perdido dois irmãos.[4] Órfão, foi entregue aos cuidados de seu
irmão mais velho, também chamado Johann Christoph, que era organista em Ohrdruf. Sua
adaptação à nova vida não parece, segundo Geiringer, ter sido fácil. Sebastian mal conhecia seu
irmão, que saíra de casa pouco anos antes de ele nascer e a esta altura estava casado e esperava
um filho, contando com um salário magro. Por outro lado, Christoph parece ter sido hospitaleiro
e atencioso. Em seguida Bach conseguiu um emprego de cantor no coro local, contribuindo para
cobrir as despesas domésticas, e ingressou na escola local para continuar seus estudos gerais,
onde revelou-se um ótimo aluno, ultrapassando colegas mais velhos. Ao mesmo tempo, se
aperfeiçoava na música com o irmão, que fora aluno de Pachelbel, e iniciava na composição,
dedicando uma de suas primeiras peças para teclado ao seu irmão e mentor.[5]

Quando Elias Herda foi admitido como novo Kantor da escola de Ohrdruf, divulgou entre seus
alunos a animação musical que existia então em Lüneburg. Bach entusiasmou-se com o cenário
narrado e solicitou dispensa para lá estudar. Com as boas referências de que já dispunha,
recebeu uma bolsa de estudos e no início de 1700, sem ter completado quinze anos e
acompanhado de seu colega Georg Erdmann, deixou Ohrdruf e se dirigiu a Lüneburg,
afortunadamente pouco antes de uma nova epidemia atingir a cidade. Em abril já fazia parte do
quadro de cantores do coro da Igreja de São Miguel em Lüneburg. Sua renda na posição era
escassa, mas podia complementá-la, como era o hábito, cantando nas ruas, em funerais e
casamentos, além de ter moradia e um auxílio extra garantidos pela sua pensão.[6]

Lüneburg

A vida musical em Lüneburg era muito mais dinâmica do que em Ohrdruf. A Igreja de São Miguel
era um importante centro musical, oferecendo um variado repertório através de um corpo de
músicos qualificados, além de ter uma enorme biblioteca de partituras, que vinha sendo
compilada desde sua fundação em 1555 por Michael Praetorius. Pouco depois de sua chegada
sua voz juvenil mudou. Ao contrário de outros lugares, onde isso significava a exclusão do coro, a
prática local era de aproveitar os membros então como baixos ou tenores. Bach tinha a
vantagem de ser proficiente em violino e viola, provavelmente participando também da
orquestra. O programa musical para os estudantes era extenso e pesado, e somava-se às
obrigações do currículo extramusical da Michaelisschule (Escola de S. Miguel). Residia e se
alimentava no convento da igreja, onde se instalara a Ritterakademie (Academia dos Cavaleiros),
destinada aos filhos da nobreza e um centro da cultura francesa, e o contato com esse universo
lhe foi muito instrutivo, conhecendo a língua, o teatro e a música da França. Bach então
conheceu o professor de dança da Ritterakademie, Thomas de la Selle, que fora aluno de Lully, e
com ele fez visitas a Celle, cuja corte se esmerava por imitar a corte de Versalhes e tudo o que se
referisse à França. Outros contatos importantes que fez em Lüneburg foram com o construtor de
órgãos Johann Balthasar Held e com Georg Böhm, organista da Igreja de São João.[7]

É possível que Böhm tenha-lhe dado cartas de apresentação ao famoso organista Johann Adam
Reincken, que atuava em Hamburgo. Bach fez a viagem de 50 km a pé para ouvir o grande
músico, e com toda a probabilidade seu primo Johann Ernst Bach, que vivia na cidade, lhe
apresentou outros músicos destacados. Não se sabe se Bach estudou com Böhm ou com
Reincken, mas de fato tornou-se um amigo íntimo do último até que este faleceu cerca de vinte
anos depois, e o visitou sempre que esteve em Hamburgo. Do período em Lüneburg sobrevivem
poucas obras, entre elas algumas variações corais no estilo de Böhm.[8]

Weimar

Registro de pagamentos a Bach em seu tempo em Weimar, 1703. Staatsarchiv Weimar


No início de 1702 Bach terminou seus estudos regulares na Michaelisschule e se qualificara para
ingressar na universidade, mas a perspectiva de uma vida acadêmica não parece ter-lhe atraído.
Em 1703 solicitou um posto como organista da Jacobikirche (Igreja de S. Tiago) em
Sangerhausen, perto de Halle. Foi eleito por unanimidade pelo conselho municipal, atestando
que Bach já era reconhecido como um talento excepcional. Infelizmente, o duque de Saxe-
Weissenfels anulou a nomeação em favor de Johann Kobelius, um músico mais maduro, sendo
prometido a Bach, contudo, o favorecimento em alguma outra ocasião. Alguns meses depois
Bach estava em Weimar. Coexistiam ali duas cortes ducais, uma do duque reinante, e outra de
seu irmão. Em março de 1703 Bach recebeu a nomeação de violinista e lacaio da corte do
segundo duque, Johann Ernst, para quem o avô de Bach havia trabalhado. Bach certamente não
encontrou em Weimar o ambiente musical que desejava, e possivelmente aceitou o cargo como
um emprego temporário. Seus parentes começaram a ajudá-lo a encontrar uma posição, o que
acabou se concretizando quando a Neue Kirche (Igreja Nova) de Arnstadt o convidou para testar
seu órgão recém-construído.[9]

Arnstadt

A récita de Bach ao novo órgão maravilhou os cidadãos de Arnstadt, que dispensaram a


apresentação de outros organistas, como era a praxe, e lhe ofereceram o posto de organista
titular com uma renda anual de 50 florins, mais 34 florins para alojamento e alimentação, uma
soma considerável para um músico da época, sendo investido em suas funções em 14 de agosto
de 1703. Suas obrigações não eram muitas: tocar por duas horas aos domingos, segundas e
quintas-feiras. Como a igreja não contratara um Kantor, Bach também treinava o coro. A posição
parecia ideal para um jovem músico que precisava de tempo livre para se aprofundar na
composição. A cidade era além disso agradável, belamente ajardinada, e vários de seus parentes
viviam ali. Entre eles Maria Barbara Bach, sua prima em segundo grau, com quem anos mais
tarde veio a se casar.[10]

Em outubro de 1705 obteve uma licença de um mês para poder ir a Lübeck e ouvir o famoso
Buxtehude, o mais destacado organista do norte da Alemanha, e os concertos vespertinos que
ele regia na época entre a festa da Trindade e a do Advento, e fez a pé o trajeto de mais de 350
km. Sua visita deve ter sido proveitosa, pois ele não retornou antes de janeiro de 1706, e de
imediato sua maneira de acompanhar os hinos revelou a influência do outro mestre, com
passagens virtuosísticas e grande elaboração contrapontística, o que não deixou de despertar
protestos entre a congregação que, perplexa, estava acostumada com acompanhamentos
simples. Este não foi o único dos problemas que Bach enfrentou. Foi censurado pelo consistório
pela sua longa ausência e por causa daquelas "escandalosas" liberdades e improvisos ao órgão
que confundiam os fiéis. Tendo de acatar as ordens, pouco depois foi censurado por fazer os
acompanhamentos demasiado curtos. Além disso, o coro de meninos que ele tinha de reger era
tudo menos competente e dócil, registrando-se vários episódios de confrontos e altercações
violentas, incluindo uma luta com espada, a despeito de repetidas reclamações e solicitações de
Bach de medidas para melhorar a situação. Logo se tornou claro para ele que não mais poderia
permanecer em Arnstadt por muito tempo. Aparentemente o derradeiro pomo de discórdia foi a
reprimenda que recebeu por ter acompanhado ao órgão uma donzela cantora -
presumivelmente Maria Barbara - em uma ocasião em que a igreja estava vazia.[1][11]

Sua obra deste período demonstra que ele tinha aprendido tudo o que seus antecessores
alemães poderiam ensiná-lo e chegou a uma primeira síntese dos estilos do norte e do sul da
Alemanha. Entre os poucos trabalhos que podem lhe ser atribuídos nesta fase estão o Capricho
sobre a partida do seu amado irmão BWV 992, o prelúdio coral Wie schön leuchtet der
Morgenstern BWV 739, e uma primeira versão, fragmentária, do Prelúdio e Fuga em sol menor
BWV 535a.[1]

Mühlhausen

Página autógrafa da Tocata e Fuga em ré menor BWV 565

Em junho de 1707 Bach obteve um posto na Blasiuskirche em Mühlhausen. Ele se mudou para lá
logo depois e casou com Maria Barbara em 17 de outubro. As coisas parecem por um tempo ter
sido mais simples. Começou a produzir várias cantatas sacras, todas compostas em um molde
conservador, sem exibirem qualquer influência do operismo italiano que mais tarde apareceu
em sua obra. Algumas de suas mais famosas peças para órgão datam deste período, como a
Tocata e Fuga em ré menor BWV 565, escrita no estilo rapsódico do norte, o Prelúdio e Fuga em
ré maior BWV 532 e a Passacaglia em dó menor BWV 582, um exemplo precoce do instinto de
Bach para a organização em grande escala. A cantata Gott ist mein König BWV 71, de 4 de
fevereiro de 1708, foi impressa a expensas da câmara municipal e foi a primeira das composições
de Bach a ser publicada.[1]

Enquanto em Mühlhausen Bach copiou muita música para ampliar a biblioteca do coro, tentou
incentivar a música das aldeias vizinhas, e convenceu seu empregador a reformar o órgão. Sua
permanência ali também foi breve: em 25 de junho de 1708 demitiu-se. Segundo ele próprio,
seu plano de prover a igreja de boa música foi prejudicado pelas pobres condições em
Mühlhausen, e por causa de seu baixo salário.[1] Outra influência em sua decisão pode ter sido a
controvérsia teológica que se formou entre os pietistas e os luteranos ortodoxos, que acabou
afetando a música de Bach.[12] Pouco depois mudou-se de volta para Weimar, mas continuou
em bons termos com Mühlhausen, para a qual supervisionou a reconstrução do órgão e compôs
uma cantata em 4 de fevereiro de 1709, que foi impressa, mas perdeu-se.[1]

Novamente em Weimar

Em Weimar Bach recebeu desde logo um excelente salário de 229 florins, e desempenhou as
funções de organista e violinista da corte do novo duque reinante, Wilhelm Ernst, cujos
interesses musicais eram semelhantes aos seus. Incentivado pelo patrão, que era um luterano
ferrenhamente ortodoxo e valorizava muito a música sacra, durante os primeiros anos Bach
concentrou-se na obra para órgão, mais uma vez induzindo seu empregador a reformar o
instrumento. Ocasionalmente visitava outras cidades e exibia seu talento como intérprete e
improvisador virtuoso, e nesta época começaram a ser registradas várias narrativas altamente
elogiosas sobre suas capacidades incomuns, bem como passou a ser reconhecido como um
perito na construção de órgãos, seguidamente consultado por várias cidades e igrejas e
convidado a testar instrumentos.[13]

Em fevereiro de 1713 participou em Weissenfels de uma celebração que incluiu uma


performance da sua primeira cantata secular, Was mir behagt BWV 208, também chamada
Cantata da Caça.[1] No final do ano abriu-se-lhe a oportunidade de suceder Friedrich Wilhelm
Zachow como organista da Liebfrauenkirche, em Halle, e supervisionar a construção de um
gigantesco novo instrumento, mas o duque aumentou seu salário e ele desistiu da ideia. Em 2 de
março de 1714 assumiu o cargo adicional de Konzertmeister (Mestre de Concertos), devendo
compor e apresentar uma nova cantata por mês, a um salário de 268 florins. Isso lhe permitiu
trabalhar com os instrumentistas, o coro e os solistas vocais do duque, todos profissionais de
gabarito, aptos a executar obras difíceis, e lançar os fundamentos de sua habilidade como
regente.[14]

O duque Wilhelm Ernst; abaixo, imagem de Weimar, c. 1713

Organista aplaudido, apoiado pelo patrão e bem pago, sua vida estava em uma fase auspiciosa,
animada pela chegada dos primeiros filhos: Catharina Dorothea (1708–1774), Wilhelm
Friedemann (1710–84) e Carl Philipp Emanuel (1714–88). Os dois últimos viriam a se tornar
compositores importantes, especialmente Carl Philipp. Também dava aulas para os sobrinhos do
duque e desenvolveu uma estreita amizade com outro excelente músico ativo na cidade, seu
parente distante Johann Gottfried Walther, organista, compositor e lexicógrafo musical. Outras
relações amistosas que entabulou foram com o vice-diretor do Gymnasium de Weimar, Johann
Matthias Gesner, e com o celebrado compositor Telemann, que residia em Frankfurt. Da mesma
forma, alguns alunos talentosos estimulavam sua vocação como professor, estando entre eles
um dos sobrinhos do duque, Johann Ernst, mais Johann Tobias Krebs, Johann Martin Schubart e
Johann Caspar Vogler, além de seus próprios filhos.[15]

Infelizmente, o desenvolvimento de Bach não pode ser rastreado em pormenor durante os anos
1708-14, período em que seu estilo sofreu uma mudança profunda. Existem poucas obras
datáveis com segurança. Da série de cantatas escrita em 1714-16, no entanto, transparece que
ele sofreu decisiva influência da ópera italiana e das inovações introduzidas na música
concertante por compositores italianos como Vivaldi, abrindo sua obra a estruturas muito
maiores e afetando sua escrita vocal. Entre as obras compostas em Weimar está a maioria das
peças do Orgelbüchlein (Pequeno Livro de Órgão), quase todos os chamados 18 "Grandes"
prelúdios corais, os trios mais antigos para órgão e a maioria dos prelúdios e fugas para órgão.[1]

Köthen

Projeção aérea do palácio de Köthen, gravura de 1650

Em 1 de dezembro de 1716, Johann Samuel Drese, diretor musical de Weimar, morreu, e foi
sucedido por seu filho, que era incompetente para o cargo, quando de acordo com o costume o
nomeado deveria ser Bach. Presumivelmente ressentido, Bach aceitou então uma nomeação
como diretor musical do príncipe Leopoldo de Anhalt-Köthen, que foi confirmada em agosto de
1717, com um salário substancialmente mais elevado do que em Weimar. O duque Wilhelm, no
entanto, se recusou a aceitar sua renúncia, em parte, talvez, por causa da amizade de Bach com
seus dois sobrinhos, com quem o duque estava no pior dos termos. Depois de várias solicitações
de dispensa, que irritaram seu patrão, Bach acabou preso. Como Wilhelm aparentemente não
estava interessado em um atrito aberto com a corte de Köthen, acabou cedendo e libertou o
músico menos de um mês depois, mas com uma notificação de "exoneração indecorosa".
Poucos dias depois Bach mudou-se para Köthen.[1][16]

Ali, ao contrário de seu emprego anterior, esteve ocupado principalmente com a música de
câmara e orquestral, uma vez que o príncipe era calvinista e, como consequência, não havia
música instrumental nas igrejas da cidade, e as cantatas que escreveu durante este período
foram executadas na corte. Köthen também não possuía nenhum órgão.[17] Mesmo que
algumas das obras tenham sido compostas anteriormente e agora revistas, foi em Köthen que as
sonatas para violino e cravo e para viola da gamba e cravo, e as para violino e violoncelo solos
consolidaram suas feições mais ou menos definitivas. Os famosos Concertos de Brandenburgo
também pertencem a este período, e o compositor ainda encontrou tempo para compilar obras
pedagógicas para teclado: o Clavierbüchlein (Pequeno Livro de Teclado) de Wilhelm Friedrich,
algumas das Suites Francesas, as Invenções (1720), e o primeiro livro (1722) de O Cravo Bem
Temperado, contendo 24 prelúdios e fugas em todas as tonalidades. Esta notável coleção
sistematicamente explora as potencialidades da recém-criada afinação temperada.[1]

Maria Barbara morreu inesperadamente e foi enterrada em 7 de julho de 1720, enquanto Bach
estava fora, acompanhando o príncipe em uma temporada medicinal na estação de termas de
Carlsbad. Em novembro, talvez ainda perturbado pelo súbito desaparecimento da esposa, Bach
visitou Hamburgo e solicitou uma posição na Jacobikirche (Igreja de S. Tiago).[17] Nada resultou,
mas ele tocou na Katharinenkirke na presença de Reincken. Depois de ouvir Bach improvisar
variações sobre uma melodia coral, o velho organista disse: "Eu pensei que esta arte estava
morta, mas vejo que ainda vive em vós".[1]

Exceto pela morte da primeira esposa, os seus primeiros anos em Köthen foram muito felizes.
Bach mantinha um ótimo relacionamento com o príncipe, que era genuinamente musical, e em
1720 disse que esperava terminar seus dias ali. Em 3 de dezembro de 1721 Bach casou
novamente, com Anna Magdalena Wilcken,[1] uma cantora profissional com metade de sua
idade e também empregada na corte,[17] filha de um trompetista de Weissenfels, e com quem
teria treze filhos. Seu paraíso chegou ao fim quando o príncipe também casou, poucos dias
depois, em 11 de dezembro de 1721. A princesa, segundo o próprio Bach, não tinha qualquer
interesse em música e atraiu a maior parte da atenção do marido, fazendo com que Bach
começasse a se sentir esquecido. Ele também tinha que pensar na educação de seus filhos mais
velhos, e logo que o Kantorado de Leipzig, uma cidade universitária, se tornou vacante com a
morte de Johann Kuhnau em 5 de junho de 1722, Bach fez um pleito para ser admitido, mas
acabou sendo rejeitado e o cargo oferecido a Telemann, que declinou, e então a Graupner. Como
este não estava certo de que poderia aceitar, Bach de qualquer forma realizou sua audição de
teste apresentando a cantata n º 22, Jesu nahm zu sich die Zwölfe em 7 de fevereiro de 1723.
Graupner por fim desistiu do emprego, e Bach foi então aceito. Embora a princesa em Köthen
tenha falecido em 4 de abril, Bach já estava tão comprometido com Leipzig que pediu demissão,
obtendo-a em 13 de abril. Um mês depois foi empossado em Leipzig.[1]

Leipzig

A igreja de S. Tomás em Leipzig

A partir de 31 de maio de 1723 e até à sua morte, Bach foi o Kantor da igreja luterana de São
Tomás em Leipzig, conjuntamente à função de diretor musical da cidade (Cantor zu St. Thomae
et Director Musices Lipsiensis). A justificativa para a mudança para Leipzig gerou muita
especulação, pois pareceu a alguns estudiosos ter sido um passo na direção errada. Não só Anna
Magdalena teve de renunciar à sua carreira de cantora, perdendo o seu bom salário, como o
salário de Bach caiu a um quarto do que ganhava em Köthen, embora ele não tivesse de pagar
sua hospedagem e alimentação. Bach, contudo, poderia ganhar rendimentos extra escrevendo e
tocando música para ocasiões especiais como casamentos e funerais.[18][19] A sua posição
social também caiu, pois o status de um Kantor era considerado inferior ao de um compositor da
corte, que ele ocupara há pouco. Mas neste caso específico, o cargo de Kantor de São Tomás,
uma instituição veneranda e um baluarte do Protestantismo, em Leipzig, então a mais famosa
cidade universitária alemã, era altamente cobiçado.[19]

Leipzig não estava disposta de início a considerar Bach como uma opção adequada, pois suas
funções não envolviam a execução ao órgão, o motivo da fama de Bach na época, além de ele
não ter uma educação universitária, e buscou outros músicos para a vaga.[20] Finalmente, sem
sucesso, teve de resignar-se e deu-lhe o cargo. Sua primeira apresentação oficial foi em 30 de
maio de 1723, com a cantata Die Elenden sollen essen BWV 75.[1] Desde este dia se desenhou o
ambiente que Bach teria de enfrentar na cidade, estando no centro de uma disputa entre as
autoridades civis e eclesiásticas por ter sido saudado pelo pastor de São Tomás com um discurso
de boas-vindas, o que era considerado prerrogativa da municipalidade.[21]

Novos trabalhos produzidos durante este ano incluem muitas cantatas e a primeira versão do
Magnificat. A primeira metade de 1724 viu a produção da Paixão segundo São João,
posteriormente revista. O número total de cantatas produzido durante este ano eclesiástico foi
de cerca de 62, das quais cerca de 39 foram obras inteiramente novas. Durante seus primeiros
anos em Leipzig Bach se concentrou na música sacra e produziu um grande número de cantatas
de igreja, na época uma parte integral do culto luterano, às vezes, como a pesquisa revelou, à
razão de uma nova obra por semana. Após 1726, porém, ele voltou sua atenção para outros
projetos, mas ainda escreveu a Paixão segundo São Mateus (1729), uma obra que inaugurou um
interesse por obras vocais em uma escala maior do que a cantata, a Paixão segundo São Marcos
(1731, perdida), o Oratório de Natal (1734), e o Oratório da Ascensão.[1]

A responsabilidade de Bach em Leipzig foi principalmente a educação em canto dos alunos da


Thomasschule (Escola de S. Tomás), e alguns dos mais capazes recebiam educação também em
instrumentos. Mas porque esses meninos deviam cantar nas várias igrejas de Leipzig, Bach
também se tornou responsável pela música de quatro igrejas: São Nicolau, São Tomás, São
Mateus e São Pedro, e devia reger pessoalmente em São Tomás e São Nicolau. Cada uma delas
exigia música de um tipo diferente. Na prática isso implicava trabalho pesado todos os dias da
semana. Estas récitas, em um cronograma de atividades tão extenso, eram geralmente mal
ensaiadas e mal apresentadas, para o seu desespero. Os músicos com quem podia contar em
Leipzig também foram uma decepção. A grande maioria tinha escasso preparo e pouco talento, e
assim que os meninos se tornavam mais aptos seus cursos encerravam e deixavam o coro, sendo
preciso treinar novamente os recém-chegados. Sua estadia na cidade, se bem que tenha
testemunhado o amadurecimento do compositor e o aparecimento de uma enxurrada de obras
notáveis, foi eivada de privações e lutas contra a carência de recursos humanos e materiais para
a boa prática da música, contra a estrutura disfuncional da escola, contra colegas professores e
os administradores incompreensivos, que o cobriam de constantes reclamações, insultos e
calúnias. Com seu temperamento explosivo, Bach devolvia as agressões, tornando tempestuoso
o ambiente de trabalho.[18][22][23]

Edifício da Thomasschule em Leipzig, onde morou Bach

Ao contrário das facilidades administrativas que encontrara em Köthen, onde devia responder
apenas ao príncipe, em Leipzig Bach tinha duas dúzias de superiores, incluindo o reitor (a
autoridade docente), o conselho municipal (a autoridade civil) e o consistório (a autoridade
eclesiástica), que raro estavam em harmonia, o que se complicava com a pouca inclinação de
Bach aos modos diplomáticos.[19] Outra fonte de atribulações era o fato de Bach ter de morar
no edifício superlotado da escola, junto com alunos e outros professores. Seu apartamento,
ainda que tivesse uma entrada independente, ficava ao lado das salas de aula, o que lhe roubava
privacidade, além de o barulho dos alunos se estender pela noite adentro. Também por força de
seu contrato devia desempenhar funções extramusicais, tais como dar aulas de latim ou pagar
um professor para substitui-lo, e de quatro em quatro semanas, durante uma semana inteira,
atuava como inspetor disciplinar das 4h ou 5h da manhã até às 8h da noite, numa escola
desorganizada cheia de alunos irresponsáveis e turbulentos.[24]

Tudo isso foi em parte atenuado quando em 1730 assumiu o novo reitor, Johann Matthias
Gesner, que admirava Bach e lhe propiciou melhores condições para a prática musical.[25] Mas
Gesner permaneceu na posição apenas até 1734, sendo sucedido por Johann August Ernesti, um
jovem com ideias avançadas em educação, mas inimigo declarado da música. Em julho 1736 os
atritos reiniciaram na forma de uma disputa sobre o direito de Bach de nomear monitores entre
os alunos mais velhos, chegando às dimensões de um escândalo público. Felizmente para Bach,
ele foi indicado em novembro de 1736 compositor da corte de Friedrich August II, Eleitor da
Saxônia convertido ao Catolicismo e recentemente elevado à posição de Rei da Polônia,
circunstância que originou o nascimento de uma de suas mais importantes obras, a monumental
Missa em si menor. Como o prestígio do novo cargo, foi capaz de induzir amigos na corte para
que procedessem a um inquérito oficial, e sua disputa com Ernesti foi resolvida a seu favor em
1738.[1]
Entrementes, assumiu em 1729 a direção musical do Collegium Musicum fundado por Telemann,
uma sociedade musical que oferecia concertos semanais, era uma das entidades mais ativas de
Leipzig em seu gênero e um ponto de encontro e debates artísticos para muitos viajantes
ilustres. Permaneceu à testa do Collegium até 1737, e depois reassumiu a função em 1739 até
1741. A sociedade lhe ofereceu completa liberdade de ação e condições de explorar o campo da
música instrumental e vocal secular. Para as apresentações do Collegium Bach produziu muitas
obras-primas, como a Cantata do Café, a cantata festiva Schleicht, spielende Wellen, und
murmelt gelinde, as suítes orquestrais, os concertos para violino, além de ressuscitar várias
peças compostas para Köthen e executar inúmeras obras de outros mestres.[22]

Nesta época sua família, integrada por vários filhos músicos, já podia sozinha montar concertos
domésticos, e Bach orgulhava-se disso. Contudo, seu filho Johann Gottfried Bernhard
desencaminhou-se, dando sérios motivos de preocupação para o pai, e morreu precocemente
em 1739.[23] Outro problema foi uma crítica ao seu estilo publicada por Johann Adolf Scheibe
em 1737, que parece ter sido sentida pelo compositor como um sério golpe. Isso desencadeou
uma polêmica pública que se estendeu por dois anos. Mais uma vez Bach recebeu ajuda nestes
tempos difíceis, passando a hospedar a partir de 1737 seu parente Johann Elias Bach, que
ensinou a seus filhos menores música e religião e foi-lhe um devotado secretário particular.[22]

Anos finais

Ver artigo principal: Família Bach

Depois de uma década de trabalho duro e intermináveis disputas, Bach parecia cansado e
progressivamente se retirou da vida pública, negligenciando algumas de suas obrigações. Em
1740 a escola se viu na contingência de ter de contratar um outro professor de teoria musical.
Bach passou a se dedicar então mais à música instrumental, revisando obras antigas ou
produzindo novas, com destaque para a compilação de corais para órgão Clavier-Übung III
(Exercícios de Teclado) e o segundo volume de O Cravo Bem Temperado, bem como à
preparação de peças para publicação. Enquanto seu estilo se firmava nas fórmulas consagradas
do Barroco, a nova geração já transitava para a órbita do Rococó e desgostava da produção do
Kantor de São Tomás, que lhe aparecia como antiquada e excessivamente complexa.[22][26]

Tumba de Bach na Igreja de S. Tomás em Leipzig


Em maio de 1747 Bach visitou seu filho Emanuel, empregado na corte de Potsdam, e tocou
diante de Frederico II da Prússia, que era compositor de algum mérito e imediatamente ficou
impressionado com as habilidades de Bach, levando-o a testar todos os pianofortes do palácio.
Em julho improvisou sobre um tema proposto pelo rei, obra que tomou forma definitiva como a
Oferenda Musical. Na mesma altura viu nascer seu primeiro neto, Johann August, e se filiou à
distinguida Correspondirende Societät der Musicalischen Wissenschaften (Sociedade de Ciências
Musicais), fundada por seu antigo aluno Lorenz Christoph Mizler, apresentando como peça de
prova as variações canônicas sobre o coral Vom Himmel hoch da komm' ich her. Ainda era
assiduamente requisitado para dar pareceres sobre órgãos em outras cidades e passava muito
tempo na corte de Dresden, onde era apreciado.[1]

Por outro lado, a casa de Bach ficava cada vez mais vazia. Sofreu o infortúnio de levar vários de
seus filhos para o túmulo ainda pequenos, e os sobreviventes cresciam e deixavam o lar. Sua
visão diminuía sensivelmente; em 1749 ele já quase não enxergava, e logo ficou cego.[27] Tentou
operar-se sem sucesso por duas vezes com o médico charlatão itinerante John Taylor, que ainda
teve Händel entre seus fracassos. Da última doença de Bach pouco se sabe, exceto que durou
vários meses e o impediu de terminar A Arte da Fuga. Seus empregadores não esperaram sua
morte para procurarem um sucessor. Faleceu em 28 de julho de 1750, em Leipzig e foi enterrado
dois ou três dias depois no cemitério da Igreja de S. João. Seu filho Carl Philipp e seu antigo
aluno Johann Friedrich Agricola escreveram em conjunto um obituário, importante como fonte
de informações em primeira mão, ainda que incompleto e algo inexato. Anna Magdalena ficou
em má situação. Por algum motivo, seus enteados não fizeram nada para ajudá-la, ao contrário,
avançaram sobre sua herança, e seus próprios filhos eram muito jovens para tomarem qualquer
atitude. Quando ela faleceu, dez anos depois, recebeu um funeral de indigente.[1]

Bach gerou com sua primeira esposa sete filhos, mas somente quatro sobreviveram, e, destes,
dois fizeram carreira musical destacada: Wilhelm Friedemann (1710–1784) e Carl Philipp
Emanuel (1714–1788). De segunda esposa nasceram mais treze crianças, sendo que Gottfried
Heinrich (1724–1763), Johann Christoph Friedrich (1732–1795) e Johann Christian (1735–1782)
foram também músicos de talento. Três filhas chegaram até a idade adulta: Elisabeth Juliane
Friederica (1726–1781) que se casou com o aluno de Bach Johann Christoph Altnikol, Johanna
Carolina (1737–1781) e Regina Susanna (1742–1809).[28]

Personalidade e iconografia

Busto de Bach criado por Carl Seffner em 1895


O estudo da personalidade e do cotidiano de Bach é frustrante, pois há escassa documentação.
Conhecem-se apenas poucas cartas autógrafas, e nenhuma delas pode ser considerada
verdadeiramente autobiográfica. Isso não impediu que se publicasse um extenso e fantasioso
folclore a seu respeito nas biografias que começaram a aparecer a partir do século XIX. Ao que
parece ele nunca abandonou inteiramente traços psicológicos definidos em sua infância numa
pequena e provinciana aldeia alemã, mas também não parece ter cultivado conscientemente
uma personalidade original, embora ela fosse sem dúvida forte, como se percebe nos relatos de
seus atritos explosivos com as autoridades de Leipzig. Também é nítida sua sincera inclinação à
religiosidade e sua tendência a opiniões inabaláveis, mas provavelmente era uma pessoa
sociável e em geral bem-humorada.[29] O que mais se destaca em sua personalidade, contudo, é
a completa dedicação à música. No obituário escrito por seu filho isso fica devidamente
assinalado, louvando o seu zelo invariável, bem como sua tendência a seguir um caminho
independente.[30]

Durante muito tempo a localização exata de sua tumba permaneceu desconhecida, mas
sobrevivia uma tradição oral localizando-a próxima da porta sul da Igreja de S. João. Em torno de
1880 pesquisas nos arquivos da igreja revelaram um documento que dizia o músico ter sido
enterrado em um caixão de carvalho, o que limitou as buscas a apenas seis tumbas. Enfim, um
corpo foi exumado em 1894, e a investigação anatômica conduzida pelo professor Wilhelm His
confirmou a identidade de Bach. Após a exumação, seus restos mortais foram reenterrados na
Igreja de S. João, então reconstruída e ampliada. Quando a igreja foi destruída na II Guerra
Mundial, foram transferidos para uma tumba na Igreja de S. Tomás, onde ainda estão.
Entretanto, entre os pesquisadores recentes não há uma certeza absoluta de que a identificação
dos restos mortais exumados tenha sido correta.[31][32]

Suposto retrato de Bach, pastel atribuído a Gottlieb Friedrich ou Johann Philipp Bach

A partir da pesquisa de His, Carl Seffner criou em 1895 um busto,[33] que mostra grande
semelhança com o único retrato indubitavelmente autêntico que chegou aos nossos dias, aquele
pintado por Elias Gottlob Haussmann, que existe em duas versões, uma que data de 1746
(Museum für Geschichte der Stadt Leipzig; propriedade da Thomasschule) e outro de 1748
(William H. Scheide Library, Princeton). O primeiro, assinado E.G. Haussmann pinxit 1746, foi
apresentado à Thomasschule em 1809 pelo então Kantor, August Eberhard Müller. Não se sabe
onde Müller conseguiu a pintura, mas é muito provável que ela tivesse permanecido na posse de
um dos descendentes diretos de Bach. Supõe-se amiúde que este retrato seja aquele que os
membros da sociedade de Mizler eram obrigados a doar para a sociedade em sua admissão, mas
isso é apenas suposição. Com o passar do tempo a pintura foi severamente danificada e
repintada várias vezes. Restaurada em 1912-1913, voltou mais ou menos à sua condição original,
mas permanece inferior à excelente réplica de 1748, que ilustra a abertura deste artigo. Esta, por
sua vez, tem uma origem segura, pois pertencera a seu filho Carl Philipp e dele passou para a
família Jenke, antes de ser exibido em público por Hans Raupach em 1950. O retrato Haussmann
foi repetidamente copiado em várias técnicas ao longo dos anos.[22]

A autenticidade de um retrato anônimo a pastel, provavelmente pintado depois de 1750, de


autoria atribuída a Gottlieb Friedrich ou Johann Philipp Bach, e conservado pelo ramo Meiningen
da família, não é totalmente garantida, assim como a de um retrato de um grupo de músicos,
executado em c. 1733 por Johann Balthasar Denner (Internationale Bachakademie, Stuttgart),
que mostra o que se supõe sejam Johann Sebastian e três de seus filhos. Uma cópia em
melhores condições deste quadro de grupo está em uma coleção particular no Reino Unido.[22]

Retrato recentemente descoberto por Towe e proposto como autêntico

Sobre todos os outros retratos que sobrevivem pairam dúvidas ainda mais sérias, incluindo um
óleo de Johann Jacob Ihle (Bachhaus, Eisenach) datando de 1720 e pretendendo mostrar Bach
como mestre de capela em Köthen, identificado como uma "imagem de Bach" apenas em 1897;
o de Johann Ernst Rentsch (Städtisches Museum, Erfurt), alegadamente representando Bach aos
30 anos, que veio à luz somente em 1907 e não tem nenhuma documentação credível, e o
chamado "retrato na velhice" descoberto por Fritz Volbach em Mogúncia em 1903 (coleção
privada em Fort Worth), que é pouco semelhante aos outros retratos. De acordo com Gerberl,
retratos provavelmente autênticos mas que não sobreviveram foram os de propriedade da
Condessa de Weissenfels e de Johann Nikolaus Forkel. Um outro pastel possuído por Carl Philipp
também foi perdido.[22] Outro retrato, que alegadamente pertenceu a seu antigo aluno Johann
Christian Kittel, foi redescoberto em 2000 por Teri Noel Towe, que o apresentou ao púbico como
autêntico.[34] Em 2008 a antropóloga Caroline Wilkinson reconstruiu digitalmente o rosto do
compositor, a pedido da Casa Museu de Bach em Eisenach, usando medidas de seu crânio e
outras técnicas legistas.[35]

Obra

Visão geral

Bach foi um dos mais prolíficos compositores do ocidente. O número exato de suas obras é
desconhecido, mas o catálogo BWV assinala mais de mil composições, entre elas inúmeras peças
com vários movimentos e para extenso conjunto de executantes. A vastidão de sua Obra fica
ainda mais óbvia quando se sabe que possivelmente metade dela se perdeu ao longo do tempo.
Entretanto, é difícil imaginar que qualquer redescoberta que venha a acontecer altere
significativamente o imenso prestígio de que desfruta na atualidade. De fato, Bach era
infatigável, tanto em seu estudo e cópia da produção europeia antiga e coeva - especialmente de
italianos e franceses, construindo uma considerável biblioteca musical privada - como em seu
trabalho autoral, em suas atribuições oficiais e em suas várias peregrinações a pé para ouvir
músicos importantes. Com modéstia, certa feita declarou que qualquer um que se esforçasse
como ele se esforçou atingiria os mesmos resultados.[36]

Os ingredientes do gênio são de análise problemática, mas as fontes do seu estilo são bem
conhecidas. A primeira delas é, naturalmente, a tradição de música polifônica alemã do século
XVII, que para muitos de seus contemporâneos - adeptos do novo "estilo galante", como
também é apelidado o Rococó - era já ultrapassada e por demais complexa e impopular. Entre os
autores alemães que lhe foram forte referência se contam Buxtehude, Reincken, Bruhns, Lübeck,
Böhm, Pachelbel, Krieger, Kuhnau, Zachow, Froberger e Kerll. Embora o contraponto seja um
elemento fundamental em seu estilo, Bach conseguiu, segundo Hindley, uma notável e
inigualada síntese entre a polifonia e a homofonia.[22][37] Outras fontes vitais para Bach foram
a produção francesa e a italiana, em particular através das obras de Marais, Raison, Couperin,
Grigny, Albinoni, Frescobaldi, Battiferri e Bonporti.[1][22] Além de um grande dom para a
melodia, suas harmonias são ricas, audaciosas e sutis, e ele tinha um poderoso senso de
arquitetura e forma, possibilitando-lhe construir estruturas de largo fôlego, com impressionante
capacidade de controlar a evolução do discurso musical para conduzi-lo a um clímax impactante
e expressivo, muitas vezes conseguido por uma sucessão cumulativa de pequenos elementos
repetidos e variados.[37] Seu interesse em novos resultados sonoros ficou patenteado em
inúmeras ocasiões, quando transcreveu e arranjou obras suas ou de outros compositores de um
meio para outro muito diferente.[38]

Monograma pessoal de Bach, entrelaçando as iniciais de seu nome

O teclado foi a base do aprendizado de Bach, e também o meio preferencial pelo qual instruiu
seus alunos. Tornou-se um requisitado professor ainda em Weimar, e em Leipzig suas atividades
docentes se aprofundaram. H. N. Gerber, que estudara com ele, disse que seu método de ensino
introduzia gradualmente uma enorme variedade de técnicas de composição geral, ao mesmo
tempo em que educava o gosto e aperfeiçoava as capacidades de interpretação do aluno.
Costumava, segundo este relato, iniciar o ensino com suas Invenções e Suítes Francesas e
Inglesas, e concluía o curso com os prelúdios e fugas do Cravo Bem Temperado. Estas coleções
constituem o núcleo estilístico da música bachiana.[22]
Tem sido muito citado gosto de Bach pelo uso de simbologias numéricas de conotações
esotéricas e religiosas em intervalos, proporções e na construção de melodias e estruturas, e
embora isso tenha sido provado em alguns casos, a matéria é extremamente polêmica, dá
margem a uma variedade infinita de conclusões, quase todas hipotéticas e muitas vezes
contradizendo-se mutuamente, e de acordo com Geck demorar-se neste tópico, tentando-se
decifrar as minúcias de cada frase musical ou de cada intervalo em termos de combinações
matemáticas não acrescenta muito à compreensão de suas intenções musicais. Numa
abordagem mais ampla do assunto, porém, a pesquisa é válida, pois a concepção da música
como uma ciência matemática ainda fazia parte do espírito do século XVIII e seguia uma tradição
que remontava a Pitágoras. Na história da polifonia ocidental as formas rigorosas do contraponto
sempre foram vistas como uma expressão no mundo da ordem divina da Criação. Em seu tempo
essa ideia começava a se fragmentar rapidamente em prol de uma concepção mais subjetiva e
humana. A estruturação do discurso musical já dava grande importância à harmonização vertical
dos sons sobre uma base fornecida pelo baixo contínuo, enfatizando a melodia da voz superior e
abandonando a estruturação horizontal típica da antiga polifonia, onde todas as vozes tinham
igual relevo. Neste sentido, Bach é uma figura de transição entre duas eras, sintetizando ambas
as tendências, mas sua insistência nas formas polifônicas densas e complexas foi parte do motivo
pelo qual sua música madura encontrou uma receptividade relativamente fraca e foi vista por
alguns de seus contemporâneos como antiquada.[39]

Mas é fato que Bach era um luterano devoto e nenhuma análise de sua Obra será completa sem
levarmos em conta a sua profunda religiosidade. Em muitas partituras encontram-se as
inscrições Jesu juva (Ajuda, Jesus!) ou Soli Deo gloria (Para a glória de Deus somente); sua
biblioteca privada continha mais de oitenta obras teológicas, que não apenas lia mas comentava
em anotações marginais,[40] e a despeito dos muitos elementos operísticos de suas cantatas, de
origem profana, elas se erguem como monumentos à fé. Ainda mais marcantes nesse sentido
são a Paixão segundo São Mateus e a Missa em si menor. Lembre-se também que grande parte
de sua produção para órgão nasceu com a função de ser executada durante o culto religioso. Por
isso, mesmo sendo a fase mais difícil de sua vida, o período que passou em Leipzig, quando suas
obras religiosas avultam e ele atinge a maturidade artística, pode ser visto como o seu momento
de apogeu.[37]

Música instrumental solo

Cravo e similares

Capa do Cravo Bem Temperado vol. I


Um dos elementos essenciais da arte de Bach como compositor para teclado é a atenção que ele
deu, desde o início, às qualidades idiomáticas dos vários instrumentos com que trabalhou,
respeitando as diferenças entre os vários membros da família do cravo: o cravo propriamente
dito, o clavicórdio, o Lautenwerk (cravo-alaúde) e o pianoforte, às vezes deixando instruções
específicas para o uso de cada um, e manteve um interesse ativo nas experiências de Gottfried
Silbermann no desenvolvimento do pianoforte durante a década de 1730-1740. Entretanto, o
significado da palavra Klavier (teclado), engloba todos os tipos de instrumento de tecla, os
cravos, o pianoforte e também o órgão, o que permite muitas vezes interpretar uma mesma
peça em instrumentos diferentes sem prejuízo. Existe uma associação óbvia entre a notoriedade
de Bach como um virtuose e professor de teclado e o fato de que sua música para teclado está
entre a mais acessível de toda a sua produção, sendo também a mais amplamente divulgada.
[22]

Suas primeiras composições para cravo compartilham de algumas características estilísticas com
sua produção organística inicial e, como aquelas, sua datação é difícil. Entre 1700 e 1713 sem
dúvida compôs muitas tocatas, prelúdios e fugas, além de peças em outros formatos como a
variação e o capricho, onde se conjugam influências germânicas, francesas e italianas,
exemplificadas por obras como o capricho BWV 992[22] e as tocatas BWV 910-916, obras
alentadas em vários movimentos e de contraponto livre, que estão entre as mais perfeitas obras
num gênero antigo cujas raízes se perdem na história.[41] Depois de 1712 a influência italiana se
torna mais forte. Nos últimos anos em Weimar e os primeiros em Köthen produziu obras como
as Suítes Inglesas e a conhecida Fantasia Cromática e Fuga BWV903, e também o Clavier-
Büchlein de Wilhelm Friedemann, que é uma coleção essencialmente didática e lançou os
fundamentos para o ciclo do Cravo Bem Temperado e das Invenções e Sinfonias a duas e três
vozes.[22]

As Invenções e Sinfonias também possuem um propósito didático, objetivando adestrar o


estudante na interpretação correta de música a duas e três vozes. Mas de todas as coleções de
longe a mais importante e influente são os dois volumes de O Cravo Bem Temperado. Cada
volume apresenta uma série de 24 prelúdios e fugas em todas as tonalidades maiores e
menores, superando em termos de lógica, forma e qualidade musical todas as tentativas de seus
antecessores e abrindo novas perspectivas para o futuro.[22] Segundo Goodall,

"A publicação (do primeiro volume) de O Cravo bem Temperado de Bach, em 1722, é um dos
marcos da história da música europeia. Mesmo durante a vida de Bach, sua influência foi rápida
e dramática; mais tarde, tanto Mozart como Beethoven pagaram tributo ao brilhantismo e à
importância da coleção".[42]
O título da coleção faz referência às pesquisas que então se faziam sobre a afinação dos
instrumentos de afinação fixa como os teclados, a fim de possibilitar que se tocasse música em
todas as tonalidades. A afinação anteriormente usada era desigual, ou seja, cada tonalidade
produzia um efeito distinto porque os intervalos entre os semitons não eram iguais. Naquele
tempo um dó sustenido, por exemplo, não equivalia a um ré bemol. Instrumentos de cordas e
sopro podiam produzir qualquer afinação desejada, mas os de tecla não, resultando que certas
tonalidades não resultavam bem, e tampouco as modulações entre as várias tonalidades. "Bem
temperado", nesse contexto, significava uma ligeira diminuição ou ampliação artificial dos
intervalos naturais.[43][44] Qual teria sido a exata afinação usada por Bach, contudo, ainda é
motivo de muita discussão.[45] A coleção é mais notável por sua variedade do que por sua
unidade. Isso fica mais evidente nos prelúdios, cuja forma é livre. Alguns usam uma estrutura de
tocata ou improviso, outros, a de arioso ou fantasia. As fugas também são variadas, podendo
inclusive usar ritmos de dança, embora sigam regras compositivas mais rigorosas. A maioria é
em duas ou três vozes, mas suas texturas podem chegar a cinco vozes.[46]

Outras obras de grande importância para o cravo, cada uma representando a culminância em
seu gênero durante o período Barroco, são suas seis trio-sonatas para cravo com pedal BWV
525-530, que podem ser executadas também em um órgão;[38] as partitas BWV 825-30, suítes
de danças; o Concerto no estilo italiano BWV 971, que apesar do nome é uma peça para cravo
solo e é como que um resumo de sua arte de transcrição de concertos instrumentais para o
teclado; e as Variações Goldberg BWV 988, uma obra de estrutura cíclica que, em sua concepção
monotemática e enfaticamente contrapontística, criou o cenário para as últimas grandes obras
de Bach: a Oferenda Musical e A Arte da Fuga.[22]

Sinfonia nº 1 das Sinfonias e Invenções

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Interpretado por Randolph Hokanson (versão para piano)

Prelúdio e Fuga em mi maior do II volume do Cravo Bem Temperado

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Interpretado por Randolph Hokanson (versão para piano)

Primeiro movimento do Concerto no estilo italiano BWV 971

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Interpretado por Martha Goldstein


Allegro para Lautenwerk BWV 998

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Interpretado por Martha Goldstein

Órgão

Capa do Orgel-Büchlein

Réplica do grande órgão Silbermann sobre o altar da Frauenkirche, Dresden, onde Bach
apresentou pela primeira vez peças de sua coleção Clavier-Übung III

A maior parte da produção organística de Bach data da primeira parte de sua carreira, quando
ocupou vários postos como organista. Depois de 1717 essa função não foi mais exercida
oficialmente, ainda que seu interesse pelo instrumento jamais desaparecesse. Boa parte parece
ter sido música de ocasião, dada a maneira precária e dispersa que chegou a nós, sem datação,
sem indicações de registros e muitas vezes em cópias de baixa qualidade, gerando muitos
problemas para seu estudo moderno. Somente no final de sua vida se preocupou em revisar,
organizar e publicar diversos trabalhos em coleções. Convencionou-se dividir em dois grupos
principais essa parte de sua produção: um de peças baseadas em hinos luteranos, e outro de
peças de livre inspiração, mas isso não implica a separação entre o seu uso litúrgico e não-
litúrgico, havendo sobreposição neste aspecto.[47]

Das composições baseadas em hinos, cerca de noventa foram reunidas em quatro coleções: o
Orgel-Büchlein, o Clavier-Übung III, os Corais Schübler e a Coleção de Leipzig. Sessenta outras
permanecem em sua maioria avulsas ou em grupos menores. O Orgel-Büchlein (Pequeno Livro
de Órgão) foi planejado para ser um grande ciclo didático de 164 arranjos corais seguindo o uso
no calendário religioso, e instruindo o estudante como trabalhar sobre as antigas melodias
luteranas, mas ele só completou 46. Em sua maioria são peças curtas, mal chegando a vinte
compasso. A melodia pode recebe um tratamento bastante ornamental na mão direita enquanto
a esquerda e o pedal fornecem um acompanhamento. Outras peças são construídas à maneira
de cânone, que conduz a uma conclusão em polifonia livre ou homofonia. A fórmula mais típica
da coleção, porém, é uma textura a quatro vozes com a melodia original no soprano, em valores
de nota mais longos e sem hiatos entre as frases, enquanto as outras constroem um tecido
contrapontístico livre ou com motivos derivados da melodia, com valores menores. Também é
comum a "pintura de palavras" (vide Doutrina dos afetos), um recurso retórico padrão do
período Barroco, pois embora se trate de música instrumental, os textos originais dos hinos
eram conhecidos de todos na época, e o seu significado era ilustrado sonoramente. Exemplifica
este tipo a peça mais conhecida da coleção, Durch Adams Fall ist ganz verderbt, com suas
passagens de sétimas descendentes e sua tonalidade ambígua, ilustrando a queda de Adão no
pecado.[48]

O Clavier-Übung III (III Volume dos Exercícios para Teclado), a primeira coleção a ser impressa
(1739), é considerada de todas a mais importante e complexa,[49] e é também conhecida como
Missa alemã de órgão, pois consiste de uma série de prelúdios corais sobre melodias da missa e
do catecismo luteranos. Inicia com um prelúdio sobre o hino Was mein Gott will das e conclui
com um prelúdio e fuga tripla a cinco vozes, a chamada Fuga de Santa Ana. O conjunto também
usa uma grande variedade de recursos técnicos para a ilustração expressiva dos textos, mas,
segundo Boyd, comparado ao grupo anterior, é muito mais austero e arcaizante, em parte por
causa das melodias escolhidas, derivadas de antigos fragmentos de canto gregoriano, e suas 27
peças individuais são bem mais extensas.[50][51] Justamente por essa origem, muitas vezes a
melodia do hino é tratada à maneira de cantus firmus, porém quatro peças são do tipo moteto,
três na forma de paráfrase, e outras usam os modelos do cânone, da fuga ou da trio-sonata.
Duas peças introduzem uma segunda melodia principal.[52]

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