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AULA 1

Romantismo & Poesia


Romantismo remete ao universo da poesia e do romance. Um conceito asso-
ciado ao amor, à paixão e à sensibilidade. Na Literatura, um movimento que
marca o início do século XIX, caracterizado pelo lirismo, pela subjetividade e
pela emoção, manifestos em produções poéticas.

As raízes do Romantismo

O mundo, às vezes, pode parecer um lugar assustador. Um lugar onde não conseguimos ver
espaço para nossa vida. A alma, então, fica ofegante, sem ar, buscando um lugar onde o horror não
seja a regra. Esse lugar pode ser um mundo invisível, o passado, um paraíso, a pessoa desejada,
ou, um outro inferno, como o mundo, ainda que feito da substância dos pesadelos. Quando esse
terreno encontra gênios literários, o horror pode virar beleza.
A descrição acima está muito próxima do que o filósofo judeu britânico Isaiah Berlin (século
20) pensava da Alemanha dos séculos 17 e 18, devido às terríveis guerras religiosas entre católi-
cos e protestantes, a “Guerra dos 30 Anos”. O resultado foi uma Alemanha devastada e reduzida
à “Idade Média”. Enquanto França e Inglaterra nadavam de braçada em direção à modernização
burguesa industrial, os alemães se afogavam no ressentimento e na melancolia. Nascia o Roman-
tismo. Essa Alemanha foi o seu berço. O Romantismo surge como um grande ataque ao Iluminis-
mo e sua fé na eficácia e na ciência da razão.
A modernidade é bipolar. Quando acorda bem, é iluminista, científica e progressista. Mas
quando ela acorda mal, é romântica, ciente da hostilidade do mundo e em dúvida com relação à
capacidade de sua grande criação: o iluminismo racionalista e técnico-científico. Pode-se dizer que
o Romantismo é antes de tudo uma afetividade angustiada com um mundo que nega aos homens e
mulheres sua espontaneidade. Uma espontaneidade recém-adquirida graças à liberdade moderna.
Disponível em: http://www1.folha.uol.com.br/colunas/luizfelipeponde/2013/09/
1338890-as-razies-do-romantismo.shtml. Acesso em: 21.09.2013. Texto adaptado.

Literatura 2 - Aula 1 5 Instituto Universal Brasileiro


A poesia no Romantismo
Contexto histórico
Leia os versos românticos do poeta
A Literatura é a expressão da sociedade, português Almeida Garret (1799-1854).
com reflexos do meio social. No final do século
18 e princípio do 19, as grandes lutas e as con- Quando Eu Sonhava
quistas liberais ocorridas no continente europeu Quando eu sonhava, era assim
necessitavam de formas revolucionárias que re- Que nos meus sonhos a via;
velassem a sensibilidade do período histórico. E era assim que me fugia,
Como consequência, surge uma nova li- Apenas eu despertava,
teratura, transbordante, insubmissa e impetuo- Essa imagem fugidia
sa: o Romantismo, que se liberta dos moldes Que nunca pude alcançar.
clássicos, buscando uma produção original, Agora, que estou desperto,
norteada pela liberdade criativa e estética que Agora a vejo fixar...
Para quê? Quando era vaga,
se expande e se reflete nas artes plásticas.
Uma ideia, um pensamento,
Um raio de estrela incerto
No imenso firmamento,
Uma quimera, um vão sonho,
Eu sonhava, mas vivia:
Prazer não sabia o que era,
Mas dor, não a conhecia ...

Almeida Garrett, in “Folhas caídas”.

Produção poética europeia


A sombrinha Verde, Francisco Goya (1776-1778). Museu
do Prado, Madri. O Romantismo teve origem na Alema-
nha e na Inglaterra, espalhando-se daí para a
No Brasil, houve forte influência das França, Itália e demais países da Europa. Na
tendências europeias, adaptadas à realidade Literatura do final do século 18, na Europa e
nacional, com valorização do sentimento de na América, nota-se que os gêneros literários
nacionalismo, devido à independência políti- pecavam pela artificialidade.
ca do país em 1822. O Romantismo foi preparado por uma
primeira geração europeia denominada pré-ro-
mântica, que se desenvolveu principalmente na
Inglaterra e na Alemanha do século 18. Entre
esses literatos, encontramos o alemão Joahn
Wolfgang Van Goethe (1749-1832) e o francês
Foi através da poesia lírica que o Ro- Bernardin de Saint-Pierre (1737-1812), que pre-
mantismo ganhou formato na Literatura dos nunciaram uma nova orientação literária, en-
séculos 18 e 19. Os poetas românticos usa- saiando as primeiras inovações; e o inglês Walter
vam e abusavam das metáforas, palavras Scott (1771-1832), os franceses François-René
estrangeiras, frases diretas e comparações. de Chateaubriand (1768-1848) e Joseph-Marie
Os principais temas abordados eram: amo- de Maistre (1753-1821), que exerceram grande
res platônicos, acontecimentos históricos influência na arte romântica.
nacionais, a morte e seus mistérios. Na segunda geração romântica, o Ro-
mantismo se espalha por toda a Europa e
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atinge seu ápice. Destacam-se: na Alemanha, cráticos da época. A poesia religiosa foi um
Arthur Schopenhauer (1788-1860); na Ingla- dos temas preferidos dos românticos.
terra, Lord Byron (1788-1824), Percy Bysshe O mundo romântico é um mundo de
Shelley (1792-1822), William Wordsworth exagero, pois, buscando o ideal, faz do seu
(1770-1850), Samuel Taylor Coleridge (1772- mundo um paraíso do bem, do belo, do bra-
1834); na França, Alphonse de Lamartine vo, do amor, do puro, enfim um mundo de
(1790-1869), Alfred de Vigny (1797-1863); na perfeição e de sonho. Romantismo é sub-
Itália, Giacomo Leopardi (1798-1837), Ales- jetivismo, expressão direta da emoção pes-
sandro Manzoni (1785-1873); em Portugal, soal da personalidade, da própria individuali-
Almeida Garrett (1799-1854), Camilo Castelo dade do escritor.
Branco (1825-1890). A terceira geração tem
como principais representantes: o inglês Al- Quanto à forma
fred de Musset (1810-1857), o francês Gérard • O Romantismo proclama a completa
de Nerval (1808-1855), o norte-americano Ed- liberdade do artista para realizar sua obra. O
gar Allan Poe (1809-1849). escritor romântico pretende impressionar e
não convencer; daí o uso de recursos de lin-
guagem que dão ao leitor a impressão do es-
Características do movimento romântico
tado emocional do artista (as reticências, as
O movimento romântico tem caráter po- exclamações, as frases inacabadas etc.).
pular, em oposição ao movimento aristocrá- • A linguagem romântica emprega ex-
tico que foi o Classicismo que se baseia em pressões inconfundíveis e frases típicas, tais
fatos, produtos da realidade. O Romantismo como: noite, pálido fantasma, luar melancóli-
co, saudade, pranto, ilusão, dor, suspiro, rosa,
explora lendas, contos populares, a vida do
coração, sonhos, lágrima etc.
homem comum ou a vida do povo. É profun- • Os românticos defendiam uma lin-
damente subjetivo e expressa seus sonhos e guagem simples, mais coloquial e livre das
suas ânsias sem importar-se com a realidade. algemas da sintaxe clássica, e alguns român-
A razão perdeu o seu predomínio, dando ticos brasileiros procuravam imprimir à lín-
lugar à imaginação e à sensibilidade. gua portuguesa um estilo próprio, que pudes-
se refletir a realidade do nosso país.

Quanto ao ambiente
• A imprensa, dada a liberdade esta-
belecida pela independência, adquire maior
importância na vida do país. O escritor ganha
maior popularidade e importância social
em virtude da divulgação de suas obras de
arte e do jornalismo onde colaboravam.
• O Romantismo se aproxima das mas-
O escritor romântico é um ser espiri- sas populares. Ao invés das reuniões nas Aca-
tualista, indiferente às coisas materiais. Faz demias e nos salões literários, os românticos
culto aos sentimentos, entre os quais tiveram reuniam-se nos cafés, nas redações dos jor-
particular exaltação: o amor, a pátria e a reli- nais e nas confeitarias que passam a ser os
centros de discussões artísticas ou políticas.
gião. O romântico valoriza a paisagem, co-
• O escritor romântico atinge uma enor-
munga com a natureza que age diretamen- me popularidade, não só pelas ideias liberais,
te no estado emocional do escritor. mas também pelos temas sentimentais, ao
O tom das composições oscila entre a alcance de todos. O Romantismo foi um movi-
alegria e a melancolia. O romântico busca mento muito complexo: influiu no vestuário, nas
um mundo novo através do sonho e da ima- atitudes e nos adornos. É a época das longas
ginação que é responsável pelo sentimento cabeleiras, das olheiras, da palidez nas faces.
revolucionário ligado aos movimentos demo-
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Romantismo no Brasil (1836-1881)
A publicação de “Suspiros poéticos e sau-
dades” (1836), de Gonçalves de Magalhães,
marca o início do período romântico no Brasil.
Diferentes sentidos do termo
O Romantismo brasileiro, na fase inicial, reves-
romantismo
tiu-se de um expressivo cunho nacionalista. A
Independência, conquistada em 1822, reforçou
a busca de elementos caracterizadores e dife-
renciadores de nossa nacionalidade. Daí o for-
te sentimento de fidelidade à pátria e às suas
tradições, e a criação de símbolos que pudes-
sem ser incorporados à consciência nacional
e que passassem a representar o país. Entre
eles o índio, a natureza e a linguagem. Embora
tenha traços próprios, o Romantismo no Brasil
é uma derivação do Romantismo europeu; em
poesia são três gerações.
A supervalorização do amor, a fuga da
realidade através da imaginação, o com-
portamento baseado, sobretudo, na emo-
ção, são características do estado de alma
romântico. Trata-se de um modo de sentir
e interpretar a realidade e de um modo de A literatura romântica no Brasil
agir. Esse romantismo (modo de sentir a
realidade, estado de espírito) difere de Ro- Os escritores buscavam uma identi-
mantismo (estilo de época). dade brasileira, pois acabávamos de nos
Como estado de espírito ou tipo de emancipar politicamente; daí o desejo de
comportamento, o romantismo caracte- desenvolver uma literatura com elementos
riza-se por uma atitude profundamente nacionais. O Brasil precisava ter caracte-
emotiva diante da vida, e pode surgir em rísticas próprias de uma nação indepen-
qualquer momento histórico, não estando dente;as paixões e as emoções naciona-
sujeito a datas. Por isso, pode refletir-se na listas tinham que ser despertadas. A fé, a
produção artística de qualquer época. Na valorização das ideias, liberdade de cria-
literatura, por exemplo, o comportamento ção, o amor platônico, o desejo de igualda-
romântico aparece registrado desde a An- de, a natureza, a religião, o individualismo
tiguidade até os nossos dias. e o nacionalismo foram exaltados.
Já o Romantismo entendido como
estilo de época diz respeito à tendência
geral da vida e da arte que predominou
na Europa durante a primeira metade do
século XIX. Nesse caso, o Romantismo
designa um estilo artístico delimitado no
tempo, que apresenta características que
exaltam o estilo romântico.
Feita a distinção, fica claro que é pos-
sível ocorrerem manifestações da sensibili-
dade romântica até em obras contemporâ- A proclamação da Independência,
François Moreaux (1844).
neas, de nosso século.

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Produção poética no do na saudade da pátria, escreveu “Canção
Romantismo brasileiro do exílio”, em Coimbra.

A produção poética do Romantismo no Canção do exílio


Brasil é dividida em três gerações, de acordo
com as características e temas predominantes. Minha terra tem palmeiras,
• Primeira Geração. Caracterizou-se Onde canta o Sabiá
pelo indianismo e pelo nacionalismo exaltado, As aves, que aqui gorjeiam,
buscando as belezas e riquezas naturais de Não gorjeiam como lá.
nossas matas, a religiosidade e o misticismo.
Nosso céu tem mais estrelas,
Como temas, destacam-se o índio, a sauda-
Nossas várzeas têm mais flores,
de, o amor impossível. Nossos bosques têm mais vida,
• Segunda Geração. De inspiração Nossa vida mais amores.
europeia, evidencia o Mal do Século que exal-
ta os amores impossíveis, o desejo de morte, Em cismar, sozinho, à noite,
a incompreensão do mundo e o pessimismo. Mais prazer encontro eu lá;
Predominavam os temas como a dúvida, o Minha terra tem palmeiras,
tédio, a orgia, a infância, o medo de amar, o Onde canta o Sabiá.
sofrimento.
• Terceira Geração. Também denomi- Minha terra tem primores,
nada condoreira, com referência ao pássaro Que tais não encontro eu cá;
Em cismar - sozinho, à noite -
“condor” que representa a liberdade. A poesia
Mais prazer encontro eu lá;
ganha cunho social. São temas dessa fase: a Minha terra tem palmeiras,
escravidão, a república, o amor erótico. Onde canta o Sabiá.

1ª Geração: nacionalista ou indianista Não permita Deus que eu morra,


Sem que eu volte para lá;
Voltada para a natureza, regressa ao pas- Sem que desfrute os primores
sado histórico e ao medievalismo. Cria um he- Que não encontro por cá;
rói nacional na figura do índio, de onde surgiu a Sem qu’inda aviste as palmeiras,
denominação de geração indianista. O senti- Onde canta o Sabiá.
mentalismo e a religiosidade são outras carac-
terísticas presentes. Entre os principais autores No poema Canção do exílio, percebe-
podemos destacar: Gonçalves Dias, Gonçal- mos o encontro de dois temas relevantes no
ves de Magalhães e Araújo Porto Alegre. Romantismo: a natureza e a saudade da pá-
tria. Sendo considerado o poeta da natureza,
Gonçalves Dias Gonçalves Dias canta o amor, as florestas, a
(1823-1864) luz do sol brasileiro. O poeta maranhense pa-
rece nostálgico, lembra a infância, os amores
O poeta Antônio Gon- do passado e, antes de mais nada, é um ho-
çalves Dias se orgulha- mem que, na Europa, sente-se só, exilado,
va de ter no sangue as e é arrastado pela memória até sua terra na-
três raças formadoras tal. “Canção do exílio” é considerada uma
do povo brasileiro: bran- obra-prima da literatura universal.
ca, indígena e negra.
Em 1840 foi para Por- A poesia Canção do exílio foi amplamen-
te recriada e parodiada, principalmente pelos
tugal cursar Direito na
poetas modernistas; dois de seus versos estão
Faculdade de Coimbra. Ali, entrou em contato citados no Hino Nacional Brasileiro (“Nossos bos-
com os principais escritores da primeira fase ques têm mais vida,/Nossa vida, mais amores.”).
do Romantismo português. Em 1843, inspira-
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culo. Levavam vidas boêmias e desregradas,
o que levou grande parte deles a contrair tu-
berculose e morrer muito cedo.
Álvares de Azevedo foi vitimado pela tu-
berculose aos 21 anos incompletos. Todas as
Se por um lado deve-se a Gonçalves
suas obras foram publicadas postumamente:
de Magalhães a introdução do Romantis-
“Lira dos vinte anos” reúne seus poemas.
mo no Brasil, por outro, deve-se a Gonçal-
A morte constitui o tema de grande parte dos
ves Dias a sua consolidação. Isso porque
poemas de Álvares de Azevedo.
o poeta trabalhou com perfeição todas as
características iniciais da primeira fase do Adeus, meus sonhos!
Romantismo brasileiro. De sua obra, ge-
ralmente dividida em lírica, medieval e na- Adeus, meus sonhos, eu pranteio e morro!
Não levo da existência uma saudade!
cionalista, destacam-se I-juca Pirama, Os
E tanta vida que meu peito enchia
Timbiras e Canção do Tamoio.
Morreu na minha triste mocidade!
Misérrimo! Votei meus pobres dias
2ª Geração: ultrarromântica À sina doida de um amor sem fruto,
E minh’alma na treva agora dorme
A geração ultrarromântica, também co- Como um olhar que a morte envolve em luto.
nhecida como byroniana ou Mal do Século,
Que me resta, meu Deus? Morra comigo
recebeu estas denominações por abordar te- A estrela de meus cândidos amores,
mas obscuros como a morte, amores impos- Já não vejo no meu peito morto
síveis e a solidão. Principais autores: Álvares Um punhado sequer de murchas flores!
de Azevedo, Casimiro de Abreu, Fagundes
Varela e Junqueira Freire. Como paradoxo, além dos versos sombrios
e cinzentos, também cultivou o humorismo em sua
Álvares de Azevedo poesia, como o famoso “Namoro a cavalo” ou “A
(1831-1852) lagartixa” que começa com os seguintes versos:
“A lagartixa ao sol ardente vive
Manuel Antônio
E fazendo verão o corpo espicha:
Álvares de Azevedo, O clarão de teus olhos me dá vida
poeta paulista, foi extre- Tu és o sol e eu sou a lagartixa.”
mamente devotado à fa-
mília, como se pode ver Outro elemento constante em suas poe-
pelo início de um de seus sias é a mulher, ora apresentada como virgem,
mais célebres versos: bondosa e amada; ora prostituta, ordinária e
vadia. Seus poemas também são marcados
“Se eu morresse amanhã, viria ao menos pelo patriotismo e o saudosismo da infância,
Fechar meus olhos minha triste irmã; além de certo satanismo, ligado à morbidez e
Minha mãe de saudades morreria à rebeldia dos românticos.
Se eu morresse amanhã!”
É ela! É ela! É ela! É ela!
Pertenceu à chamada Segunda Gera- É ela! É ela! - murmurei tremendo,
ção do Romantismo brasileiro, influenciada E o eco ao longe murmurou - é ela!
pelo poeta inglês Lord Byron, cuja poesia se Eu a vi... minha fada aérea e pura -
caracterizou pelo ultrarromantismo, subjeti- A minha lavadeira na janela!
vidade e pessimismo frente à vida. Dessas águas-furtadas onde eu moro
Eu a vejo estendendo no telhado
Uma característica marcante dos inte-
Os vestidos de chita, as saias brancas;
grantes dessa tendência romântica é o senti-
Eu a vejo e suspiro enamorado!
mento do tédio identificado como Mal do Sé-
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torno da saudade da infância, a maior parte
escrita durante sua estada em Lisboa, e que
se tornou o poema mais conhecido de Casi-
miro de Abreu no Brasil. Leia um trecho do
poema:
Góticos fazem
releitura do
Meus oito anos
ultrarromantismo
Oh! que saudades que tenho
O espírito ul- Da aurora da minha vida,
trarromântico volta Da minha infância querida
nos anos de 1980, Que os anos não trazem mais!
em pleno sécu- Que amor, que sonhos, que flores,
lo 20, com bastante morbidez: são os gó- Naquelas tardes fagueiras
ticos, que retomam várias características À sombra das bananeiras,
da geração do Mal do Século. Usam, de Debaixo dos laranjais!
preferência, roupas pretas. As moças com-
Como são belos os dias
pletam a caracterização com maquiagem
Do despontar da existência!
pesada, muito veludo, tecidos rendados do — Respira a alma inocência
tipo antigo. Gostam de Lord Byron, Álvares Como perfumes a flor;
de Azevedo, Augusto dos Anjos, Baudelai- O mar é — lago sereno,
re e Edgard Allan Poe. Construíram vários O céu — um manto azulado,
espaços na internet sobre poesia, vampi- O mundo — um sonho dourado,
rismo, romantismo e neorromantismo. A vida — um hino d’amor!

Que aurora, que sol, que vida,


Casimiro de Abreu Que noites de melodia
(1839-1860) Naquela doce alegria,
Naquele ingênuo folgar!
Casimiro José A terra de aromas cheia
Marques de Abreu é As ondas beijando a areia
um poeta sentimen- E a lua beijando o mar!
tal, espontâneo. Seus
Oh! dias da minha infância!
temas são emotivos
Oh! meu céu de primavera!
e quase infantis. A Que doce a vida não era
linguagem e a métri- Nessa risonha manhã!
ca são descuidadas. Seu lirismo é pura ex- Em vez das mágoas de agora,
pressão da sensibilidade, evocando a sau- Eu tinha nessas delícias
dade, a ternura. De minha mãe as carícias
Os temas de Casimiro atraem por se- E beijos de minha irmã!
rem humanos e refletirem uma alma jovem,
que amou e sentiu saudade. Nenhum poeta
brasileiro foi mais querido e popular do que Fagundes Varela
este, e continua sendo ainda um dos mais (1841-1875)
apreciados de todo o Romantismo nacional.
Obras: Camões e o Jaú (drama); Primave- Luís Nicola u F a-
ras (poesias); A virgem loura; Camila e Ca- gundes Varela destacou-
rolina (em prosa). se com as obras: Cantos
O poema Meus oito anos faz parte e fantasias, em que o
da coletânea As primaveras, publicada por autor alcança maior ins-
Casimiro de Abreu em 1859, que gira em piração lírica; Cântico do
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calvário, sua obra-prima, escrita pela morte 3º Geração: condoreira
de seu filho Emiliano, transformando o seu
momento angustiante em sublime arte; O Conhecida como Condoreira, pelo sím-
evangelho nas selvas ou Anchieta, nar- bolo do Condor, uma ave que costuma cons-
ração do Evangelho imaginado, transmitido truir seu ninho em lugares muito altos, ou hu-
aos indígenas por Anchieta; e ainda Notur- goniana, referente ao escritor francês Victor
na; Pendão auri-verde; Vozes da Améri- Hugo, grande pensador do social. Apresenta
ca; Cantos meridionais; Cantos do ermo linguagem declamatória que vem carregada
e da cidade; Obras completas; Diário de de figuras de linguagem, e sentimento social
Lázaro. liberal e abolicionista. Apresenta como prin-
cipais autores: Castro Alves, Sousândrade
Cântico do calvário e Tobias Barreto. Castro Alves é denomina-
(À memória do filho morto a 11 de dezembro de 1863)
do “Poeta dos Escravos”, o mais expressivo
representante dessa geração.
Eras na vida a pomba predileta
Que sobre um mar de angústias conduzia Castro Alves
O ramo da esperança. Eras a estrela (1847-1871)
Que entre as névoas do inverno cintilava
Apontando o caminho ao pegureiro.
Antônio de Castro
Eras a messe de um dourado estio. Alves, considerado o poe-
Eras o idílio de um amor sublime. ta dos escravos, exerceu
Eras a glória, a inspiração, a pátria, influência enorme sobre o
O porvir de teu pai! - Ah! no entanto, espírito da mocidade de
Pomba, - varou-te a flecha do destino!
sua época. Foi um dos
Astro, - engoliu-te o temporal do norte! principais representantes da Terceira Geração
Teto, - caíste!- Crença, já não vives! romântica, apresentando alguns resquícios da
Correi, correi, oh! lágrimas saudosas, estética realista, cujo tema voltava-se para a
Legado acerbo da ventura extinta, estreita relação entre ser x sociedade. E foi
Dúbios archotes que a tremer clareiam exatamente sob este prisma que Castro Alves
A lousa fria de um sonhar que é morto!
mais se evidenciou, posto o seu notável en-
Correi! um dia vos verei mais belas gajamento em prol das lutas sociais. Con-
Que os diamantes de Ofir e de Golconda sideramos a criação artística de Castro Alves
Fulgurar na coroa de martírios delineada por duas vertentes: lírico-amorosa
Que me circunda a fronte cismadora! e social.
São mortos para mim da noite os fachos,
Mas Deus vos faz brilhar, lágrimas santas,
Lírico-amorosa
E à vossa luz caminharei nos ermos!
Estrelas do sofrer, gotas de mágoa, Os motivos centrais da poesia de Castro
Brando orvalho do céu! Sede benditas! Alves são: a sociedade, a natureza e a mu-
Oh! filho de minh’alma! Última rosa lher. Como todo romântico, cantou a natu-
Que neste solo ingrato vicejava! reza e o amor. Os seus poemas de amor são
Minha esperança amargamente doce!
realmente os poemas do seu coração.
pegureiro: guardador de gados, pastor.
messe: colheita. O “adeus” de Teresa
estio: verão.
acerbo: azedo. A vez primeira que eu fitei Teresa,
archotes: fachos que iluminam.
fulgurar: brilhar.
Como as plantas que arrasta a correnteza,
facho: clarão. A valsa nos levou nos giros seus
ermo: deserto, solitário. E amamos juntos E depois na sala
vicejar: florescer. “Adeus” eu disse-lhe a tremer co’a fala

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E ela, corando, murmurou-me: “adeus!” Oh! que doce harmonia traz-me a brisa!
Que música suave ao longe soa!
Uma noite entreabriu-se um reposteiro. . . Meu Deus! como é sublime um canto ardente
E da alcova saía um cavaleiro Pelas vagas sem fim boiando à toa!
Inda beijando uma mulher sem véus
Homens do mar! ó rudes marinheiros,
Era eu Era a pálida Teresa!
Tostados pelo sol dos quatro mundos!
“Adeus” lhe disse conservando-a presa
Crianças que a procela acalentara
No berço destes pélagos profundos!
E ela entre beijos murmurou-me: “adeus!”
Esperai! esperai! deixai que eu beba
Esta selvagem, livre poesia
Social Orquestra — é o mar, que ruge pela proa,
E o vento, que nas cordas assobia...
A vocação do poeta revela a situação Por que foges assim, barco ligeiro?
opressora pela qual perpassavam as senzalas Por que foges do pávido poeta?
brasileiras, vivendo em meio aos ditames e aos Oh! quem me dera acompanhar-te a esteira
castigos dos seus senhores. Fazia-se neces- Que semelha no mar — doudo cometa!
sário que alguém clamasse pelo grito de li-
Albatroz! Albatroz! águia do oceano,
berdade, no intento de despertar a consciência Tu que dormes das nuvens entre as gazas,
por um mundo mais igualitário e mais justo. Sacode as penas, Leviathan do espaço,
Albatroz! Albatroz! dá-me estas asas.
Navio negreiro

‘Stamos em pleno mar... Doudo no espaço


Brinca o luar — dourada borboleta;
E as vagas após ele correm... cansam
Como turba de infantes inquieta.
Os poemas de inspiração social que lhe
‘Stamos em pleno mar... Do firmamento deram a glória imediata. Segundo ele, a de-
Os astros saltam como espumas de ouro... sarmonia da alma romântica é produzida por
O mar em troca acende as ardentias, conflitos entre o homem e a sociedade, o
— Constelações do líquido tesouro... oprimido e o opressor. Ele amou o oprimi-
do com o sentimento de justiça. Por abor-
“Stamos em pleno mar... Dois infinitos dar esses temas, é considerado o principal
Ali se estreitam num abraço insano, poeta condoreiro de nossas letras. Obras:
Azuis, dourados, plácidos, sublimes... Vozes d’África; Navio negreiro; Espumas
Qual dos dous é o céu? qual o oceano?... flutuantes; A cachoeira de Paulo Afonso;
‘Stamos em pleno mar. . . Abrindo as velas Manuscritos de Estênio; Gonzaga ou A re-
Ao quente arfar das virações marinhas, volução de Minas (drama); Obras comple-
Veleiro brigue corre à flor dos mares, tas (1921).
Como roçam na vaga as andorinhas...
Donde vem? onde vai? Das naus errantes
Quem sabe o rumo se é tão grande o espaço? Sempre é tempo de poesia
Neste saara os corcéis o pó levantam,
Galopam, voam, mas não deixam traço. Fazer poesia, hoje, é remar contra a cor-
renteza de um mundo mecanicista e utilitário.
Bem feliz quem ali pode nest’hora É criar oásis com as mãos, pena e papel; ocas
Sentir deste painel a majestade! de sonhos para nos abrigarmos das tempesta-
Embaixo — o mar em cima — o firmamento... des da vida. A poesia é outro dizer, interpos-
E no mar e no céu — a imensidade! to entre dois intervalos do tempo. É como se

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parássemos o tempo para instaurar um novo
tempo, em que a vida corre com plenitude. Fa-
zer poesia é amar a humanidade e lambuzar
seus tempos – um pouco cansados da correria,
um pouco aborrecidos pela amargura – com Artes Plásticas
uma seiva eterna que sempre se renova.
O poema surge de um momento de en- As obras dos pintores brasileiros busca-
cantamento, diante de coisas que nos fazem vam valorizar o nacionalismo, retratando fatos
parar e contemplar; ou de um momento de históricos importantes. Desta forma, os artistas
perplexidade, diante de coisas que nos deixam contribuíam para a formação de uma identidade
pasmos ante a falta de lucidez da humanidade. nacional. As obras principais deste período são:
Houve um tempo em que era possível fazer a “Batalha do Avaí” de Pedro Américo e “Bata-
poesia falando apenas de flores e amores, numa lha de Guararapes” de Victor Meirelles.
tentativa de resgatar o belo da vida e reencantar
o mundo, mas já não basta. Música Romântica no Brasil
Os imperativos do nosso tempo procla- A emoção, o amor e a liberdade de
mam uma poesia de constatação, de indigna- viver são os valores retratados nas músicas
ção face às injustiças, à intolerância e à cruel- desta fase. O nacionalismo, nosso folclore
dade a que chegamos. Assim o poeta de hoje e assuntos populares servem de inspiração
é bem mais exigido, deve associar o ritmo po- para os músicos. “O Guarani” de Carlos Go-
ético universal a temas nada poéticos. Este é mes é a obra musical de maior importância
um grande desafio – trazer para a poesia, à luz desta época. A música, inspirada na obra de
da estética, da beleza, tanto a contemplação José de Alencar, ultrapassou as fronteiras do
quanto a denúncia, sob pena de tornar-se um Brasil e conquistou o público europeu.
poeta alienador.

Jornal mundo jovem, fevereiro de 2006.

A Literatura é a expressão da sociedade,


com reflexos do meio social. No final do século
Teatro no Romantismo 18 e princípio do 19, as grandes lutas e as con-
quistas liberais ocorridas no continente europeu
No teatro, destacam-se Martins Pena, necessitavam de formas revolucionárias que
França Júnior e Artur Azevedo. Luís Carlos revelassem a sensibilidade do período históri-
Martins (1815-1848) foi dramaturgo, diplomata co. O Romantismo teve origem na Alemanha e
e introdutor da comédia de costumes no Bra- na Inglaterra, espalhando-se daí para a França,
sil, tendo sido considerado o Molière brasileiro. Itália e demais países da Europa; proclama a
Depois, passou a frequentar a Academia Impe- completa liberdade do artista para realizar sua
rial das Belas Artes, onde estudou arquitetura, obra. O escritor romântico pretende impressio-
estatuária, desenho e música; simultaneamen- nar. A linguagem romântica emprega expres-
te, estudava línguas, história, literatura e tea- sões inconfundíveis. Os românticos defendiam
tro. Em 4 de outubro de 1838, foi representa- uma linguagem simples, e alguns românticos
da, pela primeira vez, uma peça sua, “O juiz de brasileiros procuravam imprimir à língua portu-
paz na roça”, no Teatro São Pedro, pela céle- guesa um estilo próprio.
bre companhia teatral de João Caetano (1808- No Brasil, o Romantismo inicia-se em
1863), o mais famoso ator e encenador da 1836, com a publicação de “Suspiros poé-
época. Sua obra caracterizou pioneiramente, ticos e saudades”, de Gonçalves de Maga-
com ironia e humor, as graças e desventuras lhães. Seu marco final é apontado como o ano
da sociedade brasileira e de suas instituições. de 1881, quando se publicam “O mulato” e
É patrono da Academia Brasileira. “Memórias póstumas de Brás Cubas”.

Literatura 2 - Aula 1 14 Instituto Universal Brasileiro


3. (Enem -2010. Adaptada)

Soneto
Já da morte o palor me cobre o rosto,
Nos lábios meus o alento desfalece,
1. Leia as considerações a respeito do Ro- Surda agonia o coração fenece,
mantismo e assinale a alternativa correta. E devora meu ser mortal desgosto!
Do leito embalde no macio encosto
I - Com a poesia lírica, o Romantismo ganhou Tento o sono reter!… já esmorece
formato na literatura do século 19. Os poetas român- O corpo exausto que o repouso esquece…
ticos usavam e abusavam das metáforas, frases di- Eis o estado em que a mágoa me tem posto!
retas e comparações. Os principais temas aborda- O adeus, o teu adeus, minha saudade,
dos: amores platônicos, nacionalismo e morte. Fazem que insano do viver me prive
E tenha os olhos meus na escuridade.
II - O Romantismo caracteriza-se como um
Dá-me a esperança com que o ser mantive!
movimento que segue os moldes clássicos, bus-
Volve ao amante os olhos por piedade,
cando uma produção estética que se enquadre nas
Olhos por quem viveu quem já não vive!
formas fixas da poesia, sem liberdades na produ-
ção poética. (AZEVEDO, Aluísio. Obra completa.
Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 2000)
a) ( ) Afirmativas I e II estão corretas.
b) ( ) Afirmativas I e II estão incorretas. O núcleo temático do soneto citado é típico
c) ( ) Somente afirmativa II está correta. da segunda geração romântica, porém configura
d) ( ) Somente afirmativa I está correta. um lirismo que o projeta para além desse momen-
to específico. O fundamento desse lirismo é:
2. De acordo com as características do movi-
mento romântico, coloque nos parênteses diante dos a) ( ) a angústia alimentada pela constata-
textos: (1) indianismo, (2) nacionalismo, (3) valoriza- ção da irreversibilidade da morte.
ção da infância, (4) crítica social, crítica à escravi- b) ( ) a melancolia que frustra a possibilida-
dão do negro e assinale a alternativa correta. de de reação diante da perda.
c) ( ) o descontrole das emoções provoca-
( ) “Meu canto de morte, do pela autopiedade.
guerreiros, ouvi:
Sou filho das selvas,
d) ( ) o gosto pela escuridão como solução
Nas selvas cresci; para o sofrimento.
Guerreiros, descendo
Da tribo Tupi.” (Gonçalves Dias) 4. A Terceira Geração do Romantismo, cujos
( ) “Na senzala, úmida, estreita, textos são marcados pela crítica social, principal-
Brilha a chama da candeia, mente a escravidão, é conhecida como condo-
No sapé se esgueira o vento. reira, e seu maior representante é o poeta:
E a luz da fogueira ateia.
Junto ao fogo, uma africana,
Sentada, o filho embalando, a) ( ) Gonçalves de Magalhães.
Vai lentamente cantando, b) ( ) Gonçalves Dias.
Uma tirana indolente c) ( ) Castro Alves.
Repassada de aflição” (Castro Alves)
d) ( ) Junqueira Freire.
( ) “Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o sabiá; 5. Assinale a alternativa em que todas as
As aves que aqui gorjeiam,
Não gorjeiam como lá.” (Gonçalves Dias)
obras citadas foram escritas por Castro Alves.
( ) “Oh! que saudades que tenho
a) ( ) “Vozes d’África”; “Navio negreiro”;
Da aurora da minha vida,
Da minha infância querida “Espumas flutuantes”.
Que os anos não trazem mais!” (Casimiro de Abreu) b) ( ) “Navio negreiro”; “Espumas flutuan-
tes”; “Cântico do calvário”.
a) ( ) 1 - 4 - 2 - 3 c) ( ) “Espumas flutuantes”, “A cachoeira
b) ( ) 1 - 2 - 2 - 3 de Paulo Afonso”, “Lira dos vinte anos”.
c) ( ) 3 - 4 - 2 - 3 d) ( ) “Lira dos vinte anos”, “Cântico do cal-
d) ( ) 1 - 3 - 2 - 4 vário”, “Navio negreiro”.

Literatura 2 - Aula 1 15 Instituto Universal Brasileiro


( 3 ) valorização da infância
“Oh! que saudades que tenho
Da aurora da minha vida,
Da minha infância querida
1. d) ( x ) Somente afirmativa I está Que os anos não trazem mais!” (Casi-
correta. miro de Abreu)

Comentário. Somente a afirmativa I está 3. b) ( x ) a melancolia que frustra a


correta. Realmente, foi através da poesia lírica possibilidade de reação diante da perda.
que o Romantismo ganhou formato na literatura
do século 19. Os poetas românticos usavam e Comentário. A citação aponta Álvares de
abusavam das metáforas, palavras estrangei- Azevedo como autor do poema; e o núcleo temá-
ras, frases diretas e comparações; e os princi- tico do soneto – a morte com seus mistérios – é
pais temas abordados eram amores platônicos, típico da segunda geração, denominada ultrarro-
acontecimentos históricos nacionais, a morte e mântica. A melancolia está presente nos versos:
seus mistérios. A afirmativa II traz informações ”Nos lábios meus o alento desfalece, / Surda ago-
incorretas: o Romantismo, na verdade, caracte- nia o coração fenece, / E devora meu ser mortal
riza-se como um movimento que se liberta dos desgosto!”; e aparece em síntese no verso: “Eis
moldes clássicos, buscando produções origi- o estado em que a mágoa me tem posto!” E esse
nais, norteada pela liberdade criativa, estética fundamento se projeta para além deste momento
que se expande e se reflete, inclusive, nas artes específico, já que em qualquer tempo essa melan-
plásticas. colia pode frustrar a possibilidade de reação dian-
te de uma perda.
2. a) ( x ) 1 – 4 – 2 – 3
4. c) ( x ) Castro Alves.
Comentário. Observe que as característi-
cas se refletem nas palavras dos versos. Comentário. Castro Alves é o principal poe-
ta condoreiro da 3ª Geração romântica. Gonçalves
( 1 ) indianismo Magalhães e Gonçalves Dias pertencem à 1ª Gera-
“Meu canto de morte, ção, e Junqueira Freire, à 2ª Geração. Mesmo se a
guerreiros, ouvi: criação artística de Castro Alves tenha sido delinea-
Sou filho das selvas, da por duas vertentes, a lírico-amorosa e a social,
Nas selvas cresci; foram os poemas de inspiração social que lhe de-
Guerreiros, descendo ram a glória imediata. Segundo ele, a desarmonia
Da tribo Tupi.” (Gonçalves Dias) da alma romântica é produzida por conflitos entre
o homem e a sociedade, o oprimido e o opressor.
( 4 ) crítica social, crítica à Castro Alves destacou em sua obra o oprimido com
escravidão do negro o sentimento de justiça.
“Na senzala, úmida, estreita,
Brilha a chama da candeia, 5. a) ( x ) “Vozes d’África”; “Navio
No sapé se esgueira o vento. negreiro”; “Espumas flutuantes”.
E a luz da fogueira ateia.
Junto ao fogo, uma africana, Comentário. Os títulos “Vozes d’África”
Sentada, o filho embalando, e “Navio Negreiro” apresentam evidências so-
Vai lentamente cantando, bre a temática social mais abordada por Castro
Uma tirana indolente Alves: a escravidão, o que o tornou conhecido
Repassada de aflição” (Castro Alves) como “o poeta os escravos”. Mas Castro Alves
foi também um “grande poeta do amor”, abor-
( 2 ) nacionalismo dando temáticas existenciais juntamente com as
“Minha terra tem palmeiras, sociais na obra “Espumas flutuantes”. “Cântico
Onde canta o sabiá; do calvário” é a obra-prima de Fagundes Varela
As aves que aqui gorjeiam, e “Lira dos vinte anos” é da autoria de Álvares
Não gorjeiam como lá.” (Gonçalves Dias) de Azevedo.

Literatura 2 - Aula 1 16 Instituto Universal Brasileiro

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