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AO JUIZO DA 2ª VARA CRIMINAL DE CAMPOS DOS

GOYTACAZES

Processo nº XXXXXXX

Mateus, Nacionalidade, estado civil, profissão, RG, CPF, endereço,


cidade de Campos dos Goytacazes, vem, através de sua advogada, na forma
do artigo 396-A do CPP, no prazo legal, apresentar a Vossa Excelência a sua
resposta preliminar obrigatória, expondo e no final requerendo o seguinte:
TÍTULO I – DOS FATOS

O réu, de 26 anos de idade, foi denunciado pelo Ministério Público


como incurso nas penas previstas no art. 217-A, §1º, c/c art.234-A, III, todos do
Código Penal, por crime praticado contra suposta vítima, de 19 anos de idade.
Na peça acusatória, a conduta delitiva atribuída ao acusado foi narrada nos
seguintes termos: No mês de agosto de 2016, em dia não determinado, o
defendente dirigiu-se à residência da suposta vítima, para assistir, pela
televisão, a um jogo de futebol.

Naquela ocasião, aproveitando-se do fato de estar a sós com a


suposta vítima, o defendente constrangeu-a a manter com ele conjunção
carnal, fato que ocasionou a gravidez da suposta vítima, atestada em laudo de
exame de corpo de delito.

Certo é que, embora não se tenha valido de violência real ou de


grave ameaça para constranger a suposta vítima à com ele manter conjunção
carnal, o defendente aproveitou-se do fato da suposta vítima ser incapaz de
oferecer resistência aos seus propósitos libidinosos assim como de dar
validamente o seu consentimento, visto que é deficiente mental, incapaz de
reger a si mesma.” Nos autos, havia somente a peça inicial acusatória, os
depoimentos prestados na fase do inquérito e a folha de antecedentes penais
do acusado. O juiz da 2.ª Vara Criminal do Estado XXXX recebeu a denúncia e
determinou a citação do defendente para se defender no prazo legal, tendo sido
a citação efetivada em 18/11/2016.

O réu procurou, no mesmo dia, a ajuda de um profissional e


outorgou-lhe procuração a devida procuração com a finalidade específica de
ser defendido na ação penal em pestilha. Disse, então, a seu advogado que a
suposta vítima não era deficiente mental, e que já a namorava havia algum
tempo. Disse ainda que sua avó materna, Olinda, e sua mãe, Alda, que moram
com ele, sabiam do namoro e que todas as relações que manteve com a vítima
eram consentidas. Disse, ainda, que a suposta vítima não quis dar ensejo à
ação penal, tendo o promotor, segundo o réu, agido por conta própria.

Por fim, o defendendo informou que não havia qualquer prova da


debilidade mental da suposta vítima e que a mesma poderia comparecer para
depor a seu favor em juízo.
TÍTULO II – DAS PRELIMINARES
2.1. Inépcia da inicial
Há inépcia da inicial, conforme o artigo 41 do CPP, deixando de
estabelecer dia e hora do fato ocorrido pelo defendente.
” A denúncia ou queixa conterá a exposição do
fato criminoso, com todas as suas
circunstâncias, a qualificação do acusado ou
esclarecimentos pelos quais se possa
identificá-lo, a classificação do crime e, quando
necessário, o rol das testemunhas.”

A prática do crime de estupro, tipificado no artigo 271-A do CP, via de


regra é processado mediante ação penal condicionada à representação do
ofendido ou seu representante legal.
Art. 217-A. Ter conjunção carnal ou praticar
outro ato libidinoso com menor de 14 (catorze)
anos: (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)
Pena - reclusão, de 8 (oito) a 15 (quinze) anos.
(Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)
§ 1o Incorre na mesma pena quem pratica as
ações descritas no caput com alguém que, por
enfermidade ou deficiência mental, não tem o
necessário discernimento para a prática do ato,
ou que, por qualquer outra causa, não pode
oferecer resistência. (Incluído pela Lei nº
12.015, de 2009)

Para configurar o delito de estupro, são admitidos dois sentidos da


palavra vulnerável: Menores de 14 anos ou pessoa que, por enfermidade ou
deficiência mental, não tenham o necessário discernimento para a prática do ato
sexual ou que, por qualquer outra causa, não se pode oferecer resistência.
O delito no artigo citado, somente com consuma se houver violência física real
ou grave ameaça, no intuito de ter conjunção carnal ou qualquer outro ato
libidinoso. Como consta na própria denuncia feita pelo Ministério Público.

O Ministério Público não pode propor a ação penal, uma vez que esta
é pública condicionada à representação em estupros praticados sem violência,
como se observa no relato dos fatos.
Portanto, falta a representação como condição de procedibilidade da Ação
Penal, devendo, então o presente processo ser rejeitado por faltar pressuposto
processual ou condição para o exercício da ação penal, mediante o que nos
apresenta o art. 225 do Código Penal, cominado com art. 38 do Código
de Processo Penal.
ST J: “R epresentação . A ação penal ,
dependente de representação, reclama
manifestação do ofendi do para atuação
do
Ministério Público. Sem essa iniciativa, a
ação penal nasce com vício in sanável ”.
(R STJ 104/436)

Observa-se, que o Ministério Público não é parte legítima para a


propositura da ação e m curso, pois, como foi narrado nos fatos , nem a
vítima nem a família dela quiseram dar ensejo ação penal.

TÍTULO III – DO MÉRITO


A ausência de incapacidade da suposta vítima, conforme
Inquérito Policial, não apresenta nenhuma comprovação de doença
mental.
Ressalta-se que a suposta vítima tinha vida social regular, e
seu relacionamento era notório para todos, inclusive aos familiares que
tinha conhecimento e consentiam com o relacionamento.
Na data do fato, a suposta vítima era maior, capaz, não
havendo violência, sendo consentida pela suposta vítima.
TÍTULO IV – DO PEDIDO

Diante todo o exposto, requer a vossa excelência:


I- A rejeição da denúncia por estar inepta, faltando assim termos
essenciais na peça exordial de dia, hora do fato atribuído ao
defendente em manifesto descompasso com o artigo 391 e
395 do CPP;
II- Ultrapassada a preliminar acima, requer a Vossa Excelência a
absolvição sumaria do réu, na forma do artigo 397, III do CPP,
vez que os fatos atribuídos não constituem crime;
III- No mérito, com fim da instrução processual, pela absolvição
do defendente na forma do artigo 386, III, CPP, vez que o fato
imputado não constitui infração penal;
IV- Como especificação de provas:
A- A intimação das testemunhas arroladas num rol anexo;
B- Que a suposta vitima seja submetida a pericia com o fim
de que seja mensurado a sua capacidade mental;
C- Que seja oficiado ao INSS para que informe se a suposta
vitima já foi afastada por doença mental de suas atividades
laborais;
D- Que seja oficiada a faculdade onde a suposta vitima estuda
para que informe se em seus registros constam alguma
anotação ou até mesmo episodio completo de limitação ou
doença mental da suposta vítima.

Protesta provar o alegado por todos os meios de provas,


documental, testemunha e demais meios de provas em direito admitidos.

Campos dos Goytacazes, 18 de agosto de 2018.

Termos que,
Pede deferimento

________________________________
Rol de testemunhas:

1- Nome, nacionalidade, estado civil, profissão e endereço;


2- Nome, nacionalidade, estado civil, profissão e endereço;
3- Nome, nacionalidade, estado civil, profissão e endereço;
4- Nome, nacionalidade, estado civil, profissão e endereço;
5- Nome, nacionalidade, estado civil, profissão e endereço;

Campos dos Goytacazes, 18 de agosto de 2018.

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