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ESCOLA DA MAGISTRATURA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO Turma: CPV B 22017 Disciplina/Matéria: DIREITO PROCESSUAL PENAL. Sessio: 05 - Dia 29/1 1/2017 - 08:00 as 09:50 Professor: ALVARO JOSE FERREIRA MAYRINK DA COSTA. 05 Tema: Incidentes de execugo. Conceito ¢ generalidades. Das conversdes (nogdes e espécies). Da anistia e do indulto. Requisitos e condigées. 1 QUESTA’ FELIX foi condenado as penas de 20 (vinte) anos, 6 (seis) meses, 29 (vinte € nove) dias de reclusio, em regime inicial fechado, pela pratica do crime de latrocinio. Em 05/04/2011, o Juiz da Vara de Execugdes Penais da Comarca da Capital indeferiu o pedido de comutagao de pena formulado por FELIX, com fundamento no Decreto n. 7.046/2009. Inconformada, a defesa de FELIX impetrou habeas corpus, no qual sustentou que a Constitui¢o Federal proibe a concessio de graga ou indulto para crime hediondo, sem que, fizesse mengdo a comutagao de pena; desse modo, na seara criminal, no se poderd, para a defesa, fazer interpretagfio extensiva do texto constitucional, para vedar o beneficio ao paciente, posto que a norma fundamental no o proibiu. A defesa afirmou ainda a clara ocorréncia de constrangimento ilegal softido pelo paciente, pois este preenche os requisitos exigidos pelo Decreto n. 7.046/2009 e nao registra falta disciplinar no periodo de prova consignado no édito concessivo, nao havendo qualquer causa que interrompesse o lapso temporal exigido para a obtengao do beneficio pleiteado, Com base na situagao hipotética acima descrita, esclarega se a ordem deve ser concedida, explicitando, para tanto, 0 posicionamento dos Tribunais Superiores acerca do tema em questio. DIREITO PROCESSUAL PENAL - CP08 - 05 - CPV - 2° PERIODO 2017 22/11/2017 - Pégina 1 de 14 ESCOLA DA MAGISTRATURA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO RESPOSTA: “PENAL E PROCESSO PENAL. RECURSO ESPECIAL. ESTUPRO. NATUREZA HEDIONDA DO DELITO. INCLUSAO NO ROL DOS CRIMES HEDIONDOS COM A LEIN. 8.072/90. DELITOS PRATICADOS EM CONTINUIDADE DELITIVA DESDE 1989 ATE 1994. APLICACAO DA SUMULA 711/STF. IMPOSSIBILIDADE DE CONCESSAO DOS BENEFICIOS DE INDULTO E COMUTACAO. PRECEDENTES. RECURSO PROVIDO. 1, Nao é admitida a concessio de indulto e comutacdo de pena a condenados pela pratica do delito de estupro, por se tratar de crime hediondo, consoante inteligéncia do art, 2°, 1, da Lei 772/90 e do Decreto n. 7.420/10. Precedente, 2. Firmou-se a jurisprudéncia desta Corte no sentido de que os delitos de estupro e de atentado violento ao pudor, nas suas formas simples e qualificada, estdo incluidos no rol de crimes hediondos desde a edigao da Lei n. 8.072/1990, nao se exigindo a ocorréncia de morte ou lesio corporal grave da vitima para que seja caracterizada a hediondez (AgRg no REsp 1187176/RS, Rel. Ministro Sebastizio Reis Junior, Sexta Turma, DJe 19/03/2012). 3. Tendo os delitos sido praticados desde o ano de 1989, prolongando-se até o ano de 1994, aplicavel a regra prevista na Simula n. 711/STF, segundo a qual a Lei penal mais grave aplica-se ao crime continuado ou ao crime permanente, se a sua vigéncia é anterior 4 cessagao da continuidade ou da permanéncia 4. Recurso especial provido para cassar o indulto concedido.” grifei (STJ. Sexta Turma, Resp 1.422.362/RJ. R 13/06/2017). “HABEAS CORPUS SUBSTITUTIVO DE RECURSO ORDINARIO. DESCABIMENTO. EXECUCAO DA PENA. COMUTACAG. REQUISITO OBJETIVO. CRIME HEDIONDO. IMPOSSIBILIDADE. 1. Os Tribunais Superiores restringiram o uso do habeas corpus € nao mais o admitem como substitutivo de recursos outros, nem sequer para as revisdes criminais, 2. A comutacao da pena é assemelhad: idulto. Por isso, expressamente v para aqueles que cometerem crimes hediondos, por forea de previsio constitucional (art. 5°, XLII. Paciente que cumpre pena pela pratica de latrocinio (art. 157, §3°, infine, r Ministro Nefi Cordeiro. Julgamento em DIREITO PROCESSUAL PENAL - CP08 - 05 - CPV - 2° PERIODO 2017 22/11/2017 - Pagina 2 de 14 ESCOLA DA MAGISTRATURA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO STS. IV. A incidéncia da minorante do § 4° do art. 33 da Lei 11.343/2006 nao afasta a natureza hedionda do delito - orientagdo confirmada, no julgamento do REsp 1.329.088/RS, de relatoria do Ministro Sebastiéo Reis Jinior, em 13/03/2013, sob o regime dos recursos representativos de controvérsia -, que obsta o deferimento dos beneficios de indulto e de comutagdo da pena - espécie de indulto parcial -, por expressa vedagao dos arts. 5°, XLIII, da Constituigdo Federal ¢ 2°, inciso I, da Lei 8.072/90. Precedentes do STJ. V. Agravo Regimental improvido.” grifei (STS. Sexta Turma, AgRg Julgamento em 19/03/2013). “AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO EXTRAORDINARIO. CONSTITUCIONAL E PENAL. CRIME HEDIONDO OU EQUIPARADO. IMPOSSIBILIDADE DE COMUTACAO QUAL SE NEGA PROVIMENTO. grifei (STF. Segunda Turma, RE 760.226 AgR/SP. Relatora Ministra Carmen 24/09/2013), “HABEAS CORPUS. CONSTITUCIONAL E PROCESSUAL PENAL. LATROCINIO. CRIME HEDIONDO. COMUTACAO DE PENA. DECRETO N, 7.046/2009. VEDACAO LEGAL. EXPRESSA. IMPOSSIBILIDADE. DENEGACAO DA ORDEM. 1. A jurisprudéncia deste Supremo Tribunal Federal é firme no sentido de que o instituto da graga, previsto no art. 5.°, inc. XLIII, da Constituigao Federal, engloba 0 indulto e a comutagao da pena, estando a competéncia privativa do Presidente da Republica para a concessio desses beneficios limitada pela vedagio estabelecida no referido dispositivo constitucional. Precedentes. 2. O Decreto n. 7.046/2009 dispde que a concessio dos beneficios de indulto e comutagao da pena nao alcanga as pessoas condenadas por crime hediondo, praticado apés a edigdo das Leis ns. 8.072/1990, 8.930/1994, 9.695/1998, 11.464/2007 e 12.015/2009. 3. Ordem denegada.” grifei (STF. Segunda Turma, HC 115,099/SP, Relatora Ministra Carmen Lticia. Julgamento em 19/02/2013). . Julgamento em 2° QUESTAO: Trata-se de Agravo em Execugdo interposto pela Defensoria Publica do Estado do Rio de Janeiro em face da decisdo que deixou de apreciar o requerimento de indulto formulado pela defesa, (com base no decreto presidencial do ano de 2011), por entender que, em caso de evasio ou estando foragido o apenado, a sua execugdo penal fica suspensa. A orientagiio do magistrado baseia-se no fato de que o apenado teve o seu livramento condicional revogado, por nao ter sido encontrado no enderego informado em agosto de 2012, mas ao apresentar novo endere¢o, reiniciou o cumprimento do beneficio. Todavia, o condenado ndo foi mais localizado e até a presente data est na condigao de foragido. ‘Argumenta a defesa que ndo obstante o apenado se encontrar foragido, é certo que deixar de apreciar pedido que tem por fundamento data anterior ao descumprimento do livramento condicional é deixar de prestar a jurisdigao. Ministério Publico pugna pelo desprovimento do agravo, aduzindo que 0 juizo, acertadamente, nao apreciou o pleito defensivo pois, estando o réu foragido, a execugao penal fica interrompida. ‘Com base na situago acima descrita, decida se o recurso deve ser provido. Resposta em, no mximo, 15 (quinze) linhas. DIREITO PROCESSUAL PENAL - CP08 - 05 - CPV - 2° PERIODO 2017 22/11/2017 - Pavina 4 de 14 ESCOLA DA MAGISTRATURA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO RESPOSTA: “AGRAVO EM EXECUCAO PENAL. RECURSO DA DEFESA HOSTILIZANDO DECISO QUE DEIXOU DE APRECIAR REQUESTO DE COMUTAGAO, PREVISTA NOS DECRETOS DE 2005 E 2006 E DE INDULTO, PREVISTO NO DECRETO DE 2007. O agravante cumpria Livramento Condicional e deixou de comparecer ao patronato para adimplir as condigdes do LC. iuiz da VEP, ao apreciar requesto de Comutacdo de Pena, deixou de aprecia-lo, “tendo em vista que, no estando o apenado cumprindo sua pena, a execuedo se encontra suspensa.” O descumprimento das condi¢gdes do Livramento Condicional ndo pode ser tido como bice 4 cleméncia presidencial. A concessio da comutagao ou do indulto fica subordinada unicamente a constatagao de inexisténcia de pratica de falta grave nos ultimos doze meses de cumprimento de pena, apurada na forma do art. 59 e seguintes, da Lei n.° 7.210/84. Assim, nada havendo de irregular no perfodo aquisitivo estabelecido nos decretos de referéncia, out niio hd, senio a concessio benesse, repita-se, caso adimplidas as condicdes i pelo Principe. Os requisitos exigidos para fins de indulto e/ou comutacio, devem ser_ itos dentro dos respectivos periodos aquisitivos, o que importa dizer que fatos posteriores aqueles marcos, tais como prtica e punieio por falta disciplinar grave e/ou cometimento de ilicitos penais, afiguram-se despiciendos para a anilise do pleito. A compreensio que pretende conferir 0 julgador ao texto normativo extrapola os limites da interpretago que Ihe cabe realizar, na medida em que impoe requisito néo estabelecido no decreto (execugdo suspensa), cuja elaborago é da competéncia discricionaria e exclusiva do Presidente da Republica, a teor do consubstanciado no art. 84, XII, da Constituigao Federal. Questo pacificada inclusive no STJ, que disponibilizou no informativo - de n2 00590 - recente julgado (HC 266.280-SP). RECURSO CONHECIDO, AO QUAL DOU PROVIMENTO, COM FULCRO NO ART. 557, § 1°-A, DO CPC, DE UTILIZACAO PERMITIDA PELO VERBETE 69, DESTE TRIBUNAL DE JUSTICA, BEMCOMO DIREITO PROCESSUAL PENAL - CP08 - 05 - CPV - 2° PERIODO 2017 22/11/2017 - Pagina 5 de 14 ESCOLA DA MAGISTRATURA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO talbeneficio deve ser concedido sempre que for observado que a pessoa condenada, durante 9 periodo estabelecido no decreto respectivo, possui todos os requisitos exigidos. Com outras palavras, mesmo se alguém tiver deixado de cumprir com esses requisitos posteriormente, 0 fato de ter apresentado tais condiedes até a data referida no decreto, autoriza o deferimento do benefici 4, Destarte, pela mesma razo, o requerimento defensivo no caso dos autos deve ser analisado, sob pena de se denegar jurisdigaio. 5. Provimento do recurso defensivo. grifei (TIRJ. Segunda Camara Criminal. Agravo de Execueio Penal n, 0049497-61.2012,8.19,0000. Relator Des. José inheiro Filho. Julgamento em 26/02/2013). 3* QUESTAO: O Ministério Péblico interpds Agravo de Execugo Penal contra a decisdo proferida pelo Juiz da Vara de Execugées Penais, que determinou a remessa ao érgao ministerial dos autos com pedido de indulto formulado pela defesa de GOLIAS, sem que antes tivesse sido ouvido 0 Conselho Penitenciério, ‘Aduz o agravante, em sintese, que seria indispensavel a prévia oitiva do Conselho Penitenciario nas hipoteses de concessdo de indulto e comutagdo, uma vez que suas atribuigdes ndo se configurariam em faculdades, mas em exigéncias. Por outro lado, argumenta que o Decreto Presidencial 8,172/2013 extrapolou os limites da discricionariedade conferida A Presidente da Republica por forca de mandamento constitucional, jé que dispde nfo sé quanto as hipéteses em que o indulto ¢ a comutagio de pena seréo concedidos, mas também sobre normas de carater processual. Posto isso, esclareca, fundamentadamente, se o recurso ministerial merece ser provido, DIREITO PROCESSUAL PENAL - CP08 - 05 - CPV - 2° PERIODO 2017 20/1017 - Paoina 7 do 1d ESCOLA DA MAGISTRATURA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO RESPOSTA: iigiugédéeaécalitEXECUCAO PENAL. HABEAS CORPUS IMPETRADO EM SUBSTITUICAO A RECURSO PROPRIO. INDULTO. OITIVA DO CONSELHO PENITENCIARIO PARA A CONCESSAO DO BENEFICIO. HIPOTESE NAO PREVISTA NO DECRETO PRESIDENCIAL N, 8.172/2013. HABEAS CORPUS NAO CONHECIDO. ORDEM CONCEDIDA DE OFICIO. 1, Esta Corte e 0 Supremo Tribunal Federal pacificaram orientago no sentido de que no cabe habeas corpus substitutivo do recurso legalmente previsto para a hipétese, impondo-se o nao conhecimento da impetragao, salvo quando constatada a existéncia de flagrante ilegalidade no ato judicial impugnado a justificar a concessio da ordem de oficio. 2, O Decreto n, 8.172/13, em seu art. 1°, XIII, concede indulto aos ‘com sursis, que tenham cumprido 1/4 (um quarto) condenados, nio reincidentes, pena. Nao hi previsio para rr 3. E competéncia privativa do Presidente da Republica definir quais os requisitos para a concessiio da benesse, nio podendo o julgador criar novos, sob pena de afronta aos principios da legalidade e da separacdo dos poderes. Precedentes. 4, Habeas corpus no conhecido. Ordem concedida de oficio, para restabelecer a decistio do Juizo das Execug6es Penais, que, com fundamento no Decreto 8.172/2013, afastou a necessidade de parecer prévio do conselho penitencidrio para apreciagao do pedido de indulto.” grifei {STJ. Quinta Turma, HC 324,965/RJ. Relator Ministro Ribeiro Dantas, Julgamento em 01/09/2016). “AGRAVO DE EXECUCAO PENAL. INCONFORMISMO. DIREITO PROCESSUAL PENAL - CP08 - 05 - CPV - 2° PERIODO 2017 22/11/2017 - Pagina 8 de 14 ESCOLA DA MAGISTRATURA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO demonstragtio deviolagao de normas constitucionais ou infraconstitucionais, de cariter abstrato e geral. Pelo exposto, voto pelo CONHECIMENTO ¢ DESPROVIMENTO do recurso interposto.” Grifei (TIRS. Oitava Camara Cri Agravo de Execucio Penal n. 0021063-91.2014.8.19.0000. Relatora Des. Elizabete Alves de Aguiar. Julgamento em 28/05/2014), 4° QUESTAO: O Juiz de Direito da Vara de Execugdes Penais, em decistio protatada em 17/06/2014, indeferiu o pedido de comutagao de penas formulado por TAO BEZERRA sob o fundamento de que 0 reeducando cometeu falta grave em 05/11/2012, o que obstaria a concessdo da comutago, na forma do disposto no artigo 4° do Decreto Presidencial 7.873/2012. (Art. 49 - A declaragdo do indulto e da comutagdo de penas previstos neste Decreto fica condicionada a inexisténcia de aplicagdo de sangao, homologada pelo juizo competente, em audiéncia de justificagao, garantido o direito ao contraditorio ea ampla defesa, por falta disciplinar de natureza grave, prevista na Lei de Execucdo Penal, cometida nos doze meses de cumprimento da pena, contados retroativamente & data de publicagdo deste Decreto.) . Imesignada, a defesa de TIAO BEZERRA impetrou habeas corpus perante o Tribunal de Justiga do Estado do Rio de Janeiro, em que afirmou que a falta grave ocorrida em 05/11/2012 somente foi homologada em 31/03/2014, posteriormente & publicagdio do decreto, o que inviabiliza 0 indeferimento, pois como nao houve homologacdo judicial, em tempo habil, no periodo estabelecido no Decreto Presidencial, ha que ser concedida a comutagao. Aduziu, ainda, que o paciente cumpriu o lapso exigido, como também nao praticou falta de natureza grave nos tiltimos doze meses, preenchendo, assim, as condigdes impostas no referido decreto. Requereu, dessa forma, a concessio da comutagilo de penas referente ao Decreto 7.873/2012, uma vez que preenche as condigdes previstas na citada norma. Com base na situagao hipotética acima descrita, esclareca, fundamentadamente, se a ordem de habeas corpus deve ser concedida. DIREITO PROCESSUAL PENAL - CPO8 - 05 - CPV - 2° PERIODO 2017 DONIONT - Paoina 11 de 14 ESCOLA DA MAGISTRATURA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO RESPOSTA: “Habeas corpus. Penal ¢ Processual Penal. Impetrago dirigida contra decisdo monocratica do relator de habeas corpus no Superior Tribunal de Justiga. Decisao nao submetida ao crivo do colegiado. Auséncia de interposi¢ao de agravo interno. Nao exaurimento da instancia antecedente. Obice ao conhecimento do writ. Precedentes. Possibilidade de anélise da questao, de oficio, nos casos de flagrante ilegalidade, abuso de poder ou teratologia. Nao ocorréncia. Deereto n° 7.872/12. Comutacio de pena. Indeferimento. Admissibilidade, Falta grave. Pritica nos doze meses ublicacio do decreto em questio. Homologaco judicial apés esse prazo. Inrelevancia. Nao conhecimento do habeas corpus. 1. Ndo se admite, por falta de exaurimento da insténcia antecedente, a impetrago de habeas corpus contra decisio monocrattica do relator da causa no Superior Tribunal de Justica ndo submetida ao crivo do colegiado por intermédio do agravo interno. Precedentes. 2. Nao obstante a hipétese de no conhecimento da impetracdo, nada impede que o Supremo Tribunal analise, de oficio, a questo, nos casos de flagrante ilegalidade, abuso de poder ou teratologia, o que nio se verifica na espéci Nos termos do art. 4°, caput, do Decreto n° de penas previstos neste Decreto fica condi homologada pelo juizo competente, em contraditério ¢ A ampla defesa, por falta nay “a declaracio do indulto e da comutacio inexisténcia de aplicagao de sancio, a stificacio, garantido o direito a0 disciplinar de natureza grave, prevista na Lei de Execucio Penal, cometida nos doze meses de cumprimento da pena, contados retroativamente & data de publicacio deste Deereto”. 4, Cinge-se a controvérsia a determinar se a homologacio judicial da aplicacio de sane’o por DIREITO PROCESSUAL PENAL - CP08 - 05 - CPV - 2° PERIODO 2017 22/11/2017 - Pagina 12 de 14 ESCOLA DA MAGISTRATURA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO Turma: CPV B 22017 Disciplina/Matéria: DIREITO PROCESSUAL PENAL Sessio: 07 - Dia 30/11/2017 - 08:00 as 09:50 Professor: ELISA RAMOS PITTARO NEVES 07 Tema: Teoria geral das nulidades. Evolugdo da teoria das nulidades. Invalidade ¢ ineficécia dos atos processuais. Formas e atipicidade dos atos processuais. Principios Constitucionais ¢ a ineficdeia dos atos processuais. Sistemas de nulidades no processo penal. Momento de reconhecimento. Formas de argiiicao. Efeitos. 1° QUESTAO: DANIEL GRAYSON foi denunciado pela suposta pratica dos crimes previstos nos art. 121, §2°, Il, CP e art. 14, caput, da Lei 10.826/03, porque no dia 16/02/2004 efetuou disparos de arma de fogo de uso permitido contra EMILY THORNE, causando-Ihe a morte. Submetido a julgamento perante o Conselho de Sentenga, DANIEL GRAYSON foi condenado pela pratica do delito descrito no art. 121, §2°, Il, CP, a pena de 12 (doze) anos e 6 (seis) meses de reclusio, em regime fechado, e pelo crime previsto no art. 14 da Lei 10.826/03, a pena de 2 (dois) anos de reclusio, em regime aberto. Contra esta decisdo, a defesa interpds recurso de apelago, no qual sustentou a nulidade absoluta do julgamento, em virtude da auséncia de quesitagdo sobre a tese defensiva referente & consungiio do crime de porte de arma de fogo pelo delito de homicidio. Considerando os fatos como verdadeiros, esclarega, fundamentadamente, se 0 recurso defensivo deve ser provido, abordando, ainda, os principios que orientam as nulidades no processo penal. DIREITO PROCESSUAL PENAL - CP08 - 05 - CPV - 2° PERIODO 2017 22/11/2017 - Pagina 1 de 14 ESCOLA DA MAGISTRATURA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO RESPOSTA: Siimula 156, STF: obrigatério.” E absoluta a nulidade do julgamento, pelo Siri, por falta de quesito “PROCESSO PENAL. HABEAS CORPUS. I. IMPETRAGAQ SUBSTITUTIVA DO RECURSO PROPRIO. NAO CABIMENTO. 2, TRIBUNAL DO JURI, NULIDADE DE ISPARO UNICO. QUESITO QUE PERQUIRE SOBRE DISPAROS. IMPRECISAO QUE NAO PREJUDICA A COMPREENSAO DOS JURADOS. AUSENCIA DE NULIDADE. 4. CONDENACAO MANIFESTAMENTE CONTRARIA A PROVA DOS AUTOS. NAO OCORRENCIA. IMPOSSIBILIDADE DE REVOLVER FATOS E PROVAS. 5. HABEAS CORPUS NAO CONHECIDO. 1. O Supremo Tribunal Federal e o Superior Tribunal de Justiga, diante da utilizagfo crescente ¢ sucessiva do habeas corpus, passaram a restringir sua admissibilidade quando 0 ato ilegal for passivel de impugnaco pela via recursal propria, sem olvidar a possibilidade de concessio da ordem, de oficio, nos casos de flagrante ilegalidade. 2, O art, 484, caput, do Cédigo de Processo Penal estabelece que, apés a leitura dos quesitos pelo Juiz-Presidente, "indagaré das partes se tém requerimento ou reclamacéo a fazer", 0 que deve constar em ata. Portanto, tem-se que "a alegacio de nulidade por vicio na quesitacio deverd ocorrer no momento oportuno, isto é, apés a ‘dos quesitos ¢ a explicacio dos critérios pelo Juiz-presidente, sob pena de preclusio, nos termos 571 do CPP" (HC 217.865/RJ, Rel. Mi tro Rogerio Schietti Cruz, Sexta Turma, DJe 24/05/2016). 3. Embora a vitima tenha sido atingida por apenas um disparo de arma de fogo, tem-se que a proposicao que perquire se a vitima foi atingida por disparos de arma de fogo nao torna o quesito impreciso a ponto de impedir a compreensio dos jurados. Ademais, consta efetivamente dos autos que foram feitos disparos, apesar de apenas um ter atingido a vitima. Dessarte, ndo hi se falar em nulidade da quesitagao, principalmente porque nao se vislumbra qualquer prejuizo para a paciente. Como é cedigo, "quando se fala em nulidade de ato processual,a d DIREITO PROCESSUAL PENAL - CP08 - 05 - CPV - 2° PERIODO 2017 22/11/2017 - Pagina 2 de 14 ESCOLA DA MAGISTRATURA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO nd se declara a nulidade absoluta sem que haja resultado prejuizo para qualquer das partes (pas de nullité sans grief). Principio do interesse - disposto no art. 565, 2* parte, do CPP, significa que somente a parte prejudicada poder alegar a nulidade. Principio da convalidacio - proprio das nulidades relativas, a convalidagio ocorre se niio arguidas ‘no momento correto, gerando-se, com isso, a preclusto da oportunidade para fazé-lo. Estd prevista no art. 572, I, do CPP, que trata das nulidades sandveis. Principio da extensio, sequencialidade, causalidade ou contaminacio - este principio encontra-se disposto no art. 573, §1°, do CPP, segundo o qual a nulidade de um ato ocasiona a nulidade dos que Ihe forem consequéncia ou decorréncia. {AVENA, Noberto. Processo Penal Esquematizado, 6. ed, rev., atual ¢ ampl. Sio Paulo: Editora Método. pag. 1.054-1.058), 2° QUESTAO: Consta dos autos que CHAVES foi condenado, em primeira instancia, 4 pena de 07 (sete) anos, 11 (onze) meses e 8 (oito) dias de reclusio, em regime inicial fechado, ¢ ao pagamento de 788 (setecentos ¢ oitenta e oito) dias-multa, por violagio ao art. 33, caput c/c art. 40, III, ambos da Lei 11,343/06. Isto porque foi surpreendido trazendo consigo, sem autorizagao e em desacordo com determinagao legal, 41 invélucros contendo "maconha'", com peso bruto aproximado de 95g e 100 invélucros contendo "crack" com preso bruto aproximado de 35 g. Inconformada, a defesa interpds recurso de apelagdo perante o Tribunal local, que, por sua vez, negou provimento ao recurso. Contra esse acérdio, a defesa impetrou habeas corpus, no qual sustentou, em suma, a nulidade da ago penal que condenou o paciente, tendo em vista que a oitiva do réu ocorreu em momento anterior 4 das testemunhas. ‘Com base no exposto, esclarega se a ordem deve ser concedida ¢ indique o dispositivo legal aplicavel 0 caso. Justifique a resposta em, no maximo, 15 (quinze) linhas. DIREITO PROCESSUAL PENAL - CP08 - 05 - CPV - 2° PERIODO 2017 22/11/2017 - Pagina 5 de 14 ESCOLA DA MAGISTRATURA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO RESPOSTA: “HABEAS CORPUS SUBSTITUTIVO DE RECURSO PROPRIO. INADEQUACAO DA VIA ELEITA. TRAFICO ILICITO DE ENTORPECENTES. ART. 33 DA LEI 11.343/2006. PACIENTE CONDENADO A PENA CORPORAL DE 5 ANOS DE RECLUSAO, NO REGIME INICIAL FECHADO. APLICACAO DO PROCEDIMENTO ESPECIAL PREVISTO NOS ARTIGOS 57 E SEGUINTES DA LEIN. 11.343/2006. INTERROGATORIO NO INICIO DA INSTRUCAO. NULIDADE. REJEICAO. NAO INCIDENCIA, A EPOCA, DO NOVO ENTENDIMENTO DO STF (HC N. 127.900). ALEGADA INCOMPETENCIA DOS GUARDAS MUNICIPAIS PARA EFETUAR PRISAO EM FLAGRANTE. PERMISSIVO DO ART. 301 DO CPP. INOCORRENCIA. TRAFICO PRIVILEGIADO. TRIBUNAL LOCAL QUE, EM SEDE DE RECURSO DA ACUSACAO, EXCLUIU A APLICACAO DO REDUTOR PREVISTO NO § 4° DO ART. 33 DA LEI N. 11,343/2006, CIRCUNSTANCIAS CONCRETAS QUE EMBASAM A CONCLUSAO DE QUE 0 PACIENTE DEDICA-SE AS ATIVIDADES CRIMINOSAS. REEXAME FATICO-PROBATORIO. IMPOSSIBILIDADE. SUBSTITUICAO POR MEDIDAS RESTRITIVAS DE DIREITOS. INVIABILIDADE. MONTANTE DA PENA QUE NAO PERMITE O BENEFICIO. REGIME FECHADO. POSSIBILIDADE. QUANTIDADE, VARIEDADE E NATUREZA DAS DROGAS QUE APONTAM A GRAVIDADE CONCRETA DO CRIME. FUNDAMENTAGAO IDONEA. CONSTRANGIMENTO ILEGAL NAO EVIDENCIADO. HABEAS CORPUS NAO CONHECIDO. =O Supremo Tribunal Federal, por sua Primeira Turma, e a Terceira Seco deste Superior Tribunal de Justiga, diante da utilizagao crescente e sucessiva do habeas corpus, passaram a restringir a sua admissibilidade quando o ato ilegal for passivel de impugnagao pela via recursal propria, sem olvidar a possibilidade de concessio da ordem, de oficio, nos casos de flagrante ilegalidade. +E certo que este Tribunal Superior vinha proferindo entendimento no sentido de que o procedimento previsto no artigo 57 ¢ pardgrafos da 1 prevalecia sobr i ‘no artigo 400 do Cédigo de Processo Penal, em observancia ao principio da pe Contudo, o Supremo Tribunal Federal, por seu Plendrio, no julgamento do HC n. 127.900/AM, Rel. Min, DIAS TOFFOLL, julgado em 3/3/2016, ¢ publicado no DIREITO PROCESSUAL PENAL - CP08 - 05 - CPV - 2° PERIODO 2017 22/11/2017 - Pagina 6 de 14 ESCOLA DA MAGISTRATURA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO prescindivel afastar a suficiéncia do conjunto probatério assentada no Superior Tribunal Militar para a condenacdo do Paciente, a demandar o reexame dos fatos e das provas dos autos, a0 que ndo se presta o habeas corpus. 3. A auséncia do auto de apreensio constitui imregularidade nao impeditiva da comprovagao da materialidade delitiva na espécie. 4. O Plenario deste Supremo Tribunal, controvérsia sobre o tema, julgou o Habeas Corpus n. 127.900 ¢ decidiu que o art. 400 do Cédigo de Processo Penal, alterado pela Lei n. 11.719/2008, aplica-se aos processos penais na Justica Militar, nfio devendo esse entendimento ser aplicado aos processos nos quais {4 realizado a interrogatério, como se tem na espécic, 5. Ordem denegada.” grifei (STF. Segunda Turma. HC 134.108/BA. Relatora 31/08/2016), Julgamento em 3° QUESTAO: MESSI foi denunciado como incurso nas sangdes do art. 316, caput, do Cédigo Penal. Segundo a dentincia, no dia 20 de novembro de 2013, na Casa de Albergado Cumpre Pena, em horario nao determinado nas investigagées policiais, nesta cidade, o denunciado exigiu, para si, em razio da sua fungdo, da vitima KLOSE, a quantia de RS 700,00 (setecentos Reais). Na ocasiéo, o denunciado exigiu da vitima a quantia supramencionada para permitir saida desta do albergue, onde a vitima cumpre pena e o denunciado ¢ lotado como agente penitenciério. ‘A deniincia foi recebida em 11 de dezembro de 2013. 0 réu foi citado e apresentou resposta a acusagdo, com rol de testemunhas. Em audiéncia de instrugdo e julgamento foram inquiridas a vitima, testemunhas da acusagio e da defesa e interrogado o réu. As partes ndo requereram diligéncias. Sobreveio sentenga que julgou procedente a deniincia para condenar MESSI como incurso no artigo 316, caput, do Cédigo Penal, a pena de 2 (dois) anos de reclusdo ¢ 30 (trinta) dias-multa, a ser ‘cumprida em regime aberto, substituida a pena carcerdria por duas penas restritivas de direitos consistentes em prestago de servigos & comunidade e prestagao pecunidria no valor de 10 (dez) salatios minimos. Inconformada, a defesa de MESSI interpés recurso de apelaco, no qual sustentou a nulidade do processo em face da ndo oportunizagao do oferecimento da defesa preliminar prevista no artigo 514 do Cédigo de Processo Penal. Com base no entendimento do Superior Tribunal de Justia, esclarega se 0 recurso defensivo merece ser acolhido. Resposta devidamente fundamentada. DIREITO PROCESSUAL PENAL - CP08 - 05 - CPV - 2° PERIODO 2017 22/11/2017 - Pagina 12 de 14 ESCOLA DA MAGISTRATURA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO RESPOSTA: “HABEAS CORPUS. SUBSTITUICAO AO. RECURSO. PROPRIO. INVIABILIDADE. FLAGRANTE, ILEGALIDADE. INOCORRENCIA. OMISSAO. INEXISTENCIA. ART. 514 DO CPP. PRECLUSAO. SUMULA N° 330/STJ. CONCUSSAO. CRIME FORMAL. DESNECESSIDADE DE PERICIA. COMPROVAGAO DA EXIGENCIA DE VANTAGEM INDEVIDA. DEMONSTRACAO- DO DOLO. EXAME APROFUNDADO DAS PROVAS. VEDACAO. NAO CONHECIMENTO. 1. Tratando-se de habeas corpus substitutivo de recurso proprio, invidvel o seu conhecimento. 2, Se 0 Tribunal de origem, no julgamento da apelagdo e dos embargos de declaragfo, enfrentou todas, as teses suscitadas pela Defesa, nao ha falar em omissao. 3, Eventual irregularidade relativa & inobservancia do art, deve ser alegada na primeira oportunidade, sob pena de preclusio, Ademais, "é desnecessaria a Tesposta preliminar de que trata o artigo 514 do Cédigo de Processo Penal, na acdo penal instruida por inquérito policial" (Simula 330/STJ). ipdtese em que a Corte estadual demonstrou que as provas produzidas comprovaram a materialidade e autoria do crime, inclusive 0 dolo da paciente, no sendo possivel um reexame nesta via estreita para se chegar a conclusao diversa. O Tribunal de origem indicou ter sido comprovada pelas testemunhas a exigéncia da vantagem indevida. Nao se faz necessério, para a configuragao do delito, a apuragdo do valor exato do prejuizo sofrido pelas vitimas. 5. Tratando-se de crime formal, que ndo deixa vestigios e se consuma com a simples exigéncia da vantagem indevida, nao ha falar em violagdo do art. 158 do Cédigo de Processo Penal. 6. Habeas corpus no conhecido.” 514 do Cédigo de Processo Penal |, Sexta Turma. HC 356,006/SC, Relatora Ministra Maria Thereza de Assis Moura. Julgamento em 01/09/2016). “RECURSO ESPECIAL. PENAL E PROCESSO PENAL. CONCUSSAO. OFENSA AO ART. 514 DO CPP. ACORDAO EM CONFORMIDADE COM A JURISPRUDENCIA DESTA CORTE. SUMULA 330/STJ. ABSOLVICAO. SUFICIENCIA DAS PROVAS PARA A CONDENACAO. SUMULA 7/STJ. PRECEDENTES. AUSENCIA DE PREQUESTIONAMENTO. SUMULA 2U/STJ. 1. A inobservancia do procedimento previsto no artigo 514 do Cédigo de Processo Penal gera, t&o-somente, nulidade relativa, que, além de dever DIREITO PROCESSUAL PENAL - CP08 - 05 - CPV - 2° PERIODO 2017 22/11/2017 - Pagina 13 de 14 erarguida no momento oportuno, exige a demonstracio do efetivo prejuizo dai decorrente. 2 Deacordo com é ‘a Fesposta preliminar de que trata o artigo 514 do Cédigo de Processo Penal, na aco penal instruida com inguérito polici 3. 0 acolhimento das alegagSes do recorrente de que 0 conjunto probatério ndo da base 4 condenago demandaria a alterago das premissas fatico-probatérias estabelecidas na instancia ordindria, o que é vedado em sede de recurso especial, nos termos do enunciado da Sumula 7/STJ. 4, A oposigdo de embargos declaratérios ndo é suficiente para suprir o requisito do prequestionamento, sendo indispensdvel 0 efetivo exame da questo pelo acérdao recorrido, em atengdo ao disposto no artigo 105, inciso II], da Constituigdo Federal, de modo a se evitar a supresstio de instancia 5. Agravo regimental improvido.” grifei (STJ. Sexta Turma, AgRg no Resp 1.209.625/ES, Relatora Ministra Maria Thereza de Assis Moura. Julgamento em 13/08/2013). DIREITO PROCESSUAL PENAL - CP08 - 05 - CPV - 2° PERIODO 2017 22/11/2017 - Pagina 14 de 14 ESCOLA DA MAGISTRATURA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO Turma: CPV B 22017 Disciplina/Matéria: DIREITO PROCESSUAL PENAL ‘Sessdo: 06 - Dia 29/11/2017 - 10:10 as 12:00 Professor: ALVARO JOSE FERREIRA MAYRINK DA COSTA 06 Tema: Do procedimento judicial: procedimento, iniciativa e processamento. Do agravo em execuedo. Jurisprudéncia. 1° QUESTAO: JOAO, condenado ¢ jé tendo a sentenga transitado em julgado, tem sua pena unificada de maneira irregular, segundo o entendimento de seu defensor, pelo que dispde a legislagdo vigente. Interposto agravo em execugio, as razdes do citado recurso sio apresentadas extemporaneamente. Diante disso, © Ministério Piblico requer a declaragao de intempestividade do recurso interposto, tendo em vista que as razdes do inconformismo seriam imprescindiveis para que o julgador pudesse conhecer 0 ponto falho da decisio atacada, bem como para que o Juiz prolator da decisdo possa, se for 0 caso, se retratar. Com base no exposto, decida sobre 0 conhecimento do recurso. Resposta devidamente fundamen DIREITO PROCESSUAL PENAL - CP08 - 05 - CPV - 2° PERIODO 2017 22/11/2017 - Pagina | de 9 ESCOLA DA MAGISTRATURA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO RESPOSTA: O tema é controvertido, jé que 0 agravo nao possui rito definido pela Lei de Execugdes Penais, sendo que a doutrina aponta basicamente para duas posigdes. Uma corrente sustenta que, inexistindo no Codigo de Processo Penal qualquer recurso de agravo, deve 0 agravo em execugio ser processado conforme as normas que disciplinam o agravo de instrumento na forma do Cédigo de Processo Civil. A outra posigio é a que a matéria deve ser informada pelo Cédigo de Processo Penal, por forga do artigo 2° da Lei de Execugdes Penais, e, portanto, o rito a ser observado é 0 do recurso em sentido estrito. Conquanto existentes as divergéncias doutrinarias sobre o tema, o STJ, ao interpretar 0 artigo 2° da Lei de Execugdes Penais, fixou entendimento no sentido de que se aplica ao recurso de agravo o rito do recurso em sentido estrito, previstos nos artigos 581 e seguintes do Cédigo de Processo Penal. Diante de tal assertiva, ha que se concluir pela desnecessidade da tempestividade das razes para 0 conhecimento do agravo em execugdo, assim como ocorre com o recurso em sentido estrito, conforme doutrina e jurisprudéncia esmagadoramente majoritaria. Diante do exposto, deverd o magistrado conhecer do recurso e julgar-Ihe o mérito. “(...) No inicio, entendeu-se que o procedimento do recurso de agravo introduzido pelo artigo 197 da Lei de Execugio Penal deveria ser, por aplicago analégica, o previsto nos artigos 522 a $29 do diploma processual civil. Assentou-se, contudo, com base no artigo 2°, da LEP, que manda buscar sua estrutura procedimental no Cédigo de Processo Penal, que se adota o mesmo procedimento do recurso em sentido estrito (STF, Stimula 700; ..)." (PRADO, Luiz Regis: HAMMERSCHMIDT, Denise; MARANHAO, Douglas Bonaldi; COIMBRA, Mario, Direito de Execucio Penal. 3 ed. rev., atual. ¢ ampl. Séo Paulo: Revista dos Tribunais, 2013, pag. 291). “AGRAVO EM EXECUCAO. LIVRAMENTO CONDICIONAL SUSPENSO. EXTINCAO DA PUNBILIDADE. IMPOSSIBILIDADE. 1, Preliminar defensiva, Razdes do Ministério Pil empestivas. Pleito defensivo, de reconhecimento da intempestividade da apresentacdo das razBes do agravo pelo Parquet, que ndo merece prosperar. A apresentacio extempordnea das razies recursais constitui mera irregularidade. Interposic&o do agravo tempestiva, Recurso conhecido. Preliminar rejeitada. 2: Livramento Condicional: Suspensio. Tendo sido suspenso o benefcio do livamento condicional. em face do cometimento de novosdelitos, p DIREITO PROCESSUAL PENAL - CP08 - 05 - CPV - 2° PERIODO 2017 22/11/2017 - Pagina 2 de 9 ESCOLA DA MAGISTRATURA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO elo beneficidrio, durante 0 periodo de prova, a extingdo da punibilidade somente poderia advir depois do trnsito em julgado dos processos originados - art. 145 da LEP. Desimporta que a suspensio tenha sido decretada alguns dias depois do termo final previsto para o cumprimento da pena, considerando que o cometimento de trés novos roubos majorados, no periodo de prova, impediam a declaragdo de extingdo da punibilidade, em razio do descumprimento, pelo apenado, das condigdes impostas para 0 gozo da liberdade condicionada, Decisdo monocratica reformada. Suspensio do beneficio do livramento condicional restabelecida. PRELIMINAR DA DEFESA REJEITADA. AGRAVO EM EXECUCAO PROVIDO. DECISAO QUE EXTINGUIU A PUNIBILIDADE DO RECLUSO REFORMADA. SUSPENSAO DO BENEFICIO DO LIVRAMENTO CONDICIONAL RESTABELECIDA, ATE DECISAO FINAL NO PROCESSO ORIGINADO.” grifei (TJRS. Oitava Camara Criminal. Agravo n, 70060972718, Relatora Des. Fal Julgado em 10/09/2014), “AGRAVO DE EXECUCAO PENAL - PRELIMINAR DEFENSIVA DE NAO CONHECIMENTO DO RECURSO - INTEMPESTIVIDADE ‘AO EXTEMPORANEA DE RAZOES RECURSAIS - MERA IRREGULARIDADE QUE NAO IMPEDE 0 CONHECIMENTO DO RECURSO - PRELIMINAR DE NULIDADE - DECISAO CONCESSIVA DE PRISAO DOMICILIAR - AUSENCIA DE OITIVA DO MINISTERIO PUBLICO - PERDA OBJETO - TRANSFERENCIA DO FEITO PARA COMARCA COM CASA DE ALBERGADO - REVOGACAO DA PRISAO DOMICILIAR - PROGRESSAO PARA O REGIME ABERTO - EXAME CRIMINOLOGICO - DESNECESSIDADE - NAO OCORRENCIA DE FALTA GRAVE - PRESENCA DOS REQUISITOS OBJETIVOS E SUBJETIVOS. PRELIMINAR DEFENSIVA REJEITADA, PRELIMINAR MINISTERIAL DE NULIDADE PREJUDICADA. RECURSO NAO PROVIDO. 1. A apresentacio posterior das razies recurs: mera irregularidade sem o condio de impedir o conhecimento do recurso. 2. Ocorrendo a transferéncia do feito executivo para Comarca que disponha de Casa de Albergado, com conseqtiente revogagao da prisdo domiciliar, resta prejudicada a preliminar de nulidade da decisio que concede tal benesse. 3. Cumprido 0 requisito objetivo e nao evidenciado o cometimento de falta grave ou circunstancia que inquine a conduta do reeducando, desnecesséria a realizagdo de exame criminolégico, nao constituindo a gravidade do crime, por si s6, argumento plausivel a ensejar realizagio do referido. 4, Nao se mostra razoavel exigir prévia comprovagio de atividade laborativa para a concessfio de progressao de regime, eis que atualmente nem mesmo as pessoas sem antecedentescriminais tem facilidade em encontrar trabalho, que se dir daquelas com 0 DIREITO PROCESSUAL PENAL - CP08 - 05 - CPV - 2° PERIODO 2017 22/11/2017 - Pagina 3 de 9 ESCOLA DA MAGISTRATURA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO passadomaculado.” grifei (TJMG. Agravo em Execucio Pen: Soares. Julgamento em 12/06/2012 096872-4/001, Relator Des. Rubens Gabriel “AGRAVO EM EXECUCAO, RECURSO DEFENSIVO. RAZOES INTEMPESTIVA: IMPEDEM Q CONHECIMENTO DO RECURSO. REJEICAO DA PRELIMINAR CONTRARRECURSAL. PEDIDO DE LiVRAMENTO CONDICIONAL INDEFERIDO. 0 JUIZ NAO ESTA ADSTRITO AO ATESTADO DE COMPORTAMENTO, QUE GERA PRESUNCAO RELATIVA DO MERITO SUBJETIVO. FUNDAMENTOS DA DECISAO HOSTILIZADA QUE O ARRAZOADO RECURSAL NAO LOGRA DESAUTORIZAR. DECISAO MANTIDA. Preliminar contrarrecursal rejeitada. Recurso conhecido e desprovido.” grifei Trecho do acérdao acima mencionado: “od A iinterposigao ocorreu tempestivamente e 0 oferecimento de razdes fora do prazo nao impede o conhecimento. Ora, se 0 artigo 601 do Cédigo de Processo Penal determina a remessa do recurso, com as razées ou sem elas, é porque elas no constituem pressuposto de admissibilidade, 0 que é pacifico em doutrina e jurisprudéncia, aliés.” "PROCESSUAL PENAL. AGRAVO EM EXECUCAO. RITO. APLICACAO ANALOGICA DAS DISPOSICOES DO RECURSO EM SENTIDO ESTRITO. APRESENTACAO INTEMPESTIVA ES RECURSAIS. MERA IRREGULARIDADE, CONHECIMENTO DA SUPLICA. 1 Ao agravo em execucdo devem ser aplicadas, analogicamente, as disposigdes do recurso em sentido estrito, apresentando-se, por isso mesmo, como mera irregularidade, a apresentagao intempestiva das razes recursais. Precedentes do STJ. 2.- Recurso especial conhecido e provido para que o Tribunal de origem julgue o mérito do agravo em execugio". grifei {STJ. Sexta Turma. Resp 216866/PR. Relator Ministro Fernando Goncalves. Julgamento em 24/04/2001). 2° QUESTAO: GIRAFALES foi condenado a pena de 3 (trés) anos de reclusdo, substituida por pena restritiva de direitos, consistente em prestagdo de servigos a comunidade, iniciando o cumprimento em 30/11/2010. Em 14/02/2013, 0 Juizo da Vara de Execugdes Penais proferiu decisdo na qual declarou extinta a pena restritiva de direitos, em virtude do sentenciado ter sido alcangado pelo indulto presidencial, nos termos do Decreto 7.873/2012, Irresignado, o Ministério Publico interpés recurso de agravo em execugo, uma vez que a decistio impugnada contrariou tanto a Lei de Execugdo Penal como o Decreto presidencial, posto que ambos exigem a prévia oitiva do Conselho Penitenciério para a concessio de indulto ou comutago de penas. Impetrou, ainda, mandado de seguranga para que fosse conferido efeito suspensivo ao aludido recurso. Apreciando o remédio constitucional, o Tribunal de Justica concedeu a ordem a fim de dar efeito suspensivo ao agravo em execugao interposto pelo érgio ministerial, para que GIRAFALES aguarde a decisdo do recurso cumprindo sua pena, ‘Com base na situagao hipotética acima descrita, esclarega, fundamentadamente, se a decisio proferida pelo Tribunal de Justiga encontra-se em consoniincia com o entendimento do Superior Tribunal de DIREITO PROCESSUAL PENAL - CPO8 - 05 - CPV - 2° PERIODO 2017 22/11/2017 - Pagina 4 de 9 ESCOLA DA MAGISTRATURA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO RESPOSTA: “EXECUCAO PENAL. HABEAS CORPUS. MANDADO DE SEGURANCA BUSCANDO ATRIBUIR EFEITO SUSPENSIVO A AGRAVO EM EXECUCAO. AUSENCIA DE. PREVISAO LEGAL. PRECEDENTES. CONSTRANGIMENTO ILEGAL EVIDENCIADO. ORDEM CONCEDIDA. 1, Dispée o art. 197 da Lei de Execugdes Penais: "Das decisées proferidas pelo Juiz cabera recurso de agravo, sem efeito suspensivo.” 2. E cabivel a impetragaio de mandado de seguranca na esfera criminal, desde que preenchidos os requisitos autorizadores previstos no art. 5°, LXIX, da Constituigao Federal. Esta ivel mandado de seguranca para pe 0 @ agravo Ty rposto pelo Ministério Puiblico. 4. Ordem concedida para cassar 0 acérdao proferido nos autos do Mandado de Seguranga n. 2226007- 89.2015.8.26.0000.” grifei Dantas. Julgamento em 02/06/2016). “HABEAS CORPUS. AGRAVO EM EXECUCAO INTERPOSTO PELO PARQUET. IMPETRACAO DE MANDADO DE SEGURANCA PARA A OBTENCAO DE EFEITO SUSPENSIVO, SEGURANCA LOGRADA. ILEGALIDADE MANIFESTA. RECONHECIMENTO. ORDEM CONCEDIDA. 1. No sistema recursal processual penal, a destinagdo de efeito suspensivo obedece a uma légica que presta reveréncia aos direitos e garantias fundamentais, iluminada pelo devido processo legal. Nesse contexto, segundo a jurisprudéncia desta Corte, revela constrangimento ilegal o manejo de mandado de seguranca pelo Ministério Pablico para conferir efeito suspensivo ao recurso gabivel interposto. 2. Ordem concedida, confirmando a liminar, a fim de cassar 0 acérdao que deferiu efeito suspensivo a0 agravo em execugdo interposto pelo Ministério Pablico, restabelecendo a decisdo proferida pelo juiz de primeiro grau.” grifei Julgamento em 14/10/2014), “PENAL. AGRAVO REGIMENTAL. HABEAS DIREITO PROCESSUAL PENAL - CP08 - 05 - CPV - 2° PERIODO 2017 22/11/2017 - Pagina 6 de 9 ESCOLA DA MAGISTRATURA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO Turma: CPV B 22017 Disciplina/Matéria: DIREITO PROCESSUAL PENAL Sessiio: 08 - Dia 30/11/2017 - 10:10 as 12:00 Professor: ELISA RAMOS PITTARO NEVES. 08 Tema: Nulidades nos recursos e na revisto criminal. Andlise de casos especificos. Jurisprudéncia dos Tribunais Superiores. 1" QUESTAO: ERNEST e MANFRED foram condenados pelo juizo da 20* Vara Criminal do Estado do Rio de Janeiro pela pratica do crime do art. 316 do Cédigo Penal. Irresignados, os acusados, por meio da Defensoria Piblica estadual, interpuseram recurso de apelagio, o qual restou desprovido, tendo sido mantida a sentenga condenatéria pelo Tribunal de Justiga, com trénsito em julgado. Diante disso, os condenados impetraram habeas corpus, no qual requereram a nulidade absoluta do acérdao prolatado pelo Tribunal, na apelacao interposta pela Defensoria Piiblica, uma vez que ausente a intimago pessoal do defensor piblico para o julgamento do recurso, posto que esta se deu por oficio direcionado a Defensoria Piblica, ndo sendo recebido por um defensor piblico. ‘Com base nos fatos narrados, esclarega se a ordem deve ser concedida. Resposta devidamente justifica DIREITO PROCESSUAL PENAL - CP08 - 05 - CPV - 2° PERIODO 2017 22/11/2017 - Pagina | de 16 ESCOLA DA MAGISTRATURA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO RESPOSTA: “PROCESSO PENAL. HABEAS CORPUS. ALEGACAO DE AUSENCIA DE INTIMACAO. PESSOAL DO DEFENSOR PUBLICO DA SESSAO DE JULGAMENTO DO RECURSO DE APELACAO. DEFENSORIA PUBLICA DEVIDAMENTE INTIMADA. AUSENCIA DE CONSTRANGIMENTO ILEGAL. ORDEM DENEGADA. 1. A jurisprudéneia deste Superior Tribunal de Justiea consolidou-se no sentido de qu je aus “a "a de i 1 do processo, a teor do disposto no artigo 370 do Cédigo de Processo Pen: Lei 1,060/1950, gera, via de regra, a sua nulidade", m it da parte (HC 288.517/MG, Rel. Ministro JORGE MUSSI, QUINTA TURMA, TURMA, Die 14872014) 2, Conforme informagées prestadas pela autoridade coatora, devidamente intimada, com a expedicao ¢ entrega erica wanes aa Ni a Inst razdo pela qual ndo se verifiea o alegado constrangimento 3. Nao se faz obrigatéria a intimagdo pessoal do membro da Defensoria Piiblica oficiante nos autos, sendo suficiente a inequivoca prova da ciéncia da instituigdo, o que ocorreu na hipétese, ficando a cargo desta a organizagao da forma como atuardo 0s seus membros, em razio do principio da indivisibilidade que a rege, nos termos do art. 3° da Lei Complementar n. 80/1994. Precedentes. 4, Habeas corpus denegado.” gid ean “PROCESSO PENAL. HABEAS CORPUS. SUBSTITUTIVO DE RECURSO PROPRIO. NAO CABIMENTO. ART. 157, §2°, INCISOS I, II EV, DO CODIGO PENAL. AUSENCIA DE INTIMACAO PESSOAL DO DEFENSOR PUBLICO DA SESSAO DIREITO PROCESSUAL PENAL - CPO8 - 05 - CPV - 2° PERIODO 2017 22/11/2017 - Pagina 2 de 16 ESCOLA DA MAGISTRATURA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO DEJULGAMENTO DO RECURSO DE APELACAO. DEFENSORIA PUBLICA DEVIDAMENTE INTIMADA, AUSENCIA DE CONSTRANGIMENTO ILEGAL. HABEAS CORPUS NAO CONHECIDO. I-A Terceira Sedo desta Corte, seguindo entendimento fitmado pela Primeira Turma do col. Pretorio Excelso, firmou orientago no sentido de niio admitir a impetrago de habeas corpus em substituigdo a0 recurso adequado, situagao que implica 0 nao conhecimento da impetracao, ressalvados casos excepcionais em que, configurada flagrante ilegalidade apta a gerar constrangimento ilegal, seja possivel a concessio da ordem de oficio. IL- A jurisprudéncia deste eg. Superior Tribunal de Justiga consolidou-se no sentido de que “a auséncia de intimago pessoal da Defensoria Publica ou do defensor dativo sobre os atos do processo, a teor do disposto no artigo 370 do Cédigo de Processo Penal e do artigo 5*, § 5*, da Lei 1.060/1950, gera, via de regra, a sua nulidade", uma vez que cerceado o direito de defesa da parte (HC n. 288.517/MG, Quinta Turma, Rel. Min. Jorge Mussi, DJe de 14/5/2014). Ill - Na hipétese, contudo, consta das informacSes prestadas pela autoridade apontada como ra a ocorréncia da intimaciio, com a expedicao ¢ entrega de m: de Segunda Instincia, raziio pela qual nio se reconhece o alegado constrangimento ilegal sustentado, Habeas corpus nao conhecido.” grifei (STS. Quinta Turma, HC 324.774/SP. Relator tro Felix Fischer. Julgamento em 16/08/2016). “PROCESSUAL PENAL E PENAL. HABEAS CORPUS SUBSTITUTIVO DE REVISAO CRIMINAL. ROUBO MAJORADO. ART. 157, PARAGRAFO 2°, INCISOS | E II, DO CP. AUSENCIA DE INTIMACAO DO REU. DESNECESSIDADE. INTIMACAO DO DEFENSOR PUBLICO DO ACORDAO QUE MANTEVE A CONDENAGAO: PRINGIPIO. DA INDIVISIBILIDADE DA DEFENSORIA PUBLICA. NULIDADE. INEXISTENCIA. 1. Ressalvada pessoal compreenstio diversa, uniformizou o Superior Tribunal de Justiga ser inadequado 0 writ em substituigdo a recursos especial e ordindrio, ou de revisio criminal, admitindo-se, de oficio, a concessio da ordem ante a constatagao de ilegalidade flagrante, abuso de poder ou teratologia. 2. Esta Corte de Justiga firmou entendimento no sentido de que a intimago pessoal da acusada, nos termos do artigo 392, incisos Ie Il, DIREITO PROCESSUAL PENAL - CP08 - 05 - CPV - 2° PERIODO 2017 22/11/2017 - Pagina 3 de 16 ESCOLA DA MAGISTRATURA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO ‘or objetivo atentativa de compensar a Defensoria em razio do excessivo niimero de feitos sob sua responsabilidade, colocando-a em um patamar de igualdade de armas. A intimagio pessoal ocorre com o ingresso dos autos no setor administrativo da Defensoria, nao importando 0 momento em que o defensor firme o seu “ciente”, como jé abordamos (7.2.1.6) em telagao ao Ministério Publico. Tratamento diverso nao poderia ser dado 4 Defensoria, aplicando-se no caso a mesma posi¢ao do STF.” de Janeiro: Elsevier, 2013, pag. 238). 2 QUESTAO: JOAQUIM, industrial, foi procurado por determinada pessoa, que se disse portador de um recado de determinado fiscal de tributos. O recado era o de que JOAQUIM deveria pagar vultosa quantia, a fim de evitar sua autuagao por infragao tributéria. O intermediario pediu a JOAQUIM que de nada comentasse, ¢ disse que o fiscal Ihe telefonaria para as necessdrias combinagdes. O fiscal telefonou e 0 ofendido gravou a conversa, entregando a fita a0 Ministério Piblico, que denunciou o servidor pablico, que acabou condenado com base na gravaco da conversa, réu interpés recurso de apelagdo e requereu a sua absolvigao, porque a condenagio baseou-se em prova obtida por meio ilicito. Com base na situago acima descrita, esclarega se assiste razio ao apelante. Fundamente a sua resposta, DIREITO PROCESSUAL PENAL - CP08 - 05 - CPV - 2° PERIODO 2017 22/11/2017 - Pagina 8 de 16 ESCOLA DA MAGISTRATURA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO RESPOSTA: Constitui prova licita a grava¢ao ambiental feita por um dos interlocutores, sem 0 conhecimento do outro, pois ndo ha violagao ao direito a intimidade ou a privacidade, conforme entendimento do STF e do STJ. “AGRAVO REGI IMENTAL NO RECURSO: EXTRAORDINARIO COM AGRAVO. PENAL. CRIME DE CORRUPCAO ATIVA DE TESTEMUNHA. GRAVACAO AMBIENTAL REALIZADA POR UM DOS INTERLOCUTORES. POSSIBILIDADE. REPERCUSSAO GERAL RECONHECIDA PELO PLENARIO NO RE 583.937-QO-RG. REAFIRMAGAO DE JURISPRUDENCIA. FLAGRANTE PREPARADO. REEXAME DO CONJUNTO FATICO- PROBATORIO. SUMULA 279/STF. INCIDENCIA. AUSENCIA DE PREQUESTIONAMENTO. SUMULAS 282 E 356/STF. 1.0 flagrante preparado, quando afastada sua caracterizagao pelas instancias ordinérias, encerra a analise do conjunto fatico-probatério constante dos autos. Precedente: Al 856.626-AgR, Rel. Min. Carmen Licia, Segunda Turma. hb ‘a gravacdo ambiental realizada por um dos interlocutores sem o conhecimento do outro, podendo ela ser utiliz: somo preva em proceso judicial, conforme reafirmacio da jurisprudéncia desta Corte fei Cezar Peluso, DJe de 18/12/200' 3. O prequestionamento da questo constitucional € requisito indispensavel 4 admissao do recurso extraordindrio. 4. As Siimulas 282 e 356 do STF dispdem, respectivamente, verbi: inadmissivel 0 recurso extraordinario, quando nao ventilada, na decisio recorrida, a questo federal suscitada” e “o ponto ‘omisso da decisdo, sobre o qual nao foram opostos embargos declaratérios, ndo podem ser objeto de recurso extraordindrio, por faltar o requisito do prequestionamento”. 5. In casu, 0 acérdao recorrido assentou: “PENAL E PROCESSO PENAL. CORRUPCAO ATIVA DE TESTEMUNHA. ARTIGO 343 DO CP. FLAGRANTE ESPERADO. GRAVACAO DE CONVERSA POR PARTE DE UM DOS INTERLOCUTORES. MATERIALIDADE. AUTORIA. DOLO. COACAO NO CURSO DO PROCESSO. ARTIGO. 344 DO ESTATUTO REPRESSIVO. AUSENCIA DE PROVAS. MANUTENCAO DA ABSOLVICAO. DOSIMETRIA DAS PENAS. CULPABILIDADE. PERSONALIDADE. AGRAVANTE. ARTIGO 61, II, 'B', DO CODIGO. PENAL. PRESTACAO PECUNIARIA SUBSTITUTIVA. PERDA DO. CARGO’ ” 6. Agravo regimental DESPROVIDO.” grifel (STF. Primeira Turma. ARE 742.192 AgR/SC. Relator Ministro Luiz Fux. Julgamento em. 15/10/2013). “Habeas corpus. Trancamento de ago penal. investigagdo criminal realizada pelo Ministério DIREITO PROCESSUAL PENAL - CP08 - 05 - CPV - 2° PERIODO 2017 22/11/2017 - Pagina 9 de 16 ESCOLA DA MAGISTRATURA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO aidentificaeio das vozes, 4, A andlise acerca do enquadramento da conduta dos recorrentes no tipo penal previsto no artigo 1°, 1, da Lei n° 9.455/97 demandaria a alteragao das premissas fatico-probatérias estabelecidas na insténcia ordindria, com o revolvimento das provas carreadas aos autos, o que é vedado em sede de recurso especial, nos termos do enunciado da Simula 7/STJ. 5. Agravo regimental improvido.” grifel (STS. Sexta Turm: Mour: AgRg no Ag 1.388.953/SP. Retatora Julgamento em 20/06/2013). “PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO REGIMENTAL NOS EMBARGOS DE DECLARACAO NO RECURSO ESPECIAL. ACAO DE INDENIZACAO. GRAVACAO DE CONVERSA POR UM DOS INTERLOCUTORES. PROVA LICITA. 1. A gravaciio telefonica realizada por um dos interlocutores sem 0 consentimento do outro é ¢ pode ser izada como elemento de prova, uma vez que a protecio conferida pela Lei n. 9.296/1996 se restringe is interceptacdes de comunicacdes telefSnicas. 2. Agravo regimental desprovido.” grifei {STJ. Sexta Turma, AgRg no Edel no Resp815.787/SP. Relator Ministro Antonio Carlos Fert julgamento em 14/05/2013) Recomendacio de leitura: FONSECA, Tiago Abud da. Interceptagiio Telefonica - A devassa em nome da Lei. Rio de Janeiro, Espago Juridico, 2008. 3° QUESTAO: FELIX foi condenado com sentenga transitada em julgado. Apés o decurso de 1 (um) ano, FELIX ajuizou ago de revisdo criminal, na qual pleiteou a desconstituigéo da condenacao. O Tribunal de Justiga, em sesso de julgamento, votou no sentido de negar o pedido de FELIX. Outrossim, por uma fraude, o resultado do julgamento foi alterado € a proclamagao saiu como se 0 pedido do réu houvesse sido aceito ¢ ele tivesse sido absolvido na ago revisional. acérdao fraudulento foi publicado, tendo o Ministério Piblico sido intimado e no apresentado recurso, motivo pelo qual houve o trinsito em julgado da revisio criminal. Com base na situago hipotética acima descrita, esclareca se o Tribunal de Justiga pode, de oficio, desconstituir o acérdio anteriormente publicado. Justifique a sua resposta. DIREITO PROCESSUAL PENAL - CP08 - 05 - CPV - 2° PERIODO 2017 22/11/2017 - Pagina 13 de 16 ESCOLA DA MAGISTRATURA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO RESPOSTA: Informativo 555 do STJ: “RECURSO ESPECIAL. PROCESSO PENAL. REVISAO CRIMINAL, PUBLICACAO DE ACORDAO QUE NAO CORRESPONDE AO JULGAMENTO DO ORGAO COLEGIADO, COISA JULGADA. NAO OCORRENCIA. PERCEPCAO DO EQUIVOCO PELO TRIBUNAL APOS O TRANSITO EM JULGADO. DESCONSIDERACAO DA PUBLICACAO, POSSIBILIDADE. SEGURANCA JURIDICA. LEALDADE E ETICA PROCESSUAIS. PRETENDIDAS CONSEQUENCIAS JURIDICAS DECORRENTES DE ATOS ILICITOS. DESCONSIDERAGAO. SUSPEICAO DE JULGADORES. UTILIZACAO DE EXPRESSOES INADEQUADAS. CIRCUNSTANCIA INSUFICIENTE A CONFIGURAR PARCIALIDADE NO JULGAMENTO. 1.0 processo, em sua atual fase de desenvolvimento, ¢ reforgado por valores éticos, com especial tengo ao papel desempenhado pelas partes, cabendo-Ihes, além da participagdo para construgao do provimento da causa, cooperar para a efetivagao, a observaincia e o respeito A veracidade, & integralidade e a integridade do que se decidiu, conforme diretrizes do Estado Democritico de Direito. 2. A publicacio intencional de acérdio ideologicamente falso - que nio retrata, em nenhum aspecto, o julgamento realizado - com o objetivo de beneficiar partes, mesmo apés 0 trnsito em julgado, nfo pode reclamar a protecio de nenhum instituto do sistema processual (coisa julgada, seguranca juridica etc.) 3. Ao sistema de invalidades processuais aplicam-se todas as nodes da teoria do direito acerca do plano de validade dos atos juridicos de maneira geral. No processo, a validade do ato processual, tal como ocorre com os fatos juridicos, também diz respeito & adequagao do suporte fatico que Ihe subjaz e lhe serve de lastro. 4, A manutengao dos efeitos da publicagto ilicita, eventualmente pretendida pelas partes, refoge & propria finalidade da revisdo criminal que, ao superar a intangibilidade da sentenga transitada em julgado, cede espaco aos impetrativos da justica substancial. 5. E bem verdade que a revisio criminal encontra limitagdes no direito brasileiro, ¢ a principal delas diz respeito a modalidade de decisdo que pode desconstituir. Desde que instituida a revisio criminal na Constituigao de 1891, é tradigao do processo penal brasileiro reconhecer - DIREITO PROCESSUAL PENAL - CP08 - 05 - CPV - 2° PERIODO 2017 22/11/2017 - Pagina 14 de 16 ESCOLA DA MAGISTRATURA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO Turma: CPV B 22017 Disciplina/Matéria: DIREITO PROCESSUAL PENAL, Sessio: 01 - Dia 27/11/2017 - 08:00 as 09:50 Professor: ALVARO JOSE FERREIRA MAYRINK DA COSTA 01 Tema: Processo de execugdio das penas. Pressupostos e objetivos da execugdo penal. Principios ¢ Garantias Constitucionais. Execugio das penas privativas de liberdade. Execugio Proviséri Superveniéncia de doenga mental. Cumprimento e extingio da pena. Exame criminolégico. Regimes. 1° QUESTAO: BRIAN BENSON, um dos traficantes mais procurados no Rio de Janeiro, foi condenado pelo Tribunal de Justica deste Estado a 6 (seis) anos de reclusdo, pela pritica do crime tipificado no art. 33 da Lei 11.343/06, estando atualmente recolhido na Superintendéncia da Policia Federal do Distrito Federal, por motivos de seguranga, Ocorre que, tendo suas raizes familiares no Rio de Janeiro, 0 condenado requereu ao Juiz da Vara de Execugées Penais daquele Estado a sua transferéncia para algum estabelecimento prisional carioca. Argumentou que, nos termos do art. 1° da Lei 7.210/84, 0 objetivo da execucdo penal é a reintegragio social do condenado, Aduziu, ainda. que o art. 86 do mesmo diploma, ao dispor que “as penas aplicadas podem ser executadas em estabelecimento local”, concedeu ao apenado o direito subjetivo de cumprir a pena em seu Estado de origem. ‘Como juiz titular da Vara de Execugdes Penais, vocé acolheria o pleito do apenado? Fundamente a sua resposta. DIREITO PROCESSUAL PENAL - CP08 - 05 - CPV - 2° PERIODO 2017 22/11/2017 - Pagina 1 de 15 7=5™4 ESCOLA DA MAGISTRATURA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO RESPOSTA: Inicialmente, cumpre destacar que o art. 38 do Cédigo Penal dispde que a pessoa condenada preserva todos os direitos que ndo sio restringidos na sentenga condenatéria, do que se depreende que todos os demais direitos devem ser assegurados. ‘A Lei de Execusdo Penal, em seu artigo 41, prevé um rol exemplificativo de direitos assegurados as pessoas presas. Dentre eles esté o direito a visita do cénjuge, da companheira, de parentes © amigos ‘em dias determinados (inciso X). (© contato com a familia é extremamente importante para as pessoas presas, eis que representam um vinculo afetivo, um contato com 0 mundo exterior e fonte de meios necessarios & subsisténcia no sistema carcerario. A Constituigao Federal também confere prote¢o & familia, 0 caput do art. 226 enuncia que "a familia, base da sociedade, tem especial protecao do Estado,” Logo, é atribuicao do Estado, por meio dos seus representantes, desenvolver atividades que estimulem o contato familiar. Convengio Americana de Direitos Humanos Art. 17 - Protegao da familia 1A familia é 0 nticleo natural e fundamental da sociedade e deve ser protegida pela sociedade e pelo Estado. Regras para o Tratamento da Pessoa Presa (ONU)/Resolucio n. 14 CNPCP/MJ ‘Art. 1° As normas que se seguem obedecem aos principios constantes da Declaragao Universal dos Direitos do Homem e daqueles inseridos nos Tratados, Convengées e regras internacionais de que 0 Brasil é signatério devendo ser aplicadas sem distingdo de natureza racial, social, religiosa, sexual, politica, idiomatica ou de qualquer outra ordem. ‘art. 3°- E assegurado ao preso o respeito A sua individualidade, integridade fisica e dignidade pessoal. ‘Art. 36° A visita ao preso do cénjuge, companheiro, familia, parentes e amigos, deverd observar a fixagdo dos dias e horarios préprios. Outrossim, convém destacar que o direito assegurado ao apenado nio é absoluto, motivo pelo ‘qual, em circunstdncias exeepeionais, poder cumprir a pena em estabelecimento diverso do seu Estado de origem, Neste sentido, merece destaque a jurisprudéncia do Superior Tribunal de Justiga, a “EXECUCAO PENAL. HABEAS CORPUS SUBSTITUTIVO DE RECURSO ESPECIAL. NAO CABIMENTO. NOVA ORIENTACAO JURISPRUDENCIAL, REMOCAO DO PRESO PARA ESTABELECIMENTO PENAL PROXIMO DIRFITO PROCESSUAL PENAL - CPO8 - 05 - CPV - 2° PERIODO 2017 22/11/2017 - Pagina 2 de 15 ESCOLA DA MAGISTRATURA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO ‘apropriadamenteestruturado ¢ distante de sua familia encontra satisfatéria demonstracio na tessitura dos fatos narrados pelas instncias de origem. O que impossibilita acatar o pleito de imediata transferéncia para uma das unidades prisionais maispréximas da capital paulista. Até porque as informagdes prestadas pelo Juizo da Vara de Execugdes Criminais Central de Sao Paulo - érgio competente para o exame da matéria - dio conta de que a defesa no formulou, ali. nenhum pedido de transferéncia do sentenciado. 3. Ordem denegada." grifei (STE. Segunda Turma, HC 101.540/SP, Relator 19/10/2010). ro Ayres Britto, Julgamento em 2* QUESTAO: SJULIANO, apenado que cumpre pena de reclusdo de 7 (sete) anos e 3 (trés) meses, em regime ‘semiaberto, pela pritica de roubo e furto qualificado, requereu ao juizo da execugio a concessio de pristio domiciliar, na medida em que o emprego por ele conseguido fica em cidade distante da ‘comarca do juizo da execugdo, nio possuindo condigSes financeiras de se deslocar todos os dias. Tal pleito foi concedido pelo juizo monocratico e mantido em sede de agravo em execugao, no qual se esclareceu que JULIANO cumpriria regime de prisio albergue domiciliar durante os dias da semana, estando autorizado a recolher-se a casa prisional apenas nos finais de semana. Diante de tal fato, 0 Ministério Publico interpds recurso especial com fundamento no art. 105, III, alineas ae c, da Constituigdo Federal. Sustentou, para tanto, ofensa ao art. 117 da LEP, ante a concessio de priséo domiciliar fora das hipdteses legais expressamente estabelecidas e, requereu, a0 final, a cassagao do acérdao impugnado para que fosse mantido o regular cumprimento da pena no regime prisional semiaberto. Esclarega, de maneira fundamentada, se 0 recurso deve ser provido. DIREITO PROCESSUAL PENAL - CP08 - 05 - CPV - 2° PERIODO 2017 22/11/2017 - Pagina 7 de 15 s77e4 ESCOLA DA MAGISTRATURA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO RESPOSTA: "EXECUGAO PENAL - REGIME ABERTO - PRISAO DOMICILIAR COM MONITORAMENTE ELETRONICO - RECURSO MINISTERIAL ALEGANDO TAXATIVIDADE DO ROL DO ART. 117 DA LEP - POSSIBILIDADE - POLITICA CRIMINAL DO ESTADO - PRECEDENTES DA CAMARA. A pristio domiciliar pode ser concedida quando presente alguma das hipéteses do art. 117 da LEP ou, excepcionalmente, na linha da politica do executivo, quando no houver Jocal préximo & residéncia ou trabalho do apenado para o cumprimento da pena em regime aberto, nao sendo razodvel o seu deslocamento dirio apenas para pernoitar naquele estabelecimento especifico, com evidente perda de tempo € excessivos gastos com o transporte respectivo, Diante deste quadro, vem sendo admitida a prisfio domiciliar com monitoramento eletrénico, tratando-se de politica do juizo da VEP em harmonia com 0 executivo estadual e a anuéncia do proprio Ministério Piblico, sendo isolados os reclamos do representante do parquet em casos especificos. Precedentes da Cémara neste sentido.” grifei (TIRS. Primeira Camara Criminal, Agravo em Execucio Penal 0037070-27.2015.8.19.0000. Relator Des. Marcus Henrique Pinto Basilio. Julgamento em 04/08/2015). "EMBARGOS INFRINGENTES. AGRAVO EM EXECUCAO. PRISAO DOMICILIAR. APENADO EM REGIME SEMIABERTO. RECOLHIMENTO APENAS AOS SABADOS A TARDE, DOMINGOS E FERIADOS. PECULIARIEDADES DO CASO CONCRETO. Na espécie, ypenado ia condicdes, inclusive financeiras, para cumprir o regime semiaberto todos os visto a do albergue em relacio ao seu local de trabalho (61 Km), Soma-se a isso ‘que todas as condigdes pessoais do reeducando the sio favordveis, autorizando a sua estada no albergue apenas no sdbado a tarde, domingos e feriados. EMBARGOS INFRINGENTES ACOLHIDOS, POR MAIORIA.” grifei (TIRS, Primeire Grupo de Camaras Crimi is. Embargos < DIREITO PROCESSUAL PENAL - CP08 - 05 - CPV - 2° PERIODO 2017 22/11/2017 - Pagina 8 de 15 ESCOLA DA MAGISTRATURA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO eapresenta proposta de trabalho na comarea de Pinheiral, distante das casas de albergado existentes neste estado, o que inviabilizaria o cumprimento de pena em regime aberto, nos moldes tradicionais. 2. Diante dessa realidade, ¢ de se manter a decisdo que deferiu ao apenado a prisio albergue domiciliar, revelando-se impossivel, portanto, 0 acolhimento do agravo ministerial. 3. Recurso desprovido.” grifei (TJRJ. Segunda Camara Criminal, Agravo em Execucio Penal n. 0032719-50.2011.8.19.0000, Relator Des. José Augusto de Araujo Neto. Julgamento em 29/11/2011). 3° QUESTAO: Trata-se de agravo em execugdo penal interposto pelo Ministério Pablico do Estado do Rio de Janeiro contra a r. decisio proferida pelo Juiz de Direito da Vara de Execugdes Penais da Comarca da Capital, que concedeu a MAURILIO, condenado que cumpre pena em regime semiaberto, autorizagdo para 0 trabalho externo, embora ndo preenchido o requisito objetivo previsto no art. 37 da Lei 7.210/84, Pleiteia o Ministério Publico a reforma da r. decisio, para que seja revogado o beneficio indevidamente concedido ao agravado. Em sede de juizo de retratagio, o d. juiz de primeiro grau manteve a decisto agravada. Vocé é 0 Relator. Decida a questo, Resposta devidamente justificada, DIREITO PROCESSUAL PENAL - CP08 - 05 - CPV - 2° PERIODO 2017 22/11/2017 - Pagina 11 de 15 ESCOLA DA MAGISTRATURA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO RESPOSTA: "AGRAVO EM EXECUCAO. TRABALHO EXTERNO. REGIME INICIAL SEMIABERTO. DISPENSADO 0 CUMPRIMENTO DO REQUISITO OBJETIVO. AGRAVO MINISTERIAL IMPROVIDO.” grifei ‘(TIRS, Quarta Camara Cri Julgado em 17/09/2015). "AGRAVO EM EXECUGAO MINISTERIAL. TRABALHO EXTERNO, REGIME INICIAL SEMIABERTO, POSSIBILIDADE. DESNECESSIDADE DO REQUISITO OBJETIVO. Dispensdvel a exigéncia do requisito objetivo de 1/6 do cumprimento da pena quando o reeducando iniciou sua execugiio em regime semiaberto, O pressuposto temporal diz respeito tao somente aos apenados em regime fechado, conforme se depreende dos artigos 36 ¢ 37 da Lei de Execugdo Penal, Precedentes desta Corte e do STJ. RECURSO DESPROVIDO. UNANIME.” grifei (TIRS. Sexta Camara Criminal. Agravo 70062669650, Relator Des. Osério, Julgado em 26/03/2015). “EXECUCAO PENAL. REGIME INICIAL SEMIABERTO, TRABALHO EXTERNO. L.A exigéncia objetiva de pré mprimento do minimo de um sexto da pena, segundo a reiterada jurisprudéncia do Superior Tribunal de Justica, no se aplica aos presos que se encontrem em regime inicial semiaberto. Diversos fundamentos se conjugam para a manutengao desse entendimento. 2, A aplicacio do requisito temporal teria 0 efeito de esvaziar a possibilidade de trabalho externo por parte dos apenados em regim semiaberto, Isso porque, apés 0 cumprimento de 1/6 da pena, esses condenados estar’ Drogressio para 0 regime gravo 70065569089, Relator Des. Newton Brasil de Ledo, DIRFITO PROCESSUAL PENAL - CP08 - 05 - CPV - 2° PERIODO 2017 22/11/2017 - Pagina 12 de 15 A741 ESCOLA DA MAGISTRATURA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO Turma: CPV B 22017 Disciplina/Matéria: DIREITO PROCESSUAL PENAL Sessdio: 02 - Dia 27/11/2017 - 10:10 as 12:00 Professor: ALVARO JOSE FERREIRA MAYRINK DA COSTA. 02 Tema: Progresso de Regime. Requisitos. A questo da progressio por salto. Progressio ¢ falta grave, Regressfo de regime. Generalidades. Ampla Defesa ¢ Contraditério. Regressiio Cautelar. Das autorizagdes de saida. Hipdteses autorizadoras e requisitos. Prazo. Revogagio do beneficio ¢ recuperacao do direito, 1* QUESTAO: A defesa de JONAS MARRA, que cumpre pena em regime semiaberto, formulou requerimento de saida tempordria na modalidade de visitagao periédica ao lar, com manifestagao favoravel do Ministério Publico. O magistrado da Vara de Execugdes Penais concedeu ao apenado autorizacao para saidas extramuros para visitagdio periddica a familia, sem pernoite, que devera ser realizada 2 (duas) vezes por més, bem como na ocasido de seu aniversario, na Pascoa, nos dias nomeados das maes e dos pais. no Natal e nas festividades do Ano Novo, até o limite énuo de 35 (trinta e cinco) saidas, sob pena de cancelamento automatico das autorizagdes para as saidas subsequentes, caso nao sejam observados o hordrio e data de retomno, Inconformado, o Ministério Piblico interpés recurso de Agravo em Execugio Penal, no qual objetiva a cassagio da decisdo proferida pelo Juizo da Vara de Execugdes Penais, que deferiu ao recorrido visita periédica 4 familia duas vezes ao més ¢ em datas predeterminadas, a critério do administrador do presidic Em sede de juizo de retratagao, o magistrado manteve a decisio vergastada. Com base na situagao hipotética acima narrada, esclareca o posicionamento do Supremo Tribunal Federal e do Superior Tribunal de Justica acerca do tema objeto do recurso ministerial. DIREITO PROCESSUAL PENAL - CP08 - 05 - CPV - 2° PERIODO 2017 22/11/2017 - Pagina 1 de 10 ESCOLA DA MAGISTRATURA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO RESPOSTA: Havia divergéncia entre o Supremo Tribunal Federal e 0 Superior Tribunal de Justiga. Para o STF, € possivel a concessio de saidas temporarias automatizadas. Em contrapartida, o STJ entendia pela sua impossibilidade, tendo alterado o seu entendimento a partir Recurso Especial Representativo da Controvérsia 1.544.036/RJ, adotando, agora, o mesmo entendimento do STF. "EXECUCAO PENAL. HABEAS CORPUS ORIGINARIO. SAIDAS TEMPORARIAS, AUTOMATIZADAS. ORDEM CONCEDIDA. 1. A jurisprudéncia de ambas as Turmas do Supremo Tribunal Federal admite a concessio das ‘chamadas "saidas tempordrias automatizadas"'. Concretizagdo do direito a razodvel duragao do processo ¢ a individualizagdo da pena. 2. Ordem concedida." grifei 17/03/2016). “HABEAS CORPUS. EXECUGAO PENAL. SAiDA TEMPORARIA. VISITAGAO PERIODICA A FAMILIA. RENOVACAO AUTOMATICA DO BENEFICIO. SAIDAS PROGRAMADAS. POSSIBILIDADE. ORDEM CONCEDIDA. 1. A saida tempordria, compreendida no conceito de ressocializagiio do reeducando, pressupde rigorosa andlise dos requisitos legais objetivos (cumprimento minimo de 1/6 da pena, se primério, ¢ 1/4 se reincidente) e subjetivos (comportamento adequado), além da sua compatibilidade com os objetivos da pena, a teor dos incisos 1, II ¢ III do art. 123 da Lei de Execugdes Penais, por prazo nao superior a sete dias, podendo ser renovada, no caso de visitagdo 4 familia, por, no maximo, outras quatro vezes ao ano, respeitando-se intervalo minimo de 45 dias entre uma e outra saida. 2. A possibilidade de renovacao periddica ida temporaria permite ao juizo das execucées penais programar, observados 0s restritos limites legais, as, subsequentes do beneficio, a fim de delonga ou até mesmo impossibilidade no usufruto da saida nio vigiada. Concretizada qualquer das hipdteses do art. 125 da LEP, a benesse sera revogada e, consequentemente, fica prejudicada a préxima DIREITO PROCESSUAL PENAL - "P08 - 05 - CPV - 2° PERIODO 2017 22/11/2017 - Pagina 2 de 10 2. Inteligéncia do enunciado sumular n, 520 desta Corte (O beneficio de saida temporaria no ambito da execucdo penal é ato jurisdicional insuscetivel de delegagio a autoridade administrativa do estabelecimento prisional). 3. Agravo regimental a que se nega provimento.” grifei (STJ. Sexta Turma, AgRe no HC 356,927/SC. Relator Julgamento em 09/08/2016). 2° QUESTAO: ALEJANDRO, cidadio espanhol, foi condenado a pena de 19 (dezenove) anos de reclusio, em regime inicial fechado, pela pratica de crime de homicidio qualificado. Apés o preenchimento dos requisitos legais para progressio de regime, o Juizo de Execugdes concedeu a ele progressio para o regime semiaberto. Contudo, apés informagdes da Policia Federal no sentido de que o apenado se encontrava em situagao irregular no Brasil, cassou-se a benesse concedida, ao argumento de que ALEJANDRO nio poderia exercer atividade laboral licita no pais. Insatisfeita, sua defesa impetrou habeas corpus, em que alegou constrangimento ilegal, uma vez que © fato de ser estrangeiro, por si s6, ndo enseja a inaplicabilidade do instituto da progressio de regime. Diante do exposto, esclarega se a ordem deve ser concedida, considerando que Estatuto do Estrangeiro (Lei 6.815/80), lei esta revogada pela Lei 13.445/2017, que somente entrara em vigor em 21/11/2017, nao permite ao estrangeiro em situacdo irregular no pais 0 exercicio de atividade remunerada no mercado formal, DIREITO PROCESSUAL PENAL - CP08 - 05 - CPV - 2° PERIODO 2017 22/11/2017 - Pagina 5 de 10 ESCOLA DA MAGISTRATURA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO RESPOSTA: "PROCESSUAL PENAL. HABEAS CORPUS SUBSTITUTIVO DE RECURSO ESPECIAL. NAO CABIMENTO. EXECUCAO PENAL. PROGRESSAO DE REGIME. INDEFERIMENTO DO BENEFICIO EM RAZAO DE SITU CAO IRREGULAR DO ESTRANGEIRO NO Pais. DETERMINAGAO DE EXAME CRIMINOLOGICO. GRAVIDADE ABSTRATA DO DELITO. CONSTRANGIMENTO ILEGAL. PRECEDENTES. HABEAS CORPUS NAO CONHECIDO. ORDEM CONCEDIDA DE OFICIO. I- A Terceira Segao desta Corte, seguindo entendimento firmado pela Primeira Turma do col. Pretério Excelso, firmou orientagdo no sentido de no admitir a impetrago de habeas corpus em substituigdo ao recurso adequado, situagao que implica o nfo conhecimento da impetragao, ressalvados casos excepcionais em que, configurada flagrante ilegalidade apta a gerar constrangimento ilegal. seja recomendavel a concessio da ordem de oficio. II - A jurisprudéncia dest irregular de estrangeiro no Pais nlio de pedido de progressao de regime (precedentes). TIL - Com as inovagdes trazidas pela Lei n, 10.792/03, alterando a redagao do art. 112 da Lei n. 7.210/84 (Lei de Execugio Penal), afastou-se a exigéncia do exame criminolégico para fins de progressdo de regime. Por outro lado, este eg. Superior Tribunal de Justiga firmou entendimento de que o magistrado de primeiro grau, ou mesmo o Tribunal a quo, diante das circunstancias do caso conereto, podem determinar a realizado da referida prova técnica para a formago de seu convencimento, desde que essa decistio seja adequadamente motivada. IV - Nao & 0 caso dos autos, em que a Corte Estadual, ao cassar a decisdo agravada e determinar a realizagio do exame criminolégico para aferir 0 mérito do sentenciado & progressio do regime prisional, embasou-se na gravidade abstrata do crime pelo qual paciente foi condenado e no fato de ser pessoa estrangeira, ndo apontando qualquer elemento concreto dos autos a justificar a necessidade do exame técnico para a formagao de seu convencimento. \V - Parecet do Ministério Piblico Federal pela concessdo da ordem de oficio. Habeas corpus nio conhecido. Ordem concedida de oficio para cassar o v. acérdao proferido nos autos do Agravo de Execugdo Penal n. 0138773-74.2013.8.26.0000 e restabelecer a r. decisdo do Juizo de primeiro grau que deferiu a progressio de regime prisional ao paciente.” grifei DIREITO PROCESSUAL PENAL - CP08 - 05 - CPV - 2° PERIODO 2017 22/11/2017 - Pagina 6 de 10 nte para impedir 0 acesso 20 beneficio pretendido, 5. Habeas corpus ndo conhecido. Ordem concedida, de oficio, para, cassado 0 acérdio impugnado, restabelecer a decisdo do Juizo das Execugdes Criminais, que determinou a progressio ao regime semiaberto." grifei (STS. Quinta Turma, 20/08/2013). HC 272.176/SP. Relator Mi Ministro Campos Marques. Julgamento em 3° QUESTAO: O Ministério Pablico interpés Agravo em Execugo Penal contra deciso proferida pelo Juizo da Vara de Execugées Penais, que indeferiu o pleito de regressio de regime prisional do apenado, do semiaberto para o fechado, em virtude do cometimento de falta grave devidamente apurada por meio do processo disciplinar préprio. Sustenta 0 agravante que, em razio da falta grave cometida (retorno espontineo do apenado trés dias. apés a data estabelecida para o beneficio da saida temporaria) e regularmente punida pelo proceso disciplinar (punigdo de 20 dias de isolamento em local adequado, suspensiio de direitos ¢ rebaixamento do indice de aproveitamento para 0 negativo por 30 dias), deveria ocorrer a regressio de regime, conforme previsto na Lei de Execugdes Penais, uma vez que demonstrada a inexisténcia de reintegracio social do apenado. Posto isso, decida a questo, abordando, ainda, o(s) principio(s) aplicavel(eis) ao caso em comento. Resposta devidamente justificada. DIREITO PROCESSUAL PENAL - CP08 - 05 - CPV - 2° PERIODO 2017 22/11/2017 - Pagina 9 de 10 ESCOLA DA MAGISTRATURA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO RESPOSTA: “FALTA GRAVE PROCEDIMENTO ADMINISTRATIVO NAO REGRESSAO DE REGIME PRISIONAL SANCAO DISCIPLINAR SUFICIENTE, PRINCIPIOS DA PROPORCIONALIDADE E RAZOABILIDADE . AGRAVO DE EXECUCAO PENAL. RECURSO MINISTERIAL CONTRA DECISAO DO JUIZO DA VARA DE EXECUCOES PENAIS QUE INDEFERIU A REGRESSAO DE REGIME A APENADO QUE COMETEU FALTA GRAVE. PROCEDIMENTO ADMINISTRATIVO CONCLUIDO. IMPOSTAS AS. | SANCOES DISCIPLINARES SUGERIDAS PELA COMISSAO Mt POR TRINTA DIAS CONFORME O ART. 62, [E Ill, DO RPERJ. O REBAIXAMENTO A CONTAR DA DATA DA FALTA. MAGISTRADO QUE DEIXOU DE REGREDIR O REGIME PRISIONAL, AO ARGUMENTO DE QUE, EM QUE PESE A PREVISAO LEGAL DE APLICACAO DA REGRESSAO COMO MEDIDA PUNITIVA AOS APENADOS QUE COMETAM FALTA GRAVE, NA HIPOTESE, TAL PUNICAO SERIA DESPROPORCIONAL AO ATO PRATICADO, ENTENDENDO COMO SUFICIENTE A SANCAO DISCIPLINAR APLICADA PELA AUTORIDADE PENITENCIARIA. EFETIVAMENTE, NAO SE MOSTRA RAZOAVEL QUE 0 AGRAVADO SOFRA A MESMA, PUNIGAO QUE AQUELES QUE COMETEM INFRACOES BEM MAIS GRAVES, COMO EVASAO OU PRATICA DE NOVO CRIME. CABE AO MAGISTRADO A ANALISE DO CASO CONCRETO, DE MODO QUE A APLICACAO DA SANGAO NAO FUJA AOS CRITERIOS DA PROPORCIONALIDADE E RAZOABILIDADE. DECISAO MANTIDA PELOS SEUS PROPRIOS FUNDAMENTOS.” grifei (TIRS. Sétim: Criminal, Agravo de Execucio Penal n, 0066261-25.2012.8.19.0000. Relator Des. Sidney Rosa da Silva, Julgamento em 26/02/2013). DIREITO PROCESSUAL PENAL - CP08 - 05 - CPV - 2° PERIODO 2017 22/11/2017 - ESCOLA DA MAGISTRATURA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO Turma: CPV B 22017 Disciplina/Matéria: DIREITO PROCESSUAL PENAL Sessdo: 03 - Dia 28/11/2017 - 08:00 as 09:50 Professor: ALVARO JOSE FERREIRA MAYRINK DA COSTA 03. Tema: Da remigo. Requisitos. Efeitos. Perda dos dias remidos. Ampla Defesa e Contraditério. Jurisprudéncia. Do livramento condicional. Conceito e nogio. Pressupostos. Condigdes do livramento. Suspensdo e revogagao. Da execugdo das penas restritivas de direito. Generalidades. Alteragao da forma de cumprimento das penas de prestagio de servigos. 1° QUESTAO: PEDRO, que cumpria pena em regime aberto, recebeu o beneficio da remigiio em decorréncia da realizagio de trabalho externo. (O magistrado, ao fundamentar sua deciso, considerou que, apesar de a norma constante do art. 126 da Lei de Execugdo Penal ndo prever expressamente o beneficio da remigzo para o condenado que cumpre pena em regime aberto, tal dispositivo merece uma interpretagdo teleolégica, de forma a permitir a reeducacao e reinsergao social do condenado. Para tanto, destacou que se o trabalho externo constitui fundamento suficiente a permitir a remigdo quando se trata de regime semiaberto, a mesma ratio deve orientar o intérprete e aplicador da lei processual penal quando se tratar de regime aberto, Desta forma, concedeu o beneficio da remigdo a0 condenado que, em observancia ao comando do art. 36, §1° do Cédigo Penal, desenvolveu trabalho externo. Inconformado, o Ministério Pablico agravou da decisio. Como deve ser decidido o agravo? Resposta fundamentada em até 15 (quinze) linhas. DIREITO PROCESSUAL PENAL - CP08 - 05 - CPV - 2° PERIODO 2017 22/11/2017 - Pagina | de 16 ESCOLA DA MAGISTRATURA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO RESPOSTA: Inicialmente, cumpre transcrever 0 dispositivo legal que trata da remig&o, a saber: “Art, 126. O condenado que cumpre a pena em regime fechado ou semiaberto poderd remir, por trabalho ou por estudo, parte do tempo de execugdo da pena. 6) §6% O condenado que cumpre pena em regime aberto ou semiaberto e 0 que usufrui liberdade condicional poderdo remir, pela frequéncia a curso de ensino regular ou de educacio profissional, parte do tempo de execugdo da pena ou do periodo de prova, observado o disposto no inciso I do §1° deste artigo.” Oportuno salientar que a questo versa sobre condenado que cumpria a pena em regime aberto, tendo © magistrado concedido o beneficio da remigao, em virtude de o mesmo ter desenvolvido trabalho externo. Quanto ao caso em conereto, cumpre transcrever o posicionamento dos Tribunais Superiores acerca do tema: “RECURSO ORDINARIO EM HABEAS CORPUS. EXECUCAO PENAL. REMICAO PELO TRABALHO. ART. 126 DA LEP. INVIABILIDADE DE CONCESSAO DO BENEFICIO AOS CONDENADOS QUE CUMPREM PENA EM REGIME ABERTO. PRECEDENTES, RECURSO IMPROVIDO. 1. A jurisprudéncia desta Corte é firme quanto A inviabilidade de concessio do beneficio daremigio pelo trabalho aos condenados que cumprem regime aberto (art. 126 da LEP). Precedentes. 2. Recurso improvido.” grifei (STE. Segund: 06/11/2013). “HABEAS CORPUS IMPETRADO EM SUBSTITUICAO A RECURSO ORDINARIO. ondenado que estiver cumprindo pena privativa de liberdade em regime aberto no tem " 7.210/1984 DIREITO PROCESSUAL PENAL - CP08 - 05 - CPV - 2° PERIODO 2017 22/11/2017 - Pagina 2 de 16 ESCOLA DA MAGISTRATURA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO reforgamos 0 posicionamentode que deve ocorrer a remig&io da pena pelo trabalho ao preso que cumpre pena em regime aberto, a exemplo do que ocorre com 0 estudo, aplicando-se a analogia em busca da equidade.”” (CUNHA, Rogério Sanches. Execucio Penal - Lei Editora JusPodivm. 2014, pag. 147-148). 10/1984, 3 ed. rev., ampl. ¢ atual. Bahia: 2 QUESTAO: JONAS MARRA, condenado, reincidente em crime doloso, cumpre pena de | (um) ano e 6 (seis) meses de recluséo, em regime semiaberto. Apés resgatar mais da metade da reprimenda e preenchidos os demais requisitos legais, JONAS MARRA formula pedido de livramento condicional. Juizo da execugo, com fundamento no art. 83, caput, do Cédigo Penal, indefere o pedido. Comente a decisio judicial, indicando, se for 0 caso, tese juridica a ser aduzida em prol do condenado. DIREITO PROCESSUAL PENAL - CP08 - 05 - CPV - 2° PERIODO 2017 22/11/2017 - Pagina 5 de 16 ESCOLA DA MAGISTRATURA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO RESPOSTA: “AGRAVO EM EXECUCAO PENAL ~ TRAFICO PRIVILEGIADO - RECURSO MINISTERIAL ~ PLEITEADO O AFASTAMENTO DO LIVRAMENTO CONDICIONAL - REU CONDENADO A PENA INFERIOR A 2 ANOS DE RECLUSAO - EXPRESSA VEDACAO LEG. ‘OLHIMENTO - O pardgrafo tinico do artigo 44 da Lei n° 1 1.343/06 nao exclui os demais requisitos exigidos para o livramento condicional previstos na parte geral do Cédigo Penal, mas apenas estabelece um lapso temporal especial em relagio ao geral, de forma que a especialidade da norma apontada prevalece somente em relagdo ao inciso V do artigo 83 do Cédigo Penal. Recurso provido.” grifei ireit iminal. Agravo em Execucao Penal 0001135-19.2016.8.26.0509. ‘Augusto de Sampaio Arruda, Julgamento em 18/05/2017). “AGRAVO DE EXECUGAO PENAL. IMPUGNACAO. B CONCESSAO DO LIVRAMENTO objetivando a reforma da decisao que concedeu or condicional. Inteligéncia dos artigos 83 do Cédigo Penal ¢ 44, pardgrafo inico da Lei 11.343/06. Principio da especialidade. Prevalecendo a regra especial do artigo 44 da Lei 11.343/06 sobre a do artigo 83 do Cédigo Penal. Desprovimento do recurso ministerial. Unanime. Grifei (TIRJ. Terceira Camara Criminal. Agravo de Execucio Penal n. 0068243-40.2013.8.19.0000. Relator Des. Antonio Carlos Nascimento Amado, Julgamento em “AGRAVO EM EXECUGAO. LIVRAM! OBJETIVO NAO PREENCHID' PRECEDENTES. 1.0 agravante mostra inconformidade com a decis4o que indeferiu o pedido de livramento condicional. Alega, em sintese, que a decisto fere o disposto nos principios da razoabilidade e proporcionalidade, dizendo no ter sido a intengdo do legislador aquela advinda da interpretagdo literal. 2. Nos termos do art. 83 do CP, fica impossibilitada a concessdo do livramento condicional a0 apenado condenado apena DIREITO PROCESSUAL PENAL - CP08 - 05 - CPV - 2° PERIODO 2017 22/11/2017 - Pagina 6 de 16 ESCOLA DA MAGISTRATURA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO Certamente que hé ofensa a proporcionalidade como proibigo do excesso, modo que destoa do bom senso a intensidade de tratamento, mais aguda na execuco da pena que na propria condenagao. Apés tal reflexdo resta, ao menos para mim, inconcebivel admitir a vigéncia da norma insculpida no caput do art. 83 do Cédigo Penal, sendo 0 caso de nfo recepcioné-la porque incompativel materialmente com a ordem constitucional vigente.” {http://www defensoria.sp.gov.br/dpesp/Repositorio/20/Documentos/TODAS AS TESES/TESES 2010/TESE 13.doex) 3° QUESTAO: RENAN CUNHA, em gozo de livramento condicional, foi preso em flagrante em 06/12/2012 pela pratica, em tese, do crime previsto no art. 155, §4°, le IV, do Cédigo Penal, por ter subtraido do interior de consultério dentirio de propriedade de ELIDA SIQUEIRA, em concurso de agentes ¢ mediante rompimento de obstaculo (arrombamento da porta), uma tesoura e um alicate. Alega 0 apenado que a conduta por ele perpetrada nao gerou prejuizo algum a vitima, que obteve éxito ao rendé-lo imediatamente, por segurancas contratados, ndo tendo havido leso ao bem juridico tutelado. Afirma, ainda, serem nulas a periculosidade social da agdo, a ofensividade da conduta ea reprovabilidade do comportamento, impondo-se a aplicagao do principio da insignificdncia ao caso. Responda: a) O fato narrado tem alguma relevancia para o beneficio de livramento condicional? Se sim, qual ou quais? b) 0 Que poderia ser alegado em defesa de RENAN CUNHA? DIREITO PROCESSUAL PENAL - CP08 - 05 - CPV - 2° PERIODO 2017 22/11/2017 - Pagina 11 de 16 ESCOLA DA MAGISTRATURA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO RESPOSTA: “PENAL. AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. FURTO. SUSPENSAO CONDICIONAL DO PROCESSO. REQUISITOS NAO ADIMPLIDOS. PROCESSO EM CURSO. PRINCIPIO DA INSIGNIFICANCIA. INAPLICABILIDADE. REPROVABILIDADE DA CONDUTA. ESCALADA. CONTUMACIA DELITIVA. EXECUGAO PROVISORIA DA PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE. POSSIBILIDADE. NOVO ENTENDIMENTO DA SUPREMA CORTE. AGRAVO NAO PROVIDO. 1. Esta Corte Superior tem pacificado que, em havendo processos penais em desfavor da parte, é causa de impedimento para concessio da suspensfio condicional do processo. 2. 0 principio da insignificdncia reafirma a necessidade de lesGo juridica expressiva para a incidéncia do direito penal, afastando a tipicidade do delito em certas hipdteses. No caso, houve maior reprovabilidade da conduta tendo em vista que o delito foi praticado no periodo notumo ¢ a utilizago de alicate para cortar os fios da cerca elétrica que estavam a 2 metros de altura. 3. Inviabiliza-se o reconhecimento do crime bagatelar, porquanto se trata de réu contumaz, salvo excepcionalmente, quando as instancias ordindrias entenderem ser tal medida recomendavel diante das circunstncias concretas, 0 que no se infere na hipétese em aprego. 4. A jurisprudéncia do Supremo Tribunal Federal, bem como desta Corte Superior, é pacifica em dizer que "no se pode considerar atfpica, por irrelevante, a conduta formalmente tipica, de delito contra o patriménio, praticada por recorrente que é costumeiro na pratica de crimes da espécie." (RHC 118104, Relator: Ministro GILMAR MENDES, Relator(a) p/ Acérdio: Ministro TEORI ZAVASCKI, Segunda Turma, julgado em 12/11/2013, PROCESSO ELETRONICO Dle-148 DIVULG 31-07-2014 PUBLIC 01-08-2014) 5. Diante da decisao proferida pelo Supremo Tribunal Federal, nos autos do HC 126.292/SP, ficou assente que, esgotadas as instdncias ordindrias, a interposigao de Recurso Especial nfo obsta a execugao da decisdo penal condenatéria de reprimenda privativa de liberdade. E ainda, em julgamento colegiado do pedido de liminar das ADCs 43 e 44, confirmou-se esse entendimento. 6. Agravo regimental a que se nega provimento.” {STJ, Quinta Turma, AgRg no Aresp 916.088/AL. Relator em 14/03/2017). istro Ribeii tas. Julgamento 4 QUESTAO: JOSELITO foi condenado a 4 anos e 2 meses de reclusto ¢ 100 dias-multa, por incurso nas sangdes do art. 171, § 2%, III, e § 3°, wf do art. 71, capul, todos do Cédigo Penal. Inconformado, interpés recurso de apelago, no qual requereu a absolvigdo e, subsidiariamente, a redugdo de sua pena im Tribunal de Justiga deu parcial provimento ao recurso, para ir a pena privativa de liberdade a 3 anos, 10 meses e 20 dias de reclusdio em regime aberto, mantida, todavia, a multa. A pena privativa de liberdade restou substituida por duas restritivas de direitos, consistentes em prestagdo de servigos & comunidade e prestagao pecuniaria (60 salarios minimos). O Tribunal determinou o cumprimento das penas restritivas de direitos a partir da publicago do acérdao, Inresignada, a defesa de JOSELITO recorreu da decisdo do Tribunal, no qual sustentou ser inconstitucional a determinagao de execugao provisoria da pena restritiva de direitos e que esta violaria o principio da ndo-culpabilidade. Diante dos fatos, decida, fundamentadamente, se é cabivel ou nio a execugdo provisoria da pena restritiva de direitos. DIREITO PROCESSUAL PENAL - CP08 - 05 - CPV - 2° PERIODO 2017 22/11/2017 - Pagina 12 de 16 ESCOLA DA MAGISTRATURA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO 1. Embora 0 Supremo Tribunal Federal tenha decidido pela viabilidade da imediata execugo da pena imposta ou confirmada pelos tribunais locais apés esgotadas as respectivas jurisdigdes, esta Corte Superior de Justica tem se posicionado no sentido de que tal possibilidade no se estende as penas restritivas de direitos, tendo em Pen: ‘recedente 2. Recurso ordindrio provido para, confirmando-se a liminar anteriormente deferida, suspender a determinacdo de imediata execugdo da pena restritiva de direitos imposta ao recorrente, até que se verifique eventual transito em julgado da condenagao.” grifei (ST. Quinta Turma, RHC 83.406/RS, Relator Ministro Jorge Mussi. Julgamento em 13/06/2017). “PROCESSO PENAL. EMBARGOS DE DECLARAGAO NO AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. AUSENCIA DE OMISSAO, CONTRADICAO OU OBSCURIDADE. REVISAO DO JULGADO. IMPOSSIBILIDADE. EXECUCAO PROVISORIA DE PENA RESTRITIVA DE DIREITOS. EMBARGOS REJEITADOS. 1. Nos termos do art, 619 do Cédigo de Processo Penal, os embargos de declara¢o, como recurso de corregao, destinam-se a suprir omiss4o, contradigio e ambiguidade ou obscuridade existente no julgado. Nao se prestam, portanto, para sua revisto no caso de mero inconformismo da parte. 2, A Suprema Corte, ao tempo em que vigorava o entendimento de ser possivel a execucio proviséria da pena, como agora, no a autorizava para as penas restritivas de di 3. Embargos de declaragaio rejeitados.” grifei {STJ. Quinta Turma, Edel no AgRg no AResp 688,225/SP. Relator Ministro Ribeiro Dantas, Julgamento em 22/09/2016). “PENAL E PROCESSUAL_ DIREITO PROCESSUAL PENAL - CP08 - 05 - CPV - 2° PERIODO 2017 22/11/2017 - Pagina 13 de 16 ESCOLA DA MAGISTRATURA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO Turma: CPV B 22017 Disciplina/Matéria: DIREITO PROCESSUAL PENAL Sessdio: 04 - Dia 28/11/2017 - 10:10 as 12:00 Professor: ALVARO JOSE FERREIRA MAYRINK DA COSTA 04 Tema: Da suspensio condicional da pena. Execugdo ¢ cabimento. Da execugio das penas pecuniarias, Generalidades. Do titulo executivo ¢ da natureza juridica. Legitimagio ativa. Juizo Competente. Impossibilidade de conversio da multa em pena privativa de liberdade. (Im) possibilidade de execugio proviséria. Atualizagdo e detragio. Da execugdo das medidas de seguranga. Condigdes da execugdo. Medidas de seguranga em espécie. Da cessio de periculosidade. Reabilitagdo. Requisitos e efeitos. 1 QUESTAO: BRIAN O'CONNER foi condenado a cumprir 6 (seis) anos de reclusio, em regime fechado, ante a pratica da conduta prevista no artigo 33 da Lei 11.343/2006. Inconformada, a defesa de BRIAN O'CONNER interpés recurso de apelaco, no qual pleiteou a incidéncia da causa de diminuigo preconizada no §4° do artigo 33 da Lei 11.343/2006, o que foi acolhido pelo Tribunal de Justiga, ocasido em que fixou a pena em 1 (um) ano e 8 (oito) meses de recluso, em regime fechado, admitindo, ainda, o direito do apelante suspensao condicional da pena. Irresignado, o Ministério Publico estadual interpés recurso especial, no qual sustentou a impossibilidade de excepcionar a proibigdo versada no artigo 44 da Lei 11.343/2006, em virtude da causa de diminuigao. ‘Com base na situagdo hipotética acima descrita, esclarega, fundamentadamente, se 0 recurso ministerial deve ser pro’ DIREITO PROCESSUAL PENAL - CP08 - 05 - CPV - 2° PERIODO 2017 22/11/2017 - Pagina 1 de 12 ESCOLA DA MAGISTRATURA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO RESPOSTA: Q Supremo Tribunal Federal ja decidiu a questio: “PENA - TRAFICO DE DROGAS ~ SUBSTITUICAO DA PRIVATIVA DA LIBERDADE PELA. RESTRITIVA DE DIREITOS — INCONSTITUCIONALIDADE DO ARTIGO 44 DA LEI N° 11.343/2006. Surge insubsistente preceito a vedar a substituigdo da pena restritiva da liberdade pela de direitos ~ Precedente: Habeas Corpus n° 97.256/RS, da relatoria do ministro Carlos Ayres Britto, julgado pelo Pleno em 1° de setembro de 2010, acérdao publicado no Diario da Justica de 16 de dezembro seguinte. PENA - TRAFICO DE DROGAS - SUSPENSAO CONDICIONAL DA PENA. Admitida a substituieo da pena restritiva de liberdade por Ii de relativamente ao trafico, idéntica solucdo estende-se & suspensio condicional da pena. PENA — REGIME DE CUMPRIMENTO. O regime de cumprimento da pena ¢ fixado, presentes os pardmetros do artigo 33 do Cédigo Penal, ante as circunstancias judiciais. Sendo a pena-base estabelecida no minimo previsto para o tipo e a final em quantitativo inferior a quatro anos, nao se tratando de condenado reincidente, impde-se o regime aberto. RECURSO DA ACUSAGAO ~ AUSENCIA DE CONTRARRAZOES. Uma vez nao apresentadas contrarrazdes, incumbe designar outro profissional da advocacia ou intimar pessoalmente a Defensoria Publica para afastar a omissiio, sob pena de nulidade,” grifei 10/11/2015). O Superior Tribunal de Justica j4 apreciou a questo: “PROCESSUAL PENAL E PENAL. RECURSO ESPECIAL. DE FECHADO. PENAS RESTRITIVAS DE DIREITOS. SUSPENSAO CONDICIONAL DA PENA. CABIMENTO, INDIVIDUALIZACAO DA PENA. 1. A imposigo do regime inicial fechado ou do impedimento a substituicdo por penas restritivas de direitos, por vedagao legal, encontra dbice no principio constitucional da individualizagao da pena. 2, "E desproporcional e carece de razoabilidade a negativa de concess&o de sursis se ja resta superada a prépria vedaedo legal 4 conversiio da pena, DIREITO PROCESSUAL PENAL - CP08 - 05 - CPV - 2° PERIODO 2017 22/11/2017 - Pagina 2 de 12 ESCOLA DA MAGISTRATURA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO mormenteporque inexiste ébice 4 concessio dos beneficios na conduta do pardgrafo 2° do art, 33 da Lei n° 11.343/06, que pode até ser sancionada com reprimenda mais severa que a do caput ‘quando concedido 0 beneficio do paragrafo 4° do mesmo artigo" (REsp 1287561, Rel. Ministra MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA). 3, Recurso especial improvido.”” grifei {STJ. Sexta Turma, Resp 1.466,069/RS, Relator Ministro Rogerio Schietti Cruz, Relator para acérdio Ministro Nefi Cordeiro. Julgamento em 06/11/2014). “E tormentosa a matéria e caloroso o debate que gravita em torno da questo de se admitir, ou nao, a concessio de sursis na hipdtese de condenagdo decorrente da pratica de crime hediondo ou assemelhado. Cuidando da matéria, a 6* Turma do Superior Tribunal de Justiga, em acordio de que foi relator 0 Min, Hamilton Carvalhido, decidiu que “o instituto do sursis é incompativel com os ilicitos elencados no artigo 2°, caput, da Lei dos Crimes Hediondos”. Nao concordamos com a posiedo adotada, e 0 nosso entendimento nio esta solteiro, Com efeito, nao ha na Lei n. 8.072/90 qualquer vedaco expressa a concessio de sursis, e, sendo assim, no € possivel cogitar de interpretagdio extensiva para o fim de deixar de conceder beneficio que ndo esta vedado, Nao se pode admitir a interpretagdo ampliativa em prejuizo do réu. Atendidos os requisitos exigidos no Cédigo Penal, a suspensio condicional da pena € direito assegurado do réu.” (MARCAO, Ren: 2015, pag. 299-300), Curso de Execucio Penal. 13 ed. rev., ampl. ¢ atual, Sio Paulo: Saraiva, 2* QUESTAO: JONAS MARRA foi condenado a 6 (seis) meses de detengdo, pena que, nos termos do art, 44, §2°, do Cédigo Penal, foi substituida por multa, a qual, todavia, no foi paga, apesar de JONAS MARRA ter sido intimado para efetuar o recolhimento da quantia devida. Nestas circunstincias e, tendo em vista o disposto no art. 44, §4° do CP, indaga-se se, neste caso, a multa deve ser convertida em pena privativa de liberdade. Fundamente a sua resposta. DIREITO PROCESSUAL PENAL - CP08 - 05 - CPV - 2° PERIODO 2017 22/11/2017 - Pagina 3 de 12 ESCOLA DA MAGISTRATURA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO RESPOSTA: “EXECUCAO PENAL - PENA DE MULTA - INADIMPLEMENTO - DETRACAQ ANALOGICA - IMPOSSIBILIDADE - DIVIDA DE VALOR, SUJEITA A LEGISLACAO PERTINENTE A DIVIDA ATIVA DA FAZENDA PUBLICA, © QUE TORNA IMPOSSIVEL A CONVERSAO EM PRIVATIVA DE LIBERDADE (ART. 31, DO CP, COM A REDACAO DADA PELA LEI 9.268 /96) - AGRAVO NAO PROVIDO.” grifei (LISP. Décima Quinta Camara de Direito Criminal. Agravo n, 0085258-90.2014,8.26.0000, Rel s. Willian Campos. Julgamento em 02/07/2015). ““Execugio penal. Agravo regimental no habeas corpus. Crimes financeiros - arts. 4° e 22 da Lei n. 7.492/86. Pena privativa de liberdade cumulada com pena de multa. Indulto da primeira ¢ inscriglio da segunda na divida ativa da Unido, Juizo da execugao penal incompetente para analisar o pedido de indulto da multa, Competéncia da autoridade Fiscal. Impetragio de HHCC no TJ/SP e no STJ. Nao conhecimento. Auséncia de ameaga ao direito de locomogao. Objeto tinico da tutela em HC (CF, art. 5°, inc. LXVIII). Impossibilidade da reconversio da multa em pena privativa de Fundamento nao atacado. Insisténcia nos temas de fundo (competéncia do Juizo da Execugio Penal e prescrigdo dapena de multa). Art. 51 do Cédigo Penal: Pe ida em de Regéncia pela legislagao atinente 4 Fazenda Publica. Dupla supressao de instancia, Inviabilidade do writ. 1. O habeas corpus é cabivel “sempre que alguém sofrer ou se achar ameagado de softer violéncia ou coago em sua liberdade de locomogao, por ilegalidade ou abuso de poder” (CF, art. 5°, inc. LXIX), por isso ndo tem cabimento quando nao estiver em jogo o objeto especifico de sua tutela. 2. In casu, o paciente foi condenado a pena privativa de liberdade, cumulada com pena de multa, pela pritica dos crimes descritos nos arts. 4° e 22, da Lei n. 7.492/86, e, apés o transito em julgado da sentenga, foi iniciada a execugo dapena privativa de liberdade, sendo a pena de multa convei em divida de valor e encaminhada & ‘iblica para execueio, DIREITO PROCESSUAL PENAL - CP08 - 05 - CPV - 2° PERIODO 2017 22/11/2017 - Pagina 4 de 12 DIREITO PROCESSUAL PENAL - CP08 - 05 - CPV - 2° PERIODO 2017 4] ESCOLA DA MAGISTRATURA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO rode Execucio Penal. 3 ed. rev., atual. ¢ ampl. So Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2013, pig. 230). 3* QUESTAO: ANDRE foi condenado como incurso no art. 157, § 2°, I, do Cédigo Penal a pena de 5 (cinco) anos ¢ 4 (quatro) meses de reclusdo, a ser cumprida em regime inicialmente fechado. Durante a execugio da pena, ANDRE foi acometido de doenga mental, o que ocasionou a substituigao da pena privativa de liberdade por medida de seguranga (art. 183 da Lei de Execugdes Penais). Passados 6 (seis) anos da condenagdo, a defesa de ANDRE impetrou habeas corpus, no qual alegou a ocorréncia de constrangimento ilegal por estar o réu privado de sua liberdade por mais tempo do que foi condenado. Diante do exposto, esclareca, justificadamente, se deve ou néio ser concedida a ordem de habeas corpus. Faca, ainda, a distingao entre a medida de seguranca prevista aos inimputaveis no Cédigo Penal ¢ a medida de seguranga prevista no art. 183 da LEP. 22/11/2017 - Pagina 7 de 12 RESPOSTA: ESuALG E PROCESSUAL PENAL. HABEAS CORPUS. EXECUCAO. SUPERVENIENCIA DE DE SEGURANCA INTERNACAO, MANUTENCAO. TEMPO DE CUMPRIMENTO DA PENA EXTRAPOLADO. CONSTRANGIMENTO ILEGAL. ORDEM CONCEDIDA. L En se tratando de medida de seguranca aplicada em substituiedo 4 pena corporal, prevista da Lei de Execucdo Penal, sua duracio est adstrita ao tempo que resta para 0 eumpeimente to da pena privativa de liberdade estabelecida na sentenca condenatoria. Precedentes desta Corte. 2. Ordem concedida." grifei (STS, Sexta Turma, HC 373.405/SP. R Julgamento em 06/10/2016). "HABEAS CORPUS. WRIT SUBSTITUTIVO DE RECURSO PROPRIO. IMPOSSIBILIDADE. NAO CONHECIMENTO, FLEXIBILIZAGAO EM CASOS EXCEPCIONAIS DE MANIFESTO CONSTRANGIMENTO ILEGAL QUE AFETE A LIBERDADE DE LOCOMOGAO. REVOGACAO. ROUBO QUALIFICADO E PORTE ILEGAL DE ARMA. SUBSTITUICAQ, PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE. MEDIDA DE SEGURANCA. INDEFERIMENTO. NECESSIDADE. REALIZACAO DE NOVO EXAME DE SANIDADE MENTAL. 1. Conquanto se reconhega que a nossa jurisprudéncia, ha muito, tenha flexibilizado, e até mesmo ampliado, as hipdteses de cabimento do habeas corpus, mostra-se importante, agora, em sintonia com 0s mais recentes julgados do Supremo Tribunal Federal, a revistio de nossa jurisprudéncia. 2. Mister restaurar a missdo constitucional desta Corte de Justiga, que ndo pode continuar servindo como se fosse um "terceiro grau de jurisdi¢ao", pois a atuagdo dela restringe-se as hipéteses delineadas no artigo 105 da Carta Magna. 3. A luz desse preceito, esta Corte e o Supremo Tribunal Federal tém refinado o cabimento do habeas corpus, restabelecendo o alcance aos casos em que demonstrada a necessidade de tutela imediata & liberdade de locomogao, de forma a nao ficar malferida ou desvirtuada a légica do sistema recursal vigente. 4. Contudo, uma vez constatada a existéncia de ilegalidade flagrante, nada impede que esta Corte defira ordem de oficio, como forma de coarctar o constrangimento ilegal, situagdo inexistente na Wipes dos ie DIREITO PROCESSUAL PENAL - CP08 - 05 - CPV - 2° PERIODO 2017 22/11/2017 - Pagina 8 de 12 ESCOLA DA MAGISTRATURA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO ExecuedoPenal é aplicada quando, no curso da execucio da pena privativa de liberdade, sobrevier doenca mental ou perturbacio da saide mental, ocasidio em que a sancio & substituida pela medida de seguranea, que deve perdurar pelo periodo de cumprimento da reprimenda imposta na sentenca penal condenatéria, sob pena de ofensa a coisa julgada, 6. art. 149 do Cédigo de Processo Penal dispde que, "quando houver divida sobre a integridade mental do acusado, o juiz ordenard, de oficio ou a requerimento do Ministério Pablico, do defensor, do curador, do ascendente, descendente, irmao ou cénjuge do acusado, seja este submetido a exame médico-| acomversia da privativa de liberdade em medida de seguranca, atentando-se a0 fate de que a aco desta fica limitada & pena concretamente imposta, sendo imprescindivel ressaltar que a i do habeas corpus nio se presta imento de provas. 8. Habeas corpus nao conhecido, com a recomendago de que seja observada, com a maxima urgéncia possivel, a determinacao do Juizo de Execucdo no sentido da elaboragao de parecer médico detalhado acerca da satide mental do ora paciente, comunicando-se ao Hospital Penitencidrio Psiquiatrico responsével pelo preparo do referido laudo.” ee ro Og Fernandes, Julgamento em 4° QUESTAO: Consta dos autos que VICTORIA GRAYSON foi condenada, como incursa nos arts, 12 14, ambos da Lei 6.368/76, 4 pena de 7 (sete) anos de recluso e pagamento de multa, fixada em R$ $.000,00 (cinco mil Reais). Cumprida a pena privativa de liberdade, foi declarada extinta a punibilidade da ré, em sentenga datada de 03/05/2005, transitada em julgado. Em sequéncia, ajuizou VICTORIA GRAYSON pedido de reabilitagio criminal, perante 0 Juizo da 5* Vara Federal da Segdo Judicidria de Campo Grande/MS, o qual julgou procedente o pleito, destacando que a requerente teria cumprido todas as exigéncias previstas no art. 94 do Cédigo Penal, exceto 0 pagamento da multa, o que nao teria ocorrido por auséncia de recursos financeiros. Posto isso, esclarega se o magistrado agiu corretamente. Fundamente a sua resposta. DIREITO PROCESSUAL PENAL - CP08 - 05 - CPV - 2° PERIODO 2017 22/11/2017 - Pagina 9 de 12 ESCOLA DA MAGISTRATURA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO RESPOSTA: “AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. PENDENCIA DE PAGAMENTO DA PENA DE MULTA, ARTIGO 51 DO CODIGO PENAL. FAZENDA PUBLICA. EXTINCAO DE PUNIBILIDADE. POSSIBILIDADE. MATERIA PACIFICADA. ERESP N. 845.902/RS E RESP 1519777/SP ADMITIDOS COMO REPRESENTATIVOS DE CONTROVERSIA. VIOLAGAO DE PRINCIPIOS CONSTITUCIONAIS. VIA INADEQUADA. é razoavel que o réu, cumprida a pena carceréria, fique impossibilitado de obter sua reabilitaedio, apés o prazo legal, enguanto nfo somprevar 2 pazamento da mult, na esfera civel. Inviével manter 0 Proceso de Execucdo perante a Vara das Execucbes Penais indefini cobranca judicial, I-Nao se, ainda que para fins de prequestionamento, acerca de suposta afronta a principios constitucionais, sob pena de usurpago da competéncia do Supremo Tribunal Federal. II - Agravo regimental a que se nega provimento.” grifei (STS. Quinta Turma. AgRg no Resp 1.561.313/SP. Relator Ministro Reynaldo Soares da Fonseca, Julgamento em 27/04/2017). “AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. PENDENCIA DE PAGAMENTO DA PENA DE MULTA. ARTIGO 51 DO CODIGO PENAL. FAZENDA PUBLICA. EXTINCAO DE PUNIBILIDADE. POSSIBILIDADE. MATERIA PACIFICADA. ERESP N. 845.902/RS. VIOLACAO A PRINCIPIOS CONSTITUCIONAIS. VIA INADEQUADA. I= Nao é razoavel que o rt cumprida a pena carcerdria, fique impossibilitado de obter sua FeabilitacHo, apés o prazo legal, enquanto nfo comprovar 9 pagamento da da rales esfera DIREITO PROCESSUAL PENAL - CP08 - 05 - CPV - 2° PERIODO 2017 22/11/2017 - Pagina 10 de 12 Turma: CPV C 22017 Disc Matéria: DIREITO PREVIDENCIARIO Sessdo: 02 - Dia 20/10/2017 - 18:00 as 19:50 Professor: ALEX ASSIS DE MENDONCA, 02 Tema: Beneticidrios segurados e dependentes, Empresa e empregador doméstico. 1" QUESTAO: : 7. CONCURSO PARA JUIZ FEDERAL SUBSTITUTO - TRF DA 2". REGIAO: Segundo o art. 16 da Lei n° 8.213 de 24 de julho de 1991. sio beneficiatios do Regime Geral de Previdéncia Social na condigao de dependente do segurado: 0 cdnjuge. a companheira. o companheiro € 0 filho ndo emancipado, de qualquer condigdo. menor de 21 (vinte e um) anos ou invali Pergunta-se: em caso de separacao dos cénjuges. seja judicial ou de fato. bem como de divércio. aquele que antes da referida separagao fora dependente do segurado mantera esta qualidade? RESPOSTA: Ver ementa e fundamentagio do acérdio: AC n° 438.831. Relator Carlos Francisco. TRF 3* Regio - 2 Turma: "PREVIDENCIARIO. PENSAO POR MORTE. ART. 74 E SEGUINTES DA LEI 8.213/91. EX-COMPANHEIRA. DEPENDENCIA ECONOMICA NAO COMPROVADA. 1. A condigao de segurado do "cle cujus" resta devidamente provada nos autos. sendo que as disposigdes unico. da Lei 8.213/91. sao inaplicaveis & pensio por morte. tendo em vista que esse idepende de caréncia, ao teor do art. 26. |. da mesma lei. 2. Conforme o art. 16. I. e $ 4°. da Lei 8.213/91. presume-se dependéncia econdmica da ex-esposa em relacao ao segurado falecido enquanto mantida a relagio conjugal. O fato de a parte-requerente ter rompido a convivéncia com o “de cujus", vivendo separados ao tempo do seu dbito, nao é obstaculo a percepeado da pensio por morte, desde que presente a relagéo de dependéncia econdmica (ainda que posterior & separagao de fato ou judicial). pois a legislagdo previdencidria nao desabriga a ex-esposa ou ex-companheira, se essa tem direito a alimentos. mesmo contraindo novas nupcias. Precedentes do E.STJ e desta E.Corte. 3. Muito embora seja admissivel que a vitiva tenha meios de complementagao de renda (Simula 229, do extinto E.TFR) ou perceba aposentadoria propria. ndo resta demonstrada nos autos a dependéncia econémica da parte-requerente em relagiio ao "de cujus”. do que resulta a improcedéncia da pensio requerida, Da mesma forma aponta a Siimula 336 do STJ - A mulher que renunciou aos alimentos na separacio judicial tem direito & pensio previdenciaria por morte do ex-marido. comprovada a necessidade econdmica superveniente. DIREITO PREVIDENCIARIO - CP15 - 01 - CPV - 2° PERIODO 2017 20/10/2017 - Pagina 1 de 1 ESCOLA DA MAGISTRATURA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO Turma: CPV C 22017 Disciplina/Matéria: DIREITO PREVIDENCIARIO Sessdo: 03 - Dia 20/10/2017 - 20:10 as 22:00 Professor: ALEX ASSIS DE MENDONCA. . Manutengdo da qualidade de segurado (periodo de graca). Tipologia das prestagdes. Acidente do trabalho. 1* QUESTAO: José Antunes. apés ercer suas atividades como empregado em uma Padaria, durante 5 (cinco) anos, vem a scr demitido. nao mais conseguindo emprego. Persistentemente. continua a busca por nova relagdo empregaticia. tendo, inclusive, recebido o seguro-desemprego. Apés 15 meses de desemprego, sofre acidente e falece. A viiiva. ao requerer a pensdo por morte. tem sua pretensio indeferida. sob alegagao de perda da qualidade do segurado falecido. pois havia ultrapassado os 12 meses de periodo de graca, sem direito a prorrogagio. haja vista ndo possuir mais de 120 contribuigdes mensais e nao ter comprovado a condigdo de desempregado junto ao SINE - Sistema Nacional de Emprego. do Ministério do Trabalho e Emprego. Decida a questao, RESPOSTA: Ha direito ao beneficio. pois como prevé a Simula 27 da TNUJEF. a auséncia de registro em érgio rio do Trabalho nao impede a comprovagao do desemprego por outros meios admitidos em DIREITO PREVIDENCIARIO - CP15 - 01 - CPV - 2° PERIODO 2017 20/10/2017 - Pagina 1 de 1 ESCOLA DA MAGISTRATURA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO Turma: CPV C 22017 Disciplina/Matéria: DIREITO PREVIDENCIARIO Sessio: 04 - Dia 23/10/2017 - 18:00 as 19:50 Professor: KERLLY HUBACK BRAGANCA 04 Tema: Periodo de caréncia. Renda mensal inicial. Salario-de-beneficio. Renda mensal do beneficio. 1° QUESTAO: Maria do Carmo, pensionista do segurado Antonio Silva, falecido em 1983, vem requerer em juizo a majoracdo de sua pens4o por morte para o percentual de 100% do salério-de-beneficio, haja vista a Lei n® 9.032/95 ter fixado, como regra geral, este valor como renda mensal inicial. Alega a Autora que a aplicag3o da nova lei mais benéfica justifica-se dentro do preceito legal que determina a eficdcia imediata de nova lei (art. 6° LICC). Decida a questao. RESPOSTA: Como decidido pelo STF, "Considerou-se a orientagio fixada pelo Supremo no sentido de que, se 0 direito ao beneficio foi adquirido anteriormente A edigdo da nova lei, o seu célculo deve se efetuar de acordo com a legislagdo vigente 4 época em que atendidos os requisitos necessérios (principio /empus regit actum), Asseverou-se, também, que a fonte de custeio da seguridade prevista no art. 195, § 50, da CF assume feigio tipica de elemento institucional, de cardter dindmico, estando a definigdo de seu contetido aberta a miltiplas concretizagdes. Dessa forma, cabe ao legislador regular o complexo institucional da seguridade, assim como suas fontes de custeio, compatibilizando o dever de contribuir do individuo com o interesse da comunidade. Afirmou-se que, eventualmente, o legislador, 1no caso, poderia ter previsto de forma diferente, mas desde que houvesse fonte de custeio adequada para tanto, Por fim, tendo em vista esse perfil do modelo contributivo da necessidade de fonte de custeio, aduziu-se que o proprio sistema previdencidrio constitucionalmente adequado deve set institucionalizado com vigéncia, em principio, para o futuro. Coneluiu-se, assim, ser inadmissivel qualquer interpretagdo da Lei n° 9.032/95 que impute a aplicagao de suas disposigdes a beneficios de pens&o por morte concedidos em momento anterior a sua vigéncia, salientando que, a rigor, no houve concessio a maior, tendo o legislador se limitado a dar nova conformacao, doravante, a0 sistema de concessio de pensdes. Vencidos os Ministros Eros Grau, Carlos Britto, Cezar Peluso € Sepiilveda Pertence que negavam provimento aos recursos" (RE 416827/SC, Rel. Min. Gilmar Mendes, 8.2.2007 e RE 415454/SC, Rel. Min. Gilmar Mendes, 8.2.2007). 2° QUESTAO: Os beneficios prevideneiérios para o segurado especial sdo sujeitos a caréncia? DIREITO PREVIDENCIARIO - CP15 - 01 - CPV - 2° PERIODO 2017 23/10/2017 - Pagina | de 8 ESCOLA DA MAGISTRATURA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO RESPOSTA: Ver ementa do acérdao AC n° 170,807, Relator: Ubaldo Ataide Cavalcanti, TRF 5° Regio - I" Turma: "Previdenciario. Processual Civil. Comprovacao do exercicio de atividade rural -Inexigéncia de periodo de caréncia - Prefixagao legal das provas a serem produzidas - inadmissibilidade - Rol contido no pardgrafo unico do art. 106 da lei 8213/91, meramente exemplificativo. Aplicagao do principio do livre convencimento motivado - Prova testemunhal acompanhado de inicio de prova ‘material razodvel. Procedéncia da ago. - ndo exige o legislador periodo de caréncia para a concessao de aposentadoria por idade nos termos do art, 26,II1, cle o art. 39. i, da lei n® 8213/91, nem tdo-pouco pagamento de contribuigées, uma vez. que se trata de segurado especial. - A constituigao da republica, ao consagrar o principio da inafastabilidade da jurisdigao contido no inciso XXXV, de seu art. 5°, garantiu o acesso ao judiciério, razio pela qual admite todo o género de provas licitas, descabendo prévia fixagdo de quaisquer meios de convencimento, mormente para efeito de comprovagao do exercicio de atividade rural, sob pena de se estar desatendendo 0 art. 131 do CPC conseqiientemente, privilegiando a forma em detrimento da esséncia- a soma do inicio de prova documental aos depoimentos das testemunhas ¢ suficiente para ensejar um juizo de convicgao acerca de desempenho de atividade rural pelo requerente no periodo por ele declarado". DIREITO PREVIDENCIARIO - CP15 - 01 - CPV - 2° PERIODO 2017 23/10/2017 - Pagina 2 de 8 ESCOLA DA MAGISTRATURA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO Turma: CPV C 22017 Disciplina/Matéria: DIREITO PREVIDENCIARIO Sesso: 05 - Dia 23/10/2017 - 20:10 as 22:00 Professor: KERLLY HUBACK BRAGANGA. 05 Tema: Espécies de prestagdes I: Auxilio-doenga, auxilio-acidente e aposentadoria por invalidez. 1* QUESTAO: JUREMA trabalha ha 15 anos, como doméstica, na residéncia de Dona Marlene, ali exercendo todas as atividades inerentes a sua fungi. Apés ter sofrido uma queda em servigo, enquanto lavava o piso da varanda, o que gerou seu afastamento do trabalho em virtude de incapacidade tempordria para as atividades habituais, JUREMA passou a receber auxilio-doenga. Cessada a incapacidade, JUREMA retorna ao trabalho, ficando constatado, no entanto, através de pericia médica do INSS, terem restado seqilelas que implicaram na redugo da capacidade para o trabalho que ela habitualmente exercia. Pergunta-se: JUREMA faria jus ao auxilio-acidente? Fundamente sua resposta, indicando 0 dispositivo legal (ou dispositivos legais), se houver. RESPOSTA: 0 auxilio-acidente é beneficio previdencidrio de natureza indenizatoria concedido quando, apés consolidagiio das lesdes decorrentes de acidente de qualquer natureza (e ndo s6 de acidente do trabalho), resultar seqiielas que impliquem redugo da capacidade para o trabalho habitualmente exercido pelo segurado (artigo 86, da Lei 8.213/91). E devido ao segurado empregado, empregado doméstico, ao trabalhador avulso e ao segurado especial (artigo 18, §1°, da Lei 8.213/91), estando o empregado doméstico incluido neste rol, desde 0 advento da LC 150/15. 2 QUESTA Carlota da Silva desenvolve lesio por esforco repetitivo - LER, o que a tora temporariamente inapta para suas atividades. Ao requerer o beneficio, insurge-se quando o INSS concede o auxilio-doenga previdencidrio (comum). pois, na sua opinio. teria direito a modalidade acidentaria, j4 que entende ser a doenca ocupacional derivada do seu trabalho. Todavia, como nao houve emissio de comunicagio de acidente do trabalho - CAT, manteve o INSS o deferimento inicial. Haveria alguma saida para que Carlota possa obter 0 beneficio acidentirio, mesmo sem emissio de CAT? DIREITO PREVIDENCIARIO - CP15 - 01 - CPV - 2° PERIODO 2017 23/10/2017 - Pagina 1 de 2 ESCOLA DA MAGISTRATURA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO RESPOSTA: A saida seria a aplicagao da Lei n° 11.430/06 e do Decreto n° 6.042/07, que prevéem a criagdio do nexo técnico epidemiolégico - NTEP. Este nexo tem a intengdo de resolver a questdo dos beneficios derivados de doencas ocupacionais. O tema é atualmente tratado no art. 21-A da Lei n° 8.213/91 eno art. 337, § 3° do Regulamento da Previdéncia Social - RPS, aprovado pelo Decreto n° 3048/99. ONTEP presume o nexo entre a entidade mérbida e o trabalho, independente de CAT. pois a pericia médica do INSS considerard caracterizada a natureza acidentéria da incapacidade quando constatar ocorréncia deste nexo técnico entre o trabalho e a incapacidade, decorrente da relagio, fixada no Regulamento da Previdéncia Social (Lista B do Anexo II), entre a atividade da empresa e a entidade mérbida motivadora da incapacidade prevista na Classificagao Internacional de Doengas - CID. Havendo coincidéncia entre a CID do segurado e a atividade econdmica da empresa, de acordo com o nexo, o beneficio sera acidentario, haja vista a presungdo relativa de acidentalidade. Caso a empresa discorde do enquadramento, poder recorrer a0 CRPS, cabendo, todavia, o encargo de provar que a incapacidade no derivou do trabalho. Ademais, convém notar que o art. 20 da Lei n° 8.213/91 j4 equipara as doengas ocupacionais a acidentes do trabalho ¢ a CAT, nos termos do art. 336 do RPS, afirma que a CAT somente possui fins estatisticos e epidemiolégicos, nunca sendo pré-requisito para a concessio de beneficio acidentatio. 3* QUESTAO: Paulo ajuizou, em 2007 (apés a EC n° 45/04), ago visando implementar sua aposentadoria por invalidez acidentaria, que foi indeferida em sede administrativa, apesar de reconhecida a incapacidade ¢a qualidade de segurado. Preliminarmente, alega 0 INSS a incompeténcia do Juizo. pois Paulo ingressou com a agdo na Justica Estadual, apesar de existir juizado especial federal proximo de sua residéncia. Ainda, na visio do INSS, o segurado néo possui direito ao beneficio, pois jé recebe pensiio por morte de sua companheira, falecida no ano anterior. Decida a questio. RESPOSTA: Quanto 4 competéncia, ndo ha o alegado vicio, pois como afirmou o STJ. “Tratando-se de ago em que se discute a concessiio, restabelecimento ou revistio de beneficio previdencidrio decorrente de acidente de trabalho, compete a Justiga Estadual o julgamento da demanda, diante da competéncia residual prevista no art. 109. 1, da Constituigdo. Precedentes do eg. STF e da Terceira Segdo do STS. Esta Corte, através de sua Terceira Segao, j4 sedimentou entendimento no sentido de que 0 julgamento do CC n° 7204/MG pelo Supremo Tribunal Federal em nada alterou a competéncia da Justiga Estadual para o processamento e julgamento das agdes acidentarias propostas por segurado ou beneficidrio contra o INSS” (CC 63923 / RJ, Rel. Min, MIN. CARLOS FERNANDO MATHIAS, DJ 08/10/2007 p. 209). Quanto ao mérito, nao ha qualquer impedimento legal 4 acumulagdo desejada, como afirma a simula 36 da TNU (“Nao ha vedagdo legal 4 cumulagdo da pensto por morte de trabalhador rural com 0 beneficio da aposentadoria por invalidez, por apresentarem pressupostos faticos ¢ fatos yeradores, distintos”). DIREITO PREVIDENCIARIO - CP15 - 01 - CPV - 2° PERIODO 2017 23/10/2017 - Pagina 2 de 2 ny ESCOLA DA MAGISTRATURA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO ZA) Turma: CPV B 22017 Disciplina/Matéria: DIREITO PREVIDENCIARIO Sesso: 06 - Dia 14/11/2017 - 08:00 as 09:50 Professor: KERLLY HUBACK BRAGANGA 06 Tema: Espécies de prestagdes Il: Aposentadoria por idade, aposentadoria por tempo de contribuigao, aposentadoria do art. 9° da EC n° 20/98. 1? QUESTAO: Apés 24 (vinte e quatro) anos de trabalho, na condigdo de empregado de uma construtora, teve Jofo seu contrato de trabalho rescindido, deixando desde entao de efetuar sua contribuigao previdenciaria, vindo em conseqiiéncia a perder sua qualidade de segurado, Somente em Janeiro de 2005, na condigdo de segurado facultativo, filiou-se novamente ao RGPS, sendo certo que em margo de 2006 completard 65 (sessenta e cinco) anos de idade. Pergunta-se: a) Poder ele aposentar-se por idade, computando para efeito de caréncia as contribuigdes efetuadas antes da perda da condigio de segurado? Justifique a resposta. b) Caso positivo, qual sera o valor da sua renda mensal? RESPOSTA: a) Sim, por forga do disposto no artigo 3°, §1° da Lei 10.66/03, e do §6° do artigo 13 do Regulamento da Previdéncia Social, que foi acrescentado pelo Decreto 4729 de /09/06/2003, uma vez que ja havia ele, anteriormente perda da condigaio de segurado, cumprido a caréncia de 180 (cento & oitenta) contribuigdes necessarias & concesstio do referido beneficio. b) Quanto a renda mensal do ‘mesmo, seré o valor equivalente a 70% (setenta por cento) do salério de beneficio, calculado de acordo com o artigo 32, | do Decreto n? 3048/99, acrescido de 1% (um por cento) para cada grupo de 12 (doze) contribuigdes. No caso a renda serd de 70% + 25% = 95% do saléio de beneficio. DIREITO PREVIDENCIARIO - CP15 - 01 - CPV - 2° PERIODO 2017 07/1/2017 - Pagina | de 1 ESCOLA DA MAGISTRATURA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO Turma: CPV B 22017 Disciplina/Matéria: DIREITO PREVIDENCIARIO Sessdio: 07 - Dia 14/11/2017 - 10:10 as 12:00 Professor: KERLLY HUBACK BRAGANCA. 07 Tema: Espécies de prestagées III: Aposentadoria especial. Saldrio-maternidade. Salério-familia. Pensao por morte. 1" QUESTAO: 6° CONCURSO PARA JUIZ FEDERAL SUBSTITUTO - TRF DA 2. REGIAO De acordo com a jurisprudéncia do Supremo Tribunal Federal, indaga-se se o limite maximo relativo ao valor dos beneficios do Regime Geral de Previdéncia Social, de que trata o art. 201 da Constituigao da Republica, ¢ aplicével a licenga-maternidade a que se refere o art. 7°, XVIII, da Lei Maior. Justifique a resposta. DIREITO PREVIDENCIARIO - CP15 - 01 - CPV - 2° PERIODO 2017 07/11/2017 - Pioina 1 ded ESCOLA DA MAGISTRATURA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO RESPOSTA: Ver ementa e fundamentagio do acérdio: ADI n° 1946/DF, Relator: Sydney Sanches DJ 16.5.2003. EMENTA: - DIREITO CONSTITUCIONAL, PREVIDENCIARIO E PROCESSUAL CIVIL. LICENCA-GESTANTE. SALARIO. LIMITACAO. ACAO DIRETA DE. INCONSTITUCIONALIDADE DO ART. 14 DA EMENDA CONSTITUCIONAL N° 20, DE 15.12.1998, ALEGACAO DE VIOLACAO AO DISPOSTO NOS ARTIGOS 3°, IV, 5°, I, 7°, XVIII, E 60, § 4°, IV, DA CONSTITUICAO FEDERAL. |. 0 legislador brasileiro, a partir de 1932 e mais claramente desde 1974, vem tratando problema da protecdio & gestante, cada vez menos como um encargo trabalhista (do empregador) e cada vez mais como de natureza previdenciaria, Essa orientagdo foi mantida mesmo apés a Constituigdio de 05/10/1988, cujo art. 6° determina: a proteco & maternidade deve ser realizada “na forma desta Constitui¢do", ou seja, nos termos previstos em seu art. 7°, XVIII: "licenga a gestante, sem prejuizo do empregado e do salario, com a duragio de cento e vinte dias". 2. Diante desse quadro historico, nio é de se presumir que o legislador constituinte derivado, na Emenda 20/98, mais precisamente em seu art. 14, haja pretendido a revogacdo, ainda que implicita, do art. 7°, XVIII, da Constituigdo Federal origindria. Se esse tivesse sido 0 objetivo da norma constitucional derivada, por certo a E.C. n° 20/98 conteria referéncia expressa a respeito. E, falta de norma constitucional derivada, revogadora do art. 7°, XVIII, a pura e simples aplicagao do art, 14 da E.C. 20/98, de modo a torné-la insubsistente, implicaré um retrocesso histérico, em matéria social-previdenciéria, que nao se pode presumir desejado. 3. Na verdade, se se entender que a Previdéncia Social, doravante, responderd apenas por R$1.200,00 (hum mil e duzentos reais) por més, durante a licenga da gestante, e que o empregador responderd, sozinho, pelo restante, ficard sobremaneira, facilitada e estimulada a opedo deste pelo trabalhador masculino, ao invés da mulher trabalhadora. Estard, entdo, propiciada a discriminago que a Constituigdo buscou combater, quando proibiu diferenga de salirios, de exercicio de fungdes e de critérios de admisso, por motivo de sexo (art. 7, ine. XXX, da C.F/88), proibigdo, que, em substancia, é um desdobramento do principio da igualdade de direitos, entre homens e mulheres, previsto no inciso | do art, 5° da Constituigdo Federal Estard, ainda, conclamado o empregador a oferecer & mulher trabalhadora, quaisquer que sejam suas aptiddes, saldrio nunca superior a RS1.200,00, para nao ter de responder pela diferenga, Nao é crivel que 0 constituinte derivado, de 1998, tenha chegado a esse ponto, na chamada Reforma da Previdéncia Social, desatento a tais conseqiiéncias. Ao menos niio é de se presumir que o tenha feito, sem o dizer expressamente, assumindo a grave responsabilidade. 4. A convicgao firmada, por ocasido do deferimento da Medida Cautelar, com adestio de todos os demais Ministros, ficou agora, ao ensejo deste julgamento de mérito, reforcada substancialmente no parecer da Procuradoria Geral da Repiiblica. 5. Reiteradas as consideragées feitas nos votos, entdo proferidos, e nessa manifestacdo do DIREITO PREVIDENCIARIO - CP15 - 01 - CPV - 2° PERIODO 2017 07/11/2017 - Paoina 9 ded ESCOLA DA MAGISTRATURA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO MinistérioPublico federal, a Agdo Direta de Inconstitucionalidade é julgada procedente, em parte, para se dar, ao art. 14 da Emenda Constitucional n° 20, de 15.12.1998, interpretagdo conforme a Constituigdo, excluindo-se sua aplicagao ao salério da licenga gestante, a que se refere 0 art. 7°, inciso XVIII, da Constituigdo Federal. 6. Plenario. Decisdo unanime. 2° QUESTAO: José Joaquim ajuiza agao objetivando a declaracdo do direito & contagem de seu tempo de servigo especial, prestado no periodo de marco de 1977 a novembro de 1998, e a consegilente conversfio em ‘comum para fins de futura concessao de beneficio de aposentadoria por tempo de contribuicdo, quando implementar todas as condigdes, alegando ter direito adquirido. Apresenta laudo ‘comprovando a exposigio a ruido relativo ao periodo de margo de 1977 a fevereiro de 1980, bem como a CTPS 0 SB 40 (DSS 8030) a respeito do exercicio da profissio de motorista quanto a0, restante do periodo assinalado, O autor tem direito & contagem especial? DIREITO PREVIDENCIARIO - CP15 - 01 - CPV - 2° PERIODO 2017 07/11/2017 - Pagina 3 de 4 ESCOLA DA MAGISTRATURA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO RESPOSTA: Ver ementa do acérdio:AC n° 814.334, Relator: Roberto Haddad, TRF 3* Regido - I° Turma: “PREVIDENCIARIO - TEMPO DE SERVICO - COMPROVAGAO DA ATIVIDADE LABORAL EM CONDICOES INSALUBRES - CONCESSAO DO BENEFICIO - EMENDA CONSTITUCIONAL N. 20/98. -Permanece em vigor, 0 § 5° do artigo 57, da Lei 8213/91, coma redagdo dada pela Lei 9032/95, conforme EC 20/98, que em respeito a hierarquia das Leis, nfo pode ser revogada por simples Decreto. O artigo 28 da MP 1663-10, de 28.05.98, ndo foi convalidado pela Lei 9711/98 quando de sua conversdo em 20.11.98, portanto, ndo é vedada a conversao de tempo de servico especial em tempo de servico comum, -O uso de equipamentos de seguranca € protegao nao é excludente de insalubridade, em razo de nao anular os agentes nocivos do ambiente onde se realiza 0 exercicio laboral, sendo apenas uma medida paliativa para amenizar os efeitos prejudiciais a que estes causam. -Para a comprovagio da insalubridade dos trabalhos exercidos até a data de 28.04.1995 (lei no. 9.032/95), basta a apresentagio do formulirio SB-40 (atualmente DSS-8030), especificando de forma minuciosa as fungdes exercidas pelo trabalhador ou quais os agentes nocivas elencados nos anexos dos decretos no. 53.831/64 e no. 83.080/79, o segurado encontrava-se exposto de modo habitual e permanente. -Para a comprovagdio da insalubridade do exercicio laboral realizado apés 29.04.1995, ressalvado os beneficios requeridos anteriormente a edigdio da Medida Provis6ria n° 1.523/96 de 11.10.96, mister se faz a apresentagdo de laudo técnico-pericial, comprovando a exposigdo do segurado aos agentes nocivos elencados nos anexos dos decretos no. 53.831/64 eno. 83.080/79, e posteriormente 05.03.1997, a exposigdo habitual e permanente aos agentes nocivos do ‘anexo do decreto no. 2.172/97. -Comprovada a insalubridade dos periodos laborais por meio dos formulatios SB-40 e DSS-8030, acompanhados do respectivo laudo técnico-pericial. -Comprovado nos autos o autor possuir mais de 30 anos de tempo de servico na data da promulgacao da Emenda Constitucional no, 20/98, a qual veta a percepgio do beneficio da aposentadoria por tempo de contribuigdo para homens com idade inferior a 53 anos. -E assegurada a concessio de aposentadoria € pensio, a qualquer tempo, aos servidores piblicos e aos segurados do regime geral de previdéncia social, bem como aos seus dependentes, que, até a data da publicagao desta Emenda, tenham cumprido 05 requisitos para a obtengdo destes beneficios, com base nos critérios da legislacdo entdo vigente. (art. 30 da Emenda Constitucional no. 20/98). -Apelaco do Instituto Nacional do Seguro Social - INSS e remessa oficial parcialmente provida". 3° QUESTAO: Marcelino Marcel ingressa em juizo frente ao INSS requerendo a prorrogacao da penstio por morte deixada por seu pai até os 24 anos, haja vista ser, comprovadamente, estudante universitario € depender destes recursos para sua manutengao. Decida a questio. RESPOSTA: De acordo com a Simula n° 37 da TNUJEF, a pensdo por morte, devida ao filho até os 21 anos de idade, nao se prorroga pela pendéncia do curso universitério. Referéncia: REsp. no 639487/RS; PU no 2003.40.00.700991-3 - Turma de Uniformizagao (julgamento 18.12.2003 - DJ 27.2.2004, Segao I); PU no 2004.71.95.010306-6 - Turma de Uniformizagao Gulgamento 13.2.2006 - DJ 24.3.2006, Segio 1); PU no 2004.70.95.012546-1 - Turma de Uniformizagio Gulgamento 13.2.2006 - DJ 23.5.2006, Segao I); PU no 2005.70.95.001 135-6 - Turma de Uniformizagao (julgamento 27.3.2006 - DJ 05.5.2006, Segdo I); PU no 2004.71.95.01 1459-3 - Turma de Uniformizagao (julgamento 25.4.2007 - DJ 14.5.2007, Segao 1). DIREITO PREVIDENCIARIO - CP1S - 01 - CPV - 2° PERIODO 2017 07/11/2017 - Pasina 4 de 4 77 ESCOLA DA MAGISTRATURA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO Turma: CPV B 22017 Disciplina/Matéria: DIREITO PREVIDENCIARIO Sessio: 08 - Dia 16/11/2017 - 08:00 as 09:50 Professor: MARCELO LEONARDO TAVARES 08 Tema: Espécies de prestagdes IV: Auxilio reclusdo. Servigos. Regras finais do RGPS. Contagem recipraca de tempo de contribuigdo. Justificagiio judicial e administrativa. Decadéncia ¢ Prescrigdo no Beneficio. Dispositivos finais da Lei n? 8213/91. 1? QUESTAO: José das Couves, apés laborar por 10 anos em atividade rural, sem contribuigfo, em periodo anterior a Lei n® 8.213/91, segue suas atividades em area urbana, até atingir idade para fins de aposentadoria, Quando do seu requerimento, exige do INSS que o tempo de atividade rural seja devidamente computado, em somatério com a atividade urbana, para todos os fins, inclusive caréncia. Assiste razito ao segurado? RESPOSTA: Nao. De acordo com o STJ, o tempo de atividade rural, para contagem em atividade urbana, néo implica contagem reciproca. "Para que o segurado faga jus a aposentadoria por tempo de servigo, somando-se o periodo de atividade agricola com o trabalho urbano sem contribuigao, impde-se que a cumprida durante o tempo de servigo como trabalhador urbano. No caso, o autor recorrido cumpriu o requisito da caréncia durante o tempo de atividade urbana e nada impede a pretendida soma ao seu tempo de servigo do periodo ruricola anterior & edigdo da Lei no 8.213/1991. Ao reafirmar esse entendimento, a Turma negou provimento ao agravo. Precedente citado: REsp 653.703-PR, DJ 17/12/2004" (AgRg no REsp 706.790-PR, Rel. Min. Paulo Gallott, julgado em 22/3/2005).No mesmo sentido, a stimula 24 da Turma de Uniformizagio dos JEF: "O tempo de servigo do segurado trabalhador rural anterior ao advento da Lei no 8.213/91, sem o recolhim contribuigdes previdencirias, pode ser considerado para a concessio de beneficio previder Regime Geral de Previdéncia Social (RGPS), exceto para efeito de caréncia, conforme a regra do art. 55, §20, da Lei n? 8.213/91", RECURSO ESPECIAL N° 888.930 - SP (2006/0209239-6) RELATORA ; MINISTRA MARIA. THEREZA DE ASSIS MOURA RECURSO ESPECIAL. PREVIDENCIARIO E PROCESSO CIVIL. IMPOSSIBILIDADE DE APRECIACAO DE MATERIA CONSTITUCIONAL. INICIO DE PROVA MATERIAL NAO CORROBORADO POR PROVA TESTEMUNHAL. PERIODO LABORADO NO CAMPO. NAO RECONHECIDO. AUSENCIA DE PREQUESTIONAMENTO. APLICACAO DAS SUMULAS 282 E 356/STF. LABOR URBANO E RURAL. COMPUTO DO TEMPO COMO RURICOLA PARA FINS DE CARENCIA. IMPOSSIBILIDADE. NAO. OBSERVANCIA DA CARENCIA DURANTE A ATIVIDADE URBANA. CONCESSAO DA APOSENTADORIA. IMPOSSIBILIDADE. DISSIDIO JURISPRUDENCIAL. FALTA DE COTEJO ANALITICO. NEGADO SEGUIMENTO AO RECURSO. DATA DO JULGAMENTO: 01/07/2010 2 QUESTAO: Tito Livio, aposentado por tempo de contribuigao pelo RGPS, continua seu labor apés a obten¢ao do. beneficio, contribuindo normalmente ao INSS por mais dez anos. Apés este interregno, vem a solicitar 20 INSS sua desaposentagiio, de modo que possa computar, em novo beneficio previdencidrio, o tempo de contribuigdo anterior somado ao decénio posterior. Em pedido administrativo, a pretensio do segurado foi negada, sob a justificativa de auséncia de base legal para seu intento, além de desrespeitar 0 ato juridico perfeito. Irresignado, Tito ingressa no Judiciério para ver sua pretensio atendida. Decida a questo. DIREITO PREVIDENCIARIO - CPI5 - 01 - CPV - 2° PERIODO 2017 07/11/2017 - Pagina 1 de 2 ESCOLA DA MAGISTRATURA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO RESPOSTA: A questo, que ainda é controvertida, define-se como a reversiio da aposentadoria obtida no Regime Geral de Previdéncia Social, ou mesmo em Regimes Proprios de Previdéncia de Servidores Piblicos, com 0 objetivo exclusivo de possibilitar a aquisi¢ao de beneficio mais vantajoso no mesmo ou em outro regime previdencisrio. O ST! ja se manifestou sobre a matéria da seguinte forma: A aposentadoria previdenciéria, na qualidade de direito disponivel, pode sujeitar-se a reniincia, o que possibilita a contagem do respectivo tempo de servigo para fins de aposentadoria estatutaria. Note-se ‘ido haver justificativa plausivel que demande devolverem-se os valores ja percebidos Aquele titulo e, também, nao se tratar de cumuulagao de beneficios, pois uma se iniciard quando finda a outra (REsp 692.628-DF, Rel. Min. Nilson Naves, julgado em 17/5/2005). RENUNCIA. APOSENTADORIA. UTILIZACAO. TEMPO. A Turma, por maioria, reiterou o entendimento de que o segurado pode renunciar a sua aposentadoria € reaproveitar o tempo de contribuigdo para fins de concessao de beneficio no mesmo regime ou em ‘outro regime previdencisrio, ndo necessitando devolver os proventos jé percebidos; pois. enquanto perdurou a aposentadoria, os pagamentos de natureza alimentar eram indiscutivelmente devidos. Precedentes citados: AgRg no REsp 926.120-RS, Die 8/9/2008, e AgRg no REsp 328.101-SC, DJe 20/10/2008. REsp 1.113.682-SC Rel. originario Min. Napoledo Nunes Maia Fitho, Rel. para acérdio Min, Jorge Mussi, julgado em 23/2/2010. 3° QUESTAO: Em 2010, Jodo Jorge ingressa em juizo devido ao fato do INSS ter indeferido a revisio de seu beneficio concedido em 2003, alegando que ja haveria transcorrido o prazo fatal fixado em lei. E correto este fundamento? Se cabivel a revisio, tera direito a0 recebimento dos valores devidos desde 2003? RESPOSTA: O indeferimento ¢ equivocado, pois o art. 103, caput da Lei n® 8.213/91 prevé o prazo de dez anos para revisio de indeferimento, ndo cabendo a negativa. Todavia, os valores devidos somente alcangario os diltimos 5 anos, haja vista a previsdo do pardgrafo nico do mesmo artigo. 4 QUESTAO: Maria do Carmo, esposa de Marcelo Medeiros, preso em flagrante por homicidio, requer junto a0 INSS auxilio-reclusio. O beneficio é indeferido por Marcelo ja ser aposentado, recebendo beneficio de salério minimo. Maria do Carmo argumenta que & dependente de baixa renda, pois 0 beneficio de Marcelo nao era suficiente para a manutencZo da familia, que era mantida pelos "bicos” que este realizava. Como esta preso, ndo possui meios para manter a familia, Decida a questao, RESPOSTA: Assiste razo ao INSS, pois 0 aposentado, quando preso, no produz dircito a este benef que os dependentes irdo receber a aposentadoria na condigao de procuradores (art. 80, Lei n. 8213/91). Nao obstante a situacao de dificuldade da postulante, a ampliagao de beneficio sem fonte de custeio ¢ inconstitucional (art. 195, § 5° da CF/88). DIREITO PREVIDENCIARIO - CP15 - 01 - CPV - 2° PERIODO 2017 07/11/2017 - Pagina 2 de 2 ESCOLA DA MAGISTRATURA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO Turma: CPV B 22017 Disciplina/Matéria: DIREITO PREVIDENCIARIO SessGo: 09 - Dia 16/11/2017 - 10:10 as 12:00 Professor: MARCELO LEONARDO TAVARES estrutura constitucional. EC n° 41/2003 e EC n° 47/2005, (0 adquirido. 09 Tema: Previdéncia dos Servidores Situagio dos novos servidores e dir 1* QUESTAO: 2° CONCURSO PARA A DEFENSORIA PUBLICA Quais os requisitos para que o servidor piblico, titular de cargo efetivo pertencente ao Regime de Previdéncia de cardter contributivo, possa fazer jus a aposentadoria voluntéria? RESPOSTA: Ver: artigo 40 da CRFB/88, com a redagdo dada pela EC n° 41/2003. 2 QUESTAO: 7 17°. CONCURSO PARA A DEFENSORIA PUBLICA Antonio, funcionério piblico estadual, jé aposentado, é surpreendido com o desconto de contribuigao previdenciéria em seu contracheque. Procurando a autoridade administrativa para saber a raziio do desconto, fica sabendo que lei, regularmente editada pelo estado, criara a citada contribuigao. Inconformado, comparece ao érgao da Defensoria Publica do qual vocé ¢ titular, buscando orientagao. Esta correta a cobranga da contribuigo? Justifique a resposta, indicando o(s) dispositivo(s) legal(is) que, por acaso, tenha(m) sido violado(s), bem como a medida cabivel. DIREITO PREVIDENCIARIO - CP15 - 01 - CPV - 2° PERIODO 2017 07/11/2017 - Pagina 1 de 12 ESCOLA DA MAGISTRATURA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO RESPOSTA: Ver: ementa ¢ fundamentacao do acérdao: ADI n? 3105/DF e ADI n° 3128/DF Relator: Min. Ellen Gracie Relator para acérdao: Ministro Joaquim Barbosa O teor da decisio se encontra no Informativo n? 357 do Supremo Tribunal Federal, in verbis: "O Tribunal concluiu julgamento de agdes diretas de inconstitucionalidade ajuizadas pela Associago Nacional dos Membros do Ministério Pablico - CONAMP e pela Associago Nacional dos Procuradores da Repiblica - ANPR contra o art. 42, da EC 41/2003, que impée aos servidores piiblicos aposentados e aos pensionistas, em gozo de beneficios na data de publicagdo da referida Emenda, bem como aos alcancados pelo disposto no seu art, 3°. a obrigagdo tributéria de pagar contribuico previdenciéria com percentual igual ao estabelecido para os servidores titulares de cargos efetivos ("Art. 3° E assegurada a concessio, a qualquer tempo, de aposentadoria aos servidores publicos, bem como penso aos seus dependentes, que, até a data de publicagao desta Emenda, tenham cumprido todos os requisitos para obtengio desses beneficios, com base nos critérios da legislagdo entdo vigente. § 1° O servidor de que trata este artigo que opte por permanecer em atividade tendo completado as exigéncias para aposentadoria voluntaria e que conte com, no minimo, vinte ¢ cinco anos de contribuicdo, se mulher, ou trinta anos de contribuigdo, se homem, faré jus a um abono de permanéncia equivalente ao valor da sua contribuigo previdenciéria até completar as exigéncias para aposentadoria compuls6ria contidas no art. 40, § 1°, Il, da Constituigdo Federal. § 2° Os proventos da aposentadoria a ser concedida aos servidores publicos referidos no caput, em termos integrais ou proporcionais ao tempo de contribuigdo ja exercido até a data de publicagaio desta Emenda, bem como as pensdes de seus dependentes, serdo calculados de acordo com a legislago em vigor & época em que foram atendidos os requisitos nela estabelecidos para a concessio desses beneficios ou nas condigdes da legislacdo vigente. Art. 4° Os servidores inativos ¢ os pensionistas da Unido, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municipios, incluidas suas autarquias e fundagdes, em gozo de beneficios na data de publicagdo desta Emenda, bem como os alcancados pelo disposto no seu art. 3°, contribuirdo para o custeio do regime de que trata o art. 40 da Constituigdo Federal com percentual igual ao estabelecido para os servidores itulares de cargos efetivos. Pardgrafo iinico. A contribuigdo previdenciéria a que se refere o caput apenas sobre a parcela dos proventos e das pensdes que supere: I - cingiienta por cento do limite maximo estabelecido para os beneficios do regime geral de previdéncia social de que trata 0 art. 201 da Constituigdo Federal, para os servidores inativos e os pensionistas dos Estados. do Distrito Federal e dos Municipios; II - sessenta por cento do limite Maximo estabelecido para os beneficios do regime geral de previdéncia social de que trata o art. 201 da Constituigao Federal, para os servidores inativos e os pensionistas da Unido") - v. Informativo 349. Ressaltou-se, inicialmente, que as DIREITO PREVIDENCIARIO - CP15 - 01 - CPV - 2° PERIODO 2017 07/11/2017 - Pagina 2 de 12 ESCOLA DA MAGISTRATURA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO igBessao tributos, sujeitas a regime juridico proprio, ¢ cuja propriedade decorre da destinagao constitucional das reccitas ¢ da submissio as finalidades especificas estabelecidas pelo art. 149, da CF, do qual se extrai que as mesmas podem ser instituidas pela Unido e pelos Estados e Municipios como instrumento de atuagao na area social. Dai, por forga do disposto no art. 195, da CF, com a redagdo da época da edigiio da EC 41/2003, a atuagao estatal nas dreas da sade, previdéncia c assisténcia social, cujos direitos sao o contetido objetivo da seguridade social, deve ser custeada por toda a sociedade, de forma direta e indireta, nos termos da lei, por meio dos recursos provenientes dos orcamentos dos entes federados ¢ das contribuiges sociais previstas nos incisos | III do referido artigo. Em relacio ao caput do art. 4° da EC 41/2003, as ofensas alegadas pelos requerentes foram afastadas por estas razdes: a) por serem as contribuigdes espécie de tributo, nao ha como opor-lhes a garantia constitucional ao direito adquirido: a.1) a norma que institui ou majora tributos incide sobre fatos posteriores 4 sua entrada em vigor; a.2) ndo consta do rol dos direitos subjetivos inerentes a situago de servidor inativo o de imunidade tributéria absoluta dos proventos correlatos. Assim, sendo a percepedo de proventos de aposentadorias e pensdes fato gerador da contribuigao previdencidria (EC 41/2003, art. 4°, pardgrafo iinico), ndo obstante a condigdo de aposentadoria, ou inatividade, representar situagao juridico-subjetiva sedimentada que, regulando-se por normas juridicas vigentes a data de sua consolidagio, ¢ intangivel por lei superveniente no nticleo substantivo desse estado pessoal, ndo se poderia conferir a0 servidor inativo nem ao pensionista verdadeira imunidade tributaria absoluta, sem previsio constitucional, quanto aos fatos geradores ocorridos apés a edigdo da EC 41/2003, observados 0s principios constitucionais da irretroatividade e da anterioridade (CF, art. 150, Ill, ae art. 195, §6°); b) 0 principio constitucional de irredutibilidade da remuneragdo dos servidores piiblicos niio se estende aos tributos porque nao implica imunidade tributéria; c) a utilizagdo da percepgio de proventos como fato gerador da contribuigdio previdencidria ndo configura bis in idem de imposto sobre a renda: as contribuigdes previdenciirias nao constituem imposto. Para discemi-las, além do fato gerador e da base de eailculo, ha de se levar em consideracdo os fatores distintivos constitucionais da finalidade da instituigdo e da destinago das receitas (CF, arts. 149 e 195). Também nao consubstancia bitributagdo o fato de as contribuigdes apresentarem a mesma base de célculo do imposto sobre a renda em relagiio aos inativos, haja vista a existéncia de autorizagao constitucional expressa (CF, art. 195, 11); d) a contribuigdo instituida ndo se faz sem causa, razo por que nao se ha de falar em confisco ou discriminagdo sob o fundamento de que “nao atende aos principios da generalidade e da universalidade (art.155, paragrafo 2°, I) ja que DIREITO PREVIDENCIARIO - CP15 - 01 - CPV - 2° PERIODO 2017 ESCOLA DA MAGISTRATURA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO recai s6 sobre uma categoria de pessoas": d.1) a EC 41/2003 transmudou a natureza do regime previdencial que, de solidério e distributivo, passou a ser meramente contributivo e, depois, solidario € contributivo, por meio da previsdo explicita de tributagdo dos inativos, "observados critérios que preservem o equilibrio financeiro e atuarial”, em face da necessidade de se resolver o colapso havido no sistema, em decorréncia, entre outros fatores, da queda da natalidade, do acesso aos quadros funcionais piblicos, do aumento da expectativa de vida do brasileiro e, por conseguinte, do periodo de percepedo do beneficio; d.2) 0 sistema previdenciirio, objeto do art, 40 da CF nunca foi de natureza juridico-contratual, regido por normas de direito privado. O valor pago pelo servidor a titulo de contribuigao previdenciaria nunca foi nem é prestacdo sinalagmatica, mas tributo destinado a0 custeio da atuago do Estado na area da previdéncia social; d.3) 0 regime previdenciario piblico visa garantir condigdes de subsisténcia, independéncia e dignidade pessoais ao servidor idoso por meio do pagamento de proventos da aposentadoria durante a velhice e, nos termos do art. 195 da CF, deve ser custeado por toda a sociedade, de forma direta e indireta, o que se poderia denominar principio estrutural da solidariedade; d.4) o regime previdenciario assumiu cardter contributivo para efeito de custeio eqiiitativo e equilibrado dos beneficios, sem prejuizo da observancia dos principios do parégrafo dnico do art. 194 da CF: universalidade, uniformidade, seletividade e distributividade, irredutibilidade, equidade no custeio ¢ diversidade da base de financiamento. Assim, os elementos sistémicos figurados no "tempo de contribuigdo", no “equilibrio financeiro e atuarial" e na “regra de contrapartida" devem ser interpretados em conjunto com os principios supracitados; e) a cobranea, em si, da contribuigdo dos inativos ndo ofende o principio da isonomia: e.1) 0 advento da EC 41/2003 estabeleceu, em tese, a existéncia de trés grupos de sujeitos passivos distintos: os aposentados até a data da publicagdo da Emenda (que se aposentaram com vencimentos integrais); os que se aposentardo apés a data de sua edigdo, mas que ingressaram no servigo piiblico antes dela (que, numa i, poderio aposentar-se com proventos integrais, observadas as regras do art. 6° da EC 41/2003); os que ingressaram e se aposentardo apés a publicagao da Emenda (que poderdo, no caso do §14 do art. 40 da CF, sujeitar-se ao limite atribuido ao regime geral da previdéncia - CF, art. 201 - € equivalente a dez salérios minimos); ¢.2) 0 fato de ja estarem aposentados data da publicagao da Emenda nao pode retirar a responsabilidade social pelo custeio, j4 que seu tratamento previdencisrio & diverso do reservado aos servidores da ativa; e.3) 0 carater contributivo e solidario da previdéncia social impede essa distorgio, que implicaria ofensa ao principio da “equidade na forma de participagdo de custeio" (CF, art. 194, IV). De outro lado, em relagdo ao paragrafo ‘nico do art. 4° da norma impugnada, entendeu-se cconfigurada a violagdo ao principio da igualdade por estes fundamentos: a) 0 fato de alguns serem inativos ou pensionistas dos Estados, do DF ou dos Municipios nao | DIREITO PREVIDENCIARIO - CP15 - 01 - CPV - 2° PERIODO 2017 07/11/2017 - Pagina 4 de 12 ESCOLA DA MAGISTRATURA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO egitima o tratamentodiferenciado dispensado aos servidores inativos e pensionistas da Unido, que se encontram em idéntica situago juridica; b) 0 fato de ter-se aposentado o servidor antes ou depois da Publicagio da Emenda nao justifica tratamento desigual quanto a sujeigao do tributo, Salientou-se que © pardgrafo tinico do art. 4° da EC 41/2003, ao eriar excegao & imunidade prevista no §18 do art. 40 da CF, com a redagao dada pela propria Emenda, faz excegdlo, da mesma forma, & imunidade do inciso II do art. 195 da CF, aplicavel, por extensio, aos servidores inativos e pensionistas, por forga da interpretagao teleolégica ¢ do disposto no §12 do art. 40 da CF ("Art, 40. Aos servidores titulares de cargos efetivos da Unido, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municipios, incluidas suas autarquias e fundagdes, é assegurado regime de previdéncia de cardter contributivo ¢ solidario, ‘mediante contribuigio do respectivo ente piiblico, dos servidores ativos ¢ inativos e dos pensionistas, observados critérios que preservem 0 equilibrio financeiro ¢ atuarial e o disposto neste artigo... §12. Além do disposto neste artigo, o regime de previdéncia dos servidores piblicos titulares de cargo efetivo observard, no que couber, os requisitos e critérios fixados para o regime geral de previdéncia social... §18. Incidira contribuigdo sobre os proventos de aposentadorias e pensdes concedidas pelo regime de que trata este artigo que superem o limite maximo estabelecido para os beneficios do regime geral de previdéncia social de que trata o art. 201, com percentual igual ao estabelecido para 0s servidores titulares de cargos efetivos."; "Art. 195. A seguridade social sera financiada por toda a sociedade, de forma direta e indireta, nos termos da lei, mediante recursos provenientes dos ‘orgamentos da Unido, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municfpios, e das seguintes contribuigdes sociais. 11 - do trabalhador e dos demais segurados da previdéncia social. ndio incidindo contribuigdo sobre aposentadoria e pensio concedidas pelo regime geral de pre social de que trata 0 art. 201;"). Diante disso, e considerando o cardter unitario do fim piblico dos regimes geral de previdéncia e dos servidores piblicos ¢ o principio da isonomia, concluiu-se que 0 limite a que alude o inciso II do art. 195 da CF - RS2.400,00 (EC 41/2003, art. 5°) - haveria de ser aplicado a ambos os regimes, sem nenhuma distingao. Julgou-se, por maioria, improcedente o pedido ‘em relago ao caput do art. 4° da EC 41/2003. Vencidos, no ponto, os Ministros Ellen Gracie, relatora, Carlos Britto, Marco Aurélio e Celso de Mello que consideravam que a norma impugnada ofendia dispositivos constitucionais que estariam a salvo da atividade reformadora (CF, art. 60, §4°, IV). Declarou-se, por unanimidade, a inconstitucionalidade das expressdes "cinqienta por cento do” ¢ “sessenta por cento do” constantes, respectivamente, dos incisos | ¢ 1! do pardgrafo nico do art. 4° da EC 41/2003, pelo que se aplica, & hipétese do artigo 4° da EC 41/2003, o §18 do artigo 40 do texto permanente da Constituigdo, introduzido pela mesma Emenda constitucional”. DIREITO PREVIDENCIARIO - CP15 - 01 - CPV - 2° PERIODO 2017 07/11/2017 - Pagina 5 de 12 4] ESCOLA DA MAGISTRATURA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO Turma: CPV B 22017 Disciplina/Matéria: DIREITO PREVIDENCIARIO Sesso: 10 - Dia 17/11/2017 - 08:00 as 09:50 Professor: KERLLY HUBACK BRAGANCA, 10 Tema: Previdéncia dos Servidores II: estrutura constitucional. EC n° 41/2003 e EC n° 47/2005. A Situagio de expectativa de direito. 1° QUESTAO: Paula, servidora do TJ desde marco de 1997, em dezembro de 2005 possui 47 anos, 4 anos de servico no cargo e 27 anos de contribuigao. Pretende saber quando poderd se aposentar. Responda, fundamentadamente. RESPOSTA: Ver: artigo 2° da Emenda Constitucional 41/2003. 2° QUESTA\ Carlos, servidor federal aposentado, propée aco em face da Unido, pleiteando a condenacdo da ré: 1) em obrigacio de nao fazer - deixar de limitar o valor de seus proventos ao subsidio dos ministros do Supremo Tribunal Federal, ¢ 2) em obrigacao de pagar - devolver o montante descontado a este titulo, em dobro. Alega a Inconstitucionalidade do art, 9°, da Emenda Constitucional no. 41/2003, por violagdo a cléusula pétrea do art. 60, parégrafo 4°, IV, da CRFB/88. ¢, por conseqtiéncia, do ato do administrativo que impés a limitagao, tendo em vista que teria direito adquirido & percepedo integral de seus proventos, mesmo naquilo que ultrapassassem o subsidio, com base na regra constitucional da irredutibilidade de remuneragdo. Decida a questo. DIREITO PREVIDENCIARIO - CP15 - 01 - CPV - 2° PERIODO 2017 14/11/2017 - Pagina 1 de 4 ESCOLA DA MAGISTRATURA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO RESPOSTA: INFORMATIVO DO STF 419 - MANDADO DE SEGURANCA Nr. 24875 - MIN. SEPULVEDA PERTENCE. EMENTA: I. Ministros aposentados do Supremo Tribunal Federal: proventos (subsidios): teto remuneratério: pretensio de imunidade a incidéncia do teto sobre o adicional por tempo de servigo (ATS), no percentual maximo de 35% e sobre o acréscimo de 20% a que se refere o art. 184, III, da Lei 1711/52, combinado com o art. 250 da L. 8.112/90: mandado de seguranca deferido, em parte. II. Controle incidente de constitucionalidade e o papel do Supremo Tribunal Federal. Ainda que nao seja essencial 4 decisdo da causa ou que a declaragao de ilegitimidade constitucional ndo aproveite parte suscitante, nao pode o Tribunal - dado o seu papel de "guarda da Constituicdo" - se furtar a enfrentar © problema de constitucionalidade suscitado incidentemente (v.g. SE 5.206-AgR, 8.5.97, Pertence, RTJ 190/908; Ing 1915, 05.08.2004, Pertence, DJ 05.08.2004; RE 102.553, 21.8.86, Rezek, DJ 13.02.87). II]. Mandado de seguranca: possibilidade juridica do pedido: viabilidade do controle da constitucionalidade formal ou material das emendas 4 Constituigdo. [V. Magistrados, Subsidios, adicional por tempo de servigo e 0 teto do subsidio ou dos proventos, apés a EC 41/2003: argiligao de inconstitucionalidade, por alegada irrazoabilidade da consideragdo do adicional por tempo de servigo quer na apuragdo do teto (EC 41/03, art. 8°), quer na das remuneragées a ele sujeitas (art. 37, XI, CF, ef EC 41/2003): rejeigao. 1. Com relagdo a emendas constitucionais, o pardmetro de aferigao de sua constitucionalidade é estreitissimo, adstrito As limitagdes materiais, explicitas ou implicitas, que a Constituigdo imponha induvidosamente ao mais eminente dos poderes instituidos, qual seja o Srgdo de sua propria reforma. 2. Nem da interpretagto mais generosa das chamadas "clausulas pétreas” poderia resultar que um juizo de eventuais inconveniéncias se convertesse em declaragdo de inconstitucionalidade da emenda constitucional que submeta certa vantagem funcional ao teto constitucional de vencimentos. 3. No tocante & magistratura - independentemente de cuidar-se de uma emenda constitucional - a extingdo da vantagem, decorrente da instituigo do subsidio em “parcela nica", a nenhum magistrado pode ter acarretado prejuizo financeiro indevido. 4, Por forga do art. 65, VIII, da LOMAN (LC 35/79), desde sua edigdo, o adicional cogitado estava limitado a 35% calculados sobre o vencimento e a representagdo mensal (LOMAN, Art. 65, § 1°), sendo que, em razfo do teto constitucional primitivo estabelecido para todos os membros do Judicidrio, nenhum deles poderia receber, a titulo de ATS, montante superior ao que percebido por Ministro do Supremo Tribunal Federal, com o mesmo tempo de servigo (cf. voto do Ministro Néri da Silveira, na ADIn 14, RTJ 130/475,483). 5. Se assim é - e dada a determinagao do art. 8° da EC 41/03, de que, na apuragao do "valor da maior remuneragio atribuida por lei (..) a Ministro do Supremo Tribunal Federal", para fixar o teto conforme o novo art. 37, XI, da Constituigao, ao vencimento € & representacdo do cargo, se somasse a "parcela recebida em razio do tempo de servigo” - & patente que, dessa apurago e da sua DIREITO PREVIDENCIARIO - CPI15 - 01 - CPV - 2° PERIODO 2017 14/11/2017 - Pagina? de 4 ESCOLA DA MAGISTRATURA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO aplicagdocomo teto dos subsidios ou proventos de todos os magistrados, nao pode ter resultado prejuizo indevido no tocante ao adicional questionado. 6. E da jurisprudéneia do Supremo Tribunal que no pode o agente piblico opor, & guisa de direito adquirido, a pretensio de manter determinada formula de composigao de sua remuneragaio total, se, da alteragao, no decorre a redugao dela. 7. Se dessa forma se firmou quanto a normas infraconstitucionais, o mesmo se hé de entender, no caso, em relago & emenda constitucional, na qual os preceitos impugnados, se efetivamente aboliram 0 adicional por tempo de servigo na remuneragao dos magistrados e servidores pagos mediante subsidio, é que neste - 0 subsidio - foi absorvido o valor da vantagem. 8. Nao procede, quanto ao ATS, a alegada ofensa ao principio da isonomia, jé que, para ser acolhida, a argiligo pressuporia que a Constituigéio mesma tivesse erigido 0 maior ou menor tempo de servigo em fator compulsério do tratamento remuneratorio dos servidores, 0 que no ocorre, pois 0 adicional correspondente nao resulta da Constituigao, que apenas o admite - mas, sim, de preceitos infraconstitucionais. V. Magistrados: acréscimo de 20% sobre os proventos da aposentadoria (Art. 184, III, da L. 1.71/52, e/c 0 art. 250 da L. 8.12/90) eo teto constitucional aps a EC 41/2003: garantia constitucional de irredutibilidade de vencimentos: intangibilidade. 1. Nao obstante cuidar-se de vantagem que nao substantiva direito adquirido de estatura constitucional, razio por que, apés a EC 41/2003, nao seria possivel assegurar sua percep¢ao indefinida no tempo, fora ou além do teto a todos submetido, aos impetrantes, porque magistrados, a Constituigo assegurou diretamente o direito a irredutibilidade de vencimentos - modalidade qualificada de direito adquirido, oponivel as emendas constitucionais mesmas. 2, Ainda que, em tese, se considerasse susceptivel de sofrer dispensa especifica pelo poder de reforma constitucional, haveria de reclamar para tanto norma expressa e inequivoca, a que nao se presta 0 art. 9° da EC 41/03, pois 0 art. 17 ADCT, a que se reporta, é norma referida ao momento inicial de vigéncia da Constituigao de 1988, no qual incidiu e, neste momento, pelo fato mesmo de incidir, teve extinta a sua eficdcia; de qualquer sorte, é mais que duvidosa a sua compatibilidade com a “cldusula pétrea” de indenidade dos direitos e garantias fundamentais outorgados pela Constituigfio de 1988, recebida como ato constituinte origindrio. 3. Os impetrantes - sob o pélio da garantia da irredutibilidade de vencimentos -, tgm direito a continuar percebendo o acréscimo de 20% sobre os proventos, até que seu montante seja absorvido pelo subsidio fixado em lei para o Ministro do Supremo Tribunal Federal. VI. Mandado de seguranga contra ato do Presidente do Supremo Tribunal: questées de ordem decididas no sentido de ndo incidéncia, no caso, do disposto no artigo 205, pardgrafo unico e inciso II, do RISTF, que tém em vista hipétese de impedimento do Presidente do Supremo Tribunal, nao ocorrente no caso concreto. 1.0 disposto no pardgrafo tinico do art. 205 do RISTF s6 se aplica ao Ministro-Presidente que tenha praticado 0 ato impugnado e nfo ao posterior ocupante da Presidéncia. 2. De outro lado, 0 inciso II do pardigrafo tinico do art. DIREITO PREVIDENCIARIO - CP15 - 01 - CPV - 2° PERIODO 2017 14/11/2017 - Pagina 3 de 4 ESCOLA DA MAGISTRATURA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO 205 do RISTFprevé hipétese excepcional, qual seja, aquela em que, estando impedido o presidente do STF, porque autor do ato impugnado, 0 Tribunal funciona com nimero par, niio sendo possivel solver © empate. 3* QUESTAO: Apés a edigdo da Lei X (hipotética), que regulamentou o art. 40, § 20, da CRFB/88, com a redagio dada pela Emenda Constitucional n°. 41/2003, os érgios dos Poderes Judiciério e Legislativo da Unido foram obrigados a transferir a geréncia das aposentadorias de seus membros para o Poder Executivo, que passaria, entdo, a administré-las em conjunto. Determinado juiz federal aposentado impetrou mandado de seguranga contra ato de Presidente de TRF que deu cumprimento a lei. Argumentou que a medida é inconstitucional por agresstio A clausula pétrea prevista no art. 60, pardgrafo 4°, III, da Constituigao da Republica. Decida a questo. RESPOSTA: Pela nova previsto constitucional, a administragdo dos panos préprios, em cada um dos entes da Federagao, ficard a cargo de um tinico érgao, obviamente do Poder Executivo, que é quem tem atividade administrativa precipua, para o gerenciamento e controle das aposentadorias e pensdes dos servidores do préprio Executivo, e também dos Poderes Legislativo e Judiciério, A responsabilidade pela concesstio, manutengo, pagamento cessagdo dos beneficios ficara a cargo desse érgao. principio da separagdo de Poderes ndo fica agredido pelo tio-sé fato de haver unidade de gestao do regime préprio, pois o Poder Executivo nao teria como imiscuir-se indevidamente no exercicio das fungdes dos outros Poderes ao administrar as aposentadorias e pensdes de seus membros e servidores. O principio da separagao de Poderes, fundamental em nossa estrutura republicana, visa & organizagio das fungdes do Poder, dividindo-as entre érgdos especificos, que devem atuar de forma harménica, além de estabelecer mecanismos de controle miituo. A reunido das atividades gerenciais de aposentadorias ¢ pensdes de um ente federativo em um érgio do Executivo nao lhe dé poderes de coagdo ilegitima dos demais érgios dos Poderes Legislativo e Judicidrio. Além disso, a medida sera responsével pela otimizacdo do controle dos beneficios previdenciérios, com uniformidade de procedimentos administrativos, reunido de dados, simplificagdo de procedimentos e economia de meios. DIREITO PREVIDENCIARIO - CP15 - 01 - CPV - 2° PERIODO 2017 14/11/2017 - Pagina 4 de 4 ESCOLA DA MAGISTRATURA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO Turma: CPV B 22017 Disciplina/Matéria: DIREITO PREVIDENCIARIO Sessdo: 11 - Dia 17/11/2017 - 10:10 as 12:00 Professor: KERLLY HUBACK BRAGANCA 11 Tema: As contribuigdes para a seguridade social: previsio constitucional ¢ natureza juridica. Quadro das contribuicdes para a seguridade social. 1" QUESTAO: 8° CONCURSO PARA JUIZ FEDERAL SUBSTITUTO - TRF DA 2". REGIAO Como ¢ possivel entender o principio da eqilidade na forma da participagdo no custeio da seguridade social? RESPOSTA: Eqlidade na forma de participagio no custeio é decorréncia do principio geral da isonomia. NBo significa que todos os contribuintes do sistema de seguridade pagardo tributo da mesma forma, mas sim que deve haver igualdade de cobranca quando os financiadores se encontrarem sobre a mesma situagdo fatica. Se os trabalhadores nao tém a mesma capacidade de pagamento que as empresas, estas tiltimas devem ser oneradas de forma mais grave. E, mesmo dentro de cada um dos subsistemas de contribuintes, poder haver recolhimento juridico de diversidade fatica, com a estipulagio de carga tributdria variada. Por exemplo, a legislagao ordindria prevé a cobranca de contribuigdo de cempregados com base em trés aliquotas, crescentes de acordo com 0 aumento de remuneragao (art. 20, da Lei 8.212/91). Em relagdo as empresas, algumas podem arcar com o pagamento maior de contribuigtio, dependendo do exercicio da atividade econdmica ou da utilizagio da méo-de-obra {artigo 195, § 9°), 0 que pode servir como estimulo para o desenvolvimento de determinados setores da economia e para equilibrar a relago de lucro da atividade com a capacidade de geragdo de ‘empregos. Outra previsio legislativa de cumprimento desse objetivo é a forma de pagamento diferenciada de tributos por micro ¢ pequenas empresas, que reduz a imposigdo de carga tributéria (Lei 9317/96). 2" QUESTAO: 9° CONCURSO PARA JUIZ FEDERAL SUBSTITUTO - TRF DA 2". REGIAO As contribuigdes para a seguridade social se subordinam ao principio constitucional da anterioridade como ocorre com 0s tributos? RESPOSTA: ‘As contribuiges para a seguridade social esto sujeitas ao principio da anterioridade nonagesimal, mitigado ou especial (art. 195, §6° da CRFB), somente podendo ser exigidas apds 0 decurso dos noventa dias da data da publicagdo da lei que as houver instituido ou modificado. As modificagdes ‘menos onerosas ao contribuinte podem ser aplicadas desde a entrada em vigor da lei nova. DIREITO PREVIDENCIARIO - CP15 - 01 - CPV - 2° PERIODO 2017 14/11/2017 - Pagina | de A ESCOLA DA MAGISTRATURA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO Turma: CPV A 22017 Disciplina/Matéria: DIREITO PREVIDENCIARIO Sessfio: 12 - Dia 08/08/2017 - 08:00 as 09:50 Professor: KERLLY HUBACK BRAGANCA. 12. Tema: Contribuigdio dos segurados e do empregador doméstico. Salirio-de-contribuigao. 1" QUESTAO: O que é salério-de-contribuiga0? Qual a diferenga entre 0 salério-de-contribuigdio do empregado do segurado facultativo? RESPOSTA: Salério-de-contribuigdo ¢ a denominagdo especifica atribuida pelo legislador base de célculo das contribuigdes previdencidrias dos segurados da Previdéncia Social, exceto do segurado especial, sendo também, excepcionalmente, a base de célculo da contribui¢do do empregador doméstico. O salério-de-contribuigio esta sujeito a limites minimo e maximo. limite minimo do salario-de-contribuigdo dos segurados empregado, trabalhador avulso ¢ empregado doméstico corresponde ao piso salarial, legal ou normativo, da categoria ou, inexistindo este, ao saldrio minimo, tomado pelo valor mensal, didrio ou hordrio, conforme o ajustado e levando- se em conta o tempo de trabalho efetivo durante o més. Para os segurados contribuinte individual e facultativo, o limite minimo do saldrio-de-contribuigdo é o salério minimo, 0 valor do limite maximo do salario-de-contribuicdo foi inicialmente fixado em lei (art. 28, §5°, Lei 8.212/1991), pasando a sofrer as mesmas atualizagdes dos valores dos beneficios, anualmente, por ato administrativo (atualmente, por portaria conjunta dos ministérios da Previdéncia Social e da Fazenda). A diferenga entre o salirio-de-contribuigio do segurado empregado e do segurado facultaivo decorre do disposto nos incisos | ¢ IV do art. 28 da Lei 8.212 de 1991. De acordo com o citado dispositivo, 0 salirio-de-contribuigao do segurado empregado ¢ a remuneragdo por ele auferida, em uma ou mais, empresas, assim entendida a totalidade dos rendimentos que Ihe foram pagos, devidos ou creditados a qualquer titulo, durante o més, destinados a retribuir o trabalho, qualquer que seja a sua forma, inclusive as gorjetas, os ganhos habituais sob a forma de utilidades e os adiantamentos decorrentes de reajuste salarial, quer pelos servicos efetivamente prestados, quer pelo tempo & disposi¢ao do empregador ou tomador de servigos nos termos da lei ou do contrato ou, ainda, de convengao ou acordo coletivo de trabalho ou sentenga normativa. Jé para o segurado facultativo, o salirio-de- contribuigdo é, em regra, o valor por ele declarado. DIREITO PREVIDENCIARIO - CP15 - 01 - CPV - 2° PERIODO 2017 04/08/2017 - Pagina 1 de 38 ESCOLA DA MAGISTRATURA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO Turma: CPV A 22017 Disciplina/Matéria: DIREITO PREVIDENCIARIO Sessio: 14 - Dia 09/08/2017 - 08:00 as 09:50 Professor: CRISTIANE MIZIARA MUSSI 14 Tema: Regras finais previdenciarias tributdrias. Responsabilidade tributdria e Retengdo de 11%. Decadéncia e prescrigao dos créditos da Seguridade Social. Evolugao da obrigagao tributéria e do crédito tributario. Restituigao e compensagio das contribuigées. Parcelamento das contribuigdes. 1 QUESTAO: A empresa Limpa Tudo Ltda, por meio de seu advogado, demanda judicialmente a exclusio, por parte do tomador de servicos, da retengtio de 11% sobre as notas fiscais emitidas em razo dos servigos prestados mediante cessao de mao-de-obra. Alega a Autora que a citada obrigacao criada pela Lei n® 9.711/98, dando nova redagdo ao art, 31 da Lei n° 8.212/91, criou nova fonte de custeio da seguridade social, o que somente poderia ser feito por meio de lei complementar, além de caracterizar possivel empréstimo compulsério, em razio da retengao prolongada dos valores pertencentes 4 Autora. Decida ‘a questio. RESPOSTA: A Lei n?9.711/98, ao alterar a redagdo do art. 31 da Lei n° 8.212/91, colocou fim a responsabilidade solidéria até entdo existente entre as empresas prestadoras de servigo e respectivas tomadoras, quando tais servigos fossem contratados mediante cessio de mao-de-obra. A légica da retengao previdenciaria ¢ funcionar como o conhecido agente de retengao, hipotese na qual se atribui a fonte pagadora o énus de desconto ¢ repasse de valores devidos por outros, como na ja classica situagao do imposto de renda das pessoas fisicas quando descontado pela fonte pagadora, Embora tal figura, do agente de retengdo, seja usualmente classificada como subespécie de substituicdo tributéria, o STF, a0 admitir a constitucionalidade da retencao (RE 393946/MG), fixou sua real natureza juridica de obrigagdo acesséria, pois é mera obrigagao de fazer do tomador de servigo, que somente uma vez descumprida, traz como conseqiiéncia a assungdo da responsabilidade pelo recolhimento dos valores devidos, em razo da presungo absoluta de seu recolhimento (art. 31, caput, in fine, Lei n° 8.212/91, com a redagao dada pela Lei n° 9.711/98). Portando, indevida a pretenstio da Autora, sendo a reten¢do mera obrigagdo acesséria, no se configurando nova contribuigao social ou empréstimo compulsério. 2° QUESTAO: A empresa LKH Lida ingressa em juizo demandando a desconstituigdo do crédito aferido pela fiscalizagdo da Receita Federal do Brasil j4 que, na sua visio, a mesma foi inconstitucional pois retroagiu 10 anos para fins de cobran¢a, em contrariedade com o lustro fixado no CTN (art. 173). Decida a questio. DIREITO PREVIDENCIARIO - CPI15 - 01 - CPV - 2° PERIODO 2017 07/08/2017 - Pagina 1 de 2 ESCOLA DA MAGISTRATURA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO RESPOSTA: Assiste razio a empresa. A questo sempre foi controvertida, mas hd a preponderdncia da tese majoritéria da doutrina no sentido da inconstitucionalidade do art. 45 da Lei n° 8.212/91, pois as. contribuigdes sociais, de acordo com o art. 149 da Constituigo, devem observar normas gerais em matéria tributaria, inclusive sobre decadéncia e prescri¢o, as quais devem ser fixadas em lei complementar (art. 146, CF). Assim foi decidido pelo STJ (AI no RESP N° 616.348 - MG). Da mesma forma posicionou-se o STF, por meio da simula vinculante n° 08 ("SAO INCONSTITUCIONAIS O PARAGRAFO UNICO DO ARTIGO 5*DO DECRETO-LEI N° _ 1.569/1977 E OS ARTIGOS 45 E 46 DA LEI N° 8.212/1991, QUE TRATAM DE PRESCRIGAO E DECADENCIA DE CREDITO TRIBUTARIO") DIREITO PREVIDENCIARIO - CP15 - 01 - CPV - 2° PERIODO 2017 07/08/2017 - Pagina 2 de 2 ESCOLA DA MAGISTRATURA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO Turma: CPV A 22017 Disciplina/Matéria: DIREITO PREVIDENCIARIO Sesso: 15 - Dia 09/08/2017 - 10:10 as 12:00 Professor: CRISTIANE MIZIARA MUSSI 15 Tema: Imunidade ¢ isengdo. Preferéncia dos créditos da Seguridade Social. Matricula da empresa. Certidio negativa de débitos - CND. Acessérios do crédito da Seguridade Social. 1 QUESTAO: A empresa Z., aps obter parcelamento do débito frente & Secretaria de Receita Federal do Brasil - SRFB, vem a solicitar CND, visando o desejo de alienar determinado bem imével de seu ativo. A SREB no concede o documento, alegando que somente poderia fazé-lo, haja vista a existéncia de valores devidos, salvo se apresentada alguma garantia por parte da empresa devedora. Inconformada, a empresa ingressa com mandado de seguranga exigindo a obtengo do documento. Decida a questo RESPOSTA: Sugestdio de Consulta: STJ - RESP 227306-SC, AGA 402831-MG, AGRESP 206552-PR, RESP 79041-MG. A posigto do fisco é incorreta, cabendo a emissao de certidao positiva de d efeito de negativa. A exigéncia de garantia para a concessao de certidao negativa de débito, ou melhor, certidao positiva de débito com efeito de negativa (CPD-EN - art. 206, CTN), nao deve prevalecer, pois € inconstitucional. As normas gerais em matéria tributaria devem constar de lei complementar, ex vi art. 146, CRFB/88, sendo que tal fungo é atualmente cumprida pela Lei n. 5.172/66, Cédigo Tributario Nacional, o qual, no art. 151, VI, inserido pela LC n. 104/01. prevé a suspensio da exigibilidade do crédito pelo parcelamento concedido, sem a exigéncia de garantia. Dai 1 imposigdo de garantia como condigdo para o f ornecimento da CND ser indevida, j4 que o CTN nao traz tal condiglo. 2 QUESTAO: A entidade assistencial Estrela do Mar teve indeferido seu pedido de renovacao do Certificado de Entidade Beneficente de Assisténcia Social (CEBAS), mediante decisio do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate & Fome, em razao de a entidade nao atender a todos os requisitos previstos na Lei 12.101 de 2009 e no Decreto 8.242 de 2014. A entidade ingressa na via judicial demandando seu reconhecimento como entidade beneficente, alegando que ja fora reconhecida como instituigio de utilidade piblica federal e estadual, sendo portadora dos registros de Entidade de Fins Filantrdpicos e de Entidade Beneficente de Assisténcia Social perante 0 Conselho Nacional de Assisténcia Social, além de atender aos requisitos definidos pelo art. 55 da Lei 8.212 de 1991, possuindo, portanto, direito adquirido imunidade tributaria prevista no art. 195, §7°, da Constituigao Federal, Decida a questo. DIREITO PREVIDENCIARIO - CP15 - 01 - CPV - 2° PERIODO 2017 07/08/2017 - Pagina 1 de 2 ESCOLA DA MAGISTRATURA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO RESPOSTA: E pacifica a jurisprudéncia do STJ no sentido de que nao hé direito adquirido a regime juridico-fiscal, /0 pelo qual as entidades beneficentes, para a renovagao do Certificado de Entidade Beneficente de Assisténcia Social (CEBAS) e consequente fruigao da imunidade concemnente a contribuigdo previdencidria patronal (art.195, § 7°, da CF) devem preencher as condigées estabelecidas pela legislagdo superveniente, no caso em tela a Lei 12.101/2009. (Precedentes: EREsp n° 982.620/RN, Rel. Ministro Benedito Gongalves, Primeira Segao. DJe de 18/11/2010; AgRg no REsp n° 868.391/RS, Rel. Ministro Mauro Campebell Marques, Segunda Turma, DJe de 28/09/2010). Da mesma forma dispde 0 Enunciado da Stimula 352 do mesmo Egrégio Tribunal: "A obtengdo ou a renovacao do Certificado de Entidade Beneficente de Assisténcia Social (CEBAS) nfo exime a entidade do cumprimento dos requisitos legais supervenientes”. DIREITO PREVIDENCIARIO - CP15 - 01 - CPV - 2° PERIODO 2017 07/08/2017 - Pagina 2 de 2 ESCOLA DA MAGISTRATURA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO Turma: CPV B 22017 Disciplina/Matéria: DIREITO CONSTITUCIONAL ORGANIZACAO DO PODER Sessiio: 01 - Dia 01/09/2017 - 08:00 as 09:50 Professor: LEANDRO MELLO FROTA 01 Tema: A organizagao dos Poderes. O princfpio da separagio dos Poderes. O controle reciproco entre os Poderes. A organizagio dos Poderes nos Estados e nos Municipios. 1° QUESTAO: Nos autos de ago civil piblica movida pelo Ministério Pablico Estadual em face do Estado do Rio de Janeiro, o juiz da 1*. Vara da Infancia, da Juventude e do Idoso da Capital impés ao réu o dever de manter efetivo policial em unidade de abrigo para adolescentes infratores, denominada "Centro de Recepgo ao Adolescente da Baixada Fluminense". Irresignado, apela o réu, pugnando pela reversdo do julgado, ao argumento de que, no momento em que o Judiciario determina a lotaco de policiais militares, ingressa diretamente no mérito da gestao administrativa, exercendo um juizo de conveniéncia e discricionariedade proprio do Poder Executivo. Assiste razo ao apelante? Justifique. RESPOSTA: RESPOSTA: STF. AI 810410 AgR/GO. AG.REG. NO AGRAVO DE INSTRUMENTO Relator(a): Min, DIAS TOFFOLI, Julgamento: 28/05/2013 Orgdo Julgador: Primeira Turma. Publicado, PROCESSO ELETRONICO. DJe-154 DIVULG 07-08-2013 PUBLIC 08-08-2013. EMENTA Agravo regimental no agravo de instrumento. Constitucional. Poder Judicidrio. Determinagao para implementagio de politicas piblicas. Seguranea piblica. Destacamento de policiais para garantia de seguranga em estabelecimento de custédia de menores infratores. Violagio do principio da separagdo dos Poderes. Nao ocorréncia. Precedentes. 1. O Poder Judiciario, em situagSes excepcionais, pode determinar que a Administragdo piiblica adote medidas assecuratérias de direitos constitucionalmente reconhecidos como essenciais sem que isso configure violago do principio da separagao dos poderes. 2. Agravo regimental nao provido. 2* QUESTAO: Responda, fundamentadamente, em no maximo 15 (quinze) linhas, se é valida a lei estadual, de inicitiva parlamentar, que estabeleceu, com fundamento na competéncia constitucional de controle extemno por parte do Poder Legislativo, a obrigatoriedade de apresentagao de declaragdo de bens por Magistrados, membros do Ministério Publico, Deputados, Procuradores do Estado, Defensores Pablicos e Delegados & Assembleia Legislativa. DIREITO CONSTITUCIONAL - CP01 - 05 - CPV - 2° PERIODO 2017 30/08/2017 - Pagina 1 de 6 ESCOLA DA MAGISTRATURA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO RESPOSTA: RESPOSTA: RESPOSTA: ADI 4203 / RJ - RIO DE JANEIRO Relator(a): Min. DIAS TOFFOLI EMENTA Acio direta de inconstitucionalidade. Lei n° 5.388/99 do Estado do Rio de Janeiro. CONAMP. Obrigagao de entrega de declaracaio de bens 4 Assembleia Legislativa por agentes pablicos estaduais. Competéncia atribuida ao Poder Legislativo sem o devido amparo constitucional. Vicio de iniciativa. Parcial procedéncia, 1. A CONAMP congrega os membros do Ministério Piblico da Unido e dos Estados, tendo legitimidade reconhecida por esta Corte (ADI n° 2.794/DF, Relator 0 Ministro Sepilveda Pertence, DJ de 30/3/07). A exigéncia de pertinéncia temética nao impede o amplo conhecimento da aco, com a declaragao de inconstitucionalidade da norma para além do Ambito dos individuos representados pela entidade requerente, quando 0 vicio de inconstitucionalidade for idéntico para todos os seus destinatarios. Precedentes. Preliminar rejeitada. 2. Lei estadual que estabeleceu, com fundamento na competéncia constitucional de controle externo por parte do Poder Legislativo, a obrigatoriedade de apresentagao de declaragao de bens por diversos agentes pablicos estaduais (magistrados, membros do Ministério Publico, deputados, procuradores do estado, defensores piiblicos, delegados etc.) a Assembleia Legislativa. 3. Modalidade de controle direto dos demais Poderes pela Assembleia Legislativa - sem o auxilio do Tribunal de Contas do Estado - que ndo encontra fundamento de validade na Constituig&o Federal. Assim, faltando fundamento constitucional a essa fiscalizagdo, ndo poderia a Assembleia Legislativa, ainda que mediante lei, outorgar a si propria competéncia que é de todo estranha a fisionomia institucional do Poder Legislativo. 4. Inconstitucionalidade formal da lei estadual, de origem parlamentar, que impde obrigagdes aos servidores publicos em detrimento da reserva de iniciativa outorgada ao chefe do Poder Executivo (art. 61, § 1°, Il, da CF), € da autonomia do Poder Judiciario (art. 93 da CF) do Ministério Publico (arts. 127, § 2°, ¢ 128, § 5°, da CF) para tratar do regime juridico dos seus membros ¢ servidores. 5. Constitucionalidade da lei em relago aos servidores e membros da propria Assembleia Legislativa, por se tratar de controle administrativo interno, perfeitamente legitimo. 6. Agdo direta julgada parcialmente procedente, declarando-se i) a inconstitucionalidade dos incisos Il a 'V do art. 1°; dos incisos II a XII e XIV a XIX do art. 2°; das alineas b a e do inciso XX também do art, 2, todos da Lei n° 5.388, de 16 de fevereiro de 2009, do Estado do Rio de Janeiro, e ii) conferindo-se interpretago conforme a Constituigao ao art. 5° do mesmo diploma legal, para que a obrigacao nele contida somente se dirija aos administradores ou responsaveis por bens e valores piiblicos ligados ao Poder Legislativo. 3* QUESTAO: Determinado Juizo concede liminar em mandado de seguranga impetrado por associagao de servidores publico do Poder Judiciério, e promove o devido arresto nas contas do Estado. O impetrante noticia que, em virtude da grave crise financeira em que se encontra 0 Estado em fungio no encolhimento da arrecadagio, o Estado néio vem cumprindo com sua obrigagéa constitucioal de repasse de duodécimos ao Poder Judicidrio, na data devida. 0 Governador demanda a suspenso da seguranga na drgio competente, e pondera que a ordem liminar deferida deve ser afastada, pois decorre de ingeréncia nas contas do Tesouro estadual por ordens de arresto deferidas pelo Juizo citado, em uma pluralidade de ages judiciais movidas por servidores publicos para adimplemento de seus saldrios, Para o Chefe do Executivo, essas inconstitucionais expropriagdes de recursos piblicos, proferidas em manifesta ofensa ao regime do artigo 100 da Constituigdo Federal, retiraram do Poder Executivo 0 controle dos recursos arrecadados, impedindo o cumprimento de diversas obrigagées, inclusive as relacionadas com os repasses obrigatérios. Responda, fundamentadamente, se a suspensio deve ser deferida. DIREITO CONSTITUCIONAL - CPOI - 05 - CPV - 2° PERIODO 2017 30/08/2017 - Pagina 2 de 6 ESCOLA DA MAGISTRATURA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO RESPOSTA: Quarta-feira, 14 de junho de 2017 STF suspende decisdes judiciais que determinaram arrestos nas contas do RJ Por maioria de votos, o Plenério do Supremo Tribunal Federal (STF) concedeu parcialmente, na sessdo desta quarta-feira (14), medida cautelar na Arguigdo de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) 405, para determinar a suspenstio de decisdes do Tribunal de Justiga do Rio de Janeiro (TI-RJ) e do Tribunal Regional do Trabalho da 1* Regio (TRT-1) que determinaram arresto ou liberagdo de valores das contas do Estado do Rio de Janeiro para atender demandas relativas a pagamento de saldrios, a satisfacdo imediata de créditos de prestadores de servigos, e tutelas provisérias definidoras de prioridades na aplicagio de recursos publicos. A agio, ajuizada no Supremo pelo governo do Rio de Janeiro, alega que essas decisdes teriam violado preceitos fundamentais como os principios federativo, da igualdade e da independéncia entre 03 poderes. Com esses argumentos, pediu liminarmente a suspensio das decisdes judiciais que determinaram 0 bloqueio, arresto, penhora, sequestro e liberagdo de valores das contas administradas pelo Executivo estadual, que, segundo o autor, até 0 ajuizamento da ADPF, jé haviam ultrapassado a cifra de RS 1 bilha A agio é consequéncia, entre outros fatores, da redugfo das receitas dos royalties e da crise na Petrobras, que levou a uma retragdo de receitas substancialmente maior do que a experimentada por outros estados da federagao, disse o procurador do Estado ao se manifestar durante o julgamento. De acordo com ele, atualmente tramitam na Justiga pedidos de arrestos para satisfazer diversas necessidades. Para 0 procurador, esses arrestos configuram, na verdade, expropriagao indiscriminada de verbas piblicas para pagamento de operagdes especificas. Os valores tém sido expropriados para pagamento de despesas escolhidas por jutzes e drgdos do Poder Judicidrio, tomando perceptivel a violagao aos preceitos fundamentais apontados na ago, concluiu o procurador. Defensoria Ao se manifestar na condigdo de amicus curiae (amigo da Corte), o representante da Defensoria Publica do Estado do Rio de Janeiro disse que a ago em debate busca, ao fim, uma negativa de jurisdigdo, ao tentar impedir que 0 Judiciério local, no caso o TRT-1, no possa mais decidir quando a decisdo atingir interesses do estado, e que tenta limitar que juiz de primeira instancia ou érgio colegiado de segunda insténcia conceda os requeridos arrestos, que buscam garantir pagamento de saléios. Por fim, o defensor salientou que as agdes com pedidos de arrestos questionadas na ago no so s6 para pagamento de salarios, mas também para questdes ligadas a satide, hospitais, acolhimento de criangas, idosos e pessoas com deficiéncia. Cal ento Ao iniciar seu voto, a relatora do caso, ministra Rosa Weber, se manifestou pelo cabimento da ADPF para questionar as apontadas decisdes judiciais. Para ela, o conjunto de decisdes questionadas, que resultaram em bloqueios, arrestos e sequestros para atender a demandas relativas a pagamento de saldrios de servidores ativos ¢ inativos, satisfagdio de créditos de prestadores de servigo e tutelas provisérias de prioridades, DIREITO CONSTITUCIONAL - CPO1 - 05 - CPV - 2° PERIODO 2017 30/08/2017 - Pagina 3 de 6 ESCOLA DA MAGISTRATURA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO 0 atos tipicos do Poder Publico passiveis de impugnagao por meio de APDF. Constituicao Quanto ao tema de fundo, a ministra lembrou que o artigo 167 (incisos VI e X) diz que so vedados a transposigao, o remanejamento ou a transferéncia de recursos de uma categoria de programagio para utra ou de um érgio para outro, sem prévia autorizagao legislativa, bem como a transferéncia voluntéria de recursos e a concessio de empréstimos, inclusive por antecipaco de receita, pelos governos federal e estaduais e suas instituigdes financeiras, para pagamento de despesas com pessoal ativo, inativo e pensionista, dos estados, do Distrito Federal e dos municipios. Rosa Weber citou 0 caso de uma aco ajuizada pela Defensoria Publica do estado que buscou apropriago de recursos da conta tinica do Tesouro para pagamento da sua folha de pessoal, que levou a arresto de mais de RS 44,8 milhdes de verbas escrituradas em favor do Hospital Universitario Pedro Emesto. No dia seguinte, revelou a ministra, a propria Defensoria Publica ajuizou nova aco para compelir o Executivo estadual a liberar saldo financeiro, no valor de R$ 3,5 milhdes, ao mesmo hospital. Para a ministra, o relatado influi na competéncia para determinar as prioridades na alocagio dos recursos piblicos, a revelia das dotagSes orgamentarias, além de traduzir remanejamento de recursos entre diferentes categorias de programagao, em desrespeito ao texto constitucional. "Nao se nega que seja passivel de tutela jurisdicional a realizagao de politicas publicas, em especial para atender a mandamentos constitucionais e assegurar direitos fundamentais. No entanto, a subtracdo de qualquer margem de discricionariedade do chefe do Executivo na execugdo das despesas sugere indevida interferéncia do Poder Judicidrio na administragao do orgamento, e na definicao das prioridades na execugdo das politicas piblicas", afirmou. Para a relatora, a aparente usurpagio de competéncias constitucionais reservadas ao Poder Executivo, a quem cabe exercer a diregdo da administragdo, e ao Poder Legislativo, a quem compete autorizar a transposigdo, remanejamento ou transferéncia de recursos de uma categoria de programagao para outra, ou de um érgao para outro, sugere configurada, na hipdtese, uma provavel lesdo aos artigos 2°, 84 (inciso Il) e 167 (incisos VI e X) da Constituigao Federal. Deferimento parcial A telatora concluiu seu voto pelo deferimento parcial do pedido de liminar para suspender, até 0 julgamento de mérito, os efeitos de todas as decisdes judiciais do TJ-RJ e do TRT-1 que tenham determinado arresto, sequestro, bloqueio, penhora ou a liberago de valores das contas administradas pelo Estado do Rio de Janeiro, para atender a demandas relativas a pagamento de salérios, satisfagdo imediata de créditos dos prestadores de servigos, e tutelas provisérias definidoras de prioridades na aplicagao de recursos publicos. A suspensdo, de acordo com a ministra, aplica-se exclusivamente nos casos em que estas determinagdes tenham recaido sobre recursos escriturados com vinculago orgamentiria especifica ou vinculados a convénios eoperagdes DIREITO CONSTITUCIONAL - CPO1 - 05 - CPV - 2° PERIODO 2017 30/08/2017 - Pagina 4 de 6 ESCOLA DA MAGISTRATURA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO de crédito, valores de terceiros sob administragio do Poder Executivo e valores constitucionalmente destinados aos municipios. Além disso, conforme o voto da relatora, devem ser devolvidos os recursos que ainda nfo tenham sido repassados aos beneficidrios dessas decisdes judiciais. O ministro Alexandre de Moraes concordou com a relatora quanto ao cabimento da ADPF no caso em anélise, E refutou o argumento levantado pelo representante da Defensoria Piblica do Rio de que a ago buscaria uma forma de limitar 0 acesso ao Judiciario, uma negativa de jurisdigo. Para o ministro, na verdade, trata-se de um caso de reafirmacao da jurisdigao constitucional. E um grave problema, que jé dura algum tempo, o que demonstra a necessidade de direcionamento, afirmou. Quanto ao tema de fundo, ‘© ministro também concordou com a relatora, no sentido de que as decisdes questionadas ferem os principios da separagdo de poderes ¢ da igualdade, uma vez que quem chega primeiro acaba “levando 0 dinheiro”, explicou 0 ministro. Além disso, salientou que o magistrado néo tem conhecimento global da diregdo administrativa financeira do Executivo, e nem fungao do juiz. O ministro Edson Fachin também acompanhou integralmente a relatora, no sentido da concessao parcial da liminar, apenas no ponto que pede a suspensdo dos efeitos das decisées judiciais, na extensfo declarada pela relatora, Os demais pedidos constantes da petigfo inicial, frisou o ministro, que requerem a abstengo do Judicidrio em determinados casos, além de juridicamente impossivel, vao de encontro a garantia de controle dos atos do Poder Piiblico, um dos pilares da Constituigdo. Ao votar pelo deferimento parcial do pedido, nos termos do voto da relatora, o ministro Luis Roberto Barroso salientou que 0 voto da ministra Rosa Weber demonstrou a plausibilidade da alegago veiculada na ago. As constri¢des e bloqueios apontados claramente entram em contraste com os principios da separagdo de poderes e da isonomia ¢ o regime de precat6rio, caracterizando violagao a preceitos fundamentais. Outro ministro a acompanhar a relatora foi Luiz Fux. Ele explicou em seu voto que ficam exclufdas das proibigSes elencadas pela relatora a aplicago do minimo constitucional de recursos em politicas piiblicas de saiide, conforme artigo 198 (paragrafo 2°) da Constituigo, em educagtio, conforme o artigo 212, 0 Tepasse aos estados ¢ municipios de receitas tributdrias que Ihes competem constitucionalmente e 0 repasse das dotacdes orgamentarias dos Poderes Legislativo, Judicidtio, Ministério Piblico e Defensoria Pablica, em duodécimos, como determina o artigo 168 do texto constitucional. ministro Dias Toffoli também acompanhou a relatora, por considerar violado o principio da independéncia entre os poderes ¢ 0 disposto no artigo 167 da Constitui¢do Federal. Para demonstrar como a questo das transposigdes é de competéncia do legislador, o ministro Dias Toffoli lembrou que a Constituigdio Federal, em seu artigo 62 (paragrafo 1°, inciso |, alinea d), proibe a ediedo de medida proviséria, por parte do Presidente da Replblica, para dispor sobre planos plurianuais, diretrizes orgamentdrias, orgamentoe créditos DIREITO CONSTITUCIONAL - CPO1 - 05 - CPV - 2° PERIODO 2017 30/08/2017 - Pagina 5 de 6 ESCOLA DA MAGISTRATURA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO adicionais e suplementares, ressalvado o previsto no artigo 167, paragrafo 3°. ministro Ricardo Lewandowski concedeu parcialmente a liminar, mas em menor extensio do que a relatora. Para ele, além das exclusdes propostas pela ministra Rosa Weber, é preciso proteger salérios € provimentos dos servidores, € muitas dessas decisdes questionadas sio dirigidas a garantir salérios, inclusive de empregados celetistas. De acordo com o ministro, o artigo 7° (inciso X) da CF protege, sem restrigo, 0 saldrio, Por considerar que essa protegao € absoluta e integra esfera dos direitos fundamentais do cidadao, o ministro decidiu acompanhar a relatora, salvo no que diz respeito a verbas alimenticias, como garantia do minimo essencial. Na sequéncia, o ministro Celso de Mello entendeu que os requisitos para concesso da medida cautelar esto presentes ¢ integralmente satisfeitos, como demonstrou a relatora em seu voto. Para o decano, a relatora conseguiu demonstrar, ainda, em juizo cautelar, que ha diversos preceitos fundamentais, de cardter nuclear, que estariam sendo violados pelas decisées judiciais questionadas, incluindo principios quanto a regéncia dos orgamentos piiblicos, principio federativo, da isonomia e também ,com especial destaque, dos principios que regem a formagdo da pega orgamentaria, tendo em vista o programa constitucional estabelecido em matéria orgamentéria no artigo 167 (inciso VI) da Constituigdo. O voto do decano acompanhou integralmente o da relatora, No mesmo sentido foi o voto da presidente do STF, ministra Carmen Liicia. Ela considerou admissivel a ADPF e reconheceu estar presente a plausibilidade juridica dos argumentos apresentados, a embasar 0 que foi deferido segundo o voto da relatora, Apenas 0 ministro Marco Aurélio ficou vencido integralmente, apés votar pelo no cabimento da ADPF e, quanto ao tema de fundo, pela improcedéncia dos pedidos. MB/CR Leia mais: 12/05/2016 - Aco pede fim de sequestro de recursos do RJ para pagamento de servidores Processos relacionados ADPF 405 Processos relacionados ADPF 405 DIREITO CONSTITUCIONAL - CPOI - 05 - CPV - 2° PERIODO 2017 30/08/2017 - Pagina 6 de 6 ESCOLA DA MAGISTRATURA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO Turma: CPV B 22017 Disciplina/Matéria: DIREITO CONSTITUCIONAL ORGANIZAGAO DO PODER Sessdo: 02 - Dia 01/09/2017 - 10:10 as 12:00 Professor: LEANDRO MELLO FROTA 02. Tema: Os sistemas de Governo. Presidencialismo e parlamentarismo. A organizagiio do Poder Executivo na Constituigao. O Poder Executivo nos Estados e Municipios. 1* QUESTAO: PROVA ESPECIFICA PARA INGRESSO NA CARREIRA DA MAGISTRATURA DO RIO DE JANEIRO - XXXI Concurso - 27/08/99: A) E possivel a extensio de gratificagdo a outras categorias funcionais diversas das previstas no projeto inicial encaminhado ao Legislativo pelo Governador, mediante apresentago de emenda do Legislativo Estadual que aprova lei prevendo esse aumento para diversas categorias de servidores nao contempladas no projeto original? B) Ha, in casu, preterigdo de algum principio constitucional? Fundamente as respostas. DIREITO CONSTITUCIONAL - CPO1 - 05 - CPV - 2° PERIODO 2017 30/08/2017 - Pagina | de 6 ESCOLA DA MAGISTRATURA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO RESPOSTA: A) ADI 2791/PR, Aco Direta de Inconstitucionalidade; Relator Ministro Gilmar Ferreira Mendes; Julgamentol 6/08/2006, Orgao julgador: Tribunal Pleno. ADI 2791 / PR- PARANA ACAO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE Relator(a): Min. GILMAR MENDES; Julgamento: 16/08/2006; Orgio Julgador: Tribunal Pleno EMENTA: Agao direta de inconstitucionalidade. 2. Art. 34, §1°, da Lei Estadual do Parana n° 12,398/98, com redagdo dada pela Lei Estadual n° 12.607/99. 3. Preliminar de impossibilidade juridica do pedido rejeitada, por ser evidente que o parimetro de controle da Constituigao Estadual invocado referia-se 4 norma idéntica da Constituigao Federal. 4. Inexisténcia de ofensa reflexa, tendo em vista que a discussdo dos autos enceta andlise de ofensa direta aos arts. 40, caput, e 63, I, c/e 61, §1°, IL, "c", da Constituigdo Federal. 5. Nao configuragiio do vicio de iniciativa, porquanto os ambitos de protegio da Lei Federal n° 8.935/94 e Leis Estaduais n’s 12.398/98 e 12.607/99 sao distintos. Inespecificidade dos precedentes invocados em virtude da ndo-coincidéncia das matérias reguladas. 6. Inconstitucionalidade formal caracterizada. Emenda parlamentar a projeto de iniciativa exclusiva do Chefe do Executivo que resulta em aumento de despesa aftonta os arts. 63, 1, c/c 61, §1°, Il, "c", da Constituigo Federal. 7. Inconstitucionalidade material que também se verifica em face do entendimento ja pacificado nesta Corte no sentido de que o Estado-Membro nao pode conceder aos serventuérios da Justica aposentadoria em regime idéntico ao dos servidores piblicos (art. 40, caput, da Constituigao Federal). 8. Acdo direta de inconstitucionalidade julgada procedente. ADI 1729/RN, Agao Direta de Inconstitucionalidade, Relator Ministro Eros Grau, Julgamento 28/06/2006, Orgao julgador: Tribunal Pleno. ADI 1729/ RN - RIO GRANDE DO NORTE ACAO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE Relator(a): Min, EROS GRAU Julgamento: 28/06/2006 Orgao Julgador: Tribunal Pleno Ementa_ EMENTA: ACAO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. § 2° DO ARTIGO 1° DA LEI n. 6.782 DO ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE, A ELE ACRESCIDO PELA LEI N. 6.991/97. EMENDA PARLAMENTAR A PROJETO DE LEI DE INICIATIVA DO CHEFE DO PODER EXECUTIVO. CONCESSAO DE VANTAGEM PESSOAL A SERVIDORES PUBLICOS ESTADUAIS. VIOLAGAO DO ARTIGO 63, INCISO I, DA CONSTITUICAO DO BRASIL. 1. Reconhecimento de generalidade e abstrago suficientes ao ato normativo. Possibilidade de exame de constitucionalidade na via do controle concentrado. Preliminar rejcitada. 2. A iniciativa de projetos de lei que disponham sobre vantagem pessoal concedida a servidores publicos cabe privativamente a0 Chefe do Poder Executivo, Precedentes. 3. Inviabilidade de emendas que impliquem aumento de despesas a projetos de lei de iniciativa do Chefe do Poder Executivo. 4. Pedido julgado procedente para declarar a inconstitucionalidade do § 2° do artigo 1° da Lei n, 6.782/95, a ele acrescido pela Lei 1n, 6,991/97, ambas do Estado do Rio Grande do Norte. ADI 1470/ES, Agao Direta de Inconstitucionalidade, Relator Ministro Carlos Velloso, Julgamento: 14/12/2005, Orga julgador: Tribunal Pleno. DIREITO CONSTITUCIONAL - CPI - 05 - CPV - 2° PERIODO 2017 30/08/2017 - Pagina 2 de 6 ADI 1470 / ES - ESPIRITO SANTO ACAO DIRETA DIREITO CONSTITUCIONAL - CP01 - 05 - CPV - 2° PERIODO 2017 30/08/2017 - Pagina 3 de 6 ESCOLA DA MAGISTRATURA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO DEINCONSTITUCIONALIDADE Relator(a): CARLOS VELLOSO Ementa EMENTA: CONSTITUCIONAL. PROCESSO LEGISLATIVO. INICIATIVA RESERVADA. CF, art. 61, § 1°, II, a. EMENDA PARLAMENTAR DA QUAL RESULTOU AUMENTO DE DESPESA: INCONSTITUCIONALIDADE. |. - A jurisprudéncia do Supremo Tribunal Federal é no sentido de que as regras basicas do processo legislativo da Constituigo Federal, entre as quais as que estabelecem reserva de iniciativa legislativa, sto de observancia obrigatéria pelos estados-membros. II. - Emenda de origem parlamentar de que decorreu aumento de despesa majoracdo de indice de aumento de vencimentos Proposto pelo Chefe do Poder Executivo, de 4,39% para 94,39 constitucionalidade. III. - ADI julgada procedente. B) ADI 2804/RS, Aco Direta de Inconstitucionalidade, Relator Ministro Eros Grau, Julgamento: 02/03/2005, Orgao julgador: Tribunal Pleno. ADI 2804 / RS - RIO GRANDE DO SUL ACAO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE Relator(a): Min. EROS GRAU Julgamento: 02/03/2005 Orgao Julgador: Tribunal Pleno Ementa EMENTA: ACAO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. ARTIGO 25 DA LEIN. 11,672/01 DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL. PROVIMENTO DE CARGOS DE SERVIDORES PUBLICOS ESTADUAIS SEM A REALIZACAO DE CONCURSO. LEI DE INICIATIVA PRIVATIVA DO GOVERNADOR DO ESTADO. EMENDA PARLAMENTAR. AFRONTA AOS ARTIGOS 61, § 1°, INCISO II, "C", E37, CAPUT, INCISO II, DA CONSTITUICAO DO BRASIL. 1. Esta Corte entendeu que s4o de observancia compulséria pelos Estados-membros as regras basicas do processo legislativo federal, por sua correlagao direta com o principio da independéncia dos poderes. Precedentes. 2. Projeto de lei apresentado pelo Governador de Estado, em matérias de sua competéncia privativa, no pode sofrer emenda parlamentar que importe em aumento de despesa, sob pena de o futuro texto normativo advindo da emenda incorrer em inconstitucionalidade formal. 3. Consubstancia violacdo direta ao artigo 37, caput ¢ inciso Il, da Constituigdo do Brasil o provimento de cargos de servidores sem concurso piblico prévio. 4, Pedido de declaragao de inconstitucionalidade julgado procedente, RE-AgR 266694/RJ, Relator Ministro Eros Grau, Julgamento 06/09/2005, Orgdo julgador: Primeira Turma, RE-AgR 266694 / RJ - RIO DE JANEIRO AG.REG.NO RECURSO EXTRAORDINARIO Relator(a): Min. EROS GRAU Ementa EMENTA: AGRAVO REGIMENTAL EM RECURSO EXTRAORDINARIO. CONSTITUCIONAL. ADMINISTRATIVO. SERVIDOR PUBLICO. VANTAGEM. EMENTA PARLAMENTAR. DIREITO CONSTITUCIONAL - CPO01 - 05 - CPV - 2° PERIODO 2017 30/08/2017 - Pagina 4 de 6 AUMENTO DE DESPES, VICIO DE INICIATIVA. 1. A. Constituigao do Brasil, ao conferir aos Estados-membros a capacidade de auto-organizagao e de autogoverno (artigo 25, caput), impde a obrigatoria observancia de varios principios, entre os quais o pertinente ao processo legislativo, de modo que o legislador estadual nao pode validamente dispor sobre as matérias reservadas & iniciativa privativa do Chefe do Executivo. Agravo regimental nao provido. RE 745811-RG Recurso extraordindrio, Repercussdo geral da questo constitucional reconhecida. 2. Direito Administrativo. Servidor piiblico. 3. Extensao, por meio de DIREITO CONSTITUCIONAL - CP01 - 05 - CPV - 2° PERIODO 2017 30/08/2017 - Pagina 5 de 6 ESCOLA DA MAGISTRATURA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO emendaparlamentar, de gratificacao ou vantagem prevista pelo projeto do Chefe do Poder Executivo, Inconstitucionalidade. Vicio formal. Reserva de iniciativa do Chefe do Poder Executivo ‘para edi¢do de normas que alterem o padrao remuneratdrio dos servidores piiblicos. Art. 61, § 1° Il, "a", da Constitui¢do Federal. 4. Regime Juridico Unico dos Servidores Piblicos Civis da Administracgdo Direta, das Autarquias e das Fundagées Piiblicas do Estado do Pard (Lei 5.810/1' 994). Artigos 132, inciso XI, e 246. Dispositivos resultantes de emenda parlamentar que estenderam gratificagao, inicialmente prevista apenas para os professores, a todos os servidores que atuem na drea de educagdo especial. Inconstitucionalidade formal. Artigos 2° e 63, I, da Constitui¢do Federal. 5. Recurso extraordindrio provido para declarar a inconstitucionalidade dos artigos 132, XI, e 246 da Lei 5.810/1994, do Estado do Pard. Reafirmagao de jurisprudéncia 2° QUESTAO: JOAO CARLOS, indicado pelo Governador do Estado para o cargo de Presidente de uma sociedade de economia mista prestadora de servigo publico, impetra mandado de seguranga contra ato da Mesa Diretora da respectiva Assembléia Legislativa que, depois de sabatind-lo, nfo aprovou sua indicagaio para o cargo. Alega que a ndo aprovagio é descabida, pois o fato de a Constituicao Estadual estabelecer este procedimento nao condiz com os principios republicanos. A Mesa Diretora, em suas informagdes, manifesta-se no sentido de que somente fez cumprir a Constituicao Estadual, como forma de controle dos atos do Poder Executivo. Responda fundamentadamente se o writ merece ser deferido, RESPOSTA: ADI 1642/MG, rel Min Eros Grau (Informativo 500) - EMENTA: ACAO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. ALINEA "d" DO INCISO XXIII DO ARTIGO 62 DA CONSTITUIGAO DO ESTADO DE MINAS GERAIS. APROVACAO DO PROVIMENTO, PELO EXECUTIVO, DOS CARGOS DE PRESIDENTE DAS ENTIDADES DA ADMINISTRACAO PUBLICA INDIRETA ESTADUAL PELA ASSEMBLEIA LEGISLATIVA. ALEGACAO DE VIOLACAO DO DISPOSTO NO ARTIGO 173, DA CONSTITUICAO DO BRASIL. DISTINCAO ENTRE EMPRESAS ESTATAIS PRESTADORAS DE SERVIGO PUBLICO E EMPRESAS ESTATAIS QUE DESENVOLVEM ATIVIDADE ECONOMICA EM SENTIDO ESTRITO. REGIME JURIDICO ESTRUTURAL E REGIME JURIDICO FUNCIONAL DAS EMPRESAS ESTATAIS. INCONSTITUCIONALIDADE PARCIAL. INTERPRETACAO CONFORME A CONSTITUICAO. 1. Esta Corte em oportunidades anteriores definiu que a aprovacio, pelo Legislativo, da indicagio dos Presidentes das entidades da Administragéo Publica Indireta restringe-se as autarquias e fundagdes piblicas, dela excluidas as sociedades de economia ‘mista ¢ as empresas piiblicas. Precedentes. 2. As sociedades de economia mista e as empresas. piblicas que explorem atividade econémica em sentido estrito esto sujeitas, nos termos do disposto 1° do artigo 173 da Constitui¢ao do Brasil, ao regime juridico proprio das empresas privadas. 3 Distingdo entre empresas estatais que prestam servigo piblico e empresas estatais que empreendem atividade econdmica em sentido estrito 4. O § 1° do artigo 173 da Constituigo do Brasil nao se aplica 4s empresas piiblicas, sociedades de economia mista e entidades (estatais) que prestam servigo piblico. 5. A intromisstio do Poder Legislativo no processo de provimento das diretorias das empresas estatais colide com o principio da harmonia ¢ interdependéncia entre os poderes. A escolha dos dirigentes dessas empresas é matéria inserida no Ambito do regime estrutural de cada uma delas. 6. Pedido julgado parcialmente procedente para dar interpretago conforme & Constituicdo a alinea "d” do inciso XXIII do artigo 62 da Constituigao do Estado de Minas Gerais, para restringir sua aplicagio 4s autarquias e fundagées publicas, dela excluidas as empresas estatais, todas elas. DIREITO CONSTITUCIONAL - CP01 - 05 - CPV - 2° PERIODO 2017 30/08/2017 - Pagina 6 de 6 ESCOLA DA MAGISTRATURA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO Turma: CPV B 22017 Disciplina/Matéria: DIREITO CONSTITUCIONAL ORGANIZAGAO DO PODER Sessdo: 03 - Dia 04/09/2017 - 08:00 as 09:50 Professor: TATIANA DOS SANTOS BATISTA. 03 Tema: O Poder Legislativo I. O sistema bicameral. O Senado Federal. A Camara dos Deputados. Competéncias. Impeachment. 1° QUESTAO: Edvaldo Ramos, Deputado Federal, impetrou Mandado de Seguranca, perante o STF, visando a obtengdo de ordem a fim de paralisar as atividades da Comissao de Sindicancia, instituida pela Mesa da Cémara dos Deputados em 03/02/2003, para apuracdo e oferecimento de relatério acerca de condutas que teriam sido atentatérias ao decoro parlamentar. Postulou, ainda, nessa especial sede, fosse declarada a nulidade do ato que instituiu a referida Comisséo, com 0 conseqiiente arquivamento do inquérito administrativo cuja validade insistiu em contestar. Relatou que o ato supostamente atentatério ao decoro parlamentar fora praticado na legislatura anterior e, em razio do principio da unidade da legislatura, nao poderia ser investigado; que 0 Presidente da Camara dos Deputados, ao agir na condigdo de Presidente da Mesa da referida Casa i desrespeitou principios constitucionais basicos, tais como a isonomia, a legalidade ¢ 0 jo quando da edigdo do ato que institu a sindicdncia, a) Procede a salegado do impetrante de que o principio da unidade da legislatura impede a investigacio? b) 0 principio do contraditério deve ser observado pela Comissio de Sindicdncia na investigagdo preliminar e suméria? ) Em que consiste o sistema bicameral? RESPOSTA: MS 24.458 MC/DF - Distrito Federal; Relator Ministro Celso de Mello; STF. QUESTAO: Em sede de ADPF, determinado partido da base de apoio do Governo, a fim de balizar 0 procedimento de impeachment em que se visa a0 afastamento do Presidente da Repiiblica em exercicio, requer, entre outros pedidos, que as regras procedimentais do processo penal sejam aplicadas no citado rito, sobretudo: a) quanto a necessidade de se aplicar ao processo de impeachment as garantias tipicas do Processo Penal e do Processo Administrativo sancionador; b) que os arts. 18, 22, § 1°, 27, 28 ¢ 29 da Lei 1.079/50 devem ser lidos A luz dos prinefpios da ampla defesa e do contraditério, de modo que toda a atividade probatéria seja desenvolvida, em primeiro lugar, pela acusagdo e, posteriormente, pela defesa, bem como que, em cada fase, a ouvida do acusado seja 0 Ultimo ato da instrugdo; ©) que seja realizada interpretagdo conforme a Constitui¢do do art. 19 da Lei n. 1.079/50, para se fixar, com efeito ex sunc - abrangendo os processos em andamento -, a interpretagdo segundo a qual 0 recebimento da dentincia referido no dispositivo legal deve ser precedido de audiéncia prévia do acusado, no prazo de quinze dias. Responda, fundamentamente, como deve ser decidida a questio, e aind 1) como ¢ repartida a divisio de tarefas entre as casas legislativas ¢ qual o tipo de controle efetuado: juridico ou politico? Fundamente. 2) uma vez admitida a denincia na Camara, pode o Senado efetuar juizo de admissibilidade dessa mesma deniincia, contrariando a casa do povo? 3) existe alguma etapa no procedimento, tanto na Camara, quanto no Senado, em que se permite a DIREITO CONSTITUCIONAL - CPO01 - 05 - CPV - 2° PERIODO 2017 30/08/2017 - Pagina 1 de 20 ESCOLA DA MAGISTRATURA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO RESPOSTA: RESPOSTA: ADPF 378 MC / DF - DISTRITO FEDERAL MEDIDA CAUTELAR NA ARGUICAO DE DESCUMPRIMENTO DE PRECEITO FUNDAMENTAL Relator(a): Min. EDSON FACHIN Relator(a) p/ Acérdao: Min. ROBERTO BARROSO Julgamento: 17/12/2015 Orgdo Julgador: Tribunal Pleno Ementa: DIREITO CONSTITUCIONAL. MEDIDA CAUTELAR EM ACAO DE DESCUMPRIMENTO DE PRECEITO FUNDAMENTAL. PROCESSO DE IMPEACHMENT. DEFINIGAO DA LEGITIMIDADE CONSTITUCIONAL DO RITO PREVISTO NA LEI N° 1.079/1950. ADOGAO, COMO LINHA GERAL, DAS MESMAS REGRAS SEGUIDAS EM 1992. CABIMENTO DA AGAO E CONCESSAO PARCIAL DE MEDIDAS CAUTELARES. CONVERSAO EM JULGAMENTO DEFINITIVO. I. CABIMENTO DA ADPF E DAS MEDIDAS CAUTELARES INCIDENTAIS 1. A presente ago tem por objeto central analisar a compatibilidade do rito de impeachmentde Presidente da Repiblica previsto na Lei n° 1.079/1950 com a Constituigo de 1988. A ago é cabivel, mesmo se considerarmos que requer, indiretamente, a declaragfio de inconstitucionalidade de norma posterior & Constituigdo e que pretende superar omissdo parcial inconstitucional. Fungibilidade das ages diretas que se prestam a viabilizar o controle de constitucionalidade abstrato e em tese. Atendimento ao requisito da subsidiariedade, tendo em vista que somente a apreciagdo cumulativa de tais pedidos é capaz de assegurar o amplo esclarecimento do rito do impeachment por parte do STF. 2. A cautelar incidental requerida diz respeito a forma de votacdo (secreta ou aberta) ¢ ao tipo de candidatura (indicagao pelo lider ou candidatura avulsa) dos membros da Comissdo Especial na Camara dos Deputados. A formagdo da referida Comissio foi questionada na inicial, ainda que sob outro prisma. Interpretacdo da inicial de modo a conferir maior efetividade ao pronunciamento judicial. Pedido cautelar incidental que pode ser recebido, inclusive, como aditamento a inicial. Inocorréncia de violagao ao principio do juiz natural, pois a ADPF foi a livre distribuigdo e os pedidos da cautelar incidental sio abrangidos pelos pleitos da inicial. II. MERITO: DELIBERAGOES POR MAIORIA 1. PAPEIS DA CAMARA DOS DEPUTADOS E DO SENADO FEDERAL NO PROCESSO DE IMPEACHMENT (ITENS C, G, H EI DO PEDIDO CAUTELAR): 1.1. Apresentada denincia contra o Presidente da Repiblica por crime de responsabilidade, compete & Camara dos Deputados autorizar a instauragdo de processo (art. 51, 1, da CF/1988). A Camara exerce, assim, um juizo eminentemente politico sobre os fatos narrados, que constitui condigaio para o prosseguimento da deniincia. Ao Senado compete, privativamente, processar ¢ julgar o Presidente (art. 52, 1), locugo que abrange a realizago de um juizo inicial de instaurago ou nao do processo, isto é, de recebimento ou no da dentincia autorizada pela Camara. 1.2. Ha trés ordens de argumentos que justificam esse entendimento. Em primeiro lugar, esta é a tnica interpretagio possivel 4 luz da Constituigdo de 1988, por qualquer enfoque que se dé: literal, histérico, légico ou sistematico. Em segundo lugar, é a interpretagdo que foi adotada pelo Supremo Tribunal Federal em 1992, quando atuou no impeachment do entdo Presidente Fernando Collor de Mello, de modo que a seguranga juridica reforga a sua reiterago pela Corte na presenteADPF. E DIREITO CONSTITUCIONAL - CPOI - 05 - CPV - 2° PERIODO 2017 30/08/2017 - Pagina 3 de 20 ESCOLA DA MAGISTRATURA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO Turma: CPV B 22017 Disciplina/Matéria: DIREITO CONSTITUCIONAL ORGANIZAGAO DO PODER Sessdo: 04 - Dia 04/09/2017 - 10:10 as 12:00 Professor: TATIANA DOS SANTOS BATISTA 04 Tema: O Poder Legislativo II. Organizag&o das Casas Legislativas. Imunidade parlamentar. Comissdes permanentes ¢ tempordrias 1° QUESTAO: FULANO, deputado federal, foi denunciado pela pritica de crimes contra a administragio piiblica, tendo o Supremo Tribunal Federal recebido a inicial acusatéria, No decorrer do processo, FULANO deixou de ser deputado, jé que suplente e o titular do mandato voltou & Casa. Dessa feita, 0 ministro Relator da dentincia remete o feito 4 1* instAncia. FULANO agrava dessa decisao, sob o argumento de que deve ser respeitado 0 principio da perpetuatio jurisdicionis. Responda, fundamentadamente, como deve ser julgado 0 agravo. DIREITO CONSTITUCIONAL - CPO1 - 05 - CPV - 2° PERIODO 2017 30/08/2017 - Pagina 1 de 9 ESCOLA DA MAGISTRATURA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO RESPOSTA: RESPOSTA: TITULO Suplente de deputado federal - Prerrogativa de foro - Inexisténcia (Transcrigdes) PROCESSO Ing - 3341 ARTIGO Suplente de deputado federal - Prerrogativa de foro - Inexisténcia (Transcrig6es) Inq 3341/DF* RELATOR: Min. Celso de Mello EMENTA: SUPLENTE DE DEPUTADO FEDERAL. CONDICAO POLITICO-JURIDICA QUE NAO LHE CONFERE AS GARANTIAS E AS PRERROGATIVAS INERENTES AO TITULAR DO MANDATO PARLAMENTAR. RECONHECIMENTO DA FALTA DE COMPETENCIA ORIGINARIA DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL PARA O PROCEDIMENTO PENAL INSTAURADO CONTRA SUPLENTE DE MEMBRO DO CONGRESSO NACIONAL. - A Constituigdo da Repiblica nao atribui, ao suplente de Deputado Federal ou de Senador, a prerrogativa de foro, “ratione muneris", perante o Supremo Tribunal Federal, pelo fato de o suplente - enquanto ostentar essa especifica condigao - ndo pertencer a qualquer das Casas que compdem o Congresso Nacional. Precedentes. DECISAO: Reconhego no mais subsistir, no caso, a competéncia penal origindria do Supremo Tribunal Federal para prosseguir na apreciagdo deste procedimento, eis que - conforme salientado pela douta Procuradoria-Geral da Republica (fis. 116) e consoante se verifica em consulta aos registros que a Camara dos Deputados mantém em sua pagina oficial na "Internet" (fis. 117/118) - 0 indiciado ** j4 ndo mais ostenta - porque, agora, mero suplente - a condigao de Deputado Federal. Presente 0 contexto ora exposto, impée-se reconhecer que cessou, efetivamente, “pleno jure", a competéncia origindria desta Suprema Corte para apreciar a causa penal em referéncia, impende assinalar, neste ponto, que esse entendimento - que reconhece nao mais subsistir a competéncia penal originéria do Supremo Tribunal ante a cessagao superveniente de determinadas titularidades funcionais e/ou eletivas - traduz diretriz jurisprudencial prevalecente nesta Corte a propésito de situagdes como a que ora se registra nos presentes autos: "Nao mais subsiste a competéncia penal origindria do Supremo Tribunal Federal (..., se (...) sobrevém a cessagao da investidura do indiciado, denunciado ou réu no cargo, fungdo ou mandato cuja titularidade justificava a outorga da prerrogativa de foro ‘ratione muneris', prevista no texto constitucional (CF, art. 102, ,'b' ec’). A prerrogativa de foro perde a sua razo de ser, deixando de incidir e de prevalecer, se aquele contra quem foi instaurada a persecuco penal nao mais detém 0 oficio publico cujo exercicio representava o tinico fator de legitimagao constitucional da competéncia penal originéria do Supremo Tribunal, mesmo que a pratica delituosa tenha ocorrido durante 0 periodo de atividade funcional." (Inq 862/DF, Rel. Min. CELSO DE MELLO) Cabe referir, bem por isso, consideradas as razbes expostas, que a jurisprudéncia desta Corte (RTJ 121/423, v.g.), firmada em situagdes como a que ora se examina neste procedimento penal - e reiterada quando jé em vigor a presente Constituigdo da Republica (RTI 137/570, Rel. Min. CELSO DE MELLO - RTi 148/349-350, Rel. Min. CELSO DE MELLO) -, orienta-se no sentido de que, "nao se encontrando, atualmente, em mandato legislativo federal, ndo tem, o Supremo Tribunal Federal, competéncia para julgar o denunciado" (RTJ 107/15, Rel. Min. ALFREDO BUZAID - grifei). Cumpre relembrar, por necessério, que o Supremo Tribunal Federal reafirmou essa diretriz jurisprudencial em julgamentos plendrios DIREITO CONSTITUCIONAL - CPO1 - 05 - CPV - 2° PERIODO 2017 30/08/2017 - Pagina 2 de 9 ESCOLA DA MAGISTRATURA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO (Ing2.281-AgR/MG, Rel. Min. CELSO DE MELLO, v.g.), valendo referir, por ser expressiva dessa orientagéio, a decisdo consubstanciada em acérdao assim ementado: "PRERROGATIVA DE FORO - EXCEPCIONALIDADE - MATERIA DE INDOLE CONSTITUCIONAL - INAPLICABILIDADE A EX-OCUPANTES DE CARGOS PUBLICOS E A EX-TITULARES DE MANDATOS ELETIVOS - CANCELAMENTO DA SUMULA 394/STF - NAO-INCIDENCIA DO PRINCIPIO DA ‘PERPETUATIO JURISDICTIONIS' - POSTULADO REPUBLICANO E JUIZ NATURAL - RECURSO DE AGRAVO IMPROVIDO. - O postulado republicano - que repele privilégios ¢ nao tolera discriminagdes - impede que prevalega a prerrogativa de foro, perante o Supremo Tribunal Federal, nas infragdes penais comuns, mesmo que a pratica delituosa tenha ocorrido durante o perfodo de atividade funcional, se sobrevier a cessagao da investidura do indiciado, denunciado ou réu no cargo, fungio ou mandato cuja titularidade (desde que subsistente) qualifica-se como o unico fator de legitimagao constitucional apto a fazer instaurar a competéncia penal origindria da Suprema Corte (CF, art. 102, ,'b* e'c’). Cancelamento da Simula 394/STF (RTJ 179/912-913). - Nada pode autorizar o desequilibrio entre 0s cidadaos da Republica. O reconhecimento da prerrogativa de foro, perante o Supremo Tribunal Federal, nos ilicitos penais comuns, em favor de ex-ocupantes de cargos piiblicos ou de ex-titulares de mandatos eletivos transgride valor fundamental a propria configuragdo da idéia republicana, que se orienta pelo vetor axiolégico da igualdade. - A prerrogativa de foro outorgada, constitucionalmente, ‘ratione muneris’, a significar, portanto, que é deferida em raziio de cargo ou de mandato ia titularizado por aquele que sofre persecugdo penal instaurada pelo Estado, sob pena de tal prerrogativa - descaracterizando-se em sua esséncia mesma - degradar-se & condigdo de inaceitavel privilégio de cardter pessoal. Precedentes." (Ing 2.333-AgR/PR, Rel. Min. CELSO DE MELLO) Impde-se assinalar, ainda, que o suplente, enquanto ostentar essa especifica condigao (hoje titularizada pelo ora investigado) - que Ihe confere mera expectativa de direito -, nao s6 nao dispde da garantia constitucional da imunidade parlamentar, como também nao se Ihe estende a prerrogativa de foro prevista na Constituigdo Federal, cujo art. 53, § 1°, revela-se unicamente aplicdvel a quem esteja na posse do mandato de Deputado Federal ou de Senador da Repiblica. Cabe registrar, neste ponto, que o suplente, em sua posigao de substituto eventual do congressista, nfo goza - enquanto permanecer nessa condigio - das prerrogativas constitucionais deferidas ao titular do mandato legislativo, tanto quanto nio se lhe estendem as incompatibilidades, que, previstas no texto da Carta Politica (CF, art. $4), incidem, apenas, sobre aqueles ue esto no desempenho do oficio parlamentar. Na realidade, os direitos inerentes a supléncia abrangem, unicamente, (a) 0 direito de substituig&io, em caso de impedimento, e (b) 0 direito de sucesso, na hipstese de vaga. Antes de ocorrido o fato gerador da convocagdo, quer em cardter permanente (resultante do surgimento de vaga), quer em cardter tempordrio (decorrente da existéncia de situag4o configuradora de impedimento), o suplente dispde de mera expectativa de direito, nao Ihe assistindo, por isso mesmo, qualquer outra prerrogativa de DIREITO CONSTITUCIONAL - CPOI - 05 - CPV - 2° PERIODO 2017 30/08/2017 - Pagina 3 de 9 ESCOLA DA MAGISTRATURA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO ordemparlamentar, pois - ndo custa enfatizar - 0 suplente, enquanto tal, no se qualifica como membro do Poder Legislativo. Qualquer prerrogativa de cariter institucional, inerente ao mandato parlamentar, somente paderd ser estendida ao suplente mediante expressa previsto constitucional, tal como o fez, por exemplo, a Constituigdo republicana de 1934, que concedeu, "ao suplente imediato do Deputado em exercicio" (art. 32, "caput", “in fine"), a garantia da imunidade processual. A vigente Constituigao, no entanto, nada dispés a esse respeito, nem sequer atribuiu, ao suplente de Deputado Federal ou de Senador da Reptblica, a prerrogativa de foro, “ratione muneris", perante o Supremo Tribunal Federal. A Suprema Corte, nos processos penais condenatrios - e quando se tratar dos integrantes do Poder Legislativo da Unido -, qualifica-se, quanto a estes, como o seu juiz natural (RTJ 166/785, Rel. Min. CELSO DE MELLO), ndo se estendendo, essa extraordindria jurisdigdo constitucional, a quem, por achar-se na condigdo de mera supléncia, somente dispde - insista-se - de simples expectativa de direito. Registre-se que esse entendimento nada mais reflete sendo a propria orientagaio jurisprudencial firmada pelo Supremo Tribunal Federal no exame dessa especifica questio (Inq 1.244/PR, Rel. Min. CARLOS VELLOSO - Inq 1,537/RR, Rel. Min, MARCO AURELIO - Ing 1.659/SP, Rel. Min. CARLOS VELLOSO - Ing 1.684/PR, Rel. Min. CELSO DE MELLO - Ing 2.421-AgR/MS, Rel. Min. MENEZES DIREITO - Ing 2.429- AgR/MS, Rel. Min. JOAQUIM BARBOSA - Ing 2.453-AgR/MS, Rel. Min, RICARDO LEWANDOWSKI - Ing 2.634/RJ, Rel. Min. CELSO DE MELLO - Ing 2.639/SP, Rel. Min. CELSO DE MELLO - Ing 2.800/RJ, Rel. Min. CELSO DE MELLO): "Os suplentes de Deputado ou de Senador no gozam de imunidades, salvo quando convocados legalmente ¢ para integrar a Camara para a qual foram eleitos. Nesta situagdo, desempenhando, em sua plenitude, a fungdo legislativa, entram a fruir de todos os direitos, vantagens e prerrogativas dos demais companheiros da Camara a que forem chamados. Aberta a vaga (...), as imunidades passam a amparar os suplentes." (HC 34.467/SE, Rel. Min. SAMPAIO COSTA, Pleno - grifei) Essa mesma compreensio do tema é também perfilhada por autorizado magistério doutrindrio (HELY LOPES MEIRELLES, "Direito Municipal Brasileiro”, p. 455, 6 ed/3* tr., 1993, Malheiros; JOSE CRETELLA JUNIOR, "Comentarios & Constituigao de 1988”, vol. V/2.679, item n. 267, 1991, Forense Universitaria; PINTO FERREIRA, "Comentarios a Constituigdo Brasileira”, vol. 21625, 1990, Saraiva), como se depreende da expressiva ligio de THEMISTOCLES BRANDAO CAVALCANTI ("A Constituigdo Federal Comentada”, vol. 1135, 3* ed.. 1956, Konfino): "A referéncia feita, finalmente, aos membros do Congresso, no pode ter outro sentido que no aos que participam efetivamente da atividade legislativa e nunca aos que tém mera expectativa, dependendo de condigao que pode ou no ocorrer. Podemos, assim, concluir que, no texto omisso da Constituigao Federal, ndo se devem compreender os suplentes, que, quando no se achem em exercicio, nfo fazem parte do Congresso." (grifei) Essa, também, & a “ratio” subjacente & norma, que, inscrita no art, 53, § 1°, da Constituigdo da Republica, confere prerrogativa de foro, "ratione muneris", aos membros do Congresso Nacional, perante o Supremo Tribunal Federal, nas infragdes penais comuns. E , precisamente, por tais, razBes DIREITO CONSTITUCIONAL - CPOI - 05 - CPV - 2° PERIODO 2017 30/08/2017 - Pagina 4 de 9 ESCOLA DA MAGISTRATURA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO quendo se torna licito estender, ao suplente de Deputado Federal ou de Senador da Republica, as prerrogativas parlamentares de indole constitucional, pelo fato de que estas - por serem inerentes, apenas, a quem exerce 0 mandato legislativo - nao alcangam aquele, que, por achar-se na condigdo de mera supléncia, somente dispde de simples expectativa de direito. Devo registrar, neste ponto, que, ao julgar, nesta Suprema Corte, questo idéntica a ora versada na presente sede processual, proferi decisto que esta assim ementada: "SUPLENTE DE DEPUTADO FEDERAL. CONDICAO POLITICO-JURIDICA QUE NAO LHE CONFERE AS GARANTIAS E AS PRERROGATIVAS INERENTES AO TITULAR DO MANDATO PARLAMENTAR. RECONHECIMENTO DA FALTA DE COMPETENCIA. ORIGINARIA DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL PARA O PROCEDIMENTO PENAL INSTAURADO CONTRA SUPLENTE DE MEMBRO DO CONGRESSO NACIONAL. - O suplente, em sua posigdo de substituto eventual de membro do Congresso Nacional, nfo goza - enquanto permanecer nessa condigao - das prerrogativas constitucionais deferidas ao titular do mandato legislativo, tanto quanto nao se Ihe estendem as incompatibilidades, que, previstas na Carta Politica, incidem, unicamente, sobre aqueles que esto no desempenho do oficio parlamentar. - A Constituicao da Republica nao atribui, ao suplente de Deputado Federal ou de Senador, a prerrogativa de foro, ‘ratione muneris’, perante 0 Supremo Tribunal Federal, pelo fato de o suplente - enquanto ostentar essa especifica condigao = ndo pertencer a qualquer das Casas que compdem o Congresso Nacional. - A Suprema Corte, nos processos penais condenatérios - e quando se tratar dos integrantes do Poder Legislativo da Unido - qualifica-se, quanto a estes, como o seu juiz natural, nao se estendendo, essa exiraordinaria jurisdig0 constitucional, a quem, por achar-se na condigéo de mera supléncia, somente dispée de simple: expectativa de direito. Doutrina. Precedents." (Ing 1.684/PR, Rel. Min, CELSO DE MELLO, "in" Informativo/STF n° 251, de 2001) Vale referir, finalmente, que o entendimento ora exposto foi reiterado, pelo Plenario desta Suprema Corte, no julgamento do Ing 2.453-AgR/MS, Rel. Min, RICARDO LEWANDOWSKI, em acérdao assim ementado: "AGRAVO REGIMENTAL. 'HABEAS CORPUS’. QUEIXA-CRIME. ARTS. 20, 21 E 22 DA LEI 5.250/1967. SUPLENTE DE SENADOR. INTERINIDADE. COMPETENCIA DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL PARA O JULGAMENTO DE ACOES PENAIS. INAPLICABILIDADE DOS ARTS. 53, § 1°, E 102, I,'b’, DA CONSTITUICAO FEDERAL. RETORNO DO TITULAR AO EXERCICIO DO CARGO. BAIXA DOS AUTOS. POSSIBILIDADE. NATUREZA. FORO ESPECIAL (...). ESTATUTO DOS CONGRESSISTAS QUE SE APLICA APENAS AOS PARLAMENTARES EM EXERCICIO DOS RESPECTIVOS CARGOS. IV - A diplomago do suplente nao Ihe estende, automaticamente, o regime politico-juridico dos congressistas, por constituir mera formalidade anterior € essencial a possibilitar a posse interina ou definitiva no cargo na hipétese de licenga do titular ou vacancia permanente. V - Agravo desprovido.” (grifei) Sendo assim, pelas razBes expostas, e acolhendo a promogao da douta Procuradoria-Geral da Repiiblica, reconheco cessada, na espécie, a competéncia origindria do Supremo Tribunal Federal para apreciar este procedimento penal, determinando, em conseqiiéncia, a remessa dos presentes autos ao E. Tribunal Regional Eleitoral de Rondénia, para efeito de DIREITO CONSTITUCIONAL - CPO1 - 05 - CPV - 2° PERIODO 2017 30/08/2017 - Pagina $ de 9 ESCOLA DA MAGISTRATURA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO oportunadistribuigo a érgdo da Justiga Eleitoral agora penalmente competente. Comunique-se a presente decisdo ao eminente Senhor Procurador-Geral da Republica. Publique-se. Brasilia, 25 de abril de 2012. Ministro CELSO DE MELLO Relator *decisao publicada no DJe de 3.5.2012 **nome suprimido pelo Informativo integra do Informativo 673 2 QUESTAO: ‘Agremiacao partidaria minoritéria na Camara de Vereadores de cidade interiorana impetra mandado de seguranca contra ato do Presidente da Casa em que visa a concesso da seguranca para que sejam incluidos na Comissio Parlamentar de Inquérito (CPI) os membros dos partidos minoritarios faltantes, até 0 limite maximo de 05 (cinco) membros. Aduz que o Presidente da Casa nomeou os membros da Comissio de acordo com sua propria conveniéncia. Em suas informagées, a autoridade apontada como coatora sustentou a perda do interesse de agir, asseverando que a CPI ja fora extinta, com o devido relatério enviado as autoridades competentes para as providéncias cabiveis. Responda, fundamentadamente, se a ordem deve ser concedida. DIREITO CONSTITUCIONAL - CPOI - 05 - CPV - 2° PERIODO 2017 30/08/2017 - Pagina 6 de 9 i. 7Ky ESCOLA DA MAGISTRATURA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO RESPOSTA: Apelagio Civel n? 0006813-64.2009.8.19.0053, RELATOR: Desembargador MARIO ASSIS GONCALVES Mandado de Seguranca, Camara Municipal. Comissio Parlamentar de Inquérito (CPI). Partidos politicos minoritarios. Composigo da comissao. Direito constitucional a investigagio parlamentar, Constituigio da Repiiblica. Cuiida-se de apelacdo civel (fls. 240/245), deduzida pelo Municipio de Sio Joxo da Barra contra a sentenga de fls. 236/238, proferida nos autos do mandado de seguranga impetrado por vereadores e por agremiacao politico-partidaria, em face do Presidente da Camara daquele Municipio, o qual editou ato determinando a abertura de CPI (Comissio Parlamentar de Inquérito) para apurar ilegalidades que teriam se verificado em obras realizadas pela municipalidade nas "estradas de Imbaiba, Pedregal, Confisco e Martinho", praticando irregularidades formais e desrespeitando direito dos mesmos. Na forma do parecer da Procuradoria de Justiga, muito embora a CPI ja tenha encerrado os seus trabalhos, antes mesmo da prolatagio da sentenga hostilizada, no sendo solugdo pratica o reconhecimento do direito dos impetrantes de integrarem dita comissto, 0 fato é que se vive atualmente, depois de longo periodo de arbitrio, um estado democritico de direito, cuja Carta Magna assegura a plena participagdo das minorias partiddrias em todos 0s processos que tém como palco o parlamento, em todas as suas esferas. E também impositiva a conclusdo no sentido de que embora se tenha perdido 0 objeto da seguranca, a denegagao da ordem implicaria no no reconhecimento da ilegalidade praticada e serviria para impedir 0 assento de vereadores em futuras comissdes dos representantes da minoria. Precedente do Supremo Tribunal Federal. No caso concreto, resulta indubitével que na constituigao de cada comisstio é assegurada, quando possivel, a representaco proporcional dos partidos que participam da Casa Tal regra, além da esfera constitucional, se encontra insita na Lei Orginica do Municipio de Sao Joao da Barra (art. 25, § 1°) eno Regimento Interno da Camara de Vereadores (art. 17, inciso II). Correta, portanto, a sentenga que julgou parcialmente procedente o pedido e concedeu a seguranca de molde a que fossem incluidos os membros dos partidos minoritérios faltantes, até o limite maximo de cinco. Recurso a que se nega seguimento. MS 26441 “MANDADO DE SEGURANGA - QUESTOES PRELIMINARES REJEITADAS - PRETENDIDA INCOGNOSCIBILIDADE DA AGAO MANDAMENTAL, PORQUE DE NATUREZA "INTERNA CORPORIS” O ATO IMPUGNADO - POSSIBILIDADE DE CONTROLE JURISDICIONAL DOS ATOS DE CARATER POLITICO, SEMPRE QUE SUSCITADA QUESTAO DE INDOLE CONSTITUCIONAL - O MANDADO DE SEGURANCA COMO PROCESSO DOCUMENTAL E ANOGAO DE DIREITO LiQUIDO E CERTO - NECESSIDADE DE PROVA PRE- CONSTITUIDA - CONFIGURAGAO, NA ESPECIE, DA LIQUIDEZ DOS FATOS SUBJACENTES A PRETENSAO MANDAMENTAL - COMISSAO PARLAMENTAR DE INQUERITO - DIREITO DE OPOSICAO - PRERROGATIVA DAS MINORIAS PARLAMENTARES - EXPRESSAO DO POSTULADO DEMOCRATICO - DIREITO IMPREGNADO DE ESTATURA CONSTITUCIONAL - INSTAURAGAO DE INQUERITO PARLAMENTARE C DIREITO CONSTITUCIONAL - CP01 - 05 - CPV - 2° PERIODO 2017 30/08/2017 - Pagina 7 de 9 ESCOLA DA MAGISTRATURA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO OMPOSICAO DA RESPECTIVA CPI - IMPOSSIBILIDADE DE A MAIORIA PARLAMENTAR FRUSTRAR, NO AMBITO DE QUALQUER DAS CASAS DO CONGRESSO NACIONAL, O EXERCICIO, PELAS MINORIAS LEGISLATIVAS, DO DIREITO CONSTITUCIONAL A INVESTIGACAO PARLAMENTAR (CF, ART. 58, § 3°) - MANDADO DE SEGURANCA CONCEDIDO. 0 ESTATUTO CONSTITUCIONAL DAS MINORIAS PARLAMENTARES: A. PARTICIPACAO ATIVA, NO CONGRESSO NACIONAL, DOS GRUPOS MINORITARIOS, A QUEM ASSISTE O DIREITO DE FISCALIZAR O EXERCICIO DO PODER. - Existe, no sistema politico-juridico brasileiro, um verdadeiro estatuto constitucional das minorias parlamentares, cujas prerrogativas - notadamente aquelas pertinentes ao direito de investigar - devem ser preservadas pelo Poder Judiciério, a quem incumbe proclamar o alto significado que assume, para o regime democritico, a essencialidade da proteco jurisdicional a ser dispensada ao direito de oposigdo, analisado na perspectiva da prética republicana das instituiges parlamentares. - A norma inscrita no art. 58, § 3°, da Constituigao da Repiiblica destina-se a ensejar a participagio ativa das minorias parlamentares no processo de investigagao legislativa, sem que, para tanto, mostre-se necessaria a concordancia das agremiacdes que compdem a maioria parlamentar. - O direito de oposigdo, especialmente aquele reconhecido as minorias legislativas, para que nao se transforme numa prerrogativa constitucional inconsequente, ha de ser aparelhado com instrumentos de atuaglo que viabilizem a sua pratica efetiva e concreta no Ambito de cada uma das Casas do Congresso Nacional. - A maioria legislativa nao pode frustrar o exercicio, pelos grupos minoritérios que atuam no Congresso Nacional, do direito piblico subjetivo que Ihes ¢ assegurado pelo art. 58, § 3°, da Constituigao ¢ que Ihes confere a prerrogativa de ver efetivamente instaurada a investigagao parlamentar, por periodo certo, sobre fato determinado. Precedentes: MS 24.847/DF, Rel. Min. CELSO DE MELLO, v.g..- A ofensa ao direito das minorias parlamentares constitui, em esséncia, tum desrespeito ao direito do préprio povo, que também € representado pelos grupos minoritarios que atuam nas Casas do Congresso Nacional. REQUISITOS CONSTITUCIONAIS PERTINENTES A CRIACAO DE COMISSAO PARLAMENTAR DE INQUERITO (CF, ART. 58, § 3°): CLAUSULA QUE AMPARA DIREITO DE CONTEUDO EMINENTEMENTE CONTRA-MAJORITARIO. - A instauragdo de inquérito parlamentar, para viabilizar-se no ambito das Casas legislativas, esta vinculada, unicamente, & satisfagdo de trés (03) exigéncias definidas, de modo taxativo, no texto da Lei Fundamental da Republica: (1) subscrig#o do requerimento de constituig20 da CPI por, no minimo, 1/3 dos membros da Casa legislativa, (2) indicagao de fato determinado a ser objeto da apuragdo legislativa e (3) temporariedade da comissio parlamentar de inquérito. Precedentes do Supremo Tribunal Federal: MS 24.831/DF, Rel. Min. CELSO DE MELLO, v.g.. - O requisito constitucional concerente a observancia de 1/3 (um tergo), no minimo, para criagao de determinada CPI (CF, art. 58, § 3°), refere-se a subscrigao do requerimento de instauracdo da investigagao parlamentar, que traduz exigencia a ser aferida no momento em que protocolado o pedido junto a Mesa da Casalegislativa, DIREITO CONSTITUCIONAL - CPO1 - 05 - CPV - 2° PERIODO 2017 30/08/2017 - Pagina 8 de 9 ESCOLA DA MAGISTRATURA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO tanto que, “depois de sua apresentago a Mesa", consoante prescreve o proprio Regimento Interno da Camara dos Deputados (art. 102, § 4°), no mais se revelard possivel a retirada de qualquer assinatura. - Preenchidos os requisitos constitucionais (CF, art. 58, § 3°), impde-se a criag&io da Comissao Parlamentar de Inquérito, que niio depende, por isso mesmo, da vontade aquiescente da maioria legislativa. Atendidas tais exigéncias (CF, art. 58, § 3°), cumpre, ao Presidente da Casa legislativa, adotar os procedimentos subseqilentes e necessérios a efetiva instalagao da CPI, no se revestindo de legitimagao constitucional o ato que busca submeter, ao Plendrio da Casa legislativa, quer por intermédio de formulago de Questo de Ordem, quer mediante interposigao de recurso ou utilizagao de qualquer outro meio regimental, a criagdo de qualquer comissio parlamentar de inquérito. - A prerrogativa institucional de investigar, deferida ao Parlamento (especialmente aos grupos minoritérios que atuam no ambito dos corpos legislativos), no pode ser comprometida pelo bloco majoritario existente no Congresso Nacional, que no dispde de qualquer parcela de poder para deslocar, para o Plendrio das Casas legislativas, a decisdo final sobre a efetiva criagdo de determinada CPI, sob pena de frustrar e nulificar, de modo inaceitavel e arbitrario, 0 exercicio, pelo Legislativo (€ pelas minorias que o integram), do poder constitucional de fiscalizar e de investigar o comportamento dos érgiios, agentes ¢ instituigdes do Estado, notadamente daqueles que se estruturam na esfera organica do Poder Executivo. - A rejeigao de ato de criagdo de Comissao Parlamentar de Inquérito, pelo Plenério da Camara dos Deputados, ainda que por expressiva votago majoritaria, proferida em sede de recurso interposto por Lider de partido politico que compée a maioria congressual, ndo tem o condio de justificar a frustrago do direito de investigar que a prépria Constituigio da Repiblica outorga as minorias que atuam nas Casas do Congresso Nacional.” 3* QUESTAO: FULANO ofereceu queixa-crime contra Senador da Republica por suposta pritica do crime previsto no artigo 140 (injiria), c/c art. 61, Il, "h"(contra pessoa maior de 60 anos), c/c art. 70 (concurso formal) ¢ 141, inciso III (meio que facilite a divulgagao), todos do CP, ante o fato de o acusado ter-lhe atribuido os termos "ladrao" e "corrupto", durante entrevista concedida a famosa ridio de alcance nacional. O autor requereu o afastamento da imunidade material por néo ter sido a ofensa perpetrada no exercicio do mandato parlamentar, tampouco demonstrado pertinéncia temética com a fungi exercida. Aludiu também ao fato de o investigado haver reproduzido a entrevista no em diversas redes sociais e canais de video pela Internet. Em sua defesa, o parlamentar apontou a necessidade de rejeigdo da pega acusatéria por estar amparado pela imunidade material. Alegou ainda que as declaragdes foram proferidas no contexto politico relacionado a fungdio parlamentar e que, época dos fatos narrados, era o Presidente da Comisstio Permanente de Turismo e Desporto de uma das Casas Legislativas, cuja érea de atuago eminentemente a desportiva. Afirmou ainda que, ao desqualificar as condutas do querelante, o intuito foi o de criticar 0 modelo de gestéo atual do futebol nacional, situago que nao revelaria 0 animo de injuriar, Alfim, requereu a extingdo do processo, reconhecendo-se a pertinéncia, na espécie, da imunidade parlamentar. No mérito, pretendeu fosse julgada improcedente a queixa. Responda, fundamentadamente, em no maximo 15 (quinze) linhas, como deve ser julgada a causa. RESPOSTA: RESPOST. RESPOSTA: . INQUERITO 3.817, DF, Rel Min. MARCO AURELIO PARLAMENTAR - IMUNIDADE. A imunidade parlamentar, ante ideias veiculadas fora da tribuna da Casa Legislativa, pressupée nexo de causalidade com o exercicio do mandato. QUEIXA - IMUNIDADE PARLAMENTAR - ARTIGO 53 DA CONSTITUICAO FEDERAL - INCIDENCIA. As declaragdes do investigado, na qualidade de 2° Vice-Presidente da Comissio Permanente de Turismo e Desporto da Camara dos Deputados, alusivas aos dirigentes do futebol brasileiro, fizeram- se ligadas ao exercicio do mandato, estando cobertas pela imunidade parlamentar material. DIREITO CONSTITUCIONAL - CPO - 05 - CPV - 2° PERIODO 2017 30/08/2017 - Pagina 9 de 9 ESCOLA DA MAGISTRATURA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO Turma: CPV B 22017 Disciplina/Matéria: DIREITO CONSTITUCIONAL ORGANIZACAO DO PODER ‘Sessfio: 05 - Dia 05/09/2017 - 08:00 as 09:50 Professor: CLAUDIO BRANDAO DE OLIVEIRA. 05 Tema: Comissio Parlamentar de Inquérito. Atribuigdes. Limitagoes, Pri 1° QUESTAO: BENONIO, juiz federal de 1* insténcia, impetra habeas corpus contra Comissio Parlamentar de Inquérito que investiga fatos relacionados & corrupgdo no Poder Judicidrio Federal. Requer, preventivamente a ordem para se calar diante de eventual convocagio. Requer também a concesstio da ordem para que seja excluido do rol dos investigados, uma vez que a Comissao se baseia em documentos decorrentes de sindicdncia que a Corregedoria promoveu, referente a supostos fatos ilicitos ndo relacionados com o estrito exercicio da jurisdigao. Documentos estes que, segundo a LOMAN, sio sigilosos. Responda, fundamentadamente, se a ordem deve ser concedida, RESPOSTA: RESPOSTA: HC 100341, rel. Min, Joaquim Barbosa Habeas corpus. Comissao Parlamentar de Inquérito. Atividades investigatorias especificas simultaneamente realizadas por érgdo jurisdicional e comissio parlamentar de inquérito. Viabilidade. Utilizagao, por CPI, de documentos oriundos de inquérito sigiloso. Possibilidade. Investigagao, por CPI, da suposta participagdo de magistrado em fatos ilicitos ndo relacionados com 0 exercicio de atividades estritamente jurisdicionais. Aposentadoria superveniente. Pedido prejudicado. Extensfio dos trabalhos da CPI a fatos conexos ao objeto inicialmente estabelecido. Viabilidade. Direito ao siléncio, garantia contra a auto-incriminago e comunicagao com advogado. Aplicabilidade plena. A existéncia de procedimento penal investigatério, em tramitagdo no érgao judicidrio competente, no impede a realizagao de atividade apuratéria por uma Comissao Parlamentar de Inquérito, ainda que seus objetos sejam correlatos, pois cada qual possui amplitude distinta, delimitada constitucional e legalmente, além de finalidades diversas. Precedentes. As comissdes parlamentares de inquérito possuem poderes de investigagdo proprios das autoridades judiciais, entre os quais a competéncia para ter acesso a dados sigilosos (art. 58, § 3°, da Constituigto Federal, e art. 2° da Lei n* 1.579/52). Precedentes. A superveniente aposentadoria prejudica a apreciago da possibilidade de uma CPI investigar atos de cardter nao jurisdicionais praticados por aquele que era magistrado & época dos fatos. A Comisstio Parlamentar de Inquérito poderd estender o ambito de sua apuragdo a fatos ilicitos ou irregulares que, no curso do procedimento investigatério, se revelarem conexos & causa determinante da criagdo da comissdo. Precedentes. E jurisprudéncia pacifica desta Corte assegurar-se a0 convocado para depor perante CPI o privilégio contra a auto-incriminagdo, o direito ao siléncio e a ‘comunicar-se com o seu advogado, Precedentes. Ordem parcialmente concedida. 2° QUESTAO: Responda, fundamentadamente, em no maximo 15 (quinze) linhas, se, obtido o niimero de assinaturas necessérias para a abertura de uma CPI no Senado Federal, um Partido politico que tenha a maioria dos assentos previstos na Casa pode, mediante deliberago do Plendrio aprovada pela sua ampla maioria, frustrar a abertura da Comissio. DIREITO CONSTITUCIONAL - CPOI - 05 - CPV - 2° PERIODO 2017 30/08/2017 - Pagina | de 8 ESCOLA DA MAGISTRATURA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO RESPOSTA: MS 24849/DF, Relator(a): Min. CELSO DE MELLO COMISSAO PARLAMENTAR DE INQUERITO - DIREITO DE OPOSICAO - PRERROGATIVA DAS MINORIAS PARLAMENTARES - EXPRESSAO DO POSTULADO DEMOCRATICO - DIREITO IMPREGNADO DE ESTATURA CONSTITUCIONAL - INSTAURAGAO DE INQUERITO PARLAMENTAR E COMPOSICAO DA RESPECTIV A CPI - TEMA QUE EXTRAVASA OS LIMITES "INTERNA CORPORIS" DAS CASAS LEGISLATIVAS - VIABILIDADE DO CONTROLE JURISDICIONAL - IMPOSSIBILIDADE DE A MAIORIA PARLAMENTAR FRUSTRAR, NO AMBITO DO CONGRESSO NACIONAL, O EXERCICIO, PELAS MINORIAS LEGISLATIVAS, DO DIREITO CONSTITUCIONAL A INVESTIGACAO PARLAMENTAR (CF, ART. 58, § 3°) - MANDADO DE SEGURANCA CONCEDIDO. CRIACAO DE COMISSAO PARLAMENTAR DE INQUERITO: REQUISITOS CONSTITUCIONAIS. - O Parlamento recebeu dos cidadios, nao s6 0 poder de representagao politica e a competéncia para legislar, mas, também, 0 mandato para fiscalizar os érgdos e agentes do Estado, respeitados, nesse processo de fiscalizagio, os limites materiais e as exigéncias formais estabelecidas pela Constituigio Federal. - O direito de investigar - que a Constituigdo da Repiiblica atribuiu ao Congresso Nacional ¢ 4s Casas que o compéem (art. 58, § 3°)- tem, no inquérito parlamentar, o instrumento mais expressivo de concretizagao desse relevantissimo encargo constitucional, que traduz atribuigao inerente A propria esséncia da instituigdo parlamentar. - A instauragdo do inquérito parlamentar, para viabilizar-se no Ambito das Casas legislativas, esté vinculada, unicamente, a satisfagio de trés (03) exigéncias definidas, de modo taxativo, no texto da Carta Politica: (1) subscrigo do requerimento de constituigtio da CPI por, no minimo, 1/3 dos membros da Casa legislativa, (2) indicagio de fato determinado a ser objeto de apuragao e (3) temporariedade da comissao parlamentar de inquérito, - Preenchidos os requisitos constitucionais (CF, art. 58, § 3°), impde-se a criagtio da Comissio Parlamentar de Inquérito, que nao depende, por isso mesmo, da vontade aquiescente da maioria legislativa. Atendidas tais exigéncias (CF, art. 58, § 3°), cumpre, ao Presidente da Casa legislativa, adotar os procedimentos subseqilentes e necessérios & efetiva instalago da CPI, nao Ihe cabendo qualquer apreciago de mérito sobre o objeto da investigago parlamentar, que se revela possivel, dado o seu carter auténomo (RTJ 177/229 - RTJ 180/191-193), ainda que ja instaurados, em torno dos mesmos fatos, inquéritos policiais ou processos judiciais. O ESTATUTO CONSTITUCIONAL DAS MINORIAS PARLAMENTARES: A PARTICIPACAO ATIVA, NO CONGRESSO. NACIONAL, DOS GRUPOS MINORITARIOS, A QUEM ASSISTE O DIREITO DE FISCALIZAR O EXERCICIO DO PODER. - A prerrogativa institucional de investigar, deferida ao Parlamento (especialmente aos grupos minoritarios que atuam no Ambito dos corpos legislativos), nao pode ser comprometida pelo bloco majoritario existente no Congresso Nacional ¢ que, por efeito de sua intencional recusa em indicar membros para determinada comissio de inquérito parlamentar (ainda que fundada em razées de estrita conveniéneia politico-partidaria), culmine por frustrar e nulificar, de modo inaceitavel e arbitrério, o exercicio, pelo Legislativo (e pelas m DIREITO CONSTITUCIONAL - CPO1 - 05 - CPV - 2° PERIODO 2017 30/08/2017 - Pagina 2 de 8 ESCOLA DA MAGISTRATURA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO inorias que o integram), do poder constitucional de fiscalizagao e de investigagdio do comportamento dos Srgdos, agentes ¢ instituigdes do Estado, notadamente daqueles que se estruturam na esfera orgdnica do Poder Executivo. - Existe, no sistema politico-juridico brasileiro, um verdadeiro estatuto constitucional das minorias parlamentares, cujas prerrogativas - notadamente aquelas pertinentes ao direito de investigar - devem ser preservadas pelo Poder Judicidrio, a quem incumbe proclamar o alto significado que assume, para o regime democratico, a essencialidade da protecdo jurisdicional a ser dispensada ao direito de oposigdo, analisado na perspectiva da pritica republicana das instituigdes parlamentares. - A norma inscrita no art. 58, § 3°, da Constituigao da Republica destina-se a ensejar a participagao ativa das minorias parlamentares no processo de investigagao legislativa, sem que, para tanto, mostre-se necesséria a concordancia das agremiagdes que compéem a maioria parlamentar. A CONCEPCAO DEMOCRATICA DO ESTADO DE DIREITO REFLETE UMA REALIDADE DENSA DE SIGNIFICAGAO E PLENA DE POTENCIALIDADE CONCRETIZADORA DOS DIREITOS E DAS LIBERDADES PUBLICAS. - O Estado de Direito, concebido e estruturado em bases democriticas, mais do que simples figura conceitual ou mera proposi¢ao doutrinaria, reflete, em nosso sistema juridico, uma realidade constitucional densa de significagao e plena de potencialidade concretizadora dos direitos e das liberdades piblicas. - A op¢do do legislador constituinte pela concepgaio democratica do Estado de Direito ndo pode esgotar-se numa simples proclamagao retérica. A opgio pelo Estado democritico de direito, por isso mesmo, hé de ter conseqiléncias efetivas no plano de nossa organizagdio politica, na esfera das relagGes institucionais entre os poderes da Republica e no ambito da formulago de uma teoria das liberdades piblicas e do proprio regime democritico. Em uma palavra: ninguém se sobrepde, nem mesmo os grupos majoritérios, aos principios superiores consagrados pela Constituigdio da Repiiblica. - 0 direito de oposicao, especialmente aquele reconhecido as minorias legislativas, para que niio se transforme numa promessa constitucional inconseqiiente, ha de ser aparelhado com instrumentos de atuagao que viabilizem a sua pratica efetiva e concreta. - A maioria legislativa, mediante deliberada inéreia de seus lideres na indicagdo de membros para compor determinada Comissao Parlamentar de Inquérito, nao pode frustrar o exercicio, pelos grupos minoritarios que atuam no Congresso Nacional, do direito pablico subjetivo que Ihes é assegurado pelo art. 58, § 3°, da Constituigdo e que Ihes confere a prerrogativa de ver efetivamente instaurada a investigagdo parlamentar em tomo de fato determinado e por periodo certo. O CONTROLE JURISDICIONAL DOS ATOS PARLAMENTARES: POSSIBILIDADE, DESDE QUE HAJA ALEGACAO DE DESRESPEITO A DIREITOS E/OU GARANTIAS DE INDOLE CONSTITUCIONAL. - O Poder Judicidrio, quando intervém para assegurar as franquias constitucionais e para garantir a integridade e a supremacia da Constituigdo, desempenha, de maneira plenamente legitima, as atribuigdes que the conferiu a propria Carta DIREITO CONSTITUCIONAL - CP01 - 05 - CPV - 2° PERIODO 2017 30/08/2017 - Pagina 3 de 8 ESCOLA DA MAGISTRATURA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO daRepablica, ainda que essa atuagao institucional se projete na esfera orgiinica do Poder Legislativo. - Nao obstante o carater politico dos atos parlamentares, revela-se legitima a intervengdo jurisdicional, sempre que os corpos legislativos ultrapassem os limites delineados pela Constituigdo ou exergam as suas atribuigdes institucionais com ofensa a direitos piblicos subjetivos impregnados de qualificagio constitucional e titularizados, ou néo, por membros do Congreso Nacional. Questées politicas. Doutrina. Precedentes. - A ocorréncia de desvios juridico-constitucionais nos quais incida uma Comissao Parlamentar de Inquérito justifica, plenamente, o exercicio, pelo Judiciario, da atividade de controle jurisdicional sobre eventuais abusos legislativos (RTJ 173/805-810, 806), sem que isso caracterize situagio de ilegitima interferéncia na esfera orgénica de outro Poder da Repiiblica. LEGITIMIDADE PASSIVA "AD CAUSAM" DO PRESIDENTE DO SENADO FEDERAL - AUTORIDADE DOTADA DE PODERES PARA VIABILIZAR A COMPOSICAO DAS COMISSOES PARLAMENTARES DE INQUERITO. - 0 mandado de seguranga ha de ser impetrado em face de érgio ou agente piblico investido de competéncia para praticar 0 ato cuja implementagdo se busca. - Incumbe, em conseqiiéncia, no aos Lideres partidarios, mas, sim, a0 Presidente da Casa Legislativa (0 Senado Federal, no caso), em sua condigao de érgio dirigente da respectiva Mesa, 0 poder de viabilizar a composi¢do e a organizagaio das comissdes parlamentares de inquérito 3° QUESTAO: ‘A Mesa Diretora da Assembleia Legislativa impetra mandado de seguranga no Supremo Tribunal Federal contra ato do Chefe da Superintendéncia Regional da Receita Federal que, com base no dever do sigilo fiscal, negara pedido de transferéncia de dados fiscais relativos aos principais investigados em Comissao Parlamentar de Inquérito criada pela autora, destinada a apurar a ago de milicias no Estado. Em suas informagdes, a autoridade apontada como coatora, defende seu ato e alega: incompeténcia do érgao jurisdicional; falta de atribuigdo da CPI para quebrar sigilo bancario; violagdo do art. 58 § 3° da CRFB88, jé que cabe apenas ds CPI's do Congresso Federal quebrarem os sigilos de responsabilidade da Receita Federal; falta de pertinéncia entre 0 objeto da investigagao de interesse do Estado federado e a requisigao de informagies coligidas por érgao federal; protecao de direitos ¢ garantias individuais. Responda, fundamentadamente, como deve ser julgado o pedido. DIREITO CONSTITUCIONAL - CPO1 - 05 - CPV - 2° PERIODO 2017 30/08/2017 - Pagina 4 de 8 ESCOLA DA MAGISTRATURA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO RESPOSTA: O processo perdeu o objeto, conforme ementa abaixo, mas seguem os argumentos do relator, que servem de base para responder a questo ACO 1271 / RJ - RIO DE JANEIRO ACAO CiVEL ORIGINARIA. Relator(a): Min. JOAQUIM BARBOSA Julgamento: 12/02/2014 Orgao Julgador: Tribunal Pleno Publicado . ACORDAO ELETRONICO DJe-213 DIVULG 29-10-2014 PUBLIC 30-10-2014 Parte(s) . AUTOR(A/S)(ES) : ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO ADV.(A/S) : RODRIGO LOPES LOURENCO REU(E)(S) : CHEFE DA SUPERINTENDENCIA REGIONAL DA RECEITA FEDERAL NA 7* REGIAO FISCAL Ementa : a Ementa: INFORMACOES PROTEGIDAS POR SIGILO FISCAL. TRANSFERENCIA. COMISSAO PARLAMENTAR DE INQUERITO INSTALADA POR ASSEMBLEIA __ LEGISLATIVA DE ESTADO-MEMBRO OU PELO DISTRITO FEDERAL. APLICAGAO DO PRINCIPIO DA SIMETRIA. TERMINO DOS TRABALHOS DA CPI QUE SOLICITOU AS INFORMAGOES. FALTA DE UTILIDADE DO PROVIMENTO. PERDA SUPERVENIENTE DO OBJETO. PREJUIZO, Em virtude do término dos trabalhos da Comissio Parlamentar de Inquérito da qual partiu o pedido de informagées, indeferido pela Secretaria da Receita Federal do Brasil, perde supervenientemente o objeto a acdo civel originaria destinada a assegurar o direito liquido e certo de 6s parlamentares dos Estados e do Distrito Federal receberem informagdes protegidas pelo sigilo fiscal, coletadas ou custodiadas pela Unido. Aco Civel Originaria cujo pedido se julga prejudicado. CPI Estadual e Quebra de Sigilo Fiscal - 1 Tribunal iniciou julgamento de ago civel origindria, processada segundo 0 rito do mandado de seguranga, ajuizada pela Assembléia Legistativa do Estado do Rio de Janeiro - LAERJ contra ato do ‘Chefe da Superintendéncia Regional da Receita Federal na 7* Regiao Fiscal que, com base no dever do sigilo fiscal, negara pedido de transferéncia de dados fiscais relativos aos principais investigados em Comissao Parlamentar de Inguérito - CPI, criada pela autora, destinada a apurar a aco de milicias no referido Estado-membro. Preliminarmente, o Min. Joaquim Barbosa, relator, firmou a competéncia do Supremo para conhecer do pedido, haja vista que a divergéncia acerca dos limites da competéncia de entes federados, perante érgtios de outros entes federados, poderia caracterizar 0 conffito federativo. Asseverou, no ponto, que a matéria discutida nos autos - poderes de CPI estadual e dever de prestagio de informagées custodiadas por érgo ou entidade da Unido - tomaria por parametro elementos essenciais ao modelo de pacto federativo adotado pela Constituigdo. ACO 1271/RJ, rel. ‘Min. Joaquim Barbosa, 11.3.2010. (ACO-1271) CPI Estadual e Quebra de Sigilo Fiscal - 2 Quanto ao mérito, o Min. Joaquim Barbosa, relator, ao conhecer da aio como mandado de seguranga, concedeu a ordem, reportando-se aorientagdo f DIREITO CONSTITUCIONAL - CPOI - 05 - CPV - 2° PERIODO 2017 30/08/2017 - Pagina 5 de 8 ESCOLA DA MAGISTRATURA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO xada pelo Supremo no julgamento da ACO 730/RJ (DJU de 1°.10.2004). Frisou determinados pontos a fim de reafirmar e reforgar o papel conferido aos Poderes Legislativos dos entes federados no modelo adotado pela Constituigdo. Observou serem dois os argumentos levantados para conformar a competéncia das CPls ndo-federais: 1) a auséncia de previsio expressa da aptidao para requerer informagées protegidas pelo sigilo fiscal e 2) 0 temor de que a dita extensio da competéncia poderia trazer risco & garantia individual do sigilo, algada como direito fundamental. Asseverou que, em sua esséncia, a postulago do Estado-membro diz respeito ao modelo de pacto federativo adotado na CF/88 e & garantia de instrumentos ao Poder Legislativo para exercer sua fungio precipua ¢ histérica consolidada no curso da evolugdo da democracia, qual seja, a fiscalizagao do exercicio do Poder. Explicou, no ponto, que o Poder Legislativo nao esta limitado, pela Constituigdo, a fungio de criar normas gerais ¢ abstratas, a ele competindo, também, autorizar despesas e receitas do Estado, fiscalizar a atividade de outras entidades do Poder Puiblico em campos previamente estabelecidos, como as contas prestadas pelo Presidente da Repiiblica, e apreciar os relat6rios sobre a execugdo dos planos de governo e os atos do Poder Executivo, incluidos os da Administracdo Indireta (CF, art. 48, Il, IX ¢ X). Acrescentou que mais do que a superada distingdo entre as fungdes do Estado de acordo com a abrangéncia normativa da respectiva atividade (gerais e abstratas ou individuais e concretas), se evidenciaria a diferenciagao funcional em termos de mecanismos de controle reciproco da atividade estatal. ACO 1271/RJ, rel. Min. Joaquim Barbosa, 11.3.2010, (ACO-1271) CPI Estadual e Quebra de Sigilo Fiscal - 3 O relator assinalou que, numa federago, a outorga de competéncia no campo da fiscalizagao aos entes federados que no compdem a Unido seria insita ao tipo de equilibrio do pacto federativo que se tem por emanado da Constituig&o, Registrou que, mesmo em uma federagao tendente & concentragiio, como é 0 caso da brasileira, seria imprescindivel assegurar acervo minimo de instrumentos para que cada um dos Poderes, no dmbito do respectivo ente federado e nos limites legais, pudesse exercer com plenitude seu dever de restringir a atividade inadequada, ilegal, inconstitucional que porventura fosse praticada por representante de outro Poder. Considerou que o fato de o art. 58, § 3°, da CF se referir literalmente & CAmara dos Deputados e ao Senado Federal nao restringiria, por si s6, 0 alcance do dispositivo as entidades federais. Afirmou que, por uma questo de simetria, as aptiddes essenciais ao exercicio da fungo de controle pelo Legislativo da Unido deveriam ser adaptadas a realidade dos Estados-membros e do Distrito Federal, respeitados sempre os mbitos de atuagao de cada um, salientando que, salvo ‘momentos pontuais de instabilidade institucional, a Unido ndo poderia substituir o Estado-membro na representago da vontade de seus cidadios e no exercicio da competéncia que a Constituigao Ihes assegura.Enfatizou que os Estados-membros DIREITO CONSTITUCIONAL - CPOI - 05 - CPV - 2° PERIODO 2017 30/08/2017 - Pagina 6 de 8 ESCOLA DA MAGISTRATURA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO ¢ 0 Distrito Federal estariam representados politicamente na formagdo da vontade nacional, de modo que nao se poderia cogitar de qualquer hierarquia entre os entes federados. Citou, ainda, disposicao da Constituigtio do Estado do Rio de Janeiro acerca dos poderes de investigagio de comissao parlamentar de inquérito ("Art. 109 - A Assembléia Legislativa terd comissdes permanentes ¢ tempordrias, constituidas na forma e com as atribuigdes previstas nos respectivos Regimento ou ato legislativo de sua criagdo. 3°- As comissoes parlamentares de inquérito, que terdo poderes de investigagao préprios das autoridades judiciais, além de outros previstos no Regimento Interno da Casa, serdo criadas a requerimento de um terco dos membros da Assembléia Legislativa, para apuragao de fato determinado ¢ or prazo certo, sendo suas conclusdes, se for 0 caso, encaminhadas ao Ministério Piiblico, para que promova a responsabilidade civil ou criminal dos infratores."). ACO 127\/RJ, rel. Min. Joaquim Barbosa, 11.3.2010. (ACO-1271) CPI Estadual e Quebra de Sigilo Fiscal - 4 Quanto & questo sobre a pertinéncia entre o objeto da investigagao de interesse do Estado federado e a requisigdo de informagdes coligidas por érgao federal, bem como do temor de que a divulgagao de tais informagées, sem a intermediagao judicial, violasse garantia individual, o Min. Joaquim Barbosa assentou que as informages protegidas pelo sigilo fiscal seriam colhidas com as chamadas obrigagbes acessorias, (deveres instrumentais), que registrariam dados da atividade dos sujeitos passivos relevantes & apuragiio de tributos devidos, constituindo, também, resultado da atividade de fiscalizagfio do préprio Estado, que, ‘com meios proprios, levantaria direta e indiretamente fatos sobre a vida dos contribuintes. Expds que a protego destas informagGes atenderia a duas finalidades: uma voltada & esfera privada, e outra, a esfera publica. Na esfera privada, as informagées seriam reservadas para impedir que outras pessoas tivessem acesso a dados que permitissem, direta ou indiretamente, revelar detalhes sobre o patriménio ¢ as atividades desempenhadas pelo sujeito passivo, Dentre as raz6es para isso apontou a protegao & privacidade e a intimidade. Consignou que, j4 no campo piiblico, nao haveria cléusula geral e absoluta de protegao da intimidade oponivel ao Estado-arrecadador, de modo a legitimar a ocultagdo de bens e ‘operagdes como instrumento para aevasio fiscal. A DIREITO CONSTITUCIONAL - CPO! - 05 - CPV - 2° PERIODO 2017 30/08/2017 - Pagina 7 de 8 ESCOLA DA MAGISTRATURA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO Testricdo se justificaria em termos funcionais, ou seja, se servissem as informagdes para auxiliar 0 Fisco a constituir e cobrar créditos tributdrios, somente os agentes piiblicos destacados para tal atividade especifica & que deveriam ter acesso aos dados. Nesse sentido, a restrigao ajudaria a ‘Administragao a lidar melhor com os riscos de vazamento indevido de informagdes, bem como reduziria o risco de utilizagao geral indevida dos dados. ACO 1271/RJ, rel, Min, Joaquim Barbosa, 11.3.2010, (ACO-1271) CPI Estadual e Quebra de Sigilo Fiscal - § O relator lembrou que o Cédigo Tributario Nacional permite a troca de informagdes fiscais entre entes federados, nos termos de leis ou convénios (Lei 5.172/66, art. 199), asseverando que, mantida a pertinéncia entre os dados e a finalidade (fiscalizar, constituir e cobrar créditos tributarios), no haveria que se falar propriamente em sigilo intransponivel. Apds anotar que os dados fiscais também podem ser importantes & elucidacdo de priticas delituosas que constituam crimes ou ilicitos administrativos, por se referirem ao estado financeiro e econémico das pessoas, concluiu nao haver Sbice incontornavel a utilizagdo das informagdes inicialmente destinadas 4 apuragio do tributo também para as finalidades de fiscalizago do Estado em outras dreas, como a fiscal ea administrativa, Para o relator, assim como haveria dever de colaborago na rea tributéria, também o haveria nas esferas penal e administrativa, sendo que a informagao colhida pelo Fisco federal poderia, legitimamente, ser de interesse do Fisco ou dos Estados federados para elucidar desvios penais ou administrativos que dissessem respeito especificamente ao interesse local. Comentou que, de outro modo, haveria monopélio investigativo do Legislativo federal incompativel com a convivéncia harménica juntamente com outros entes federados. Em divergéncia, o Min, Eros Grau denegou a ordem, afirmando os direitos e garantias individuais como regra, e ndo como excego. Ao confirmar posicionamento externado no julgamento da mencionada ACO 730/RJ, realgou ser fungao do Supremo defender os direitos e garantias individuais, e que nao seria necessario que cada um fosse ao Poder Judicidrio para exigir afirmagdo deles. Ressaltou que, se houvesse a necessidade da quebra de sigilo, a CPI local deveria recorrer ao Judicidrio, o qual s6 excepcionalmente haveria de admiti-ta, Apés, pediu vista dos autos 0 Min, Dias Toffoli. ACO 1271/RJ, rel. Min. Joaquim Barbosa 113.2010, (ACO-1271) DIREITO CONSTITUCIONAL - CP01 - 05 - CPV - 2° PERIODO 2017 30/08/2017 - Pagina 8 de 8 ESCOLA DA MAGISTRATURA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO Turma: CPV B 22017 Disciplina/Matéria: DIREITO CONSTITUCIONAL ORGANIZAGAO DO PODER ‘Sessao: 06 - Dia 05/09/2017 - 10:10 as 12:00 Professor: CLAUDIO BRANDAO DE OLIVEIRA. 06 T a O Processo Legislativo. As diversas etapas que compdem o rito parlamentar. Controle judicial do processo legislativo. Processo legislativo no Estado e no Municipio. 1° QUESTAO: projeto de lei complementar SGK, apresentado originariamente na Camara dos Deputados, foi aprovado na integra com o quorum de maioria absoluta, O Senado Federal apresentou uma emenda substitutiva e uma emenda aditiva, em dois artigos, aprovando o projeto com 0 quorum exigido. O referido projeto de lei voltou para a Camara dos Deputados, que alterou novamente 0 projeto de lei naqueles pontos. O projeto de lei voltou ao Senado Federal, que manteve as alteragdes e enviou para 0 Presidente da Repiiblica. Entendendo, neste momento, que o projeto de lei complementar SGK teve seu tramite legislativo violado, um parlamentar, com assento no Congreso Nacional, impetrou mandado de seguranea no STF, invocando inconstitucionalidade formal. Pergunta-se: a) o mencionado projeto de lei complementar esta de acordo com o sistema legislativo previsto na Constituigao da Republica? b) o mandado de seguranga impetrado foi o instrumento juridico correto e, em caso positivo, tal ordem deve ser concedida? Analise as questdes, avaliando o processo constitucional legislativo a possibilidade de controle preventivo das leis pelo direito brasileiro, RESPOSTA: a) ndo, pois a Cémara ndo poderia apresentar novas substituigdes, no retomo do projeto, tampouco poderia voltar ao Senado Federal, ja que tal expediente somente ocorre com os projetos de emendas a constituigao. b) A jurisprudéncia recente do STF permite o controle de constitucionalidade preventivo judicial ainda que no curso do processo legislative por meio do mandado de seguranga. 2 QUESTAO: Foi proposta ago de representagiio por inconstitucionalidade, com pedido de suspensio cautelar, cujos objetos de exame eram os artigos 2° e 8° da Medida Proviséria n° 120/03, editada pelo Prefeito do Municipio de Santo Anténio. O artigo 2° dispde sobre a criacdo de 94 cargos piiblicos de médico, dentista, agentes sanitarios, garis outros, todos por necessidade e urgéncia. O artigo 8° contém norma sobre a revisao geral dos vencimentos dos servidores civis da Administragio Publica Municipal. O artigo 56 da Lei Organica daquele Municipio permite ao Prefeito baixar medida provisoria, com forga de lei, em caso de calamidade publica, para a abertura de crédito extraordinai No curso da agdo de representagdo por inconstitucionalidade, a Medida Proviséria foi aprovada na integra e convertida na Lei n° 290/03. Indaga-se: a) Pode o Prefeito editar medida provisoria? b) E possivel 0 controle abstrato de constitucionalidade de medida provisoria? c) Quem pode ser o legitimado ativo para a propositura da representagdo por inconstitucionalidade? 4) Prejudica o exame material, em sede de controle abstrato de constitucionalidade, a intercorrente conversio, sem alteragées, de medida provisoria em lei? Repostas fundamentadas. DIREITO CONSTITUCIONAL - CP01 - 05 - CPV - 2° PERIODO 2017 30/08/2017 - Pagina | de 9 ESCOLA DA MAGISTRATURA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO RESPOSTA: RESPOST, 1) Informativo 436 do STF: Medida Provisdria e Adogao pelos Estados-Membros - 2 Em conclusdo de julgamento, o Tribunal, por maioria, julgou improcedente pedido formulado em aio direta ajuizada pelo Partido dos Trabalhadores - PT na qual se objetivava a declaragio da inconstitucionalidade do art, 51 da Constituigao do Estado de Santa Catarina ("Art. 51 - Em caso de relevancia e urgéncia, o Governador do Estado poderd adotar medidas provisérias, com forga de lei, devendo submeté-las de imediato a Assembléia Legislativa, que, estando em recesso, serd convocada extraordinariamente no prazo de cinco dias.") - v. Informativos 316 e 433. ADI 2391/SC, rel. Min. Ellen Gracie, 16.8.2006. (ADI-2391) Medida Proviséria e Adogdo pelos Estados-Membros - 3 Adotou-se a orientagaio fixada pela Corte no julgamento da ADI 425/TO (DJU de 19.2.2003), no sentido da constitucionalidade da adogdo de medida proviséria pelos Estados-membros, desde que esse instrumento esteja expressamente previsto na Constituigdo Estadual e que sejam observados os principios ¢ as limitagdes estabelecidos pela Constituigéo Federal. Asseverou-se, ainda, que a Constituigdo Federal, apesar de nao ter expressamente autorizado os Estados-membros a adotarem medidas provisorias, bem indicou essa possibilidade ao prever, no § 2° do seu art. 25, a competéncia de referidos entes federativos para explorar diretamente, ou por concessio, os servigos locas de gas canalizado, porquanto vedou, nesse dispositivo, a edigao de medida proviséria para sua regulamentago. Ou seja: seria incoerente dirigir essa restrigdo ao Presidente da Repiiblica em dispositivo que trata somente de atividade exclusiva de outros participes da Federagdo que nao a Unido, ou ainda, impor uma proibigao especifica quanto A utilizagdo pelos Estados-membros de instrumento legislativo cuja instituigao Ihes fosse vedada. Vencido o Min. Carlos Britto que julgava procedente o pedido, por considerar que a medida proviséria consiste em medida excepcional restritiva de um principio sensivel que, por isso, deve ser interpretada restritivamente, nao se estendendo ao processo legislativo nem dos Estados-membros nem dos Municfpios, sendo por meio de expressa previstio constitucional, sob pena de ofensa ao prinefpio da separago dos poderes. ADI 2391/SC, rel. Min. Ellen Gracie, 16.8.2006, STF. 2) Informativo 437 do STF: TRANSCRICOES Com a finalidade de proporcionar aos leitores do INFORMATIVO STF uma compreensao mais aprofundada do pensamento do Tribunal, divulgamos neste espago trechos de decisdes que tenham despertado ou possam despertar de modo especial o interesse da comunidade juridica. Medida Proviséria e Adocdo pelos Estados-Membros (Transcrigdes) (v. Informativo 436) ADI 2391/SC* RELATORA: MIN. ELLEN GRACIE RELATORIO: Trata-se de agdo direta de inconstitucionalidade ajuizada pelo Partido dos Trabalhadores tendo como objeto o art. 51 e pardgrafos da Constituicdo do Estado de Santa Catarina, promulgada em 5.10.89. Este ¢ 0 teor da norma impugnada: (fl. 51) "Art. 51 - Em caso de relevancia e urgéncia, o Governador do Estado poder adotar medidas provisorias, com forga de lei, devendo submeté-las de imediatoa A DIREITO CONSTITUCIONAL - CP01 - 05 - CPV - 2° PERIODO 2017 30/08/2017 - Pagina 2 de 9 ESCOLA DA MAGISTRATURA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO ssembléia Legislativa, que, estandoem recesso, sera convocada extraordinariamente no prazo de cinco dias, § 1° - As medidas provisérias perderio eficacia, desde a edigdo, se ndo forem convertidas em lei no prazo de trinta dias a partir de sua publicago, devendo a Assembléia Legislativa disciplinar as relagdes juridicas delas decorrentes. § 2° E vedada a edigdo de medida proviséria sobre matéria que ndo possa ser objeto de lei delegada. § 3°- E vedada a reedicdo, na mesma sesso legislativa, de medida proviséria ndo deliberada ou rejeitada pela Assembléia Legislativa." O requerente alega ofensa aos arts. 62 ¢ 84, XXVI da Constituigdo Federal, sustentando terem estes dispositivos conferido o poder de editar medidas provisérias unicamente ao Presidente da Repiiblica, por serem um instrumento de excegio ao principio da separacdo de poderes, de interpretagao restritiva, nunca ampliativa. Afirma, deste modo, que as medidas provisérias ndo podem ser adotadas por Estados ¢ Municipios. Assevera que "ao excetuar 0 principio segundo o qual legistar compete ao Poder Legislativo, reservando exclusivamente ao Presidente da Repiiblica a competéncia para editar Medida Proviséria, teve 0 legislador a ébvia intengdo de resguardar a independéncia, a harmonia ¢ a organizago dos Poderes constituidos.” Requer, liminarmente, a suspenstio da vigéncia do ato normativo em exame, além da declaragdo de inconstitucionalidade do mesmo. ‘A Assembléia Legislativa do Estado de Santa Catarina prestou informag6es (fls. 154/160), ressaltando a competéncia do Estado-membro para inserir na sua Constituigdio matéria de processo legislativo simétrico a0 modelo federal, desde que respeitados os principios da Carta Magna, conforme prevé o art. 25 deste iiltimo Diploma. Afirma, ainda, ndo ter a Constituigdo Federal proibido, de forma explicita ou implicita, a adogao de medidas provisérias pelos Estados e que a sua utilizagio naquelas unidades federadas seria mero desdobramento do principio federativo. Oentio Advogado-Geral da Unio, Prof. Gilmar Ferreira Mendes, em sua manifestagao de fls. 167/179, asseverou, inicialmente, que o modelo de divisio de poderes a ser considerado na presente agao ¢ 0 adotado pelo sistema constitucional brasileiro, e nao 0 proveniente de alguma concepgao indeterminada ou abstrata de separagio de poderes que desconsidere a existéncia de um mecanismo de interpenetragdo € harmonia entre os mesmos. ‘Argumenta que as normas do processo legislativo federal so impostas aos Estados-membros ainda que a Constituigdio Federal faga referéncia apenas as atribuigdes do Presidente da Reptiblica ou as limitagoes enderegadas ao Congresso Nacional. Alega ser este o entendimento da jurisprudéncia do Supremo Tribunal Federal e que "se o prinefpio da separagao de poderes, conformado na Constituigdo Federal, contempla a possibilidade de o Presidente da Republica editar medidas provisbrias, nada impede que os Estados-membros adotem a edigao de tal instrumento pelo Chefe do Poder Executivo estadual, inexistindo razo para opor-se & ilegitimidade da normaimpugnada." Apos DIREITO CONSTITUCIONAL - CPO1 - 05 - CPV - 2° PERIODO 2017 30/08/2017 - Pagina 4 de 9 ESCOLA DA MAGISTRATURA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO citar argumentos de doutrina em sentidocontrario a pretensdo do requerente, aponta o Advogado-Geral da Unio precedente especifico sobre o tema em questio (ADI 812-MC, Rel. Min. Moreira Alves), no qual esta Corte afastou a plausibilidade juridica da argiligiio de inconstitucionalidade na adogo da medida proviséria no plano estadual. Coneluiu, assim, nao se vislumbrarem razdes para o deferimento definitivo dos pedidos formulados. Em parecer da lavra do Procurador-Geral da Repiiblica, prof, Geraldo Brindeiro (fls. 181/184), opinou o Ministério Piblico Federal que se observados os principios constitucionais extensiveis ¢ estabelecidos as limitagdes que cercam a medida proviséria, ndo ha que se falar na impossibilidade da Constituigao Estadual em prever tal espécie normativa como passivel de edigio pelo Governador. Eo relatério, do qual cépias deverdo ser distribuidas aos Senhores Ministros. VOTO: Considerando a densidade das informagdes prestadas bem como das manifestagdes elaboradas pela Advocacia Geral da Unido e pela Procuradoria-Geral da Repiiblica, e dada a relevancia da matériae 0 seu significado para a ordem social e a seguranga juridica, submeto a presente agdo direta a este Plenério para seu julgamento definitivo, nos termos do art. 12 da Lei n® 9.868/99. 2.- Preliminarmente, analiso a questo referente & alteragdo superveniente do art. 62 da Carta Magna, levada a cabo com a promulgagao da Emenda Constitucional n° 32, de 11.09.2001. O referido dispositivo constitucional - que concede ao Presidente da Republica o poder de editar medidas provisorias com forga de lei - é, no presente caso, o parametro para a afericao da alegacao de inconstitucionalidade da norma hostilizada. Entretanto, ajuizada a ago em 18.01.2001, passou o art. 62 da CF, no final daquele mesmo ano, por uma profunda reformulagao pela atuagao do legistador constituinte derivado, que restringiu o dmbito das matérias trataveis por medida proviséria, impds um riimero limitado de reedigdes possiveis, estipulou um mecanismo de urgéncia ¢ preferéncia para a tramitagéo, no Congreso Nacional, das medidas provisérias publicadas hd mais de 45 dias, dentre outras mudangas. Assim, nao obstante a permanéncia, apés 0 advento da EC n° 32/01, do comando que confere ao Chefe do Executivo Federal o poder de adotar medidas provisorias com forga de lei, torna-se impossivel o cotejo do referido dispositivo da Carta catarinense com o teor da nova redagao do art. 62 da CF, Conforme assentou a firme jurisprudéncia desta Corte, ajuizada a ago direta para o resguardo das regras constitucionais que se encontravam em plena vigéncia, a incompatibilidade da norma impugnada com 0 texto superveniente da Lei Fundamental, substancialmente alterado, se resolve no campo da revogagio, nao desafiando, assim, o controle abstrato (ADIs 1.674, Sydney Sanches, DJ 28.05.99, 2.475, Mauricio Corréa, DJ 02.08.2002 e 512, Marco Aurélio, DJ 18.06.2001). No mesmo sentido, asseverou meu ilustre antecessor, Ministro Octavio Gallotti que "ndo comportando contemplagao apenas parcial a avaliaglo da constitucionalidade dos dispositivos impugnados na acao, € nao sendopossivel completar-lhe 0 DIREITO CONSTITUCIONAL - CPO1 - 05 - CPV - 2° PERIODO 2017 30/08/2017 - Pagina 5 de 9 ESCOLA DA MAGISTRATURA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO ‘exame mediante 0 confronto com normaconstitucional, ulterior a sua edig2o, nao se torna vidvel conhecer do pedido" (ADI 1.907, DJ 26.03.99). Em outro precedente, ressaltou a Corte que "é de julgar prejudicada a ago direta quando, de emenda superveniente & sua propositura, resultou inovagdo substancial da norma constitucional que - invocada ou no pelo requerente - compunha necessariamente o parimetro de afericdo da inconstitucionalidade do ato normativo questionado" (ADI 2.112, Sepiilveda Pertence, DJ 28.06.2002). Por este motivo, especificamente, mostra-se invidvel o exame isolado da alegagao de ofensa ao art. 84, XXVI da Carta, ja que a andlise do dispositivo estadual em questao passa, obrigatoriamente, pelo confronto deste com o art. 62 da Carta Maior. Anoto, outrossim, que esta Corte assentou a constitucionalidade da edigio de medida proviséria pelos Estados em questdo preliminar levantada no julgamento da ADI 425, Rel. Min. Mauricio Corréa, cujo ajuizamento também precedeu a promulgagdo da Emenda n° 32/01. Todavia, naquela ocasidio, os atos normativos impugnados eram medidas provisérias estaduais, e nfo norma de Constituigio estadual disciplinadora de requisitos, limites e demais formalidades necessdrias & edigdo da figura normativa em destaque, como sucede no presente caso. 3 - Por todo o exposto, ¢ em conformidade com a jurisprudéncia pacifica deste Supremo Tribunal, julgo prejudicada a presente agdo direta de inconstitucionalidade. RETIFICACAO DE VOTO. Sr. Presidente, pego licenga para me manifestar antes de V.Exa. retomar o julgamento para dizer que, formada a maioria pelo conhecimento parcial, curvo-me a cla ¢ também conhe¢o parcialmente apenas com relagio ao caput do art. $1 da Constituigao do Estado de Santa Catarina. VOTO: Na sessio realizada no dia 13.08.03, este Plenario, examinando questo preliminar por mim levantada, julgou parcialmente prejudicada a presente agdo direta em virtude da superveniente reformulagao do art. 62 da Constituigiio Federal, levada a efeito pela Emenda Constitucional 32, de 11.09.01, que alterou limites materiais, prazos e procedimentos relativos & edigo ¢ & conversio de medidas provisOrias em lei. No entendimento da douta maioria, ao qual me filiei apés sustentar posigao originalmente diversa, a argiiigdo referente ao caput da norma impugnada, o art. 51 da Constituigdo do Estado de Santa Catarina, é de ser conhecida por trazer em si, nuclearmente, a possibilidade de o Chefe do Poder Executivo estadual editar medida provisoria, circunstancia que, no ambito da Carta Federal, nao foi alterada pela EC 32/01. Assim, a prejudicialidade aleangou apenas os parigrafos 1°, 2° ¢ 3° do referido art. 51 da Constituigao catarinense, cujo descompasso com a norma constitucional superveniente deverd ser resolvido no campo da revogacao. 2. Retomando o julgamento, passo agora ao exame de mérito da presente ago, referente a possibilidade da adogio, na esfera estadual, do instituto da medida proviséria, Conforme noticiei no voto preliminar, esta Corte, na sesstio de 04.09.02, apreciou exaustivamente o tema ao julgar a ADI 425, rel. Min. Mauricio Corréa, que tinha como objeto quatro medidas provisorias editadas pelo Governadordo Estado do DIREITO CONSTITUCIONAL - CPO! - 05 - CPV - 2° PERIODO 2017 30/08/2017 - Pagina 6 de 9 ESCOLA DA MAGISTRATURA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO Tocantins. Naquela assentada, os votos proferidos peloseminentes Ministros Mauricio Corréa, relator, e Celso de Mello demonstraram existir divergéncia doutrindria quanto ao assunto, tendo sido registrado 0 posicionamento favoravel ou contrario ao reconhecimento da prerrogativa examinada por parte de diversos autores. Além disso, constatou-se que a Corte ja havia tangenciado esse tema, em sede de fiscalizagdo abstrata, ao afastar a prejudicialidade de ago direta de inconstitucionalidade que tinha como objeto medida proviséria também editada pelo Governador de Tocantins e posteriormente convertida em lei pela Casa legislativa local (ADI 691, rel. Min. Sepiilveda Pertence, DJ 19.06.92). Anotou-se, outrossim, que a propria norma da Constituicdo do Estado do Tocantins, que autoriza a adogio de medida proviséria naquela unidade federada, jé havia sido examinada, em sede cautelar, na ADI 812, DJ 14.05.93, de relatoria do eminente Ministro Moreira Alves, que, em seu voto, asseverou: "Nao havendo, na atual Constituigdo, a proibigdo de os Estados-membros adotarem a figura da medida proviséria, ao contrério do que sucedia com a do Decreto-lei em face da Emenda Constitucional n. 1/69 (art. 200, paragrafo tinico), e, pelo menos num exame superficial como € o requerido quando do julgamento de pedido de liminar, nao ocorrendo fortes indicios de que esse instituto atende a peculiaridades excepcionais do plano federal que impegam seja ele tido do modelo susceptivel de incluso no processo legislativo estadual, ndo se caracteriza, no caso, a relevancia juridica necessdria & concessao da medida excepcional que é a suspenséo proviséria da eficécia de norma juridica." Dessa forma, esta Corte reconheceu, no julgamento da referida ADI 425, por ampla maioria, a constitucionalidade da instituigo de medida proviséria estadual, desde que, primeiro, esse instrumento esteja expressamente previsto na Constituigdo do Estado e, segundo, sejam observados os principios e as limitagdes impostas pelo modelo adotado pela Constituigdo Federal. Do voto do eminente relator, Ministro Mauricio Corréa, destaco as seguintes conclusdes (DJ 19.12.03): "Sem consisténcia, portanto, a tese que nega aos Estados a faculdade de editar medida provisoria por ser obrigatéria a interpretagao restritiva do modelo federal, e por constituir excego ao principio da tripartigao dos Poderes, E que o § 1° do artigo 25 da Carta Federal reservou aos Estados 'as competéncias que no Ihes sejam vedadas por esta Constituigdo'. Quis o constituinte que as unidades federadas pudessem adotar ‘0 modelo do processo legislativo admitido para a Unido, uma vez que nada esta disposto, no ponto, que Ihes seja vedado. Ora, se a Constituigdo Federal foi silente em relago as espécies normativas que poderiam ser editadas pelos Estados, nao cabe colocar a questo em termos de interpretagdo restritiva ou ampliativa de preceito inexistente. Ademais, essa exegese s6 se aplica as limitagdes ao poder constituinte estadual, com exce¢o, é claro, das cléusulas pétreas, como observa JOSE AFONSO DA SILVA. () t tradigdo nesta Corte aplicar o principio da simetria ao procedimento legislativo nos Estados-membros, que também enfrentamsituagdes DIREITO CONSTITUCIONAL - CPOI - 05 - CPV - 2° PERIODO 2017 30/08/2017 - Pagina 7 de 9 ESCOLA DA MAGISTRATURA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO excepcionais a reclamar providéncias urgentes e relevantescapazes de sané-las, especialmente se considerarmos 0 fato de que varios deles possuem tamanho, populago e economia equipariveis a diversos paises do mundo. G.) Impende assinalar que so de observancia compulséria os dois requisitos - relevancia e urgéncia - impostos a Unido pelo artigo 62 da Constituigdo Federal. A respeito do processo legislativo anoto que esta Corte vem decidindo quanto a obrigatoriedade de os Estados-membros observarem as linhas basicas do modelo federal (ADIs 216-PB, Redator p/ 0 acérdao Celso de Mello, RTJ 146/388; 822- RS, Pertence, RTJ 150/482; 1181-2-TO, de que fui relator, DJ 18/06/97). Essa vinculagao deve ser seguida, inclusive, em relagao as modificagdes introduzidas pela EC 32/01, condigdo de validade do dispositivo estadual desde entdo." 3. Acrescento, ademais, que, se a Constituigdio Federal nfo autorizou explicitamente os Estados- membros a adotarem medidas provisérias, ofereceu forte e significativa indicag&o quanto a essa possibilidade, ao estabelecer, no capitulo referente a organizagao e 4 regéncia dos Estados, a competéncia desses entes da Federacao para "explorar diretamente, ou mediante concessi0, os servigos locais de gas canalizado, na forma da lei, vedada a edi¢o de medida provisoria para a sua regulamentagao" (CF, art. 25, § 2°). Concluir de forma diversa nos levaria a indagar, inevitavelmente, se teria sentido enderegar tal restrigo ao Presidente da Republica em dispositivo que trata apenas de atividade exclusiva de outros participes da Federago que no a Unio ou, ainda, por que motivo a Constituigdo Federal imporia uma proibi¢&o especitica quanto & utilizago, pelos Estados-membros, de instrumento legislativo que Ihes fosse vedado instituir. A inexisténcia, ao que me parece, de respostas razoaveis a esses questionamentos, conduz conclusiio obtida pela Corte na apreciagdio da ADI 425, no sentido da constitucionalidade da adogdio de medidas provisérias pelos Estados, com a condigao inafastdvel de que esse instrumento esteja expressamente previsto na Constituigao Estadual e nos mesmos moldes impostos pela Constituigao Federal, tendo em vista a necessidade da observancia simétrica do processo legislativo federal. 4, Por tais razies, julgo improcedente o pedido formulado na presente ago direta de inconstitucionalidade. E como voto. * acérdao pendente de publicagiio 3° QUESTAO: (0 governador de Estado propée ago direta de inconstitucionalidade em que visa a infirmar texto legal de iniciativa parlamentar que concede gratuidade ao pedido de primeira emiss4o da Carteira de Identidade. Aduz que o diploma legislativo impugnado nao indicou qualquer fonte de custeio que permitisse suportar referida gratuidade, de modo que o planejamento tributario do ente federativo foi prejudicado na espécie. Nesse sentido, assevera que a “Constituigdo Federal vincula a concessiio de qualquer beneficio a existéncia de prévia dotagao oramentaria suficiente para atender as novas despesas contraidas pelo Poder Publico”. Igualmente, afirma-se que a lei atacada no possibilitou que constatasse nos projetos de lei orcamentaria a isengo da taxa de competéncia do Estado-membro. Responda, fundamentadamente, com base no proceso legislativo, se 0 texto tem amparo constitucional. RESPOSTA: RESPOSTA: ADI 4825 / MS - MATO GROSSO DO SUL ACAO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE Relator(a): Min. EDSON FACHIN Julgamento: 15/12/2016 Orgdo Julgador: Tribunal Pleno Publicagio . PROCESSO ELETRONICO DJe-025 DIVULG 08-02-2017 PUBLIC 09-02-2017 DIREITO CONSTITUCIONAL - CPO1 - 05 - CPV - 2° PERIODO 2017 30/08/2017 - Pagina 8 de 9 Parte(s) REQTE\(S) : ESTADO DE MATO GROSSO DO SUL PROC,(A/S)(ES) : PROCURADOR-GERAL DO ESTADO DE MATO GROSSO DO SUL INTDO.(A/S) : PRESIDENTE DA REPUBLICA INTDO.A/S) : CONGRESSO NACIONAL ADV.(A/S) : ADVOGADO-GERAL DA UNIAO. Ementa ACAO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. DIREITO TRIBUTARIO. IMUNIDADE. ‘TAXA DE SERVICO PUBLICO. EXPEDICAO DE CARTEIRA DE IDENTIDADE OU REGISTRO GERAL. ATOS RELACIONADOS AO EXERCICIO DA CIDADANIA. GRATUIDADE CONSTITUCIONAL. LEI FEDERAL 12.687/2012. 1. O Registro Geral (RG) ou carteira de identidade é um documento piblico emitido para cidadios nascidos e registrados no Brasil ¢ para nascidos no exterior, que sejam filhos de brasileiros, servindo para confirmar a identidade da pessoa natural, solicitagdo de outros documentos ¢ exercicio de direitos relacionados a cidadania, 2. A gratuidade da emissdo da primeira via da carteira de identidade ndo desborda da legitima liberdade de conformagao normativa do Poder Legislativo, tratando-se de mero cumprimento por parte do Poder Pablico Federal de uma obrigago haurida das esferas constitucional e internacional. Precedentes: ADI 1.800 e ADC 5, ambas com acérdaos redigidos pelo Ministro Ricardo Lewandowski. 3. Os imperativos oramentérios nao consistem dbice a constitucionalidade do diploma legislativo impugnado, a despeito de sua importancia para a responsabilidade na gestao fiscal. Isso porque as normas imunizantes contém um comando negativo, de proibigfio, de modo que nao restam diividas de sua eficacia plena, salvo excepcionalidade estabelecida no proprio Texto Constitucional. 4. Agdo direta de inconstitucionalidade a que se nega procedéncia. DIREITO CONSTITUCIONAL - CPOI - 05 - CPV - 2° PERIODO 2017 30/08/2017 - Pagina 9 de 9 ESCOLA DA MAGISTRATURA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO Turma: CPV B 22017 Disciplina/Matéria: DIREITO CONSTITUCIONAL ORGANIZAGAO DO PODER Sessiio: 07 - Dia 06/09/2017 - 08:00 as 09:50 Professor: SYLVIO CLEMENTE DA MOTTA FILHO 07 Tema: Espécies normativas. Emendas Constitucionais. Lei Complementar. Lei Ordindria, Lei Delegada. Medida Provisoria. Decreto Legislativo. Resolugao. 1° QUESTAO: Em virtude do grande ntimero de medidas provis6rias que trancam a pauta da Camara dos Deputados, seu Presidente decidiu que o sobrestamento previsto no art. 64 § 2° da CRFB88 somente se aplica a projetos de lei ordindria, bem como que o sobrestamento determinado ndo prejudica sendo as sessées ordindrias da Camara, Um grupo de parlamentares impetrou mandado de seguranga com finalidade de afastar tal determinagdo, jé que a entendem inconstitucional, pois nao ha tal previsdo na Carta Constitucional. Responda, fundamentadamente, se a ordem deve ser concedida, DIREITO CONSTITUCIONAL - CPO01 - 05 - CPV - 2° PERIODO 2017 30/08/2017 - Pagina 1 de 22 ESCOLA DA MAGISTRATURA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO RESPOSTA: RESPOSTA: MS 27931, rel. Min. Celso de Mello INFORMATIVO N° 540 TITULO Medida Provisoria - Separagio de Poderes - Poder de Agenda do Congresso Nacional (Transcrigdes) PROCESSO. ARTIGO Medida Proviséria - Separagao de Poderes - Poder de Agenda do Congresso Nacional (Transcrigées) MS 27931 MC/DF* RELATOR: MIN. CELSO DE MELLO DECISAO: Trata-se de mandado de seguranga preventivo, com pedido de liminar, impetrado por ilustres membros do Congresso Nacional contra decisao do Senhor Presidente da Camara dos Deputados que "(..) formalizou, perante 0 Plendrio da Camara dos Deputados, seu entendimento no sentido de que o sobrestamento das deliberacées legislativas - previsto no § 6° do art. 62 da Constituigdo Federal - s6 se aplicaria, supostamente, aos projetos de lei ordindria" (fls. 03/04 - grifei). A decisdo questionada nesta sede mandamental, proferida pelo eminente Senhor Presidente da Camara dos Deputados, esté assim ementada (fls. 53):"Responde A questo de ordem do Deputado Regis de Oliveira com uma reformulagdo ¢ ampliagdo da interpretagdo sobre quais sfo as matérias abrangidas pela expresstio ‘deliberagdes legislativas' para os fins de sobrestamento da pauta por medida proviséria nos termos da Constituigao; entende que, sendo a medida provisdria um instrumento que s6 pode dispor sobre temas atinentes a leis ordindrias, apenas os projetos de lei ordinaria que tenham por objeto matéria passivel de edigo de medida proviséria estariam por ela sobrestados; desta forma, considera no estarem sujeitas as regras de sobrestamento, além das propostas de emenda & Constituigao, dos projetos de lei complementar, dos decretos legislativos e das resolugées - estas objeto inicial da questo de ordem - as matérias elencadas no inciso I do art. 62 da Constituigao Federal, as quais tampouco podem ser objeto de medidas provisérias; decide, ainda, que as medidas provisérias continuarao sobrestando as. sessdes deliberativas ordindrias da Cémara dos Deputados, mas ndo trancardo a pauta das sessdes extraordindrias." (grifei) Busca-se, agora, com o presente mandado de seguranga, ordem judicial que determine, "(..) a0 Presidente da Camara dos Deputados, que se abstenha de colocar em deliberacao qualquer espécie de proposigio legislativa, até que se ultime a votagdo de todas as medidas provisérias que, eventualmente, estiverem sobrestando a pauta, nos termos do § 6° do art. 62 da Constituigao (..." (fls. 15 - grifei). O Senhor Presidente da Camara dos Deputados, ao proferir a decisto em referéncia, assim fundamentou, em seus aspectos essenciais, 0 entendimento ora questionado (fls. 46/48):"...) quero dizer - ja fago uma sintese preliminar - que, além das resolugdes, que podem ser votadas apesar do trancamento da paula por uma medida proviséria, também assim pode ocorrer com as emendas a Constitui¢do, com a lei complementar, com os decretos legislativos e, naturalmente, com as resolugdes. Dou um fundamento para esta minha posigao. O primeiro fundamento é de natureza meramente politica. Os senhores sabem 0 quanto esta Casa tem sido ctiticada, porque praticamente paralisamos as votagdes em face das medidasprovisérias. Basta registrar que temos hoje 10medi DIREITO CONSTITUCIONAL - CPOI - 05 - CPV - 2° PERIODO 2017 30/08/2017 - Pagina 2 de 22 ESCOLA DA MAGISTRATURA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO uanto asproposi¢des normativas que veiculem matéria passivel de regulago por medidas provisérias (no compreendidas, unicamente, aquelas abrangidas pela cldusula de pré-exclusdo inscrita no art. 62, § 1°, da Constituigao, na redagao dada pela EC n° 32/2001) - preserva, integro, poder ordinario de legislar atribuido ao Parlamento. Mais do que isso, a decisio em causa teria a virtude de devolver, & Cémara dos Deputados, o poder de agenda, que representa prerrogativa institucional das mais relevantes, capaz de permitir, a essa Casa do Parlamento brasileiro, o poder de selecionar e de apreciar, de modo inteiramente auténomo, as matérias que considere revestidas de importincia politica, social, cultural, econdmica e juridica para a vida do Pais, o que ensejard - na visdo e na perspectiva do Poder Legislativo (e nao nas do Presidente da Reptiblica) - a formulagdo e a concretizagao, pela instancia parlamentar, de uma paula tematica propria, sem prejuizo da observancia do bloqueio procedimental a que se refere o § 6° do art. 62 da Constituicdo, considerada, quanto a essa obstrugao ritual, a interpretagao que Ihe deu o Senhor Presidente da Cémara dos Deputados. Sendo assim, em face das razdes expostas, ¢ sem prejuizo de ulterior reexame da controvérsia em questao, indefiro o pedido de medida cautelar. 2. Solicitem-se informagSes ao eminente Senhor Presidente da Camara dos Deputados, autoridade ora apontada como coatora, encaminhando-se-Ihe cépia da presente decisdo. Observo que a pega processual produzida a fls. 36/41 pelo Senhor Presidente da Camara dos Deputados refere-se, unicamente, sua explicita oposicao a0 deferimento da medida cautelar, A ilustre autoridade apontada como coatora deverd, ainda, juntamente com as informagdes, identificar, discriminando-as, as medidas provisorias, que, ora em tramitagdo na Camara dos Deputados, acham-se na situagdo a que se refere 0 § 6° do art. 62 da Constituigao. Publique-se. Brasilia, 27 de margo de 2009. Ministro CELSO DE MELLO Relator *decisdo publicada no DJE de 1°.4.2009 3° QUESTAO: Presidente da Repablica edita medida proviséria para criar érgio ambiental e estabelecer sua estrutura. A espécie legislativa segue para o Congresso Nacional para o procedimento previsto na CRFB88. Na comissao mista, por falta de quérum, o relator na comissao lanca seu relatério pelo indeferimento da proposicao, uma vez que a medida no atende os requisitos da necessidade e urgéncia e dé prosseguimento 4 MP, na forma dos arts. 5° ¢ 6° da Resolugdo n° | de 2002 do Congreso Nacional, que assim dispoe: “Art, 5°A Comissdo terd 0 prazo improrrogdvel de 14 (quatorze) dias, contado da publicagdo da ‘io Oficial da Unido para emitir parecer tinico, manifestando-se sobre a ‘matéria, em itens separados, quanto aos aspectos constitucional, inclusive sobre os pressupostos de relevancia e urgéncia, de mérito, de adequagdo financeira e orcamentria e sobre o cumprimento da exigéncia prevista no § 1°do art. 2° Gd Art. 6° A Camara dos Deputados fard publicar em avulsos e no Didrio da Camara dos Deputados 0 parecer da Comissdio Mista e, a seguir, dispensado o intersticio de publicagdo, a Medida Provisoria serd examinada por aquela Casa, que, para concluir os seus trabathos, terd até 0 28° (vigésimo oitavo) dia de vigéncia da Medida Provisoria, contado da sua publicacdo no Diério Oficial da Unido. § 1° Esgotado o prazo previsto no caput do art. 5°, 0 processo serd encaminhado & Camara dos Deputados, que passard a examinar a Medida Proviséria. § 2°Na hipotese do § 1°, a Comissdo Mista, se for 0 caso, proferird, pelo Relator ou Relator Revisor designados, o parecer no Plendrio da Camara dos Deputados, podendo estes, se necessério, solicitar ara isso prazo até a sessiio ordindria seguinte." Responda, fundamentadamente, se esse procedimento é constitucional DIREITO CONSTITUCIONAL - CPO1 - 05 - CPV - 2° PERIODO 2017 30/08/2017 - Pagina 11 de 22 ESCOLA DA MAGISTRATURA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO RESPOSTA: RESPOSTA: ADI 4029/DF, Rel. Min. Luiz Fux - Transcrigdo do voto do Min, Luiz Fuz, no Informativo 658. Parecer prévio por comisséo mista ¢ tramitagdo de novas medidas provisorias (Transcrigdes) (v. Informativo 657) ADI 4029/DF* Relator: Min. Luiz Fux Voto: A presente Ago Direta de Inconstitucionalidade questiona a juridicidade da Lei Federal n° 11.516/07, a qual criou nova entidade autrquica, cognominada Insiituto Chico Mendes de Conservagio da Biodiversidade (ICMBio). Preliminarmente, cumpre analisar a legitimidade ativa ad causam da associagdo nacional dos servidores do IBAMA (ASIBAMA nacional), composta por quatro mil ¢ quinhentos associados por todo 0 territério nacional, integrantes de todos os érgios ambientais federais do Brasil. A Carta de Outubro de 1988, ao estatuir amplo rol de legitimados para a propositura da Ago Direta, inaugurou nova fase no controle de constitucionalidade brasileiro, superando o amplo dominio do controle difuso e incidental sobre o abstrato e concentrado, decorrente do monopdlio conferido pela Constituigo de 1967 a0 Procurador-Geral da Republica para a utilizagdo da Representagio de Inconstitucionalidade. O novo regime preza, indubitavelmente, pela abertura dos canais de participagao democratica nas discussdes travadas pelo Judicidtio, colimando instituir aquilo que Haberle definiu como sociedade aberta de intérpretes constitucionais. Em passagem de sua obra, o autor alemao ressalta a importéncia de que 0 debate constitucional seja realizado em meio a interlocutores plurais: ‘A teoria da interpretagao constitucional esteve muito vinculada a um modelo de interpretagio de uma “sociedade fechada”. Ela reduz, ainda, seu ambito de investigago, na medida em que se concentra, primariamente, na interpreta¢o constitucional dos juizes e nos procedimentos formalizados. >) A estrita correspondéncia entre vinculagao (a Constituigdo) e legitimagdo para a interpretagao perde, todavia, o seu poder de expresso quando se consideram os novos conhecimentos da teoria da interpretagdo: interpretacdo é um processo aberto. Nao é, pois, um processo de passiva submissio, nem se confunde com a recep¢io de uma ordem. A interpretagflo conhece possibilidades e alternativas diversas. A vinculagdo se converte em liberdade na medida em que se reconhece que a nova orientago hermenéutica consegue contrariar a ideologia da subsungdo. A ampliagao do circulo dos intérpretes aqui sustentada é apenas a conseqiléncia da necessidade, por todos defendida, de integragio da realidade no processo de interpretagao. E que os intérpretes em sentido amplo compdem essa realidade pluralista. Se se reconhece que a norma ndo é uma decisdo prévia, simples e acabada, ha de se indagar sobre os participantes no seu desenvolvimento funcional, sobre as forgas ativas da law in public action (..). (HABERLE, Peter. Hermenéutica Constitucional - a Sociedade Aberta dos Intérpretes da Constituigao: Constitui¢ao para e Procedimental da Constitui¢do. Tradugdo de Gilmar Ferreira Mendes. Porto Alegre: Sérgio Antonio Fabris editor, 1997) O diploma constitucional hoje vigente ¢ dotado d DIREITO CONSTITUCIONAL - CPO1 - 05 - CPV - 2° PERIODO 2017 30/08/2017 - Pagina 12 de 22 ESCOLA DA MAGISTRATURA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO de um amplocatalogo de expressdes de compreensiio equivoca, identificados pela doutrina como cléusulas abertas ou conceitos juridicos indeterminados, que adquirem densidade normativa a partir da atividade do intérprete, o qual, inevitavelmente, se vale de suas conviegdes politicas e sociais para delinear a configuragao dos princ{pios juridicos. Segundo Robert Alexy, o sistema juridico é um sistema aberto em face da moral (Teoria dos Direitos Fundamentais. Trad. Virgilio Afonso da Silva. Sdo Paulo: Malheiros, 2008. passim), precisamente pela necessidade de conferir significagdo a principios abstratos como dignidade, liberdade e igualdade. Sendo assim, seria iniquamente antidemocrético afastar a participagao popular desse processo de transformagiio do axiolégico em deontologico. Nesse contexto, a manifestacdo da sociedade civil organizada ganha papel de destaque na jurisdigao constitucional brasileira, Como o Judicidrio ndo é composto de membros eleitos pelo sufrigio popular, sua legitimidade tem supedaneo na possibilidade de influéncia de que so dotados todos aqueles diretamente interessados nas suas decisdes. Essa a faceta da nova democracia no Estado brasileiro, a democracia participativa, que se baseia na generalizagao e profustio das vias de participagio dos cidadios nos provimentos estatais. Sobre o tema, Haberle preleciona: ““El dominio del pueblo’ se debe apoyar en la participacién y determinacién de la sociedad en los derechos fundamentals, no sélo mediante elecciones piblicas cada vez mas transparentes y abiertas, sino a través de competencias basadas en procesos también cada vez més progresistas” (em tradugo livre: “O dominio do povo deve se apoiar na participagdo e determinagao da sociedade nos direitos fundamentais, néo somente mediante eleigdes publicas cada vez mais transparentes e abertas, sendo também através de competéncias baseadas em processos também cada vez mais progressistas”. HABERLE, Peter. Pluralismo y Constitucién. Madrid: Tecnos, 2002, p. 137). A interferéncia do povo na interpretago constitucional, traduzindo os anseios de suas camadas sociais, prolonga no tempo a vigéncia da Carta Magna, evitando que a insatisfagio da sociedade desperte o poder constituinte de seu estado de laténcia e promova o rompimento da ordem estabelecida. A luz dessas consideragdes deve ser interpretado o inciso IX do art. 103, nao se recomendando uma exegese demasiadamente restritiva do conceito de “entidade de classe de mbito nacional”. A participago da sociedade civil organizada nos processos de controle abstrato de constitucionalidade deve ser estimulada em vez de limitada, quanto mais quando a restrigao decorre de construgio jurisprudencial, A mingua de regramento legal. Nao se deve olvidar que os direitos fundamentais, dentre eles o da participagtio democritica, merecem sempre a interpretagao que Ihes dé o maior alcance e efetividade. Recorrendo a ligao de Luis Roberto Barroso, merece ser ressaltado que o fundamento para que o Judiciério possa sobrepor a sua vontade & dos agentes eleitos dos outros Poderes reside justamente na confluéncia de ideias que produzem 0 constitucionalismo democritico (Curso de DIREITO CONSTITUCIONAL - CP01 - 05 - CPV - 2° PERIODO 2017 30/08/2017 - Pagina 13 de 22 ESCOLA DA MAGISTRATURA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO Turma: CPV B 22017 Disciplina/Matéria: DIREITO CONSTITUCIONAL ORGANIZAGAO DO PODER Sessdo: 08 - Dia 06/09/2017 - 10:10 as 12:00 Professor: SYLVIO CLEMENTE DA MOTTA FILHO 08 Tema: O Tribunal de Contas. Natureza juridica de suas decisdes. Controles externo e interno. O Ministério Pablico junto ao Tribunal de Contas. 1° QUESTAO: O TCU determinou ao BNDES 0 fornecimento de dados de determinada sociedade, sob o argumento de que esta celebrou contratos vultosos com a Instituigiio. O Tribunal visa, dessa forma, a aferir, por exemplo, os critérios utilizados para a escolha da referida sociedade empreséria na concessio de empréstimos, quais seriam as vantagens sociais advindas das operagdes analisadas, se houve cumprimento das cldusulas contratuais, e se as operacdes de troca de debéntures por posigio aciondria na empresa ora indicada originou prejuizo para o BNDES. O Banco impetra mandado de seguranea a fim de se abster de fornecer os dados exigidos, jé que 0 Tribunal de Contas agiu de forma imotivada e arbitraria, criando exigéncia irrestrita e genérica de divulgagao de informagdes protegidas pelo direito fundamental a privacidade da sociedade. Responda, fundamentadamente, como se a ordem deve ser concedida, DIREITO CONSTITUCIONAL - CPOI - 05 - CPV - 2° PERIODO 2017 30/08/2017 - Pagina 1 de 6 MS 33340 / DF - DISTRITO FEDERAL Relator(a): Min, LUIZ FUX Ementa: DIREITO ADMINISTRATIVO. CONTROLE LEGISLATIVO FINANCEIRO. CONTROLE EXTERNO. REQUISIGAO PELO TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIAO DE INFORMAGOES ALUSIVAS A OPERACOES FINANCEIRAS REALIZADAS PELAS IMPETRANTES. RECUSA INJUSTIFICADA. DADOS NAO ACOBERTADOS PELO SIGILO BANCARIO E EMPRESARIAL. 1. O controle financeiro das verbas piiblicas é essencial e privativo do Parlamento como consectario do Estado de Direito (IPSEN, Jém. Staatsorganisationsrecht. 9. Auflage. Berlin: Luchterhand, 1997, p. 221). 2. O primado do ordenamento constitucional democratico assentado no Estado de Direito pressupde uma transparente responsabilidade do Estado ¢, em especial, do Governo. (BADURA, Peter. Verfassung, Staat und Gesellschaft in der Sicht des Bundesverfassungsgerichts. In: Bundesverfassungsgericht und Grundgesetz. Festgabe aus Anlass des 25jahringe Bestehens des Bundesverfassungsgerichts. Weiter Band. Tubingen: Mohr, 1976, p. 17.) 3. O sigilo de informagées necessérias para a preservagio da intimidade ¢ relativizado quando se esta diante do interesse da sociedade de se conhecer o destino dos recursos publicos. 4. Operagdes financeiras que envolvam recursos publicos nao estio abrangidas pelo sigilo bancério a que alude a Lei Complementar n° 105/2001, visto que as operagdes dessa espécie esto submetidas aos principios da administracdo publica insculpidos no art. 37 da Constituigio Federal. Em tais situagdes, é prerrogativa constitucional do Tribunal[ TCU} o acesso a informagdes relacionadas a operagées financiadas com recursos piblicos. 5. O segredo como "alma do negécio" consubstancia a maxima cotidiana inaplicavel em casos andlogos ao sub judice, tanto mais que, quem contrata com o poder Piblico no pode ter segredos, especialmente se a revelagdo for necesséria para o controle da legitimidade do emprego dos recursos publicos. E que a contratagao piblica nao pode ser feita em esconderijos envernizados por um arcabougo juridico capaz de impedir 0 controle social quanto a0 emprego das verbas piblicas. 6. "O dever administrativo de manter plena transparéncia em seus comportamentos impde nao haver em um Estado Democratico de Direito, no qual o poder reside no povo (art. 1°, pardgrafo nico, da Constituigdo), ocultamento aos administrados dos assuntos que a todos interessam, e muito menos em relago aos sujeitos individualmente afetados por alguma medida." (MELLO, Celso Ant6nio Bandeira de. Curso de Direito Administrativo. 27° edigao. Sao Paulo: Malheiros, 2010, p. 114). 7. Tribunal de Contas da Unido nao esta autorizado a, manu militari, decretar a quebra de sigilo bancério e empresarial de terceiros, medida cautelar condicionada a prévia anuéncia do Poder Judiciério, ou, em situagdes pontuais, do Poder Legislativo. Precedente: MS 22,801, Tribunal Pleno, Rel. Min. Menezes Direito, DJe 14.3.2008. 8. In casu, contudo, o TCU deve ter livre acesso as operagées financeiras realizadas pelas impetrantes, entidades de direito privado da Administragdo Indireta submetidas ao seu controle financeiro, mormente porquanto ‘operacionalizadas mediante o emprego de recursos de origem piblica. Inoponibilidade de sigilo bancério e empresarial ao TCU quando se esté diante de operagées f DIREITO CONSTITUCIONAL - CPOI - 05 - CPV - 2° PERIODO 2017 30/08/2017 - Pagina 2 de 6 ESCOLA DA MAGISTRATURA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO undadas em recursos de origem piblica. Conclusdo decorrente do dever de atuagao transparente dos administradores piblicos em um Estado Democratico de Direito. 9. A preservagao, in casu, do sigilo das ‘operagdes realizadas pelo BNDES e BNDESPAR com terceiros néo, apenas, impediria a atuagao constitucionalmente prevista para 0 TCU, como, também, representaria uma acanhada, insuficiente, e, por isso mesmo, desproporcional limitacao ao direito fundamental de preservagao da intimidade. 10. 0 principio da conformidade funcional a que se refere Canotilho, também, reforga a conclusio de que os orgios criados pela Constitui¢do da Repiiblica, tal como o TCU, devem se manter no quadro normativo de suas competéncias, sem que tenham autonomia para abrir mo daquilo que o constituinte Ihe entregou em termos de competéncias.(CANOTILHO, José Joaquim Gomes. Direito Constitucional e Teoria da Constituigéo. 5* edigdio. Coimbra: Almedina, 2002, p. 541.) 11. A Protegao Deficiente de vedagao implicita permite assentar que se a publicidade nao pode ir tao longe, de forma a esvaziar, desproporcionalmente, o direito fundamental a privacidade e ao sigilo bancdrio e empresarial; nfio menos verdadeiro ¢ que a insuficiente limitagao ao direito A privacidade revelar-se-ia, por outro angulo, desproporcional, porquanto lesiva aos interesses da sociedade de exigir do Estado brasileiro uma atuago transparente. 12. No caso sub examine: 1) O TCU determinou o fornecimento de dados pela JBS/Friboi, pessoa que celebrou contratos vultosos com o BNDES, a fim de aferir, por exemplo, os eritérios utilizados para a escolha da referida sociedade empresiria, quais seriam as vantagens sociais advindas das operagdes analisadas, se houve cumprimento das cléusulas contratuais, se as operacdes de troca de debéntures por posigao acionaria na empresa ora indicada originou prejuizo para o BNDES. II) O TCU nao agiu de forma imotivada e arbitréria, e nem mesmo criou exigéncia irrestrita e genérica de informagées sigilosas. Sobre o tema, o ato coator aponta a existéncia de uma operagio da Policia Federal denominada Operacao Santa Tereza que apontou a existéncia de quadrilha intermediando empréstimos junto a0 BNDES, inclusive envolvendo o financiamento obtido pelo Frigorifico Friboi. Ademais, a necessidade do controle financeio mais detido resultou, segundo o decisum atacado, de um "protesto da Associagao Brasileira da Indistria Frigorifica (Abrafigo) contra a politica do BNDES que estava levanto concentrago econémica do setor”. III) A requisigao feita pelo TCU na hipotese destes autos revela plena compatibilidade com as atribuigSes constitucionais que Ihes so dispensadas e permite, de forma id6nea, que a sociedade brasileira tenha conhecimento se os recursos piiblicos repassados pela Unio a0 seu banco de fomento estéio sendo devidamente empregados. 13, Consequentemente a recusa do fornecimento das informagdes restou inadmissivel, porquanto imprescindiveis para o controle da sociedade quanto & destinago de vultosos recursos piiblicos. O que revela que o determinado pelo TCU ndo extrapola a medida do razodvel. 14. Merece destacar que in casu: a) Os Impetrantes so bancos de fomento econdmico e social, € DIREITO CONSTITUCIONAL - CPO1 - 05 - CPV - 2° PERIODO 2017 30/08/2017 - Pagina 3 de 6 ESCOLA DA MAGISTRATURA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO ndoinstituigdes financeiras privadas comuns, o que impde, aos que com eles contratam, a exigéncia de disclosure ¢ de transparéncia, valores a serem prestigiados em nossa Republica contemporanea, de modo a viabilizar o pleno controle de legitimidade e responsividade dos que exercem o poder. b) A utilizagao de Tecursos piblicos por quem estd submetido ao controle financeiro externo inibe a alegagdo de sigilode dados ¢ autoriza a divulgagao das informagdes necessérias para o controle dos administradores, sob pena de restar inviabilizada a misso constitucional da Corte deContas. c) A semelhanga do que ja ocorre com a CVMe com o BACEN, que recebem regularmente dados dos Impetrantes sobre suas operagées financeiras, os Demandantes, também, no podem se negar a fornecer as informagdes que forem equisitadas pelo TCU. 15. A limitago ao direito fundamental a privacidade que, por se revelar proporcional, é compativel com a teoria das restrigdes das restrigSes (Schranken-Schranken). O direito aosigilo bancério e empresarial, mercé de seu cariter fundamental, comporta uma proporcional limitagaio destinada a permitir 0 controle financeiro da Administragao Publica por érgio constitucionalmente previsto e dotado de capacidade institucional para tanto. 16. E cedigo na jurisprudéncia do E. STF que: “ADMINISTRACAO PUBLICA - PUBLICIDADE. A transparéncia decorre do principio da publicidade. TRIBUNAL DE CONTAS - FISCALIZACAO - DOCUMENTOS. Descabe negar ao Tribunal de Contas ‘© acesso a documentos relativos a Administragao Publica e agdes implementadas, nao prevalecendo a 6ptica de tratar-se de matérias relevantes cuja divulgagao possa importar em danos para o Estado. Inconstitucionalidade de preceito da Lei Orgdnica do Tribunal de Contas do Estado do Ceara que implica Obice ao acesso." (ADI 2.361, Tribunal Pleno, Rel. Min. Marco Aurélio, DJe 23/10/2014). 17. Jusfilosoficamente as premissas metodolégicas aplicaveis a0 caso sub judice revelam que: I - “nuclearmente feito nas pranchetas da Constituigdo. Foi o legislador de primeirissimo escalao quem estruturou e funcionalizou todos eles (0s Tribunais deContas), prescindindo das achegas da lei menor. (...) Tao elevado prestigio conferido ao controle externo e a quem dele mais se ocupa, funcionalmente, é reflexo direto do principio republicano. Pois, numa Repiiblica, impde-se responsabilidade juridica pessoal a todo aquele que tenha por competéncia (e consequente dever) cuidar de tudo que é de todos". (BRITTO, Carlos Ayres. O regime constitucional dos Tribunais de Contas. ‘evista do Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro. Volume 8. 2° semestre de 2014. Rio de Janeiro: TCE-RJ, p. 18 ¢ 20) Il - "A legitimidade do Estado Democratico de Direito depende do controle da legitimidade da sua ordem financeira. S6 0 controle répido, eficiente, seguro, transparente e valorativo dos gastos piiblicos legitima 0 tributo, que ¢ o prego da liberdade. O aperfeigoamento d controle é que pode derrotar a moral tributdria cinica, que prega a sonegagio e a desobediéncia civil a pretexto da ilegitimidade da despesa publica. (TORRES, Ricardo Lobo. Uma Avaliagao das Tendéncias Contemporineas do Direito Administrativo. Obra em homenagem a Eduardo Garcia de Enterria. Rio de Janeiro: DIREITO CONSTITUCIONAL - CPI - 05 - CPV - 2° PERIODO 2017 30/08/2017 - Pagina 4 de 6 ESCOLA DA MAGISTRATURA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO Renovar, 2003, p. 645) 18. Denegagao da seguranca por auséncia de direito material de recusa da remessa dos documentos. 2° QUESTAO: Explique a natureza juridica das fungdes controladoras exercidas pelas Cortes de Contas esclarecendo se podera o Poder Judicidrio rever suas decisées. RESPOST; Os Tribunais de Contas exercem fungdo técnicas e politicas. No art. 71, II da Constituigao Federal utilizou-se a expresso julgar, o que suscita controvérsias, acerca de se a fungo referida ¢ tipicamente jurisdicional ou meramente administrativa, bem como da possibilidade de revisio, pelo Poder Judiciério, das decisdes das Cortes de Contas, nos termos do inciso XXXV do art. 5° da Carta da Repiblica. Embora dividida, a doutrina que entende se tratar de deciso de natureza administrativa, afirma que o Poder Judiciério nao tem ampla liberdade para rever as decisdes das Cortes de Contas, da mesma forma que no pode se imiscuir no mérito do ato administrativo, salvo em algumas hipéteses, como, por exemplo, patente ilegalidade, violagdo dos principios da razoabilidade e proporcionalidade ou violagdo ao devido processo legal (cercear a ampla-defesa do jurisdicionado, por exemplo). 3° QUESTAO: Determinado artigo da Constituigdo Estadual atribui a respectiva Assembleia Legislativa competéncia para sustar apenas os contratos impugnados pelo Tribunal de Contas, por solicitagdo deste érgio. E, a0 Tribunal de Contas, sem intervengao da Assembleia, a sustago dos demais atos que considerasse irregulares. Uma emenda constitucional alterou tais dispositivos, e conferiu competéncia a Assembleia Legislativa, retirando-a, consequentemente, ao Tribunal de Contas, para sustar niio s6 os contratos, mas também as licitagdes em curso, bem como os casos de dispensa ¢ inexigibilidade de licitagao. Analise, fundamentadamente, em no maximo 20 (vinte) linhas, a constitucionalidade do texto originario bem como o proveniente da alteragio. DIREITO CONSTITUCIONAL - CPO1 - 05 - CPV - 2° PERIODO 2017 30/08/2017 - Pagina 5 de 6 ESCOLA DA MAGISTRATURA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO RESPOSTA: ADI 3715 MC/TO Relator(a): Min, GILMAR MENDES Medida Cautelar em Aco Direta de Inconstitucionalidade. 2. Constituigdio do Estado do Tocantins. Emenda Constitucional n° 16/2006, que criou a possibilidade de recurso, dotado de efeito suspensivo, para o Plendrio da Assembléia Legislativa, das decisdes tomadas pelo Tribunal de Contas do Estado com base em sua competéncia de julgamento de contas (§ So do art. 33) e atribuiu a Assembléia Legislativa a competéncia para sustar no apenas os contratos, mas também as licitagdes ¢ eventuais casos de dispensa e inexigibilidade de licitagao (art. 19, inciso XXVIII, ¢ art. 33, inciso IXe § 1°). 3. A Constituigio Federal é clara ao determinar, em seu art. 75, que as normas constitucionais que conformam o modelo federal de organizagao do Tribunal de Contas da Unidio sto de observancia compulséria pelas Constituigdes dos Estados-membros. Precedentes. 4. No ambito das competéncias institucionais do Tribunal de Contas, o Supremo Tribunal Federal tem reconhecido a clara distingao entre: 1) a competéncia para apreciar e emitir parecer prévio sobre as contas prestadas anualmente pelo Chefe do Poder Executivo, especificada no art. 71, inciso 1, CF/88; 2) e a competéncia para julgar as contas dos demais administradores e responsdveis, definida no art. 71, inciso II, CF/88. Precedentes. 5. Na segunda hipotese, o exercicio da competéncia de julgamento pelo Tribunal de Contas nao fica subordinado ao crivo posterior do Poder Legislativo. Precedentes. 6. A Constituigao Federal dispde que apenas no caso de contratos 0 ato de sustagio serd adotado diretamente pelo Congreso Nacional (art. 71, § 1°, CF/88). 7. As circunstancias especificas do caso, assim como 0 curto periodo de vigéncia dos dispositivos constitucionais impugnados, justificam a concessio da liminar com eficacia ex tune. 8. Medida cautelar deferida, por unanimidade de votos. DIREITO CONSTITUCIONAL - CPO1 - 05 - CPV - 2° PERIODO 2017 30/08/2017 - Pagina 6 de 6 ESCOLA DA MAGISTRATURA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO Turma: CPV B 22017 Disciplina/Matéria: DIREITO CONSTITUCIONAL ORGANIZAGAO DO PODER ‘Sessio: 09 - Dia 11/09/2017 - 08:00 as 09:50 Professor: MARCELO LEONARDO TAVARES. 09 ‘Tema: O Poder Executivo. A forma republicana de governo. (* QUESTAO: Chefe do Gabinete de Seguranga Institucional da Presidéncia da Repiiblica dirigiu oficio ao Governador do Estado X, para informar a existéncia de indicios de possivel invasio de Trabalhadores Rurais na Fazenda do Presidente da Repiiblica, Presidente da Repiiblica decidiu empregar preventivamente as Forgas Armadas para guarnecer 0 seu imével. 0 Estado X ajuizou mandado de seguranga com pedido de liminar, sustentando que a atuagdo das Forgas Armadas somente pode ser utilizada "para a garantia da lei e da ordem, por expressa disposigao do legislador complementar, apés esgotados os instrumentos destinados a preservacao da ordem e da incolumidade das pessoas ¢ do patriménio, relacionado no artigo 144 da Const Federal. E, ndo obstante a clareza do texto constitucional, a autoridade coatora, de forma arbitraria e ilegal, determinou o emprego das Forgas Armadas para a protecdo de propriedade particular, sendo vel apenas a medida judicial - interdito proibitério - como forma de preservagao da posse da referida fazenda", Nas informagdes, consta que o emprego preventivo das Forgas Armadas foi para garantir a seguranga do Presidente da Repiiblica, e ndo do cidadiio, jé que a suposta invasdo tinha o propésito de pressiond- 0 e desmoraliz4-lo perante a opinido piblica, visando atingir 0 Chefe de Governo e Chefe de Estado. nte da Repiiblica determinar a intervengo das Forgas Armadas perante 0 fato mencionado acima? Deve ser concedida ou nao a seguranca? Respostas fundamentadas. RESPOSTA: Ver ementa e fundamentagao MS 23766 MC / DF - DISTRITO FEDERAL, MEDIDA CAUTELAR NO MANDADO DE SEGURANGA, Relator(a) MIN. NELSON JOBIM, Julgamento 16/09/2000, STF. 2 QUESTAO: Determinado estado da Federagdo, por intermédio de seu poder constituinte derivado decorrente, repete em sua Carta norma similar 4 contida nos §§ 3° ¢ 4°, do art. 86 da Constituigao Federal, conferindo ao Governador prerrogativa equivalente a estabelecida para o Presidente da Reptiblica. Entende o Poder Legislativo estadual que tal norma, por tratar de relagdo entre as funcdes decorrentes do Poder estatal, a qual pugna pela independéncia e harmonia entre elas, é de observancia obrigatéria pelas unidades federadas. Visa a norma assegurar o pleno exercicio do mandato do Governador, afastando a possibilidade de eventual intervengao indireta por causa diferente da prevista no art. 34 da CF. Analise a questo da constitucionalidade de tal dispositivo inserto em Carta estadual, confrontando-a com o Principio Republicano, o qual postula a responsabilidade dos governantes, bem como a competéncia legislativa para dispor sobre restrigao da liberdade dos agentes politicos. DIREITO CONSTITUCIONAL - CPOI - 05 - CPV - 2° PERIODO 2017 06/09/2017 - Pagina 1 de 40 ESCOLA DA MAGISTRATURA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO RESPOSTA: STF; ADIn n° 1022-1/RJ, relator Min. Celso de Mello, Tribunal Pleno, em 19/10/95. Informativo STF n° 289 (ADI-425) HC 102732 / DF - DISTRITO FEDERAL HABEAS CORPUS ; Relator(a): Min, MARCO AURELIO Julgamento: 04/03/2010 Orgao Julgador: Tribunal Pleno Publicagao DJe-081 DIVULG 06-05-2010 PUBLIC 07-05-2010 EMENT VOL-02400-04 PP-00680 RTJ VOL-00216- PP-00436 HABEAS CORPUS - JULGAMENTO - MANIFESTAGOES - DEFESA - MINISTERIO PUBLICO. Na diego da sempre ilustrada maioria, em relagdo a qual guardo reservas, ainda que o ato atacado com a impetragaio repouse em requerimento do Procurador-Geral da Repiiblica, cabe A Vice que 0 substitua falar apés a sustentagdo da tribuna pela defesa. PRISAO - GOVERNADOR - LEI ORGANICA DO DISTRITO FEDERAL. Porque declarada inconstitucional pelo Supremo - Agdo Direta de Inconstitucionalidade n° 1.024-4/DF, Relator Ministro Celso de Mello -, ndo subsiste a regra normativa segundo a qual a prio do Governador pressupde sentenga condenatéria. PRISAO PREVENTIVA - GOVERNADOR - INQUERITO - LICENCA DA CASA LEGISLATIVA - PROCESSO. A regra da prévia licena da Casa Legislativa como condi¢do da procedibilidade para deliberar-se sobre o recebimento da denincia nao se irradia a ponto de apanhar pratica de ato judicial diverso como é o referente a pristiopreventiva na fase de inquérito. HABEAS CORPUS - ADITAMENTO - ABANDONO DA ORTODOXIA. O habeas corpus esta imune as regras instrumentais comuns, devendo reinar flexibilidade maior quando direcionada a plena defesa. PRISAO PREVENTIVA VERSUS SENTENCA CONDENATORIA - FORMA - PECA DO MINISTERIO PUBLICO. Cabe distinguir a adocdo de arrazoado do Ministério Pablico como razdes de decidir considerada sentenga condenatéria, quando entio verificado vicio de procedimento, da referente a0 ato mediante o qual imposta prisio preventiva. PRISAO PREVENTIVA- —_ GOVERNADOR - ARTIGO 51, INCISO I, DA CONSTITUICAO FEDERAL - APLICACAO ANALOGICA - INADEQUACAO. A interpretagao teleoldgica ¢ sistemética do artigo 51, inciso 1, da Carta da Repiblica revela inadequada a observancia quando envolvido Governador do Estado.PRISAO PREVENTIVA - INSTRUCAO CRIMINAL - ATOS CONCRETOS. A pratica de atos concretos voltados a obstaculizar, de inicio, a apurago dos fatos mediante inquérito conduz prisdo preventiva de quem nela envolvido como investigado, pouco importando a auséncia de atuagao direta, incidindo a norma geral ¢ abstrata do artigo 312 do Cédigo deProcesso Penal. PRISAO PREVENTIVA - CIENCIA PREVIA DO DESTINATARIO. A pristopreventiva prescinde da ciéncia prévia do destinatario, quer implementada por Juiz, por Relator, ou por Tribunal. PRISAO PREVENTIVA - INQUERITO - AUSENCIA DE OITIVA. O fato de 0 envolvido no inquérito ainda nfo ter sido ouvido surge neutro quanto a higidez do ato acautelador de custédia preventiva. FLAGRANTE - DEFESA TECNICA - INEXIGIBILIDADE. A documentacao do flagrante prescinde da presenca do defensor técnico do conduzido, sendo suficiente a lembranga, pela autoridade policial, dos direitos constitucionais do preso de ser assistido, comunicando-se com a familia e com profissional da advocacia, e de permanecer calado. 3° QUESTAO: © Procurador-Geral da Repiblica questiona a constitucionalidade do seguinte dispositivo de determinada Carta Estadual: “Art. 59: Substituird o Governador, no caso de impedimento, e suceder-Ihe 4 no de vaga, o Vi Governador. (..) § 5°: Nao se considera impedimento, para efeito de substituigdo prevista no caput, 0 afastamento do Governador por até quinze dias, do pais ou do Estado”. Responda, fundamentadamente, em no maximo 15 (quinze) linhas, como deve ser julgado o pedido de inconstitucionalidade. DIREITO CONSTITUCIONAL - CPO1 - 05 - CPV - 2° PERIODO 2017 06/09/2017 - Pagina 2 de 40 2 RESPOSTA: Resposta: ADI 3647, rel. Min. Joaquim Barbosa CONSTITUCIONAL. ACAO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. CONSTITUIGAO DO ESTADO DO MARANHAO. IMPEDIMENTO OU AFASTAMENTO DE GOVERNADOR OU VICE-GOVERNADOR. OFENSA AOS ARTIGOS 79 E 83 DA CONSTITUICAO FEDERAL. IMPOSSIBILIDADE DE "ACEFALIA" NO AMBITO DO PODER EXERCUTIVO. PRECEDENTES. ACAO DIRETA JULGADA PROCEDENTE. A auséncia do Presidente da Repiiblica do pais ou a auséncia do Governador do Estado do territério estadual ou do pais é uma causa temporaria que impossibilita o cumprimento, pelo Chefe do Poder Executivo, dos deveres ¢ responsabilidades inerentes a0 cargo. Desse modo, para que no haja acefalia no ambito do Poder Executivo, o presidente da Republica ou 0 Governador do Estado deve ser devidamente substituido pelo vice-presidente ou vice-governador, respectivamente. Inconstitucionalidade do § 5° do art. 59 da Constituigdio do Estado do Maranhdo, com a redagdo dada pela Emenda Constitucional Estadual 48/2005. Em decorréncia do principio da simetria, a Constituigdo Estadual deve estabelecer sangdo para o afastamento do Governador ou do Vice-Governador do Estado sem a devida licenca da ‘Assembléia Legislativa. Inconstitucionalidade do pardgrafo inico do artigo 62 da Constituigao maranhense, com a redacdo dada pela Emenda Constitucional Estadual 48/2005. Repristinago da norma anterior que foi revogada pelo dispositive declarado inconstitucional. Agao direta de inconstitucionalidade julgada procedente. Obs: Enunciado com a redacdo reformulada conforme R.D.A. n° 74, em 2013.2. DIREITO CONSTITUCIONAL - CPO1 - 05 - CPV - 2° PERIODO 2017 06/09/2017 - Pagina 3 de 40 PV A 22017 Disciplina/Matéria: DIREITO CONSTITUCIONAL ORGANIZACAO DO PODER, Sessdio: 10 - Dia 18/10/2017 - 10:10 as 12:00 Professor: MARCELO LEONARDO TAVARES. 10 Tema: O Poder Judicidrio I. A estrutura judicidria. A autogestio dos Tribunais. O Supremo Tribunal Federal e o Superior Tribunal de Justia. Competéncias. Conselhos Nacional de Justica do MP. 1° QUESTA © Conselho Nacional de Justiea instaurou processo administrativo disciplinar contra determinado Juiz de Direito, com fundamento na Resolugdo n° 135/2011 do CNJ, na Lei Complementar n® 35/1979 e no Cédigo de Etica da Magistratura. Conforme narrado pelo Corregedor do CNJ, ha registro de diversas queixas ndo averiguadas pela corregedoria do Tribunal de Justiga ao qual é vinculado 0 magistrado, tais como: (i) a participagio do magistrado em hastas puiblicas na comarca, arrematando diversos bens por valor muito inferior a0 das avaliagdes; (i) a frequente participagdo do magistrado em programa de radio local, concedendo entrevistas nas quais se manifesta sobre 0 mérito de casos de sua competéncia, ainda no julgados; (iii) a utilizagao de sua fungdo publica para exigir privilégios indevidos, como furar filas em bancos, cinemas e casas lotéricas; atendimento preferencial, entre outros. O Consetho Nacional de Justica determinou o afastamento cautelar do magistrado, considerando haver indicios suficientes dos fatos narrados e 0s riscos para a higidez da atividade jurisdicional na comarca. Indignado, o magistrado impetrou mandado de seguranga perante o Supremo Tribunal Federal para impugnar o ato que determinou seu afastamento. O impetrante alegou os seguintes argumentos: a) Que a Resoluedo n? 135/201 do CNJ seria inconstitucional, pois a matéria referente ao processo administrativo contra magistrados deveria ser regulamentada por lei em sentido formal (art. 93 da Constituigio); ) Que a atuagdo do CNJ antes do julgamento do mérito pela Corregedoria do Tribunal de Justiga ofenderia a autonomia do Tribunai (art. 96, 1, da Constituigfio) e o principio federativo (art. 18 da Constitui¢a0), devendo o Conselho restringir sua atuagdo ao grau recursal (art. 103-B, § 4°, V, da Constituigéio); ©) Que o afastamento cautelar do magistrado ofenderia as garantias da inamovibilidade e vitaliciedade, havendo reserva de jurisdic para o afastamento cautelar de um Juiz de Dircito; 4) Que houve violacdo da ampla defesa e do contraditério com o afastamento do magistrado antes que fosse apresentada a defesa; €) Que ainda que, hipoteticamente, fossem provados os fatos que motivaram a instauracao do PAD, constituiria bis in idem a punigao disciplinar por fatos que poderiam ser discutidos na esfera civel e penal. Assiste raziio ao magistrado? A liminar no mandado de seguranga deve ser concedida? Justifique. DIREITO CONSTITUCIONAL - CPOI - 05 - CPV - 2° PERIODO 2017 17/10/2017 - Pagina 1 de 14 ESCOLA DA MAGISTRATURA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO RESPOSTA: Sugestiio de Gabarito do Caso Concreto Os julgados a seguir tratam da natureza juridica do controle interno do Conselho Nacional de Justiga, do poder normativo do conselho e, por fim, da constitucionalidade da Resolucao 135/2011 do CNJ. CONTROLE INTERNO DO CNJ: "Agiio direta, EC 45/2004. Poder Judiciario. CNJ. Instituigao e disciplina. Natureza meramente administrativa, Orgdo interno de controle administrativo, financeiro e disciplinar da magistratura. Constitucionalidade reconhecida. Separagio e independéncia dos Poderes. Historia, significado e alcance concreto do principio. Ofensa a cléusula const al imutével (cldusula pétrea). Inexisténcia. Subsisténcia do niicleo politico do principio, mediante preservagao da funedo jurisdicional, tipica do Judiciario, e das condigdes materiais do seu exercicio imparcial e independente. Precedentes e Simula 649. Inaplicabilidade ao caso. Interpretagio dos arts. 2° € 60, § 4°, III, da CF. Acao julgada improcedente. Votos vencidos. Sao constitucionais as normas que, iniroduzidas pela EC 45, de 8-12-2004, instituem e disciplinam CNJ, como rgio administrative do Poder Judiciario nacional. Poder Judiciario. Cardter nacional. Regime orgénico unitério. Controle administrativo, financeiro e disciplinar. Orgdo interno ou externo. Conselho de Justiga. Criagdo por Estado-membro. Inadmissibilidade. Falta de competéncia constitucional. Os Estados-membros ccarecem de competéncia constitucional para instituir, como Srgio interno ou extemno do Judiciario, conselho destinado ao controle da atividade administrativa, financeira ou disciplinar da respectiva Justiga. Poder Judicidrio, CNJ. Orgiio de natureza exclusivamente administrativa. Atribuigdes de controle da atividade administrativa, financeira e disciplinar da magistratura. Competéncia relativa apenas aos drgiios ¢ juizes situados, hierarquicamente, abaixo do STF. Preeminéncia deste, como 6rg%0 maximo do Poder Judiciério, sobre o Conselho, cujos atos ¢ decisdes estio sujeitos a seu controle jurisdicional. Inteligéncia dos arts. 102, caput, I, letra r, € 103-B, § 4°, da CF. © CNJ nao tem nenhuma competéncia sobre o STF e seus ministros, sendo esse 0 érgdo maximo do Poder Judiciério nacional, a que aquele esta sujeito.” (ADI 3.367, Rel. Min. Cezar Peluso, julgamento em 13-4-2005, Plenario, DJ de 22-9-2006.) PODER NORMATIVO DO CNS: INFORMATIVO N° 416 ADC e Vedagio ao Nepotismo - 2 Em seguida, asseverou-se que 0 Conselho Nacional de Justiga - CNJ, como érgio central de controle da atuago administrativa e financeira do Poder Judicidrio, detém competéncia para dispor, primariamente, sobre as matérias de que trata 0 inciso Il do § 4° do art, 103-B da CF, jé que "a ‘competéncia para zelar pela observancia do art. 37 da CF e de baixar os atos de sanacao de condutas eventualmente contrarias 4 legalidade é poder que traz consigo a dimensio da normatividade em abstrato.”, Ressaltou-se que a Resolucdo 7/2005 esta em sintonia com os principios constantes do art. 37, em especial os DIREITO CONSTITUCIONAL - CP01 - 05 - CPV - 2° PERIODO 2017 17/10/2017 - Pagina 2 de 14 NX ESCOLA DA MAGISTRATURA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO ‘magistradosestaria compreendido na competéneia do CNJ de editar normas de carater primario para regrar suas atribuigdes. ADI 4638 Referendo-MC/DF, rel. Min. Marco Aurélio, 8.2.2012. (ADI-4638) Resolugio 135/2011 do CNJ e uniformizagao de procedimento administrativo disciplinar - 20 Na sequéncia, relativamente ao pardgrafo nico do art. 21 ("Na hipétese em que haja divergéncia quanto & pena, sem que se tenha formado maioria absoluta por uma delas, sera aplicada a mais leve, ou, no caso de duas penas alternativas, aplicar-se-d a mais leve que tiver obtido 0 maior nimero de 1 maioria, deu interpretagdo conforme a Constitui¢do para entender que deve haver votagio especifica de cada uma das penas disciplinares aplicaveis a magistrados até que se alcance a maioria absoluta dos votos, conforme preconizado no art. 93, VIII, da CF. Salientou-se que essa solugao evitaria que juizo condenatério fosse convolado em absolvigdo ante a falta de consenso sobre qual a penalidade cabivel. O Min. Ayres Brito enfatizou que a norma seria operacional ¢ consagraria uma atenuagdo punitiva. Vencidos os Ministros relator, Ricardo Lewandowski e Celso de Mello, que, por considerarem linear 0 critério referente & maioria absoluta, concluiam que 0 CNJ n&o dispor, em sede meramente administrativa, sobre a questdo e atuar de forma aleatoria escolhendo a penalidade mais benéfica para o envolvido no processo. Registravam que a proposta olvidaria voto médio. Por fim, o Supremo deliberou autorizar os Ministros a decidirem monocraticamente a matéria em consondncia com o entendimento firmado nesta agao direta de inconstitucionalidade, contra 0 voto do Min, Marco Aurélio. ‘ADI 4638 Referendo-MC/DF, rel. Min, Marco Aurélio, 8.2.2012. (ADI-4638) LEI ORGANICA DA MAGISTRATURA NACIONAL (LC 35/1979) Art. 27 - O procedimento para a decretago da perda do cargo tera inicio por determinagio do Tribunal, ou do seu érgdo especial, a que pertenca ou esteja subordinado 0 magistrado, de oficio ou mediante representago fundamentada do Poder Executivo ou Legislativo, do Ministério Pablico ou do Consetho Federal ou Secional da Ordem dos Advogados do Brasil. e) § 3°- 0 Tribunal ou o seu érgio especial, na sesstio em que ordenar a instaurago do processo, como no curso dele, podera afastar 0 magistrado do exercicio das suas fungdes, sem prejuizo dos vencimentos e das vantagens, até a decisdo final. 2° QUESTAO: © Tribunal Pleno do Tribunal de Justiga aprovou o novo Regimento Interno do Tribunal, e dispés sobre a competéncia de Vice-Presidentes, competindo ao 1° Vice-Presidente indeferir a distribuigao de recursos, bem como das agdes ¢ outras medidas de competéncia originéria do Tribunal, quando manifestamente inadmissiveis no que concerne a tempestividade, preparo e auséncia de pecas obrigatérias e, ainda, declarar a desergdo e homologar pedidos de desisténcia ou rentincia; e a0 2° Vice-Presidente, decidir sobre pedidos de desisténcia de recursos, antes da distribuigio. Em procedimento de controle administrativo, o CNJ assentara a invalidade da norma regimental, a0 fundamento de sua incompatibilidade com os artigos 93, XV e 96, I, a, da CF. Estado do Rio de Janeiro impetra mandado de seguranea no STF em que questiona a decisio do Conselho, motivo pelo qual requer a anulagio de sua decisio, por violar normas legais e constitucionais. Responda, fundamentadamente, em no maximo 15 (quinze) linhas, como deve ser julgado 0 mandado de seguranga. DIREITO CONSTITUCIONAL - CPO1 - 05 - CPV - 2° PERIODO 2017 17/10/2017 - Pagina 6 de 14 ESCOLA DA MAGISTRATURA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO RESPOSTA: Samula Vinculante 22 A Justiga do Trabalho é competente para processar ¢ julgar as ages de indenizagao por danos morais e patrimoniais decorrentes de acidente de trabalho propostas por empregado contra empregador, inclusive aquelas que ainda ndo possuiam sentenga de mérito em primeiro grau quando da promulgago da Emenda Constitucional n° 45/04, ADC-MC12/ DF - DISTRITO FEDERAL, RESPOST. CNS e ambito de atuagao A Turma concedeu mandado de seguranea para anular decisiio do CNJ que declarara a invalidade de norma do regimento interno de tribunal de justiga estadual, que dispde sobre a competéncia de Vice-Presidentes ("Compete ao 1° Vice-Presidente indeferir a distribuigo de recursos, bem como das ages ¢ outras medidas de competéncia origindria do Tribunal, quando manifestamente inadmissiveis no que conceme a tempestividade, preparo e auséncia de pegas obrigatérias e, ainda, declarar a desergio e homologar pedidos de desisténcia ou reniincia; e a0 2° Vice-Presidente decidir sobre pedidos de desisténcia de recursos, antes da distribuigo"). Na espécie, em procedimento de controle administrativo, o CNIJ assentara a invalidade da norma regimental ao fundamento de sua incompatibilidade com os artigos 93, XV e 96, I. a, da CF e, de imediato, determinara a distribuigao dos autos. A Turma asseverou que a existéncia de mais de uma vice-presidéncia e a fixagdo de suas competéncias por norma regimental estariam previstas no § 1° do art, 103 da LC 35/1979 (Loman). Destacou a possibilidade de tribunal local, por meio de seu regimento, estabelecer regras de competéncia interna, organizagao e atuacdo, desde que respeitadas a lei e a Constituigdo. Frisou que, a0 instituir 0 CNJ, a EC 45/2004 a ele teria atribuido 0 controle da atuagio administrativa e financeira do Poder Judiciério e do cumprimento dos deveres funcionais dos juizes. No ponto, afirmou que as competéncias ¢ limitagées institucionais daquele Consctho seriam as mesmas previstas para os érgdios administrativos de igual natureza existentes no Pais, dos quais se distinguiria em face de sua competéncia nacional e de seu fundamento constitucional, ausente a funedo jurisdicional. Por fim, assinalou que a decisio questionada teria feito insergdo em matéria que a Constituigio nao incluira no rol de competéncias do CN). MS 30793/DF, rel, Min, Carmen Licia, 5.82014. (MS-30793) 3* QUESTAO: Trata-se de agravo de instrumento de decistio que inadmitiu Recurso Extraordindrio, em matéria criminal, sob o fundamento de que nao foi atendido o “art.1035 do NCPC", eis que o agravante deixou "de dizer qual a relevancia da interposigo do recurso extraordindrio para a repercussio geral, para ser apreciado pelo Supremo Tribunal Federal, como preliminar de admisstio do recurso". Ressaltou-se, ademais, que "a suposta contrariedade ao texto constitucional, caso existente, niio seria de forma frontal ou direta, como exige o Supremo Tribunal Federal”. Na petigdo do agravo reiteram- se as questdes suscitadas no recurso extraordindrio, acrescentando-se, verbis: "Impie-se referir, novamente, que deve ser anulada a r. decisio que negou seguimento ao recurso extraordinario, visto que ndo se pode admitir que um julgador de primeiro grau, relator do acdrdio do recurso de apelagao, seja competente para fazer 0 juizo de admissibilidade do recurso extraordindrio interposto contra 0 v. acérdao que relatara, Caso Vossas Exceléncias assim ndo entendam, impde-se, com a devida vénia, o provimento do presente agravo de instrumento, conhecendo-se e provendo-se o recurso extraordinério, a fim de ‘cassar 0 v. acérdio recorrido, tendo em vista violagao aos principios constitucionais da ampla defesa € do contraditério, do devido processo legal e da proporcionalidade. E no ha como negar a relevancia do recurso extraordinario interposto, visto que se esta tratando da liberdade, garantia fundamental e inafastavel, mormente em razdo de cerceamento de defesa ¢ violagio ao principio do contraditério, garantias de extrema e inegivel relevancia. ISSO POSTO, requer seja dado provimento ao recurso, conhecendo-se e provendo-se 0 recurso extraordindrio, cassando-se 0 v. acérdio recorrido, que violou os principios constitucionais da ampla defesa, do contraditério, do devido processo legal e da proporcionalidade, bem como violou a DIREITO CONSTITUCIONAL - CP01 - 05 - CPV - 2° PERIODO 2017 17/10/2017 - Pagina 7 de 14 ESCOLA DA MAGISTRATURA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO RESPOSTA: STF, Informativo 473, Al-664567, Relator Ministro Sepalveda Pertence. TRANSCRICOES Com a finalidade de proporcionar aos leitores do INFORMATIVO STF uma compreensio m: aprofundada do pensamento do Tribunal, divulgamos neste espaco trechos de decisdes que tenham despertado ou possam despertar de modo especial o interesse da comunidade juridica. Repercussdo Geral ¢ Recurso Extraordinario em Matéria Criminal (Transcrigdes) (v. Informative 472) Al 664567 QO/RS* RELATOR: MIN. SEPULVEDA PERTENCE Relatério: Senhor Presidente, trata-se de agravo de instrumento de decisto que inadmitiu RE, c, em matéria criminal, sob 0 fundamento de que nio foi atendido o art. 543-A do CPC, eis que o Agravante deixou de dizer qual a relevancia da interposigdo do recurso extraordindrio para a repercussio geral, para ser apreciado pelo STF como preliminar de admissio do recurso. 02. Ressaltou-se, ademais, que a suposta contrariedade ao texto constitucional, caso existente, no seria de forma frontal ou direta, como exige o Supremo Tribunal Federal (f. 226/228). 03. Na petigio do agravo, reiteram-se as questdes suscitadas no recurso extraordinatio, acrescentando-se, verbis (f. 13/14): Impde-se referir, novamente, que deve ser anulada a r. decisdo que negou seguimento ao recurso extraordinatio, visto que ndo se pode admitir que um julgador de primeiro grau, relator do acérdao do recurso de apelaedo, seja competente para fazer o juizo de admissibilidade do recurso extraordinario interposto contra o v. acérdo que relatara. Caso Vossas Exceléncias assim ndo entendam, impde-se, com a devida vénia, o provimento do presente agravo de instrumento, conhecendo-se e provendo-se recurso extraordinario, a fim de cassar 0 v. acérdao recorrido, tendo em vista violagiio aos principios constitucionais da ampla defesa ¢ do contraditério, do devido processo legal da proporcionalidade. E nao ha negar a relevéincia do recurso extraordinario interposto, visto que se esté tratando da liberdade, garantia fundamental ¢ inafastavel, mormente em razio de cerceamento de defesa e violagdo ao principio do contraditério, garantias de extrema e inegavel relevancia. ISSO POSTO, requer, liminarmente, seja agregado efeito suspensivo ao agravo de instrumento interposto. No mérito, REQUER seja dado provimento ao recurso, conhecendo-se e prevendo-se 0 recurso extraordinério, cassando-se o v. acérdio recorrido que violou os principios constitucionais da ampla defesa, do contraditério, do devido processo legal e da proporcionalidade, bem como violou a esséncia constitucional dos Juizados Especiais Criminais. 04, Submeto ao Tribunal a questio de ordem quanto & exigibilidade do requisito constitucional da repercussdo geral em recurso extraordindrio em matéria criminal, em que pese ter a L. 11.418/06 se limitado a alterar 0 texto do C.Pr.Civil; bem como se poderia a decisdo agravada ter exigido, no caso, que na petigdo do RE houvesse demonstracdo da existéncia de repercussao geral das questdes suscitadas. 05. Eo relatério. Voto: 1 06. E certo que os recursos criminais de um modo geral e, em particular, o recurso extraordinario ctiminal e 0 agravo de instrumento da decisdo que obsta 0 seu processamento, possuem um regime juridico dotado de DIREITO CONSTITUCIONAL - CPO1 - 05 - CPV - 2° PERIODO 2017 17/10/2017 - Pagina 9 de 14 ESCOLA DA MAGISTRATURA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO Turma: CPV A 22017 Disciplina/Matéria: DIREITO CONSTITUCIONAL ORGANIZACAO DO PODER, Sessdo: 1] - Dia 19/10/2017 - 08:00 as 09:50 Professor: CLAUDIO BRANDAO DE OLIVEIRA 11 Tema: O Poder Judiciario II. Tribunais dos Estados - justica itinerante. Justiga Eleitoral. Justiga Militar. Justiga do Trabalho. EC/45. I" QUESTAO: E competente a Justiga estadual para conhecer e julgar ado de reparagdo de danos com fundamento no art. 7, XXVIII, da Constituigéo, ajuizada antes de 31 de dezembro de 2004? RESPOSTA: Numa primeira interpretagdo, o Supremo Tribunal Federal entendeu que as agdes de indenizagio por danos morais e patrimoniais decorrentes de acidente de trabalho, ainda que movidas pelo empregado contra seu (ex) empregador, eram da competéncia da Justica comum dos Estados Federado: Posteriormente, concluiu o Plendrio que a Lei Republicana de 1988 conferiu tal competéncia a Justiga do Trabalho. Oportuno destacar que, por motivo de politica judicidria e, diante do elevado niamero de ages que ja tramitaram e, ainda tramitam nas instancias ordindrias, bem como o relevante interesse social em causa, 0 Plenério do STF decidiu, por maioria, que o marco temporal da competéncia da Justiga trabalhista é 0 advento da EC 45/04, Referida orientagiio aleanga os processos em trdmite pela Justiga comum estadual, desde que pendentes de julgamento de mérito. Vale ratificar que as agdes que tramitam perante a Justiga comum dos Estados, com sentenga de mérito anterior & promulgacao da EC45/04, lé continuam até o transito em julgado e correspondente execugio. Com relagdo aquelas cujo mérito ainda nao foi apreciado, hao de ser remetidas & Justiga do Trabalho, no estado em que se encontram, com total aproveitamento dos atos praticados até o momento, 2 QUESTAO: Jo&o foi excluido da Polici tar do Rio de Janeiro através de procedimento administrativo em que no pode exercer o contraditério e a ampla defesa. Sob o fundamento de tal nulidade, através da Defensoria Publica, ajuizou ago anulatéria de decisdo disciplinar junto a Vara de Fazenda Publica. Na contestago, 0 Estado argiiu preliminar de incompeténcia da Vara Fazendaria em face do disposto no artigo 125, § 4°., da CRFB com a redagdo dada pela Emenda Constitucional n°.45 apontando a: a inexisténcia de pressuposto processual de constituigdo do proceso, vez que a organizagiio judiciéria local nao fala em érgdo de justica militar estadual. Resolva, fundamentadamente, DIREITO CONSTITUCIONAL - CPO1 - 05 - CPV - 2° PERIODO 2017 18/10/2017 - Pagina | de 2 ESCOLA DA MAGISTRATURA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO RESPOSTA: A Constituigdo no artigo 125, § 4°. instituiu a fungdo de Justiga Militar Estadual em norma de aplicabilidade imediata, pois tem natureza funcional tal competéncia. No Rio de Janeiro, segundo a organizagio judiciaria, embora ndo com a discriminagdo de érgaos da justiga militar estadual, existe auditoria de justica militar do Estado, previsto no Cédigo de Organizagao e Divisio Judicidria deste Estado. Nao € caso de extingao do processo, o que representaria denegacao de justiga e violagao do disposto no art.5°,, XXXVI. Dé-se baixa e redistribua-se a tal érgdo. O art. 60 da nova Lei de Organizagao Judiciaria (lei 6956/2015) dispoe: Art. 60 Ao juiz auditor, além da competéncia prevista na legistagao aplicavel, compete: 1 presidir os Conselhos de Justiga e redigir as sentengas e decisdes que profiram; IL - expedir todos os atos necessirios a0 cumprimento das decisdes dos Conselhos ou no exercicio de suas préprias fungdes; IIL - decidir os habeas corpus, habeas data e mandados de seguranga em matéria de sua competéncia; IV - processar e julgar, singularmente, os crimes militares cometidos contra civis e as agdes judiciais contra atos disciplinares militares. *ALTERADO PELO RDA 44/2015 DIREITO CONSTITUCIONAL - CPOI - 05 - CPV - 2° PERIODO 2017 18/10/2017 - Pagina 2 de 2 3] ESCOLA DA MAGISTRATURA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO Turma: CPV A 22017 Disciplina/Matéria: DIREITO CONSTITUCIONAL ORGANIZACAO DO PODER Sessfio: 12 - Dia 19/10/2017 - 10:10 as 12:00 Professor: CLAUDIO BRANDAO DE OLIVEIRA 12. Tema: O Poder Judiciério III. Nacionalizagdo da Justica. Regime Juridico da Magistratura. 1° QUESTAO: juiz substituto A impetrou mandado de seguranga contra ato do Conselho Nacional de Justiga (Portaria 228/2008), que considerou a inamovibilidade como uma garantia apenas dos juizes titulares. Narra que ingressou na magistratura em 2006, tendo sido lotado em Alto Araguaia; que desde ento houve reiteradas remogdes sem seu consentimento prévi O Conselho Nacional de Justiga, a seu turno, aduziu que os juizes substitutos gozam apenas da garantia da vitaliciedade, havendo independéncia ontoldgica e teleolégica entre esta e a inamovibilidade, adquirida apenas com a titularidade. a) Tem o Conselho Nacional de Justica competéncia para expedir tal Portaria? b) Deve ser concedida a seguranca? Respostas objetivamente justificadas. RESPOSTA: a) Art. 103-B §4°, 1 CF/88. b) MANDADO DE SEGURANGA. ATO DO CONSELHO NACIONAL DE JUSTICA QUE CONSIDEROU A INAMOVIBILIDADE GARANTIA APENAS DE JUIZ TITULAR. INCONSTITUCIONALIDADE. A INAMOVIBILIDADE E GARANTIA DE TODA A MAGISTRATURA, INCLUINDO 0 JUIZ TITULAR E O SUBSTITUTO. CONCESSAO DA SEGURANGA. I - A inamovibilidade é, nos termos do art. 95, Il, da Constituigao Federal, gerantia de toda a magistratura, alcangando nao apenas o juiz titular, como também o substituto. I - O magistrado s6 poderd ser removido por designagdo, para responder por determinada vara ov comarca ou para prestar auxilio, com o seu consentimento, ou, ainda, se 0 interesse piblico 0 exigir, nos termos do inciso VIII do art. 93 do Texto Constitucional. IIl - Seguranga concedida. (STE. MS 27958 / DF - DISTRITO FEDERAL MANDADO DE SEGURANGA. Relator(a): Min. RICARDO LEWANDOWSKI. Julgamento: 17/05/2012 Orgio Julgador: Tribunal Pleno. Publicagao: ACORDAO ELETRONICO. Dde-170 DIVULG 28-08-2012 PUBLIC 29-08-2012). 2 QUESTAO: ‘Ao chegarem ao Corregedor-Geral de Justica de um Tribunal estadual pegas de informagao acerca de suspeita de membros do Poder Judiciério local envolvidos com priticas de corrupedo, aquela autoridade envia as pegas para o Conselho Nacional de Justica, jé que o Presidente do Tribunal ¢ os Vice-Presidentes encontram-se envolvidos com tais priticas e ele no tem atribuicao para impor-Ihes sanges. Responda, fundamentadamente, se a conduta da autoridade foi correta. DIREITO CONSTITUCIONAL - CPO1 - 05 - CPV - 2° PERIODO 2017 18/10/2017 - Pagina 1 de 14 RESPOSTA: Alterado o gabarito de acordo com o R.D.A. n° 39: 5/2011 do CNJ ¢ uniformizagio de procedimento administrativo disciplinar - 1 iniciou julgamento de referendo em medida cautelar em acdo direta de lade ajuizada, pela Associagao dos Magistrados Brasileiros - AMB, contra a Resolugdo 135/201 1, do Conselho Nacional de Justiga - CNJ. O diploma adversado dispde sobre a uniformizagao de normas relativas ao procedimento administrativo disciplinar aplicdvel aos magistrados, acerca dos ritos e das penalidades, e da outras providéncias. De inicio, reconheceu-se a legitimidade da requerente para propor a presente ago, na esteira de precedentes da Corte, bem como © cardter abstrato, geral e auténomo do ato questionado. Rejeitou-se, de igual maneira, a preliminar suscitada pelo Procurador Geral da Repiiblica no sentido de que, deferida a liminar pelo relator e referendada pelo Colegiado, ter-se-ia, de modo automético, o restabelecimento da Resolugao 30/2007, que tratava da uniformizagaio de normas relativas ao procedimento administrativo discipli aplicdvel aos magistrados. Tendo em conta a revogagio deste ato normativo pela resolugdo atacada na agdo direta, asseverou-se a inviabilidade do controle concentrado de constitucionalidade. Salientou-se que se teria circulo vicioso caso se entendesse pela necessidade de se impugnar a resolugdo pretérita juntamente com a que estaria em mesa para ser apreciad ADI 4638 Referendo-MC/DF, ré Mareo Aur 2.2.2012, (ADI-4638) E pane 2 parte Resolugio 135/2011 do CNJ e uniformizagio de procedimento administrativo disciplinar - 2 © Min, Marco Aurélio, relator, em breve introdugdo, destacou que caberia a Corte definir se 0 CNJ, 20 editar a resolugdo em comento, teria extrapolado os limites a ele conferidos pela Constituicao. Assinalou que as competéncias atribuidas, pela EC 45/2004, ao referido érgao produziriam tensdo entre a sua atuago (CF, art. 103-B, § 4°, III) ea autonomia dos tribunais (CF, artigos 96, 1, a, € 99). Apés, 0 Tribunal deliberou pela andlise de cada um dos dispositivos da norma questionada. Quanto ao art. 2° (*Considera-se Tribunal, para os efeitos desta resolugio, o Conselho Nacional de Justiga, 0 Tribunal Pleno ou o Orgdo Especial, onde houver, ¢ 0 Conselho da Justica Federal, no ambito da respectiva competéncia administrativa definida na Constituigdo e nas leis préprias”), o STF, por maioria, referendou o indeferimento da liminar. Consignou-se que o CNJ integraria a estrutura do Poder Judiciério, mas no DIREITO CONSTITUCIONAL - CPO! - 05 - CPV - 2° PERIODO 2017 18/10/2017 - Pagina 2 de 14 ESCOLA DA MAGISTRATURA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO Turma: CPV A 22017 Disciplina/Matéria: DIREITO CONSTITUCIONAL ORGANIZAGAO DO PODER Sessio: 13 - Dia 20/10/2017 - 08:00 as 09:50 Professor: LUIS FELIPE SAMPAIO DE ALMEIDA 13 Tema: Fungdes essenciais a Justiga. O Ministério Publico ¢ a Defensoria Publica. Procuradorias. Advocacia. 1* QUESTAO: Um grupo de compradores de iméveis loteados, face 4 inadimpléncia da Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano do Estado de Sao Paulo, CDHU, em proceder a execugao das obras de infra-estrutura ¢ & formalizacao e regularizagio dos loteamentos, dirige-se ao Ministério Piblico Estadual para que, por meio de agdo civil piblica, busque-se a regularizagio do parcelamento de solo e das edificagdes do conjunto habitacional popular denominado Niicleo Residencial. ‘Tem legitimidade o Ministério Pablico para a demanda em comento? DIREITO CONSTITUCIONAL - CPO1 - 05 - CPV - 2° PERIODO 2017 18/10/2017 - Pagina | de 32 ESCOLA DA MAGISTRATURA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO RESPOSTA: STJ: REsp 404.759-SP, relator Min. Humberto Gomes de Barros, |" Turma, em 17/12/2002. TISP: Processo:Processo: APL 03257120720098260000 SP 0325712-07.2009.8.26.0000APL. 03257120720098260000 SP 0325712-07.2009.8,26.0000 Relator(a):Relator(a): Edson Luiz de QueirozEdson Luiz de Queiroz Julgamento:Julgamento: 22/01/201422/01/2014 Orgio Julgador:Orgio Julgador: 5* Camara de Direito PrivadoS* Camara de Direito Privado Publicacdo:Publicago: 24/01/201424/01/2014 Ementa Civil e Processo Civil. Agdo civil piiblica, ajuizada pelo Ministério Pablico, visando regularizar a implantagao de loteamento clandestino. Competéncia. Questio central refere-se a regularizacdo de loteamento. Aplicagao da Resolugdo 623/2013, artigo 5°, incisos 1.21, 1.33 e 1.35. Principio da instrumentalidade das formas. Petigdo Inicial. Inépcia. Preenchimento dos requisitos dos artigos 282 € 283 , CPC , além do disposto nos artigos 17 da Lei da Acdo Civil Piblica e 83 do Cédigo de Defesa do Consumidor . De qualquer modo, o fundamento da peticZo inicial reside no potencial lesivo das ‘obras, aos parimetros urbanisticos e de construgiio estabelecido pelo tombamento urbano. Aplicagio ‘a0 processos judiciais, do principio da eventualidade. Ministério Publico. Legitimidade ativa. Previsio constitucional, artigo 129, inciso III, no artigo 1°, inciso IV da Lei da Agao Civil Publica e 1no artigo 82 do Cédigo de Defesa do Consumidor . Objetivo de defesa do dano urbanistico, que figura dentre os interesses difuusos. A matéria aqui tratada é considerada de interesse social. Com efeito, 0 patriménio de uma coletividade que esta sendo violado pela conduta ilegal dos réus. Municipalidade. Legitimidade passiva. Ocorréncia, ante a sua responsabilidade pela fiscalizacao do regular parcelamento do solo. Aplicagio dos artigos 30 , inciso VIII , da Constituigaio Federal e artigo 40 da Lei n® 6.776179. Litisconsércio DIREITO CONSTITUCIONAL - CPOI - 05 - CPV - 2° PERIODO 2017 18/10/2017 - Pagina 2 de 32 ESCOLA DA MAGISTRATURA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO Necessirio.Desnecessidade em relagio aos adquirentes dos lotes, posto que nao sero ati sua esfera patrimonial pela decisdo proferida nestes autos, haja vista que nao sera necesséri demoligao das obras realizadas no empreendimento para regularizagao do loteamento, Cerceamento de defesa. Nao ocorréncia, Despicienda a designacdo de audiéncia de instrugdo, pois nao ha questes faticas a serem dirimidas, estando as de direito devidamente comprovadas, ou sea, houve parcelamento irregular do solo, sem a devida aprovacdo do Municipio e sem a averbacdo dos lotes no Registro de Iméveis, além do desmatamento de area de preservacao ambiental. Prescrigo. Inocorréncia, posto que os interesses difuusos e coletivos sao indisponiveis. E, ademais, nao ha fixagaio de prazo inicial e final para que o Municipio exerga o controle efetivo do uso do solo urbano, Loteamento clandestino, Parcelamento irregular do solo evidenciado e amplamente comprovado. ‘Manutengao da sentenga devida para determinar que os réus, solidariamente: 1) abstenham-se de construir novas casas e prédios e de praticar atos de parcelamento material do niicleo residencial denominado "Parque Santo Antonio", sem a prévia aprovagao dos érgios pibblicos ‘competentes; 2) abstenham-se de sortear, vender ou prometer a venda as unidades habitacionais de tais loteamentos até 0 efetivo registro do empreendimento; 3) regularizem o parcelamento do solo urbano, as edificagdes, o uso ¢ a ocupagao das unidades habitacionais do empreendimento, implantando as medidas descritas no iter "a.1" da petigdo inicial (fls, 27/31), para que, no prazo maximo de um ano, seja objeto de registro no Cartério de Registro de is desta Comarca, sob pena de multa disria de R$10.000,00 (dez mil reais), incidente apés 0 término de tal prazo, a qual deverd ser destinado ao Fundo Estadual de Reparaco de Interesses, Difiusos Lesados, na forma do artigo 13 , da Lei 7347 /85. Sentenca devidamente fundamentada. Motivagiio do decisério adotada como julgamento em segundo grau. Inteligéncia do art. 252 do RITJ. nares rejeitadas. Recursos nao providos. 2 QUESTAO: Sobre as instituigdes essenciais a fungdo jurisdicional do Estado, responda aos seguintes quesitos, com a indicago da jurisprudéncia predominante sobre o tema: a) Com referéncia ao principio da unidade, ¢ admissivel que o érgio de atuagao da Defensoria Publica do Estado, que tenha interposto recurso excepcional, sustente as raz6es recursais na sesstio de julgamento do Supremo Tribunal Federal ou Superior Tribunal de Justiga, na forma do art, 554 do Cédigo de Processo Civil? b) Com relagio ao principio da independéncia funcional, ¢ admissivel que 0 érgiio de execugio do Ministério Publico do Estado, que tenha sido indicado pelo Procurador-Geral de Justiga, deixe de oferecer a dentincia, nos termos do art. 28 do Cédigo de Processo Penal? ) E admissivel 0 patrocinio de acdo civil coletiva, por érgdo de atuagéo da Defensoria Piblica, para a defesa de interesses dos consumidores? 4) E admissivel a promogio de ago civil para o ressarcimento de dano resultante de infragdo penal, por érgio de execugdo do Ministério Piblico, nas hipdteses em que o titular do direito afirmado em juizo seja hipossuficiente econdmico? DIREITO CONSTITUCIONAL - CPOI - 05 - CPV - 2° PERIODO 2017 18/10/2017 - Pagina 3 de 32 ESCOLA DA MAGISTRATURA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO RESPOSTA: a)AgRg no AREsp 230296 / AL, Relator(a) Ministro OG FERNANDES (1139) PENAL. AGRAVO REGIMENTAL. AGRAVO. DEFENSORIA PUBLICA DA UNIAO E. DEFENSORIA PUBLICA ESTADUAL. INTERPOSICAO SIMULTANEA. DEFENSORIA, PUBLICA DO ESTADO DE ALAGOAS SEM REPRESENTAGAO NA CAPITAL FEDERAL. ILEGITIMIDADE. INTERPOSIGAO DE MAIS DE UM RECURSO. UMA DECISAO. IMPOSSIBILIDADE. PRINCIPIO DA UNIRRECORRIBILIDADE. APLICACAO. 1. Enquanto os Estados, mediante lei especitica, nfo organizarem suas Defensorias Pablicas para atuar continuamente nesta Capital Federal, inclusive com sede prépria, o acompanhamento dos processos em tramite nesta Corte constitui prerrogativa da Defensoria Publica da Unido - DPU. Precedentes. 2. Falta legitimidade a Defensoria Piblica do Estado de Alagoas para interpor agravo regimental nesta Corte. 3. 0 principio da unirrecorribilidade impede que contra a mesma decisio seja manejado, pela mesma parte, mais de um recurso, 4, Agravo regimental nao conhecido. 'b) A doutrina é divergente a respeito da vinculago do membro do Ministério Publico ao oferecimento de deniincia da aco penal piblica ou petigao inicial da ago civil piblica, na hipétese de indicagao do Procurador-Geral: Uma corrente doutrindria, liderada por Afranio Silva Jardim, assevera a inexisténcia de vinculagio, posto que o art, 28 do CPP e o art. 9%, §4° da Lei 7347/85 consagrariam hipéteses de designacao, sob pena de violagio do principio da independéncia funcional (JARDIM, A franio. Direito Processual Penal. 6* ed. Rio de Janeiro: Forense, 1997, p.120).. Outra corrente doutrindria, liderada por Paulo Rangel, assinala a existéncia de vinculagao, visto que 0 art. 28 do CPP e 0 art. 9, §4° da Lei 7347/85 consubstanciariam hipdteses de delegacdo, sob pena de desatendimento do poder hierarquico do Procurador-Geral (RANGEL, Paulo. Direito Processual Penal. 3* ed. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2000, p.133). ©) Ver Lei 7347/1985, artigo 5°, que dispde sobre a legit propositura da a¢do principal e da cautelar. 4) A jurisprudéncia predominante do STF é firmada no sentido de que a norma veiculada pelo art. 68 do CPP é submetida a processo de inconstitucionalizagio, de sorte que "no contexto da Constituigéo de 1988, essa atribuigao deve efetivamente reputar-se transferida do Ministério Piblico para a Defensoria Publica: essa, porém, para esse fim, s6 se pode considerar existente, onde e quando organizada, de direito e de fato, nos moldes do art. 134 da propria Constituigio e da lei complementar por ela ordenada, Portanto, até que - na Unido ou em cada Estado considerado -, se implemente essa condigio de viabilizagao da cogitada transferéncia constitucional de atribuigdes, o art. 68 do CPP sera considerado ainda vigente" (STF, RE n° 147.776-8, relator Min. Sepiilveda Pertence apud Consulex, n° 35, 1999, p. 35). jidade da Defensoria Publica para *alterada a alinea "a", conforme determinagio do professor responsavel no RDA 22 3* QUESTAO: ‘Analise a constitucionalidade de lei complementar estadual, de iniciativa de parlamentar, que in: {que a Defensoria Piblica estadual sera exercida, até 2013, por intermédio de parceira com a Seccional da 0.A.B., Institui ainda que, a partir daquele ano, a parceria seria somente no sentido de suplementar a Defensoria Pablica ou suprir eventuais caréncias desta RESPOSTA: ADI 3892/SC, rel. Min. Joaquim Barbosa; ADI 4270/SC, rel. Min. Joaquim Barbosa INFORMATIVO N° 658 TITULO Defensoria publica estadual ¢ exercicio por advogados cadastrados pela OAB-SC - | PROCESSO DIREITO CONSTITUCIONAL - CPO1 - 05 - CPV - 2° PERIODO 2017 18/10/2017 - Pagina 4 de 32 ADI ADI 4270/SC, rel. Min. Joaquim Barbosa, 14.3.2012 (ADI- 4270) - 3892 <_Jprocesso/verProcesso Andamento.asp?numero=38928classe=A DIADI 4270/SC, rel. Min. Joaquim Barbosa, 14.3.2012 (ADI- 4270)&codigoClasse=0& ORIGEM=JUR&recurso=0&tipoJulgamento=> ARTIGO 0 Plenatio, por maioria, julgou procedente pedido formulado em duas ages diretas, ajuizadas pela ‘Associago Nacional dos Defensores Pablicos da Unido - ANDPU e pela Associago Nacional dos Defensores Piblicos - Anadep, para declarar, com eficdcia diferida a partir de doze meses, a contar desta data, a inconstitucionalidade do art. 104 da Constituigdio do Estado de Santa Catarina e da Lei Complementar 155/97 dessa mesma unidade federada. Os dispositivos questionados autorizam ¢ regulam a prestagdo de servigos de assisténcia judiciéria pela seccional local da Ordem dos Advogados do Brasil - OAB, em substituigdo a defensoria piblica. De inicio, em votagio majoritaria, rejeitou-se a preliminar de ilegitimidade ativa da primeira requerente. Aduziu-se que a propositura ulterior de ago direta pela Anadep supriria a alegada deficiéncia. Destacou-se que a Corte possuiria jurisprudéncia no sentido de que a ANDPU atenderia a0 requisito da pertinéncia tematica na defesa da instituigdo defensoria piblica. Ademais, realgou-se que a Defensoria Pablica da Unido preencheria a auséncia de defensoria pablica estadual nas localidades em que ainda nao implementada. Vencido o Min, Marco Aurélio, que assentava a extingdo do processo alusivo a ANDPU, porquanto se discutiria a criagdo desse érgao em ambito estadual. ADI 3892/SC, rel. Min. Joaquim Barbosa, 14.3.2012 (ADI- 3892) integra do Informative 658 <./../arquivo/informativo/documento/informativo6S8.htm> DIREITO CONSTITUCIONAL - CPOI - 05 - CPV - 2° PERIODO 2017 18/10/2017 - Pagina 5 de 32 ESCOLA DA MAGISTRATURA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO Turma: CPV A 22017 Disciplina/Matéria: DIREITO CONSTITUCIONAL ORGANIZACAO DO PODER Sessao: 14 - Dia 20/10/2017 - 10:10 as 12:00 Professor: CLAUDIO BRANDAO DE OLIVEIRA. 14 Tema: Organizagio Judici ia do Estado do Rio de Janeiro. Organizagao administrativa. Competéncia dos Orgtios Judici de I*¢ 2 instancias. ¥ QUESTAO: Por iniciativa do TIRJ, foi alterada a Lei de Organizagiio Judicidrio do Estado para fazer constar a seguinte redacao: "§1°- O Presidente, os trés Vice-Presidentes e 0 Corregedor-Geral da Justiga sfo eleitos, em votagao secreta, pela maioria dos membros do Tribunal de Justica, pela forma prevista no Regimento Interno do Tribunal, para servir pelo prazo de dois anos a contar do primeiro dia itil apés o primeiro periodo anual das férias coletivas da segunda instancia, permitida a reeleigdo por um periodo. §2° - Concorrerdo 4 eleigdo para os cargos referidos no pardgrafo anterior, os membros efetivos do Orgao Especial, sendo obrigatéria a aceitagio do cargo, salvo recusa manifestada e aceita antes da eleigao”. Contra tal norma, 0 Conselho Federal da OAB propde ADIn. Entende o Conselho que tal matéria, por dizer respeito & organizagao e ao funcionamento do Poder Judiciario, acha-se sujeita, por efeito da reserva constitucional, a0 dominio normativo de Lei Complementar. Aponta a afronta tanto ao art. 93 da Constituigdo da Repiiblica, quanto ao art. 102 da Lei Complementar 35/79. Nao poderia, portanto, a Lei de Organizagao Judicidria dispor sobre o franqueamento da eleigdo, indistintamente, aos membros efetivos do Orgao Especial. Em sede de informagdes, a Assembléia Legislativa alega que o art, 93 da Constituigdo ndo exige que a matéria relativa a forma e as condigdes de provimento dos cargos de diregao dos Tribunais de Justiga dos Estados esteja incluida no chamado "Estatuto da Magistratura” (como o fazia ‘expressamente a Constituigdo anterior - verbis: "art. 115, | - eleger seus Presidentes e demais titulares de sua diregdo, observando o disposto na Lei Organica da Magistratura Nacional” - com a redagaio dada pela E.C. 01/69). Se a Constituigdo de 1988 nao dispés explicitamente sobre a cléusula limitativa que existia na Carta de 69, é porque se entendeu ser prerrogativa auténoma dos Tribunais 0 poder de eleger os seus drgtios dirigentes, E razodvel a tese da ALERJ? Qual ¢ 0 entendimento prevalente no STF? DIREITO CONSTITUCIONAL - CPOI - 05 - CPV - 2° PERIODO 2017 18/10/2017 - Pagina | de 12 ESCOLA DA MAGISTRATURA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO RESPOSTA: STF: ADIn 1422-RJ, relator Min. IImar Galvao, Tribunal Pleno, em 09/09/1999. No entanto, a matério voltou a pauta do STF, que ainda nao tem decisio definitiva: INFORMATIVO N° 666 TITULO Magistratura: lei estadual e competéncia legislativa - | PROCESSO ADI - 4393 ARTIGO 0 Plenétio iniciou julgamento de agdo direta de inconstitucionalidade ajuizada, pelo Procurador-Geral da Repiiblica, contra a Lei 5.535/2009, do Estado do Rio de Janeiro. O diploma adversado versa sobre fatos funcionais da magistratura estadual, tais como regras relativas a provimento, investidura, direitos e deveres. O Min. Ayres Britto, Presidente e relator, preliminarmente, afastou assertiva de que o requerente nao teria impugnado todo o complexo normativo sobre a matéria em foco. Sustentava-se que remanesceriam, no ordenamento estadual, disposigdes sobre a mesma temética, visto que a Resolugao 1/75, do Tribunal de Justica do Estado do Rio de Janeiro, trataria daorganizacao, funcionamento, disciplina, vantagens, direitos e deveres da magistratura. Afirmou que a citada resolugo, quanto a esses temas, estaria revogada. Logo, nao haveria que se falar em sua subsisténcia no arcabougo normativo. Explicou que, com a entrada em vigor da Lei Orgénica da Magistratura Nacional - Loman (LC 35/79), todas as resolugdes de tribunais de justiga, na parte em que disporiam dos assuntos veiculados por ela, teriam sido revogadas. Assinalou que a Ici ora contestada e a mencionada resolugo no constituiriam um tinico complexo normativo, de forma que eventual declaragdo de inconstitucionalidade da Lei estadual 5.535/2009 nao teria, por consequéncia, a repristinagio da resolugo, porque esta teria sido revogada pela Loman. Destacou, ainda, que a resolugio disciplinaria matéria reservada a lei complementar, nos termos do art. 93 da CF, o que corroboraria sua perda de eficécia. Rejeitou, de igual modo, a segunda preliminar arguida, no sentido de que a impugnacao Lei fluminense 5.535/2009 seria genérica, sem apreciagéo especifica de cada tum dos dispositivos. Considerou que o fundamento juridico do pedido, em relagdo a todas as normas contidas no aludido diploma, seria o de vicio formal. Dessa maneira, a providéncia de discriminé-los individualmente seria dispensdvel para o conhecimento da a¢do. Salientou que a questo juridico- constitucional teria sido exposta de forma clara, a permitir a compreensao da controvérsia. Por fim, rechagou a terceira preliminar, de suposta ofensa reflexa a0 texto constitucional. Consignou que 0 vicio formal descrito na inicial deveria ser aferido mediante cotejo entre o art. 93 da CF e os preceitos da lei estadual. Por conseguinte, se fosse necessdria analise comparativa entre a Loman ¢ 0 diploma fluminense, isso decorreria da alegagdo de ofensa direta ao sistema constitucional de repartigao de ccompeténcias legislativas. Resgatou posicionamento da Corte nesse sentido. ADI 4393/R4, rel. Min. Ayres Britto, 16 e 17.5.2012. (ADI-4393) Integra do Informative 666 DIREITO CONSTITUCIONAL - CPOI - 05 - CPV - 2° PERIODO 2017 18/10/2017 - Pagina 2 de 12 ESCOLA DA MAGISTRATURA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO Turma: CPV B 22017 Disciplina/Matéria: DIREITO PREVIDENCIARIO. Sessio: 01 - Dia 09/11/2017 - 10:10 as 12:00 Professor: FABIO ZAMBITTE IBRAHIM. 01 Tema: Seguridade Social na Constituigdo. Natureza e Previdéncia Social. RGPS: conceito, ages de seu interesse. 1" QUESTAO: © Municipio de Cipoal de Fora impetrou mandado de seguranga contra ato do Delegado Regional da Secretaria de Receita Federal do Brasil e requereu liminar para suspender a exigibilidade do suposto crédito tributério, com todos os consectirios legais, advindos da aplicagdo do art. 40, § 13 da Constituigdo Federal aos servidores celetistas que, até entdo, vinham contribuindo para 0 fundo de previdéncia do municipio e, a partir da referida norma, vincularam-se, no entendimento estatal, a0 INSS. Decida a questo, DIREITO PREVIDENCIARIO - CP15 - 01 - CPV - 2° PERIODO 2017 31/10/2017 - Pagina 1 de 7 ESCOLA DA MAGISTRATURA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO RESPOSTA: A redagio do aludido dispositivo é bastante clara, e por isso toda pessoa que ocupe exclusivamente cargo em comissio, cargo tempordrio ou emprego publico é, necessariamente, vinculado a0 RGPS, na condigio de segurado empregado. Ademais, O STF nio vislumbrou qualquer inconstitucionalidade neste dispositivo (Adin 2024/DF, Rel Min, Sepalveda Pertence), chegando mesmo a afirmar que, por se tratar de norma geral em matéria previdencidria, poderia até ser tratada por lei federal. EMENTA: |. Agio direta de inconstitucionalidade: seu cabimento - sedimentado na jurisprudéncia do Tribunal - para questionar a compatibilidade de emenda constitucional com os limites formais ou materiais impostos pela Constituigdo ao poder constituinte derivado: precedentes. II. Previdéncia social (CF, art. 40, § 13, ef. EC 20/98): submisstio dos ocupantes exclusivamente de cargos em comissio, assim como os de outro cargo temporario ou de emprego piiblico ao regime geral da previdéncia social: argui¢ao de inconstitucionalidade do preceito por tendente a abolir a “forma federativa do Estado” (CF, art. 60, § 4°, 1): improcedéncia. 1. A “forma federativa de Estado” - elevado a principio intangivel por todas as Constituigdes da Repiblica - ndo pode ser conceituada a partir de um modelo ideal e aprioristico de Federagao, mas, sim, daquele que o constituinte origi concretamente adotou e, como o adotou, erigiu em limite material imposto as futuras emendas & Constituigao; de resto as limitagdes materiais ao poder constituinte de reforma, que 0 art. 60, § 4°, da Lei Fundamental enumera, nao significam a intangibilidade literal da respectiva disciplina na Constituigio origindria, mas apenas a protego do niicleo essencial dos principios ¢ instit preservagiio nelas se protege. 2. A vista do modelo ainda acentuadamente centralizado do federalismo adotado pela versio originadria da Constituigdo de 1988, o preceito questionado da EC 20/98 nem tende a aboli-lo, nem sequer a afeté-lo. 3. Jd assentou o Tribunal (MS 23047-MC, Pertence), que no novo art. 40 e seus pardgrafos da Constituigdo (cf. EC 20/98), nela, pouco inovou “sob a perspectiva da Federagio, a explicitagio de que aos servidores efetivos dos Estados, do Distrito Federal e dos Municipios, “é assegurado regime de previdéncia de cardter contributivo, observados critérios que preservem 0 equilibrio financeiro e atuarial”, assim como as normas relativas as respectivas aposentadorias e pensdes, objeto dos seus numerosos pardgrafos: afinal, toda a disciplina constitucional origindria do regime dos servidores piblicos - inclusive a do seu regime previdenciario = jé abrangia os trés niveis da organizagdo federativa, impondo-se a observancia de todas as unidades federadas, ainda quando - com base no art. 149, pardg. tnico - que a proposta ndo altera - organizem sistema previdenciério proprio para os seus servidores”: anélise da evolugto do tema, do texto constitucional de 1988, passando pela EC 3/93, até a recente reforma previdencidria. 4. A matéria da disposigao discutida é previdencidria e, por sua natureza, comporta norma geral de ambito nacional de validade, que & Unido se facultava editar, sem prejuizo da | DIREITO PREVIDENCIARIO - CP15 - 01 - CPV - 2° PERIODO 2017 31/10/2017 - Pagina 2 de 7 ESCOLA DA MAGISTRATURA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO egislago estadual suplementar ou plena, na falta de lei federal (CF 88, arts, 24, XII, € 40, § 2°); se ja © podia ter feito a lei federal, com base nos preceitos recordados do texto constitucional originério, obviamente néo afeta ou, menos ainda, tende a abolir a autonomia dos Estados-membros que assim agora tenha prescrito diretamente a norma constitucional sobrevinda. 5. E da jurisprudéncia do Supremo Tribunal que o principio da imunidade tributaria reciproca (CF, art. 150, VI, a) - ainda que se discuta a sua aplicabilidade a outros tributos, que ndo os impostos - no pode ser invocado na hipétese de contribuigdes previdencidrias. 6. A auto-aplicabilidade do novo art. 40, § 13 € questo estranha & constitucionalidade do preceito e, portanto, ao Ambito proprio da ago direta. 2 QUESTAO: José Alves, beneficirio de auxilio-doenga decorrente de acidente do trabalho, tem seu beneficio suspenso pelo INSS, sem prévio aviso, tendo somente recebido uma singela carta apés a suspensio, explicitando que a autarquia previdenciaria considera sua prestagio ilegal, sendo decorréncia de fraude. Irresignado, José, por meio de seu advogado, vem a impetrar mandado de seguranga contra 0 ato do Chefe da Agéncia do INSS responsavel pela suspensio. Ingressa com o feito perante o Juizo Estadual. O INS, preliminarmente, pede o reconhecimento da incompeténcia absoluta do juizo. Decida a respeito da questdo. RESPOSTA: Ver ementa e fundamentagiio do acérdao do STJ: CC n° 18.239/RS, Relator Ministro Vicente Leal. Sobre a necessidade de defesa prévia do segurado, ver art. 11 da Lei n® 10,666/03 ¢ TRF - 2" R. - SUMULA N° 46 - A SUSPEITA DE FRAUDE NA CONCESSAO DO BENEFICIO PREVIDENCIARIO NAO AUTORIZA, DE IMEDIATO, A SUA SUSPENSAO OU CANCELAMENTO, SENDO INDISPENSAVEL A APURACAO DOS FATOS MEDIANTE PROCESSO ADMINISTRATIVO REGULAR, ASSEGURADOS O CONTRADITORIO E A AMPLA DEFESA. 3 QUESTAO: Durante 12 (doze) anos Joo Paulo, advogado, efetuou o pagamento de suas contribuigdes previdenciérias na condigao de contribu idual, Em razo de ter sido aprovado em concurso Piiblico estadual, para o cargo que Ihe impede de exercer a advocacia, passou a dedicar-se, exclusivamente, a sua nova fungdo, e a contribuir para seu regime proprio de previdéncia. Indaga-se: a) Poderd ele continuar a contribuir para o RGPS, na condi¢o de segurado facultativo, a fim de obter beneficio futuro? 'b) Caso negativo, como devera proceder perante 0 INSS? c) Os anos de contribuigao poderdo ser computados para a obtengdo de aposentadoria através do seu regime proprio de previdéncia? DIREITO PREVIDENCIARIO - CP15 - 01 - CPV - 2° PERIODO 2017 31/10/2017 - Pagina 3 de 7 ESCOLA DA MAGISTRATURA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO RESPOSTA: De acordo com 0 artigo 201, § 5° da Constituigdio Federal e do art. 11, §2° do Decreto 3048/99, é vedada a filiagdo ao Regime Geral da Previdéncia Social na qualidade de segurado facultativo, de pessoa participante de regime préprio de previdéncia, salvo na hipétese de afastamento sem vencimento ¢ desde que ndo permitida, nesta condigao, contribuigdo para o respectivo regime proprio, ‘© que no é a hipétese da questio. Como se depreende da leitura da questo, Jodo Paulo deixou de ‘exercer qualquer atividade que the gerasse o dever de continuar a contribuir para o RGPS. Todavia, todo o periodo referente as contribuigdes efetuadas, poderd ser por ele utilizado, em razio da possibilidade de contagem reciproca do tempo de servigo, para que possa, no futuro, obter uma aposentadoria através de seu Regime Proprio de Previdéncia Social (art. 94 da Lei n°8.213/91 e artigo 125, Il do Regulamento da Previdéncia Social). E importante ressalvar que deverd o segurado, contribuinte social, comprovar a interrupgo ou o encerramento da atividade para a qual vinha contribuindo, sob pena de ser considerado em débito no periodo sem contribuigdo - artigo 59, §1° do Regulamento da Previdéncia Social. DIREITO PREVIDENCIARIO - CP15 - 01 - CPV - 2° PERIODO 2017 31/10/2017 - Pagina 4 de 7 ESCOLA DA MAGISTRATURA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO Turma: CPIV C 22017 Disciplina/Matéria: DIREITO ADMINISTRATIVO Sessiio: 01 - Dia 21/08/2017 - 18:00 as 19:50 Professor: VALTER SHUENQUENER DE ARAUJO 01 Tema: Atuagdo do Estado no Dominio Econémico. Estado Regulador, Estado Executor e Estado Monopolista. Desestatizacao e Privatizagao. Regime juridico da empresa prestadora de servigos piiblicos e da empresa que explora atividades econémicas pelo Estado. Lei n° 13303/2016 (Aspectos Gerais) 1° QUESTAO: Certo estado da federagdo. apés 0 devido processo legal, elaborou uma lei que impoe a disponibilizagao de cadeira de rodas para atendimento ao idoso ¢ a adogio de medidas de seguranga em favor de usuarios de caixas eletrénicos no Ambito de seu territério. Tal norma teve sua constitucionalidade questionada perante o Tribunal competente, sob o fundamento de que tal matéria refoge & competéncia de tal ente federativo. Em defesa da lei impugnada, 0 estado assevera que nao ha o vicio alegado, pois a atividade das agéncias bancérias nao constitui servigo publico outorgado a outro ente federativo e que a norma trata da protecdo do consumidor, de modo que albergada no art. 24, V, da CRFB/88. Diante dessa situago hipotética, analise a constitucionalidade da norma, em consondincia com a orientago dos Tribunais Superiores. DIREITO ADMINISTRATIVO - CPOS - 04 - CPIV - 2° PERIODO 2017 21/08/2017 - Pagina | de § ESCOLA DA MAGISTRATURA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO RESPOSTA: STJ - Al no RMS 28910 / RJ - ARGUIGAO DE INCONSTITUCIONALIDADE NO RECURSO EM MANDADO DE SEGURANGA: Relators): Mini, BENEDITO GONGAL VES: Cone Especial De 2012 CONSTITUCIONAL. PROCESSUAL CIVIL E ADMINISTRATIVO. INCIDENTE DE INCONSTITUCIONALIDADE. LEIS N°S 3.533/01, 3.273/99, 3.213/99, 3.63/01. DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO. FUNCIONAMENTO INTERNO DE AGENCIAS BANCARIAS. MATERIAS DE COMPETENCIA DO MUNICIPIO. 1. Trata-se de incidente de inconstitucionalidade das Leis Estaduais n°s 3.53/01. 3.73/99, 3.213/99, 3,663/01, que determinam a colocagio de assentos nas filas especiais para aposentados, pensionistas, deficientes fisicos, a instalago de banheiros e bebedouros para atendimento aos clientes, a izaco de cadeira de rodas para atendimento ao idoso e a adogaio de medidas de seguranea em favor de consumidores usuarios de caixas eletrénicos nas agéncias bancérias situadas no Estado do Rio de Janeiro. 2. As matérias tratadas nos referidos textos legais dizem respeito ao funcionamento interno das agéncias bancérias e. por conseguinte. as atividades-meio dessas instituigdes, no intuito de amparar 0 consumidor, propiciando-lhe um melhor espaco fisico e um tratamento mais respeitoso ¢ humanitario. 3. Trata-se, portanto, de questées de evidente interesse local, cuja competéncia legislativa é do Municipio, por forga do disposto no artigo 30, 1, da Constituigao Federal, e nao do Estado, a quem € vedado implicitamente normatizar matérias expressamente afetas a outros entes piblicos pela Constituigio Federal. 4, Nesse sentido é a liga de Alexandre de Moraes (in Direito Constitucional. 23° Edigdo, 2008, pag. 306): "A regra prevista em relago & competéncia administrativa dos Estados-membros tem plena aplicabilidade, uma vez que séo reservadas aos Estados as competéncias legislativas que ndo Ihes sejam vedadas pela Constituigao. Assim, os Estados-membros poderdo legislar sobre todas as, matérias que no thes estiverem vedadas implicita ou explicitamente. Sao vedagdes implicitas as competéncias legislativas reservadas pela Constituigao Federal Unido (CF. art. 22) e aos municipios (CF, art. 30)". 5. Seguindo a mesma linha de entendimento firmada pelo STF, a jurisprudéncia do STJ pacificou-se no sentido de que, por haver evidente interesse local, é dado ao Municipio legislar sobre 0 funcionamento em instituig6es bancérias, nos termos do artigo 30, I, da, CF. Precedentes: AgRg no RExt 427.463-RO. Rel. Min. Eros Grau, DJ 19.5.2006; AgRg no Al 347.717/RS, Rel. Min. Celso de Mello, DJ 5.8.2005; REsp 711.918/RS, Rel. para acérdao Min. Jodo Otavio de Noronha, DJ 13.2.2008; REsp 943.034 Rel. Min. Luiz Fux, DJ 23.10.2008; (REsp 471.702/RS, Rel. Min. Eliana Calmon, DJ 16.08.2004, e REsp n° 598.183/DF. Rel. Min. Teori Zavascki, DJ de 27.11.2006. 6. E de se concluir que o Estado do Rio de Janeiro ndo tinha competéncia para legislar sobre 0 atendimento ao piblico no interior de agéncias bancérias que. por se tratar de questo vinculada a interesse local. é do Municipio. 7. Arguigdo de inconstitucionalidade acolhida. STF - ARE 774305 AgR / PR; DIREITO ADMINISTRATIVO - CP05 - 04 - CPIV - 2° PERIODO 2017 21/08/2017 - Pagina 2 de 8 ESCOLA DA MAGISTRATURA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO Relator(a):Min, LUIZ FUX; 1* Turma; Dje 27/04/2016 Ementa: AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO EXTRAORDINARIO COM AGRAVO. ADMINISTRATIVO. LEI MUNICIPAL QUE OBRIGA OS ESTABELECIMENTOS BANCARIOS AINSTALAR, EM SUAS AGENCIAS, DISPOSITIVOS DE SEGURANCA PARA OS SEUS CLIENTES. COMPETENCIA DO MUNICIPIO PARA LEGISLAR SOBRE ATIVIDADE BANCARIA. INTERESSE LOCAL. PRECEDENTES. ALEGADO VICIO DE INICIATIVA. SUMULA N° 280/STF. AGRAVO REGIMENTAL DESPROVIDO. Questio correlata ¢ objeto da Stimula Vinculante n® 38, ratificada por meio do seguinte julgado: RE 852233 AgR / AC; Rel. Min, ROBERTO BARROSO; 1? Turma; Dje 27/09/2016 EMENTA: DIREITO ADMINISTRATIVO. AGRAVO REGIMENTAL EM RECURSO EXTRAORDINARIO. MANDADO DE SEGURANCA. ESTABELECIMENTO COMERCIAL. HORARIO DE FUNCIONAMENTO. COMPETENCIA. MUNICIPIO. 1. O Supremo Tribunal Federal, na Sessao Plendria de 11.03.2015, reafirmou o entendimento consagrado na Simula 645/STF ao editar a Simula Vinculante 38, Na oportunidade adotou, inclusive, o mesmo enunciado: “E competente o Municipio para fixar o horario de funcionamento de estabelecimento comercial”. 2. Agravo regimental a que se nega provimento. 2 QUESTAO: Determinado Municipio. apés os devidos tramites, promoveu a execugdo fiscal de créditos de IPTU dos anos de 2014 e 2015. relativos a bem imével pertencente 4 Empresa Brasileira de Correios € Telégrafos - ECT. Inconformada, a entidade administrativa apresentou os respectivos embargos a execugao, sob 0 fundamento de que possui imunidade tributaria, em razio de realizar servigo publico sob o regime de rivilégio. Seguiu-se a impugnagdo, em que o Muniefpio sustenta que os bens que ensejaram a cobranga do IPTU nao esto afetados aos servigos piblicos. de modo que nao poderiam ser abarcados pela imunidade tributéria, sob pena de violagao do art. 173, §2°, da CRFB/88. Merece acolhida a pretenstio da embargante? Descompatibilize eventuais controvérsias, mediante 0 enfrentamento do conceito de privilégio e se apenas nessa hipotese seria possivel a concesséo de imunidade tributdria para sociedade de economia mista e enpresa publica. em consondncia com a orientagao do C. STF. DIREITO ADMINISTRATIVO - CP0S - 04 - CPIV - 2° PERIODO 2017 21/08/2017 - Pagina 3 de 8 ESCOLA DA MAGISTRATURA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO RESPOSTA: Acerca do conceito de privilégio, vale destacar o seguinte julgado: STF - ADPF 46 / DF - DISTRITO FEDERAL ; Relator(a) p/ Acérdao: Julgador: Tribunal Pleno: Dje: 26/02/2010 EMENTA: ARGUICAO DE DESCUMPRIMENTO DE PRECEITO FUNDAMENTAL. EMPRESA PUBLICA DE CORREIOS E TELEGRAFOS, PRIVILEGIO DE ENTREGA DE CORRESPONDENCIAS. SERVICO POSTAL. CONTROVERSIA REFERENTE A LEI FEDERAL 6.538, DE 22 DE JUNHO DE 1978. ATO NORMATIVO QUE REGULA DIREITOS E OBRIGACOES CONCERNENTES AO SERVICO POSTAL. PREVISAO DE SANCOES NAS HIPOTESES DE VIOLACAO DO PRIVILEGIO POSTAL. COMPATIBILIDADE COM O SISTEMA CONSTITUCIONAL VIGENTE. ALEGAGAO DE AFRONTA AO DISPOSTO NOS ARTIGOS 1°, INCISO IV: 5°, INCISO XIII, 170, CAPUT, INCISO IV E PARAGRAFO UNICO, E 173 DA CONSTITUICAO DO BRASIL. VIOLACAO DOS PRINCIPIOS DA LIVRE CONCORRENCIA E LIVRE INICIATIVA. NAO-CARACTERIZACAO. ARGUICAO JULGADA IMPROCEDENTE. INTERPRETACAO CONFORME A CONSTITUICAO CONFERIDA AO ARTIGO 42 DA LEI. 6,538, QUE ESTABELECE SANCAO, SE CONFIGURADA A VIOLAGAO DO PRIVILEGIO POSTAL DA UNIAO. APLICACAO AS ATIVIDADES POSTAIS DESCRITAS NO ARTIGO 9°, DA LEI. 1. 0 servigo postal --- conjunto de atividades que torna possivel 0 envio de correspondéncia, ou objeto postal. de um remetente para enderego final ¢ determinado --- niio consubstancia atividade econémica em sentido estrito. Servigo postal ¢ servigo . EROS GRAU; Orgao piblico. 2. A atividade econémica em sentido amplo é género que compreende duas espécies. o servico piiblico ¢ a atividade econdmica em sentido estrito. Monopélio € de atividade econémica em smpreendida por agentes econdmicos privados, A exclusividade da prestacdo dos sentido es! condmicos xpressfio de uma situagao de privilégio. Monopdlio e privilégio sao distintos servicos piiblicos centre siz nfo se 0s deve confundir no Ambito da linguagem juridica, qual ocorre no vocabulério vulgar. 3. A Constituigao do Brasil confere a Unidio, em cardter exclusivo, a exploracdo do servico postal ¢ 0 correio aéreo nacional [artigo 20, inciso X]. 4. O servigo postal ¢ prestado pela Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos - ECT, empresa piiblica, entidade da Administragao Indireta da Unido, criada pelo decreto-lei n. 509. de 10 de margo de 1.969. 5. E imprescindivel distinguirmos o regime de privilégio, que diz com a prestago dos servigos publicos, do regime de monopélio sob o qual, algumas vezes, a exploragdo de atividade econdmica em sentido estrito ¢ empreendida pelo Estado. 6. ‘A Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos deve atuar em regime de exclusividade DIREITO ADMINISTRATIVO - CP0S - 04 - CPIV - 2° PERIODO 2017 21/08/2017 - Pagina 4 de 8 &7\¥A,\ ESCOLA DA MAGISTRATURA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO naprestacio dos servicos que Ihe incumbem em situacdo de privilésio, o privilégio postal. 7. Os regimes uridicos sob os quais em regra so prestados os servicos piblicos importam em que essa atividade seja desenvolvida sob privilégio, inclusive, em regra, o da exclusividade, 8. Argiliglio de descumprimento de preceito fundamental julgada improcedente por maioria. O Tribunal deu interpretagao conforme & Constituigao ao artigo 42 da Lei n. 6.538 para restringir a sua aplicagdo as atividades postais descritas no artigo 9° desse ato normativo. - Quanto & imunidade abarcar os bens utilizados para a atividade econdmica (2,5 pontos): STF - RE 773992/ BA - BAHIA; Rel. Min. DIAS TOFFOLI: Orgao Julgador: Tribunal Pleno; Dje 19/02/2015; Recurso extraordindrio. Repercussto geral reconhecida, Tributério. IPTU. Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT). Imunidade reciproca (art. 150, VI, a, da CF). 1. Perfilhando a cisio estabelecida entre prestadoras de servico piiblico e exploradoras de atividade econdmica, a Corte sempre concebeu a Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos como uma empresa prestadora de servicos piiblicos de prestag&o obrigatoria e exclusiva do Estado. 2. A imunidade reciproca prevista no art. 150, VI, a, da Constituigdo, alcanga o IPTU que incidiria sobre os iméveis de propriedade da ECT e por ela utilizados. 3. Nao se pode estabelecer. a priori, nenhuma distingdo entre os iméveis afetados ao servico postal ¢ aqueles afetados a atividade econémica. 4. Na diivida suscitada pela apreciagdo de um caso conereto, acerca, por exemplo. de quais iméveis estariam afetados ao servigo puiblico e quais ndo. ndo se pode sacrificar a imunidade tributéria do patriménio da empresa piblica, sob pena de se frustrar a integraco nacional. 5. As presungdes sobre o enquadramento originariamente conferido devem militar a favor do contribuinte. Caso ja Ihe tenha sido deferido o status de imune, o afastamento dessa imunidade s6 pode ocorrer mediante a constituigdo de prova em contrario produzida pela Administragao Tributaria. 6. Recurso extraordindrio a que se nega provimento. STF - ACO 790 AgR / SC: Rel. Min. ROSA WEBER; Orgao Julgador: Primeira Turma; Dje:18/04/2016 EMENTA. DIREITO TRIBUTARIO. AGRAVO REGIMENTAL EM AGAO CIVIL ORIGINARIA. INCIDENCIA DE IPVA SOBRE VE/CULOS AUTOMOTORES DA EMPRESA DE CORREIOS E TELEGRAFOS. RECURSO DE AGRAVO IMPROVIDO. I. A jurisprudéncia desta Suprema Corte assentou o entendimento de que a imunidade reciproca prevista no art. 150, VI, "a", € §§ 2° ¢ 3°, da Constituigdo Federal, é extensivel a ECT, prestadora de servigos publicos essenciais, obrigatérios exclusivos do Estado, quais sejam, o servico postal e o correio aéreo nacional (art. art. 21, X. da CF/88). 2. A imunidade da ECT constitui consequéncia imediata de sua natureza de empresa estatal prestadora de Sservigo piblico essencial. subsistindo em relagdo a todas as suas atividades, DIREITO ADMINISTRATIVO - CP05 - 04 - CPIV - 2° PERIODO 2017 21/08/2017 - Pagina 5 de 8 ESCOLA DA MAGISTRATURA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO inclusivequanto aos servigos nao exclusivos, dispensados em regime concorrencial ¢ os quais se prestam, via subsiiocruzdo. ao fnaneiamento do servo postal defiitro. 3. Agravo regimental conecido€ provido. STF - REPERCUSSAO GERAL - RE 601392/PR; Rel é a : Tri Pleno: De 0590672013 ‘| para Acérdao: GILMAR MENDES: Tribunal Recurso extraordinario com repercussio geral. 2. Imunidade reciproca. Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos. 3. Distinedo, para fins de tratamento normativo, entre empresas piblicas prestadoras de servigo piblico e empresas piblicas exploradoras de atividade. Precedentes. 4. Exercicio simulténeo de atividades em regime de exclusividade e em concorréncia com a iniciativa privada. Irrelevancia. Existéncia de peculiaridades no servigo postal. Incidéncia da imunidade prevista no art. 150. VI, “a”, da. Constituigao Federal. 5. Recurso extraordinario conhecido e provido. Quanto as demais hipéteses em que pode ser reconhecida a imunidade. vale descatar os seguintes julgados: STF - RESPERCUSSAO GERAL RE 580264/RS; Rel. para acérdao: Min. AYRES BRITTO; Dje 06/10/2011 EMENTA: CONSTITUCIONAL. TRIBUTARIO. RECURSO EXTRAORDINARIO. REPERCUSSAO GERAL. IMUNIDADE TRIBUTARIA RECIPROCA. SOCIEDADE DE ECONOMIA MISTA. SERVICOS DE SAUDE. 1. A saiide é direito fundamental de todos e dever do Estado (arts. 6° ¢ 196 da Constituigio Federal). Dever que ¢ cumprido por meio de agées e servigos que, em face de sua prestago pelo Estado mesmo, se definem como de natureza piblica (art. 197 da Lei das leis). 2 . A prestagao de agdes e servigos de sade por sociedades de economia mista corresponde & propria atuagao do Estado, desde que a empresa estatal ndo tenha por finalidade a obtengao de lucro. 3. As sociedades de economia mista prestadoras de agdes e servigos de saiide, cujo capital social seja majoritariamente estatal, gozam da imunidade tributéria prevista na alinea “a” do inciso VI do art. 150 da Constituigao Federal. 3. Recurso extraordindrio a que se dé provimento, com repercussio geral. STF - ACO 2243 Agr- segundo/DF; Rel. Min, DIAS TOFFOLI; Tribunal Pleno; Dje 27/05/2016 EMENTA Agravos regimentais em ago civel originéria. Imunidade tributéria reefproca. Artigo 150, VI, a. da CF/88, Possibilidade de reconhecimento a sociedade de economia mista, atendidos os pressupostos fixados pelo Supremo Tribunal Federal. Competéncia para apreciacio da causa. Artigo 102.1, f, da CF/88, Interpretagdo restrtiva. Exclusio demunicipio do polo passivo. Direito a repeticao do indébito a0 reenquadramento do sistema de PIS/COFINS. Matérias de ordem infraconstitucional inaptas a abalar 0 pacto federativo, Agravos regimentais nio providos. 1. Nos autos do RE n® 253.472/SP, esta Corte firmou Sentendimento de que é possivel a extensto da imunidade tributéria reciproca as sociedades de economia mistas prestadoras de servigo pablico, desde que observados os seguintes parametros: (i) a imunidade tributéria reefproca. quando reconhecida, se aplica apenas a propriedade. bens e servicos utilizados na satisfagdo dos objetivos institucionais imanentes do ente federado; (ii) atividades de exploragdo econémica DIREITO ADMINISTRATIVO - CPOS - 04 - CPIV - 2° PERIODO 2017 21/08/2017 - Pagina 6 de ESCOLA DA MAGISTRATURA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO destinadasprimordialmente a aumentar o patriménio do Estado ou departiculares devem ser submetidas & tributagdo. por se apresentarem como manifestagdes de riqueza e deixarem a salvo a autonomia politica: ¢ c) a desoneragao nao deve ter como efeito colateral relevante a quebra dos principios da livre concorréncia e do exercicio deatividade profissional ou econdmica licita. 2. E possivel a concessio de imunidade tributaria reefproca a Companhia de Saneamento de Alagoas (CASAL). pois. em que pese ostentar. como sociedade de economia mista, natureza de ente privado: (i) executa servigo piblico de abastecimento de égua e tratamento de esgoto: e (ii) 0 faz de modo exclusivo; (iii) 0 percentual de participagao do Estado de Alagoas no capital social da empresa ¢ de 99,96%: (iv) trata-se de empresa de capital fechado. Sao. ademais, tais premissas que, juntamente positivo do decisum, formam a coisa julgada, nao havendo, destarte, que se falar que a mera possibilidade de alteragao no quadro societario da empresa seria impedimento prolagdo de deciséo concessiva da imunidade tributaria reciproca a sociedade de economia mista. 3. Em face da literalidade da norma inscrita no art, 102, 1, f, da Carta Maior. no compete a esta Corte. em sede origindria, processar e julgar causas na qual antagonize sociedade de economia mista estadual e municipio, ainda que se trate dedemanda versante sobre imunidade tributaria reciproca em cujo polo passivo se situe também a Unido. 4. Questées referentes & repetigdo do indébito tributério e a mudanga no regime de recolhimento do PIS e COFINS no guardam feig&o constitucional ¢ nBo sto apias a atrair a competéncia do STF, ante a auséncia de potencial para abalar o pacto federativo. 5. Agravos regimentais nao providos. 3* QUESTAO: 0 Tribunal de Justiga do Estado X langou procedimento licitatério, na modalidade prego, para aquisigdo de selos de fiscalizacao de atos notariais e registrais. do qual participaram diversas sociedades que realizam tal atividade no mercado, e sagrou-se vencedora a Casa da Moeda do Brasil, empresa publica federal. Em decorréncia do inadimplemento de uma das cléusulas do contrato, os pagamentos foram suspensos pelo Tribunal de Justiga, em razio do que a entidade administrativa promoveu a sua notificagdo, para comunicar que a falta de pagamento redundaria na incluso no Cadastro Informativo dos créditos nao quitados de érgaos e entidades federais - CADIN. Inconformado, o Estado X ajuizou ago de obrigagao de nao fazer, a fim de evitar a inclustio no CADIN, sob o fundamento de que a fabricagao de selos cartorarios compreende atividade econdmica que niio configura servigo piblico e, por isso, a empresa publica ndo poderia se valer de prerrogativas outorgadas ao Poder Publico na condugao de servigos piblicos ou de outras atividades tipicas de Estado. ‘Analise se os argumentos aduzidos pelo Estado X merecem acolhida, mediante o enfrentamento da diferenga entre atividades econémicas em sentido estrito ¢ servigo pablico, a luz do ordenamento vigente e em consondncia com a orientagao do C. STJ. RESPOSTA: STJ- REsp 1389949 / SC; Rel, Min. Humberto Martins; 2* Turma; Dje 19/04/2016 ADMINISTRATIVO. CASA DA MOEDA DO BRASIL. IMPOSSIBILIDADE DE INCLUSAO NO CADIN QUANDO A EMPRESA PUBLICA ATUA COMO AGENTE ECONOMICO. 1. O art. 28, § 8°, da Lei 10.522/02 veda a insergao de débitos referentes a pregos de servigos piblicos ou a operagées financeiras que no envolvam recursos orgamentarios. 2. Oexercicio de atividade econémica eventualmente desempenhado pelo Poder Piiblico - Casa da Moeda do Brasil - fica submetido s mesmas regras vigentes para o mercado em geral, no podendo gozar de privilégio. especialmente daqueles atrelados & superioridade da Administragdo Piiblica. 3.0 débito que pretende ser incluido no CADIN decorre da prestago de servigo cuja natureza esta entre as atividades econémicas exercidas pela empresa piblica que nao se enquadra no conceito de servico piblico, pois no tem por escopo satisfazer necessidade essencial ou secundaria da coletividade. Recurso especial improvido. DIREITO ADMINISTRATIVO - CP0S - 04 - CPIV - 2° PERIODO 2017 21/08/2017 - Pagina 7 de 8 ESCOLA DA MAGISTRATURA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO Turma: CPIV C 22017 Disciplina/Matéria: DIREITO ADMINISTRATIVO Sesso: 02 - Dia 21/08/2017 - 20:10 as 22:00 Professor: VALTER SHUENQUENER DE ARAUJO. 02 Tema: Servicos Publicos I. Conceito. Caracteristicas. Classificagdo. Titularidade: servigos da Unido, dos Estados ¢ dos Municipios. Servigos comuns e servigos privativos. Regulamentagéo. Principios. 1? QUESTAO: Certo estado da federagao editou a Lei X, que determina a remogao de postes de sustentagdo da rede elétrica que estejam causando transtornos a proprietirios de terrenos, sem qualquer Gnus para estes, ou seja, estipula a lei que a respectiva concessionaria promova a remogdo dos postes, em tais circunstancias, por sua conta. Analise a constitucionalidade de tal dispositivo, descompatibilizando eventuais controvél consonancia com a orientagao do C. STF. ias, em DIREITO ADMINISTRATIVO - CPOS - 04 - CPIV - 2° PERIODO 2017 21/08/2017 - Pagina 1 de 6 ESCOLA DA MAGISTRATURA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO RESPOSTA: ARE 842839 AgR / SP - SAO PAULO; AG.REG. NO RECURSO EXTRAORDINARIO COM AGRAVO; Relator(a): Min. LUIZ FUX;Julgamento: 10/02/2015; Orgao Julgador: Primeira Turma fevers: AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO EXTRAORDINARIO COM RAVO.ADMINISTRATIVO. PRESTACAO DE SERVICOS. CONCESSIONARIA. ELETRICA.REMOCAO DE POSTE. CUSTO ARCADO PELOCLIENTE AUSENCIADO NECESSARIO PREQUESTIONAMENTO. SUMULAS N° 282 E N° 356 DO STF. 1.0 prequestionamento da questio constitucional é requisito indispensdvel & admissdo do recurso. extraordindrio. 2. As Simulas n° 282 e n° 356 do STF dispdem, respectivamente, verbis: "E inadmissivel 0 recurso extraordinétio, quando néo ventilada, na decisio recorrida, a questo federal suscitada” e "o ponto omisso da decisio, sobre 0 qual nao foram opostos embargos declaratérios, no podem ser objeto de recurso extraordindio, por faltar o requisito do prequestionamento”. 3. In casu, 0 acérdao recorrido assentou: "PRESTACAO DE SERVICOS DE ENERGIA ELETRICA - ACAO ANULATORIA DE ATO JURIDICO C.C. DECLARATORIA DE INEXISTENCIA DE DEBITO E OBRIGACAO DE FAZER - REMOGAO DE POSTE PELA CONCESSIONARIA A PEDIDO DO AUTOR - OBSTRUGAO DE PASSAGEM - CUSTO EXIGIDO DO CLIENTE - DESCABIMENTO = DICGAO DA LEI ESTADUAL 12.635/2007 - IMPROCEDENCIA DECRETADA EM PRIMEIRO GRAU AFASTADA - RECURSO DO AUTOR PARCIALMENTE PROVIDO." 4. Agravo regimental DESPROVIDO. ‘ADI 4925 / SP - SAO PAULO; ACAO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE; Relator(a): Min, TEORI ZAVASCKI; Julgamento: 12/02/2015 Orgao Julgador: Tribunal Pleno Publicagao Ementa: CONSTITUCIONAL. LEI ESTADUAL 12.635/07, DE SAO PAULO. POSTES DE SUSTENTACAO DA REDE ELETRICA. OBRIGAGAO DE REMOCAO GRATUITA PELAS CONCESSIONARIAS EM PROVEITO DE CONVENIENCIAS PESSOAIS DOS PROPRIETARIOS DE TERRENOS. ENCARGOS EXTRAORDINARIOS NAO PREVISTOS NOS CONTRATOS DECONCESSAO DE ENERGIA ELETRICA. RELEVANCIA JURIDICA DA TESE DE USURPACAO DAS COMPETENCIAS FEDERAIS PARA DISPOR SOBRE 0 TEMA. 1. Tendo em vista (a) a simplicidade da questio de direito sob exame; (b) a exaustividade das ‘manifestagdes aportadas aos autos; ¢ (c) a baixa utilidade da conversao do rito inicial adotado para 0 presente caso, a a¢do comporta julgamento imediato do mérito. Medida sufragada pelo Plenério em questo de ordem. 2. As competéncias para legislar sobre energia elétrica e para definir os termos da exploragio do servigo de seu fornecimento, inclusive sob regime deconcessio, cabem privativamente 4 Unido, nos termos dos art. 21, XII, "b"; 22, IV e 175 da Constituigao. Precedentes. 3. Ao criar, para as empresas que exploram o servico de fornecimento de energia elétrica no Estado de Sao Paulo, obrigacdo significativamente onerosa, a ser prestada em hipéteses de contetido vago ("que estejam causando transtornos ou impedimentos") para o proveito de interesses individuais dos proprietérios de terrenos, o art. 2° da Lei estadual 12.635/07 imiscuiu-se indevidamente nos termos da relagdo contratual estabelecida entre o poder federal e as concessiondrias. 4. Agdo direta de inconstitucionalidade julgada procedente. 2 QUESTAO: O Conselho Regional de Medicina do Estado X ajuizou a¢ao contra determinagao do referido ente federativo no sentido de impedir 0 pagamento pelo particular para a melhoria do tipo de acomodagao recebida e de atendimento por médico de confianga do paciente, no ambito do Sistema Unico de Satide, a chamada "diferenca de classes”. O demandante assevera que a parcela adimplida pelo interessado para aprimorar o atendimento no representa quebra da isonomia no ambito das atividades de sade publica, pois ndo estabelece tratamento diferenciado entre pessoas em uma mesma situago, mas apenas faculta a melhoria de atendimento para quem tenha condigdes de pagar. sem gerar énus adicional para o erdrio. Prossegue afirmando que se trata de atividade livre a iniciativa privada e que a vedagao a tal pagamento extra acabaria por violar o objetivo maior do proprio Estado, que ¢ o dever de promover o direito & satide. DIREITO ADMINISTRATIVO - CP0S - 04 - CPIV - 2° PERIODO 2017 21/08/2017 - Pagina 2 de 6 Diante dessa situaco hipotética, analise se as atividades voltadas para satide siio servicos publicos ¢ esclarega se € possivel o pagamento de complementagéo para a melhoria no ambito do sistema Publico, mediante o apontamento dos dispositivos constitucionais pertinentes e em consondncia com a orientagao do C. STF . 21/08/2017 - Pagina 3 de 6 DIREITO ADMINISTRATIVO - CPOS - 04 - CPIV - 2° PERIODO 2017 | ESCOLA DA MAGISTRATURA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO RESPOSTA: As atividades voltadas para a saiide quando realizadas pelo Poder Piiblico caracterizam servigos piblicos, so os chamados servigos piblicos ndo exclusivos. ou ainda, conforme outra classificagaio, servigos publicos sociais que. segundo Maria Sylvia Zanella Di Pietro (em Direito Administrativo. 25 ed., Sdo Paulo: Atlas. 2012. pag. 116): "Servigo Publico social é o que atende as necessidades coletivas em que a atuagao do Estado & essencial, mas que convivem com a iniciativa privada, tal como ocorre com os servicos de satide, educagao, previdéncia, cultura, meio ambiente; so tratados na Constituigao no capitulo da ordem social e objetivam atender aos direitos sociais do homem, considerados direitos fundamentais pelo art. 6° da Constituigao.” ‘Ja segundo Rafael Carvalho Rezende Oliveira (em Curso de Direito Administrativo, 2 ed. Rio de Janeiro: Forense, 2014, pag. 220/221): "Servigos publicos sociais: so servigos que atendem as necessidades coletivas de carater social (direitos fundamentais sociais). Esses servigos podem ser prestados pelo Estado ou pelo particular. A peculiaridade desses servigos reside na auséncia de exclusividade, na sua titularidade, por parte do Estado (servigos nio reservado ou nao exclusivo), uma vez que 0 texto constitucional admitem que os pparticulares prestem tais servigos, sem a necessidade de delegacao formal pelo Poder Piblico (ex: satide - art, 199 da CREB; educagao - art. 209 da CREB; assisténcia social - art. 204, Ie Il da CRFB: previdencia social - art. 202 da CRFB) Quanto & possibilidade de cobranga da chamada diferenga de classes, destaca-se 0 seguinte julgado: RE 581488 / RS - RIO GRANDE DO SUL; Relator(a): Min. DIAS TOFFOLI Julgamento: 03/12/2015 Orgao Julgador: Tribunal Pleno; Dje: 08/04/2016 EMENTA Direito Constitucional e Administrativo. Acdo civil publica. Acesso de paciente & internago pelo sistema tinico de saiide (SUS) com a possibilidade de melhoria do tipo deacomodagao recebida e de atendimento por médico de sua confianga mediante o pagamento da diferenca entre os valores correspondentes. Inconstitucionalidade. Validade de portaria que exige triagem prévia para a intemagio pelo sistema piblico de satide. Alcance da norma do art. 196 da Constitui¢ao Federal. Recurso extraordindrio a que se nega provimento. 1. E constitucional a regra que veda, no dmbito do Sistema Unico deSaide, a internagao em acomodagdes superiores, bem como o atendimento diferenciado por médico do proprio Sistema Unico de Saiide (SUS) ou por conveniado, mediante o pagamento da diferenca dos valores correspondentes. 2. O procedimento da “diferenga de classes", tal qual o atendimento médico diferenciado, quando praticados no ambito da rede publica, néo apenas subverte a légica que rege o sistema de seguridade social brasileiro, como também afronta o acesso equinime e universal as agdes e servigos para promogao, protegao ¢ recuperacao da saiide, violando. ainda, os principios da igualdade e da dignidade da pessoa humana. Inteligéncia dos arts. 1" inciso DIREITO ADMINISTRATIVO - CPOS - 04 - CPIV - 2° PERIODO 2017 21/08/2017 - Pagina 4 de 6 ESCOLA DA MAGISTRATURA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO III; 5°, inciso I; € 196 da Constituigdo Federal. 3. Nao fere o direito satide, tampouco a autonomia profissional do médico. o normativo que veda, no ambito do SUS, a assisténcia diferenciada mediante pagamento ou que impde a necessidade de triagem dos pacientes em postos de sade 3° QUESTAO: Certo ente federativo visa a promover a concorréncia em determinado servico piiblico de sua competéncia, com o que ndo se conforma a tinica delegatéria existente até entdo, que acredita que tal atividade n&o pode ser compatibilizada com a livre iniciativa, na medida em que a titularidade estatal impde a supress4o da concorréncia. Diante dessa situagao hipotética, analise a viabilidade de os servigos piiblicos serem submetidos & concorréncia, mediante os argumentos juridicos pertinentes ¢ o apontamento da respectiva base legal. DIREITO ADMINISTRATIVO - CPOS - 04 - CPIV - 2° PERIODO 2017 21/08/2017 - Pagina 5 de 6 ESCOLA DA MAGISTRATURA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO RESPOSTA: Acerca do tema, pontua Alexandre Aragdo, em Direito dos Servigos Pablicos, 3* ed, 2013, Rio de Janeiro: Gen, pg. 392: "O art. 16 da Lei de Concessoes e Permissoes de Servicos Piibicos demonstra que, apesar da introdugdo da concorréncia nos servicos piiblicos em muitos casos vir acompanhada de uma publicizagdo, com a transformagdo de parte do setor em atividade privada de imeresse ptiblico Gervigo ptiblico impréprio ou virtual), sujeita a mera autorizagdo. a reserva de titularidade do servico ptiblico propriamente dito ao Estado nao impede que exista concorréncia em sua prestagao. Uma coisa é a titularidade estatal exclusiva (monopélio). outra é a exclusividade na sua prestagao (apenas um concessionéirio e permissiondrio)". Mareal Justen Filho, por sua vez, destaca que (em Curso de Direito Administrativo, 10° ed. 2014, So Paulo: Revista dos Tribunais, pg. 753: "Reconhece-se que 0 monopélio estatal é indesejdvel, mas que 0 monopélio privado é insuportdvel. Portanto, qualquer iransferéncia de servico ptiblico para a prestagdo de particulares deve conduair a esquemas competitivos. Oart. 16, da Lei 9897/95 fez referéncia a auséncia de exclusividade em concessées e permissdes de servico piiblico. Imimeros diplomas posteriores reafirmaram a orientagdo, a propésito de setores especificos. A Lei Geral de telecomunicacdes ¢ a legislagao pertinente ao setor elétrico insistiram na concepeao de um sistema em que a prestacdo dos servicos piiblicos ndo se traduzisse na nfiguracao de exploragdo monopolistica, especialmente em face da ampliagdo da participagdo da iniciativa privada nesses segmentos.” DIREITO ADMINISTRATIVO - CP0S - 04 - CPIV - 2° PERIODO 2017 21/08/2017 - Pagina 6 de 6 ESCOLA DA MAGISTRATURA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO Turma: CPV B 22017 Disciplina/Matéria: DIREITO ADMINISTRATIVO. Sessio: 03 - Dia 15/08/2017 - 08:00 as 09:50 Professor: GUILHERME BRAGA PENA DE MORAES 03. Tema: Sistema Constitucional de Remuneragdo. Teto remuneratério, irredutibilidade e isonomia de vencimentos. Organizagio funcional. Provimento: tipos e formas. Investidura. Reingresso. Vacincia, Direito adquirido dos servidores. Lei 8.112/90 (Aspectos gerais). Decreto-lei 220/75 € seu regulamento Decreto n° 2479/79 (Aspectos Gerais). 1° QUESTAO: Joao da Silva, servidor publico federal que ocupa o cargo de agente administrativo junto ao Poder Executivo, impetrou mandado de seguranca contra a redugdo liquida da remuneragio por ele percebida, determinada por autoridade competente ap6s os devidos trimites administrativos, promovida em dezembro de 2015, sob o argumento de violagao ao principio da irredutibilidade de vencimentos, consagrado no art. 37, XV, da CRFB/88. Em sede de informagGes, a impetrada assevera que o total da remunerago paga a Joao da Silva superava em muito o subsidio de Ministro do Supremo Tribunal Federal, diante da incorporagao de uma série de parcelas ao longo de sua carreira, de modo a violar o disposto no art. 37, XI, da CRFB/88, razo pela qual foi imposto um indice redutor. a fim de que os estipéndios em questo se adequassem aos parimetros constitucionais. Considerando que os vencimentos recebidos por Jodo da Silva so compostos do vencimento-base somado a vantagens pessoais, ou seja, sem carater indenizatério, concedidas em consonancia com a lei antes da Emenda Constitucional n° 41/2003, analise se a pretensto do impetrante merece acolhida, em consonancia com a orientagio dos Tribunais Superiores. RESPOSTA: | | RE 606358 / SP - SAO PAULO ; RECURSO EXTRAORDINARIO. Relator(a): Min. ROSA WEBER Julgamento: 18/11/2015 Orgao Julgador: Tribunal Pleno Publicagao . PROCESSO ELETRONICO REPERCUSSAO GERAL - MERITO Die-063 DIVULG 06-04-2016 PUBLIC 07-04-2016 EMENTA RECURSO EXTRAORDINARIO. DIREITO ADMINISTRATIVO E CONSTITUCIONAL. SERVIDORES PUBLICOS, REMUNERACAO. INCIDENCIA DO TETO DE RETRIBUICAO. VANTAGENS PESSOAIS. VALORES PERCEBIDOS ANTES DO ADVENTO DA EMENDA CONSTITUCIONAL N? 41/2003. INCLUSAO. ART. 37, Xle XV. DA CONSTITUICAO DA REPUBLICA. 1. Computam-se para efeito de observancia do teto remuneratério do art. 37. XI. da Constituigao da Repablica também os valores percebidos anteriormente a vigéncia da Emenda Constitucional n° 41/2003 a titulo de vantagens pessoais pelo servidor piiblico, dispensada a restituigdio dos valores recebidos em excesso de boa-fé até o dia 18 de novembro de 2015. 2. O ambito de incidéncia da garantia de irredutibilidade de vencimentos (art. 37, XV, da Lei Maior) nao alcanca valores excedentes do limite definido no art. 37, XI, da Constituigao da Republica. 3. Traduz afronta direta ao art. 37, XI ¢ XV, da Constituigdo da Republica a exclusdo, da base de incidéncia do teto remuneratério, de valores percebidos, ainda que antes do advento da Emenda Constitucional n° 41/2003, a titulo de vantagens pessoais. 4. Recurso extraordinario conhecido ¢ provido. DIREITO ADMINISTRATIVO - CPOS - 05 - CPV - 2° PERIODO 2017 11/08/2017 - Pagina 1 de 10 DIREITO ADMINISTRATIVO - CP0S - 05 - CPV - 2° PERIODO 2017 ESCOLA DA MAGISTRATURA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO 2? QUESTAO: Certo Estado da Federagio, apés o devido processo legislativo, editou uma Lei que alterou a forma de calculo da gratificagdo X paga a seus servidores. Tal parcela remuneratdria, que anteriormente era calculada por meio de percentual sobre o vencimento-base, foi transformada em valores pecuniarios fixos, certo que este iltimo montante seria correspondente & gratificago paga no més anterior & publicacdo da Lei. Inconformado, G.F-L, servidor de tal ente federativo, impetrou mandado de seguranga com vistas a continuar recebendo sob a antiga forma de célculo, ao argumento de que houve violagao a irredutibilidade de vencimentos prevista no art. 37, XV, da CRFB/88, Merece acolhida a pretensdo do impetrante? Descompatibilize eventuais controvérsias, em consonancia com a orientagao do C. STF. 11/08/2017 - Pavia 2 de 10. ESCOLA DA MAGISTRATURA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO RESPOSTA: AI 709155 AgR/ PA - PARA; Relator(a): Min. ROBERTO BARROSO; I* Turma; Julgamento: 03/06/2014: DJE 14-10-2014 EMENTA: AGRAVO REGIMENTAL EM AGRAVO DE INSTRUMENTO. SERVIDOR PUBLICO DO ESTADO DO PARA. GRATIFICACAO DE TEMPO INTEGRAL. DIREITO ADQUIRIDO A REGIME JURIDICO E A FORMA DE CALCULO DA REMUNERACAO. INEXISTENCIA, REDUCAO DEVENCIMENTOS. IMPOSSIBILIDADE. O Supremo Tribunal Federal, a0 julgar o RE 563.965-RG, da relatoria da Ministra Cérmen Lucia, reafirmou a jurisprudéncia no sentido de que nao ha direito adquirido a regime juridico, assegurada a irredutibilidade de vencimentos. Dissentir da concluséo do Tribunal de origem no sentido de que houve decesso remuneratério demandaria a andlise da legislagio local aplicavel ao caso (Lei n° 5.810/1994), bem como dos fatos e do material probatério constantes dos autos. Incidéncia das Stimulas 279 € 280/STF. Precedentes. Agravo regimental a que se nega provimento. RE 563965 / RN - RIO GRANDE DO NORTE . RECURSO EXTRAORDINARIO Relator(a): Min. CARMEN LUCIA Julgamento: 11/02/2009 Orgéo Julgador: Tribunal Pleno EMENTA: DIREITOS CONSTITUCIONAL E ADMINISTRATIVO. ESTABILIDADE FINANCEIRA. MODIFICAGAO DE FORMA DE CALCULO DA REMUNERACAO. OFENSA A GARANTIA CONSTITUCIONAL DA IRREDUTIBILIDADE DA REMUNERACAO: AUSENCIA. JURISPRUDENCIA. LEI COMPLEMENTAR N. 203/2001 DO ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE: CONSTITUCIONALIDADE. 1. 0 Supremo Tribunal Federal pacificou a sua jurisprudéncia sobre a constitucionalidade do instituto da estabilidade financeira e sobre a auséncia de direito adquirido a regime juridico. 2. Nesta linha, a Lei Complementar n. 203/2001, do Estado do Rio Grande do Norte, no ponto que alterou a forma de calculo de gratificagdes e, conseqilentemente, a composiedo da remuneragao de servidores piblicos, no ofende a Constituigao da Repiiblica de 1988, por dar cumprimento ao principio da irredutibilidade da remuneragio. 3. Recurso extraordindrio ao qual se nega provimento. Constituigao anotada, comentarios ao disposto no art, 37, XV, da CRFB/88, disponivel em: http://www stf jus.br/portal/constituicao “O Supremo Tribunal Federal fixou jurisprudéncia no sentido de que nao ha direito adquirido & tegime juridico-funcional pertinente 4 composigdo dos vencimentos ou permanéncia do regime legal de reajuste de vantagem, desde que eventual modificagaio introduzida por ato legislativo superveniente preserve 0 montante global da remuneragao, nfo acarretando decesso de cardter pecuniario, Precedentes.” (RE 593.304-AgR, Rel. Min. Eros Grau, julgamento em 29-9-2009, Segunda Turma, DJEde 23-10-2009.) No mesmo sentido: RE 464.946-AgR , Rel. Min. Dias Toffoli, julgamento em 3-5-2011, Primeira Turma, DJE de 5-8-2011; RE 597.838-AgR , Rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgamento em 1°-2-2011, Primeira Turma, DJE de 24-2-2011; RE 539.370 , Rel. Min. Gilmar Mendes, julgamento em 30-11-2010, Segunda Turma, DJE de 4-3-2011; RE 160.361-AgR- AgR . Rel. Min. Joaquim Barbosa, julgamento em 19-10-2010, Segunda Turma, DJE de 12-11-2010; Al 730.096-AgR , Rel. Min. Ayres Britto, julgamento em 31-8-2010, Segunda Turma, DJE de 22-10- 2010; RE 469.834-AgR, Rel. Min. Cérmen Lucia, julgamento em 30-6-2009, Primeira Turma, DJE de 21-8-2009; DIREITO ADMINISTRATIVO - CP0S - 05 - CPV - 2° PERIODO 2017 11/08/2017 - Pagina 3 de 10 )] ESCOLA DA MAGISTRATURA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO A1G09.997-AgR , Rel. Min. Cezar Peluso, julgamento em 10-2-2009, Segunda Turma, DJE de 13-3 2009; Al 679.120-AgR , Rel. Min. Celso de Mello, julgamento em 4-12-2007, Segunda Turma, DJE de 1°-2-2008; RE 403.922-AgR , Rel. Min. Ellen Gracie, julgamento em 30-8-2005, Segunda Turma, DUE de 30-9-2005. Vide: RE 599.618-ED , Rel. Min, Carmen Licia, julgamento em 1°-2-201 1, Primeira Turma, DJE de 14-3-2011." STF - ARE 961149/SP ; Rel. Min, ROSA WEBER; 1* Turma; DJE 14/12/2016 EMENTA DIREITO ADMINISTRATIVO. POLICIAL FEDERAL. INSTITUICAO DE SUBSIDIO. LEI N° 11.358/2006. SUPRESSAO DE VANTAGEM. INEXISTENCIA DE DIREITO ADQUIRIDO A REGIME JURIDICO. RECURSO EXTRAORDINARIO INTERPOSTO SOB A EGIDE DO CPC/1973. CONSONANCIA DO ACORDAO RECORRIDO COM A JURISPRUDENCIA CRISTALIZADA DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. RECURSO EXTRAORDINARIO QUE NAO MERECE TRANSITO. AGRAVO MANEJADO SOB A VIGENCIA DO CPC/2015. 1. O entendimento da Corte de origem nao diverge da jurisprudéncia firmada no Supremo Tribunal Federal, no sentido de que nao ha direito adquirido a regime juridico, bem como ausente ofensa ao principio da iredutibilidade de vencimentos quando preservado seu valor nominal. 2. As razdes do agravo regimental ndo se mostram aptas a infirmar os fundamentos que lastrearam a deciso agravada, 3. Majorago em 10% (dez por cento) dos honordtios advocaticios anteriormente fixados, obedecidos os limites previstos no art. 85, §§ 2°, 3° e I1, do CPC/2015. 4. Agravo regimental conhecido e ndo provido, com aplicagdo da penalidade prevista no art. 1.021, § 4°, do CPC/2015. Vale destacar, ainda, o seguinte julgado: STF ~ ARE 869569 AgR / ES - ESPIRITO SANTO; AG.REG. NO RECURSO EXTRAORDINARIO COM AGRAVO; Relator(a): Min. DIAS TOFFOLI; Julgamento: 26/05/2015; Orgo Julgador: Segunda Turma Publicacao EMENTA Agravo regimental no recurso extraordinario com agravo. Servidor publico. Estabilidade financeira. Manutenco da forma de composi¢ao da remuneragio ou proventos. Impossibilidade. Inexisténcia de direito adquirido a regime juridico. Restituigo de valores pagos pela Administragio a beneficiério de boa-fé. Auséncia de repercussao geral. Precedentes. 1. E pacifica a jurisprudéncia da Corte no sentido de que, embora constitucional o instituto da estabilidade financeira, ndo ha direito adquirido a regime juridico, ficando assegurada a irredutibilidade de vencimentos. 2. E possivel a0 legislador desvincular, para o futuro, a forma de calcular gratificagao que foi incorporada Peloservidor, submetendo-a aos indices gerais de revisfio, sem que isso represente violagio do texto constitucional, 3. © Plendrio da Corte, no exame do Al n° 841.473/RS, Relator o Ministro Cezar Peluso, reconheceu a auséncia de repercussio geral do tema relativo & "restituigdo de valores pagos indevidamente pela Administragao Pablica a beneficidrio de boa-fé". 4. Agravo regimental no provido. 3* QUESTAO: Astrobaldo Cosmos, servidor concursado para o cargo de agente penitencidrio federal, lotado no Municipio de Campo Grande/MS impetrou mandado de seguranga contra ato do Ministro de Estado da Justica, que indeferiu o seu pedido de remogao para uma das unidades do Distrito Federal. Afirma que é casado com Estrelilda Cosmos desde muitos anos antes de sua aprovagdo e que o casal Possui uma pequena filha, Solana Cosmos. Esclarece que sua esposa foi nomeada e tomou posse no cargo de auxiliar de enfermagem no Hemocentro do Distrito Federal, depois de sua investidura no cargo de agente penitencirio, Sustenta que, em razdo da distincia de sua esposa e filha, esta sofrendo de quadro depressivo-ansioso, baixa auto-estima e dificuldade de concentragio, motivo pelo qual requereu administrativamente sua Femogao, com base no disposto no art. 36, da Lei 8.112/90 e art. 226, da CRFB/S8. O impetrado assevera que a situagdo em anélise ndo é compativel com as hipéteses que a lei autoriza a remogdo. DIREITO ADMINISTRATIVO - CPOS - 05 - CPV - 2° PERIODO 2017 11/08/2017 - Pagina 4 do 10 + Decida a questo, descompatibilizando as controvérsias, luz da orientagao dos Tribunais Superiores, DIREITO ADMINISTRATIVO - CP0S - 05 - CPV - 2° PERIODO 2017 11/08/2017 - Phoina § Ae 19 ESCOLA DA MAGISTRATURA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO fies: RESPOSTA: AgRg no REsp 1453357 / RN; Rel.: HERMAN BENJAMIN; 2a Turma; DJE 09/10/2014 ADMINISTRATIVO. SERVIDOR PUBLICO. REMOCAO A PEDIDO. ART. 36, PARAGRAFO UNICO, III, "A", DA LEI 8.112/90. REQUISITOS NAO PREENCHIDOS. 1. A orientagaio do STJ vem afirmando. que a Constituigdo Federal de 1988, em seu art. 226, consagra © principio da protegdo a familia como base da sociedade brasileira e dever do Estado. Cont tutela a familia ndo € absoluta, Para que seja deferido o deslocamento do servidor pelo Judicidrio, nos casos em que a pretensio for negada pela Administragdo, ele tem de comprovar que sua situagdo se subsume em uma das hipoteses taxativamente previstas para concessio do beneficio quando inexistente interesse administrativo no ato. 2. Verifica-se que a remogdo para acompanhamento de cOnjuge exige prévio deslocamento de qualquer deles no interesse da Administragao, inadmitindo-se qualquer outra forma de alteragao de domicilio. 3. In casu, ndo ficou demostrado que a situagio se encaixa nas hipdteses que preveem a remogo como direito subjetivo do servidor, uma vez que consta nos autos que a recorrida, ora agravante, teve que alterar seu domicilio, em virtude de aprovagao em concurso pblico; assim, estava ciente de que itia assumir 0 cargo em local diverso da residéncia do marido. 4, Ressalto que a jurisprudéncia do STJ ¢ rigorosa ao afirmar que a remogdo requerida pelo servidor para acompanhar cénjuge é ato discriciondrio, embasado em critérios de conveniéncia e oportunidade, em que prevalece a supremacia do interesse puiblico sobre o privado. 5. Ademais, a" teoria do fato consumado visa preservar ndo sé interesses juridicos. mas interesses sociais ja consolidados, nao se aplicando, contudo, em hipdteses contratias a lei, principalmente quando amparadas em provimento judicial de natureza precéria" (REsp 1.189.485/RJ, Rel. Ministra Eliana Calmon, Segunda Turma, Dje 28.6.2010). 6. Agravo Regimental nio provido. STJ: INFORMATIVO 508 (NOVEMBRO DE 2012) - 2° TURMA DIREITOADMINISTRATIVO. REMOCAO DE SERVIDOR PARA ACOMPANHAMENTO DECONJUGE. INTERESSE DA ADMINISTRACAO. A remogao para acompanhamento de cdnjuge ou companheiro exige, obrigatoriamente, que o cénjuge seja servidor piblico deslocado no interesse da Administrago, nfo se admitindo qualquer outra forma de alteragdo de domicilio. nos termos do art. 36, paragrafo tinico, III, a, da Lei n. 8.112/1990. Precedentes citados: AgRg no REsp 1.260.423-CE, DJe 23/2/2012; AgRg na MC 17779-PE, De 30/6/2011. REsp 1.310.531-CE , Rel. Min. Mauro Campbell Marques, julgado em 6/11/2012. STJ: INFORMATIVO 519 (MAIO DE 2013) -3*SECAO . DIREITO ADMINISTRATIVO. DIREITO DE SERVIDOR PUBLICO FEDERAL A REMOCAOPARA ACOMPANHAMENTO DE CONJUGE EMPREGADO DE EMPRESA PUBLICA FEDERAL. O servidor piiblico federal tem direito de ser removido a pedido, independentemente do interesse da Administragdo, paraacompanhar DIREITO ADMINISTRATIVO - CPOS - 05 - CPV - 2° PERIODO 2017 11/08/2017 - Pagina 6 de 10 ] ESCOLA DA MAGISTRATURA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO © seu cOnjuge empregado de empresa piiblica federal que foi deslocado para outra localidade no interesse da Administragao. O art. 36, paragrafo unico. III, "a", da Lei 8.112/1990 confere 0 direito aoservidor piiblico federal de ser removido para acompanhar o seu conjuge "servidor publico civil ou militar, de qualquer dos Poderes da Unido, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municipios" que foi deslocado no interesse da Administragao. A jurisprudéncia do STJ vem atribuindo uma interpretagdo ampliativa ao conceito de servidor pablico para alcangar ndo apenas os que se vinculam & Administragdo Direta, mas também os que exercem suas atividades nas entidades da Administracio Indireta. Desse modo, o disposto no referido dispositivo legal deve ser interpretado de forma a possibilitar 0 reconhecimento do direto de remogao também a0 servidor pilblico que pretende acompanhar seu cénjuge empregado de empresa publica federal, até mesmo porquanto a CF, em seu art. 226, consagra o principio da protesdo a familia, bem maior que deve ser protegido pelo Poder Publico, mormente quando este figura como empregador. MS 14.195-DF, Rel. Min. Sebastiao Reis Junior, julgado em 13/3/2013. No mesmo sentido, cumpre destacar a seguinte decisio monocratica do C. STF: STF: ARE 848231-RN; Rel. Min. Gilmar Mendes; Dje 12/11/2014; Deciso Monocratica Decisdo: Trata-se de agravo contra decisdo de inadmissibilidade de recurso extraordinério que impugna acérdao da Turma Recursal da Seco Judicidria do Estado do Rio Grande do Norte, assim ementado: “CONSTITUCIONAL. ADMINISTRATIVO, SERVIDOR. REMOCAO, ACOMPANHAMENTO DE CONJUGE. SENTENCA DE IMPROCEDENCIA. IMPROVIMENTO DO RECURSO". (eDOC 13, p. 1) No recurso extraordindrio, interposto com fundamento no art. 102, inciso II, alinea a, da Constituigao Federal, sustenta-se, em preliminar, a repercussio geral da matéria deduzida no recurso. No mérito, aponta-se violagdo ao art. 226, do texto constitucional. A recorrente alega, em sintese, que a legislagdo estatutéria relativa a remogdio do servidor deve ser interpretada de acordo com o principio constitucional de protegao a familia. Decido. Nao assiste razio 4 agravante Isso porque o acdrdio recorrido assentou que a recorrente ndo preencheu os requisitos previstos no art, 36, III, da Lei 8.12/90, para efetivacdo da remogiio, nos seguintes termos: “A jurisprudéncia vem entendendo que tal direito abrange o cénjuge ou companheiro que seja nao apenas servidor da Administragdo Direta, mas também da Administracdo Indireta, como jungidos & empresa publica (STJ, 3°, Segdo, MS 14195/DF, rel. Min, Sebastido Reis Junior, DJe 19/03/2013). Porém, a hipdtese legal ndo engloba o cénjuge servidor que, a0 tempo da mudanga, j4 nao residia na mesma localidade do cénjuge ou companheiro. E que a assungio de cargo ou fungao piiblica em localidade diversa pressupée a aceitagdo em nao viver sob o mesmo teto. A propésito: "2. O art, 36, inc. III, alinea "a", da Lei n. 8.1 12/1990 ampara o deslocamento para acompanhar cénjuge ou companheiro que também seja servidor e quetenha sido DIREITO ADMINISTRATIVO - CPOS - 05 - CPV - 2° PERIODO 2017 11/08/2017 - Pésina 7 de 10 ESCOLA DA MAGISTRATURA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO deslocado no interesse da Administragio, nao sendo este 0 caso da recorrente. 3. A servidora em questo, quando daposse no cargo de Agente de Policia Federal, tinha ciéncia de que poderia ndo ser lotada no Estado onde seu cdnjuge exercia atividade, sendo invidvel agora requerer direito nao amparado por lei" (STJ, 6. T., AgRg no REsp 643001/CE, rel. Min, Og Fernandes, DJe 30/08/2013). Igualmente: "Esta Corte consolidou o entendimento de que a regra do art. 84 da Lei n, 8.12/90 somente gera direito & remogao para acompanhamento do cénjuge quando efetivamente ocorre o destocamento de um dos membros do casal Por interesse da administragio. Entretanto, nao ¢ o caso de aplicago da norma em epigrafe quando ocorre a primeira investidura em cargo piiblico. Precedentes" (STJ, 5*. T., AgRg no RMS 30867/PE, rel. Min. Jorge Mussi, DJe 04/12/2012). Caso concreto onde a parte autora é domiciliada em Currais Novos/RN e o cdnjuge estava em Quixada/CE, tendo sido transferido para Fortaleza/CE. Ou seja, quando da assungdo de seu cargo em Currais Novos/RN, em maio de 2012, a parte autora jé nao residia conjuntamente com 0 cénjuge, ndo se podendo valer do preceito legal". Nesses termos, para entender de forma diversa do consignado pelo acérdio recorrido, imprescindivel 0 exame de legislagao infraconstitucional, qual seja a Lei 8.112/90, a fim de se verificar a implementagaio dos requisitos legais, providéncias vedadas em sede de recurso extraordinario. Assim, verifica-se que a matéria debatida pelo tribunal de origem restringe-se ao Ambito infraconstitucional, de modo que a ofensa & Constituigdo, se existente, dar-se-ia de forma reflexa ou indireta, o que inviabiliza © processamento do presente recurso. Neste sentido: “CONSTITUCIONAL. ANALISE DE NORMA INFRACONSTITUCIONAL. LEI 8.112/90. OFENSA INDIRETA A CONSTITUICAO. EXAME DO CONJUNTO FATICO-PROBATORIO CONSTANTE DOS AUTOS. SUMULA 279 DO STF. INCIDENCIA. ALEGADA OFENSA AO ART. 93, IX, DA CONSTITUICAO. AGRAVO IMPROVIDO. I - 0 acérdio recorrido dirimiu a questo dos autos com base na legislagio infraconstitucional aplicdvel a espécie. Inadmissibilidade do RE, porquanto a ofensa 4 Constituigao, se ocorrente, seria indireta. II - Para se chegar & conclusdo contraria & adotada pelo acérdao recorrido, necessério seria o reexame do conjunto fitico-probatério Constante dos autos, o que atrai a incidéncia da Simula 279 do STF. III - Nao hé contrariedade ao art. 93, IX, da Constituigo, quando 0 acérdiio recorrido encontra-se suficientemente fundamentado. IV - Agravo regimental improvido."(Al-AgR 685.872, Rel. Min. RICARDO LEWANDOWSKI. Primeira Turma, DJe 13.3.2009) Ademais, no se mostra razodvel invocar o principio da protegio & familia, uma vez que nao se trata de remogao de servidor piblico, mas sim de lotagio inicial de candidato aprovado em concurso publico. Neste sentido, 0 seguinte julgado: . “AGRAVO REGIMENTAL. ADMINISTRATIVO. PEDIDO DE REMOGAO. IMPOSSIBILIDADE. CONCURSO PUBLICO. LOTACAO INICIAL. PREVISAO EDITALICIA. CONVENIENCIA DA ADMINISTRACAO PUBLICA. AGRAVO IMPROVIDO, I - A orientagdo desta Corte é no sentido de afastar a incidéncia do art. 226 da Lei Maior DIREITO ADMINISTRATIVO - CP0S - 05 - CPV - 2° PERIODO 2017 11/08/9017. Péoina & da 10, ESCOLA DA MAGISTRATURA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO como fundamento para concessio de remogdo de servidor piblico na hipétese em que nao se pleiteia a Femogdo para acompanhar cénjuge, mas sim a lotagdo inicial de candidato aprovado em concurso piiblico, Precedentes. I ~ Fixada pela Administragdo a lotacao inicial do servidor, conforme regras previamente definidas no edital do concurso, inviével a remogao pretendida, sob pena, inclusive, de ingeréncia do Judiciario em assunto proprio da Administragdo Publica. Precedentes. III - Agravo regimental improvido". (RE-AgR 602.605/CE, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, 2° Turma, DJe 13.3.2012) "AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO EXTRAORDINARIO. REMOCAO, SERVIDOR PUBLICO. ARTIGO 226 DA CONSTITUIGAO DO BRASIL. CONCURSO PUBLICO. LOTACAO INICIAL. O Supremo Tribunal Federal, em caso andlogo ao presente, afastou a incidéncia do art. 226 da Constituigdo do Brasil como fundamento da concessio de remogdo de servidor publico quando o feito, como ocorre nestes autos, refere-se no 4 remogdo para acompanhar cénjuge ou companheiro e sim & lotagao inicial de candidato aprovado em concurso piiblico, cujo edital previa expressamente a possibilidade de sua lotagio em outros Estados da Federacao. Precedente. Agravo regimental a que se nega provimento.” (RE-AGR 587.260/RN, Rel. Min. Eros Grau, DJe 23.10.2009) Assim, nao ha o que prover quanto as alegagdes recursais. Ante 0 exposto, conhego do agravo para negar seguimento ao recurso extraordinério (art. 544, § 4°, I, b, do CPC). Publique-se. Brasilia, 7 de novembro de 2014, Ministro Gilmar MendesRelator STJ- Agint no Agint no AREsp 884617 / RJ; Rel. Min, REGINA HELENA COSTA; |* Turma; Dje 03/10/2016 PROCESSUAL CIVIL. ADMINISTRATIVO. SERVIDOR PUBLICO. AGRAVO INTERNO NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. CODIGO DE PROCESSO CIVIL DE 2015. . APLICABILIDADE. ARGUMENTOS INSUFICIENTES PARA DESCONSTITUIR A DECISAO ATACADA. EXERCICIO PROVISORIO DE ADVOGADA DA UNIAO. AUSENCIA DE COMBATE A FUNDAMENTOS AUTONOMOS DO ACORDAO. APLICAGAO DO OBICE DA SUMULA N. 283/STF. PRAZO DE TRES MESES PARA IMPUGNACAO. CERCEAMENTO DE DEFESA. REVISAO. IMPOSSIBILIDADE. SUMULA N. 7/STJ. INCIDENCIA. REMOCAO PARA ACOMPANHAMENTO DE CONJUGE. APROVACAO EM CONCURSO PARA CARGO DE PROVIMENTO ORIGINARIO. NAO CONFIGURACAO DE DIREITO ADQUIRIDO. OBSERVANCIA DO ENQUADRAMENTO LEGAL. INCIDENCIA DA SUMULA N. 83/STJ. INOVACAO RECURSAL. IMPOSSIBILIDADE DE ANALISE. TESE NAO VENTILADA NO RECURSO ESPECIAL. c IV -E pacifico o entendimento no Superior Tribunal de Justiga segundo o qual a tutela a familia ndo pode set vista de forma absoluta, cabendo aos interessados a observancia ao enquadramento legal, de modo que ni ha direito adquirido a remogao para acompanhamento de cénjuge nas hipéteses de aprovagaio em concurso piblico para cargo de provimento origindrio, em virtude da transferéncia do domicilio ser do interesse do préprio cénjugue. V - 0 recurso especial, interposto pelas alineas a e/ou ¢ do inciso III do art. 105 da Constituigdo da Repiiblica, nao merece prosperar quando o acérdiio recorrido encontra-se emsintonia com a DIREITO ADMINISTRATIVO - CP05 - 05 - CPV - 2° PERIODO 2017 11/08/2017 - Péoina 9 de 10, ee ESCOLA DA MAGISTRATURA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO jauisis jurisprudéncia desta Corte, a teor da Stimula n, 83/STI. VI- A Agravante no apresenta, no agravo, argumentos suficientes para desconstituir a decisto recorrida, () STJ - AgRg no REsp 1339071 / PR; Rel. Min. NAPOLEAO. NUNES MAIA FILHO; 22/06/2016 ADMINISTRATIVO E. PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO REGIMENTAL EM RECURSO ESPECIAL, SERVIDOR PUBLICO. PEDIDO DE REMOCAO PARA ACOMPANHAR CONJUGE. NAO PREENCHIMENTO DOS REQUISITOS DO ART. 36, I, A DA LEI 8.11/90. AGRAVO REGIMENTAL DESPROVIDO. 1. De acordo com o art. 36, II, a da Lei 8.112/90, a remogio para acompanhamento de cénjuge exige prévio deslocamento de qualquer deles no interesse da Administragao, inadmitindo-se qualquer outra forma de alteragao de domicilio. 2. O caso dos autos ndo se encaixa nas hipéteses que prevéem a remogdo como direito subjetivo do Servidor, uma vez que a agravante teve que alterar scu domicilio em virtude de aprovagao em concurso publico, portanto em interesse proprio, estando assim ciente de que iria assumir 0 cargo em local diverso da residéncia do marido. Precedentes: AgRg no REsp. 1,453.357/RN, Rel. Min. HERMAN BENJAMIN, DJe 9.10.2014; AgRg no AREsp. 201.588/CE, Rel. Min. BENEDITO GONGALVES, Die 8.8.2014. 3. Destaque-se, ainda, quanto a possivel aplicagiio da teoria do fato consumado a socorrer a pretensiio deduzida nos autos pelos Agravantes, além dos possiveis dbices consubstanciados na falta de amparo legal do direito invocado e mesmo da tutela judicial precéria de que se valeu a Agravante, se é certo que a mesma permaneceu lotada em Curitiba no periodo de 2007 4 2012, é também verdadeiro que. com a suspensdo da liminar, a mesma ja retornou a sua lotagdo original - Unido da Vitéria - desde o ano de 2012, pelo que se evidencia ndo estar a situagilo consolidada pelo tempo, afastando-se, também por esta razio. 0 reconhecimento do fato consumado. 4, Agravo Regimental desprovido. * Turma; Dje DIREITO ADMINISTRATIVO - CP0S - 05 - CPV - 2° PERIODO 2017 11/08/2017 - Pagina 10 de 10 ESCOLA DA MAGISTRATURA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO Turma: CPV B 22017 Disciplina/Matéria: DIREITO ADMINISTRATIVO Sessio: 04 - Dia 15/08/2017 - 10:10 as 12:00 Professor: GUILHERME BRAGA PENA DE MORAES 04 Tema: Responsabilidade do servidor piiblico. Responsabilidade civil, penal e administrativa. Processo Administrativo Disciplinar. 1? QUESTAO: Aparecido Bulows, servidor piblico federal, foi demitido apés o devido processo administrativo, em decorréncia de violagao de seus deveres funcionais. Posteriormente, contudo, foi absolvido em ambito penal pelos mesmos fatos, na forma do art. 386, III, do CPP, ou seja, diante do reconhecimento da aticipicidade da conduta, na medida em que foi denunciado por peculato mas o dolo nao restou caracterizado, Diante de tais circunsténcias, Aparecido Bulows propde demanda no sentido de anular 0 seu ato demissional, sob o fundamento de que a sua absolvigao na esfera penal, no caso, deve surtir efeitos no dmbito da responsabilidade administrativa. Analise a pretensao deduzida, em consondncia com o entendimento dos Tribunais Superiores. DIREITO ADMINISTRATIVO - CPOS - 05 - CPV - 2° PERIODO 2017 11/08/2017 - Pagina | de 10 "| ESCOLA DA MAGISTRATURA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO RESPOSTA: Stmula 18 STF: Pela falta residual. nao compreendida na absolvigdo pelo juizo criminal, é admissivel a punicdo administrativa do servidor piblico. STF: RE 785677 AgR / SP - SAO PAULO; Relator(a): Min. RICARDO LEWANDOWSKI Julgamento: 05/08/2014 Orgéo Julgador: Segunda Turma; DJE 15/08/2014 Ementa: AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO EXTRAORDINARIO. ADMINISTRATIVO.RESPONSABILIDADE DO SERVIDOR EM RELACAO AOS SEUS DEVERES. AUTONOMIA DAS ESFERAS CIVEL, PENAL E ADMINISTRATIVA. ABSOLVICAO NA ESFERA PENAL POR AUSENCIA DE PROVAS. CONDENACAO ADMINISTRATIVA A PERDA DO CARGO. INCABIVEL O REEXAME DE FATOS E PROVAS, SUMULA 279. AGRAVO REGIMENTAL A QUE SE NEGA PROVIMENTO. I - A jurisprudéncia do Supremo Tribunal Federal é firme no sentido da autonomia das esferas civeis, penais e administrativas no que concerne & imputago deresponsabilidade de servidor publico em relagio aos seus deveres funcionais. II -O julgamento na esfera administrativa nao se vincula decisio que, no processo-crime, absolveu o réu por auséncia de provas. Invidvel, nesta sede, o reexame do conjunto fatico-probatério, Stimula 279 do STF. III - Agravo regimental a que se nega provimento. STJ: AgRg no RMS 33949 / PE; Rel. Min. CASTRO MEIRA; 2° Turma; DJE 16/08/2013 MANDADO DE SEGURANCA. RECURSO ORDINARIO. AGRAVO REGIMENTAL. PROCESSO ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR. POLICIAL MILITAR DO ESTADO DE PERNAMBUCO. PENA DE DEMISSAO. FALTA. ADMINISTRATIVA RESIDUAL. SUSPENSAO DO PROCESSO. ADMINISTRATIVO ATE O TRANSITO EM JULGADO DO. PROCESSO CRIMINAL. INDEPENDENCIA DAS ESFERAS ADMINISTRATIVA E CRIMINAL. INEXISTENCIA DE PROVA PRE-CONSTITUIDA DO DIREITO ALEGADO, RECURSO ORDINARIO IMPROVIDO. 1. Considerada a independéncia entre as esferas criminal e administrativa, é desnecessério 0 sobrestamento do procedimento administrativo disciplinar até o transito em julgado da agio penal. Assim, a imposigao de sangio disciplinar pela Administragao Piblica, quando comprovado que 0 servidor praticou ilicito administrativo, prescinde de anterior julgamento na esfera criminal. Precedentes. 2. Ainda que haja previsdo legal de suspensao do feito disciplinar que apura falta administrativa decorrente de crime, até o trénsito em julgado na esfera penal, cabe 4 Administragdo, a0 examinar 0 caso concreto, averiguar se ha falta administrativa residual ¢ se hd necessidade ou no de seu sobrestamento. considerado-se a independéncia entre as instincias e o fato de que a absolvigao criminal sé afasta a responsabilidade adh istrativa se negar a existéncia do fato ou da autoria, 3. No caso, segundo 0 acérdtio recortido, o fato que ensejou a exclusio do recorrente dos quadros da Policia Militar de Pernambuco foi a conduta irregular de faltar com a verdade em procedimento disciplinar, conjugada com seu nada elogiavel histérico funcional, e nao a autoria de agressio fisica ou de ato criminoso. 4. Agravo regimental néo provido. MS 20556 / DF; Rel. Min. BENEDITO GONCALVES; I* Segao; Dje 12/2016 PROCESSUAL CIVIL E ADMINISTRATIVO. MANDADO DE SEGURANCA. PROCESSO ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR. AUDITOR DA RECEITA FEDERAL. DEMISSAO. ART. 132, IV, DA LELN. 8.212/90. INDEPENDENCIA DAS INSTANCIAS PENAL E ADMINISTRATIVA. VINCULAGAO APENAS NO CASO DESENTENGA. DIREITO ADMINISTRATIVO - CPOS - 05 - CPV - 2° PERIODO 2017 11/08/2017 - Pagina 2 de 10 4J] ESCOLA DA MAGISTRATURA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO PENAL ABSOLUTORIA COM BASE EM PROVA DA INEXISTENCIA DO CRIME OU DA NEGATIVA DE AUTORIA. INDEPENDENCIA ENTRE DECISAO QUE RECONHECE A INEXIGIBILIDADE DE TRIBUTO E A QUE AFIRMA A OCORRENCIA DE FALTA FUNCIONAL. CONTROLE JURISDICIONAL DO PROCESSO ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR. EXAME DA REGULARIDADE DO PROCEDIMENTO E DA LEGALIDADE DO ATO. IMPOSSIBILIDADE DE INCURSAO DO MERITO DO ATO ADMINISTRATIVO. AUSENCIA DE DIREITO LIQUIDO E CERTO. ORDEM DENEGADA. 1, Mandado de segurana contra ato do Ministro de Estado da Fazenda, que aplicou a pena de demissio a Auditor da Receita Federal, nos termos do art. 132, IV, da Lei n. 8.12/90. 2. O impetrante sustenta violagio a seu direito liquido e certo por: a. haver sido absolvido na esfera criminal; b. haver sido reconhecida administrativamente a inexigibilidade do tributo discutido em processo administrativo fiscal; c. nao haver agido com dolo. 3. As insténcias penal e administrativa so independentes, sendo que a tnica vinculagdo admitida ‘corre quando, na seara criminal, restar provada a inexisténcia do fato ou a negativa de autoria. Hipétese em que o impetrante foi absolvido por falta de dolo de lesar o Sistema Financeiro Nacional (art. 22, pardgrafo tinico, da Lei 7492/86) ao remeter divisas ao exterior, o que nao é incompativel com sua condenagio pela infragao disciplinar consistente em amealhar patriménio a descoberto quando do exereicio das fungdes de Auditor da Receita Federal (art. 132, IV da Lei n. 8.12/90, combinado com art. art. 9°, VII da Lei 8429/92). Precedentes. 4. Decisdo administrativa acerca da inexigibilidade de tributo em virtude de remessa de divisas para 0 exterior que nao vincula a decisdo administrativo-disciplinar acerca da falta funcional. Instancias independentes, 5. O controle do processo administrativo pelo Poder Judiciério deve restringir-se a verificagao de vicios capazes de ensejar nulidade, sendo-Ihe defeso adentrar no mérito administrativo, salvo patente infragdo a garantias processuais ou principios da ordem juridica, Precedentes. 6. Seguranga denegada, 2" QUESTA MS.P., servidor piblico federal, apés processo administrativo, foi demitido em decorréncia da utilizagao do cargo para a obtengo de proveito pessoal, bem como por ato de improbidade administrativa, em decorréncia da emissdo de guias de abastecimentos para veiculos inexistentes ou ‘em quantidade superior & capacidade dos tanques das viaturas, Inconformado, M.S.P. impetta mandado de seguranga, sob o fundamento de que o processo administrativo disciplinar esta eivado dos seguintes vicios, que afirma serem insandveis: a) Impossibilidade de ser punido na esfera administrativa por ato de improbidade, sujeito a reserva de jurisdigao, na forma da Lei 8429/92. b) Inobservancia do contraditério e da ampla defesa na fase de sindicancia. ) Auséncia de exposi¢ao detalhada dos fatos na portaria inaugural do processo administrativo. 4) No transcurso do processo administrativo disciplinar, foram apurados fatos que no constavam da sindicdncia, tampouco apontados na portaria inaugural, que foram determinantes para a aplicagao da pena de demissao. ‘Analise cada um dos argumentos acima mencionados, em consondincia com a jurisprudéncia do STJ. DIREITO ADMINISTRATIVO - CPO0S - 05 - CPV - 2° PERIODO 2017 11/08/2017 - Pagina 3 de 10 ESCOLA DA MAGISTRATURA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO RESPOSTA: LETRA STJ: INFORMATIVO 505 (outubro de 2012) - 3" SECAO DIREITO ADMINISTRATIVO. PROCESSO ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR (PAD). DEMISSAO POR IMPROBIDADE ADMINISTRATIV. E possivel a demissio de servidor por improbidade administrativa em processo administrativo disciplinar. A pena de demissio nao é exclusividade do Judiciério, sendo dever indeclinavel da Administragao apurar e, eventualmente, punir os servidores que vierem a cometer ilicitos de natureza disciplinar, conforme o art. 143 da Lei n. 8.112/1990. Conforme o entendimento da Terceira Segaio do STJ, em face da independéncia entre as esferas administrativas ¢ penais, o fato de o ato demissorio no defluir de condenagdo do servidorexarada em processo judicial nao implica ofensa aos ditames da Lei n. 8.492/1992, nos casos em que a citada sangdo disciplinar é aplicada como punigdo a ato que pode ser classificado como de improbidade administrativa, mas nao esté expressamente tipificado no citado diploma legal, devendo, nesses casos, preponderar a regra prevista na Lei n. 8.112/1990. Precedentes citados: MS 15.054-DF, DJe 12/19/2011, e MS 12.536-DF, De 26/9/2008. MS 14.140 DE , Rel. Min, Laurita Vaz, julgado em 26/9/2012, LETRA B; MS 19243 / DF; Rel: Min. ELIANA CALMON; |* SEGAO; DJE: 20/09/2013 MANDADO DE SEGURANCA - LITISPENDENCIA NAO COI IFIGURADA - LEGITIMIDADE PASSIVA AD CAUSAM - DIREITO ADMINISTRATIVO - SINDICANCIA INVESTIGATIVA OU APURATORIA DE SUPOSTA INFRACAO COMETIDA POR SERVIDORES PUBLICOS - NATUREZA INQUISITORIAL - DESNECESSIDADE DE CONTRADITORIO E AMPLA DEFESA - AUSENCIA DE DIREITO LIQUIDO E CERTO AO ACESSO AS INFORMACOES CONSTANTES DO PROCESSO, 1. Distintos os atos combatidos no presente writ em relagdo aos tratados no MS 19.242/DF, nao se configura a litispendéncia aduzida pela autoridade impetrada. 2. Sendo o Ministro Chefe da Controladoria-Geral da Unido signatario das respostas oferecidas aos questionamentos feitos pelos impetrantes, evidencia-se sua legitimidade passiva ad causam, 3. Tratando-se a sindicdncia investigativa ou apuratéria de procedimento com natureza inquisitorial preparatoria, prescinde ela da observancia dos principios constitucionais do contraditério e da ampla defesa, os quais serdio devidamente respeitados se desse processo sobrevier formal acusagdo aos servidores puiblicos. Precedentes. 4. A luz dos arts. 7°, § 3°. € 23, VIII, da Lei 12.527/2011, bem como do art. 6° da Portaria CGU n® 3353/2006, considerando o carater sigiloso do contetido do procedimento apuratorio, ndo se vislumbra direito liquido e certo dos impetrantes ao acesso as informag6es constantes do proceso, notadamente as relativas & pessoa do denunciante. 5. Seguranga denegada. STJ- RMS 45897 / MG; Rel. Min. HUMBERTO MARTINS; 2A Turma; Dje 17/06/2016 ADMINISTRATIVO. SERVIDOR PUBLICO ESTADUAL. PROCESSO DIREITO ADMINISTRATIVO - CPOS - 05 - CPV - 2° PERIODO 2017 11/08/2017 - Paoina 4 de 10 ESCOLA DA MAGISTRATURA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO ADMINISTRATIVODISCIPLINAR. SINDICANCIA PRELIMINAR. PRESCINDIBILIDADE DE DEFESA. PRECEDENTES. MERITO ADMINISTRATIVO. OBSERVANCIA DA AMPLA DEFESA E CONTRADITORIO. AUSENCIA DE ILICITOS, NECESSIDADE DE DILACAO PROBATORIA, INADEQUACAO DO WRIT. 1. A sindicincia investigatéria ou inquisitorial, quando preparatéria do processo administrativo disciplinar, prescinde de defesa ou mesmo da presenca do investigado, 2. "Na linha da jurisprudéncia desta E. Corte, o controle do Poder Judiciario no tocante aos processos administrativos disciplinares restringe-se ao exame do efetivo respeito aos principios do contraditorio, da ampla defesa e do devido processo legal, sendo vedado adentrar no mérito administrativo. O controle de legalidade exercido pelo Poder Judiciirio sobre 6s atos administrativos diz respeito ao seu amplo aspecto de obediéncia aos postulados formais materiais presentes na Carta Magna” (RMS 34.294/RJ, Rel. Ministro OG FERNANDES, SEGUNDA TURMA, julgado em 20/08/2015, DJe 04/09/2015.), 3. Na hip6tese dos autos, ndo ha prova pré-constituida a indicar que 0 processo administrativo disciplinar que culminou na demissio do recorrente tenha desatendido aos postulados da ampla defesa e do contraditério. Consoante destacou o Tribunal a quo, "as formalidades em relago ao processo administrativo foram devidamente observadas, tendo sido os servidores interrogados com a presenga de seus advogados e apresentado defesa”. 4. A pretensio almejada pelo impetrante, ora recorrente, é uma nova avaliagiio pelo Poder Judicidrio dos fatos apurados no processo administrativo para demonstrar que no houve os ilicitos que foram apurados (desvio dos valores relativos a taxa), o que, a toda evidéncia, demandaria dilagao probatoria, incabivel pela via do mandamus. 5. Por fim, conforme registrou o parecer do Parquet Federal, "a absolvigio do Tecorrente no processo-crime instaurado para a apuragtio dos mesmos fatos deu-se por auséncia de provas, fundamento que ndo vincula a esfera administrativa, a teor de consolidada jurisprudéncia dessa Egrégia Corte Superior de Justiga”. 6. "As esferas criminal e administrativa so independentes, estando a Administragio vinculada apenas & decisdo do juizo criminal que negar a existéncia do fato ou a autoria do crime. Precedentes: Resp 1.226.694/SP, Rel. Ministro Humberto Martins, Segunda Turma, Dje 20/9/2011; REsp 1.028.436/SP. Rel. Ministro Amaldo Esteves Lima, Quinta Turma. DJe 3/11/2010: REsp 879.734/RS, Rel. Ministra Maria Thereza de Assis Moura, Sexta Turma, De 18/10/2010; RMS 10.496/SP, Rel. Ministra Maria Thereza de Assis Moura, Sexta Turma. Dje 9/10/2006" (RMS 32.641/DF, Rel. p/ Acérdao Ministro BENEDITO GONCALVES, PRIMEIRA TURMA. julgado em 08/11/2011, DJe 11/1 1/2011.). Recurso ordinatio improvido. LETRA C: STJ: INFORMATIVO 494 (ABRIL DE 2012) - 3" SECAO. PAD. DEMISSAO, AUDITOR DO INSS. O impetrante suscitou varios vicios no processo administrativo dis. demissao do cargo de Auditor Fiscal linar que culminou com a sua DIREITO ADMINISTRATIVO - CPO - 05 - CPV - 2° PERIODO 2017 11/08/2017 - Pavina S de 10 ESCOLA DA MAGISTRATURA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO daPrevidéncia Social. A Segao, porém, nio constatou o suposto direito liquido e certo invocado na impetracdo, por nio terem sido comprovados de plano, o que ¢ indispensdvel na ago mandamental. Quanto ao primeiro deles, a Secio ratificou entendimento do STJ no sentido da inexigibilidade da narrativa minuciosa dos fatos na portaria inaugural do processo disciplinar, tendo em vista que a finalidade principal do mencionado ato é dar publicidade & designagio dos agentes responsdveis pela instrucdo do feito. Destarte, a descrig’io pormenorizada das condutas imputadas a cada investigado foi tealizada na fase do indiciamento, No que diz respeito 4 composigao da comissdo de processo disciplinar, o art, 149 da Lei n, 8.112/1990 reza que apenas o presidente do colegiado tenha a mesma hierarquia, sejaocupante de cargo efetivo superior ou de mesmo nivel, ou tenha escolaridade igual ou superior & do indiciado, mas ndo dos demais membros da comissio. Também nao hé nulidade na auséncia de termo de compromisso do secretério da comissio, uma vez que a nomeagdo para a fungdo de membro de comissio de PAD decorre da propria lei e recai sobre servidor puiblico, cujos atos gozam da presungo de veracidade. Quanto ao aproveitamento, em PAD, de prova licitamente obtida mediante o afastamento do sigilo telefénico em investigagio criminal ou ago penal, o STJ tem aceito a sua utilizagdo, desde que autorizada a sua remessa pelo juizo responsavel pela guarda dos dados coletados, devendo ser observado, no Ambito administrativo, o contradit6rio, Por iltimo, nao pode ser declarada a incompeténcia da comissdo processante por ter conduzido a fase instrutéria do PAD inteiramente no émbito do Ministério da Previdéncia Social, apesar do advento, ainda no curso do processo, da Lei n. 11.457/2007, que transformou 0 cargo de Auditor-Fiscal da Previdéncia Social no de Auditor-Fiscal da Receita Federal do Brasil, nao sendo necessario o envio dos autos para o Ministério da Fazenda. A referida lei nio estabeleceu nenhum dbice a tramitagio dos processos pendentes no ambito do INSS e do Ministério da Previdéncia Social, Na verdade, apenas autorizou a transferéncia desses feitos para a Secretaria da Receita Federal do Brasil, do Ministério da Fazenda, apés a realizagao de inventario, o que é bem diferente de determinar, peremptoriamente, tal remessa. A realizagio do PAD compete ao drgiio ou entidade piblica ao qual o servidor encontra-se vinculado no momento da infragdo, até porque esse ente & © que est mais préximo dos fatos, e possui, em todos os sentidos, maior interesse no exame de tais condutas. Precedentes citados: MS 13.955-DF. DJe 19/8/2011; MS 9.421-DF, DJ 17/9/2007; MS 8.553- DF, DJe 20/2/2009, e MS 14.598-DF, 11/10/2011. MS 14.797-DF , Rel. Min. DIREITO ADMINISTRATIVO - CPOS - 05 - CPV - 2° PERIODO 2017 11/08/2017 - Pagina 6 de 10 ESCOLA DA MAGISTRATURA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO OgFernandes, julgado em 28/3/2012. LETRA D) STJ: INFORMATIVO 457 (NOVEMBRO DE 2010) - 3: SECAO. SERVIDOR PUBLICO. PAD. DEMISSAO. Trata-se de mandado de seguranga impetrado por servidor publico contra ato que o demitiu do cargo de médico do quadro do Ministério da Satide, em razio da pratica de improbidade administrativa e do uuso do cargo para lograr proveito pessoal de outrem em detrimento da dignidade da fungao piblica. Entre outras alegagdes, sustenta o impetrante que, apés a oitiva de 13 testemunhas e da andlise de documentos e vistorias, concluiu a comissdo de sindicancia pela auséncia de provas das acusagdes, ‘mas, em vez de ser determinado o arquivamento da sindicdncia nos termos do art. 144 da Lei n. 8.112/1990, houve a sua convolagao em processo administrativo disciplinar (PAD). Inicialmente, esclareceu a Min. Relatora que a sindicancia, como procedimento preparatério e prévio A abertura do PAD, é dispensdvel quando houver elementos suficientes para a instauragao do referido processo, Assim, ndo incorre em nulidade a instaurag3o de PAD com o fim de apurar novas infragdes além daquelas objeto de exame inicial na sindicdncia prévia. Salientou que, para a instauracdo de PAD, no € obrigatéria a indicagdo de todos os ilfcitos imputados ao servidor, pois, somente apds a instrugao, momento no qual a Administragao coligiré todos os elementos probatérios aptos a comprovar possivel conduta delitiva do investigado, a comissio processante sera capaz de produzir um relato circunstanciado dos ilicitos supostamente praticados. Desse modo, entendeu a Min. Relatora que a penalidade disciplinar foi devidamente motivada pela existéncia de provas suficientes da pratica das infragdes que serviram de fundamento para a demissao do servidor, a afastar a ocorréncia de seu direito liquido e certo. Destarte, como as infragdes praticadas pelo impetrante enquadraram-se, de acordo com o ato impetrado, no disposto no art. 132 da Lei n, 8.112/1990, a autoridade coatora nto fez mais do que cumprir a determinagdo legal de demissio doservidor. Diante desses argumentos, entre outros, a Sepdo negow a seguranea. Precedentes citados: MS 10.160-DF, DJ 11/12/2006; RMS 12.827-MG, DJ 2/2/2004; MS 12.927-DF, DJ 12/2/2008: MS 12.429-DF, DJ 29/6/2007, e MS 13,091-DF. DJe 7/3/2008. MS 12.935-DF , Rel. Min, Maria Thereza de Assis Moura, julgado em 24/11/2010. 3" QUESTAO: Lorilidio. apés o devido processo administrativo, foi demitido dos cargos de médico que ocupava, em razio de acumulacao ilegal, consubstanciada no exercicio de 3 (trés) cargos de médico junto ao Poder Pablico, um perante o INSS, outro na Secretaria Estadual de Meio Ambiente ¢ 0 terceiro junto ao Hospital Nossa Senhora, controlado pela Unido. Inconformado, Lorilidio impetrou mandado de seguranga contra a penalidade que Ihe foi imposta, sob 0 fundamento de que é nulo o processo administrativo que culminou na sangfo impugnada, na medida em que a Lei n° 8112/90 exige a comprovacao da mé-fé para a demissao, a qual nao poderia ter sido presumida, pelo simples fato de nao ter optado por 2 (dois) dos 3 (trés) cargos, em momento oportuno. Diante dessa situagio hipotética, analise se o argumento suscitado pelo impetrante merece acolhida, bem como esclarega até que momento a op¢do aventada por Lorilidio poderia ter sido exercida. Enfrente, enfim, se a acumulagdo ilicita de cargos configura improbidade administrativa, tudo em consonéncia com a orientagao dos Tribunais Superiores. DIREITO ADMINISTRATIVO - CPO0S - 05 - CPV - 2° PERIODO 2017 11/08/2017 - Pagina 7 de 10 ESCOLA DA MAGISTRATURA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO RESPOSTA: Letras ae b) De acordo com 0 art. 133, caput, da Lei 8112/90, o servidor devera optar no prazo de 10 dias, contados da ciéncia da respectiva notificagio, sendo que, de acordo com 0 §5°, do aludido dispositivo, sua boa-fé restard configurada se a opeio ocorrer até o ultimo dia do prazo conferido para a defesa, RE 613399 AgR/ RJ - RIO DE JANEIRO- AG.REG. NO RECURSO EXTRAORDINARIO- Relator (a): Min. RICARDO LEWANDOWSKI- Julgamento: 14/08/2012 Oreo Julgador: Segunda Turma Ementa: AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO EXTRAORDINARIO. ADMINISTRATIVO. SERVIDOR PUBLICO. CUMULACAO TRIPLICE. VENCIMENTOS E DOIS PROVENTOS. CARGOS DE MEDICO. IMPOSSIBILIDADE. PRECEDENTES. AGRAVO IMPROVIDO. 1-0 Supremo Tribunal Federal entende que somente se admite a acumulagio de proventos ¢ vencimentos Quando se tratar de cargos, empregos ou fungdes acumulveis na atividade. II - Incabivel, portanto, a acumulagdo de dois proventos de inatividade com vencimentos de cargo efetivo, uma vez que a veda¢ao 4 cumulagdo de trés cargos ou empregos de médico jé existia quando o servidor se encontrava na ativa. III - Agravo regimental improvido, MS 23917 / DF - DISTRITO FEDERAL- RECURSO EM MANDADO DE SEGURANCA Relator(a): Min. RICARDO LEWANDOWSKI- Julgamento: 02/09/2008 Orgio Julgador: Primeira Turma EMENTA: RECURSO ORDINARIO EM MANDADO DE SEGURANGA. ACORDAO PROFERIDO PELA TERCEIRA SECAO DO SUPERIOR TRIBUNAL DE. JUSTIGA, QUE DENEGOU MANDADO DE SEGURANCA IMPETRADO CONTRA ATO DO MINISTRO DE ESTADO DA PREVIDENCIA E ASSISTENCIA SOCIAL. DEMISSAO. DO CARGO DE MEDICO DO QUADRO DE PESSOAL DO INSS.ACUMULACAO ILEGAL DE EMPREGO PUBLICO EM TRES CARGOS. PRESUNCAO DE MA-FE, APOS REGULAR NOTIFICAGAO. RECURSO IMPROVIDO I. O acérdao recorrido entendeu que o servidor piiblico que exerce trés cargos ou empregos piblicos de médico - um no INSS, outro na Secretaria Estadual de Saiide e Meio Ambiente € outro junto a hospital controlado pela Unido, incorre em acumulagii ilegal de cargos. Il. O Supremo Tribunal Federal tem reconhecido a presungo de mé-fe do servidor que. embora notificado, do faz a opgao que Ihe compete. III. Demissiio do recorrente que se assentou em processo administrativo regular, verificada a ocorréncia dos requisitos do art. 133, § 6°, da Lei 8.12/90. IV. Precedentes desta Corte em situagdes semelhantes: RMS 24.249/DF. Rel. Min. Eros Graue MS 25.538/DF, Rel. Min. Cezar Peluso. V. Recurso improvido. Letra c) REsp 1171721 / SP - RECURSO ESPECIAL Relator(a): Ministto HERMAN BENJAMIN (1132) Orgio Julgador: T2 - SEGUNDA TURMA Data do Julgamento: 07/05/2013 Data da Publicagdo/Fonte: Die 23/05/2013 Ementa . ADMINISTRATIVO. ACAO CIVIL PUBLICA. IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA. ACUMULACAO INDEVIDA DE CARGOS. MERA IRREGULARIDADE. FRAUDE A LICITACAO, REVISAO DAS JUSTIFICATIVAS DA DISPENSA DO CERTAME. ELEMENTO SUBJETIVO. SUMULA 7/STJ. FUNDAMENTO DA DEMANDA. ART. 11 DA LIA. DISPENSA. DE DANO. PREJUIZOS DECORRENTES DA FRAUDE. 1. Trata-se, na origem, de Ago Civil Publica contra prefeitos, um médico ¢ uma pessoa juridica, por improbidade administrativa decorrente de acumulagdo de cargos e da contratagdo de empresa em fraude a licitagdo. A sentenga DIREITO ADMINISTRATIVO - CP0S - 05 - CPV - 2° PERIODO 2017 11/08/2017 - Paoina & de 10 ESCOLA DA MAGISTRATURA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO deprocedéncia parcial foi reformada pelo Tribunal a quo, conduzindo a condenagao de todos os réus. Os apelos de apenas dois deles foram admitidos, 2. Em relagio a Eduvaldo Silvino de Brito Marques, contra quem foi imputado actimulo de cargos, a pretensio merece acolhida. Ao asseverar ter ocorrido o vicio na conduta do recorrente, o acérdio da apelacdo limitou-se a sustentar que a acumulagao contraria dispositivos da Constituigao Federal e Estadual. Contudo, se consignada a efetiva prestagao de servigo piblico e a boa-fé do contratado, deve-se afastar a violagio do art. 11 da Lei n, 8.429/1992, sobretudo quando as premissas faticas evidenciam mera irregularidade, sem elemento subjetivo convincente. Precedentes do STJ. () 6, Recurso Especial de Eduvaldo Silvino de Brito Marques provido para julgar improcedente o pedido contra ele deduzido. Recurso Especial de José Bernardo Ortiz parcialmente conhecido e, nessa parte, no provido. Cumpre destacar, ainda, o seguinte julgado, que versa sobre questo correlata aquela tratada no caso concreto: REsp 1314122 / MG; Rel: BENEDITO GONCALVES; I* Turma; DJE 09/04/2014 ADMINISTRATIVO. RECURSO ESPECIAL. IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA. MATERIA PROBATORIA. ONUS DO AUTOR. ART. 333 DO CPC. CONDUTA IMPROBA NAO CONFIGURADA. ART. 11 DA LEI 8.429/92. ATIPICIDADE. IMPUTAGAO SUJEITA A MEDIDAS E/OU SANCOES NA SEARA ADMINISTRATIVA. RECURSO PROVIDO. 1. Hipétese em que o recorrente, professor universitario em regime de dedicago exclusiva, patrocinou 8 causas judiciais em 16 anos de magistério, O acérdao recorrido, mesmo reconhecendo nao haver prova da contraprestacdo pecuniaria pelo patrocinio das agdes, entendeu que o énus de provar a auséncia de remuneracdo competia ao réu. Também restou consignado no acérdao que a conduta do recorrente no implicou prejuizo para a instituicao piiblica, tendo em vista que cumpria integralmente sua jomada de trabalho ¢ era dedicado a instituigao federal de ensino. Nao obstante, manteve a sentenga de procedéncia da agio de improbidade com aplicagio da pena de "perda, em definitivo, da gratificagdo por exereicio da dedicagao exclusiva” e mutta civil no valor de R$ 3.000,00. 2. Incumbe ao autor da ago de improbidade o dnus da prova sobre os fatos imputados ao suposto agente improbo. No caso, a norma que prevé o regime de dedicagao exclusiva (art, 14, I, do Decreto 94,664/87) veda 0 "exercicio de outra atividade remunerada. piiblica ou privada". Embora 0 Tribunal a quo afirme no estar comprovada a remuneracdo pelo patrocinio das oito causas judiciais, entendeu que o énus de provar a auséncia de remunerago competia ao réu, 3. Ainda que superada a auséncia de prova da infragdo ao preceito normativo que veda o exercicio de outra atividade remunerada, o exame das normas que tratam do regime de dedicagao exclusiva ¢ da cumulagdo de cargos pibicos conduzem a compreensdo de que o fato imputado ao recorrente constitui infracdo administrativa sujeita a medidas e sangdes na seara administrativa, mas ndo ato de improbidade. 4, Embora o direito de opeio previsto no art. 133, § 5°, da Lei 8.12/90 nao se DIREITO ADMINISTRATIVO - CPOS - 05 - CPV - 2° PERIODO 2017 11/08/2017 - Pagina 9 de 10 ESCOLA DA MAGISTRATURA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO apliquea espécie, pois voltado 4 "acumulago de cargos, empregos ou fungdes piiblicas”, constitui critério de interpretagao para desqualificar a conduta atribuida ao recorrente como improba. 5. att. 14, § 1°, d, do Decreto 94.64/87 prevé a possibilidade de professor em regime de dedicagao exclusiva colaborar de forma “espordidica, remunerada ou néo, em assuntos de sua especialidade devidamente autorizada pela instituigao, de acordo com as normas aprovadas pelo conselho superior competente". Assim, embora a conduta atribuida ao recorrente seja irregular, pois néo precedida de autorizagao, o permissivo normativo conduz.& compreensao de nio ser razoavel qualificé-la como ato de improbidade por ofensa aos principios da administragao publica (art. 11 da Lei 8.429/92). 6. Recurso provido para reformar o acérdao recorrido e, em consequéncia, julgar improcedentes os pedidos formulados na ago de improbidade. DIREITO ADMINISTRATIVO - CPOS - 05 - CPV - 2° PERIODO 2017 11/08/2017 - Pagina 10 de 10 ESCOLA DA MAGISTRATURA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO Turma: CPV B 22017 Disciplina/Matéria: DIREITO ADMINISTRATIVO Sessio: 05 - Dia 16/08/2017 - 08:00 as 09:50 Professor: CLAUDIO BRANDAO DE OLIVEIRA 05 Tema: Improbidade Administrativa 1 (Aspectos Materiais). Conceito ¢ fonte normativa, Sujeito ativo. Improbidade Administrativa X Crimes de responsabilidade. Tipologia da Improbidade. Requisitos para a configuragio. 1? QUESTAO: Em aco de improbidade administrativa, cujo objeto é a ilegalidade na contratagdo direta de escritério de advocacia, com fulcro no art. 10, VIII, da Lei n° 8429/92 (LIA), 0 Juizo de I° grau, na sentenga, entendeu estar configurado 0 ato imputado aos réus e aplicou as sangdes de suspensio de direitos politicos ¢ de impossibilidade de contratar com a Administrago, pelo prazo de cinco anos, com fulero no art. 12, 11, da LIA. Contudo, na decisio, o aludido Magistrado deixou de condenar os réus em restituir os valores recebidos, sob o fundamento de que o servigo fora efetivamente prestado, por prego compativel com o mercado que a restituigo importaria enriquecimento sem causa da Administragao. Inconformados, os réus apresentaram o recurso cabivel, ao argumento de que o afastamento da sangio de ressarcimento ao erdrio descaracteriza ato de improbidade com fulero no art. 10 da LIA. pois, corresponde ao reconhecimento de que nao houve prejuiizo ao erério, no podendo subsistir, por conseguinte, as demais sangées. Analise se os argumentos do recorrente merecem acolhida, & luz da orientagdo do C. STJ. DIREITO ADMINISTRATIVO - CP0S - 05 - CPV - 2° PERIODO 2017 14/08/2017 - Pagina 1 de 8 ESCOLA DA MAGISTRATURA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO RESPOSTA: AgRg no AgRg no REsp 1288585 / RJ; Rel. Min. OLINDO MENEZES (DESEMBARGADOR CONVOCADO DO TRF |* REGIAO); |* Turma; DJE 09/03/2016 PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO REGIMENTAL EM RECURSO ESPECIAL. ACAQ DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA. DISPENSA DE PROCEDIMENTO LICITATORIO, CONTRATACAO DE ESCRITORIO DE ADVOCACIA SEM LICITACAO. ART. 25 DA LEI 8,666/93. EXCEPCIONALIDADE NAO CONFIGURADA. INCIDENCIA DO ART. 10 DA LIA. CARACTERIZACAO DO DANO IN RE IPSA. RESTITUIGAO DOS VALORES RECEBIDOS AFASTADA. CONTRAPRESTACAO DE SERVICOS. PROIBICAO DE ENRIQUECIMENTO ILICITO. PERSISTENCIA DAS SANCOES TIPICAS DA IMPROIDADE. LITIGANCIA DE MA- FE. DESCARACTERIZACAO. SUMULA 7/ST). 1. A contratagdo direta de servigos de advocacia deve estar vinculada a notéria especializagao do prestador do servigo e a singularidade do objeto contratado (hipdteses incomuns e anémalos), caracterizando a inviabilidade de competiao (Lei 8.666/93 - arts. 25, I ¢ 13, V), avaliada por um juizo de razoabilidade, o que niio ocorre quando se trata de advogado recém-formado, sem experiéncia profissional. 2. A contratagdo de servigos advocaticios sem procedimento licitatério, quando ndo caracterizada situagao de inexigibilidade de licitagao, gera lesividade ao erério, na medida em que o Poder Piblico deixa de contratar a melhor proposta, dando ensejo a0 chamado dano in re ipsa, decorrente da propria ilegalidade do ato praticado, conforme entendimento adotado por esta Corte. 3. Nao cabe exigir a devolugao dos valores recebidos pelos servigos efetivamente prestados, ainda que decorrente de contratagao ilegal, sob pena de enriquecimento ilicito da Administragdo Pablica, circunstancia que no afasta (ipso facto) as sangdes tipicas da suspensio dos direitos politicos e da proibigo de contratar com o poder pablico. 4, A vedagio de restituigdo nao desqualifica a infragdo inserida no art. 10, VIII, da Lei 8.429/92 como dispensa indevida de licitagaio. Nao fica afastada a possibilidade de que o ente pablico praticasse desembolsos menores, na eventualidade de uma proposta mais vantajosa, se tivesse havido 0 processo licitatério (Lei 8.429/92 - art. 10, VIII). 5. As regras das modalidades licitatérias objetivam assegurar o respeito & economicidade da contratagio, & igualdade dos licitantes, & impessoalidade e a moralidade, entre outros principios constantes do art. 3° da Lei 8.66/93. 6. A allerago das conclusées a que chegou a Corte de origem, no sentido de que ficou caracterizada a litigdncia de mé-fé, exigiria reexame do acervo fitico-probatério constante dos autos, providéncia vedada em sede de recurso especial a teor da Stimula 7 do STJ. 7. Agravo regimental desprovido. AgRg no REsp 1512393 / SP; Rel. Min. MAURO CAMPBELL MARQUES; 2° Turma; DJE. 2711/2015 PROCESSUAL CIVIL E ADMINISTRATIVO. AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. ACAO CIVIL PUBLICA. IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA, DISPENSA INDEVIDA DE LICITAGAO. ART. 10 DA LEI 8429/92. PREJUIZO AO ERARIO IN RE IPSA. PRECEDENTES DO STJ. REVISAO DAS SANGOES IMPOSTAS. PRINCIPIOS DA PROPORCIONALIDADE E RAZOABILIDADE. REEXAME DE DIREITO ADMINISTRATIVO - CP0S - 05 - CPV - 2° PERIODO 2017 14/08/2017 - Pagina 2 de 8 ESCOLA DA MAGISTRATURA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO MATERIAFATICO PROBATORIA. SUMULA 7/STJ. DISSIDIO JURISPRUDENCIAL NAO DEMONSTRADO. 1. A 2 Turma do STI possui entendimento no sentido de que a dispensa indevida de licitago ‘ocasiona prejuizo ao erério in re ipsa, na medida em que o Poder PUblico deixa de contratar a melhor proposta, em raziio das condutas dos administradores. Nesse sentido: AgRg nos EDel no AREsp 178.852/RS, 2* Turma, Rel. Ministro Herman Benjamin, DJe 22/05/2013; REsp 817.921/SP, 2° Turma, Rel. Ministro Castro Meira, DJe 06/12/2012. 2. Na hipétese dos autos, a andlise da pretensio recursal, no sentido de rediscutir a razoabilidade ou proporcionalidade das sangdes aplicadas, com a consequente reversio do entendimento exposto pela Corte a quo, exigiria, necessariamente, o reexame de matéria fatico-probatéria, o que é vedado em sede de recurso especial, nos termos da Siimula 7/STI. 3. O recorrente no cumpriu os requisitos recursais que comprovassem o dissidio jurisprudencial nos termos do art. 541, pardgrafo tinico, do CPC e do art. 255 e pardgrafos, do RISTJ, pois haa necessidade do cotejo analitico entre os acérdios considerados paradigmas e a decisio impugnada, sendo imprescindivel a exposigdo das similitudes faticas entre os julgados. 4. Agravo regimental nao provido. 2° QUESTAO: 0 Ministério Publico ajuizou agdo civil piblica de improbidade, em face de Joao ¢ José, servidores publicos federais estaveis, em razio do desvio de alimentos e utensilios do drgdo em que estavam lotados, sob o fundamento de violago ao disposto no art. 9°, XI, da Lei n® 8429/92. Em sede de defesa, os réus pugnam pela aplicagdo do principio da insignificancia, na medida em que (5 alimentos desviados nao comprometeram o funcionamento do Srgio e no chegaram a causar lesdio a0 erério. Destacam, ainda, que devolveram os utensilios de propriedade da Administragao em bom estado. Juizo de 1° grau entendeu que a conduta em questio foi de menor gravidade, razao pela qual aplicou a pena de devolucao em dobro dos montantes correspondentes aos bens desviados, abatida a {quantia dos bens que foram devolvidos, cujo total deveria se apurado em liquidacdo de sentenca. Diante dessa situagao hipotética, analise se a conduta adotada pelo Juizo de 1° grau esté em consondncia com a orientagdo do C. STJ. DIREITO ADMINISTRATIVO - CP0S - 05 - CPV - 2° PERIODO 2017 14/08/2017 - Pagina 3 de 8 “p7) ESCOLA DA MAGISTRATURA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO RESPOSTA: REsp 1376481 / RN; Rel. Min. MAURO CAMPBELL MARQUES; 2° Turma; DJE 22/10/2015 PROCESSUAL CIVIL E ADMINISTRATIVO. ACAO CIVIL DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA. ATO IMPROBO CONFIGURADO. IMPOSICAO DE DEVOLUCAO EM DOBRO DOS VALORES DESVIADOS. INADEQUACAO, NECESSIDADE DE IMPOSICAO DAS ESPECIES DE SANGOES PREVISTAS NA LEI 8,429/92. RECURSO ESPECIAL PROVIDO, 1. No caso dos autos, o Ministério Piblico do Estado do Rio Grande do Norte ajuizou ago civil de improbidade administrativa em razio de supostos desvios de alimentos e combustiveis praticados no mbito do do 3° Subgrupamento de Bombeiros Militar. Por ocasido da sentenga, o pedido foi julgado parcialmente procedente e condenou alguns dos réus as seguintes sangdes previstas na Lei 8.429/92: a) suspensio dos direitos politicos; b) proibiedo de contratagio com o Poder Pablico e recebimento de incemtivo fiscais; c) a perda das fungdes piiblicas (Mls. 1.256/1.270). 2.0 Tribunal de origem, ao analisar a controvérsia, reformou parcialmente a sentena, to somente no tocante a dosimetria das sangdes impostas, com base no principio da proporcionalidade, ao afastar as sanges impostas e determinar "a devolugdo em dobro das aludidas importincias (representativa em peciinia dos insumos ‘desviados'), aqui j4 excluindo o céleulo dos bens jé retornados" (fl. 1.404). 3. Efetivamente, a imposigio da pena consistente na "devolugo em dobro" dos valores desviados nao corresponde & nenhuma das espécies de sangdes previstas na Lei de Improbidade Administrativa (art. 12e incisos), especificamente: multa civil, suspensio dos direitos politicos, proibi¢do de contratar com o Poder Pablico e receber beneficios ou incentivos fiseais ou crediticios, perda da fungao publica, ressarcimento integral do dano e perda de bens acrescidos ilicitamente ao patriménio. 4, A aplicagdo das penalidades previstas na norma exige que o magistrado considere, no caso concreto, "a extenstio do dano causado, assim como o proveito patrimonial obtido pelo agente" (conforme previsio expressa contida no pardgrafo tnico do art. 12 da Lei 8.429/92). Assim, é necessaria a andlise da razoabilidade e proporcionalidade em relagdo a gravidade do ato de improbidade e & cominagio das penalidades, as quais podem ocorrer de maneira cumulativa, embora niio necessariamente. Nesse sentido: Resp 1.091.420/SP, |? Turma, Rel. Min. Sérgio Kukina, DJe de 5.11.2014; AgRg no AREsp 149.487/MS, 2° Turma, Rel. Min. Humberto Martins, Dje de 29.6.2012. 5. Todavia, apesar da cumulagao das referidas sangGes ndo ser obrigatéria, € pacifico no ambito desta Corte Superior 0 entendimento de que, caracterizado 0 prejuizo ao erério, o ressarcimento no pode ser considerado propriamente uma sang, mas apenas conseqiiéncia imediata e necessaria de reparagdo do ato improbo, razo pela qual no pode figurar isoladamente como penalidade. Sobre 0 tema: REsp 1.315.528/SC, 2* Turma, Rel. Min, Mauro Campbell Marques, DJe de 9.5.2013; REsp 1.184,897/PE, 2° Turma, Rel, Min. Herman Benjamin, DJe de 27.4.201 1; (Resp 977.093/RS, 2° Turma, Rel. Min. Humberto Martins, DJe de 25.8.2009; REsp 1.019.555/SP, 2° Turma, Rel. Min. Castro Meira, DJe de DIREITO ADMINISTRATIVO - CPOS - 05 - CPV - 2° PERIODO 2017 14/08/2017 - Pagina 4 de 8 ESCOLA DA MAGISTRATURA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO 29.6.2009. 6. Portanto, a sanedo imposta pela Corte de origem - devolugdo em dobro dos valores desviados - nao corresponde as sangdes previstas na Lei de Improbidade, 0 que viola o art. 12 da norma sancionadora. Tal consideracao impde 0 retorno dos autos ao Tribunal de origem para que aplique, em razio do reconhecimento da configuragio de ato de improbidade administrativa, com base nos principios da razoabilidade e proporcionalidade, as sangdes cabiveis previstas na Lei 8.429/92. 7. Recurso especial provido 3° QUESTAO: ‘A Associagio de Beneficiéncia do Bom Amparo ¢ uma entidade beneficiente privada que presta servigos de saiide vinculados ao Sistema Unico de Saude, na forma do art. 199, da CRFB/88. Ocorre que Estebdo, médico/obstetra, cobrou Emengarda por parto realizado no mencionado nosocémio, que fora custeado pelo SUS. Diante dessa situagao hipotética, analise se Estebdio pode responder por ato de improbidade, consagrado no art. 11 da Lei 8429/92, mediante 0 apontamento dos respectivos requisitos, & luz da orientagao do C. STJ. DIREITO ADMINISTRATIVO - CP0S - 05 - CPV - 2° PERIODO 2017 14/08/2017 - Pagina 5 de 8 ESCOLA DA MAGISTRATURA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO RESPOSTA: REsp 1308724 / RS: Rel. Min. CASTRO MEIRA; 2° Turma; Dje 19/09/2013 RECURSO ESPECIAL. AGAO DE IMPROBIDADE. CIRURGIA COBERTA E PAGA PELO SISTEMA UNICO DE SAUDE - SUS. REPASSE AO HOSPITAL. RECEBIMENTO PELO MEDICO, DO PACIENTE, DE HONORARIOS PROFISSIONAIS. IMPOSSIBILIDADE. ART. 11 DA LEI N° 8.429/1992. DOLO GENERICO. ABSOL VICAO DO CRIME DE CONCUSSAO POR ATIPICIDADE. SUMULAS 284/STF E 7/STI. 1. Condenado o réu com base no art. 11 da Lei n® 8.429/1992 (violagdo de principios administrativos), descabe apontar, no recurso especial, violagdo do art. 9° do mesmo diploma legal. Incidéncia da Simula 284/STF. 2. No tocante ao elemento subjetivo, o acolhimento do recurso especial, no caso concreto, demandaria prévio reexame das provas dos autos, incidindo a vedagao contida na Simula 7/STJ. E que a fundamentacdo contida no acdrdao da apelagdo demonstra claramente a existéncia de dolo, no minimo genético, relativamente ao indevido recebimento de honoriios profissionais quando o procedimento ja estiver coberto - ¢ posteriormente pago - pelo Sistema Unico de Satide - SUS, hipdtese destes autos, de conhecimento e ndo negado pelo proprio réu. 3. Sobre a absolvigfio no processo criminal por atipicidade do delito previsto no art. 316 do Cédigo Penal (crime de concussio), tem-se que a alegagiio genérica de afronta a Lei n° 8.429/1992, também diante da aplicagio da Simula 284/STF, ndo da passagem ao recurso especial, havendo necessidade de indicacao, expressa, dos dispositivos supostamente violados. Precedentes. 4, Recurso especial no conhecido. AgRg no AREsp 691033 / SE; Rel. Min, HERMAN BENJAMIN; 2° Turma; Dje 05/08/2015 ADMINISTRATIVO. IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA. MEDICO DO SUS. ATO IMPROBO CONFIGURADO PELA COBRANGA DE QUANTIA EM DINHEIRO PARA A REALIZACAO DE CIRURGIA NA REDE PUBLICA. TRIBUNAL DE ORIGEM ENTENDE, DESPROPORCIONAL A PENA DE PERDA DA FUNCAO PUBLICA. REVISAO DA DOSIMETRIA DA PENA. REEXAME DOS FATOS E DAS PROVAS. INCIDENCIA. SUMULA TST). 1. Cuida-se, na origem, de Agdo Civil Piblica por Ato de Improbidade Administrativa proposta pela Unido contra Jolinaldo de Lucena Ribeiro, objetivando a majoragdo da pena imposta a fim incluir a sangio de perda da fungao pablica, 2. No caso dos autos, todavia, o Tribunal de origem consignou: "a pena me parece muito severa. ‘Vamos imaginar que esse médico respondesse a um processo administrativo disciplinar. Um processo administrativo disciplinar por um fato como esse, que é grave, se ele ndo tem antecedentes -¢ a questo nem foi apurada -, sofreria uma suspensao de sessenta ou noventa dias”. 3. No que tange & alegada desproporgio das sangdes aplicadas aos agentes condenados por improbidade, o exame do acérdao de origem revela fundamentagao suficiente e adequagao do juizo de dosimetria aos parimetros do art. 12, pardgrafo tinico, da Lei 8.429/1992, que impde ao magistrado 0 dever de atentar as circunstincias do caso concreto por ocasido da fixago da pena. 4, Nao se verificando, pois, auséncia de proporcionalidade ou razoabilidade nas sangdes cominadas, incide a Simula 7/STJ no caso. Precedentes: AgRg no REsp 1.361.984/SC, Rel. Ministro Humberto DIREITO ADMINISTRATIVO - CPOS - 05 - CPV - 2° PERIODO 2017 14/08/2017 - Pagina 6 de 8 ESCOLA DA MAGISTRATURA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO Martins Segunda Turma, DJe 12.6.2014; AgRg no AREsp 360.225/MG, Rel. Ministro Herman Benjamin, Segunda Turma, julgado em 22.4.2014, DJe 18.6.2014; EDcl no AREsp 360.707/PR, Rel. Ministro Humberto Martins, Segunda Turma, DJe 16.12.2013; REsp 1.347.223/RN, Rel. Ministro Mauro Campbell Marques, Segunda Turma, De 22.5.2013, 5. Agravo Regimental nao provido. REsp 1414669 / SP; Rel. Min, NAPOLEAO NUNES MAIA FILHO; 1* Turma; Dje 27/03/2014 ADMINISTRATIVO E PROCESSUAL CIVIL. ACAO CIVIL PUBLICA DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA. MEDICO GINECOLOGISTA E OBSTETRA, CREDENCIADO EM HOSPITAL PRIVADO (INSTITUICAO FILANTROPICA SEM FINS LUCRATIVOS) VINCULADO (O HOSPITAL) AO SUS. COBRANCA PECUNIARIA PARA A REALIZACAO DE PARTO, QUANDO 0 PROCEDIMENTO JA ESTAVA CUSTEADO PELO CONVENIO ASSISTENCIAL DE SAUDE DA PARTURIENTE. SERVICO NAO FINANCIADO PELO SUS. IMPOSSIBILIDADE DE AMOLDAMENTO DA CONDUTA NO ART. 11 DA LEI 8.429/92, POR NAO COMPROVADA A CONDICAO DE AGENTE PUBLICO DO RECORRENTE E NEM LESAO A INTERESSES DO ERARIO. RECURSO ESPECIAL PROVIDO. 1. A tipificagdo de determinada conduta como improba, & luz da Lei 8.429/92, exige analisar se 0 ato investigado foi, efetivamente, praticado por Agente Publico ou a.ele equiparado, no exercicio do munus piblico, nos moldes delineados pelo art. 20. da LIA. bem como se houve lesio a bens e interesses das entidades relacionadas no art. 1o. da Lei de Improbidade. 2. In ccasu, observa-se que 0 recorrente - Médico Ginecologista e Obstetra, eredenciado ao Hospital e Maternidade Gota de Leite - cobrou da paciente o valor de R$ 980,00 pelo parto realizado, apesar deste procedimento ja estar sendo pago pelo Instituto de Assisténcia Médica ao Servidor Publico Estadual (IAMSPE), com o qual a vitima possui convénio. 3. O fato de o Hospital e Maternidade Gota de Leite possuir vinculo com 0 SUS nio quer dizer que o referido Hospital somente presta servigos na qualidade de instituigdo pertencente & rede publica de saiide, pois 0 art. 199 da CF/88 possibilita a participagao complementar da iniciativa privada na prestacao dos servigos em comento, mediante contrato de direito pablico ou convénios, o que no impede a Instituigdo de prestar servigos particulares aqueles de demandam seus servigos nesta qualidade. 4. Neste caso, duas hipéteses de prestagdo de servigos podem ocorrer: (a) requerimento de atendimento médico-hospitalar com esteio no convénio/contrato de direito plblico (fungdo publica delegada), caso em que as despesas com a prestagdo do servigo pleiteado serdo arcados pelo SUS, com 0 orgamento da Seguridade Social, da Unido, dos Estados, do Distrito Federal dos Municipios (art. 199 da CF); e (b) requerimento de atendimento particular dos servigos em exame, quando a contraprestagdo ao Hospital serd custeada pelo proprio paciente - seja mediante seu plano de satide/convénio, ou seja mediante seus prdprios rendimentos. 5. O Hospital e Maternidade Gota de Leite tua em parceria com 0 Poder Piblico na prestagio de servigos de saiide 4 populagdo, somente podendo ser qualificada no art. 1o. da Lei de Improbidade quando presta atendimento médico-hospitalar financiado pelo SUS. 6. Se o parto da vitima foi custeado pelo IAMSPE (e a Maternidade realizou tal intervengao cirirgica & luz das diretrizes da iniciativa privada), nao DIREITO ADMINISTRATIVO - CPOS - 05 - CPV - 2° PERIODO 2017 14/08/2017 - Pagina 7 de 8 ESCOLA DA MAGISTRATURA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO hé como sustentar que 0 Médico recorrente prestou os servigos na qualidade de Agente Piblico, pois mencionada qualificacdo somente restaria configurada se o servico tivesse sido custeado pelos cofres Pablicos, 0 que nao ocorreu no caso conereto; ademais, néio ha comprovacao de lesio ou ameaca de lesfo a res piiblica. 7. Ausente a comprovagdo da qualidade de Agente Pablico do recorrente, bem como a de lesdo a interesse de qualquer das entidades elencadas no art. 1o. da LIA, invidvel se mostra a manutengio da condenagiio do Médico por ato de improbidade; se algo houver a punir, serd o eventual residuo disciplinar (CRM), por hipotética ofensa a particular. 8. Recurso Especial provido. DIREITO ADMINISTRATIVO - CPOS - 05 - CPV - 2° PERIODO 2017 14/08/2017 - Pagina 8 de 8 DIREITO ADMINISTRATIVO. 16/08/2017 - 10:10 as 12:00 Professor: CLAUDIO BRANDAO DE OLIVEIRA Improbidade Administrativa I (Aspectos Processuais): Aco de Improbidade 1° QUESTAO: Ministério Pablico Federal ajuizou, perante o Juizo de 1° grau, ago de improbidade administrativa em face do Presidente de certo Tribunal Regional do Trabalho da Federacdo, em decorréncia da edigdo de atos normativos (portarias) suspendendo magistrados do exercicio de suas atividades profissionais, o que importou em ingeréncia indevida na atividade dos juizes de 1° grau, a violar os principios consagrados no art. 11, da Lei 8429/92, o que, portanto, poderia importar na perda do cargo. : Diante dessa situagdo hipotética, responda, a luz da jurisprudéncia do C, STJ: E possivel ajuizar ago de improbidade em face de Desembargador? Em caso positivo, qual seria o érgao jurisdicional competente para o respectivo julgamento? DIREITO ADMINISTRATIVO - CPOS - 05 - CPV - 2° PERIODO 2017 14/08/2017 - Pagina 1 de 9 ESCOLA DA MAGISTRATURA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO RESPOSTA: Informative a 17 de junho de 2011, Corte Especial COMPETENCIA. RCL. IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA. Na hipétese, o MPF propds ago civil pablica (ACP) de improbidade administrativa em desfavor da ora reclamante e outras trés pessoas com 0 objetivo de condend-las nas penas do art. 12, Ile III, da Lei n, 8.429/1992 ao argumento de que elas teriam concedido 0 afastamento indevido a servidor piblico para frequentar curso de aperfeigoamento profissional (pés-graduacdo). Sustenta a reclamante que o STJ jé decidiu ser da competéncia dele o julgamento de ago de improbidade administrativa em se tratando de magistrado de segundo grau, tal como no caso, razao pela qual a tramitagio da ACP em foro diverso configuraria usurpago dessa competéncia pelo juizo reclamado. Entre outras consideragdes, ressaltou o Min, Relator que, embora o ST ja tivesse entendido, em outras oportunidades, que ndo mais prevaleceria a prerrogativa de foro para as acdes de improbidade administrativa, 0 STF considerou que, em se tratando de magistrados, notadamente das cortes superiores do Pais, aquela sistemitica deveria imperar, sob pena de permitir a desestruturagio do regime escalonado da jurisdigdo brasileira. Assim, consignou que, pelo principio da simetria, deverdo competir exclusivamente ao STJ 0 processo e o julgamento de supostos atos de improbidade quando imputados a membros de TRT, desde que possam importar a perda do cargo piblico. Quanto a ago anulatéria que também tramitava no mesmo juizo reclamado, entendeu que a competéncia do STJ nao se estende, visto que, naqueles autos, so demandantes os préprios integrantes do TRT a questionar decisio do TCU, de modo que la ndo ha risco de perda do cargo piblico. Esse entendimento foi acompanhado pelos demais Ministros da Corte Especial, que, ao final, julgou parcialmente procedente a reclamagiio. Precedentes citados do STF: QO na Pet 3.211-DF, DJe 26/6/2008; do STJ: AgRg na Rel 2.113-AM, DJe 16/12/2009, Rel 4.927-DF , Rel. Min. Felix Fischer, julgada em 15/6/2011. AgRg na Rel 2115 / AM - AGRAVO REGIMENTAL NA RECLAMACAO Relator(a): Ministro TEORI ALBINO ZAVASCKI (1124) Orgao Julgador: CE - CORTE ESPECIAL Data do Julgamento: 18/11/2009 Data da Publicagdo/Fonte: DJe 16/12/2009 Ementa RECLAMAGAO. ACAO DE IMPROBIDADE CONTRA DESEMBARGADOR DE TRIBUNAL. REGIONAL DO TRABALHO. FORO POR PRERROGATIVA DE FUNGAO. USURPACAO DE COMPETENCIA DO STJ. PRECEDENTE DO STF EM CASO ANALOGO. PROCEDENCIA DA RECLAMAGAO. 1. Por decisto de 13 de margo de 2008, a Suprema Corte, com apenas um voto contrario, declarou que ‘compete ao Supremo Tribunal Federal julgar ago de improbidade contra seus membros” (QO na Pet. 3.211-0, Min. Menezes Direito, DJ 27.06.2008). Considerou, para tanto, que a prerrogativa de foro, em casos tais, decorre diretamente do sistema de competéncias estabelecido na Constituigao, que nido se compatibiliza com a viabilidade de conferir a juiz de primeira instdncia competéncia para processar ¢ julgar causa promovida contra ministro do Supremo Tribunal Federal cuja procedéncia pode acarretar a sangio de perda do cargo. Esse precedente afirma a tese da existéncia, na Constituigdo, de competéncias DIREITO ADMINISTRATIVO - CPOS - 05 - CPV - 2° PERIODO 2017 14/08/2017 - Pagina 2 de 9 ‘) ESCOLA DA MAGISTRATURA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO implicitascomplementares, deixando claro que, inobstante a declarago de inconstitucionalidade do art. 84 pardgrafos do CPP, na redacdo dada pela Lei 10.628, de 2002 (ADI 2.860-0, Min, Sepiilveda Pertence, DJ 19.12.2006), a prerrogativa de foro, em agdes de improbidade, tem base para ser sustentada, implicitamente, na propria Carta Constitucional, 2. A luz dessa orientagao, impde-se a revisio da jurisprudéncia do STJ sobre o tema. Com efeito, as mesmas razdes que levaram o STF a negar a competéncia de juiz de grau inferior para a agdo de improbidade contra seus membros, autorizam a concluir, desde logo, que também nao ha competéncia de primeiro grau para julgar acdo semelhante, com possivel aplicago da pena de perda do cargo, contra ‘membros de outros tribunais superiores ou de tribunais de segundo grau, como no caso, 3. Agravo regimental provido para julgar procedente a reclamacao. AIA 30/ AM - AGAO DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA Relator(a): Ministro TEORI ALBINO ZAVASCKI (1124) Orgao Julgador: CE - CORTE ESPECIAL Data do Julgamento: 21/09/2011 Data da Publicago/Fonte: DJe 28/09/201 | Ementa . ACAO DE IMPROBIDADE ORIGINARIA CONTRA MEMBROS DO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO. LEI 8. 429/92. LEGITIMIDADE DO REGIME SANCIONATORIO. EDICAO DE PORTARIA COM CONTEUDO CORRECIONAL NAO PREVISTO NA LEGISLACAO. AUSENCIA DO ELEMENTO SUBJETIVO DA CONDUTA. INEXISTENCIA DE IMPROBIDADE. 1. A jurisprudéncia firmada pela Corte Especial do STJ é no sentido de que, excetuada a hipdtese de atos de improbidade praticados pelo Presidente da Repiblica (art. 85, V), cujo julgamento se dé em regime especial pelo Senado Federal (art. 86), ndo ha norma constitucional alguma que imunize os agentes politicos, sujeitos a crime de responsabilidade, de qualquer das sangdes por ato de improbidade previstas no art. 37, § 4°. Seria incompativel com a Constituigiio eventual preceito normativo infraconstitucional que impusesse imunidade dessa natureza (Rel 2.790/SC, DJe de 04/03/2010). 2. Nao se pode confundir improbidade com simples ilegalidade. A improbidade ¢ ilegalidade tipificada e qualificada pelo elemento subjetivo da conduta do agente. Por isso mesmo, a jurisprudéncia do STJ considera indispensivel, para a caracterizacdo de improbidade, que a conduta do agente seja dolosa, para A tipificagdo das condutas descritas nos artigos 9° e 11 da Lei 8,429/92, ou pelo menos eivada de culpa grave, nas do artigo 10. 3. No caso, aos demandados so imputadas condutas capituladas no art. 11 da Lei 8.429/92 por terem, no exercicio da Presidéncia de Tribunal Regional do Trabalho, editado Portarias afastando temporariamente juizes de primeiro grau do exercicio de suas fungdes, para que proferissem sentengas em processos pendentes. Embora enfatize a ilegalidade dessas Portarias, a petigao inicial nao descreve nem demonstra a existéncia de qualquer circunstancia indicativa de conduta dolosa ou mesmo culposa dos demandados. 4, Ago de improbidade rejeitada (art. 17, § 8°, da Lei 8429/92). Outra parece vir sendo, no entanto, a orientagao do recente do C. STJ, consoante se depreende dos seguintes julgados: EDcl na AIA 45 / AM; Rel. Min LAURITA VAZ; Corte Especial; DJE 28/05/2014 EMBARGOS DE DECLARAGAO NA QUESTAO DE ORDEM. ACAO DE DIREITO ADMINISTRATIVO - CPOS - 05 - CPV - 2° PERIODO 2017 14/08/2017 - Pagina 3 de 9 ESCOLA DA MAGISTRATURA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO pase IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA.REU, DESEMBARGADOR DE TRT. COMPETENCIA DAS INSTANCIAS ORDINARIAS. PRERROGATIVA DE FORO ADSTRITA A PERSECUCAO CRIMINAL. REFORMULACAO DO ENTENDIMENTO DA CORTE ESPECIAL DO STJ, DEVOLUGAO DOS AUTOS A ORIGEM. PEDIDO DE PRONUNCIAMENTO SOBRE DISPOSITIVOS CONSTITUCIONAIS CUJA INCIDENCIA FOI IMPLICITAMENTE AFASTADA. EMBARGOS DE DECLARAGAO REJEITADOS. 1. Nao hé omissao a ser sanada, na medida em que se infere dos fundamentos declinados no julgamento da Questo de Ordem que os dispositivos constitucionais indicados nao foram malferidos. 2. E pacifico no Superior Tribunal de Justiga o entendimento de que magistrados so agentes piiblicos para fins de aplicagdo da Lei de Improbidade Administrativa, na forma dos arts, 2.°¢ 3.°da Lei n? 8.429/92. Precedentes citados: AgRg no Ag 1323633/SP, Rel. Ministro BENEDITO GONCALVES, PRIMEIRA TURMA, julgado em 05/04/2011, Dje 11/04/2011; AgRg no REsp 1127541/RN, Rel. Ministro HUMBERTO MARTINS, SEGUNDA TURMA, DJe 11/11/2010; EDel no AgRg na AIA 26/SP, Rel. MINISTRA DENISE ARRUDA, CORTE ESPECIAL, DJe 01/07/2009; Resp 1127182/RN, Rel. Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES, SEGUNDA TURMA, Die 15/10/2010. 3. A competéncia para 0 processamento e julgamento de autoridades piblicas nas agdes de improbidade pode perfeitamente se compatibilizar com a natureza das sangdes que eventualmente possam vir a ser decretadas pelo juizo de piso, desde que respeitados certos limites. No caso, 0 magistrado sentenciante, com absoluto acerto, limitou-se a impor penalidades patrimoniais, exi se de invadir seara que extrapolasse sua competéncia, deixando de aplicar as sangdes de perda dos direitos politicos e do cargo ao réu. 4, Embargos de declaragao rejeitados. \do- AIA 44/ AM; ; ; Rel. Min. LAURITA VAZ; Corte Especial; DJE 19/03/2014 QUESTAO DE ORDEM. ACAO DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA. REUS DESEMBARGADORES DE TRT. COMPETENCIA DAS INSTANCIAS ORDINARIAS. PRERROGATIVA DE FORO ADSTRITA A PERSECUCAO CRIMINAL. REFORMULAGAO DO ENTENDIMENTO DA CORTE ESPECIAL DO STJ. DEVOLUCAO DOS AUTOS A ORIGEM. 1."A ago de improbidade administrativa deve ser processada e julgada nas instancias ordindrias, ainda que proposta contra agente politico que tenha foro privilegiado no ambito penal e nos crimes de responsabilidade" (AgRg na Rel 12.514/MT, Rel. Ministro ARI PARGENDLER, CORTE ESPECIAL, julgado em 16/09/2013, DJe 26/09/2013). 2. Questiio de ordem resolvida com a determinacdo de devolugdo dos autos ao Tribunal Regional Federal da 1.* Regido, para que se julgue as apelacdes pendentes. 2 QUESTAO: Violeta foi Chefe do Poder Executivo do Estado X no periodo entre janeiro de 2009 ¢ dezembro 2012 €, apés a reeleigao no periodo subsequente, exerceu o mandato até dezembro de 2016, ‘Apés a verificagao de atos de improbidade cometidos em seu governo, notadamente em raziio da realizagdo de contratos de miituo sem a correspondente autorizacao legislativa, no periodo entre marco e agosto de 2009 o Estado X ajuizou a respectiva agao civil pablica por improbidade em 06 de margo de 2017. Em sede de defesa, a demandada alega a ilegitimidade ativa do Estado X, na medida em que seria imprescindivel a presenga do Mini: {ablico no polo ativo da ag&o. Aduz ainda que, na qualidade de Chefe do Poder Executivo Estadual, se submetia ao regime de responsabilizagdo constante da Lei xn? 1079/50, razao pela qual nao poderiam ser a ela aplicados os ditames da Lei n° 8429/92. Sustenta também ter se consumado a prescrigdo, na espécie, considerando que entre a conduta a ela imputada e ‘© ajuizamento da acdo transcorreu prazo superior a cinco anos. Diante dessa situagao hipotética, analise cada um dos argumentos suscitados pela defesa. a luz da orientagao dos Tribunais Superiores. DIREITO ADMINISTRATIVO - CP0S - 05 - CPV - 2° PERIODO 2017 14/08/2017 - Pagina 4 de 9 ESCOLA DA MAGISTRATURA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO RESPOSTA: No que conceme a alegacdo de ilegitimidade ativa, vale destacar o disposto no art. 17, da Lei n® 8429/92, bem como o seguinte julgado: REsp 1542253 / SC; Rel. Min. HERMAN BENJAMIN; 2* Turma; Dje 28/10/2016 PROCESSUAL CIVIL. ADMINISTRATIVO. IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA. OFENSA AO ART. 535 DO CPC NAO CONFIGURADA. LEGITIMIDADE ATIVA CONCORRENTE E DISIUNTIVA. MINISTERIO PUBLICO E ESTADO DE SANTA CATARINA. 1. Na origem, a Agio de Improbidade Administrativa foi proposta pelo Estado de Santa Catarina contra ex-Governador e ex-Secretirio da Fazenda em razio da celebragao de contratos de miituo financeiro sem autorizacao legislativa envolvendo a autarquia estadual Porto de Sao Francisco do Sul, condutas essas enquadradas na inicial como improbas com base nos arts. 10, VI ¢ IX, € I da Lei 8.429/1992, 2. Cinge-se a controvérsia & afericdo da legitimidade do Estado de Santa Catarina para o ajuizamento de Aco de mprobidade Administrativa contra ex-Governador, visando & aplicagao de sangdes pecuniérias e de cardter politico. 3. A solugdo integral da controvérsia, com fundamento suficiente, nfo caracteriza ofensa ao art. 535 do CPC. 4. In casu, 0 Tribunal a quo julgou extinto 0 processo em face da ilegitimidade ativa do Estado de Santa Catarina, sob os seguintes argumentos: "Nao me parecer razodvel que se confira ao Estado de Santa Catarina, v.g., legitimagdo para propor ago de improbidade administrativa para ‘apuragio dos fatos representados para o fim de promover a 'persecutio criminis' contra a pratica da prevaricago ¢ de outros tipos penais que restarem identificados na conduta dos agentes piblicos’(fIs. 120/156). Para seguranga da sociedade é imperioso que em casos como o sub judice seja ela reservada ao Ministério Pablico”. 5, Nos termos do art. 17 da Lei 8.429/1992, "a ago principal, que tera o rito ordinario, sera proposta pelo Ministério Piiblico ou pela pessoa juridica interessada”, o que denota a legitimidade ativa concorrente e disjuntiva entre Ministério Pablico e o ente piiblico interessado na repressio de conduta improba, o que é reforgado, no caso, por 0 objeto da agao indicar conduta que causou prejuizo ao Erdrio, No mesmo sentido: REsp 1.070.067/RN, Rel. Ministro Mauro Campbell Marques, Segunda Turma, De 410.2010; e REsp 1.024.648/MG, Rel. Ministro José Delgado, Primeira Turma, De 21.5.2008. 6. Na hipdtese dos autos, verifica-se que o Ministério Publico e o Estado de Santa Catarina possuem legitimidade concorrente e disjuntiva para o ajuizamento de Aco de Improbidade Administrativa, 7. Resta claro que o Estado é "pessoa juridica interessada” na propositura da ago de improbidade administrativa, nos termos do art. 17 da Lei 8.4289/1992, visto que, conforme se dessume dos autos, os atos de improbidade praticados - celebragdo de contratos de miituo com a administragao superior do Porto Sao Francisco do Sul sem autorizacdo legislativa - acarretaram o endividamento do ete estadual. As condutas improbas relatadas repercutiram, nitida e diretamente, no patriménio do Estado. Tendo sido alvo das consequéncias deletérias do Ato de Improbidade Administrativa, evidencia-se a pertinéncia tematica, aspecto relacionado ao interesse de agir da parte autora e, por conseguinte, a legitimidade do ente estadual para o a DIREITO ADMINISTRATIVO - CPOS - 05 - CPV - 2° PERIODO 2017 14/08/2017 - Pagina 5 de 9 ESCOLA DA MAGISTRATURA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO ajuizamento da ago de improbidade, 8. Reconhecida a legitimidade ativa do Estado de Santa Catarina, os autos devem retornar a origem para prosseguimento no julgamento das Apelagées. 9. Recurso Especial provido. = No tocante submissio ao regime da Lei de Improbidade Administrativa, destaca-se 0 seguinte julgado: AC 3585 AgR / RS - RIO GRANDE DO SUL; Rel. Min. CELSO DE MELLO; 2° Turma; Dje 28/10/2014 EMENTA: "MEDIDA CAUTELAR INOMINADA INCIDENTAL" - IMPROBIDADEADMINISTRATIVA - AGENTE POLITICO - COMPORTAMENTO ALEGADAMENTE OCORRIDO NO EXERCICIO DE MANDATO DE GOVERNADOR DE ESTADO - POSSIBILIDADE DE DUPLA SUJEIGAO TANTO AO REGIME DE RESPONSABILIZACAO POLITICA, MEDIANTE "IMPEACHMENT" (LEI N° 1.079/50), DESDE QUE AINDA TITULAR DE REFERIDO MANDATO ELETIVO, QUANTO A DISCIPLINA NORMATIVA DA RESPONSABILIZAGAO CIVIL POR IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA. (LEI N° 8.429/92) - EXTINCAO SUBSEQUENTE DO MANDATO DE GOVERNADOR DE ESTADO - EXCLUSAO DO REGIME FUNDADO NA LEI N° 1.079/50 (ART. 76, PARAGRAFO UNICO) - PLEITO QUE OBJETIVA EXTINGUIR PROCESSO CIVIL DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA, EM RAZAO DE, A EPOCA DOS FATOS, A AUTORA OSTENTAR A QUALIDADE DE CHEFE DO PODER EXECUTIVO - LEGITIMIDADE, CONTUDO, DE APLICAGAO, A EX-GOVERNADOR DE ESTADO, DO REGIME JURIDICO FUNDADO NA LEI N° 8.429/92 - DOUTRINA - PRECEDENTES - REGIME DE PLENA RESPONSABILIDADE DOS AGENTES ESTATAIS, INCLUSIVE DOS AGENTES POLITICOS, COMO EXPRESSAO. NECESSARIA DO PRIMADO DA IDEIA REPUBLICANA - O RESPEITO A MORALIDADE ADMINISTRATIVA COMO PRESSUPOSTO LEGITIMADOR DOS ATOS GOVERNAMENTAIS. - PRETENSAO QUE, SE ACOLHIDA, TRANSGREDIRIA 0 DOGMA REPUBLICANO DA. RESPONSABILIZACAO DOS AGENTES PUBLICOS - DECISAO QUE NEGOU SEGUIMENTO A ACAO CAUTELAR - INTERPOSIGAO DE RECURSO DE AGRAVO - PARECER DA PROCURADORIA-GERAL DA REPUBLICA POR SEU IMPROVIMENTO - RECURSO DE AGRAVO A QUE SE NEGA PROVIMENTO. = Com relagdo a prescrigdo, vale destacar ser imprescritivel o pedido de ressarcimento ao erarios, estando as demais penalidades sujeitas ao disposto no art. 23, I, da Lei 8429/92, certo que, em caso de reeleigdo, conta-se o prazo do final do segundo mandato, bem como o seguinte julgado: Agint no REsp 1512479 / RN; Rel. Min, HUMBERTO MARTINS; 2* Turma; DJE 30/05/2016 PROCESSO CIVIL E ADMINISTRATIVO. IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA. PRESCRICAO. ART. 23 DA LEI 8.429/92. TERMO INICIAL. TERMINO DO SEGUNDO MANDATO. APLICACAO DA LEI DE IMPROBIDADE AOS AGENTES POLITICOS. CABIMENTO. PRECEDENTES, ART. 10 DA LEI 8.429/92. OCORRENCIA DE DANO AO ERARIO. REEXAME DE MATERIA FATICO-PROBATORIA SUMULA 7 DO STJ. DIVERGENCIA JURISPRUDENCIAL. AUSENCIA DE COTEJO ANALITICO. 1. A jurisprudéncia deste Superior Tribunal é assente em estabelecer que o termo inicial do prazo prescricional da ago de improbidade administrativa, no caso de reeleigdo de prefeito, se aperfeigoa apés o término do segundo mandato. Exegese do art. 23, I, da Lei 8.429/92. Precedentes: AgRg no AREsp 676.647/PB, Rel. Min. Assusete Magalhaes, Segunda Turma, julgado em 05/04/2016, DJe 13/04/2016; AgRg no REsp 1.510.969/SP, Rel. Min. Regina Helena Costa, Primeira Turma, julgado em 27/10/2015, DJe 11/11/2015; AgRg no AREsp 161.420/TO, Rel Min, Humberto Martins, Segunda Turma, julgado em 03/04/2014, De 14/04/2014. 2. A pacifica jurisprudéncia do Superior Tribunal de Justiga ja sedimentou o entendimento no sentido DIREITO ADMINISTRATIVO - CP0S - 05 - CPV - 2° PERIODO 2017 14/08/2017 - Pagina 6 de 9 ESCOLA DA MAGISTRATURA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO de que a Lei 8.429/1992 se aplica aos agentes politicos. Precedentes. 3. A pacifica jurisprudéncia do Superior Tribunal de Justica ja sedimentou o entendimento no sentido de que a Lei 8.429/1992 se aplica aos agentes politicos. Precedentes, Simula 83/STS. 4. 0 Tribunal de origem reconheceu expressamente a existéncia de dano ao erdrio, caracterizado pelo desvio de RS 13.000,00. Da andlise das razdes do acérdao recorrido, observa-se que este delineou a controvérsia dentro do universo fitico-probatério, razo pela qual analisar a ocorréncia ou nao de dano ao erdrio passa necessariamente pela anélise do Conjunto probatério dos autos. Incidéncia da Stimula 7/STJ. 5. Nao se pode conhecer do recurso pela alinea "c" do permissivo constitucional, quando o recorrente ndo realiza 0 necessério cotejo analitico, bem como nao apresenta, adequadamente, o dissidio jurisprudencial. Apesar da transcri¢do de ementa, no foram demonstradas as circunstancias identificadoras da divergéncia entre 0 caso confrontado ¢ 0 aresto paradigma. 6. 0 novo Cédigo de Processo Civil também ndo exime o recorrente da necessidade da demonstragao da divergéncia, Agravo interno improvido. 3° QUESTAO: Ministério Pablico ajuizou a¢ao civil piblica por improbidade administrativa, com fulero no art. 10, da Lei n° 8429/92. ¢ 0 magistrado competente proferiu decisio inaudita altera pars, em que decretou, fundamentadamente, a indisponibilidade de todos os bens dos réus, diante dos fortes indicios de lesio ao erario e da impossibilidade de se constatar a extensio dos prejuizos, naquele momento processual. Inconformados, os réus recorreram, sob 0 fundamento de nao ser cabivel a decretagio da indisponibilidade dos bens antes do recebimento da peticao inicial e sem que existam indicios de dilapidagao patrimonial, fato que seria indispensdvel para a configuracao do periculum in mora. Além disso, sustentaram que a constrigfio ndo poderia atingir todos os seus bens, notadamente os que foram adquiridos anteriormente a conduta reputada improba ¢ os que sao considerados impenhoraveis. Merece acolhida a pretensdo recursal? Descompatibilize eventuais controvérsias em consondncia com a orientagao do C. STJ. DIREITO ADMINISTRATIVO - CPOS - 05 - CPV - 2° PERIODO 2017 14/08/2017 - Pagina 7 de 9 ro ESCOLA DA MAGISTRATURA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO RESPOSTA: Quanto ao periculum in mora: STJ - AgRg no REsp 1364445 / DF; Rel. 19/12/2016 PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. ARGUMENTOS INSUFICIENTES PARA DESCONSTITUIR A DECISAO ATACADA. RECURSO ESPECIAL PARCIALMENTE PROVIDO, IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA. MEDIDA CAUTELAR DE INDISPONIBILIDADE DE BENS. DESNECESSIDADE DE DEMONSTRACAO DE PERICULUM IN MORA. CODIGO DE PROCESSO CIVIL DE 1973. APLICABILIDADE. 1- Consoante o decidido pelo Plendrio desta Corte na sessao realizada em 09.03.2016, o regime recursal serd determinado pela data da publicago do provimento jurisdicional impugnado. Assim sendo, in casu, aplica-se o Cédigo de Processo Civil de 1973. I1- O acérdao recorrido esté em confronto com orientago desta Corte, segundo a qual & desnecesséria a demonstracao da presenga de periculum in mora para a decretagdo da medida cautelar de indisponibilidade de bens, na ago civil piblica de improbidade administrativa, por se tratar de tutela de evidéncia, tendo em vista a natureza do bem protegido. IIL-- A Agravante ndo apresenta, no regimental, argumentos suficientes para desconstituir a deciséo agravada. IV - Agravo Regimental improvido. REGINA HELENA COSTA; I? Turma; Dje STJ - REsp 15841112 / PB; Rel. Min, HERMAN BENJAMIN; 2* Turma; Dje 07/10/2016 IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA. PROCESSUAL CIVIL. FRAUDE. PROCESSO DE LICITAGAO. CRIAGAO DE EMPRESAS-FANTASMAS. INDISPONIBILIDADE DE BENS. POSSIBILIDADE. 1. Trata-se na origem, de Agdo Cautelar incidental de indisy idade de bens ajuizada pelo Ministério Piblico Federal em Agdo de Improbidade Administrativa decorrente das chamadas operagées “Licitagio e Fachada’, com objetivo de desarticulagio de quadrilha voltada a fraude em licitagdes no Estado da Paraiba, mediante a criagdo de "empresas-fantasmas" em nome de interpostas pessoas ("laranjas") para participagdo em certames licitatérios. 2. E firme o entendimento no STJ de que a decretagao de indisponibilidade dos bens nao se condiciona a comprovagao de dilapidagdo efetiva ou iminente de patriménio, porquanto visa, justamente, a evitar dilapidagao patrimonial. Ademais, tal medida consiste em "tutela de evidéncia, ‘uma vez que o periculum in mora ndo é oriundo da intengo do agente dilapidar seu patriménio e, sim, da gravidade dos fatos e do montante do prejuizo causado ao erério, o que atinge toda a mento do REsp 1.366.721/BA, Rel. Ministro Napoledo Nunes Maia Filho. Rel. p/ ‘0 Og Fernandes, Primeira Seco, De 19/9/2014, sob o rito dos Recursos Repetitivos, art. $43-C do CPC, no existe mais divida quanto & controvérsia colocada nos autos. 4, Recurso Especial provido. Quanto aos bens anteriores: STJ - REsp 1301695 / RS; Rel. Min, OLINDO MENEZES (DESEMBARGADOR CONVOCADO DO TRF 1* REGIAO), 1? Turma; Dje 13/10/2015 PROCESSUAL CIVIL. IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA. INDISPONIBILIDADE DE BENS. BENS ADQUIRIDOS ANTES DO ATO IMPROBO. DISSIDIO JURISPRUDENCIAL. DEMONSTRACAO. PROVIMENTO DO RECURSO. 1. A jurisprudéncia do STJ abona a possibilidade de que a indisponi administrativa, recaia sobre bens adquiridos antes do lade, na ago de improbidade DIREITO ADMINISTRATIVO - CPOS - 05 - CPV - 2° PERIODO 2017 14/08/2017 - Pagina 8 de 9 ESCOLA DA MAGISTRATURA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO fatodescrito na inicial. A medida se dé como garantia de futura execugdo em caso de constatagao do ato improbo. Irrelevante se a indisponibilidade recaiu sobre bens anteriores ou posteriores ao ato acoimado de improbo. (Cf. AgRg no Ag 1.423.420/BA, Rel. Min, Benedito Goncalves, Primeira Turma, Dje 28.10.2011; REsp 1.078.640/ES, Rel. Min. Luiz Fux, Primeira Turma, DJe 23.3.2010." € AgRg no REsp 937.085/PR, Rel. Ministro HUMBERTO MARTINS, Segunda Turma, Die 17109/2012.0. 2. Configurado o dissidio jurisprudencial, com o acérdtio recorrido em dissonancia com a jurisprudéncia desta Corte, impde-se o provimento do recurso especial. 3. Recurso especial provido. STJ - REsp 1637831 / SP; Rel. HERMAN BENJAMIN; 2a Turma; Dje 19/12/2016 IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA. DECRETACAO LIMINAR DE INDISPONIBILIDADE PATRIMONIAL. DEMONSTRAGAO DE INDICIOS DA PRATICA DE ATO iMPROBO. REEXAME DO CONJUNTO FATICO-PROBATORIO. SUMULA 7 DO STJ. INEXISTENCIA DE DISSIDIO JURISPRUDENCIAL. PARAMETRO PARA FIXACAO DO LIMITE DA INDISPONIBILIDADE. LESAO AO ERARIO PUBLICO, ACRESCIDO DO VALOR DA MULTA CIVIL. RECURSO ESPECIAL PARCIALMENTE CONHECIDO E NAO PROVIDO. 1. Na origem, cuida-se de Ago Civil Pablica por supostos atos de improbidade administrativa, em Aue fi concedid, pelo Juzn de primeiro grav, mina para detenminarainisponiilidade dos bens sive ativos financeiros. 2. A decretagdo liminar de indsponbiidde de bens em Ago de Improbidade Administrativa depende da idemtificagiio de suficientes indicios da pritica de ato improbo, sendo dispensada a verificago do periculum in mora (REsp 1.366.721/BA, em regime de repetitivo). 3. Ao contririo do afirmado, o acérdao recorrido, a partir de elementos extraidos do inquérito policial, ingressou a fundo na anélise dos indicios relacionados a pratica de atos de improbidade administrativa por parte do recorrente. A andlise da pertinéncia e relevancia de tais indicios implica o reexame do Conjunto fatico-probatério, esbarrando no ébice da Simula 7/STJ. 4, Nao ha ofensa ao principio dispositivo ou julgamento extra petita quando 0 érgio julgador specifica quais indicios foram considerados em relagdo ao recorrente, fundamentando a decretagdo de indisponibilidade de seu patriménio. 5. Dissidio jurisprudencial em relagdo ao REsp 1.366.721/BA no demonstrado, uma vez que 0 acérdio recorrido observou os fundamentos estabelecidos em tal precedente. Ademais, ndo se realizou o cotejo analitico entre os acérdios e tampouco se demonstrou similitude fitica em relago 20 paradigma, o que é pressuposto para o conhecimento do recurso com esteio no art. 105, inciso Ill, alinea "c", da Constituigio Federal. Precedentes do STJ. 6. entendimento dominante neste Superior Tribunal é que a constrigdo patrimonial deve observar 0 valor da totalidade da lesio ao erdrio, acrescido do montante de possivel multa civil, excluidos os bens impenhoraveis. Tal posicionamento se justifica na medida em que ha solidariedade entre os responsiveis pelos atos reputados como improbo. 7. Recurso Especial parcialmente conhecido e, no mérito, negado provimento. DIREITO ADMINISTRATIVO - CPO0S - 05 - CPV - 2° PERIODO 2017 14/08/2017 - Pagina 9 de 9 ESCOLA DA MAGISTRATURA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO Turma: CPV A 22017 Disciplina/Matéria: DIREITO PENAL PARTE ESPECIAL Sessiio: 02 - Dia 10/11/2017 - 08:00 ds 09:50 Professor: PAULO BRAGA CASTELLO BRANCO 02 Tema: Crimes sexuais contra vulneraveis. Assédio sexual. 1) Consideragdes gerais: a) Definigo e evolugdo histérica. Conceito de vulneravel. Conceito de assédio sexual; b) Estupro de vulneravel, satisfagao de lascivia mediante presenca de crianga ou adolescente ¢ favorecimento da prostitui¢do ou outra forma de exploraco sexual de vulneravel; c) Bem juridico tutelado. Sujeitos do delito. Tipicidade objetiva e subjetiva; d) A Lei dos Crimes Hediondos e sua aplicagdo aos crimes sexuais contra vulneraveis. 2) Aspectos controvertidos. 3) Pena e ago penal. 1" QUESTAO: ERIVALCIO era padrasto de JULIA, de 13 anos de idade, e durante varios meses aguardou a chegada da enteada do colégio, ocasido em que nao havia mais ninguém em casa. Tio logo JULIA entrava em seu quarto, ERIVALCIO levava até ela, em diversas situagdes distintas, meninos do colégio dela, todos menores de idade, para que JULIA tivesse relagdes sexuais com eles. Para tanto, ERIVALCIO dizia & JULIA que se ela se recusasse a manter as relagdes sexuais, bateria nela, na irma e na mie dela. Em relagdo aos meninos, ERIVALCIO os arregimentava, os induzia e os instigava a praticarem relagdes sexuais com JULIA. Diante dos fatos narrados: a) Tipifique a conduta praticada por ERIVALCIO. b) A resposta se alteraria caso JULIA ja tivesse experiéncia sexual, assim como consentido em manter as relagdes sexuais? Fundamente as suas respostas. DIREITO PENAL - CP03 - 05 - CPV - 2° PERIODO 2017 31/10/2017 - Pagina 1 de 12 ESCOLA DA MAGISTRATURA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO RESPOSTA: a) TIRI APELACAO 0002548-35.2011.8.19.0025 DES. ANTONIO CARLOS BITENCOURT Julgamento: 29/10/2012 PRIMEIRA CAMARA CRIMINAL . APELAGAO CRIMINAL. ESTUPRO DE VULNERA VEL E CORRUPGAO DE MENORES EM CONCURSO MATERIAL E EM CONTINUACAO. Apelante que arregimentava, induzia e faci para menores da vizinhanca a prética de relagdes sexuais com sua enteada de doze anos, para satisfagdo de seu pervertido "voyeurismo” pedéfilo. Responsabilidade penal do apelante em crime de “mao propria” pelas categorias de concurso impréprio ou imperteito entre maior ou menor, € de autor de determinagao (Greco, Pierangeli e Zaffaroni) com acomodagao na formula geral de responsabilidade penal do art. 29 do Cédigo Penal, seja pela causalidade, seja pela imputago objetivo pelo risco proibido e criado pelo apelante. Corrupcao de menores configurada e que por ser de natureza formal prescinde de resultado quanto a integridade moral da menor sempre violada a cada ataque. Depoimento da vitima de relevante valor probatério em casos dessa natureza ¢ que normalmente ocorrem longe do olhar alheio. Testemunhos firmes que ratificam o relato da vitima, Crime continuado objetiva e subjetivamente configurado pelas mesmas circunstancias de tempo, lugar, modo ¢ execugio e unidade de designio. Sentenca escorreita que condenou o réu a uma penal total de 15 (quinze) anos, 04 (meses) e 10 (dez) dias de reclusdo, que se confirma integralmente. Desprovimento do apelo defensivo. va apelante como autor do eee 2X sentenca entendeu ser autoria mediata que nossa li penal prevé em quaros casos a saber: a) erro determinado por terceiro (art. 20, § 2°, do CP); b) coagdo moral irresistivel (art. 22, primeira parte, CP); c) obediéncia hierdrquica (art. 22, segunda parte, do CP); d) caso de instrumento impunivel em virtude de condigdo ou qualidade pessoal (art. 62, III, segunda parte, CP) Rogério Greco, em sua obra Curso de Direito Penal, p. 426, ainda acrescenta uma hipétese de autoria mediata. a saber: “pode ocorrer, ainda, a autoria mediata quando o autor se vale de interposta pessoa que nao pratica qualquer comportamento - doloso ou culposo - em virtude da presen¢a de uma causa de exclusio da ago, como ocorre nas situagdes de forca irresistivel do homem e no estado de inconsciéncia." Eo crime de estupro é de "mio prépria", isto é aquele que “para sua caracterizacdo é preciso que 0 suleite ative, expresso no tipo penal, pratique a conduta pessoalmente,” ( DIREITO PENAL - CPO3 - 05 - CPV - 2° PERIODO 2017 31/10/2017 - Pagina 2 de 12 ESCOLA DA MAGISTRATURA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO Rogério Greco, op. cit., p. 427) Tais infragdes so conhecidas, ainda como diz o renomado jurista, "como de mao prépria ou de atuagdo pessoal, visto possuirem essa natureza personalissima’. Como regra, 0s delitos de nao propria nao admitem a autoria mediata ou a coautoria, justamente por essa exigéncia pessoal de execugio da agdo incriminada. No caso, para a configuracio da autoria indireta, o ilustre juiz entendeu que 9 apelante se valeu de pessoa inimputavel (os menores que praticaram as relacdes sexuais) como instrumento do propésito concupiscente, mas deixando em aberto a questio da vontade (e sua anterior representacio), que deve estar ausente no atuar see do instrumento), Todos os menores que testemunharam foram acordes em que nao foram ameagados ou forgados pelo réu as praticas sexuais com a vitima, e que assim faziam porque queriam, e varios deles, Jodo Victor (f1. 225), Anderson (f1. 230) e Ronaldo (fl. 250) afirmaram saber que aquilo era errado. Logo, a responsabilidade penal nfo decorre propriamente da autoria mediata, mas de concurso entre maior e menores, como nos ensina Nucci "nem todas as vezes que um menor de 18 anos toma parte no cometimento do injusto penal é ele instrumento do maior (configurando a autoria mediata). Podem ser co-autores, vale dizer, ambos DIREITO PENAL - CP03 - 05 - CPV - 2° PERIODO 2017 31/10/2017 - Pagina 3 de 12 ESCOLA DA MAGISTRATURA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO desejame trabalham para atingir o mesmo resultado, de modo que ndo é 0 menor mero joguete do major. Chama-se essa modalidade de colaboragio - tendo em vista que um é penalmente responsavel e out nfo, de "soneurto impropriamente dite" - Em altima anilise da-se ensina Greco, fundamentado por Pierangele Zafar Leia-se: “Pierangeli e Zaffaroni trazem uma hipotese na qual ndo se pode falar em autoria, direta ou indireta, tampouco em participacdo, mas que, diante da redagio do art. 29 do Cédigo penal, permite punir 0 agente pelo fato de ter determinado a pratica da infragdo penal, sendo chamado, em razdo disso, de autor de determinagdo. Esclarecendo seu raciocinio, trazem a colagio a hipétese de “alguém que se valha de outro, que nao realiza conduta para cometer um delito de mao propria: uma mulher da sonifero a outra e depois hipnotiza um amigo, ordenando-Ihe que com aquela mantenha relagdes sexuais durante o transe. O hipnotizado néo realiza a conduta, a0 passo que a mulher ndo pode ser autora de estupro, porque é delito de mao propria. Tampouco é participe, pois falta o injusto alheio em que cooperar ou a que determinar.""2 - grifei. Sobre a corrupeao dos menores, crime formal que é, torna-se irrelevante se os menores ja eram ou nao corrompidos, porque a protegdo legal veda qualquer estimulo corrupgaio ou sua facilitagao a pritica de infragdo tépico vale a pena transcrever trecho da sentenga que se subrogou na palavra do Ministério Pablico: Leia-se: "Como bem acentuou o Ministério Pablico, "nao se pode olvidar, ademais, que o acusado, maioria das vezes, induziu, instigou e, em alguns casos, auxiliou materialmente os menores a praticar ato sexual com a vitima, pois que todos os adolescentes foram unissonos em dizer que partia do acusado a proposta daquela relagdo carnal. Demais disso, ainda pode-se considerar que 0 acusado também facilitava a corrupgao de menores, uma vez que Ihe oferecia a propria residéncia para a pratica dos atos infracionais e «Preparava? a vitima, sobre quem tinha autoridade e poder de infundir temor, para que ,permitisse? a efetivagdo dos atos sexuais consigo.” (fls. 320 e 321 - proceso fisico) Ha certeza para condenar, e exatamente pelo que foi entregue & dedugdo ju b)STJ Processo: REsp 1371163 / DF RECURSO ESPECIAL 2013/0079677-4 Relator(a): Ministro SEBASTIAO REIS JUNIOR (1148) Orgio Julgador: T6 - SEXTA TURMA. Data do Julgamento: 25/06/2013 Data da Publicagao/Fonte: DJe 01/08/2013 Ementa: RECURSO ESPECIAL. DIREITO PENAL. ART. 217-A DO CP. ESTUPRO DE VULNERAVEL. PROTECAO A LIBERDADE SEXUAL E A DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA. CONTINUIDADE DELITIVA. ial, DIREITO PENAL - CP03 - 05 - CPV - 2° PERIODO 2017 31/10/2017 - Pagina 4 de 12 ESCOLA DA MAGISTRATURA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO VITIMA MENORDE 14 ANOS. RELACIONAMENTO AMOROSO. CONSENTIMENTO DA VITIMA E PREVIA EXPERIENCIA SEXUAL. VIDA DISSOLUTA. IRRELEVANCIA PARA A TIPIFICAGAO PENAL. PRECEDENTES. CASSACAO DO ACORDAO A QUO. RESTABELECIMENTO DA SENTENGA CONDENATORIA. que praticou conjune: carnal com menor que contava com 12 anos de idade - subsume-se ao tipo previsto jo noart. 217-A 0 Penal, denominado estupro de vulnerdvel, mesmo diante de eventual consentimento ¢ de estupro de vulnerdvel, sio irrelevantes a experiéneia sexual Precedentes. realizacio ol iva do tipo do 0 do : art. 217-A do Cédigo Penal, basta que o agente ten! conhecimento de que a vitima é menor de 14 anos de idade e decida com ela manter conjunedo carnal ou qualquer outro ato libidinoso, o que efetivamente 4, Recurso especial provido para condenar o recorrido em relagao & pratica do tipo penal previsto no art. 217-A, cleo art. 71, ambos do Cédigo Penal, e determinar a cassacao do acérdao a quo, com 0 restabelecimento do decisum condenatério de primeiro grau, nos termos do voto. 2° QUESTAO: NATALINO, padre de uma igreja catélica, convida por varias vezes NATERCIA, linda jovem de 13 anos de idade, que freqlientava quase que diariamente a sua igreja, a com ele praticar atos libidinosos diversos da conjungio carnal, o que nao chega a ocorrer. NATERCIA, que se sentiu efetiva e profundamente constrangida, pois, segundo ela, alimentava em si enorme reveréncia e respeito em relago aquele lider religioso, propds ago penal privada comprovando os fatos alegados e imputando ao padre a pritica de assédio sexual (art. 216-A do CP). Em sua defesa, NATALINO nega 0s fatos e argumenta que, ainda que tivesse solicitado os referidos favores sexuais, tudo nao teria passado de tentativa, pois nada houve entre os dois. Se fosse vocé o Juiz da causa, como decidiria? RESPOSTA: Os elementos necesséirios para que o crime de assédio sexual se configure sio: 0 constrangimento, a solicitago de vantagem ou favorecimento sexual e aproveitamento, por parte do agente, de sua superioridade hierdrquica ou ascendéncia inerentes ao exercicio de emprego, cargo ou funcdo. Ora, no caso, nao ha a possibilidade da ocorréncia do crime imputado, pois no ha a relagdo exigida no tipo penal entre a suposta vitima e o imputado. Ademais, 0 pardgrafo unico do art. 216-A, CP, que foi vetado, previa exatamente a hipdtese de assédio praticado em fungio de oficio ou ministério, que seria 0 caso em exame. O maximo que se poderia conjecturar seria em relagio ao art. 61 da LCP, se fosse 0 caso de importunaco ofensiva ao pudor em local piblico ou de acesso ao piiblico. DIREITO PENAL - CP03 - 05 - CPV - 2° PERIODO 2017 31/10/2017 - Pagina 5 de 12 ESCOLA DA MAGISTRATURA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO 3° QUESTAO: LUCIANA utiliza 0 contato telefonico ou envia mensagens para possiveis clientes, oferecendo adolescentes para programa sexual e, caso a resposta seja positiva, entra em contato com as mesmas, indo buscé-las em casa ou no colégio para deixa-las no local do encontro. Os programas, normalmente, ocorrem em motéis, apartamentos ou mesmo no carro do cliente. LUCIANA recebe de seus clientes uma quantia pela apresentagao da adolescente, além de exigir outra quantia em dinheiro da adolescente que faz 0 programa sexual. LUCIANA conhece o gosto de seus clientes, sabendo que uns gostam de garotas estilo "bebezinha”, outros preferem meninas com "corpo". Sempre se utilizando do mesmo modus operandi, a denunciada possui um amplo rol de clientes, os quais demonstram confianga na acusada. Ressalte-se que ela, inclusive, se utiliza de expressdes como "muito top" e "bonequinha” para se referir as garotas, fazendo, desta forma, um verdadeiro marketing sexual para convencer os clientes a fazer o programa sexual. No dia 27 de janeiro de 2013, LUCIANA promoveu um encontro sexual entre ANILSON e as menores JAQUELINE, de 16 anos, e MYRLANDIA, de 17 anos. Pelo programa, JAQUELINE recebeu a quantia de RS400,00 (quatrocentos reais) e MYRLANDIA, por sua vez, recebeu a quantia de R$300,00 (trezentos reais). Em razo dos fatos narrados, o Ministério Piiblico denunciou LUCIANA no incurso das sangdes previstas no art. 218-B, §1° do Cédigo Penal e ANILSON nas sangdes do art. 218-B, §2°, | do Cédigo Penal. Na defesa apresentada por ANILSON, ele alega a atipicidade de sua conduta, pois para a realiza¢ao do tipo penal a ele imputado, ha a necessidade de exigéncia de outras elementares implicitas, quais, sejam: (i) a condigdo de vulnerabilidade da vitima, (ii) a habitualidade da prostituigdo e do relacionamento reiterado com 0 acusado, (iii) assim como a impossibilidade de corrupedo prévia de JAQUELINE e MYRLANDIA. Diante do caso conereto, voc8, na qualidade de juiz acolheria alguma alegagao defensiva de ANILSON? Fundamente a sua resposta. DIREITO PENAL - CP03 - 05 - CPV - 2° PERIODO 2017 31/10/2017 - Pagina 6 de 12 iF =] ESCOLA DA MAGISTRATURA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO RESPOSTA: STI Processo: HC 288374 / AM HABEAS CORPUS 2014/0029828-0 Relator(a): Ministro NEF1 CORDEIRO (1159) rgao Julgador: T6 - SEXTA TURMA Data do Julgamento: 05/06/2014 Data da Publicagdo/Fonte: DJe 13/06/2014 Ementa: PROCESSUAL PENAL E PENAL. HABEAS CORPUS SUBSTITUTIVO DE RECURSO ESPECIAL, ORDINARIO OU DE REVISAO CRIMINAL. NAO CABIMENTO. FAVORECIMENTO DA PROSTITUICAO DE ADOLESCENTE. PESSOA QUE SE SERVE DA ATIVIDADE. TIPICIDADE. DOLO AFERIDO DA CONDUTA IMPUTADA. DOUTRINA DA PROTECAO INTEGRAL DO ADOLESCENTE. INDICIOS DE AUTORIA E MATERIALIDADE. LIMITADO ACESSO DE VALORACAO DA PROVA NO HABEAS CORPUS. INEPCIA NAO RECONHECIDA. 1. Ressalvada pessoal compreensio diversa, uniformizou o Superior Tribunal de Justiga ser inadequado o writ em substituigao a recursos especial e ordindrio, ou de revisdo criminal, admitindo- se, de oficio, a concessdo da ordem ante a constatagio de ilegalidade flagrante, abuso de poder ou teratologia. 2. Contendo a imputagdo inicial narrativa do fato de manter relagdo sexual com adolescente, que atuava na prostituigdo, a habitualidade na mercancia do corpo dela sendo demonstrada pela agenciadora e pelos variados clientes individualizados na peca acusatéria, é admitida como suficiente a descrigdo das elementares do crime do art. 218-B, § 2°, 1, do Cédigo Penal. 3. A deniincia por crime no culposo tem o dolo inferido na conduta imputada: ao descrever a pratica de relagdes sexuais com menor de dezoito anos, a acusago expressa, implicita mas clara e diretamente, que essa conduta se deu conscientemente pelo agente, sabedor das condigdes do fato imputado. 4, Opgaio politico-estatal de protegio integral da crianga e adolescente, por principio constitucional, normas nacionais e internacionais, que gradualmente fez inserir na legislagao proibi¢do de trabalho até os 16 anos de idade - sendo na menoridade de nenhum modo perigoso ou insalubre - ¢ de submissdo a prostituigdo (ECA, Art. 244-A), tipo penal derrogado pela Lei n, 12.015/90, que acresceu ‘condutas nao coativas de introdugio ou de dificultagdo de abandono da prostituicdo (profissio voluntaria), ou de exploragio sexual (sem a voluntariedade) da adolescente - art. 218-B, § 2°, 1, do Cédigo Penal. 5. Para impedir violagdes A protegiio integral, ndo se pune o adolescente (que trabalha ou se prostitui), ‘mas quem serve-se dessa atividade vedada (punindo administrativamente empregadores e criminalmente - op¢do politica de tratamento mais gravoso - aos clientes da prostitui¢do). 6. Nao é afetada a liberdade sexual do adolescente, pois ab-rogado o art. 218 do CP, apenas mantendo protegida sua imagem (ECA, arts. 240/241-E) e impedindo indugdo a servir como simples instrumento do prazer de terceiro (CP, Art. 227). 7. O tipo do art. 218-B, § 2°, 1, do Cédigo Penal, tem a condigao de vulnerabilidade admitida por critério biolégico ou etario, neste Gltimo caso pela constatagdo objetiva da faixa etaria, de 14a 18 anos, independentemente de demonstrago concreta dessa condigiio de incapacidade plena de auto- gestio. A tinica habitualidade exigida é na atividade de prostituigdo - que ndo se da por tnica praticasexual - DIREITO PENAL - CP03 - 05 - CPV - 2° PERIODO 2017 31/10/2017 - Pagina 7 de 12 ESCOLA DA MAGISTRATURA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO {,0 que nio afasta ato Unico em caso de exploragdo sexual, 8. Desimporta atuar a vitima previamente na prostituigdo, pois ndio se pune a provocagio de deterioragao moral, mas o incentivo atividade de prostituigdo de adolescente, inclusive por aproveitamento eventual dessa atividade, como cliente, 9. O limitado acesso de valoragao da prova no habeas corpus impede a verificagao da suficiéncia dos indicios de autoria e materialidade para embasar a persecugdo criminal, fundamentadamente admitida no acérdio atacado. 10. Habeas corpus no conhecido. Trechos do acérdo: O fato de ja ser a vitima corrompida, atuante na prostituigdo, é irrelevante para 0 tipo penal. Nao se pune a provocacao de deterioracdo moral, mas o incentivo a atividade de prostituigdo, inclusive por aproveitamento eventual dessa atividade, como cliente . Essa é previsio tipica do art. 218-B do CP, e especialmente de seu § 2°, I. Pune-se ndo somente quem atua para a prostituigdo do adolescente, induzindo/facilitando/submetendo ou dificultandofimpedindo seu abandono, mas também quem serve-se desta atividade. E acdo politico- social de defesa do adolescente, mesmo contra a vontade deste, pretendendo afasta-lo do trabalho de prostituigdo pela falta de quem sirva-se de seu atendimento. A condig&o de vulneravel é no tipo penal admitida por critério biolégico ou etario, neste ultimo caso pela constatagao objetiva da faixa etéria, de 14a 18 anos, independentemente de demonstragao concreta dessa condigao de incapacidade plena de auto-gestdo. Tampouco faz 0 tipo penal qualquer exigéncia na habitualidade da mantenga de relagdes sexuais com a prostituta adolescente. Habitualidade ha na atividade de prostituigo da adolescente, nao nos contatos com aquele que de sua atividade serve-se. Basta no tipo penal nico contato consciente com prostituta adolescente para que se configure o crime. ‘Nao servem ao caso os citados precedentes pertinentes ao art. 244-A do ECA, pois la exigida a submissio (condigdo de poder sobre alguém) A prostituigdo (esta atividade sim, com habitualidade). No art. 218-B, § 2°, l, pune-se outra ago, a mera pratica de rela¢do sexual com prostituta adolescente ~ e nessa conduta no se exige reiteragdo, poder de mando, ou introdugdo da vitima na habitualidade da prostituigo. Assim, vejo descri¢do na deniincia de conduta penal tipica. De outro lado. 0 dolo, nao se tratando de crimes culposos, é inferido da conduta imputada: ao descrever a pritica de relagdes sexuais com adolescente de 17 anos de idade, prostituida, o érgdo acusador expressa, implicita mas clara e diretamente, que essa conduta se deu conseientemente pelo agente, sabedor das condigdes do fato imputado. # QUESTAO: ‘No ano de 2003, JULIA, na ocasido com 9 (nove) anos de idade, foi residir com sua mae na casa onde ja morava ANTONIO, padrasto de JULIA. Desde entdo, ANTONIO, quase que diariamente, aproveitava quando a mie de JULIA ia trabalhar, na parte da manha, e ameagava JULIA com uma faca, mandando-a ir para o banheiro, ¢ la a obrigava a tirar toda sua roupa e depois mantinha relagdes sexuais com ela. JULIA nao relatou os fatos para sua mae, desde dos primeiros acontecimentos, pois ANTONIO a ameagava dizendo: "se vocé contar para sua mae, 0 que eu te fiz, eu mato vocé e sua mie”. No entanto, no ano de 2011, cansava desses abusos, JULIA resolveu contar os fatos a sua mae, que ficou chocada com todo 0 ocorrido e mudou-se imediatamente da residéncia de ANTONIO; razio pela qual os referidos abusos nunca mais ocorreram. Diante do caso conereto, tipifique a conduta praticada por ANTONIO, esclarecendo, outrossim, os eventuais efeitos decorrentes da entrada em vigor da Lei 12.015/2009. Fundamente a sua resposta. DIREITO PENAL - CP03 - 05 - CPV - 2° PERIODO 2017 31/10/2017 - Pagina 8 de 12 ESCOLA DA MAGISTRATURA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO RESPOSTA: TIRI APELACAO 0055180-76.2012.8.19.0001 DES. GILMAR AUGUSTO TEIXEIRA Julgamento: 16/01/2014 OITAVA CAMARA CRIMINAL . APELACAO CRIMINAL. ESTUPRO DE VULNERAVEL. ART. 217-A, NA FORMA DO ART. 71, AMBOS DO CP. RECURSO DEFENSIVO COM ARGUICAO PRELIMINAR DE INEPCIA DA DENUNCIA. NO MERITO, DESEJA A ABSOLVICAO, AO ARGUMENTO DA PRECARIEDADE DO CONJUNTO PROBATORIO. SUBSIDIARIAMENTE, REQUER O AFASTAMENTO DA INCIDENCIA DO ARTIGO 217-A, COM A CONSEQUENTE REDUCAO, DE PENA, A REDUCAO DA PENA IMPOSTA EM DECORRENCIA DO CRIME CONTINUADO (AUMENTO DE 2/3) E A PENA ESTABELECIDA NO SEU MINIMO LEGAL. Preliminar. A arguigdo prefacial nao desafia provimento, quando o exercicio do direito de defesa de forma alguma foi cerceado ou sequer dificultado pelo teor da deniincia, a qual obedeceu aos requisitos legais previstos no art. 41 do CPP, configurando a questo relativa a provavel data de inicio da pratica do delito um mero erro material. Precedentes do STJ: ,Segundo ja decidiu esta Corte, "Eventual inépcia da dentincia s6 pode ser acolhida quando demonstrada inequivoca deficiéncia a impedir a compreensdo da acusagao, em flagrante prejuizo a defesa do acusado, ou na ocorréncia de qualquer das falhas apontadas no art, 43 do CPP" (RHC 18.502/SP, 5.* Turma, Rel. Min. GILSON DIPP, DJ de 15/05/2006). Preliminar que se rejeita. No mérito. Nos delitos contra a dignidade sexual ganha relevo a palavra da vitima, mormente porque esses crimes se desenrolam as escuras, longe das vistas alheias, polarizando-se entre o agente e aquele ou aquela cujo corpo € honra foram imolados a servigo da lascivia do primeiro. Nesse diapasio, importar realcar que o discurso encetado pela vitima permanece igualmente coerente e certeiro desde suas primeiras declaragdes, ainda em sede policial, ratificadas em esséncia quando da oportunidade judicial. De outro giro, a versio apresentada pelo réu € avessa ao caderno das provas, revelando-se pifia e juridicamente inécua ante a realidade emergente no feito, qual seja, a de que o apelante constrangeu a vitima, dos 09 (nove) aos 16 (dezesseis) anos de idade & época dos fatos, a com ele praticar conjungo carnal e outros atos libidinosos, restando caracterizada a acusagdo de estupro de vulnerivel. Correto 0 juizo de valor vertido na condenagdo, que deve ser mantida, fazendo quedar desde logo o principal pleito recursal, que é 0 da absolvigao. Em agosto de 2009 foi editada a Lei n° 12.015/09, que forneceu nova roupagem aos agora chamados crimes contra a dignidade sexual. Deixou de existir a figura tipica ¢ auténoma do art. 213 e 214, do Cédigo Penal, sob estupro, ¢ “atentado violento ao pudor", passando gs atos libidinosos consistentes DIREITO PENAL - CPO3 - 05 - CPV - 2° PERIODO 2017 31/10/2017 - Pagina 9 de 12 ESCOLA DA MAGISTRATURA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO o crime denominado de "estupro", jé agora -onjugacio do dispositivo naconjuncio carnal ou diversos da mesma a constitui no art. 213, do Cédigo Penal e sua vertente majorad: anterior do Cédigo Penal com a causa de aumento da Lei de Crimes Hediondos para dar lugar conduta dnica hoje tipificada como estupro de vulneravel, prevista no art. 217-A, do CP, Importa afirmar que o que antes era denominado atentado violento ao pudor ¢ estupro, hoje recebe a denominacio de estupro de vulneravel, previsto no art. 217-A, do CP. Criou-se um inico tipo penal primario em evidente continuidade normati ‘que sepulta o pretendido afastamento do ‘tual art, 217-A, do CP, Mas ainda que assim nao fosse, eis que estamos em sede de ‘cessacdo deste se deu em 2011, ow seja, apés a edicio da Lei 12.015/2009, 2 égide da Simula de n® 711, do E, STF, a qual assevera: A Jei penal mais rime continuado ou ao crime permanente, se a sua vigéncia é anterior & dade ou da DIREITO PENAL - CP03 - 05 - CPV - 2° PERIODO 2017 31/10/2017 - Pagina 10 de 12 DIREITO PENAL - CP03 - 05 - CPV - 2° PERIODO 2017 Sessdo: 03 - Dia 10/11/2017 - 10:10 as 12:00 Professor: PAULO BRAGA CASTELLO BRANCO 03. Tema: Lenocinio e tafico de pessoa para fim de prostituigdo ou outra forma de exploragao sexual. Ultraje ao pudor publico. 1) Consideragdes gerais: a) Definigiio e evolugao hi Conceito de lenocinio; b) Bem juridico tutelado. Sujeitos do delito. Tipicidade obj subjetiva; c) Do ultraje piiblico ao pudor. 2) Aspectos controvertidos. 3) Concurso de crimes. 4) Pena e ago penal. 1° QUESTAO: Policiais civis interditaram no bairro de Copacabana um estabelecimento comercial que se apresentava como casa de banhos, massagens e sauna, de freqiléncia para ambos os sexos, vindo, na ‘ocasifio, a prender, em flagrante, o gerente da mesma, sustentando, para tanto, a infragao ao artigo 229 do Cédigo Penal, e diante da constatagio de que no local desenvolvia-se prostituigao de forma indiseriminada, 4) Estd correto 0 enquadramento juridico-penal da hipétese? Justifique, indicando eventual divergéncia de posicionamentos a respeito e seus fundamentos. b) Caso seja afirmativa a resposta ao item anterior, haveria a caracterizacao do estado de flagrdncia? 31/10/2017 - Pagina | de 7 ESCOLA DA MAGISTRATURA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO RESPOSTA: a) Existe divergéncia jurisprudencial quanto ao tema, encontrando-se julgados que prestigiam cada ‘uma das posigdes, quais sejam, tanto da tipicidade, como da atipicidade penal da hipotese. Quanto primeira destas posigdes, tem-se que a comprovagao de que no local foram propiciados encontros para fins libidinosos e realizada a prostituigdo pelos seus freqiientadores, ja estabelece base legal para a configuragdo deste delito, notadamente diante do desvirtuamento das atividades ali desenvolvidas segundo a destinagao explicita do estabelecimento. Por outro lado, a posi¢do relativa a no- configuragao desta infragdo penal esta calcada no sentido de nao se admitir interpretagao extensiva para a rubrica "casa de prostituigo, diante de uma constatagdo eventual e episédica do exercicio do meretricio naquele local, até porque niio teria sido observado requisito essencial para a configuragao de tal delito, qual seja, a sua habitualidade. Esta segunda posigdo é a mais prestigiada. TIMG pelagdo Criminal 1.0431,06.032197-0/001 0321970-07.2006.8. 13.0431 (1) Relator(a): Des.(a) Delmival de Almeida Campos Orgao Julgador / Camara: Cémaras Criminais / 4” CAMARA CRIMINAL Siimula: DERAM PARCIAL PROVIMENTO AO RECURSO, JULGANDO EXTINTA A PUNIBILIDADE DOS REUS Comarca de Origem: Monte Carmelo Data de Julgamento: 29/05/2013 Data da publicagdo da stimula: 05/06/2013 _ Ementa: EMENTA: CASA DE PROSTITUIGAO - MATERIALIDADE DELITIVA - ESTABELECIMENTO COMERCIAL QUE EXPLORAVA ATIVIDADES DE BAR - DELITO NAO CARACTERIZADO. PRECEDENTES. ABSOLVICAO MANTIDA - CORRUPCAO DE. MENORES - ENTENDIMENTO DO STJ DE QUE TRATA-SE DE CRIME FORMAL - OFERECIMENTO DE BEBIDA ALCOOLICA A MENOR - CONDENAGAO - PRESCRICAO PELAS PENAS "IN CONCRETO" E “IN ABSTRACTO" - EXTINCAO DA PUNIBILIDADE DOS REUS. = Se o estabelecimento comercial das rés explorava outras atividades comerciais, além de oferecer {quartos para pratica de encontros sexuais, ndo se caracteriza 0 tipo do art. 229 do Cédigo Penal, que exige a exclusividade e a habitualidade da destinagdo do imével ao lenocinio. = Diante do entendimento pacificado do Superior Tribunal de Justiga de que crime de corrupgio de menores é de natureza formal, impde-se a condenacdo da ré e, em razio da pena concretizada, julga- se extinta a punibilidade pela prescrigtio da pretensio punitiva. Tr veri Com efeito: "A conduta incriminada representada pelo verbo nuclear “manter”, que sustentar, conservar ou custear casa de prostituigao. Manter implica a idéia de habitualidade, que eventualmente pode ser confundida com permanéncia. "Casa de prostituicao" é 0 local onde as prostitutas permanecem para 0 exercicio do comércio carnal. Embora a lei se refira genericamente a ou lugar destinado a encontros para fim libidinoso”, deve-se interpretar restritivamente, como outro local para encontro ho do aeérdaio: Ao exame dos autos, estou em que 0 caso ¢ de se manter a absolvigao, "data DIREITO PENAL - CP03 - 05 - CPV - 2° PERIODO 2017 31/10/2017 - Pagina 2 de 7 ESCOLA DA MAGISTRATURA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO deprostituigdo, adequando-se ao nomem iuris do tipo penal. O crime consiste em manter esses locais, exploré-los ou dirigi-los, exatamente para o fim mencionado no tipo penal. (..) Ha profunda divergéncia sobre o fato de hotéis licenciados pela policia e casas mantidas em zonas de meretricio, inclusive pagando impostos ¢taxas, constituirem ou no esse erime. Hé decisées inadmitindo as comhecidas "casas de massage", banhos ou duchas como lugar destinado a prostituigdo. (...) Para a configuracao do delito do art. 229 do Cédigo Penal, em se tratando de comércio relativo a bar, gindstica etc., € necesséria a transformagao do estabelecimento em local exclusivo de prostituigdo.” (in, Tratado de Direito Penal, Cezar Roberto Bitencourt, Parte Especial, vol. 4, Ed. Saraiva, 2* edigdo, paginas 96/97). Pois bem. ‘Ao compulsar os autos, concluo que a materialidade do delito se mostra insuficientemente comprovada. Para caracterizacio do crime de manutencio de casa de prostituicdo, exige-se que 0 imével em tela tenha destinacio especifica para exploracio do meretricio, estando ja s dout jurisprudéncia patrias que, se no lades mercantis. como venda de bebidas, no resta tipificado o delito, que exige a exclusividade da exploracio prostituicio. Nesse sentido, confira-se: ""No delito do art. 229, segundo magistério de Fragoso, o dolo ¢ especifico. Consiste na vontade livremente dirigida & manutengdo da casa de prostituigdo ou outro qualquer local, especificando-se pelo fim especial que ¢ o de manté-la para a realizagio de encontros libidinosos" (TJSP - HC - Rel. Goulart Sobrinho - RITJSP 87/390). "DANCETERIAS. A simples locagdo de quarto em daneeteria para fins libidinosos ndo se enquadra na figura tipica do art.229, pois para a sua caracterizagio exige se a explorago de um imével com destinagao a prostituigdio"(TIMG. RT.771\668). GUILHERME DE SOUZA NUCCI, "in" Cédigo Penal Comentado, 4" Edigdo, Editora, RT, Art. 229, Pag. 708, leciona: "Casas de massage, motéis, hotéis, de alta rotatividade, saunas, bares ou cafés, drive in, boates, casas de relaxamento (relax for men): ndo se configuram o tipo penal, segundo a jurisprudéncia e doutrina majoritarias, A explicagdo, (..) é simples: ndo sio lugares especificos para a prostitui¢do, nem para tencontros libidinosos. pois tém outra finalidade, como a hospedagem, o servigo de DIREITO PENAL - CP03 - 05 - CPV - 2° PERIODO 2017 31/10/2017 - Pagina 3 de 7 ESCOLA DA MAGISTRATURA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO ‘massagemou relaxamento, a sauna, o servigo de bar, etc, Sabe-se perfeitamente que, em muitos desses locais, trata-se de auténtica casa de prostituicdo disfarcada com um nome mais moderno e adaptado & realidade, embora quem esteja antiquado e decadente seja o tipo penal.”. E ainda, a jurisprudéncia do Superior Tribunal de Justiga: “A simples manutencdo de estabelecimento comercial relativo a casa de massagem, banho, ducha, "relax" € bar ndo configura 0 delito do art. 229, do CP. Hipotese que demanda andlise do material fatico probatério, vedado nesta instancia, Incidéncia da Sim, 07/STJ". (STJ, RE 65.951/DF, Rel. Min. Edson Vidigal, j. 1/9/98) . Ainda que assim ndo fosse, tenho entendimento firmado, em consondncia com miiltiplos julgados deste eg. TJMG, no sentido que a exploragao de mera disponibilizagdo de quartos para encontros em zona de prostituigdo, por si s6, ndo constitui o crime do art. 229, do Cédigo Penal. A propésito, pego vénia para trazer considerago excerto dos fundamentos do voto proferido na Apelagiio n°. 1.0480.98.003222-5/001, originaria da Comarca de Patos de Minas, confira-se: "Todavia, em que pese ter ficado satisfatoriamente demonstrado, inclusive pela confissto da ré, no sentido de que, realmente, mantinha uma casa com dois quartos destinados a encontros amorosos € libidinosos, tenho para mim, data venia, que o MM. Juiz a quo ndo agiu com acerto ao decidir pela condenagiio. Pelo que esta provado, o referido estabelecimento funcionava em local apropria tolerdncia das autoridades locais, proximo a outras casas congéneres. Ora, ndo é possivel exigir-se de qualquer pessoa, hoje em dia, concluir que esteja cometendo um ato contrario a lei, quando a sua casa, dada como sendo de prostituigdo, funciona as claras e com pleno conhecimento das autoridades, que nenhuma restri¢do Ihe opde, em localidade que funcionam diversos outros estabelecimentos semelhantes a0 seu. A jurisprudéncia, ao longo dos anos, tem se inclinado para o entendimento de que a exploragiio de casa de prostibulo em zona de meretricio nao configura 0 delito previsto no art. 229 do CP". Neste sentido, colhem-se os seguintes arestos: "O funcionamento da casa de prostituigo as claras, em zona de meretricio com o pleno conhecimento das autoridades locais que nenhuma restrigdo Ihe opdem, desconfigura 0 delito do art. 229 do CP* (RT 523/344), “A jurisprudéncia dos Tribunais ¢ torrencial no sentido de que a exploragdo de casa de prostituigdio em zona de meretricio ndo configura o delito previsto no art. 229 do CP" (RT 557/386). O STF hé muito vem emitindo esse mesmo posicionamento. Inclusive assim decidiu: "Casa de prostituigdo. Exploragdo em zona de meretricio. Inexisténcia de crime. Concesso de ‘habeas . Inteligéncia do at do Cédigo Penal. A exploracdo de casa de tolerdncia em zona de io no constitui crime" (RT 405/433). inexistindo provas nos autos de que o local mantido pela ré destinava-se, exclusivamente, para encontros libidinosos DIREITO PENAL - CP03 - 05 - CPV - 2° PERIODO 2017 31/10/2017 - Pagina 4 de 7 4) ESCOLA DA MAGISTRATURA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO envolvendoprostituicio, fica mantida a absolvieo quanto ao crime de casa de prostituicao. b) Discute-se aqui a possibilidade de se obter a prova da habitualidade do delito em questao, o que, em tese, teria que se estabelecer através de procedimento anterior outro, de natureza policial, como por exemplo uma sindicdncia, embora alguns ainda sustentem, de forma minoritéria que isto cemergiria da prépria condigdo da prisdo em flagrante. A posigao de maior aceitagao é aquela no sentido da impossibilidade de se estabelecer a prisio flagrancial, pela insuficiéncia de condigdes de caracterizagao da habitualidade, enquanto elemento constitutivo essencial para se estabelecer a ocorréncia de tal crime. 2 QUESTAO: JOAO e JOSE foram denunciados pelo Ministério Pablico, como incursos nas penas do art. 228 do Cédigo Penal pelos seguintes fatos: os acusados so sécios de um estabelecimento empresarial, cuja atividade se restringe & exploragdio de uma boate, com apresentagao de espetaculos erdticos, sendo que a freqiiéncia é franqueada a qualquer pessoa, entre as quais estdo incluidas as prostitutas que bordejam pelo bairro de Copacabana, intituladas de “garotas de programa” e que freqientam o lugar ‘com 0 objetivo de angariar clientes, em cuja companhia se dirigem a locais diversos, para a pratica de relagdes sexuais. A defesa alega que, para o ingresso no referido estabelecimento, é cobrada dos clientes uma consumago minima e, apesar de saberem que prostitutas freqdentam o local, néo tiram nenhum proveito dessa atividade por elas exercida. Decida a questio. DIREITO PENAL - CP03 - 05 - CPV - 2° PERIODO 2017 31/10/2017 - Pagina $ de 7 ESCOLA DA MAGISTRATURA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO RESPOSTA: sTy Processo: HC 171019 / RJ HABEAS CORPUS 2010/0078587-9 Relator(a): Ministra LAURITA VAZ (1120) Orgio Julgador: TS - QUINTA TURMA. Data do Julgamento: 13/11/2012 Data da Publicagdo/Fonte: Die 23/11/2012 Ementa: HABEAS CORPUS SUBSTITUTIVO DE RECURSO ORDINARIO. DESCABIMENTO. COMPETENCIA DAS CORTES SUPERIORES. MATERIA DE DIREITO ESTRITO. MODIFICACAO DE ENTENDIMENTO DESTE TRIBUNAL, EM CONSONANCIA COM A SUPREMA CORTE. FAVORECIMENTO DA PROSTITUICAO. PLEITO DE TRANCAMENTO DA ACAO PENAL. ALEGADA INEPCIA DA DENUNCIA. INEXISTENCIA TESE DE ATIPICIDADE DA CONDUTA. IMPROCEDENCIA. AUSENCIA DE ILEGALIDADE FLAGRANTE QUE, EVENTUALMENTE, PUDESSE ENSEJAR A CONCESSAO DA ORDEM. DE OFICIO, HABEAS CORPUS NAO CONHECIDO. 1, O Excelso Supremo Tribunal Federal, em recentes pronunciamentos, aponta para uma retomada do curso regular do processo penal, ao inadmitir o habeas corpus substitutivo do recurso ordinario. Precedentes: HC 109.956/PR, 1° Turma, Rel. Min. Marco Aurélio, De de 11/09/2012; HC 104.045/RJ, 1.8 Turma, Rel. Min, Rosa Weber, De de 06/09/2012; HC 108.181/RS, 1. Turma, Rel. Min. Luiz Fux, DJe de 06/09/2012. Decisdes monocraticas dos ministros Luiz Fux e Dias Téffoli, respectivamente, nos autos do HC 114.550/AC (Die de 27/08/2012) e HC 114.924/RI (De de 27/08/2012). 2. Sem embargo, mostra-se precisa a ponderagdo langada pelo Ministro Marco Aurélio, no sentido de que, "no tocante a habeas ja formalizado sob a dptica da substituigo do recurso constitucional, no ocorrerd prejuizo para o paciente, ante a possibilidade de vir-se a conceder, se for o caso, a ordem de oficio.” 3. O trancamento da agao penal pela via do habeas corpus é medida de excegio, que s6 é admissivel quando emerge dos autos, sem a necessidade de exame valorativo do conjunto fatico ou probatério, que ha imputagdo de fato penalmente atipico, a inexisténcia de qualquer elemento indiciario demonstrativo de autoria do delito ou. ainda, a extingao da punibilidade, circunstancias nao evidenciadas na espécie. 4, Segundo ja decidiu esta Corte, "Eventual inépcia da denancia s6 pode ser acolhida quando demonstrada inequivoca deficiéncia a impedir a compreensio da acusagao. em flagrante prejuizo defesa do acusado, ou na ocorréncia de qualquer das falhas apontadas no art. 43 do CPP" (RHC 18.S02/SP, 5. Turma, Rel. Min. GILSON DIP, DJ de 15/05/2006), vicio nao constatado no presente caso. 5. Este Superior Tribunal de Justica ja se manifestou no sentido de que "{a]quele que facilita. dando condicdes favordveis 4 continuacio ou ao desenvolvimento da prostituicio, pratica 0 rime de favorecimento da prostituicio" (HC 94.168/MG, 6. Turma, Rel. Min, JANE SILVA (Desembargadora convacada do T1/MG), Die de 22/04/2008). 6. Auséncia de ilegalidade flagrante apta a ensejar a eventual concessdo da ordem de oficio. 7. Habeas corpus nao conhecido. 3* QUESTAO: timido CARLOS pretende hé longo tempo manter relagdes sexuais com FRANCISCA, de 19 anos. COSME, velho amigo de ambos, visando auxilié-lo, induz a mesma a ter conjungdo carnal com CARLOS, levando-a, inclusive, na data aprazada, a casa daquele. a) Praticou CARLOS algum crime? E COSME? b) E se COSME fosse pai de FRANCISCA? ) E se FRANCISCA tivesse 15 anos, haveria alguma diferenga na tipicidade? 4d) E se CARLOS estuprasse FRANCISCA, como seria solucionada juridicamente a conduta de COSME? RESPOSTA: DIREITO PENAL - CP03 - 05 - CPV - 2° PERIODO 2017 31/10/2017 - Pagina 6 de 7 a) CARLOS nao teria praticado crime e COSME teria praticado o crime do art. 227, CP. b) Haveria duas qualificadoras, embora o tipo fosse o mesmo. c) Aiocrime seria o do art. 227, § 2°, CP. d) CARLOS responderia por estupro e COSME sé poderia responder pelo mesmo crime se tivesse dolo, ou seja, se soubesse e quisesse a pratica do estupro, sendo participe, caso contrério, responderia pelo art. 227, § 1°, CP. DIREITO PENAL - CP03 - 05 - CPV - 2° PERIODO 2017 31/10/2017 - Pagina 7 de 7 ESCOLA DA MAGISTRATURA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO Turma: CPV A 22017 Disciplina/Matéria: DIREITO PENAL PARTE ESPECIAL ‘Sessdo: 04 - Dia 13/11/2017 - 08:00 as 09:50 Professor: CLAUDIA DAS GRACAS MATOS DE OLIVEIRA PORTOCARRERO 04 ‘Tema: Crimes contra a familia. Crimes contra o casamento. Cri Crimes contra a assisténcia familiar. Crimes contra 0 poder familiar. 1) Consideragdes gerais: a) Definigio e evolugao historica. b) Bem juridico tutelado. Sujeitos do delito. Tipicidade objetiva e subjetiva. c) Exame dos principais delitos. 2) Estatuto do Idoso (Lei 10.741/2003). 3) Aspectos controvertidos. 4) Concurso de crimes. 5) Pena e ago penal. 1es contra 0 estado de filiago, 1? QUESTAO: TICIO ¢ fitho de um relacionamento extraconjugal de CAIO, que ¢ casado com TICIA, com quem no tem filhos. Em raziio de acordo judicial, ficou fixada uma pensiio alimenticia mensal que CAIO deveria pagar a TICIO, filho que reconheceu como seu. Um ano apés a fixagio, CAIO, sentindo-se explorado, resolve nao mais pagar a pensio, abandonando inclusive seu iiltimo emprego para que nao fosse possivel comprovar a sua renda. Agiu assim estimulado por SIMPRONIA, com quem havia se casado sem, no entanto, desfazer 0 seu casamento anterior. Pergunta-se: a) Quais os crimes praticados por CAIO? b) E possivel falar em efeitos civis da sentenca condenatéria penal com relagdo ao filho? ©) Se houver prisio civil pelo ndo-pagamento da prestagio alimenticia, esta ilidiria o crime? d) No processo de habilitacdo para a realizacdo do novo casamento poderia ser visumbrado algum crime? €) E se CAIO tivesse entregado TICIO, com 10 anos de idade, a traficantes de entorpecentes para que © filho conhecesse aquele tipo de atividade ¢ pudesse contribuir com o seu préprio sustento, haveria algum crime? 1) E se CAIO, ao cumprir 0 acordo judicial de visitacdo do filho, resolvesse nao mais entregé-lo a mée, estaria praticando algum crime? RESPOSTA: a) CAIO, com relagdo ao filho, pratica crime de abandono material (pardgrafo Unico), com relagao a0 segundo casamento, pratica crime de bigamia - se a segunda esposa souber que ele é casado também pratica crime. b) Os efeitos civis do artigo 92, II, CP nao se aplicam porque o crime é punido com detengao. tem natureza diversa da penal. Aquela é meio de coergdo para 0 pagamento, decorre das relagdes civis, Esta decorre da pratica do ilicito, nfo havendo nem mesmo detrago penal. 4) No processo de habilitagao poderia haver o crime de falsidade ideologica de documento piblico, que seria absorvido pelo crime de bigamia, para a posigdo majoritéria da jurisprudéncia, €) Praticaria o crime de entrega de filho a pessoa inidénea (artigo 245, § 1°, CP). £) Pratica o crime de sonegago de incapaz (artigo 248, parte final, CP), porque detém num primeiro momento o filho licitamente e depois ndo entrega a quem tem a guarda estabelecida judicialmente; muito embora existam opinides no sentido de que seria crime de desobediéncia de ordem judicial {artigo 359, CP), porque se trata de crimes contra o patrio poder, que continua existindo. DIREITO PENAL - CP03 - 05 - CPV - 2° PERIODO 2017 31/10/2017 - Pagina 1 de 5 ESCOLA DA MAGISTRATURA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO 2 QUESTAO: JOANA, advogada, solteira, apaixona-se por PEDRO, separado judicialmente, ¢ 0 convence a contrairem casamento, para tanto propondo-se a agilizar a conversio de sua separacdo em divércio, 0 que, entretanto, ndo ocorre em tempo habil, fato silenciado por JOANA a PEDRO, que Ihe exibe falsa sentenga judicial de conversio, ocorrendo entdo o novo matriménio. Instaurado IP para apuracao do fato, vem a ser oferecida dendncia contra PEDRO, pela pratica da conduta prevista no artigo 235, CP. Considerando tratar-se de crime préprio, poderia o fato ser imputado somente a JOANA; qual 0 argumento defensivo que poderia ser utilizado por PEDRO? RESPOSTA: agente solteiro também responde pelo delito, nos termos do § 1° do artigo 235, CP. Relativamente a PEDRO, tendo sido induzido a erro de tipo escusavel por JOANA, verifica-se a exclusdo do dolo, tornando sua conduta atipica, caso em que s6 JOANA responder pelo delito. DIREITO PENAL - CP03 - 05 - CPV - 2° PERIODO 2017 31/10/2017 - Pagina 2 de 5 ESCOLA DA MAGISTRATURA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO 3* QUESTAO: Item a) O casal NICOLA e KAREN, apés constatarem que ndo poderiam ter filhos biol6gicos, tentaram encontrar uma mulher que sabia da existéncia de bebés abandonados por seus pais biolégicos. Diante disso, NICOLA e KAREN entraram em contato com essa muther e, no dia 11 de setembro de 2002, receberam dela uma crianga, com 3 meses de idade. Seis meses depois, o casal recebeu da mesma mulher outra erianga, essa com 5 meses de idade. ‘Apés 0 recebimento da segunda crianca, NICOLA e KAREN, providenciaram o registro das criangas como sendo gémeas, atribuindo-as os nomes de NAIARA e NAIADE. Diante dos fatos, 0 Ministério Publico ajuizou ago penal em face de NICOLA e KAREN. Em sua defesa preliminar, 0 casal sustenta que sao 0s pais biolégicos de NAIARA e NAIADE, tendo © nascimento acontecido por meio de uma parteira conhecida por "V6 Nena”. Realizada a instrugo criminal, com as devidas diligéncias, restou comprovado que "V6 Nena” era pessoa desconhecida e que ndo havia nenhuma declaragdo de nascidos vivos das menores NAIARA ¢ NAIADE. Diante disso, tipifique a conduta praticada por NICOLA e KAREN e responda se é cabivel a concessao do perdao judicial. Item b) ANDREIA, casada hé mais de 15 anos, no conseguiu ter filhos biolégicos. LETICIA, sua A, solteira, 10 anos mais nova, engravidou sem que houvesse planejado. LETICIA, por estar no iiltimo periodo da graduagdo em medicina, no desejava ter filhos naquela ocasidio, pois isso retardaria 0 inicio de sua carreira profissional. Diante dessa situagio, LETICIA estava decidida em realizar aborto, tendo inclusive marcado dia e hora em uma clinica clandestina, No dia marcado para a realizacdo do aborto, ANDREIA foi até a casa de LETICIA e implorou a ela que nao realizasse o aborto, pois assumiria a maternidade do filho dela, jé que nao conseguiu engravidar até aquela data. LETICIA, imbuida por um sentimento de amor e solidariedade, concordou com 0 pedido feito por ANDREIA. : Ultrapassado todo o periodo de gravidez, LETICIA deu a luz a uma menina linda, posteriormente registrada por ela com o nome de NINA, cuja matemidade constou em nome de sua irma ANDREIA. Diante disso, tipifique a conduta praticada por LETICIA e responda se é cabivel a concessfio do perdao judicial. DIREITO PENAL - CP03 - 05 - CPV - 2° PERIODO 2017 31/10/2017 - Pagina 3 de 5 ESCOLA DA MAGISTRATURA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO RESPOSTA: a) STI Processo: RHC 17569 / SP RECURSO ORDINARIO EM HABEAS CORPUS 2005/0055916-4 Relator(a): Ministro GILSON DIPP (1111) Orgiio Julgador: TS - QUINTA TURMA, Data do Julgamento: 19/05/2005 Data da Publicagdo/Fonte: DJ 13/06/2005 p. 324 RT vol. 838 p. 519 Ementa: CRIMINAL. RHC. PARTO SUPOSTO. REGISTRO DE FILHAS DE OUTREM COMO PROPRIAS. TRANCAMENTO DE ACAO PENAL. AUSENCIA DE JUSTA CAUSA NAO) EVIDENCIADA. PERDAO JUDICIAL CONCEDIDO A OUTRO CASAL. CASOS DIVERSOS. MOTIVO DE RECONHECIDA NOBREZA NAO DEMONSTRADO DE PLANO. DUVIDAS A SEREM DIRIMIDAS NO DECORRER DA INSTRUCAO PROCESSUAL. AUSENCIA DE PREJUIZOS. MOTIVO NOBRE QUE PODE SER APLICADO NO MOMENTO DA PROLAGAO DA SENTENCA. RECURSO DESPROVIDO, 1. Hipétese na qual se requer o trancamento da ago penal instaurada em desfavor dos pacientes pela suposta prética do crime de parto suposto e registro de filhas de outrem como préprias, sob o fundamento de terem agido imbuidos por motivo de reconhecida nobreza. IL Evidenciado que, em principio, os pacientes teriam dado parto alheio como proprio, registrando ‘como suas as filhas de outrem, caracterizado esta, em tese, o delito que Ihes ¢ imputado, tornando-se prematuro o trancamento da ago penal. IIL Se 0 caso apontado pela impetragao, ao qual foi aplicado o perdao judicial, é diverso do presente, no resta caracterizado constrangimento ilegal. TV. Nao ha prejuizos aos réus no tacante ao nao reconhecimento, na via eleita, do perdio judicial descrito no art. 242, pardgrafo Gnico, do Cédigo Penal, pois este poderd ser aplicado pelo Magistrado, se comprovado 0 motivo nobre, no momento da prolagio da sentenga. V. A auséncia de justa causa para 0 prosseguimento do feito s6 pode ser reconhecida quando, sem a necessidade de exame aprofundado ¢ valorativo dos fatos, indicios e provas, restar inequivocamente demonstrada, pela impetragdo, a atipicidade Nagrante do fato, a auséncia de indicios a fundamentarem a acusagfo, ou, ainda, a extingdio da punibilidade, hipdteses ndo verificadas in casu. VI. Recutso desprovido. Trechos do acérdao: "Buscando o trancamento da agdo penal, o impetrante traz aos autos a noticia de que, no mesmo feito, outro casal constava como averiguado, pois também teria sido beneficiado com uma menina entregue pelo pai da presente ré, com o registro civil pronto, nas mesmas condigdes do caso, Em relagdo a estes, entretanto, o inquérito foi arquivado por pedido do Orgo ministerial, tendo sido reconhecido o motivo nobre e aplicado o perdao judicial disposto no art. 242, pardgrafo tinico, do Estatuto Repressivo (fls. 35/37). O mesmo niio aconteceu com os acusados, pois foram denunciados e a ago penal permanece em curso. Contudo, 0s casos séo diversos, sendo incabivel o trancamento da ago penal instaurada contra os pacientes, conforme se demonstrara a seguir. Constata-se da deniincia, que os réus afirmam serem pais biol6gicos das meninas, assegurando que 0 nascimento teria sido realizado por uma parteira conhecida como "V6 Nena” (fl. 14). Por outro lado, a inicial ainda declara que as criancas seriam provenientes de cidades diferentes, nao sendo, desse modo, irmas, tampouco gémeas, consoante foi registrado na certidao de nascimento de ambas (fls. 22/23). Cumpre ressaltar que, no caso citado DIREITO PENAL - CP03 - 05 - CPV - 2° PERIODO 2017 31/10/2017 - Pagina 4 de $ ESCOLA DA MAGISTRATURA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO pelosrecorrentes, em momento algum os investigados se dizem pais biolégicos da crianga, a qual inclusive tem conhecimento de sua condigao de filha adotiva, no tendo sido demonstrada a participacao do casal no ato de registrar como proprio filho de outrem. Estes, na verdade, teriam recebido a crianga jé com a documentagdo ilegal e assim permanecido tendo em vista ndo ter obtido éxito no procedimento de adogaio. No presente caso, todavia, ha divvidas acerca da participagao dos réus no ato de registrar as criangas, sendo imprescindivel a instrugo criminal para tal averiguagio, Na verdade, até mesmo a ocorréncia do delito nao estaria configurada se a instrugo confirmar a afirmacao dos pacientes de serem os pais biolégicos das menores. *Gabarito mantido por orientago do professor responsavel (Memorando n.° 217/2015) b) BITENCOURT, Cezar Roberto, Tratado de Direito Penal, parte especial, volume 4, editora Saraiva, 2004, pagina 140. “Dar parto proprio como alheio ndo corresponde 4 conduta descrita no art, 242, isto é, mulher que leva a registro 0 préprio fillho como sendo de outra ndo incorre nas sangdes do tipo em exame, podendo, é verdade, responder pelo crime de falsidade documental, previsto no art, 299. Essa alternativa justifica-se porque 0 Cédigo Penal brasileiro, ao contrério do que prevé o italiano, no criminaliza a ago de dar parto préprio como alheio,” DIREITO PENAL - CP03 - 05 - CPV - 2° PERIODO 2017 31/10/2017 - Pagina 5 de 5 ESCOLA DA MAGISTRATURA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO Turma: CPV A 22017 Disciplina/Matéria: DIREITO PENAL PARTE ESPECIAL, Sessdo: 05 - Dia 13/11/2017 - 10:10 as 12:00 Professor: CLAUDIA DAS GRACAS MATOS DE OLIVEIRA PORTOCARRERO 05 Tema: Crimes contra a incolumidade piiblica I. 1) Consideragées gerais: a) Definigao € evolugao histérica. Bem juridico tutelado. Sujeitos do delito; b) Tipicidade objetiva e subjetiva dos artigos 250 a 259 do CP. 2) Aspectos controvertidos. 3) Concurso de crimes. 4) Pena e ago penal. 1* QUESTAO: ALAN e BARBARA viveram em unidio estével durante 16 anos, relaglio essa que sempre foi conturbad: ‘Apés o término da unido, ALAN nunca aceitou a separagdo ¢ em um determinado dia, apés visualizar BARBARA sair de sua casa com atual namorado dela, ALAN pulou o muro da casa de BARBARA e ateou fogo no seu interior, através da janela que se encontrava aberta. Tao logo os vizinhos viram 0 fogo queimando dentro da casa, acionaram o Corpo de Bombeiros, que chegou logo em seguida e apds grande empenho, controlaram 0 fogo. Tipifique a conduta praticada por ALAN. Resposta objetivamente fundamentada em, no maximo, 15 linhas. DIREITO PENAL - CP03 - 05 - CPV - 2° PERIODO 2017 31/10/2017 - Pagina | de 4 ESCOLA DA MAGISTRATURA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO RESPOSTA: TIMG Processo: Apelago Criminal 1,0702,13,000270-3/001 Relator(a): Des.(a) Marcilio Eustéquio Santos Orgio Julgador / Camara: Camaras Criminais / 7" CAMARA CRIMINAL ‘Samula: REJEITADA A PRELIMINAR, NO MERITO, DADO PARCIAL PROVIMENTO AO RECURSO Comarca de Origem: Uberlandia Data de Julgamento: 24/04/2014 Data da publicagdo da simula: 09/05/2014 Ementa: EMENTA: APELACAO CRIMINAL. AMEAGA. LEI MARIA DA PENHA. INCENDIO. PRELIMINAR. CERCEAMENTO DE DEFESA. INOCORRENCIA. AUSENCIA DE DEMONSTRACAO DE PREJUIZO A DEFESA. INEXISTENCIA DE PERIGO CONCRETO PARA A VIDA OU PATRIMONIO DE UM NUMERO INDETERMINADO DE PESSOAS. DELITO NAO CONFIGURADO. DESCLASSIFICACAO PARA DANO QUALIFICADO. CABIMENTO. FIXACAO DA PENA. ANALISE DAS CIRCUNSTANCIAS JUDICIAIS. REJEITADA A PRELIMINAR. NO. MERITO, DADO PARCIAL PROVIMENTO AO RECURSO. 1. A alegagao de nulidade por cerceamento de defesa sem qualquer demonstragio de eventual Prejuizo softido nao merece ser acolhida, 2. A palavra da vitima possui especial relevancia em erimes praticados as escondidas, distante dos olhos de outras pessoas que possam testemunhar os fatos, servindo para a condenago quando corroborada por outros elementos de convicgdo. 3. E indispensivel para a configuragao do crime de ineéndio a ocorréncia de risco efetivo e concreto para pessoas ou coisas, Caso contrario deve o agente ser condenado pelo delito de dano qualificado. 4. A pena-base deve ser fixada segundo critérios objetivos decorrentes da andlise das circunstancias judiciais do artigo 59 do Cédigo Penal e sempre tendo por norte o "quantum" necessério e suficiente a correta reprovacdo e prevengio do crime. 5. Rejeitada a preliminar. No mérito, dado parcial provimento ao recurso. Trecho do acérdao: Contudo, em que pese nao haver dividas de que o apelante deu inicio ao fogo, pelo exame das nho que nio restou evidenciada a ocorréncia de perigo in ico tutelado pelo tipo penal previsto no artigo 250 do Cédigo Penal Nesse contexto, ha que se ressaltar, por oportuno, que 0 laudo pericial de fis. 45/64 nio faz qualquer mencio & ocorréncia de DIREITO PENAL - CP03 - 05 - CPV - 2° PERIODO 2017 31/10/2017 - Pagina 2 de 4 ESCOLA DA MAGISTRATURA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO Dettencente a vitima, sequer se espalitando para as cadence vizinhas. Neste sentido encontra-se a conclustio do laudo pericial (fl. 46): Ha iF que o ineéndio em questio se restringiu aos limites do imével da vitima, nio indo ou expondo a risco e/ou 0 patrimOnio de tereeiros. Sobre o assunto, veja-se a ligiio de Guilherme de Souza Nuc Ainda assim, complementa-se 0 tipo exigindo o perigo a vida, a integridade fisica ou ao patriménio de ‘outrem. (NUCCI, Guilherme de Souza. Cédigo Penal Comentado, 7; ed. rev., atual. e ampl., Sao Paulo, Editora RT, 2007, p. 893). No mesmo sentido € a orientagdo jurisprudencial; APELACAO CRIMINAL - INCENDIO - INEXISTENCIA DE PERIGO EFETIVO A VIDA OU PATRIMONIO DE UM NUMERO INDETERMINADO DE PESSOAS - DESCLASSIFICACAO - DANO QUALIFICADO, - Nao ha crime de incéndio, se 0 fogo niio teve potencialidade para expor a perigo a vida, a integridade fisica ou o patriménio de um indeterminado nimero de pessoas. - Resta configurada a pratica do crime de dano qualificado (art.163, pardgrafo tinico, inc.ll, do C.P.), se incéndio limitou-se a atingir a motocicleta da vitima, visando 0 agente somente a destruigfio daquele bem. (TJMG, 22 CCrim., Ap.Crim. n2 1.0686.02.054609-5/001, Rel Des.* Beatriz Pinheiro Cairez, v.u.,j. 07.04.2005; in DOMG de 03,05.2005). EMENTA: CRIME DE INCENDIO. NAO CARACTERIZACAO. AUSENCIA DE DEMONSTRACAO DE PERIGO CONCRETO. DESCLASSIFICACAO PARA O DELITO DE DANO. DECADENCIA DO DIREITO DE OFERECER QUEIXA. RECURSO NAO PROVIDO. - O crime de incéndio pressupde perigo concreto para um nimero indeterminado de pessoas, situacdo no evidenciada nos autos. ‘Com base no que foi verificado no feito ndo ficou comprovada a conduta penal por parte do apelado, muito menos que tenha havido dolo de sua parte em relagdo ao crime de incéndio. - O que poderia ocorrer no caso em telaéa DIREITO PENAL - CP03 - 05 - CPV - 2° PERIODO 2017 31/10/2017 - Pagina 3 de 4 ESCOLA DA MAGISTRATURA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO desclassificago do delitopara o crime de dano, mas, como exposto na decisio recorrida, ja expirou 0 prazo para o oferecimento de queixa-crime, motivo pelo qual nfo ha falar em responsabilizago do recorrido, APELACAO CRIMINAL N° 1.0672.00.017472-8/001 - COMARCA DE SETE LAGOAS - APELANTE(S): MINISTERIO PUBLICO ESTADO MINAS GERAIS - APELADO(AXS): MAURICIO GONGALVES MARQUES - RELATOR: EXMO. SR. DES. DOORGAL ANDRADA. Portanto, na esteira da doutrina e jurisprudéncia dominantes, impde-se a desclassificagao do crime de incéndio para o delito descrito no artigo 163, pardgrafo tinico, inciso 11, do Cédigo Penal, qual seja dano qualificado, por no ter restado comprovado a existéncia de perigo concreto a vida, integridade fisica ou patriménio de outrem. Tratando-se, portanto, de hipétese de emendatio libelli, segundo a qual é possivel ao julgador dar nova definicdo juridica aos fatos constantes na dentincia ou queixa, nos termos do art. 383 do CPP, ¢ cabivel sua aplicagdo, igualmente, na segunda instancia, eis que a vedago constante no enunciado n° 453 do eg, STF refere-se apenas as hipéteses do art. 384, notadamente porque no presente caso a nova, definigio dada aos fatos ndo traz. qualquer prejuizo ao apelado. Neste sentido, ¢ 0 seguinte aresto: EMENTA: APELACAO CRIMINAL - CRIME DE. INCENDIO - INEXISTENCIA DE PERIGO CONCRETO - "EMENDATIO LIBEL!" - DESCLASSIFICAGAO PARA O CRIME DE DANO QUALIFICADO. Para a configuragao do crime de incéndio é condigio essencial, que haja perigo, qual seja, que coloque em risco efetivo e concreto pessoas ou coisas. Inexistindo perigo, em concreto, para a vida de pessoas, a incolumidade publica ou o patriménio de outrem, devem os agentes ser condenados pelo delito de dano qualificado, Provimento parcial ao recurso que se impde. APELACAO CRIMINAL N° 1,0702.08.435541-2/001 - COMARCA DE UBERLANDIA - APELANTE(S): WEMERSON MASIMO DOS SANTOS - APELADO(A)(S): MINISTERIO PUBLICO ESTADO MINAS GERAIS - RELATOR: EXMO. SR. DES. ANTONIO CARLOS CRUVINEL. ‘Sendo assim, ndo restando comprovado que a conduta do agente - atear fogo na residéncia de sua ex- amésia - gerou risco efetivo e concreto para outras pessoas ou coisas, nao ha como condené-lo pelo crime de incéndio, sendo a desclassificago para o crime de dano qualificado medida de rigor. DIREITO PENAL - CP03 - 05 - CPV - 2° PERIODO 2017 31/10/2017 - Pagina 4 de 4 ESCOLA DA MAGISTRATURA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO Turma: CPV A 22017 Disciplina/Matéria: DIREITO PENAL PARTE ESPECIAL Sessio: 06 - Dia 14/11/2017 - 08:00 as 09:50 Professor: PATRICIA MOTHE GLIOCHE BEZE 06 Tema: Crimes contra a incolumidade piiblica II. 1) Consideragdes gerais: a) Definicao ¢ evolugao hist6rica. Bem juridico tutelado, Sujeitos do delito; b) Tipicidade objetiva subjetiva dos artigos 260 a 266 do CP. 2) Aspectos controvertidos. 3) Concurso de crimes. 4) Pena e agiio penal. I°QUESTAO: —_ JOAO, JOSE e ADAO sto amigos e residem em casas préximas, localizadas no interior do Rio de Janeiro. Certo dia, decidiram viajar de carro para o Estado de Minas Gerais a fim de conhecer, dentre ‘outros roteiros, o passeio de trem na denominada "Maria Fumaga". Em um determinado dia durante a viagem, JOAO, JOSE e ADAO ingeriram grande quantidade de bebida alcdolica em um bar e, apés isso decidiram que iriam “tirar onda" se conseguissem se fotografar junto & "Maria Fumaga” no meio do trajeto. Para tanto, os trés posicionaram o veiculo em que estavam no trilho da "Maria Fumaga”, obrigando seu condutor a pard-la imediatamente. JOAO, JOSE e ADAO, bébados e orgulhosos, subiram na escada da “Maria Fumaga" ¢ comecaram a tirar fotografias. Diante dos fatos narrados, JOAO, JOSE e ADAO deverdo responder por algum crime? Resposta objetivamente fundamentada, em, no maximo, 15 linhas. DIREITO PENAL - CP03 - 05 - CPV - 2° PERIODO 2017 07/11/2017 - Pagina | de 2 ESCOLA DA MAGISTRATURA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO RESPOSTA: TJMG Processo: Apelagdo Criminal 1.0382.11,009052- 1/001 Relator(a): Des.(a) Cassio Salomé Orgao Julgador / Camara: Camaras Criminais / 7” CAMARA CRIMINAL. Simula: REJEITARAM A PRELIMINAR E NEGARAM PROVIMENTO AO RECURSO. Proferiu sustentagio oral o(a) Dr(a). DANIEL CAMPOS SILVA DE SIQUEIRA pelo(a) apelante(s) Comarea de Origem: Lavras Data de Julgamento: 07/03/2013 Data da publicago da simula: 15/03/2013 Divulgagao: DJe de 16/05/2013 Ementa: EMENTA: APELACAO CRIMINAL - PERIGO DE DESASTRE FERROVIARIO - INEPCIA DA DENUNCIA - INOCORRENCIA - PRELIMINAR REJEITADA - MATERIALIDADE E AUTORIA COMPROVADAS - DEPOIMENTOS SEGUROS DAS ‘TESTEMUNHAS OUVIDAS - DOLO GENERICO EVIDENTE - DESNECESSIDADE DE QUE OS AGENTES TIVESSEM A INTENGAO DE CAUSAR ACIDENTE FERROVIARIO. - Nao ¢ inepta a deniincia que contém todos os elementos descritos no art. 41, do CPP, ¢ descreve claramente o desenrolar dos fatos, narrando a conduta de cada um dos acusados. Os depoimentos seguros, de testemunhas que se mostram independentes e imparciais, em consonéncia com os demais elementos angariados, sfo suficientes para comprovar a materialidade e a autoria do crime perigo de desastre ferrovidrio. ~ 0 delito previsto no art. 260, do Cédigo Penal, ndo exige, para a sua configuragdo, elemento subjetivo especifico, sendo suficiente que os agentes tenham perturbado o servigo da estrada de ferro de forma livre, voluntaria e consciente. Trecho do acérdio: Parece que os apelantes no desejavam causar um desastre ferrovidrio: ao que tudo indica, cles agiram com 0 intuito de se divertirem e de tirarem fotos que, posteriormente, se apresentadas aos amigos, como prova de sua proeza. O delito "sub judice" ndo exige, todavia, para a sua configuracio, elemento subjetivo especifico, sendo suficiente que os agentes tenham perturbado o servico da estrada de ferro de forma livre, voluntiria e consciente. E, "data i Goncalves o fizeram. 2 QUESTAO: Capitule os seguintes fatos, com suas agravantes e/ou atenuantes, ¢ explicitando as causas geraislespeciais de aumento/diminuigo de penas acaso observaveis: Durante uma greve de motoristas de Gnibus, um deles, FECRONIO, na direeto de um coletivo da concessionéria Império Autodnibus, da linha 176, tenta furar um "piquete” de grevistas. GENIFREDO, um dos lideres do movimento, arremessa um tijolo contra o coletivo em movimento, 0 qual, estilhagando o péra-brisa, vem a atingir mortalmente HELESBINO, que se encontrava assentado atrés do banco do motorista. Socorrido imediatamente, sobreviveu, mas com seqielas sérias, duas desagradaveis cicatrizes em seu rosto. RESPOSTA: GENIFREDO esté incurso nas penas do art. 264, pardgrafo ‘nico, CP, em cimulo formal com o art. 163, pardgrafo unico, III, CP, uma vez que, ao atingir HELESBINO com 0 arremesso de um tijolo, causou neste lesdio corporal ¢ ainda dano no énibus. A lesdo referida neste dispositivo é culposa, logo no é graduada em leve, grave ou gravissima. DIREITO PENAL - CPO3 - 05 - CPV - 2° PERIODO 2017 07/11/2017 - Pagina 2 de 2 ESCOLA DA MAGISTRATURA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO ‘Turma: CPV A 22017 Disciplina/Matéria: DIREITO PENAL PARTE ESPECIAL Sessdo: 07 - Dia 14/11/2017 - 10:10 as 12:00 Professor: PATRICIA MOTHE GLIOCHE BEZE 07 Tema: Crimes contra a incolumidade publica III. 1) Exame dos artigos 267 a 285 do CP: bem juridico tutelado. Sujeitos do Delito. lade objetiva e subjetiva. 2) Aspectos controvertidos. 3) Concurso de erimes. 4) Pena e ago penal. Crimes contra a Paz Publica. 1) Consideragdes gerais: a) Definigdo e evolugdo histérica. Bem juridico tutelado. Sujeitos do delito; b) Tipicidade objetiva e subjetiva dos crimes previstos nos artigos 286 a 288 do CP. 2) Aspectos controvertidos. 3) Coneurso de crimes. 4) Pena e agdo penal. 1° QUESTAO: CAIO, quimico desempregado, montou um pequeno laboratério onde falsifiea e vende, com sucesso, © medicamento Novalgina, Que tipo penal foi realizado por CAIO? A solugdo se alteraria caso: a) CAIO vendesse o medicamento falsificado, sabendo da falsificagao? b) CAIO fosse proprietério de uma farmacia e vendesse o medicamento, que havia adquirido de um homem conhecido como ZE TRAMBIQUE, sem saber da falsificagao? c) CAIO falsificasse e vendesse o creme anti-rugas da marca Lancéme? RESPOSTA: Esté incurso nas penas do artigo 273, do CP. Crime hediondo nos termos do artigo 1°, VII - B, da Lei 8.072/90. O desemprego néo pode ser utilizado como argumento para a inexigibilidade de conduta diversa, pois no caso concreto CAIO poderia sobreviver de outras maneiras I a) Sim. A hipétese esta tipificada no artigo 273, § I°, do CP. b) Tudo indica que CAIO agiu com culpa ao adquirir 0 medicamento de pessoa inidénea, estando incurso nas penas do artigo 273, § 2°, do C.P, Pode-se argumentar com a existéncia de dolo eventual, (© que desloca a tipicidade para o artigo 273, § 1°, do CP. ©) Estaria incurso nas penas do artigo 273, § 1° A, CP, que equipara os cosméticos aos medicamentos. ‘A doutrina aponta a violagao do principio da proporcionalidade nas alteragdes feitas pela Lei 9.677/98 no artigo 273 do CP. DIREITO PENAL - CP03 - 05 - CPV - 2° PERIODO 2017 07/11/2017 - Pagina 1 de 3 ESCOLA DA MAGISTRATURA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO "2° QUESTAO: Jorge, Flavio, Sérgio e Malvino sfio sécios da empresa de informatica INFOTEC especializada na venda de tablets € notebooks via internet. Certo dia, percebendo que o negécio ndo estava indo bem, Jorge procura Anténio, um contador experiente que Ihe propde alguns expedientes ilicitos (fraudulentos) para reduzir 0 montante dos tributos devidos a titulo de ICMS, bem como dé outras dicas sobre como auferir dinheiro para capitalizar a empresa. A ideia é apresentada aos demais sécios que assentem. Contudo, surge a ideia, ainda, de passar a vender produtos mais baratos trocando a marca neles apresentadas para que possam parecer produtor de uma marca reconhecida no mercado, a Japple. Com isso seria possivel alavancar o lucro da empres: Os expedientes foram realizados entre dezembro de 2012 e fevereiro de 2014, momento em que acabaram presos por decisdo da X* Vara criminal de Duque de Caxias. Denunciados por crimes contra aordem tributaria (Art, 1° Constitui crime contra a ordem tributdria suprimir ou reduzir tributo, ou contribuigdo social e qualquer acessdrio, mediante as seguintes condutas: 1 - omitir informagdo, ou prestar declaracdo falsa as autoridades fazendérias; e II - fraudar a fiscalizagdo tributdria, inserindo elementos inexatos, ou omitindo operacao de qualquer natureza, em documento ou livro exigido pela Lei fiscal;) , contra 0 consumidor (drt, 7° Constitui crime contra as relacdes de consumo: [¢] VI - induzir 0 consumidor ou usuério a erro, por via de indicagao ou afirmagéo falsa ou enganosa sobre a natureza, qualidade do bem ou servico, wilizando-se de qualquer meio, inclusive a veiculagao ou divulgaedo publicitéria;), além de Ihes ser imputada a conduta do Art. 288 CP. A defesa em alegaeSes preliminares sustenta que o tipo penal do Art. 288 CP sofreu modificagio a partir da Lei 12.850/2013 para inserir a elementar “para o fim especifico de cometer crimes:”, ausente nna redacdo anterior. Assim, para fatos anteriores a lei teria havido uma abolitio criminis, pois se trata de insergao de elemento tipico 0 que ndo pode, sem violar o principio da anterioridade, alcancar fatos pretéritos. Em relagdo aos fatos posteriores afirma que os téus so empresirios, isto &, nao se associaram “para o fim especifico” cometer crimes de cometer crimes, mas para a pritica de atos ‘empresariais. Encerra afirmando que o delito em questio sé alcanga crimes violentos, aqueles que verdadeiramente perturbam a paz piblica. O MP se reporta a deniincia. Como magistrado, deve haver absolvigdo sumaria quanto ao crime do Art. 288 do Cédigo Penal? DIREITO PENAL - CP03 - 05 - CPV - 2° PERIODO 2017 07/11/2017 - Pagina? de ESCOLA DA MAGISTRATURA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO RESPOSTA: HA muito que se sabe que o delito de quadrilha representava uma associagdio de agentes para a pritica de uma série indeterminada de crimes. Contudo, embora de facil comprovacdo tedrica, na pratica intimeras dificuldades surgiam, tanto que a doutrina afirmava que no mais das vezes a quadrilha deveria ser rastreada pelos delitos que cometeu (HUNGRIA). Ocorre que, 0 surgimento de determinados crimes no ambito do denominado Direito Penal Econdmico tem suscitado discussdes na doutrina sobre a impossibilidade de que sdcios de uma empresa possam ser considerados integrantes de uma quadrilha (ESTELLITA, HELOISA. Criminalidade de Empresa, Quadrilha e Organizagao Criminosa, Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2009), Nao obstante tal entendimento, outro setor da doutrina (MIRABETE, Julio Fabbrini; FABBRINI, Renato Nascimento. Manual de Direito Penal: parte especial, Arts. 235 a 361 do CP. 20. ed. Sdo Paulo: Editora Atlas, 2005. v. 3. p. 200) vinha aceitando a ocorréncia de quadrilha para a pratica de quaisquer delitos, o que alcangaria, inclusive, os crimes econémicos como os descritos na questio. Neste sentido, inclusive, se pronunciou expressamente o STF: HC 84223/RS, rel. Min. Eros Grau, Primeira Turma, Dje 200 Divulgacao 22/10/2009 Publicago 23/10/2009). Em que pese a alteragdo para mencionar “fim especifico” a eesséncia do delito nao se alterou, pois a lei no mencionou para o “fim exclusivo” de cometer crimes, dai porque se afasta a tese da abolitio criminis, bem como se admite a incidéncia do tipo penal em sécios de uma empresa que cooperam mutuamente para o cometimento de crimes. Por fim, & possivel concluir que que o simples fato de serem sécios de uma empresa no conduz a0 reconhecimento de uma “associagdo criminosa”, mas a permanéncia numa cooperagao mutua de trés ou mais agentes sim. (*) Questiio incluida na ocasiao do memorando de revisdo para 2014.2 3* QUESTAO: ROMULO reside em uma comunidade carente do Rio de Janeiro, na qual determinado grupo de pessoas, a pretexto de garantir a seguranga dos moradores ¢ hes fornecer alguns servicos, tais como 24s, distribuigdo de internet e TV a cabo clandestinos, Ihes exige determinado valor a cada més. No dia 29/09/2012, BEIRA RIO, pessoa que comandava o mencionado grupo, vai até a casa de ROMULO e, sem que este tivesse qualquer possibilidade de defesa, Ihe desfere trés tiros na cabeca. Logo apés, diz em voz alta que isso serviu de exemplo para todos os demais que deixassem de realizar os pagamentos pelos servigos prestados. ROSE, mulher de ROMULO, o encaminha imediatamente para o hospital mais préximo e, lé chegando, a recepcionista informa que o atendimento a ROMULO somente poderia ocorrer apés ROSE preencher os formularios administrativos. ‘Antes que ROSE respondesse, CESAR, médico do hospital que passava no local naquele momento, apés visualizar o estado de salide em que ROMULO estava, determina a sua imediata remogio para a sala de cirurgia. ‘Nao obstante todo o esforgo da equipe médica, ROMULO acaba por falecer. Diante dos fatos narrados, tipifique, de forma fundamentada, as condutas penais dos envolvidos. RESPOSTA: BEIRA RIO = art, 121, §2°, 1, IV € §6°; art. 288-A, todos do CP. Recepcionista = art. 135-A, pardgrafo nico do Cédigo Penal. “Art, 135-A. Consuma-se 0 delito com a simples exigéncia de cheque-caugio, nota promisséria ou qualquer garantia, ou o preenchimento de formulérios administrativos, como condigdo para prestar atendimento médico-hospitalar emergencial (delito de mera atividade)". (Comentarios a0 Cédigo Penal, Luiz Regis Prado, 8° edigio, 2013, pagina 479) DIREITO PENAL - CPO3 - 05 - CPV - 2° PERIODO 2017 07/11/2017 - Pagina 3 de 3 ESCOLA DA MAGISTRATURA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO ‘Turma: CPV A 22017 Disciplina/Matéria: DIREITO PENAL PARTE ESPECIAL Sessio: 08 - Dia 16/11/2017 - 08:00 as 09:50 Professor: JOSE MARIA DE CASTRO PANOEIRO 08 Tema: Crimes contra a fé piblica I. Moeda falsa. Falsidade de titulos e outros papéis publicos. 1) Consideragdes gerais: a) Crimes previstos nos artigos 289 a 294, do Cédigo Penal Brasileiro; b) Definigao ¢ evolugao histérica. Bem juridico tutelado. Sujeitos do delito. Tipicidade objetiva e subjetiva dos principais crimes previstos nos capitulos. 2) Aspectos controvertidos. 3) Concurso de crimes. 4) Pena e ago penal. 1* QUESTAO: TICIO foi contratado por CAIO para atuar como seu despachante junto a JUCERJA deste Estado, de forma a que fossem registradas duas alteracdes no contrato social e obtidas as respectivas certiddes quanto a isto, importando na pratica de quatro atos junto Aquela reparticdo pablica. Para tanto, TICIO veio, sem o conhecimento de CAIO, a adquirir com MEVIO um equipamento de informatica, sendo certo que solicitou a este a produgo, em um disquete em separado, de arquivos que possibilitassem imitar a autenticagdo mecanica em guia de recolhimento de emolumentos, ¢ assim foi feito. Nestas condiges, TiCIO, utilizando-se do arquivo de programa que Ihe havia sido preparado por MEVIO, falsificou em quatro guias de emolumentos junto 4 JUCERIA as autenticagdes mecanicas correspondentes, embolsando para si o numerério que Ihe havia sido destinado para tanto por CAIO. TICIO foi preso em flagrante, no interior da sede daquela reparticao publica estadual, com os documentos contrafeitos, ocasiéio em que indicou a participagao de MEVIO, nos limites ja acima alinhados. Ambos foram denunciados, sendo o primeiro por infragdo ao artigo 293, V, eo segundo no artigo 294, ambos do Cédigo Penal, quanto a falsidade, respondendo, ainda, TICIO, por estelionato, ‘no que conceme ao numerdrio que CAIO Ihe havia destinado para aqueles pagamentos. Indaga-se: a) A capitulagdo legal estaria correta, considerando-se, para tanto, o prinepio da especialidade e da teoria monista? ») Existe a pritica pelos dois réus de outro crime que, embora ndo conste da imputatio delicti, esteja perfeitamente descrito na imputatio fact? Em caso positivo, como se deveria proceder em sede sentencial? DIREITO PENAL - CP03 - 05 - CPV - 2° PERIODO 2017 07/11/2017 - Pagina 1 de 4 ESCOLA DA MAGISTRATURA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO RESPOSTA: a) Considerando-se apenas os crimes de falsum enquanto conduta priméria dos dois acusados, a classificago juridico-penal dos fatos esté correta, impondo-se esta, pelo principio da especialidade, as figuras tipicas relativas as falsidades documentais. Trata-se de uma das excegdes pluralisticas & teoria monista, diante da especificidade da conduta acesséria, prevista no artigo 294 do Cédigo Penal, que ali ganhou autonomia, inclusive para efeito de se buscar impedir a impunidade, como politica criminal, b) No entanto, os delitos de falsum ja identificados funcionam aqui como crimes-meio, em face do delito-fim, de forma que este absorve aqueles, pelo principio da consungo. Trata-se de crime contra a ordem tributaria, previsto no artigo 1°, III, da Lei n° 8.137/90, até porque presente o dolo especifico ali reclamado, qual seja, o especial fim de agir de suprimir a arrecadagdo de tributo, no caso, Estadual, vantagem esta que significaria, quanto aos crimes de falsidade, 0 dolo especifico também exigido para a caracterizagao destes. Neste caso, havera perfeita aplicagaio da teoria monista, ja que tanto Ticio quanto Mévio responderdo pela infragdo a mesma figura tipica, apenas destacando-se que o segundo destes estard a ela conjugado pela disposigdo prevista no artigo 11 daquele mesmo Diploma Legal, que repete os termos previstos no artigo 29 do Cédigo Penal. Tudo isso sem interferir na caracterizacio do estelionato praticado por Ticio em face de Caio. Aplica-se 0 disposto no artigo 383 do Diploma dos Ritos, qual seja, a emendatio libel, na exata medida em que os acusados se defendem dos fatos que hes sto imputados e ndo de artigos de lei, estando a conduta referente a0 crime-fim perfeitamente individualizada, Observe-se que a determinagao da presenca do crime-fim impede a concessio da suspensdo condicional do processo no tocante ao réu Mévio segundo a imputagdo origindria, em face dele desenvolvida. 2 QUESTAO: CLEBERSON recebeu uma cédula de R$ 50,00 falsificada, de MIROSMAR, mas guardou a mesma ‘em sua carteira e ficou esperando a volta deste para fazer a substitui¢do. Ocorre que foi descoberto, tendo sido denunciado como incurso no artigo 289, § 1°, do Cédigo Penal. A defesa de CLEBERSON apelou alegando a atipicidade da conduta por falta de dolo, assim como pela incidéncia do principio da i ancia. Assiste razio a defesa? Resposta objetivamente justificada. DIREITO PENAL - CP03 - 05 - CPV - 2° PERIODO 2017 07/11/2017 - Pagina 2 de 4 ESCOLA DA MAGISTRATURA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO RESPOSTA: QUANTO A AUSENCIA DO DOLO TRF-2 APELAGAO CRIMINAL - 11712 Processo: 200751 130003078 UF: RJ Orgiio Julgador: SEGUNDA TURMA ESPECIALIZADA Data Deeisio: 15/07/2014 Documento: TRF-200291249 Fonte: E-DJF2R - Data:: 29/07/2014 Ementa: PENAL E PROCESSUAL PENAL - APELACAO CRIMINAL DO REU - ART.289, § 1°, CP GUARDAR MOEDA FALSA - AUTORIA E MATERIALIDADE COMPROVADAS - PRESENCA DO ELEMENTO SUBJETIVO, O DOLO - SENTENCA CONDENATORIA- AUMENTO DA PENA-BASE- PERSONALIDADE E CONDUTA SOCIAL DESFAVORAVEIS - ART. 59, CP - APELACAO DO REU DESPROVIDA. I- Apelagdo do réu em face de sentenga condenatéria pelo crime previsto no art. 289, § 1°, do CP (moeda falsa); 0 réu se limitou a alegar que ndo pretendia por a moeda em circulagdo (Fato atipico) e que no sabia que era crime portar moeda falsa (erro de proibigo); requer, ainda, a incidéncia do principio da bagatela e a conexio com outro Processo da Justiga Estadual (entende pela competéncia da Justiga Federal). I1- Comprovadas a ‘materialidade e a autoria delitivas; o proprio réu admitiu que era responsavel pela nota e sabia de sua falsidade; presente 0 elemento subjetivo, dolo, na conduta do réu, pois os niicleos do art. 289, caput, sto alternativos, bastando que se concretize um deles, no caso, o fato de, apenas, "guardar” a moeda, IIl- Improcedem as alegagdes do réu; a conduta de "guardar” a moeda € niicleo do tipo penal; nao ha quaisquer elementos que embasem a alegagio de que desconhecia a proibig&o desta conduta; incabivel a atenuante, pois o réu confessou que sabia da falsidade, mas insiste na absolvigdo, ou seja, afirma que ndo cometeu qualquer crime; incabivel o principio da insignificdncia pois o bem juridico é a fé pablica, ou seja, assegurar a credibilidade da moeda. IV- Nao prospera, também, a alegago de incompeténcia eo pleito de conexdo com o processo do Juizo da 2" Vara Criminal de Trés Rios/RJ, ‘mesmo porque jé existe transito em julgado desta decisdo e eventual nulidade do referido processo no € objeto de apreciagdo nos presentes autos. V- A dosimetria da pena foi adequada: a pena-base foi aumentada em, apenas, 1/6, em funcdo da personalidade e conduta social (varias anotagdes ¢ processos criminais, inclusive um de homicidio qualificado pelo qual ha ja houve proniincia); apés, a ena foi majorada em 1/3, razio da reincidéncia. VI- Apelagao do réu desprovida. Relator Desembargador Federal MESSOD AZULAY NETO QUANTO AO PRINCIPIO DA INSIGNIFICANCIA Processo: AgRg no AREsp 454465 / SP AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL 2013/0416848-1 Relator(a): Ministro JORGE MUSSI (1138) Orgio Julgador: TS - QUINTA TURMA Data do Julgamento: 12/08/2014 Data da Publicagio/Fonte: DJe 21/08/2014 Ementa: PENAL E PROCESSUAL PENAL. AGRAVO REGIMENTAL. MOEDA FALSA. CONDENAGAO PELO TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL. RESP INADMITIDO. ARESP NAO PROVIDO. PLEITO DE ATIPICIDADE DA CONDUTA OU REDIMENSIONAMENTO DA PENA. NECESSIDADE DE REVOLVIMENTO DO ACERVO PROBATORIO PARA REFORMA DO ACORDAO RECORRIDO. OBICE DA SUMULA 7/STJ. 1 DIREITO PENAL - CPO3 - 05 - CPV - 2° PERIODO 2017 07/11/2017 - Pagina 3 de 4 ESCOLA DA MAGISTRATURA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO ‘Adesconstituigdo do entendimento firmado pelo Tribunal de piso diante de suposta contrariedade a lei federal, buscando a absolvigdo por atipicidade da conduta (auséncia de dolo) ou o redimensionamento da pena, ndo encontra campo na via eleita, dada a necessidade de revolvimento do material probante, procedimento de andlise exclusivo das instincias ordinérias - soberanas no exame do conjunto fatico- probatério -, e vedado ao Superior Tribunal de Justica, a teor da Simula 7/STS PRINCIPIO DA INSIGNIFICANCIA. INAPLICABILIDADE AO TIPO PENAL. PRECEDENTES DO STJ E DO STF. AGRAVO NAO PROVIDO. DECISAO MONOCRATICA MANTIDA. nal de Justiea que, em ‘moeda falsa, independentemente do va cédulas apreendidas, uma vez que o bem juridieo tutelado por esta norma penal 3. Agravo regimental no provido. DIREITO PENAL - CP03 - 05 - CPV - 2° PERIODO 2017 07/11/2017 - Pagina 4 de 4 ESCOLA DA MAGISTRATURA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO Turma: CPV A 22017 Disciplina/Matéria: DIREITO PENAL PARTE ESPECIAL Sessio: 09 - Dia 16/11/2017 - 10:10 as 12:00 Professor: JOSE MARIA DE CASTRO PANOEIRO 09 Tema: Crimes contra a fé piblica II. Falsidade documental. 1) Crimes previstos nos artigos 296 a 305 do CP (aspectos relevantes): a) Sujeitos do delito; b) Tipicidade objetiva e subjetiva dos principais crimes previstos nos capitulos. 2) Aspectos controvertidos. 3) Concurso de crimes. 4) Pena e agdo penal. 1 QUESTAO: A., renomado sécio de Empresa Multinacional situada na Cidade do Rio de Janeiro, entregou a B., seu fiel secretério de finangas, um “cheque em branco”, sem permissdo para preenché-lo, apenas com a intengo de demonstrar aos seus investidores 0 interesse em realizar determinado negécio na Bolsa de Valores. Nesse momento, B., sabendo que seu chefe era muito “esquecido”, resolve adquirir com aquele cheque um carro 0KM na concessionéria proxima ao seu trabalho, Além disso, se considerando um homem “muito inteligente”, elabora um documento de identidade com os dados de A..jé que a identificagdo seria necessdria para sacramentar a compra do veiculo automotor. ‘Apis isso, B. comparece & agéncia, escolhe o carro e apresenta para pagamento o documento de identidade falso e 0 cheque de A.. Ao receber tais documentos, 0 gerente da concessiondria, desconfiando da autenticidade dos mesmos, entra em contato com a Delegacia Policial mais préxima. A policia comparece a agéncia e prende B. em flagrante delito pelos crimes até ento praticados e ainda encontra em sua carteira 02 cédulas de R$ 50 reais indubitavelmente falsas. Com a lavratura do Auto de Prisdo em Flagrante, o Ministério Publico denuncia B. pela pritica dos delitos de falsidade ideolégica do art. 299 do Cédigo Penal e/c estelionato do art. 171 do Cédigo Penal, pela apresentaco do cheque “falso”; pelos delitos de falsidade de documento publico do art. 298 do Cédigo Penal c/c uso de documento falso do art. 304 do Cédigo Penal, pela apresentacao do documento de identidade falso e; pelo delito de moeda alsa do art, 289 do Cédigo Penal, diante das cédulas falsas encontradas. Responda: Esté correta a tipificagao realizada pelo Ministério Pu DIREITO PENAL - CP03 - 05 - CPV - 2° PERIODO 2017 07/11/2017 - Pagina 1 de $ ESCOLA DA MAGISTRATURA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO RESPOSTA: O primeiro tema que precisa ser estudado é distingdo entre falsidade material ¢ falsidade ideolégica. A falsidade pode advir de uma contrafagdo, que é 0 fabrico a semethanga do verdadeiro, ou; por meio da alteragdo, que significa a modificagao do documento que ja existe. A Lei Penal prevé ainda a idade de falsificagdio em documento piiblico ou documento particular. E, ainda, existe uma preocupagao em equiparar determinados documentos a documentos piblicos, ainda que, em sua natureza, sejam particulares (Art. 297, §2° do Cédigo Penal. Ex: testamento particular). Podemos distinguir as falsidades da seguinte forma: a falsidade ideol6gica nunca sera uma falsidade da coisa em si, mas sim, do seu contetido. Por isso, no poderemos ter, jamais, uma falsidade ideolégica realizada em documento completo, como, por exemplo, uma cédula de dinheiro. E, por esse motivo, que afirmamos no inicio que o crime de moeda falsa sempre sera uma falsidade material. Sendo assim, 0 documento que pode servir para uma falsidade ideol6gica deve ser sempre incompleto ‘ou em branco, para que se possa incluir 0 conteiido determinado pelo falsirio. Diante disso, j se pode perceber que a grande preocupagiio ficari a cargo da alteragdo (ja que, a contrafagdo sempre sera falsidade material). Na alteragio de documento, poderemos ter uma falsidade ideol6gica, quando houver alteragdo de contetido e uma falsidade material, quando houver alterago do proprio objeto. Assim, na falsidade ideol6gica havera sempre uma contradig&o entre a informagio que deveria constar realmente no titulo e, o que foi colocado li pelo falsério (¢ a denominada contraditio). Na falsidade ideolégica, o documento em si, é verdadero; falso é 0 complemento ali langado. Jé na falsidade material, 0 documento pode ser verdadeiro, mas, se tornard falso (total ou parcialmente) apés a alteragdo realizada pelo falsario. ‘Vamos analisar o préprio caso concreto - 0 investidor deixa o cheque em branco, SEM permissiio para ser preenchido, e, ainda assim, seu secretario o preenche para compra de um veiculo automotor. Obviamente, que o documento foi ALTERADO, visto que, era para permanecer em branco. Assim, a alteragio foi do proprio documento, j4 que, nao est mais em branco. O contetido do cheque é 0 mesmo, mas, © documento foi alterado no seu objeto, visto que, agora possui valor delimitado. Essa falsidade é material, Poderia se considerar uma alteragiio de conteuido, caso, em outra hipstese, 0 investidor autorizasse o secretario a comprar um carro para ele com o seu cheque, mas, 0 negdcio nao pudesse ultrapassar RS 50.000 (cingiienta mil reais) e, ainda assim, o secretario comprasse um carro de RS 100.000 (cem mil). Nesse caso, haveria uma falsidade ideolégica, porque o cheque nao era para permanecer em branco, mas também ndo era para ser preenchido com aquele valor. Altera-se 0 conteido. Diante disso, j4 podemos analisar que, 0 Ministério Piblico se equivocou em tipificar o delito do caso concreto como incurso no Art. 299 do Cédigo Penal (falsidade ideoldgica), ja que o cheque foi, em verdade, materialmente alterado na forma do Art. 297 do Cédigo Penal. Para n DIREITO PENAL - CP03 - 05 - CPV - 2° PERIODO 2017 07/11/2017 - Pagina 2 de $ ESCOLA DA MAGISTRATURA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO Zo restar ainda, nenhuma divida quanto a essa tipificagdlo, deve-se afastar também o Art. 298 do Cédigo Penal (falsidade documento particular). [sso porque, em regra, entende-se o cheque como documento piblico. A jurisprudéncia s6 admite cheque como documento particular, quando o mesmo for apresentado ao Banco e recusado pelo mesmo por insuficiéncia de fundos, visto que, apés isso, no ser mais possivel a transmissio do titulo (endosso).. Portanto, o crime praticado por Raul com relagdo ao cheque seria o do Art, 297 do Cédigo Penal (falsidade documento piiblico). Esse crime é 0 mesmo que falsidade de documento particular do Art. 298 do CP, alterando-se somente o seu objeto. ‘Agora, serd que podemos mesmo confirmar a tipificagdo correta como no Art. 297 do Cédigo Penal. Veja que, o cheque falsificado por Raul foi ainda apresentado para pagamento, a fim de ser cometido outro delito, qual seja, o estelionato do Art. 171 do Cédigo Penal. Portanto, 0 agente tentou ludibriar 0 vendedor da concessionéria com 0 cheque falso. Por esse motivo, o Ministério Publico também denunciou o agente pelo crime de estelionato em concurso com o crime de falso. Em regra, os crimes contra a fé publica sdo meios para pratica de outros delitos. Por isso. se a falsidade é o meio empregado para cometer outro delito, temos uma relagio de crime-meio e crime- fim, devendo ser observado a aplicagio do Principio da Consungo. No caso do falso c/c com o crime de estelionato temos, inclusive, a Simula 17 do Superior Tribunal de Justica: “Quando o falso se exaure no estelionato, sem mais potencialidade lesiva, ¢ por este absorvido”. Entio, pelo exposto, até o presente momento, ficamos apenas com o crime de estel do Cédigo Penal. Depois disso, temos que analisar ainda que, o agente falsificou documento de identidade com dados de seu chefe para utilizar no momento da aquisigdo do veiculo. Por isso, o Ministério Publico denunciou Raul pela falsificagao de documento pablico do Art. 298 do Cédigo Penal e pelo seu uso na forma do Art. 304 do Cédigo Penal. Deve-se verificar uma controvérsia acerca do concurso de crimes entre 0 uso de documento falso e a falsificagao. Existem trés posigdes: a) responde pelo concurso de crimes - doutrina minoritarissima, j4 ue, préprio preceito secundario do crime do Art. 304 do CP remete aos demais delitos de falso, 0 que, demonstra, total subsidiariedade. Por isso, uma coisa é certa, 0 mesmo agente, no mesmo contexto, ndo pode praticar os dois delitos. b) Guilherme de Souza Nucci - reconhecimento de um auténtico crime progressivo (falsifica para depois usar) - responde pelo Art. 304 do CP; c) doutrina e jurisprudéncia do STF (HC 84.533 - Info 361 - STF) - 0 reconhecimento de que o falso deve absorver © uso - configura-se como um sé crime e o uso seria considerado pds-fato impunivel. Diante disso, segue somente com o Art. 298 do CP, afastando o Art. 304, CP (posigdo do STF). nato do Art. 171 2 QUESTAO: CAIO, mediante 0 uso de cédula de identidade e CPF falsificados, abriu conta-corrente no Banco do Brasil. Em seguida, de posse do talonario de cheques e mediante a apresentago dos referidos documentos, efetuou cinco compras em afamada loja de departamentos. Dias depois, quando emitiu novo cheque em um restaurante, foi preso em flagrante delito. Tipifique o comportamento de CAIO. RESPOSTA: ‘A questio visa discutir se 0 estelionato absorve o falso ou no. Admitindo-se uma relagdio de subordinagdo entre a obtenco das indevidas vantagens econdmicas e 0 uso dos documentos piblicos falsos, teriamos a aplicagdo da consungio, com a pratica de cinco estelionatos consumados ¢ um tentado em continuidade delitiva. Reconhecendo-se que os bens juridicos ofendidos so diversos - fé publica e patriménio - teriamos que CAIO usou os documentos falsos no banco para abertura da conta-corrente e nas compras efetuadas, continuadamente, além de realizar os estelionatos. Assim, as condutas também foram diversas, porque uma de uso dos documentos e outra de obier a indevida vantagem econés Assim, CAIO teria usado os documentos falsos sete vezes continuadamente, realizado cinco estelionatos consumados e um tentado, tudo em concurso material. (Artigos 304 c/e 297 c/e 71 (7 vezes) e 171 (5 vezes) € 171 c/c 14, II c/c 71, na forma do artigo 69 do CP). DIREITO PENAL - CP03 - 05 - CPV - 2° PERIODO 2017 07/11/2017 - Pagina 3 de 5 3* QUESTAO: GERVASIO, advogado criminal, visando obter a absolvigdo de seu cliente em proceso criminal, logra colher em folhas em branco as assinaturas das duas testemunhas de acusagdo, pessoas humildes € de poucas letras. De posse dos papéis preenche os mesmos com declaragdes em sentido oposto a0 afirmado pelas testemunhas em juizo. Isto é, negando a autoria do crime pelo cliente do advogado. As declaragdes vém aos autos junto com as alegagées finais do advogado. Em que pese o esforgo do causidico, seu cliente é condenado. Ocorre que o Juiz Criminal, forte na ocorréncia do delito do Art. 297, CP, encaminha ao Ministério Publico os originais dos documentos para adogo das providéncias cabiveis. Findo o procedimento policial, aponta o Delegado de Policia a ocorréncia do delito do Art. 299, CP, ‘uma vez que as testemunhas negaram ter autorizado o preenchimento do documento com aquele conteiido. Diante dos fatos postos, qual deve ser a providéncia adotada pelo Promotor de Ju: inquérito? ao receber 0 DIREITO PENAL - CP03 - 05 - CPV - 2° PERIODO 2017 07/11/2017 - Pagina 4 de 5 ESCOLA DA MAGISTRATURA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO RESPOSTA: Requerer seu arquivamento. Preliminarmente cumpre assentar que a conduta configura falso ideolégico, nos termos da doutrina preponderante (MIRABETE, DELMANTO, HUNGRIA). Contudo, exige-se que para a configuragdo do falso estejamos diante de um documento, isto é, aquilo que é apto a comprovar a ocorréncia de um fato. Ocorre que, embora como regra declaragdes escritas sejam aptas a provar seu contetido, a prova testemunhal tem forma prépria, oral, deste modo, sendo invidvel a utilizagdo das citadas declaragées como prova testemunhal, resta ausente a potencialidade lesiva do falso, requisito necessério a sua tipicidade, o caso ¢ de arquivamento. (STF: HC 85064/SP) Advogado ¢ Falsidade Ideolégica - 3 A Turma concluiu julgamento de habeas corpus impetrado em favor de advogado acusado da suposta pritica do crime de falsidade ideologica (CP, art. 299), consistente no fato de ter redigido e juntado, em autos de processo penal, declaragio de conteiido falso, assinada, a seu pedido, por testemunha de acusago, que presenciara delito de homicidio imputado a cliente do causidico. No caso concreto, a referida declarago, em que langava davidas sobre a autoria do homicidio, fora anexada quando a testemunha ja havia feito o reconhecimento visual do acusado de homicidio e prestado depoimento em juizo, sendo que, reinquirida posteriormente no Tribunal do Jiri, afirmara que teria assinado a declaracao porque o paciente the assegurara que o contetido do documento nao modificaria o depoimento jé prestado jv. Informativo 412. Por maioria, deferiu-se 0 writ a0 fundamento de inexisténcia de dano relevante, entendendo que a declaragio ofertada nfio pode ser considerada documento para os fins de reconhecimento do tipo penal previsto no art. 299 do CP. Asseverou-se que, neste processo, a situagdo no haveria de ser tida como absolutamente distinta da do precedente suscitado pelo simples fato de que o documento fora registrado em cartério, No ponto, considerou-se que a declaracdo seria inécua para o convencimento do magistrado acerca da autoria ou da materialidade delitiva, haja vista que a testemunha confirmara em juizo a versio inicial de seu depoimento, contraria ao que contido no documento. HC 85064/SP, rel. orig. Min. Joaquim Barbosa, rel. p/ o acérdao Min. Gilmar Mendes, 13.12.2005. (HC-85064) DIREITO PENAL - CP03 - 05 - CPV - 2° PERIODO 2017 07/11/2017 - Pagina 5 de 5 ESCOLA DA MAGISTRATURA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO Turma: CPV A 22017 Disciplina/Matéria: DIREITO PENAL PARTE ESPECIAL Sessio: 10 - Dia 17/11/2017 - 08:00 as 09:50 Professor: JOSE MARIA DE CASTRO PANOEIRO 10 Tema: Crimes contra a fé piblica III. Outras falsidades. 1) Crimes previstos nos arts. 306 a 311 do CP (aspectos relevantes): a) Sujeitos do delito; b) Tipicidade objetiva e subjetiva. 2) Aspectos controvertidos. 3) Concurso de crimes. 4) Pena e ago penal. 1° QUESTAO: ADILSON foi denunciado pelo Ministério Pablico pela pratica da falsidade prevista no art. 311 do Cédigo Penal, porque foi preso em flagrante ao estar dirigindo 0 veiculo Fiat Palio, ano 1999, com a placa adulterada, A defesa alega que a expresso "ou qualquer sinal identificador de veiculo automotor” contida no referido dispositivo nao engloba placa adulterada, tratando-se dos casos em que a adulteraglo tenha sido realizada apenas nos componentes de fabricagio do veiculo. Decida a questio. DIREITO PENAL - CP03 - 05 - CPV - 2° PERIODO 2017 14/11/2017 - Pagina 1 de 5 ESCOLA DA MAGISTRATURA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO RESPOSTA: Apesar de controvertido o tema, o STF e 0 STJ tém entendido que a adulteragdo de placa de carro configura o crime previsto no art. 311, caput, do CP. na medida em que a expresso "ou qualquer sinal identificador de veiculo automotor" abarca, também, as placas de tais veiculos. Importante consignar que, em virtude de ser crime que deixa vestigio, necessario se faz o exame pericial do automével, por forga do art, 158, do CPP. st) Processo: AgRg no REsp 1455764 / MT AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL 2014/0110774-2 Relator(a): Ministro SEBASTIAO REIS JUNIOR (1148) Orgao Julgador: T6 - SEXTA TURMA Data do Julgamento: 21/08/2014 Data da Publicagao/Fonte: DJe 05/09/2014 Ementa: AGRAVO REGIMENTAL. RECURSO ESPECIAL. ADULTERACAO DE SINAL IDENTIFICADOR DE VEICULO AUTOMOTOR. DELITO TIPIFICADO NO ART. 311 DO CP. AGAO PENAL. PROSSEGUIMENTO DETERMINADO. DECISUM SINGULAR. LEGALIDADE. ART. 557 DO CPC. 1. Firmou- urisprudéncia dete Sunerior Tribunal na troea de placas de veiculo automotor configura o crime previsto no Cédigo Penal, tendo em vista a adulteracio dos sinais identificadores, 2. A superveniente confirmagdo de decisum singular de relator pelo érgio colegiado supera eventual violagdo do art. 557 do Cédigo de Proceso Civil (arts. 3° do CPP e 34, XVIII, do RISTJ). 3..Na via especial, a discussio acerca da classificagdo juridica dos fatos e provas dispostos nos autos mitiga a incidéncia da Simula 7/STJ. 4. O agravo regimental nao merece prosperar, porquanto as razdes reunidas na insurgéncia so ineapazes de infirmar o entendimento assentado na decisto agravada. 5. Agravo regimental improvido. de que a conduta consistente art. 311, caput, do STF RHC 116371 / DF - DISTRITO FEDERAL RECURSO ORDINARIO EM HABEAS CORPUS Relator(a): Min. GILMAR MENDES Julgamento: 13/08/2013 Orgio Julgador: Segunda Turma Publicagao: PROCESSO ELETRONICO: DJe-230 DIVULG 21-11-2013 PUBLIC 22-11-2013 Ementa: Recurso ordindrio em habeas corpus. 2. Art. 311, caput, do CP. Adulteragdo de placa traseira do veiculo com aposicao de fita isolante preta. 3. As placas de um automével sii si dores externos do veiculo, obrigatérios conforme dispde o Cédigo de iro, A jurisprudéncia do STE considera tipiea a adulteracso de placa numerada 7 if 4 DIREITO PENAL - CP03 - 05 - CPV - 2° PERIODO 2017 14/11/2017 - Pagina 2 de 5 2° QUESTAO: JUVENAL, aluno de direito do 10° Periodo da Universidade Tabajara, comparece & 13° DP e registra © extravio de sua carteira de advogado obtendo uma declaragao da Autoridade Policial sobre 0 citado fato. Dias depois, devidamente nomeado pela parte (Art. 10 da Lei 10.259/2001), JUVENAL ajuiza ago no Juizado Especial Federal subscrevendo a inicial com seu pretenso ntimero de carteira extraviada. Desconfiada da atitude do advogado, exige a Juiza a apresentagio da carteira da ordem sendo exibido o documento policial. Feita a verificagdo na OAB, constata-se que JUVENAL nao é advogado tendo apenas registro, jé cancelado, de estagidrio, Levado a Policia Federal, é lavrado termo circunstanciado pela contraveneao penal do Art. 47, LCP. Os autos vem ao MPF que oferece proposta de transagtio penal pelo delito do Art. 307, CP (falsa identidade). Na qualidade de membro no Ministério Piiblico, em audiéncia preliminar, que providéncia adota? RESPOSTA: Os delitos de falso exigem a possibilidade de alteragio de verdade juridica relevante para sua configurago. Na hipdtese se fazem presentes, em tese, delitos de falsa identidade (atribuigdo da qualidade de advogado), uso de documento falso (apresentagdo a funcionério publico federal) e falsidade ideol6gica (falso registro de extravio de documento). Ocorre que os dois primeiros ndo possuem potencialidade ofensiva uma vez que ambos visavam comprovar uma qualidade de advogado dispensdvel para a causa em questdo (Art. 10 da Lei 10.259/2001). Desta forma, resta apenas 0 delito de falsidade ideologica de competéncia da justiga estadual. Na qualidade de membro do MP pugnaria pelo declinio de competéncia ante a insubsisténcia de crime federal. 3* QUESTAO: No dia 17/4/2008, LEANDRA, juntamente com 0 corréu ELTON, subtraiu. para cles, uma bicicleta pertencente a LUIZ, avaliada em RS 50,00 (cinquenta reais), que se encontrava estacionada do lado de fora do "Bar do Gordo". Ao ser presa em flagrante pelo cometimento do crime de furto qualificado, no momento em que foi questionada pela autoridade policial acerca de seus dados pessoais, LEANDRA designou para si o nome de "Patricia de Souza",denominagdo essa que, posteriormente, verificou-se ser a de sua irma. Diante desses fatos, 0 Ministério Pibblico denunciou LEANDRA pelos crimes descritos nos arts. 155. § 4°, IV e 307, todos do Cédigo Penal, em concurso material. ‘Apresentada a defesa, LEANDRA pretende o reconhecimento da atipicidade de suas condutas, pois. quanto ao crime de furto, deve incidir o principio da insignificdincia e, em relagdo ao crime do art. 307 do Cédigo Penal, a conduta que Ihe deu ensejo agasalha-se no direito constitucional da ampla defesa. Merece acolhimento a pretensdio de LEANDRA? Fundamente a resposta. DIREITO PENAL - CP03 - 05 - CPV - 2° PERIODO 2017 14/11/2017 - Pagina 3 de 5 ESCOLA DA MAGISTRATURA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO RESPOSTA: STs Processo: HC 213827 / SC HABEAS CORPUS 201 1/0169086-6 Relator(a): Ministro SEBASTIAO REIS JUNIOR (1148) Orgio Julgador: T6 - SEXTA TURMA Data do Julgamento: 21/05/2013 Data da Publicagao/Fonte: DJe 07/06/2013 Ementa: HABEAS CORPUS. FURTO QUALIFICADO PELO CONCURSO DE AGENTES E FALSA IDENTIDADE. WRIT SUBSTITUTIVO DE RECURSO ESPECIAL. DESVIRTUAMENTO. PRECEDENTES. PRINCIPIO DA INSIGNIFICANCIA. PRETENDIDA APLICACAO. IMPOSSIBILIDADE. AUSENCIA DE REDUZIDO GRAU DE REPROVABILIDADE OU DE MINIMA OFENSIVIDADE DA CONDUTA PRATICADA. RELEVANCIA DA CONDUTA NA ESFERA PENAL. FALSA IDENTIDADE. DIREITO A AUTODEFESA. INAPLICABILIDADE. CONDUTA QUE SE AMOLDA AO TIPO PREVISTO NO ART. 307 DO CP. MANIFESTO CONSTRANGIMENTO ILEGAL NAO EVIDENCIADO. E imperiosa a necessidade de racionalizagao do habeas corpus, a fim de preservar a coeréncia do sistema recursal e a propria fungo constitucional do writ, de prevenir ou remediar ilegalidade ou abuso de poder contra a liberdade de locomocao. 2. O remédio constitucional tem suas hipéteses de cabimento restritas, niio podendo ser utilizado em substituigdo a recursos processuais penais, a fim de discutir, na via estreita, temas afetos a apelacéo criminal, recurso especial, agravo em execugdo, tampouco em substituiggo a revisdo criminal, de cognigao mais ampla. A ilegalidade passivel de justificar a impetragio do habeas corpus deve ser manifesta, de constatagdo evidente, restringindo-se a questdes de direito que no demandem incursao no acervo probatério constante de agdio penal. 3. A aplicabilidade do principio da insignificdncia deve ser avaliada com cautela, observando-se as peculiaridades do caso conereto, de forma a aferir o potencial grau de reprovabilidade da conduta e verificar a necessidade, ou néo, da utilizagao do Direito Penal como resposta a conduta do agente, sob pena de restar estimulada a pratica reiterada de furtos de pequeno valor. 4, Na espécie dos autos, néo ha como concluir pela auséncia de interesse estatal na repressio do delito perpetrado pela paciente, por ndo se reconhecer reduzido grau de reprovabilidade ou a minima ofensividade da conduta de quem, logo apés subtrair uma bicicleta em concurso de agentes, é presa ‘em flagrante pelo cometimento do crime de furto qualificado e, nese momento, ao ser questionada acerca de seus dados pessoais, designa para si nome de outrem, atribuindo-se falsa identidade, com a Unica finalidade de fugir responsabilidade penal, uma vez que possui péssimos antecedentes penais, j4 que evidente a maior ousadia da paciente, a afastar 0 alegado constrangimento ilegal de que estaria sendo vitima nesse ponto. 5. Embora o bem subtraido no tenha valor econdmico expressivo, diividas nao ha de que o contexto em que o delito foi praticado - mediante concurso de agentes, com a prética de novo delito, logo na sequéncia, visando justamente se esquivar da futura responsabilidade penal em relago ao erime de furto - revela a reprovabilidade do comportamento da agente, nao podendo, portanto, a conduta da paciente ser tida como um indiferente penal. 6. O Supremo Tribunal Federal, ao julgar a repercussio geral no RE n. 640.139/DF (DJe DIREITO PENAL - CP03 - 05 - CPV - 2° PERIODO 2017 14/11/2017 - Pagina 4 de 5 ESCOLA DA MAGISTRATURA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO .4/10/2011),reafirmou a jurisprudéncia dominante sobre a mat posta em discussio, no sentido de que o principio constitucional da autodefesa (art. 5°, 30 LXIII, da CF/88) no alcanca aquele que le perante autoridade policial com ‘maus antecedentes, sendo, portanto, tipica a conduta praticada pelo agente (art. 307 do CP). 7. Segundo o mais recente entendimento da Sexta Turma, acompanhando a orientagto firmada pelo Supremo Tribunal Federal, ¢ tipica a conduta de atribuir-se falsa identidade (art. 307 do CP) perante autoridade policial, ainda que em situagaio de alegada autodefesa. DIREITO PENAL - CP03 - 05 - CPV - 2° PERIODO 2017 14/11/2017 - Pagina 5 de 5 ESCOLA DA MAGISTRATURA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO Turma: CPV A 22017 Disciplina/Matéria: DIREITO PENAL PARTE ESPECIAL Sessdo: 11 - Dia 17/11/2017 - 10:10 as 12:00 Professor: JOSE MARIA DE CASTRO PANOEIRO 11 Tema: Crimes contra a Administragdo Piblica 1. Crimes praticados por funcionsrio piiblico Contra a administragio em geral (primeira parte). 1) Consideragdes gerais: a) Definiga0 ¢ evolugao histériea. Conceito de Administragao Publica. Bem juridico tutelado; b) Conceito de funcionério piblico (art. 327 do CP). 2) Crimes previstos nos artigos 312 a 318 do Cédigo Penal: a) Sujeitos do delito; b) Tipicidade objetiva e subjetiva. 3) Aspectos controvertidos, 4) Concurso de crimes. 5) Pena e ago penal. 1? QUESTAO: Em 28/09/2000, MEVIO, empregado de empresa prestadora de servigos do Detran, por solicitagao de um funcionério deste Orgao e seu amigo, TICIO, veio a retirar, medionte » utilizagdo de senha de acesso restrito deste tiltimo (inobstante tenha o mesmo negado tal circunsténcia), do banco de dados do sistema informatizado proprio daquele Orgao, trés multas que CAIO havia sofrido, por ter ultrapassado sinal luminoso fechado, o que importava na contagem de pontos de forma a perda tempordria de eficdcia de sua habilitagdo para dirigir veiculos automotores. a) Algum crime foi praticado pelos envolvidos? Em caso positivo, haveria coincidéncia de enquadramento legal no tocante a0 comportamento dos mesmos? b) MEVIO pode ser considerado funciondrio publico para os efeitos penais do fato? DIREITO PENAL - CPO3 - 05 - CPV - 2° PERIODO 2017 14/11/2017 - Pagina | de 10 ESCOLA DA MAGISTRATURA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO RESPOSTA: a) Houve significativa alteragao no capitulo dos crimes praticados por funcionérios contra a Administragao Publica a partir da edigdo da Lei n° 9.983 de 14/07/2000, que, inclusive, inseriu ali diversas novas modalidades delitivas. Em Primeiro lugar, o fato deu-se setenta e quatro dias apés a edigao desta nova legislagio, sendo certo, contudo, que pelo que dispde o artigo 4° daquela, a sua vigéncia estava condicionada ao transcurso de 90 (noventa) dias. Assim, mesmo que houvesse enquadramento tipico perfeito, ainda seria forgoso reconhecer-se que ndo haveria crime, posto que a in novatio legis incriminadora ndo teria ainda alcancado 0 seu periodo de vigéncia e eficdcia. Certo é que MEVIO excluiu, indevidamente, dados corretos de banco de dados da administragao publica, vinculado ao seu sistema informatizado, e assim o fez com o fim da obtengdo de vantagem indevida para outrem, ou seja, CAIO. A questdo a ser examinada é se MEVIO seria 0 "funciondrio autorizado", de que fala o artigo 313-A do CP. A resposta devera ser negativa, tanto assim que néo possufa ele condigdes de acesso auténomo aquele banco de dados no sistema informatizado, tendo sido necessdria 2 utilizagdo da senha de acesso restrito de TICIO. Isto nos conduz ao exame da figura descrita nos pardgrafos primeiro, incisos I e Il, e pardgrafo segundo, do artigo 325 do CP, também originarios do disposto pela Lei n° 9.983/2000, Assim, caso vigente estivesse tal legislagdo por ocasido dos fatos em exame, ter-se-ia a pratica, por TICIO, do delito previsto no artigo 325, § 1°, I, CP, e, por MEVIO, do delito previsto no artigo 325, § 1°, II, CP, na exata medida em que TICIO facilitou, mediante fornecimento e empréstimo de sua senha 0 acesso de MEVIO, pessoa nao autorizada, ao banco de dados do sistema de informagdo de um Orgito da administra¢ao publica, causando dano a esta tiltima € promovendo a utilizagao indevida do respectivo acesso restrito. CAIO, desde que tivesse ciéncia do que se desenvolvia e tivesse moralmente concorrido para tanto, também responderia pelo mesmo fato, independentemente de se tratar de particular, jd que a condigao particular de funcionario piblico, mesmo sendo de carater pessoal ¢ relativa a TICIO e MEVIO (segundo 0 que ja se disse acima e de conformidade com a nova redagao dada ao pardgrafo primeiro do artigo 327 do CP), seria a ele transmitida porque clementar do crime (artigo 30 do CP). . 'b) Caso vigente ja estivesse 0 disposto pela Lei n° 9.983/2000, MEVIO poderia ser considerado funcionério pabiico, para os efeitos penais do fato, diante da alterago por aquela estabelecida no pardgrafo primeiro do artigo 327 do CP, onde se reconhece uma condigio ampliativa, em face do panorama anterior, para tal conceito. 2° QUESTAO: S, servidora atuante na Secretaria Municipal de Cultura do Rio de Janeiro, no exercicio de suas fungdes, utilizou sua senha pessoal durante quatro meses no ano de 2011 para alterar irregularmente disquete que continha informagdes do pagamento de encargos especiais. Posteriormente, encaminhou- © para pagamento. A alteragio aumentou de RS 600 para R$ 2 mil o valor a que a servidora faria jus. Com base nisso, o Ministério Publico denunciou a servidora por peculato (artigo 312 do Cédigo Penal). Pergunta-se: a) Est correta a deniincia? Por qué? Resposta objetivamente fundamentada em, no maximo, 10 linhas. b) A devolucdo do valor ao eririo, apés a efetiva consumagao do crime e depois de recebida a dentincia, afasta a tipicidade do delito? Resposta objetivamente fundamentada. DIREITO PENAL - CP03 - 05 - CPV - 2° PERIODO 2017 14/11/2017 - Pagina 2 de 10 ESCOLA DA MAGISTRATURA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO RESPOSTA: Noticias do STJ: 02/03/2012 - 09hO1 DECISAO Devolugio de valor apés recebimento da deniincia nio afasta ocorréncia de crime contra 0 erdrio Superior Tribunal de Justiga (STJ) manteve a condenagdo e a perda do cargo piblico de uma servidora que alterou a folha de pagamento para receber vencimento maior. Para os ministros da Quinta Turma, a devolugao do valor ao erério nao afasta a tipicidade do delito (insergaio de dados falsos em sistema), porque s6 se deu apés a efetiva consumagiio do crime e depois de recebida a dentincia, Conforme destacou 0 relator, ministro Marco Aurélio Bellizze, o intuito reparador no se confunde com os institutos da "desisténcia voluntiria e arrependimento eficaz", para os quais se exige desisténcia de prosseguir na execugo (evitando a consumagdo do delito) ou o impedimento do resultado, Bellizze observou que nao ficou sequer configurada a causa especial de redugo da pena denominada “arrependimento posterior", porque o beneficio ¢ cabivel apenas Aquele que tiver reparado o dano antes do recebimento da dentincia ou queixa, o que nao se verifica no caso, Alteragio de dados Na época dos fatos, a servidora atuava na Secretaria Municipal de Cultura do Rio de Janeiro. A dentincia narra que, no exercicio de suas fungdes, utilizando-se de sua senha pessoal, durante quatro ‘meses no ano de 2002, ela alterou irregularmente disquete que continha informagdes do pagamento de encargos especiais. Posteriormente, encaminhou-o para pagamento. A alteragao aumentou de RS 600 para R$ 2 mil o valor a que a servidora faria jus. Ministério Piblico denunciou a servidora por peculato (artigo 312 do Cédigo Penal), mas o juiz adequou a conduta ao crime previsto no artigo 313-A do CP (insergao de dados falsos em sistema de informagoes para obter vantagem). Ela acabou condenada a trés anos de reclusdo em regime aberto. A. pena foi substituida por duas restritivas de direito, Ao julgar a apelacdo, o Tribunal da Justiga do Rio de Janeiro (TJRJ) manteve a condenagao e acolheu 0 pedido do MP para decretar também a pena de perda do cargo piblico. A defesa da servidora recorreu ao STJ. Alegou cerceamento de defesa - por ter sido condenada por tipo penal diferente do Constante da dentincia. Disse, ainda, que a devolugao do valor ao erdrio afastaria a existéncia do delito € que a pena de perda do cargo seria desproporcional. Ampla defesa O ministro relator destacou que a dentincia narra com riqueza de detalhes os fatos ocorridos, o que permitiu a servidora, ao longo de toda a instrugo, exercer amplamente sua defesa. O que ocorreu apenas, esclareceu Bellizze, foi a mudanga de capitulago das condutas pelo magistrado de primeiro grau. Quanto a perda do cargo, o ministro nao constatou ilegalidade ou desproporcionalidade na pena aplicada pelo TJRJ. Para ele, os requisitos previstos em lei foram preenchidos - crime praticado com abuso de poder ou violagdo do dever para com a administragdo publica, quando a pena aplicada for igual ou superior a um ano. Da mesma forma, o ministro esclareceu que a substituigdo da pena privativa de liberdade por outras restritivas de DIREITO PENAL - CP03 - 05 - CPV - 2° PERIODO 2017 14/11/2017 - Pagina 3 de 10 ESCOLA DA MAGISTRATURA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO direitosnao impede o reconhecimento do efeito especifico da pena, isto ¢, a imposigao da perda do cargo. O requisito, neste caso, € tao somente a quantidade de pena imposta, 3° QUESTAO: No dia 1° de dezembro de 2005, GLAUCIO, NELSON e ROBERTO, policiais militares, estavam nas imediagbes do estabelecimento comercial de JOSEPH e, quando este manobrava o seu veiculo, uma Caravan, ano 2001, 0s policiais GLAUCIO e NELSON desceram da viatura ¢ iniciaram a abordagem a JOSEPH, enquanto ROBERTO, que trazia consigo duas trouxinhas de cocaina, colocou-as entre a toda do veiculo de JOSEPH e a guia. Logo apés, ROBERTO informou aos demais policiais sobre a existéncia da droga no veiculo de JOSEPH. Em seguida, GLAUCIO e NELSON, simulando ter encontrado a droga no veiculo, apreenderam-na, ocasidio em que foi dada voz de prisdio em flagrante a JOSEPH. Quando JOSEPH estava sendo encaminhado & Delegacia de Policia, a fim de que fosse lavrado o auto de prisdo em flagrante, os policiais exigiram o pagamento de R$6.000,00 para que a prisdo nao fosse efetivada. JOSEPH, sabendo nao ter feito nada ilegal, se recusou a efetuar 0 pagamento exigido pelos policiais €, por isso, foi encaminhado a autoridade policial, tendo sido lavrado o respectivo temo. Posteriormente, JOSEPH foi denunciado pelo Ministério Publico como incurso no artigo 28 da Lei 11.343/2006. Diante dos fatos narrados, tipifique de forma fundamentada as condutas praticadas por GLAUCIO, NELSON e ROBERTO. DIREITO PENAL - CP03 - 05 - CPV - 2° PERIODO 2017 14/11/2017 - Pagina 4 de 10 ESCOLA DA MAGISTRATURA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO RESPOST: STI Processo: HC 198750 / SP, HABEAS CORPUS 201 1/0042598-2 Relator(a): Ministro MARCO AURELIO BELLIZZE (1150) Orgiio Julgador: TS - QUINTA TURMA Data do Julgamento: 16/04/2013 Data da Publicagao/Fonte: DJe 24/04/2013 Ementa: HABEAS CORPUS IMPETRADO EM SUBSTITUICAO AO RECURSO PREVISTO NO ORDENAMENTO JURIDICO. 1. NAO CABIMENTO. MODIFICACAO DE ENTENDIMENTO JURISPRUDENCIAL. RESTRIGAO DO REMEDIO CONSTITUCIONAL. EXAME EXCEPCIONAL QUE VISA PRIVILEGIAR A AMPLA DEFESA E 0 DEVIDO PROCESSO LEGAL. 2. EXTORSAO E DENUNCIACAO CALUNIOSA. PACIENTE POLICIAL CIVIL. FLAGRANTE FORJADO PARA OBTENCAO DE VANTAGEM ILICITA. DESCLASSIFICACAO. IMPOSSIBILIDADE. REEXAME DE PROVAS. NECESSIDADE. CONSTRANGIMENTO ILEGAL NAO EVIDENCIADO. 3. HABEAS CORPUS NAO CONHECIDO. 1. A jurisprudéncia do Superior Tribunal de Justiga, buscando a racionalidade do ordenamento juridico e a funcionalidade do sistema recursal, vinha se firmando, mais recentemente, no sentido de ser imperiosa a restrigdo do cabimento do remédio constitucional as hipéteses previstas na Constituicdo Federal e no Cédigo de Processo Penal. Nessa linha de evolugao hermenéutica, 0 Supremo Tribunal Federal passou a nao mais admitir habeas corpus que tenha por objetivo substituir © recurso ordinariamente cabivel para a espécie. Precedentes. Contudo, devem ser analisadas as questdes suscitadas na inicial no aff de verificar a existéncia de constrangimento ilegal evidente, a ser sanado mediante a concessao de habeas corpus de oficio, evitando-se prejuizos a ampla defesa e a0 devido processo legal. 2. © emprego de violéncia ou grave ameaca é circunstincia elementar do crime de extorsio tipificado no art. 158 do Cédigo Penal. Assim, se 9 funcionsrio publico se utiliza desse mei para obter vantagem indevida, cor ‘niio 3, A inversio da conclusdo das instancias ordinarias demanda necessario revolvimento do acervo fatico-probatdrio dos autos, procedimento incabivel na via estreita do habeas corpus. 4, Habeas corpus nao conhecido. Trecho do acérdao: “Diante do exposto, denunciamos GLAUCIO APARECIDO DE OLIVEIRA, NELSON LOPES MORAES e ROBERTO SALVATIERRA CAMPOLINA como incursos no artigo 158, § 1°, artigo 339, c.c. artigo 61, inciso II alineas ae g, c/c 0 artigo 69, todos do Codigo Penal”. Decisfio em sentido contrario: A questo exige a andlise do delito de concussao e do seu correspondente privado, a extorsio. Segundo Picrangeli a incriminagio da concussio é bastante antiga, e jé entre os povos antigos aceita-se a concussio como uma modalidade de extorsao praticada por funcionadrio piblico, com abuso de autoridade em face do particular, o qual cede € DIREITO PENAL - CPO3 - 05 - CPV - 2° PERIODO 2017 14/11/2017 - Pagina 5 de 10 ] ESCOLA DA MAGISTRATURA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO Turma: CPV A 22017 Disciplina/Matéria: DIREITO PENAL PARTE ESPECIAL. Sessiio: 12 - Dia 21/11/2017 - 08:00 as 09:50 Professor: CLAUDIA DAS GRACAS MATOS DE OLIVEIRA PORTOCARRERO 12. Tema: Crimes contra a Administragdo Publica II, Crimes praticados por funciondrio pablico contra a administragdo em geral (segunda parte). 1) Crimes previstos nos artigos 319 a 326 do Cédigo Penal. a) Sujeitos do delito; b) Tipicidade objetiva e subjetiva. 2) Aspectos controvertidos. 3) Concurso de crimes. 4) Pena e aco penal. 1? QUESTAO: FERDINANDO, Prefeito Municipal, deixou de efetivar os repasses dos recursos previstos em lei e devidos & Camara Legislativa, omissdo que levou impetrago de Mandado de Seguranca por essa liltima, tendo sido a seguranga concedida, e determinado que fossem feitos os pagamentos dos ‘mencionados recursos. Ao efetivar os repasses, FERDINANDO 0 fez na ordem de 5% da arrecadacao do municipio, sendo certo que a lei or¢amentaria municipal estabelecia que o percentual devido ao Poder Legislativo Municipal era de pouco mais de 9% da receita do municipi ‘A Procuradoria-Geral de Justica ofereceu deniincia contra FERDINANDO, imputando-Ihe a conduta tipificada no art. 319 do CP, narrando os fatos acima mencionados, e concluindo que o Prefeito agira com dolo, j4 que sua omissio ndo decorrera de erro ou interpretagdo da sentenca, s6 podendo haver a conclusio de que ele teria algum interesse pessoal em nao cumprir a lei e nem a decisio judicial. Deve a deniincia ser recebida? Por qué? DIREITO PENAL - CP03 - 05 - CPV - 2° PERIODO 2017 ESCOLA DA MAGISTRATURA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO RESPOSTA: STJ : HC 30.792/PI, Min. Relator Paulo Medi PENAL E PROCESSUAL. PREVARICACAO, DENUNCIA. DOLO ESPECIFICO. DESCRICAO E DEMONSTRACAO, AUSENCIA. INEPCIA. DEFESA. CERCEAMENTO. O delito prevaricagio exige, para sua configuragio, dolo especifico, consistente no intuito de satisfazer interesse ou sentimento pessoal (art. 319, altima parte, CP). A deniincia contera a exposigio do fato criminoso com todas as suas circunstdncias (art. 41 do CPP). A auséncia de descrigtio de qualquer elementar do tipo penal mutila a acusago, cerceia 0 exercicio do direito de defesa e torna inepta a deniincia. Precedentes do STJ e do STF. Ordem concedida, para anular a decisio que recebeu a denincia, impondo o trancamento da ago penal ¢ a revogagio do afastamento do paciente do cargo de Prefeito Municipal de Jaicds. imposto pela Camara Criminal. Processo: HC 165805 / RS HABEAS CORPUS 2010/0047671-9 Relator(a): Ministro OG FERNANDES (1139) Orgao Julgador: T6 - SEXTA TURMA Data do Julgamento: 14/05/2013 Data da Publicagdo/Fonte: DJe 23/05/2013 - Ementa: HABEAS CORPUS. WRIT SUBSTITUTIVO DE RECURSO PROPRIO. IMPOSSIBILIDADE. NAO CONHECIMENTO, FLEXIBILIZACAO EM CASOS EXCEPCIONAIS DE MANIFESTO CONSTRANGIMENTO ILEGAL QUE AFETE A LIBERDADE DE LOCOMOGAO. DEFENSORA PUBLICA. PREVARICACAO. TRANCAMENTO DA ACAO PENAL. ATIPICIDADE. NAO CONFIGURACAO DO DOLO ESPECIFICO DO DELITO (SATISFACAO DE INTERESSE OU SENTIMENTO PESSOAL). 1. Conquanto se reconhega que a nossa jurisprudéncia, ha muito, tenha flexibilizado, e até mesmo ampliado, as hipdteses de cabimento o habeas corpus, mostra-se importante, agora, em sintonia com 0 mais recentes julgados do Supremo Tribunal Federal, a revisdo de nossa jurisprudéncia, 2. Mister restaurar a misso constitucional desta Corte de Justica, que nao pode continuar servindo como se fosse um “tercciro grau de jurisdigao", pois a sua atuagdo restringe-se as hipdteses delineadas no artigo 105 da Carta Magna. 3. A luz desse preceito, esta Corte e o Supremo Tribunal Federal tém refinado o cabimento do habeas corpus, restabelecendo o alcance aos casos em que demonstrada a necessidade de tutela imediata a liberdade de locomogao, de forma a nao ficar malferida ou desvirtuada a légica do sistema recursal vigente. 4, Contudo, uma vez.constatada a existéncia de ilegalidade flagrante, nada impede que esta Corte defira ordem de oficio, como forma de coarctar o constrangimento ilegal, situacdo existente na espécie. 5. Conforme entendimento jurisprudencial desta Corte, o trancamento de ago penal por falta de justa causa somente é vidvel em habeas corpus caso esteja comprovado, de forma cristalina, a atipicidade da conduta, a incidéncia de causa de extingdo da punibilidade, a falta de indicios de autoria ou de prova da materialidade do delito. 6, Deve ser trancada a acio penal na hipdtese de nio caracterizacio do dolo espeeifico do delito de prevaricacdo, consubstanciadona DIREITO PENAL - CP03 - 05 - CPV - 2° PERIODO 2017 16/11/2017 - Pagina 2 de 3 ESCOLA DA MAGISTRATURA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO satisfaedo de interesse ou sentimento pessoal, 7. Habeas corpus no conhecido. Ordem concedida de oficio para trancar a ago penal. DIREITO PENAL - CP03 - 05 - CPV - 2° PERIODO 2017 16/11/2017 - Pagina 3 de 3 ESCOLA DA MAGISTRATURA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO Turma: CPV A 22017 Disciplina/Matéria: DIREITO PENAL PARTE ESPECIAL Sessio: 13 - Dia 21/11/2017 - 10:10 as 12:00 Professor: CLAUDIA DAS GRACAS MATOS DE OLIVEIRA PORTOCARRERO 13. Tema: Crimes contra a Administragdo Pablica III. Crimes praticados por particular contra a administragio em geral. 1) Crimes previstos nos artigos 328 a 337-D do CP. a) Sujeitos do delito; b) Tipicidades objetiva e subjetiva. 2) Aspectos controvertidos. 3) Concurso de crimes. 4) Pena e ago penal. 1° QUESTAO: C.,, detetive particular, foi contratado por M. com objetivo de investigar possivel relacionamento amoroso de seu marido, J. (Deputado Estadual), com a secretéria. No curso das investigagdes, C. descobriu que J. estava envolvido com forte esquema da milicia que atua na Baixada, fato que motivou C. a alterar 0 rumo de seu trabalho, passando a procurar provas acerca dos crimes praticados pelo grupo, momento em que descobriu o cometimento de varios delitos realizados sob a orientagiio do Deputado. C. recolheu provas contundentes e enviou todo o relatério ao Ministério Puiblico Estadual. O membro do Parquet, além de oferecer denincia em face de J., requisitou a instaurago de inquérito policial para apurar possivel pritica do delito previsto no art. 328 do Cédigo Penal por parte de C.. jé que este teria usurpado fungao publica de investigador de policia, cargo para o qual ndo foi empossado. C., por meio da Defensoria Pablica Estadual, impetrou uma ordem de Habeas Corpus, solicitando 0 trancamento do inquérito policial ao argumento de que a sua conduta seria atipica. Autos conclusos. Decida. RESPOSTA: A questi ¢ controvertida, defendendo parte da doutrina que o crime persiste tendo em vista que 0 detetive particular pratica atos pertinentes a funcionérios piblicos legalmente investidos na atividade de investigar, salientando que o objeto da tutela juridica é a Administragao. A outra corrente entende que a conduta é atipica, uma vez que o trabalho de detetive particular ¢ | ¢ submetido a legislagao propria para atividade profissional de prestagdo de servigo de investigagao (Lei 3.099/57). Fonte: Direito Penal - Parte Especial - Rogério Sanches, p. 438. 2 QUESTAO: Em razdo de JOAO ter importado cerca de 50 pacotes ¢ 8 magos de cigarros de origem estrangeira, 0 Ministério Pablico o denunciou como incurso nas penas do art. 334 do Cédigo Penal. Citado, JOAO, apresentou defesa preliminar na qual pretende: (i) 0 reconhecimento da atipicidade da conduta, em raziio da falta de tipicidade material pela incidéncia do principio da insignificancia; ¢ (ii) a extingdo do processo em raziio da falta de condicdo subjetiva de punibilidade, ja que nao houve a constituigdo definitiva do crédito tributério, nos termos da Sémula Vinculante 24 do STF. Diante do caso conereto, responda: a) Foi correta a tipificagio penal feita pelo Ministério Publico? b) As alegagdes defensivas merecem acolhimento? Respostas objetivamente fundamentadas. DIREITO PENAL - CP03 - 05 - CPV - 2° PERIODO 2017 16/11/2017 - Pagina 1 de 10 Esp 1362311 / SC RECURSO ESPECIAL 2013/0012248-1 R istra MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA (1131) Orgiio Julgador: T6 - SEXTA TURMA Data do Julgamento: 15/10/2013 Data da Publicagio/Fonte: DJe 28/10/2013 Ementa: RECURSO ESPECIAL. PENAL. IMPORTACAO DE CIGARROS. PRODUTO DE PROIBICAO RELATIVA. CONTRABANDO. CONSTITUICAO DO CREDITO TRIBUTARIO. DESNECESSIDADE. PRINCIPIO DA INSIGNIFICANCIA COM BASE NO VALOR (FRACIONADO) DA EVASAO FISCAL. INAPLICABILIDADE. 1. O Supremo Tribunal Federal firmou o entendimento de que nos Crimes Contra a Order Tributéria previstos no artigo 1° da Lei n° 8.137/90 a constituigdo definitiva do crédito tributério com a fixagio do valor devido e o consequente reconhecimento de sua exigibilidade configura condigao objetiva de punibilidade. (Simula Vinculante n° 24/STF) 2. O crime de descaminho, descrito na segunda figura do artigo 334 do Cédigo Penal, ainda que inserido entre os Crimes Contra a Administraco em Geral, tem como bem juridico tutelado a Administragio Fiscal, configurando modalidade especial de Crime Contra a Ordem Tributaria, cuja consumagdo também ocorre somente apés langamento definitivo do crédito tributario, quando a existéncia de tributo iludido torna-se certa e seu valor liquido e exigivel. 3. No crime de contrabando, contudo, ha lesfio & moral, higiene, seguranca e satde pablica, consumando-se o delito com a simples entrada ou saida do produto proibido. 4. O cigarro é mercadoria de proibigdo relativa cuja importagdo ou exportagio configura crime de contrabando, punivel independentemente da constitui¢do definitiva do crédito tributario. 5. Tratando-se de crime pluriofensivo, ndo ha como excluir a tipicidade material do contrabando de cigarros a vista do valor da evasio fiscal. 6. Recurso improvido. Trechos do acérdio: Ao que se tem, o crime de descaminho, descrito na segunda figura do artigo 334 do Codigo Penal, ainda que it tre os Crimes Contra a Administracio em Geral, tem como bem juridico tutelado a Administracdo Fiscal, configurando, assim, modalidade especial de Crime Contra a Ordem Tributaria uma vez tributos devidos pela entrada, s: De fato, o crime de descaminho ¢ intrinsecamente tributéri tem de instituir e cobrar impostos pelo consumo de ‘ou seja, “tutela-se 0 direito que o Estado DIREITO PENAL - CP03 - 05 - CPV - 2° PERIODO 2017 16/11/2017 - Pagina 2 de 10 ESCOLA DA MAGISTRATURA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO inferioraquele estabelecido pelo Ministério da Fazenda, a aplicagdo do principio da bagatela seria possivel porque ndo haveria reiteragao criminosa ou introdugiio, no Pais, de produto que pudesse ccausar dano a satide. Os Ministros Teori Zavascki e Carmen Liicia concederam a ordem com ponderagdes. O Ministro Teori Zavascki salientou o fato de portaria haver autorizado e dobrado o valor da dispensa de execugdo. A Ministra Carmen Liicia observou que "habeas corpus” nao seria instrumento habil a apurar valores. HC 120620/RS ¢ HC 121322/PR, rel, Min, Ricardo Lewandowski, 18.2.2014, (HC-120620) 5) Informativo Descaminho: principio da insignifican A 1" Turma, por maioria, declarou extinto "habeas corpus” pela inadequago da via processual, mas concedeu a ordem de oficio para trancar ago penal ante a atipicidade da conduta imputada a0 paciente (CP, art. 334, "caput"). A Ministra Rosa Weber (relatora), observou que, em se tratando de crime de descaminho, a jurisprudéncia da Turma seria firme no sentido de reconhecer a atipicidade da conduta se, além de o valor elidido ser inferior aquele estabelecido pelo art. 20 da Lei 10.522/2002, atualizado por portaria do Ministério da Fazenda, nfo houvesse reiteragdo criminosa ou. ainda, introdugaio de mercadoria proibida em territério nacional. O Ministro Roberto Barroso, embora acompanhasse a relatora, ressaltou a existéncia de julgados da Turma afastando, no tocante a0 patriménio privado, a aplicagao do principio da bagatela quando a “res” alcangasse 0 valor de R$500,00. Assim, ndo seria cocrente decidir-se em sentido contririo quando se buscasse proteger a coisa publica em valores de até R$20.000,00. Ademais, aduziu que, ao se adotar 0 entendimento de que o principio da insignificéncia acarretaria a atipicidade da conduta, o cometimento anterior de delitos similares nao se mostraria apto para afastar o aludido principio, uma vez que a atipicidade da conduta nao poderia gerar reincidéncia. Vencido o Ministro Marco Aurélio, que conhecia do "writ" porém negava a ordem por vislumbrar que 0 objeto juridico protegido pelo art. 334 do CP seria a ‘Administragdo Piblica e ndo apenas o erdrio. Considerava, ainda, que as esferas civel e penal seriam independentes e que adotar portaria do Ministério da Fazenda como parametro para se aferir eventual ‘cometimento do delito seria permitir que 0 Ministro da Fazenda legislasse sobre direito penal. HC 121717/PR, rel, Min, Rosa Weber, 3.6.2014, (HC-121717) 3* QUESTAO: PEDRO e PAULO, agindo em comunhio de designios, e portando cada qual uma pistola Imm, resolveram roubar um automével que se encontrava parado em um sinal da rua Ataulfo de Paiva, no Leblon Assim, com 0 emprego das armas, obrigaram 0 motorista a sair do veiculo e fugiram com 0 carro. ‘Ao mesmo tempo em que os ladrdes fugiam, vinha pasando uma patrulha da policia militar. A vitima imediatamente alertou os policiais sobre o roubo, a tempo ainda de os policiais verem 0 carro dobrando a esquina com a rua Bartolomeu Mitre. Iniciada a perseguigao, houve intensa troca de tiros até o elevado Paulo de Frontin, local onde 0 automével foi cercado e os roubadores foram presos. ‘Autuados em flagrante delito, o Ministério Pablico ofereceu deniincia pelos crimes previstos nos artigos 157, § 2%, le Il, do Cédigo Penal, em concurso material com 0 delito insculpido no artigo 329 do mesmo Diploma Penal. a) Esta correta a classificagio dos fatos empreendida pelo Ministério Piblico? b) E se a perseguigiio tivesse se iniciado, casualmente, uma hora depois da subtragio do vefculo? ¢) No exemplo dado, caso a perseguicao tivesse sido realizada por particulares, haveria crime de resisténcia? RESPOSTA: a) A classificagdo empreendida pelo Ministério Publico nao esté correta porque, neste caso, ndo se configurou o crime auténomo de resisténcia, cujo bem juridico tutelado vem a ser a propria Administragdo Publica. Conquanto exista dissenso doutrindrio e jurisprudencial a respeito do tema, a nosso sentir, o melhor DIREITO PENAL - CP03 - 05 - CPV - 2° PERIODO 2017 16/11/2017 - Pagina 9 de 10 posicionamento é no sentido de reconhecer-se que a resisténcia realizada foi cometida para possibilitar a consumagiio do crime de roubo, nao tendo havido, portanto, o crime auténomo praticado contra o Estado. Além disso, igualmente o roubo no se consumou, uma vez que os ladrdes nao mantiveram sobre 0 objeto material do delito, uma posse mansa e pacifica, ainda que transitéria; b) Se, ao contrario, a perseguicdo tivesse se iniciado posteriormente & consumago do delito, ai sim haveria concurso material com o crime de roubo circunstanciado; c) Caso a perseguicao tivesse sido empreendida por particulares, ndo haveria crime de resisténcia, haja vista que 0 sujeito passivo principal é o Estado e, o secundirio, ¢ 0 funcionério competente. No crime em exame, portanto, particular somente poderd ser sujeito passivo do crime se estiver auxiliando o funcionario competente para executar uma ordem legal. DIREITO PENAL - CP03 - 05 - CPV - 2° PERIODO 2017 16/11/2017 - Pagina 10 de 10 ESCOLA DA MAGISTRATURA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO Turma: CPV A 22017 Disciplina/Matéria: DIREITO PENAL PARTE ESPECIAL Sessiio: 14 - Dia 22/11/2017 - 08:00 as 09:50 Professor: CLAUDIA SERPA COSTA RIBEIRO FLEISCHHAUER 14 Tema: Crimes contra a Administrago Publica IV. Crimes contra a administragao da ju: Crimes previstos nos artigos 338 a 359 do CP. a) Suj subjetiva. 2) Aspectos controvertidos. 3) Concurso de crimes. 4) Pena e agdo penal. 1" QUESTAO: CCAIO, cidadao simples, analisando balancete sobre a aplicagao de verbas piiblicas, concluiu que determinado Secretério Municipal as havia aplicado indevidamente e comunicou 0 fato ao Ministério Piiblico, dando causa & instaurago de uma ago de improbidade administrativa. Realizadas as investigagdes apurou-se que as verbas foram empregadas regularmente, a) CAIO cometeu algum crime? A solugao se alteraria, caso: b) CAIO fosse um especialistae tivesse certeza de que as verbas tinham sido regularmente aplicadas? €) O equivoco de CAIO fosse evidente e o Promotor de Justiga, apesar da certeza quanto a regularidade no emprego das verbas, providenciasse a instauragao da ago de improbidade administrativa? 4) CAIO, tivesse certeza da inocéncia do Secretério Municipal e se utilizasse de servigo de “disque deniincia”, ocultando sua identidade? €) CAIO, na divida, comunicasse o fato a um advogado, que sendo adversario politico do Secretatio, mesmo ciente de sua inocéncia, comunica 0 fato ao Ministério Piblico? ) Uma pessoa, mediante a promessa de dinheiro, prestasse depoimento incriminando o Secretério? g) Na hipotese anterior, fosse um contador que realizasse uma pericia? h) O Promotor fosse ameagado para instaurar o procedimento contra 0 Secretério? i) O advogado contratado pelo Secretério, aliado aos seus inimigos, perdesse importante prazo processual? RESPOSTA: a) Nao. CAIO nao agiu com dolo, acreditava que as verbas teriam sido aplicadas indevidamente, A questo visa colher argumentos sobre a boa-fé na comunicagao de fatos considerados ilicitos ea fungdo da elementar do tipo "de que o sabe inocente". A solugio se alteraria, caso: b) Sim, teria agido com dolo. Estaria incurso nas penas do artigo 339 do CP. ) A hipétese visa esclarecer que o Promotor ¢ outras autoridades podem ser autores do delito, d) Debater a causa de aumento de pena do artigo 339, § 1° do CP. A causa de aumento ¢ exigida em razio da maior dificuldade na apuragdo da denunciacao caluniosa. €) A denunciagao caluniosa - artigo 339, CP - foi praticada pelo advogado. £) Falso testemunho com aumento de pena. (artigo 342, § 1°, CP). g) Mesma solugio. Em ambos os casos quem prometeu 0 subomo responde pelo artigo 343 do CP. Excegdo dualista, h) Trata-se de coago no curso do proceso. (artigo 344, CP). O artigo 147, CP é subsididrio. i) Patrocinio infie! (artigo 355, CP). O delito admite a modalidade comissiva por omissio. Para a configuracao do delito deve ficar demonstrada ainda a existéncia de dano, conforme a elementar “prejudicando interesse". DIREITO PENAL - CP03 - 05 - CPV - 2° PERIODO 2017 17/11/2017 - Pagina | de 6 ESCOLA DA MAGISTRATURA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO 2° QUESTAO: No dia 18 de junho de 2006, por volta das 19 horas, na lanchonete "Birds", houve um entrevero, por motivos banais, entre JAIME, SUEMAR, SEBASTIAO e CARLOS, estes tiltimos rivais dos dois primeiros. Na ocasifo, todos chegaram as vias de fato, conquanto em momentos distintos, com agressdes reciprocas, razao pela qual a policia foi chamada. ‘Tao logo a policia compareceu ao local, ela encaminhou os quatro infratores para as providéncias cabiveis, colocando JAIME, SUEMAR e SEBASTIAO no camburio e encaminhando-os a delegacia de policia, sendo que CARLOS, policial rodoviario estadual que estava de folga, foi autorizado a deslocar-se a delegacia por meios préprios. Na sequéncia, jé no interior da unidade da policia, onde seria feita a ocorréncia e lavrado o termo circunstanciado, chegou CARLOS, acompanhado de seus irmaos MARCIO e PAULO, também. policiais militares. Ato continuo, CARLOS ¢ seus irmdos, mediante o emprego de forga, seguraram o braco de SEBASTIAO, que estava sentado em uma cadeira proxima & porta de saida da delegacia, a fim de retird-lo do local para que pudessem maltraté-lo. Nessa oportunidade, CARLOS e seus irmaos ameagaram alguns policias militares com uma suposta interferéncia em instincias superiores para transferi-los para outra cidade, e prosseguiram com a briga. Diante da situagao, instalou-se um verdadeiro tumulto no interior da delegacia, que se prolongou por varios minutos, sendo inclusive solicitado reforgo policial junto aos Munic{pios proximos, para evitar que 0 fato tomasse maiores proporgdes. Apés os detidos serem alojados no banheiro da delegacia e, empregando a forga fisica necesséria, os policiais conseguiram retirar CARLOS e seus irmaos do local, cessando, assim, as agressdes. Diante dos fatos narrados, ha tipicidade na conduta de CARLOS e seus irmaos? Fundamente a sua resposta, DIREITO PENAL - CP03 - 05 - CPV - 2° PERIODO 2017 17/11/2017 - Pagina 2 de 6 ESCOLA DA MAGISTRATURA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO RESPOSTA: st Processo: RHC 28529 / PR RECURSO ORDINARIO EM HABEAS CORPUS 010/0113816-6 Relator(a): Ministra MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA (1131) Orgio Julgador: T6 - SEXTA TURMA Data do Julgamento: 13/08/2013 Data da Publicagao/Fonte: DJe 23/08/2013 Ementa: PROCESSUAL PENAL. RECURSO ORDINARIO EM HABEAS CORPUS. __ ARREBATAMENTO DE PRESO. TENTATIVA. INEPCIA DA DENUNCIA. INEXISTENCIA, DESCRICAO SUFICIENTE DOS FATOS. ACAO PENAL. TRANCAMENTO. FALTA DE JUSTA CAUSA. AFERICAO. ATIPICIDADE. REVOLVIMENTO DO CONTEXTO FATICO- PROBATORIO. IMPOSSIBILIDADE. RECURSO DESPROVIDO. 1. Nao hd como reconhecer a inépcia da deniincia se a descrigdo da pretensa conduta delituosa foi feita de forma suficiente ao exercicio do dieito de defesa, com a narrativa de todas as circunstancias relevantes, permitindo a leitura da pega acusatéria a compreensio da acusagdo, com base no artigo 41 do Cédigo de Processo Penal. 2. A alegagao de agir atipico nao relevada, primo oculi, demanda inexoravelmente revolvimento de ‘matéria fatico-probatoria, ndo condizente com a via angusta do writ, devendo, pois, ser avaliada pelo Juizo a quo por ocasido da prolagao da sentenga, apés a devida e regular instrugao criminal, sob o crivo do contraditério, 3. Recurso a que se nega provimento. Trecho do acérdio: Conquanto a defesa saliente que as pessoas "ndo estavam presas, mas apenas ‘detidas para averiguacio’ " (fl, 110), ¢ de ver que a doutrina esclarece que a expressio "preso", prevista no artigo 353 do Cédigo Penal, deve ser entendida em sentido polissémico, sequer sendo imprescindivel a sua legalidade, bastando a cust6dia do agente pelo Estado, verbis: “0 niicleo do tipo expressa-se no verbo arrebatar, isto & tirar, tomar, remover, subtrair etc. No aso, 0 objeto do arrebatamento, como se viu, é 0 preso, ¢ o fim em mira é submet@-lo a maus- tratos. Preso constitui expresso de contedido amplo e sentido polissémico a significar tanto 0 detento, o recluso, o que foi < DIREITO PENAL - CP03 - 05 - CPV - 2° PERIODO 2017 17/11/2017 - Pagina 3 de 6 2 prisdo em flagrante, preventiva ou temporaria. Nao atinge 9 internado, que sumpre medida de seguranca (..)" (Stoco, Rui e Tatiana de O. Stoco. Codigo Penal e sua interpretacdo: ¢ jurisprudéncia, Coord. Alberto Silva Franco, Parte especial contra a administracio .* edicdo, Sio Paulo: Edito Revista dos Tribunais, 2007. p. 1721) “Aqui niio importa (...) que seja legal a prisio, jd que, em qualquer caso, estd o preso sob 2 sustédia do Estado, que por ele é responsivel. O art, 353, alids, ndo se refere a legalidade da Brisio." (Mirabete, Julio Fabbrini e Renato N. Fabbrini, Manual de Direito Penal: Parte Especial - Arts. 235 a 361 pe 441) 3° QUESTAO: EDIVALDO, em razio de condenagio penal transitada em julgado, cumpre pena no regime semiaberto. No dia 22 de agosto de 2009, por volta das 21h, EDIVALDO se apresentou no albergue para li pernoitar e, na ocasido da sua entrada, foi revistado por CAIO e MEVIO, agentes Penitenciérios, que acharam na posse dele um aparelho celular. Ato continuo, EDIVALDO ofereceu vantagem pecuniaria aos agentes penitenciatios para que eles periitissem o seu ingresso no albergue com o referido aparelho, o que foi aceito por CAIO ¢ MEVIO. Posteriormente, EDIVALDO, estando dentro do albergue, utilizando-se do aparelho telefonico que estava em sua posse, telefonou para LUIZ, simulando o sequestro da filha deste e Ihe impondo o pagamento de RS2.000,00 para a soltura da menina, LUIZ, por sua vez, acreditou na informagao dada por EDIVALDO, razo pela qual concordou com 0 pagamento exigido e se dirigiu imediatamente ao endereco indicado para a entrega do dinheiro. Logo apés, EDIVALDO telefonou para a sua esposa, ISABEL, e lhe contou o que havia feito com LUIZ, pedindo que ela fosse até o enderego combinado, e pegasse o dinheiro a ser entregue, o que foi aceito, Durante o percurso que realizou até o enderego combinado, LUIZ decidiu entrar em contato com a policia e contou todo 0 ocorrido. Por orientagdo dos policiais, LUIZ concordou que eles fossem até o local, de forma disfargada. Tao logo ISABEL chegou ¢ se identificou a LUIZ como a pessoa responsavel pelo recolhimento do dinheiro a ser entregue por ele, os policiais presentes realizaram a priso em flagrante de ISABEL. Diante disso, tipifique as condutas dos envolvidos nos fatos narrados. DIREITO PENAL - CP03 - 05 - CPV - 2° PERIODO 2017 17/11/2017 - Pagina 4 de 6 ESCOLA DA MAGISTRATURA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO RESPOSTA: EDIVALDO: artigo 333, caput; artigo 349-A, art. 158, todos do Cédigo Penal. CAIO e MEVIO: art. 317 do Cédigo Penal. ISABEL: Discutir a possibilidade de participagao em crime formal apés a sua consumagio, TIRS Apelagdo Crime nimero: Orgao Julgador: Quarta Camara C Relator: Marcel Esquivel Hoppe Comarca de Origem: Comarca de Passo Fundo Data de Julgamento: 06/02/2013 Publicagao: Dirio da Justiga do dia 26/02/2013 Ementa: FAVORECIMENTO REAL. INGRESSO DE CELULARES EM ESTABELECIMENTO PRISIONAL. ARTIGO 349-A, DO CODIG PENAL. EXTINCAO DA PUNIBILIDADE DOS. REUS, ANTE A PRESCRICAO DA PRETENSAO PUNITIVA DO ESTADO, EM RAZAO DA. PENA CONCRETAMENTE APLICADA. ART. 107, INCISO IV, DO CODIGO PENAL. LAPSO TEMPORAL TRANSCORRIDO ENTRE A DATA DO RECEBIMENTO DA DENUNCIA E A DATA DE PUBLICACAO DA SENTENGA CONDENATORIA. DECLARARAM, DE OFICIO, EXTINTA A PUNIBILIDADE DOS REUS PELA PRESCRICAO, EM RAZAO DAS PENAS CONCRETAMENTE APLICADAS, NOS TERMOS DO ART. 107, INCISO IV, C/C ART. 109, INCISO VI, AMBOS DO CODIGO PENAL. (Apelacdo Crime N° 70052394483, Quarta Camara Criminal, Tribunal de Justiga do RS, Relator: Marcel! Esquivel Hoppe, Julgado em 06/02/2013) TRI Apelagdo Civel: 0016246-53.2011.8.19.001| DES. M.SANDRA KAYAT DIREITO. Julgamento: 30/10/2012 QUARTA CAMARA CRIMINAL EMENTA: APELACAO - EXTORSAO EM CONCURSO DE PESSOAS - ART. 158 § 1° DO CP - CONDENACAO MATERIALIDADE E AUTORIA DEMONSTRADAS PELA PROVA ORAL PRODUZIDA - INCABIVEL A DESCLASSIFICACAO DO CRIME IMPUTADO A APELANTE MARCIA PARA O DE FAVORECIMENTO REAL- CONFIGURADO O ACORDO PREVIO ENTRE OS APELANTES, CADA UM COM SUA FUNCAO ESPECIFICA NA EMPREITADA CRIMINOSA - POLICIAIS AFIRMARAM QUE A APELANTE MARCIA, NO MOMENTO DA PRISAO, CONFIRMOU QUE SABIA DA ORIGEM ILICITA DO DINHEIRO RECEBIDO - SUMULA 70 TI/RJ - INCABIVEL A MODIFICACAO DAS PENAS E REGIMES FIXADOS MANUTENCAO DA SENTENCA. Os apelantes foram condenados as seguintes penas: Rodrigo Nunes de Moraes: 6 anos, | més e 3 dias de reclustio, em regime fechado, além de 14 dias-multa; Marcia Ribeiro do Nascimento: 5 anos ¢ 4 meses de reclusio, em regime semiaberto, além de 13 dias- mutta. De acordo com as provas dos autos, Rodrigo, do interior de um presidio, onde se encontrava detido, previamente ajustado com sua esposa Marcia, ora apelante, por meio de ligagSes feitas para a vitima Luiz de Gonzaga Alves Baptista Pereira, constrangeu este, mediante ameaca de torturar e matar sua filha, que supostamente estaria sequestrada em poder dos mesmos, a entregar a quantia de RS 5.000,00 a recorrente Marcia, que buscaria tal quantia na Rodoviaria de Cabo Frio. Nao ha que se falar em absolvigdo ou desclassificagdo da conduta imputada a recorrente Marcia, Ficou comprovado ‘os autos que a mesma tinha o dominio final dos fatos. O apelante Rodrigo sé exigiu que a vitima levasse a quantia 4 Rodoviiria DIREITO PENAL - CP03 - 05 - CPV - 2° PERIODO 2017 17/11/2017 - Pagina 5 de 6 ESCOLA DA MAGISTRATURA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO ‘porqueid havia ajustado previamente com sua esposa, a apelante Marcia. Ademais, os polici ‘militares afirmaram que, no dia dos fatos, Marcia confirmou que estava no local para receber 0 resgate de um falso sequestro, a pedido de seu marido. Portanto, ficou comprovado o liame subjetivo prévio entre os recorrentes, sendo incabivel o afastamento da causa de aumento de pena pelo concurso de pessoas. Impossibilidade de redugdo das penas fixadas. Quantum de aumento pela dupla reincidéncia do recorrente Rodrigo de acordo com os principios da razoabilidade e proporcionalidade. Manutengao dos regimes de cumprimento de pena, DESPROVIMENTO DO APELO DEFENSIVO. sv Processo: HC 39732 / RJ HABEAS CORPUS 2004/0165575-3 Relator(a): Ministra MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA (1131) Orgao Julgador: 16 - SEXTA TURMA Data do Julgamento: 26/06/2007 Data da Publicagdo/Fonte: DJ 03/09/2007 p. 225 . Ementa: PENAL E PROCESSUAL PENAL. HABEAS CORPUS. TRANSITO EM JULGADO. DESCLASSIFICACAO. TESE JURIDICA. POSSIBILIDADE. RECONHECIMENTO DE CO- AUTORIA APOS A CONSUMACAO DO CRIME. IMPOSSIBILIDADE. AJUSTE PREVIO. NAO COMPROVACAO. PACIENTE QUE PARTICIPA DO EXAURIMENTO DO CRIME. CRIME DE FAVORECIMENTO REAL. OCORRENCIA. ORDEM CONCEDIDA. PRESCRIGAO RECONHECIDA. 1. E possivel 0 conhecimento de habeas corpus apés 0 trnsito em julgado em que se requer a desclassificago do delito se se tratar apenas de tese juridica, analisdvel a partir do que restou consignado na sentenga, sem a necessidade de extensio probatoria. 2. Nao ¢ admissivel a co-autoria apés a consumagao do crime, salvo se comprovada a existéncia de ajuste prévio. 3. A pessoa que participa apenas no momento do exaurimento do crime, comete crime de favorecimento real, se sabe prestar auxilio destinado a tomar seguro o proveito do crime. 4. Ordem concedida para operar a desclassificacao do delito e declarar a conseqilente prescricao. DIREITO PENAL - CP03 - 05 - CPV - 2° PERIODO 2017 17/11/2017 - Pagina 6 de 6 *) ESCOLA DA MAGISTRATURA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO Turma: CPV A 22017 Disciplina/Matéria: DIREITO PENAL PARTE ESPECIAL Sessfo: 15 - Dia 22/11/2017 - 10:10 as 12:00 Professor: CLAUDIA SERPA COSTA RIBEIRO FLEISCHHAUER 15 Tema: Crimes contra a Administragdo Pablica V. Crimes contra as finangas pablicas. 1) Crimes previstos nos artigos 359-A a 359-H do CP. a) Sujeitos do delito; b) Tipicidade objetiva e subjetiva. 2) Aspectos controvertidos. 3) Concurso de crimes. 4) Pena e ago penal. 1" QUESTAO: MARIA GENECY foi prefeita da cidade de Itaocara entre 1997 e 2000 e, nesta qualidade, contratou, em jutho de 2000, operagdo de crédito para o Municipio, descumprindo os limites estabelecidos em lei federal que materializou o comando de limitagdo ao endividamento dos entes federativos em consondncia com a Lei de Responsabilidade Fiscal (Art. 1° e 30 da LC 101/2000). Por tal razio, 0 Parquet estadual denunciou MARIA GENECY pelo crime do Art. 359-A, paragrafo tinico, inciso 1 do CP. Ocorre que, em 2005, o Presidente da Repablica edita medida proviséria autorizando a operagao contratada e determinando a retroatividade dos efeitos da MP a julho de 2000. Diante desse quadro e da conversio em lei da MP, a ex-prefeita impetra habeas corpus no TRIBUNAL DE JUSTICA, pleiteando o trancamento da ago penal diante da extin¢ao da punibilidade. A luz dos preceitos correlatos & responsabilidade fiscal na gestdo publica e do direito penal, deve ser deferido o writ? DIREITO PENAL - CP03 - 05 - CPV - 2° PERIODO 2017 17/11/2017 - Pagina 1 de 3 ESCOLA DA MAGISTRATURA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO RESPOSTA: O writ deve ser deferido uma vez que o STF admite que medidas provisérias veiculem matéria penal (RE 254818). Além disso, em que pese normas financeiras nao terem carater retroativo, isto é, as normas possuem um cardter temporal vinculado ao prinefpio da anualidade do orgamento, no caso concreto houve retroatividade expressa e tal dispositivo acaba por operar, forte no principio da retroatividade benéfica a extigdo da punibilidade, Em precedente andlogo o STF arquivou IPL com base no entendimento acima apresentado (Inq 2591/SP). DISPOSITIVOS LEGAIS RELACIONADOS Contratagdo de operacdo de crédito Art, 359-A. Ordenar, autorizar ou realizar operagao de crédito, interno ou externo, sem prévia autorizagao legislativa: (Incluido pela Lei n® 10.028, de 2000) Pena - reclusdo, de 1 (um) a 2 (dois) anos. (Incluido pela Lei n° 10.028, de 2000) Pardgrafo nico. Incide na mesma pena quem ordena, autoriza ou realiza operagao de crédito, interno ou extemo: (Incluido pela Lei n® 10.028, de 2000) | - com inobservancia de limite, condigdo ou montante estabelecido em lei ou em resolugio do Senado Federal; (Incluido pela Lei n° 10.028, de 2000) IL - quando o montante da divida consolidada ultrapassa o limite maximo autorizado por lei. (Incluido pela Lei n? 10.028, de 2000) Lei Complementar 101 Art. 1° Esta Lei Complementar estabelece normas de finangas piblicas voltadas para a responsabilidade na gestdo fiscal, com amparo no Capitulo II do Titulo VI da Constituigao. § 1° A responsabilidade na gestdo fiscal pressupde a ado planejada e transparente, em que se previnem riscos e corrigem desvios capazes de afetar o equilibrio das contas piblicas, mediante o Cumprimento de metas de resultados entre receitas e despesas e a obediéncia a limites e condigdes no que tange a reniincia de receita, geragio de despesas com pessoal, da seguridade social e outras, dividas consolidada e mobilidria, operagdes de crédito, inclusive por antecipagao de receita, concessio de garantia e inscrigio em Restos a Pagar. Art. 30. No prazo de noventa dias apés a publicagdo desta Lei Complementar, o Presidente da Repiiblica submeterd ao: L- Senado Federal: proposta de limites globais para o montante da divida consolidada da Unido, Estados e Municipios, cumprindo 0 que estabelece o inciso VI do art. 52 da Constituigo, bem como de limites e condigdes relativos aos incisos VII, VIII e 1X do mesmo artigo; IL-- Congresso Nacional: projeto de lei que estabeleca limites para o montante da divida mobiliéria federal a que se refere o inciso XIV do art. 48 da Constituigdo, acompanhado da demonstragdo de sua adequagiio aos limites fixados para a divida consolidada da Unido, atendido o disposto no inciso | do § Lo deste artigo. § 1° As propostas referidas nos incisos | II do caput e suas alteragdes conterdo: 1 - demonstragao de que os limites ¢ condi¢des guardam coeréncia com as normas estabelecidas nesta Lei Complementar ¢ com os objetivos da politica fiscal; U1 - estimativas do impacto da aplicagao dos limites a cada uma das trés esferas de govemno; III - razdes de eventualproposicao de llimites DIREITO PENAL - CP03 - 05 - CPV - 2° PERIODO 2017 17/11/2017 - Pagina 2 de 3 ESCOLA DA MAGISTRATURA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO Turma: CPV A 22017 Disciplina/Matéria: DIREITO TRIBUTARIO Sessiio: 01 - Dia 24/11/2017 - 08:00 as 09:50 Professor: ANTONIO HENRIQUE CORREA DA SILVA. 01 Tema: Evasio, elisdo, fraude, simulagao e sonegagio fiscal contra a Fazenda Piblica 1. Evasio e elisio fiscal. Distingdo; 2. Elisio. Abuso de forma. Interpretacio econémica; 3. Direito penal tributério ou direito tributério penal; 4. Fraude fiscal. Conceito; 5. Simulagio e fraude fiscal. Distingdo; 6. Sonegagio. Conceito. Elementos diferenciadores; 7. Questées judiciais controvertidas. 1" QUESTAO: Lei do Estado do Espirito Santo estabelece um conjunto de beneficios fiscais e financeiros concedidos pelo governo, denominado FUNDAP, para empresas instaladas naquele Estado ¢ com at comércio exterior, de modo que uma empresa sediada naquela unidade da federagao. 0 importar mercadorias, nao recolhe, como as outras, 0 ICMS no ato do desembaraco aduaneiro, mas {o-somente quando promover a saida das mercadorias. Pode, deste modo, postergar este pagamento ‘em até sessenta dias apés este evento, além do que obtém redugdo da aliquota do referido tributo de 18% para 12%, beneficiando-se, ainda, de um crédito de 8% do valor da importago, com juros baixos, junto ao Banco do Estado do Espirito Santo, que credita 0 valor em sua conta corrente, assim que recolher o imposto. Tal programa tem como objetivo o desenvolvimento das atividades de comércio exterior do Estado do Espirito Santo, Assim sendo, as empresas localizadas em outros estados da federagdo, como por exemplo, no Rio de Janeiro, vém ajustando com as sediadas no Espirito Santo e credenciadas ao FUNDAP acordos de prestacio de servigos relacionados a atividade de importagdo com vistas & obtengdo das facilidades do aludido programa, de sorte que as empresas ditas "fundapianas" passam a figurar como importadoras, podendo, assim, fruir dos beneficios fiscais e financeiros. A Secretaria da Receita Federal que analisa tais operagdes entende que os referidos contratos esto maculados por vicio de simulagao, uma vez que a importadora de fato é a empresa contratante dos servigos da "fundapiana”, sendo que esta iikima € to-somente a importadora de direto, “emprestando seu nome” para que a ra possa usufruir dos beneficios fiscais do FUNDAP. Esta conduta, no entender da administracdo alfandegéria, legitima a cobranga do ICMS devido ao Estado de efetivo destino da mercadoria, a cominacdo de pena de perdimento da mercadoria (artigo 105, do DL 37/66 cle artigo 23, do DL. 1.455/76), alm do envio de pegas ao Ministério Puiblico para apuragao de eventual conduta criminosa. Ignorando-se a possivel existéncia de "guerra fiscal" entre o Estado do Espirito Santo ¢ os demais Estados da Federagao, oriunda do beneficio fiscal concedido, dé seu parecer resumido sobre a conduta da administragdo alfandegéria, tendo em vista a Teoria do Fato Gerador da Obrigado Tributiria, bem como a legislagdo positiva patria sobre o tema, DIREITO TRIBUTARIO - CP06 - 05 - CPV - 2° PERIODO 2017 17/11/2017 - Pagina 1 de 25

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