Organização e estrutura social

AULA 3 Todos nós fazemos parte de uma sociedade. Na organização dessa so-
ciedade todos têm uma posição, exercem um papel e interagem com os
outros. A estrutura mais elementar é o grupo. A ideia de organização
está ligada ao comportamento dos indivíduos nos grupos sociais.

Organização e estrutura determinam a construção da vida social

Estrutura social
A estrutura de uma sociedade refere-se à organização das partes ou unidades que a compõem.
A estrutura total é constituída pelo conjunto das diversas partes inter-relacionadas. O conceito de
estrutura social responde à questão: como está organizada a sociedade? A resposta passaria pela
percepção de identidade da sociedade como conjunto constituído por variados grupos e subgrupos
que, em interação uns com os outros, permitem a coordenação equilibrada do todo social.

Organização social
É entendida como um sistema interpessoal de esforços humanos coordenados ou como um
sistema de papéis sociais, os quais são definidos pelas normas sociais. A organização apresenta,
ao mesmo tempo, uma estrutura - que define o tipo de inter-relações que podem existir entre as uni-
dades ou entidades que a compõem - e um processo - definido pelo modo como se constituem as
unidades ou entidades e o tipo de interações que as ligam.

Enciclopédia e Dicionário Porto Editora. Disponível em: http://www.infopedia.pt. Textos adaptados.

Sociologia 2 - Aula 3 27 Instituto Universal Brasileiro

 Conceitos básicos para o estudo da organização social
Vimos, nas aulas anteriores, que vive-
mos numa sociedade onde há comunidades
e grupos diversos, formados por pessoas que
têm maior identidade entre si e, ainda, agru-
pamentos ocasionais, dos quais fazemos par-
te por algum momento. Pois bem, nesta aula
vamos tratar de como tudo isso se organiza,
sendo nós as pessoas que agem e interagem
como protagonistas principais das realizações
e mudanças.
Os conceitos básicos para o estu-
do da estrutura e organização social são:
status e papel social. Apesar de seme-
lhantes, esses dois conceitos apresentam
definições distintas no campo da Sociolo-
gia. De maneira simplificada podemos di-
zer que status se refere à posição social;
e o papel, ao comportamento relativo ao
status ocupado. Portanto, status e papel
social são conceitos interligados: todo
status corresponde a um papel social; sua
distinção é feita para fins de estudo.
Status - Conceito e origem
Chamamos de status a posição ocupada
pelo indivíduo na estrutura da sociedade em
função dos valores sociais nela correntes e
que lhe conferem direitos e deveres.
A origem de status se encontra nos pri-
meiros agrupamentos humanos, nos quais
algumas funções eram caracterizadas por
Sociologia 2 - Aula 3
prestígio e direitos diferentes das demais. À
medida que a coletividade aumentava, uma
série de posições passou a agregar privilé-
gios e obrigações que eram regidos por leis.
Por exemplo, a sociedade romana possuía o
status libertatis, situação jurídico-social re-
lacionada ao fato de ser o indivíduo livre ou
escravo; o status civitatis, indicando se era ci-
dadão romano ou estrangeiro.
A palavra status é latina e, segundo
o dicionário Houaiss, pode significar:
• situação, estado, qualidade ou
circunstância de uma pessoa ou coisa em
determinado momento;
• condição (de alguém ou de algo)
aos olhos do grupo humano em que vive
(antropologia);
• condição de alguém aos olhos
da lei; honra ou prestígio conferidos a al-
guém dentro do grupo ou sociedade (âm-
bito jurídico);
• conjunto de direitos e deveres
que caracterizam a condição de alguém
(jurídico);
• posição favorável na sociedade;
consideração; prestígio, renome;
• sob o ponto de vista sociológi-
co, status é a posição a nós atribuída
em função dos valores sociais corren-
tes na sociedade.
O conceito de status social na So-
ciologia é definido, sobretudo, pelos va-
lores e pelas diretrizes que orientam os
preceitos que caracterizam determinada
posição na sociedade.
28 Instituto Universal Brasileiro
 Status legal é um conceito diferenciado
A palavra status, atualmente, é usada
pelos sociólogos para posições que não são
definidas por lei. Daí falarmos em status legal
e status social.
O status legal é uma posição ca-
racterizada por direitos, ou seja, reivin-
dicações pessoais apoiadas por normas,
e por obrigações, que são os deveres
prescritos por normas, reconhecendo-se
ainda a capacidade ou incapacidade, pú-
blica e juridicamente, para o exercício das
funções na sociedade.
Norma social x Sanção social
Toda norma social implica regras de
conduta que dão coesão aos grupos sociais
e à sociedade como um todo. As normas
orientam e controlam o comportamento das
pessoas, ou seja, estabelecem o que é per-
mitido, portanto o que pode ser seguido, e
o que é proibido, ou seja, não pode ser pra-
ticado. Essas normas sociais delimitam o
status legal do indivíduo.
A toda norma social corresponde uma
sanção social, ou seja, uma recompensa ou
uma punição que o grupo ou sociedade atri-
bui ao indivíduo de acordo com seu compor-
tamento social. Portanto, temos a sanção de
aprovação (prêmio) e a sanção de reprovação
(castigo).
Diversidade e multiplicidade de status
Para que haja previsibilidade com respeito
ao conjunto dos privilégios e deveres proporcio-
nado pelo status de uma determinada função,
é necessário que esses privilégios e deveres
estejam suficientemente institucionalizados, ou
seja, aceitos pela sociedade ou pelo grupo. Os
status se diversificam e multiplicam conforme
seja mais complexa a sociedade. São exemplos
de status legal: status de pais, de professor, de
juiz, de presidente da República.
Quanto ao status social, ele apresenta
características que não são determinadas por
meios legais. É o comportamento socialmente
Sociologia 2 - Aula 3
esperado ou aprovado do ocupante do status,
bem como o comportamento adequado ou
aprovado de outros indivíduos em relação a
ele. Um exemplo de status social é o de ami-
go, que não implica direitos e deveres juridica-
mente determinados.
Em algumas relações, pode haver uma
sobreposição de status. Exemplo: ao pai é
concedido o status legal, mas também dele se
espera que trate bem seu filho, com amor e ca-
rinho, lhe dê o melhor de si; e do filho, por sua
vez, se espera amor, obediência e respeito ao
pai, expectativas originadas do status legal de
ambos. Essa reciprocidade sem a interferência
legal é o que chamamos de status social.
Outro exemplo: além das obrigações e
direitos atribuídos legalmente ao status de
professor, espera-se dele que mantenha rela-
ções harmoniosas com seus alunos, ministre
os ensinamentos exigidos naquele ciclo do en-
sino, oriente-os eticamente e tenha um com-
portamento digno. Em contrapartida, ao aluno
compete mostrar consideração e respeito pelo
professor; do diretor com relação ao profes-
sor, que o trate com justiça e compreensão.
O indivíduo tem tantos status quan-
tos são os grupos sociais a que pertence:
familiar, como chefe de família ou copar-
ticipante de todas as funções que se atri-
buem aos pais; profissional, distinguido
pelo cargo que ocupa na empresa; lazer,
como sócio de um clube.
Status atribuído e status adquirido
O status atribuído independe da capa-
cidade do indivíduo e lhe é atribuído por nas-
29 Instituto Universal Brasileiro
cimento, mesmo contra sua vontade. É o caso
de “irmão mais velho”, que em alguns mode-
los familiares tem maiores privilégios e obri-
gações. Ou em governos monárquicos, cujo
sucessor é o mais velho na linha de descen-
dentes. Idade, sexo, raça, laços de parentes-
co, classe social podem ter maior ou menor
importância na atribuição do status, depen-
dendo da sociedade.
Quanto ao status adquirido, ele se dá
em função das qualidades pessoais do indiví-
duo, de sua capacidade e habilidade. Em nos-
sa sociedade os indivíduos procuram conquis-
tar status mais altos, ou seja, buscam “subir
na vida”. Quanto mais elevado o status, maior
é a competição para atingi-lo.
Segundo o antropólogo Ralph Linton
(1893-1953), uma sociedade em mudança
proporciona maior facilidade para os indiví-
duos ocuparem certas posições que lhe dão
status mais altos devido à sua capacidade e
formação profissional. Mas, à medida que a
sociedade se torna estável, o status atribuído
passa a ter maior valor.
Na sociedade moderna, a educação e a
profissão são canais de ascensão, permitin-
do ao indivíduo elevar seu status. Os status
que uma pessoa obtém ao longo da vida são
resultado de trabalho, habilidades e reconhe-
cimento do grupo social.
Critérios de determinação de status
Vimos que os valores sociais são
determinantes dos status em uma socie-
dade, conferindo-lhes maior ou menor im-
portância. Esses valores são extrínsecos
Sociologia 2 - Aula 3
às pessoas, portanto existem critérios uni-
versais, contidos nos valores sociais, para
a atribuição de status.
Vejamos esses determinantes, lem-
brando que nenhum deles, isoladamente,
é suficiente para avaliar o status, devendo
ser considerados em conjunto:
• Parentesco. Mesmo nas socie-
dades democráticas, o parentesco pode
atribuir uma posição superior ou inferior
conforme certos fatores, como a origem
da família (classe social), sua reputação,
tradicionalismo etc. Há sociedades que
dão valor a aspectos étnicos ou nacionais
que interferem nos status das pessoas.
• Riqueza. Pela forma como é exte-
riorizada e pelo fato de se poder medi-la,
consiste num determinante universal. A ori-
gem da riqueza agrega importância social,
também, conforme seja ela herdada ou ad-
quirida de forma socialmente aprovada.
• Utilidade funcional (ocupação).
Refere-se à função que a pessoa exer-
ce na sociedade. Três fatores conferem
prestígio a determinadas profissões: sua
importância funcional em relação à so-
ciedade, o grau de conhecimento exigido
para seu exercício e a escassez de profis-
sionais em relação à demanda.
• Educação. É determinante de status
e quanto maior o grau de estudo, mais alto
o status do indivíduo. É o caso do título de
doutor, em nosso país, quando este é con-
cedido por uma banca examinadora de pro-
fessores titulares e especialistas.
• Religião. De acordo com o tipo de
sociedade, pode haver uma religião predo-
minante, que dá status a seus membros,
dentro de uma hierarquia estabelecida em
sua organização. Quando existem várias
religiões, elas se estabelecem também
hierarquicamente, da mesma forma que
o prestígio social dos membros de cada
uma. Onde a religião tem menos seguido-
res, estes podem perder prestígio.
30 Instituto Universal Brasileiro

• Fatores biológicos. Aos dife-
rentes grupos etários são concedidos
determinados status, que variam de so-
ciedade para sociedade. Assim, as so-
ciedades orientais dão maior importân-
cia aos idosos, ao passo que em outras,
como a nossa e a norte-americana, por
exemplo, os jovens e adultos é que têm
maior valor. O sexo também constitui
um fator determinante de status, como
observamos ainda nas sociedades mo-
dernas, onde homens e mulheres, exer-
cendo as mesmas funções, têm status
diferentes: a mulher tem menor remune-
ração. Ainda podemos acrescentar a cor
da pele, em sociedades onde se mistu-
ram vários tipos étnicos.
Papel social
Os indivíduos pertencem a diferentes
grupos sociais, nos quais têm uma posição,
o seu status. A cada posição corresponde um
tipo de comportamento, que é o papel social
do indivíduo.
Por exemplo, com relação ao papel de
pai, podemos analisá-lo sob três aspectos:
• O comportamento esperado dos pais
em determinada sociedade.
• O comportamento que o indivíduo
adota, conscientemente ou não, ao desempe-
nhar o papel de pai.
• O comportamento total desse indiví-
duo nos diversos relacionamentos como pai.
Embora os conceitos de status e papel
se completem, o status tende para a análi-
se da estrutura, para a posição no grupo ou
sociedade, enquanto o papel se refere ao
comportamento individual analisando-se si-
tuações concretas e expectativas comporta-
mentais desse status.
Sociologia 2 - Aula 3
Para um mesmo indivíduo,
diferentes papéis
O indivíduo possui uma personalidade,
independente do grupo de que participa, mas
seu comportamento difere em cada um dos
grupos. Assim, o comportamento assumido
num grupo religioso será diferente do compor-
tamento dentro de uma empresa onde traba-
lha ou no meio de sua família. Há, portanto,
três elementos que se combinam: situação /
função / grupo, e que determinam uma dife-
renciação a que o indivíduo deve correspon-
der para realizar seu papel.
As expectativas dos indivíduos, basea-
das em normas socialmente aprovadas, de-
terminam a maneira pela qual cada um deve
desempenhar seu papel. Entretanto, isso tem
certa flexibilidade, permitindo variações indi-
viduais. Nas diferentes culturas cada papel
social está mais, ou menos, generalizado e
padronizado, permitindo a alguns maior va-
riação, enquanto outros são mais rígidos, a
exemplo dos rituais religiosos.
Mesmo nas culturas tradicionais, que
sofrem menos mudanças, não há confor-
midade absoluta e completa em relação às
expectativas de comportamento dos papéis
sociais, ocorrendo variações, ainda que pe-
quenas. Essas variações serão maiores, à
medida que a cultura for mais complexa e
mutável.
Cada papel social, dentro da socie-
dade, possui diversos níveis de comporta-
mento e é sujeito a sanções. Veja:
31 Instituto Universal Brasileiro
 • Comportamento exigido. Por
exemplo, o sócio de um clube deve pagar
a manutenção mensalmente, obedecer
aos regulamentos, enfim acatar todos os
requisitos para ter essa condição de sócio.
• Comportamento permitido. Para
este o grupo ou a sociedade não estabe-
lecem normas fixas e rígidas. Por exem-
plo, o sócio do clube tem a liberdade de
escolha da modalidade de esporte que
deseja praticar, a escolha de um dos ho-
rários disponíveis etc.
• Comportamento proibido. Con-
tra este, o grupo ou sociedade vai reagir,
por meio de sanções negativas. No caso
do clube, ainda, se o sócio se veste de
maneira inadequada, ou estraga as insta-
lações, ou incentiva a desordem. Normal-
mente ele terá sua matrícula cancelada e
poderá, conforme o caso, ser multado ou
processado judicialmente.
O desempenho adequado do papel so-
cial ocorre quando o indivíduo se acomoda
ao nível exigido e evita o último, ou seja, o
comportamento proibido. Assim, dos políticos
esperamos que ajam com ética, tenham com-
promisso com o povo e legislem em favor da
sociedade como um todo. Caso não seja este
o seu comportamento, devemos exigir deles o
cumprimento de seu papel. O mesmo pode se
aplicar no caso do papel do professor, do mé-
dico, dos funcionários de uma empresa etc.
Estrutura e organização social
Da mesma forma que numa empresa te-
mos a presidência, diretoria, assistentes etc., a
sociedade também é formada por indivíduos que
ocupam status e desempenham os papéis cor-
respondentes a esses status, como o presidente,
ministros, assessores, governadores etc. Há um
período em que o Congresso, por exemplo, entra
em recesso (férias) e então há uma mudança na
organização; ou seja, ela não é estática. E isso,
evidentemente, ocorre em qualquer empresa ou
grupo organizado.
Sociologia 2 - Aula 3
A estrutura social é uma formação de vá-
rias partes, vários status, enquanto a organi-
zação social constitui as relações entre essas
partes. De outra forma podemos dizer que o
conjunto de todas as ações realizadas pelos
membros de um grupo, ao exercer seus papéis
sociais, compõe a organização social. Tanto
a estrutura social como a organização social
sofrem mudanças, como temos observado no
comportamento dos jovens ou no papel da mu-
lher como chefe de família. Entretanto, como
os papéis são desempenhados por indivíduos,
a organização social é passível de maiores mu-
danças que a estrutura social.
A organização das partes ou unida-
des que compõem a sociedade é denomi-
nada estrutura social; e a estrutura total
é constituída pelo conjunto das diversas
partes inter-relacionadas. Ao conjunto de
ações realizadas quando todos estão de-
sempenhando seus papéis chamamos de
organização social.
Organização social e ordem social
Dois estudiosos, William F. Ogburn
(1886-1959) e Meyer F. Nimkoff (1904-1965),
pensando numa análise eficiente de grupos
de pessoas e seu comportamento, e a melhor
maneira de comparar esses grupos quando
submetidos a sistemas sociais e políticos dife-
rentes, propuseram a conceituação de ordem
social. Segundo esses autores, a ordem so-
cial tem dois aspectos básicos: a estrutura e as
funções realizadas pela estrutura.
32 Instituto Universal Brasileiro
 A estrutura é a organização de grupos
de pessoas, e a função, o que o grupo faz.
O principal interesse de análise está centra-
lizado no comportamento dos grupos.
As ações de uma pessoa em relação a
outra são ações sociais, razão por que fala-
mos em ações e interações sociais, sendo as
ações a unidade básica do funcionamento da
estrutura social. Quando essas ações sociais
são repetidas com frequência, convertem-se
em normas ou costumes, que formam a
base de uma ordem de comportamento so-
cial, ou seja, ordem na função. Existe tam-
bém ordem na estrutura, na disposição de
partes ou pessoas, que ocorre por meio de or-
ganizações sociais, como a família, a empre-
sa, o clube etc., nas quais verificamos existir
certa disposição dessas pessoas ou de partes
componentes para formarem um modelo ou
esquema.
Quando os membros do grupo ou os
cidadãos apoiam a estrutura social existente
dizemos que o comportamento é funcional
e, quando não, dizemos que é disfuncional.
Esta concepção de função não é normativa e
relaciona-se com o status quo, expressão la-
tina que significa as condições existentes na
sociedade no momento em questão.
Ogburn, em 1931, escreveu que “a
mágica do controle remoto” seria considera-
da algo comum (o controle remoto só foi in-
ventado em 1956). É dele a frase: ”O servo
mais versátil da humanidade será o tubo de
elétrons.”, referindo-se à televisão. Ele fez
previsões sobre o desenvolvimento social
fundamentado na tecnologia, prevendo no-
vas formas de transporte e comunicação, que
iriam amenizar as diferenças regionais. Para
ele, o avanço tecnológico também iria elimi-
nar a pobreza e garantir padrões de vida mais
elevados. A família era vista por Ogburn como
algo que não pode ser destruído, embora te-
nha previsto uma taxa de divórcios maior no
futuro e que a mulher ficaria mais tempo fora
de casa.
Sociologia 2 - Aula 3
Funções manifestas e funções latentes
das organizações
Funções manifestas (esperadas)
As organizações sociais objetivam
atender a determinadas finalidades. As-
sim, a função da família é dar uma orde-
nação à atividade sexual, procriar, educar
os filhos dentro dos padrões da socieda-
de, satisfazer as necessidades econômi-
cas de seus membros e transmitir status.
A da escola é educar os indivíduos e pro-
fissionalizá-los.
Essas finalidades esperadas das or-
ganizações sociais são denominadas de
funções manifestas.
Funções latentes (não esperadas)
Ocorre, porém, que algumas vezes
as organizações sociais, ao realizar suas
funções manifestas, não conseguem obter
os resultados pretendidos, sendo essas
funções denominadas por alguns autores
de latentes. Por exemplo, numa democra-
cia todos devem ter as mesmas oportuni-
dades, o que leva à crença de que todos
são iguais. Entretanto, o próprio sistema
educacional amplia as desigualdades exis-
tentes entre os indivíduos, pelo grau de es-
colaridade de cada um, manifestando-se a
função latente num sentimento de revolta
ou inveja.
Esse resultado não esperado é
que se chama de função latente: o in-
divíduo pode candidatar-se a um em-
prego e ser rejeitado, porque há outros
candidatos com nível de escolaridade
mais alto, muitas vezes até incompa-
tível com os requisitos para a função.
Essa função latente pode manifestar-
se também de forma clandestina, como
a ajuda a populações carentes por par-
te de organizações criminosas, para
angariar seu apoio.
33 Instituto Universal Brasileiro
 Função latente e efeito perverso
Outro aspecto de análise da conceituação
de função latente leva ao que alguns autores
chamam de efeito perverso. É o que ocorre na
economia, numa fase de grande inflação (alta
de preços): uma parte da população com maio-
res recursos antecipa compras e faz estoque
de gêneros alimentícios, prevendo a alta dos
preços. Entretanto, o resultado dessas ações é
a continuação da inflação, com os preços cada
vez mais altos. Este é um efeito perverso.
A inflação, quando atinge níveis altos,
torna-se “perversa”: “esmaga” nosso poder
de compra e desorganiza a economia.
Segundo o sociólogo francês Ray-
mond Boudon (1934-2013), efeitos perver-
sos são as repercussões sociais não preten-
didas das ações humanas intencionais.
Conceitos básicos para o estudo da
estrutura e organização social
Status - Conceito e origem
Status é a posição que ocupamos na
sociedade de acordo com os valores nela
consolidados.
Sociologia 2 - Aula 3
• Em nossa sociedade o status do in-
divíduo está ligado a uma condição de atribu-
ído ou de adquirido.
• O status pode ser legal e social.
• A toda norma social corresponde
uma sanção social, ou seja, uma recompen-
sa ou uma punição.
• Há critérios universais, contidos nos
valores sociais, para a atribuição de status:
parentesco; riqueza; ocupação; educação; re-
ligião; fatores biológicos.
Papel social
São vários os papéis que desempenha-
mos: profissional, familiar, como pais ou côn-
juges, cidadãos etc.
Estrutura e organização social
A estrutura social é uma formação de
várias partes, vários status, enquanto a orga-
nização social constitui as relações entre es-
sas partes.
Organização social e ordem social
O conceito de ordem social, atribuído
a Ogburn e Nimkoff, analisa grupos de pes-
soas e seu comportamento, quando submeti-
dos a sistemas sociais e políticos diferentes.
Segundo os autores a ordem social tem dois
aspectos básicos: a estrutura e as funções re-
alizadas pela estrutura. A estrutura é a orga-
nização de grupos de pessoas e a função, as
ações dos grupos.
Funções manifestas e funções latentes
das organizações
• As finalidades esperadas pelas or-
ganizações sociais são denominadas de fun-
ções manifestas.
• Quando as organizações sociais não
conseguem obter os resultados pretendidos
ao realizar suas funções, estas são denomi-
nadas de latentes (não esperadas).
• Em algumas situações, essas fun-
ções latentes podem resultar no que o estu-
dioso Raymond Boudon chamou de efeito
perverso. Na economia, por exemplo, quan-
do a alta dos preços começa, a inflação pode
tornar-se um “efeito perverso”.
34 Instituto Universal Brasileiro

1. Indique as afirmativas corretas quanto a
status e papel social.
I – Status é a posição atribuída ao indivíduo
em função dos valores sociais correntes na socie-
dade.
II – Cada status corresponde a um tipo de
papel social, que se refere ao comportamento do
indivíduo.
III – Status e papel social são conceitos es-
treitamente ligados que apresentam definições
distintas para estudos sociológicos.
a) ( ) Apenas I e II estão corretas.
b) ( ) Apenas II e III estão corretas.
c) ( ) I, II e III estão corretas.
d) ( ) I, II e III estão incorretas.
2. A posição que o indivíduo ocupa em seu
grupo ou sociedade e que lhe confere direitos e
deveres apoiados por normas pré-estabelecidas é
identificada como:
a) ( ) papel social.
b) ( ) status legal.
c) ( ) status social.
d) ( ) função social.
3. A toda norma social corresponde uma re-
compensa ou uma punição que o grupo ou socie-
dade atribui ao indivíduo de acordo com seu com-
portamento, e que é denominada:
a) ( ) sanção.
b) ( ) penalidade.
c) ( ) obrigação.
d) ( ) direito.
4. Assinale a alternativa que completa cor-
retamente os espaços do trecho abaixo:
A organização das partes ou unida-
des que compõem a sociedade é denominada
_________________; e é constituída pelo con-
junto das diversas partes inter-relacionadas. Ao
conjunto de ações realizadas quando todos es-
tão desempenhando seus papéis chamamos de
________________.
Sociologia 2 - Aula 3
a) ( ) estrutura social e organização social.
b) ( ) organização social e estrutura social.
c) ( ) status social e estrutura social.
d) ( ) organização social e função social.
5. A conceituação de ordem social foi pro-
posta pelos estudiosos Orgburn e Nimkoff para
possibilitar o estudo comportamental de grupos
de pessoas submetidas a sistemas sociais e po-
líticos diferentes. É correto afirmar que a ordem
social:
a) ( ) tem dois aspectos básicos: estrutura
e funções.
b) ( ) pressupõe ordem na função, quan-
do as ações sociais do grupo são repetidas com
frequência, convertendo-se em normas ou cos-
tumes.
c) ( ) pressupõe também ordem na estrutu-
ra, na disposição das partes ou pessoas.
d) ( ) Todas as alternativas são corretas e
se completam.
6. Segundo Orgburn e Nimkoff, “quando
os membros do grupo ou os cidadãos apoiam a
estrutura social existente dizemos que o compor-
tamento é funcional e, quando não, dizemos que
é disfuncional. Esta concepção de função não é
normativa e relaciona-se com o status quo.” A ex-
pressão latina status quo refere-se às condições
existentes na sociedade:
a) ( ) no passado.
b) ( ) num momento qualquer.
c) ( ) no momento em questão.
d) ( ) no futuro.
7. Assinale a única afirmativa incorreta.
a) ( ) As organizações sociais objetivam
atender a determinadas finalidades, que são es-
peradas, e por isso são denominadas funções ma-
nifestas.
b) ( ) Quando as organizações sociais não
conseguem obter os resultados pretendidos, estas
são denominadas funções latentes.
c) ( ) Em algumas situações, as funções
latentes podem resultar em efeitos perversos,
como consequências não pretendidas da ação
social.
d) ( ) Segundo o sociólogo Boudon, os
efeitos perversos podem ser observados tanto
nas funções manifestas como nas funções la-
tentes.
35 Instituto Universal Brasileiro

1. c) ( x ) I, II e III estão corretas.
Comentário. A resposta correta é a c, pois
todas as afirmativas são verdadeiras. O status de-
termina a posição social delimitada por normas.
O papel é o conjunto de funções correspondentes
ao status social. Há uma interligação profunda en-
tre os conceitos de status e papel social. Não há
status que não corresponda a um papel social e
vice-versa. A distinção na análise sociológica as-
socia status a posição e papel ao comportamento
do indivíduo, mas na vivência social estes dois as-
pectos estão sempre absolutamente interligados:
o grupo social sabe exatamente qual o papel es-
perado ou exigido do indivíduo, de acordo com o
status que ele ocupa.
2. b) ( x ) status legal.
Comentário. Status legal é a resposta cor-
reta, portanto alternativa b. Quanto ao papel so-
cial, alternativa a, e função social, alternativa d,
é possível afirmar que são as atribuições do in-
divíduo de acordo com seu status, mas não es-
tão necessariamente relacionadas com normas
pré-estabelecidas. O status social, alternativa c,
de acordo com o conceito de Sociologia, abrange
características da posição que não são determi-
nadas apenas por meios legais. A diferença fun-
damental é que o status legal necessita de ter por
base a legislação e o status social, não.
3. a) ( x ) sanção.
Comentário. Resposta correta é a alterna-
tiva a, trata-se de sanção social. Pena é o paga-
mento proposto judicialmente por um crime come-
tido, portanto, está incorreta a alternativa b. Direito
e obrigação caracterizam o comportamento espe-
rado de determinado status, também estão incor-
retas as alternativas c e d. O conceito de sanção
social está associado ao cumprimento ou descum-
primento de uma norma: trata-se da aplicação de
uma recompensa (sanção de aprovação) ou pu-
nição (sanção de reprovação), de acordo com a
obediência ou desobediência às normas estabele-
cidas pela sociedade.
4. a) ( x ) estrutura social e organização
social.
Comentário. Correta é a alternativa a, pois a
estrutura social é formada por partes e a organização
Sociologia 2 - Aula 3
social é composta pelas relações entre essas
partes. De acordo com as definições apresen-
tadas na abertura desta aula, o conceito de
estrutura social responderia à questão: como
está organizada a sociedade? A resposta passa-
ria pela percepção de identidade da sociedade
como conjunto constituído por variados grupos
e subgrupos. Já a organização social seria en-
tendida como um sistema interpessoal das rela-
ções coordenadas entre os grupos ou como um
sistema de papéis sociais desempenhados na
sociedade. Na alternativa b a conceituação está
invertida, portanto, falsa. As alternativas c e d
não correspondem corretamente aos conceitos
do enunciado.
5. d) ( x ) Todas as alternativas estão
corretas e se completam.
Comentário. A alternativa correta é a d, pois
todas as afirmações estão corretas e se comple-
tam, ou seja: a ordem social apresenta estrutura e
funções (a); pressupõe ordem na função e, sendo
as ações repetidas com frequência, convertem-se
em normas ou costumes (b); pressupõe também
ordem na estrutura, na disposição das partes ou
pessoas (c). Portanto, em todas as alternativas as
afirmações estão corretas.
6. c) ( x ) no momento em questão.
Comentário. Segundo os teóricos, esta
concepção de função não é normativa e relacio-
na-se com o status quo, expressão latina que
significa as condições existentes na sociedade no
momento em questão. A expressão status quo
refere-se ao estado atual das coisas em qualquer
momento por elas vivido. Portanto, é possível
manter ou tentar mudar o status quo ou “a situa-
ção atual das coisas”.
7. d) ( x ) Segundo o sociólogo Boudon,
os efeitos perversos podem ser observados
tanto nas funções manifestas como nas fun-
ções latentes.
Comentário. A única afirmativa incorreta
corresponde à alternativa d. Os efeitos perversos
só são observados nas funções latentes. Segun-
do Boudon, em algumas situações, essas funções
latentes, que não são esperadas, podem resultar
em efeitos perversos, também não esperados. Os
efeitos perversos, portanto, referem-se às conse-
quências não pretendidas com a ação social. Tra-
ta-se de repercussões não intencionais de algu-
mas ações sociais. O exemplo dado na aula é o
da inflação.
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