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SINOP – MT
2016
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SINOP – MT
2016
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RESUMO
O presente trabalho de conclusão do curso visa analisar a importância do espaço destinado ao
brincar de faz de conta no desenvolvimento e aprendizagem da criança na educação infantil.
Atualmente vivemos um momento onde as crianças não dispõem de espaços significativos para
brincar e criar suas próprias brincadeiras são vítimas de pequenos espaços tumultuados de
brinquedos eletrônicos que pouco possibilitam o acesso à criação. Analisando esses fatores foi que
surgiu a necessidade de se criar espaço para a criança, possibilitando situações imaginárias que
proporcionem o desenvolvimento cognitivo, facilitando a interação com pessoas as quais contribuirão
para o seu desenvolvimento. A opção por este tema surgiu a partir das vivências na área da
Educação Infantil que oportunizaram observar e indagar o quanto é relevante os momentos
destinados a brincar, principalmente de faz de conta, a existência de espaços seguros onde a criança
possa brincar, interagir e desenvolver-se, além do resgate de um direito que vem sendo negado às
crianças, o de ser criança. No campo metodológico utilizou-se a pesquisa descritiva, método
qualitativo e indutivo, com procedimento técnico documental, com embasamento teórico pelos
pesquisadores como: Brougére (2004), Kishimoto (2008), Oliveira (1992), RCNEI (1998), Vygotsky
(1998). Por meio desta pesquisa e interlocuções dos teóricos, constatamos que o faz de conta no
desenvolvimento da criança é de suma importância para seu desenvolvimento integral. Ele deve ser
planejado e ter um espaço adequado para que possa haver uma boa interação entre as crianças
favorecendo assim seu desenvolvimento intelectual, físico e psicológico.
1. INTRODUÇÃO
Neste sentido, entende-se que é somente no ato de brincar que a criança é capaz de
construir sua cultura lúdica. Pois a criança desenvolve-se brincando e aprende a interagir
com seus companheiros, observar regras, desafiar obstáculos, buscar com anseio a
grandeza e a descoberta do conhecimento, construindo assim sua cultura lúdica.
Os tipos de brincadeiras usados mostram a cultura de diversas sociedades e
diferentes momentos históricos, comprovando o tipo de relações sociais, a forma
educacional, a importância que se dedica à infância e o papel das crianças em
determinadas épocas, como relata Kishimoto (2008):
Dessa forma, enquanto fato social, o jogo assume a imagem, o sentido que
cada sociedade lhe atribui. É este o aspecto que nos mostra por que,
dependendo do lugar e da época, os jogos assumem significações distintas.
Se o arco e flecha hoje aparecem como brinquedo, em certas culturas
indígenas representavam instrumentos para arte da caça e da pesca. Em
tempos passados, o jogo era visto como inútil, como coisa não séria. Já nos
tempos do Romantismo, o jogo aparece como algo sério e destinado a
educar a criança. (KISHIMOTO, 2008, p. 17).
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Segundo o RCN (1998. p.22. v.2) brincar é, assim, um espaço no qual se pode
observar a coordenação das experiências prévias das crianças e aquilo que os objetos
manipulados sugerem ou provocam no momento presente. Pela repetição daquilo que já
conhecem, utilizando a ativação da memória, atualizam seus conhecimentos prévios,
ampliando-os e transformando-os por meio da criação de uma situação imaginária nova.
Dessa forma, brincar constitui-se em uma atividade interna das crianças, baseada no
desenvolvimento da imaginação e na interpretação da realidade, sem ser ilusão ou mentira.
Também se tornam autoras de seus papéis, escolhendo, elaborando e colocando em prática
suas fantasias e conhecimentos, sem a intervenção direta do adulto, podendo pensar e
solucionar problemas de forma livre das pressões situacionais da realidade imediata.
Brincar, segundo o dicionário Ferreira (2003), é "divertir-se, recrear-se, entreter-se,
distrair-se, folgar", também pode ser "entreter-se com jogos infantis", ou seja, brincar é algo
muito presente nas nossas vidas, ou pelo menos deveria ser. Pois é brincando, jogando, que
a criança revela seu estado cognitivo, visual, auditivo, tátil, motor, seu modo de aprender e
entrar em uma relação cognitiva com o mundo de eventos, pessoas, coisas e símbolos.
O brincar supõe também o aprendizado de forma particular de relação com o mundo
marcada pelo distanciamento da realidade da vida comum, ainda que nela referenciada. É o
ato que permite a criança desenvolver seu estímulo emocional, a coordenação, as
habilidades, raciocínio, a confiança em si. O brincar não tem idade, no decorrer do
desenvolvimento da criança e mesmo quando adulto, ela interage, brinca e descobre o
mundo em sua volta. “É importante a criança brincar, pois ela irá se desenvolver permeada
por relações cotidianas, e assim vai construindo sua identidade, a imagem de si e do mundo
que a cerca”. (MALUF, 2003, p. 20).
O brincar é essencial em todas as idades, pois através dele descobrimos o mundo,
não só as crianças, mas o adulto através de seu trabalho também brinca e ambos estão em
busca de novos conhecimentos e descobertas. A criança não brinca apenas na escola, ela
brinca em casa, locais de lazer, na rua, ou seja, a todo o momento ela está em busca de
novas descobertas. As crianças, quando brincam, se defrontam o tempo todo com os
vestígios que as gerações mais velhas deixaram.
Portanto desde os primórdios a brincadeira faz parte da vida das crianças. O faz de
conta é uma atividade principal para a criança. Por isso, entender um pouco mais sobre a
história do brincar e sua importância é de grande valia para aqueles que desejam contribuir
de forma significativa no processo ensino aprendizagem da criança.
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Brincar é tão importante para a criança como trabalhar é para o adulto. É o que a
torna ativa, criativa, e lhe dá oportunidade de relacionar-se com os outros; também a faz
feliz e, por isso, mais propensa a ser bondosa, a amar o próximo, a ser solidária.
Este ato é uma importante forma de comunicação em que a criança pode reproduzir
o seu cotidiano, num mundo de fantasia e imaginação. O ato de brincar possibilita o
processo de aprendizagem da criança, pois facilita a construção da reflexão, da autonomia e
da criatividade, estabelecendo, desta forma, uma relação estreita entre brincadeira e
aprendizagem.
Segundo Kishimoto (1994) o brincar pode ser visto como uma importante forma de
comunicação é por meio deste ato que a criança pode reproduzir o seu cotidiano, através do
faz de conta. Este ato de brincar possibilita a construção do seu eu interno através do
processo de aprendizagem da criança com o seu mundo exterior, além de facilitar a
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Para o autor Santos (1997) nesses aspectos podemos definir que as brincadeiras
podem promover a socialização, a autonomia da criança, a realização de desejos como
gritar, pular, rolar, correr etc. além de determinar e explorar as capacidades das crianças
fazendo com que repitam as experiências até alcançar o objeto. Um exemplo disso é o ato
de pular corda, no qual começa a pular sem saber, mas com o ato de repetição ela começa
a descobrir maneiras de se executar a atividade melhorando suas habilidades. É através
das brincadeiras que fatores importantes para o desenvolvimento da criança se aprimoram.
Mas para que a brincadeira alcance o resultado esperado é necessário que as regras sejam
compreendidas.
O faz de conta é um momento privilegiado de interação entre as crianças. Por isso a
importância de ter espaço assegurado na rotina ao longo de toda a educação infantil.
(RCNEI 1988. v.2. p.32,33.):
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Para ressaltar ainda mais este espaço o RCN contribui dizendo para brincar é
preciso que as crianças tenham certa independência para escolher seus companheiros e os
papéis que irão assumir no interior de um determinado tema e enredo, cujos
desenvolvimentos dependem unicamente da vontade de quem brinca. (RCN, 1998, p.28
v.1).
De acordo com o RCNEI (1998, p.22. v.2). A diferenciação de papéis se faz presente,
sobretudo no faz de conta, quando as crianças brincam como se fossem o pai, a mãe, o
filhinho, o médico, o paciente, heróis e vilões etc., imitando e recriando personagens
observados ou imaginados nas suas vivências. A fantasia e a imaginação são elementos
fundamentais para que a criança aprenda mais sobre a relação entre as pessoas, sobre o eu
e sobre o outro. Na brincadeira infantil a criança assume e exercita os vários papéis com os
quais interage no cotidiano. Ela brinca, depois, de ser o pai, o cachorro, o motorista, jogando
estes papéis em situações variadas. (OLIVEIRA, 1992, p. 57.)
Portanto enquanto a criança está brincando de faz de conta com outras crianças e
usando vários brinquedos, esse acaba funcionando como elementos introdutórios e de apoio
à fantasia, aumentam o repertório de conhecimento da criança, favorecem a compreensão
de atribuições de papéis. Nesse sentido a criança se empenha durante as suas atividades
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do brincar da mesma maneira que se esforça para aprender a andar, a falar, a comer etc.
Brincar de faz de conta ou de outras brincadeiras é natural na vida da criança do seu
desenvolvimento está evidente a transição, de uma fase para outra, que é a imaginação em
ação. Ela precisa de tempo e de espaço para trabalhar a construção do real pelo exercício
da fantasia.
O espaço físico escolar é muito importante para os alunos, visto que eles passam
parte de sua vida presente neste ambiente e não apenas para serem educados, mas
também para aprenderem a se socializar com as demais pessoas ao seu redor.
O RCN propõe: Para que as crianças possam exercer sua capacidade de criar é
imprescindível que haja riqueza e diversidade nas experiências que lhe são oferecidas nas
instituições, sejam elas mais voltadas às brincadeiras ou as aprendizagens que ocorrem por
meio de uma intervenção direta nas Instituições de Educação Infantil. (RCN, 1998, p. 27,
v.1):
escola deve ser organizado de modo que atenta às necessidades sociais, cognitivas e
motoras do aluno.
Nesse aspecto, a pré-escola, parte integrante da educação infantil pode oferecer a
compreensão por parte da criança desses fatores que envolvem o brincar e o brincar faz de
conta também, já que este é o período que as crianças passam a se socializar de uma
maneira mais complexa com o mundo, onde elas aprendem conceitos que as
acompanharão durante a vida escolar, como a percepção de tempo, por exemplo. Existem
recursos nessa fase da pré-escola que facilitam o aprendizado dos quais as brincadeiras faz
de conta podem ser citadas já que prendem a atenção das crianças.
Santos (2000, p.166) descreve que:
A criança que tem acesso as brincadeiras bem planejadas com espaços adequados
com vários cantos para explorar o brincar faz de conta torna-se desinibida e sua capacidade
de pensar fica mais acentuada. Ela consegue se desenvolver e se socializar mais
perfeitamente.
De acordo com o Referencial Curricular Nacional da Educação Infantil (BRASIL,
1998, p. 23):
3. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Por meio desta pesquisa, foi possível investigar e compreender melhor a brincadeira
faz de conta na educação infantil e sua relação com o processo de desenvolvimento da
criança. Valorizar a brincadeira não é apenas permiti-la e suscitá-la. E para que isto
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REFERÊNCIAS
ARANÃO, Ivana V.D. A matemática através de brincadeiras e jogos. 5ª Ed. Campinas, São Paulo:
Papirus, 2004. p.16.
______. A criança e a cultura lúdica. In: KISHIMOTO, T.M. (Org.). O brincar e suas teorias. 1ª ed.
São Paulo: Cengage Learning, 2008, p. 27.
FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Mini Aurélio Escolar Século XXI: o minidicionário da
língua portuguesa. 4ª ed. Rio de Janeiro: Editora Nova Fronteira, 2003.
KRAMER, Sônia. Com a pré-escola nas mãos. São Paulo: Ática, 2000. p. 29.
KISHIMOTO, Tizuko Morchida. O jogo e a educação infantil – Séries a Pré-escola Brasileira. São
Paulo: Pioneira, 1994. p. 13-22.
______. Jogo, brinquedo, brincadeira e a educação. (org.). 11ed. São Paulo: Cortez, 2008. p.17.
MALUF, Ângela Cristina Munhoz. Brincar: prazer e aprendizado. Petrópolis, RJ: Vozes, 2003. p. 17-
20.
OLIVEIRA, Zilma de Moraes. Creches: Crianças, faz-de-conta & Cia. Rio de Janeiro: Vozes, 1992.
p. 57.
PIAGET, J. INHELDER, B. A psicologia da Criança. 10ºed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1989.
p.135
SANTOS, Santa Marli Pires dos. O lúdico na formação do educador. Petrópolis: Vozes, 1997, p.
12-20.
______. Brinquedoteca: a criança o adulto e o lúdico. 2° ed. Petrópolis RJ: Vozes, 2001.
VYGOTSKY, Lev Semyonovitch. A formação social da mente. São Paulo: Martins Fontes, 1998.
WAJSKOP, Gisela. Brincar na pré-escola. 3 Ed. São Paulo: Cortez, 1999. p.31.
APROVADO: 96