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Escutar a Natureza
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"Na tua angústia, chamaste por mim e eu livrei-te; da nuvem que trovejava,
respondi-te, a ti que me provocaste junto das águas de Meriba.
Ouve, meu povo, a minha advertência; oxalá tu me obedecesses, Israel!" (Sal.
81:8-9)
O Deus que falava continuamente com eles exigia uma resposta. A palavra
criativa não era pronunciada no vácuo. O fôlego não era soprado para o ar. Os israelitas
deveriam receber a palavra e tomar o fôlego — e ser levados a responder.
O profeta Isaias compreendeu que esta resposta estava profundamente
interligada à chamada para servir:
"O SENHOR Deus ensinou-me o que devo dizer, para saber dar uma palavra de
alento aos desanimados. Cada manhã ele me faz estar atento para que eu aprenda
como bom discípulo.
O SENHOR ensinou-me a escutar e eu não resisti nem recuei." (Isa. 50:4-5)
O Ouvinte de Nazaré
Como judeu, Jesus estava familiarizado com as palavras de Isaias. Tinha sido
ensinado na crença hebraica que os movimentos da natureza revelavam Deus. A sua
vida dá evidência de que também ele via as obras do Abba e escutava a voz de Deus na
terra, no povo, na história do seu mundo.
A sua atenção à natureza é revelada pela sua frequente referência aos símbolos
da terra. Ele falava dos lírios do campo e das aves no ar. Notava que os campos estavam
maduros para a ceifa. Olhava além da prontidão do trigo para a prontidão dos corações
humanos. Usava sementes de mostarda e figueiras para falar do reino de Deus.
Assemelhava o ministério da pregação ao trabalho de lançar sementes a um campo.
Estava familiarizado com os diferentes tipos de solo. Sentava-se nas encostas dos
montes. Caminhava junto aos lagos e parecia entender muito de pesca.
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As Escrituras apresentam Jesus como urna pessoa que escuta, a partir dos
primeiros dias da sua juventude:
Escutar Deus
É no deserto, nos lugares vazios, solitários e inseguros da vida que Jesus ouve a
voz de Deus:
«A Sagrada Escritura diz: Não se vive só de pão, mas também de toda a palavra
que vem de Deus.» (Mat.4:4)
Uma palavra. Toda a palavra. Era contudo outro início. No princípio da sua vida
pública haveria uma palavra para Jesus. Seria uma palavra pela qual ele poderia viver,
na qual poderia fundamentar a sua própria vida. Ele podia deixar toda a realização, toda
a segurança, todo o poder pela palavra continua de um Deus fiel. Seria uma palavra que
seria o seu pão. Ela pairaria sobre a sua vida e dar-lhe-ia fôlego. Ele escutá-la-ia nos
montes ao entardecer e nas multidões oprimidas durante o dia. Ele diria aos seus
seguidores para fazer o mesmo.
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Jesus aprendeu algo de essencial sobre a comunicação humana e a sua
proximidade à oração no deserto. Aprendeu que ambas começam com escutar. Através
da sua vida pública, ele é apresentado como alguém que escuta.
Escutar as Pessoas
"Os setenta e dois discípulos voltaram muito contentes e diziam: «Senhor, até os
espíritos maus nos obedecem quando lhes falamos em teu nome.»" (Luc. 10:17)
Jesus escutou o seu entusiasmo e ouviu a sua alegria. Falou com eles sobre a
experiência. Agradeceu a Deus por eles. Orou por eles. Era uma pessoa com quem os
outros podiam vir partilhar a sua vida. Quer estivessem cheios de alegria ou curvados
pela dor, podiam contar com ele para os escutar.
Havia os dois discípulos que viram Jesus à distância e o seguiram. Ele escutou a
pergunta que lhe fizeram com atenção:
Ele entendeu mais do que curiosidade sobre o seu endereço nas palavras deles.
Sentiu avidez nos seus passos. Não foi só o conteúdo da pergunta deles que se tomou o
foco da sua atenção, foi o todo do comprtamento deles. Ele ainda iria escutar mais:
Temos então o assustado Nicodemos — tão inseguro em ser visto com Jesus que
só podia vir de noite. Aí, no escuro, ele colocou as suas questões e as suas dúvidas em
palavras:
«Como é que um homem idoso pode voltar a nascer? Pode entrar no ventre de
sua mãe e nascer outra vez?» (Jo. 3:4)
Jesus passou tempo com ele. Ouviu as suas preocupações. Falou com ele e
confiou nele. Desafiou as suas perceções limitadas e aumentou a sua visão.
Um por um, muitos vinham a ele — o cego e o coxo, os leprosos e os paralíticos,
pessoas miseráveis que viviam em túmulos e pessoas importantes que comandavam
exércitos. Havia líderes judaicos e civis, cobradores de impostos e prostitutas. Havia
pessoas que procuravam com honestidade e espectadores curiosos. Havia amigos e
havia inimigos. Todos vinham com as suas necessidades e as suas histórias a este
homem, cuja mera presença chamava a atenção. Ele ouvia-os a todos. Escutava-os com
tanta intensidade, que ouvia mais do que as suas palavras. Em alguns, ouvia a sua fé,
bem como a sua dor. Escutava-os e mandava-os embora, curados não só fisicamente,
mas com um novo sentido de paz interior:
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"Então a mulher, vendo que não podia passar despercebida, aproximou-se de
Jesus, toda a tremer, ajoelhou-se-lhe aos pés e confessou diante de toda a gente a
razão por que tocara em Jesus e como tinha ficado curada imediatamente.
Jesus então disse-lhe: «Minha filha, a tua fé te salvou. Vai em paz.» (Luc. 8:47-
48)
Noutros, ele ouvia maldade e manipulação. Ouvia para além das suas palavras
óbvias e sentia as suas intenções profundas:
Jesus não se apercebeu do que se passava nos corações das pessoas carregando
na tecla "conhecimento instilado" de um computador divino. Ele não sabia
automaticamente o que as pessoas pensavam e sentiam, só por ser o Filho de Deus. Ele
tinha aprendido a escutar. Ele tinha aprendido a procurar os olhos e a notar o
comportamento. Ele tinha tomado conhecimento da sua própria visão e sentido de
direção. Refletia. Pensava. Orava. Encontrava espaço para o silêncio e tempo para si
mesmo. Tinha desenvolvido aquele tipo de sensibilidade pessoal às pessoas que só vem
do duro trabalho de escutar.
Para Jesus, escutar não era fácil. Os escritores dos Evangelhos dizem-nos que ele
conhecia as experiências de peso, impotência e cansaço que todos os que escutam
conhecem. Depois de dias a andar pelas cidades e aldeias, ouvindo a dor e vendo o
desespero, ele estava entristecido.
conheces? Aquele que me viu, viu também o Pai. Como é que tu me pedes:
Mostra-nos o Pai?" (Jo. 14:8-9)
"Ao ouvir aquilo, Jesus ficou admirado e disse para os que o seguiam: «Fiquem
sabendo que ainda não encontrei ninguém com tanta fé entre o povo de Israel.
( ) Em seguida Jesus disse ao oficial: «Podes ir. Seja como acreditaste.»" (Mat.
8:10, 13)
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"Quando Jesus viu a multidão que o rodeava, deu ordens para passar à outra
margem do lago." (Mat. 8:18)
"Naquele mesmo dia, Jesus saiu de casa e foi sentar-se à beira do lago.
A gente que se juntou à volta era tanta que ele subiu para um barco. Sentou-se e
toda a multidão se mantinha na praia." (Mat.13 :1-2)
Como os profetas antes dele, Jesus parecia saber que escutar envolve muito mais
do que deixar passar o som através dos ouvidos. Escutar requer aceitar a mensagem e
permitir que ela influencie a nossa vida. Este escutar em profundidade impede o tipo de
dureza de coração ou frieza humana tão detestadas por Jesus.
O ouvir em profundidade que era característico de Jesus é o que os psicólogos
chamam escuta total. Significa esforçar-se por ouvir, ficar em bicos de pés para
apanhar a mensagem.
A nossa palavra portuguesa escutar deriva do latim auscultara, que significa dar
atenção a, tornar-se atento para ouvir. Escutar é voltar-se para alguém com uma
expectativa tão intensa que todo o nosso ser está em alerta.
Escutar exige uma escolha consciente para expandir a consciência. No cerne do
escuta total está uma clara decisão de centrar o nosso foco, tanto em direção a nós como
aos outros. Significa embarcar numa viagem dos ouvidos para o coração, para além do
ouvir para compreender.
A escuta total é um processo tão autoconsumidor que a sua presença nunca pode
ser tomada como garantida. Muitas pessoas assumem que são bons ouvintes sem nunca
pensar muito nisso. Assumem também que os outros os escutam quando falam. Na
realidade, muitos estudos sobre o escutar mostram que esse não é o caso. 75 por cento
da comunicação oral é ignorada, esquecida ou mal compreendida. Ainda mais rara é a
capacidade de ouvir para além das palavras, para compreender o significado mais
profundo do que as pessoas dizem.
Estudos da Universidade do Minnesota descobriram que as pessoas em geral não
sabem como ouvir bem. Mesmo quando as pessoas são convidadas a escutar
cuidadosamente o que outra pessoa diz, a pesquisa mostra que menos de metade foi
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realmente ouvido. A maior parte disso é esquecido dentro de um período de oito horas.
Parece que o que era verdade no tempo de Jesus é também verdadeiro no nosso: temos
ouvidos, mas não ouvimos. Escutamos, mas não compreendemos.
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Reflexão: Prontidão para Escutar
Uma das razões por que o escutar verdadeiro é tão raro é que muito poucas
pessoas se concentram realmente em aprender as capacidades envolvidas nele. Estas
podem ser praticadas por qualquer pessoa que queira seriamente melhorar a sua
capacidade de escutar. O conjunto de capacidades específicas ao escutar inclui atender,
seguir e responder.
Básica a cada um destes componentes é a capacidade de refletir. A reflexão
descreve o processo pelo qual deixamos o óbvio e procuramos significado. Quer dizer
mergulhar nas profundezas, arriscando encontrar algo que não sabíamos que estava lá.
Para alguém que seja reservado, temeroso e supercontrolado, a reflexão pode ser um
processo ameaçador. Requer o abandono da rigidez e da autodefesa. Em relação à
comunicação interpessoal, significa um olhar honesto ao estilo das minhas interações
com as pessoas.
Recentemente, uma senhora membro de uma comunidade religiosa contava a um
grupo a sua história de um conflito interpessoal. Quando alguém sugeriu que mais
reflexão sobre a situação podia ajudá-la a clarificar o que tinha acontecido, ela replicou:
"Mas eu ando a refletir há meses e não cheguei a lado nenhum." Ao descrever as suas
"reflexões", ficou claro que ela andava a ruminar, não a refletir. Confundir os dois
processos é comum e muitas vezes obscurece as tentativas de compreender as nossas
interações.
Ruminar significa deter-se em algo — rever os detalhes concretos vezes sem
conta. É como ficar preso na lama. Por pouco tempo que se passe a reviver a situação na
nossa mente, não há alívio. A reflexão, por outro lado, significa examinar algo, olhando
para lá dos detalhes para o seu significado. A reflexão leva habitualmente a uma
clarificação de um acontecimento ou situação. A ruminação foca (por vezes
excessivamente) naquilo que aconteceu. A reflexão foca porque aconteceu ou como
aconteceu e o papel que desempenhamos ao fazer isso acontecer. A ruminação anda em
círculos. A reflexão avança. A ruminação incentiva a ansiedade e a depressão. A
reflexão incentiva o autoconhecimento. A ruminação preocupa. A reflexão escuta.
Visto que a reflexão está na base do escutar, como nos podemos tornar mais
reflexivos? Algumas pessoas parecem capazes de alcançar níveis profundos de reflexão
no meio da agitação, da azáfama e atividade, mas isso não é fácil para a maioria. A
maior parte das pessoas precisa que haja alguma solidão nas suas vidas para chegar ao
grau de silêncio interior necessário à reflexão genuína, particularmente no início. Como
Jesus, elas precisam de ir para os montes. Sozinhas.
Tornar se Reflexivo
-
Autorreflexão
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- Como falo? Demais? De menos?
- Com que frequência interrompo quando os outros falam?
- O que é que a minha postura do corpo diz aos outros?
- O que é que minha expressão facial diz? Estou consciente do que a minha cara diz
quando estou com outros?
- Gosto de receber resposta? Como reajo quando a recebo?
- Como é que permito aos outros saberem quais são as minhas necessidades? Sou
dependente? Manipulativo? Possessivo? Controlador? Carinhoso? Preocupado?
Disponível?
- Como reajo quando estou zangado? Invejoso? Solitário? Inseguro? Ameaçado? Feliz?
Entusiasmado?
- Tenho sempre que estar certo? Ter a última palavra?
- Como exprimo a minha sexualidade?
- Os meus sentimentos e o meu comportamento são congruentes? O que eu sinto por
dentro tem a ver com o que digo cá fora?
- Experimento um relacionamento real entre os meus valores cristãos e a forma como
trato as pessoas?
É impossível ser bom ouvinte de outros se não escutamos o que o nosso próprio
comportamento diz. É impossível atingir um nível profundo de reflexão espiritual e
oração, se a nossa reflexão não é transportada para os nossos relacionamentos. Não
podemos ver bem o cisco no olho do vizinho, se não tivermos primeiro visto a trave no
nosso.
Quando nos habituamos a notar a vida por baixo do óbvio, quando as expressões
faciais fizerem diferença, quando o pôr do sol nos emocionar, quando procurarmos
pistas num tom de voz e lermos mensagens nas estações do ano, quando nos
familiarizarmos mais com os padrões da nossa própria vida, então teremos entrado
profundamente no processo chamado escutar total.
É a reflexão que está em constante companhia a esse processo. A reflexão
prepara-nos para entregarmos cada parte do nosso corpo ao escutar. Permite-nos escutar
com os olhos e os ouvidos, com o nariz, a boca, o tato. Afina a nossa perceção para que
as mensagens da natureza, dos acontecimentos, das pessoas e dos nossos próprios
sentimentos captem a nossa atenção e formatem respostas apropriadas. A reflexão
ajuda-nos a atingir aquele equilíbrio necessário e delicado entre estar autocentrado e
centrado nos outros. Ensina-nos quando devemos atravessar para o outro lado do lago
para nos afastarmos e quando ficar e misturarmo-nos com a multidão.
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Em situações interpessoais, atender começa sempre comigo. Sintonizar as nossas
próprias reações e saber o que se passa dentro de nós ao interagirmos é essencial a um
ouvir eficaz. Se começamos a ficar na defensiva e não o compreendemos, se
começamos a ficar zangados e não prestamos atenção a isso, iremos provavelmente
reagir de formas que criem distância em vez de compreensão. Prestar atenção ao nosso
corpo — notar se a boca começa a ficar seca ou se a cara começa a aquecer — pode
dar-nos sinal de que devemos estar mais conscientes das nossas reações emocionais.
Atender também envolve estar consciente do que se passa nos outros, entre os
outros e em grupos. Há uma capacidade que os golfinhos têm, que se assemelha muito a
este tipo de sensibilidade interpessoal. Chama-se ecolocalização (ou sonar biológico).
Estes animais desenvolveram de forma aguda um sentido acústico. Isso permite-lhes ver
imediatamente a saúde física, bem como o estado psíquico de um outro — bastando-lhes
estar na mesma vizinhança geral. O nosso esforço para atender uns aos outros pode
levar-nos perto de uma informação semelhante. Pode ajudar-nos a saber algo do mundo
de outra pessoa, a compreender melhor as interações entre os outros e a
apercebermo-nos de climas de sentimentos em grupos. Ter esta informação torna as
nossas tentativas de responder a isso muito mais fundadas na realidade e maximiza o
nosso potencial de chegar ao outro.
Os golfinhos e as baleias, que desenvolveram padrões de comunicação tão
elevados, também têm, espantosamente, interações pacíficas. Talvez os nossos vizinhos
subaquáticos tenham algo a dizer-nos sobre a importância de atender, no que diz
respeito a relacionamentos.
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expressão facial à da pessoa, manter contacto visual. Podem também ser úteis palavras
soltas de encorajamento: "Realmente!" "Claro!" "Sim!" "Eu também!" "Uau!" "E?"
"Oh?"
Os comportamentos relacionados com o seguir dão a mensagem que a história
da outra pessoa é importante e vale a pena ser contada. Ficar com o indivíduo
psicologicamente, bem como fisicamente é o objetivo do seguir. Olhar pela janela, ler o
papel, tricotar ou sair e entrar na sala dificilmente encorajam a pessoa a falar.
Seguir leva-nos para o mundo de outra pessoa. Permite-nos ter uma rápida visão
do reino, de uma outra perspetiva.
Responder: O Terceiro Estágio do Escutar
O objetivo do atender é aprender a mover-se para além do óbvio, penetrar a
superfície. Sem a capacidade de ver mais do que o exterior, sem a vontade de entrar no
mundo de outra pessoa, responder é difícil e pode ser inapropriado.
Há pouco tempo, eu visitava Jean, uma jovem casada cujo marido de há cinco
anos acabava de lhe dizer que estava envolvido com outra mulher e queria o divórcio.
Jean tinha os olhos inchados de uma noite sem dormir. Tinha a cara inchada e sem a
maquilhagem habitual. A voz tremia-lhe quando falava. Enquanto conversávamos, Pat,
uma vizinha de Je an, veio pedir-lhe um tabuleiro emprestado, para a festa que
preparava. Ela pegou no tabuleiro e começou a falar das entradas que tinha preparado.
Passada meia hora de conversa sobre receitas e planos para a festa, Pat levantou-se para
sair. Com um instinto estranho para o ambiente naquela sala, ela saiu, lançando sobre o
ombro: "Jean, as raquetes estão a fazer-te maravilhas!"
A Pat não pareceu notar a tristeza em que Jean estava totalmente envolvida.
Pareceu não notar a agonia sob as maneias educadas da Jean, nem sentir o peso que
flutuava na sala. Ou então talvez ela tenha visto e notado e sentido, mas não sabia como
responder. Em qualquer caso, o comportamento dela deixou a Jean com os sentimentos
característicos que se arrastam atrás de comentários superficiais e observações
insensíveis: ferida, zangada, mais só do que antes.
Quando a nossa resposta a outra pessoa sai das nossas próprias necessidades, ou
de má capacidade para escutar, os nossos relacionamentos sofrem sempre. Pat
respondeu a Je an , mas a sua resposta foi inapropriada por causa de falta de
compreensão da situação de Jean. As pistas ambientais estavam lá, mas não foram
usadas na resposta de Pat. Quando se ignoram as pistas, as respostas são quase sempre
inadequadas. Muita da comunicação humana falha precisamente porque as pessoas
respondem umas às outras sem fazer uso das pistas habituais: tom de voz, expressão
facial, sentimento escondido, postura do corpo, comportamento.
Responder com compreensão é aquela capacidade que completa o processo de
escuta. Mais do que qualquer outra capacidade de comunicação, a resposta apropriada
e compreensiva solidifica a confiança e promove laços interpessoais de longa duração.
Responder com compreensão dá às pessoas o sentimento de que estamos com elas.
Quando as coisas que dizemos e fazemos refletem que nós ouvimos a mensagem e a
recebemos de forma a não julgar quem a enviou, estabelece-se a fundação da amizade.
Há uma série de coisas que podemos fazer para termos a certeza que as nossas respostas
aos outros são tanto apropriadas como compreensivas:
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- evite julgar e categorizar o que as pessoas dizem
- espere para responde até que a outra pessoa tenha terminado
- comente o que a pessoa disse, antes de introduzir um novo tópico
- evite monopolizar as conversas ou falar de si mesmo
- desenvolva o hábito de ,verificar com frequência o que a outra pessoa pode estar a
sentir, enquanto ela fala
- participe na conversa (ficar em silêncio eleva a tensão num grupo)
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