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Cadências1

Cadência é a terminação de uma frase, membro de frase ou período.

Distinguem-se as cadências por meio dos acordes. As cadências harmônicas coincidem com as
melódicas, mas têm nomes diferentes.

Eis as cadências harmônicas: cadência perfeita, cadência imperfeita, cadência à dominante,


meia cadência, cadência interrompida e cadência plagal.

Há, ainda, a cadência suspensa.

Cadência perfeita
Faz-se a cadência perfeita com o encadeamento V-I, ambos os acordes no estado
fundamental; a tônica deve, de preferência, ficar na parte superior.

Cadência imperfeita
A cadência imperfeita se faz com o encadeamento V-I, devendo um ou ambos os acordes
ficar invertidos.

Cadência à dominante
A cadência à dominante é a que se faz sobre o acorde do V grau no estado fundamental.
Nesse caso, é muito comum a terminação feminina2 em que o 5º grau vem cifrado assim:

1 Fonte: Silva, José Paulo da, in Manual de Harmonia, 2ª ed. melhorada e aumentada, Carlos Wehrs & Cia., Rio de Janeiro, 1937.
2 Quando a finalização rítmico-melódica coincide com o tempo forte do compasso, dá-se uma terminação masculina; do contrário, se a conclusão ocorre em
tempo fraco do compasso, se diz que a terminação é feminina. Essas e outras expressões caíram em desuso em razão da carga pejorativa, discriminatória e
sexista que comportam. A esse respeito, a Society for Music Theory propôs uma normativa intitulada Guidelines for Nonsexist Language com o intuito de
suprimir o teor sexista implícito em certas nomenclaturas. Segundo essas orientações, os termos de uso corrente em textos sobre música que subentendam
estereótipos machistas devem ser reformulados. Uma dentre as propostas sugeridas foi substituir a tradicional classificação de cadência masculina e cadência
feminina, respectivamente, para terminação acentuada metricamente, ou conclusiva, e cadência não acentuada metricamente, ou suspensiva (cf. Antenor
Ferreira Corrêa, in Estendendo o conceito de cadência para o repertório pós-tonal, apud Per musi n. 26, Belo Horizonte, Julho/Dez., 2012) .

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Meia cadência

Meia cadência é a que se faz no


acorde do V grau invertido.

Há também outra meia cadência que se faz sobre o acorde do IV grau precedido do acorde
do I ou III grau.

Cadência interrompida

Faz-se a cadência interrompida com o


encadeamento V-VI, ambos os acordes no
estado fundamental.

Cadência plagal
Caracteriza-se a cadência plagal com o encadeamento IV-I. O acorde do I grau deve ficar no
estado fundamental, se for o último do trecho.

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Cadência suspensa
À terminação de um trecho, retardada por meio de várias cadências, dá-se o nome de cadência
suspensa. Isso acontece porque, embora se trate das cadências perfeita, imperfeita e
interrompida, o fim colimado é procrastinar, suspender ou adiar a terminação.

Variantes
As cadências dos tipos imperfeita, meia cadência, interrompida e plagal têm variantes, isto é,
podem ser feitas com outros encadeamentos.

Obtém-se a variante da cadência imperfeita e da meia cadência substituindo-se o acorde do V


grau pelo do VII no estado fundamental ou invertido.

Obtêm-se as variantes da cadência interrompida substituindo-se o acorde do VI grau por um


dos seguintes: IV, II, VI do homônimo menor no estado fundamental, IV do homônimo menor
ou pelo II do homônimo menor.

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As variantes da cadência plagal obtêm-se substituindo-se o acorde do IV grau por um dos
seguintes: VI, II na 1ª inversão, IV do homônimo menor, VI do homônimo menor ou pelo II do
homônimo menor na 1ª inversão.

Se no modo maior se usam, por empréstimo, acordes do homônimo menor, isso não se verifica
no caso inverso, isto é, no modo menor não se emprega o homônimo maior. Excetuam-se
alguns casos de harmonia cromática3.

3
A harmonia cromática consiste em alterar uma nota de um acorde consoante ou dissonante, em um semitom descendente ou ascendente. (Reinato, José
Campos, in Música ao Seu Alcance, Vol. I).
(...) harmonia cromática na qual a resolução da dissonância é sempre adiada. O procedimento clássico no qual uma nota dissonante deveria se “resolver”, ou
se “corrigir” num momento seguinte, no balanço de dominantes e tônicas, será desarmado pela substituição de uma dissonância por outra. A tensão não
costuma se resolver sobre uma tônica (repouso), mas desemboca em uma nova tensão, que por sua vez aponta para outra nova tensão. Cria-se com isso uma
dinâmica espiralada que alarga a tonalidade até o limite onde ela ameaça se desfazer - ao limite onde o ouvinte, aturdido por incessantes modulações, perde
de vista o próprio horizonte resolutivo da peça, a grande referência da sensação tonal, responsável pelo antigo equilíbrio clássico. (cf. Paulo da Costa e Silva, in
Comparar o incomparável: uma aproximação entre Tom Jobim, Debussy e Monet, apud Alea vol.12 n. 1, Rio de Janeiro, junho, 2010).

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