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Quem Semeia Malandragem colhe barbaá rie

Nome: Ricardo Gustavo Garcia de Mello

Entre as causas do agravamento dos crimes, homicíádios e da barbaá rie nos


presíádios e na sociedade se destaca o banditismo intelectual, expresso pelo culto
do malandro como homem-modelar. Isso prepara o terreno cultural para os
baá rbaros agirem.

O Banditismo designa naã o soá o estilo de vida do bandido, o apoio intelectual


e moral ao crime tambeá m faz parte do banditismo. Por isto que existe o banditismo
intelectual, o suporte cultural e moral aà delinqueê ncia. O suporte cultural e moral aà
delinqueê ncia e a malandragem, por mais que naã o transforme todas as pessoas em
delinquentes e criminosos ele promove o desvio de conduta. O desvio de conduta
significa o afastamento das normas sociais, ele em si naã o eá transgressaã o ou violaçaã o
das normas sociais e legais como eá o caso da conduta criminosa e da delinqueê ncia,
mas eá o desvio de conduta que prepara o indivíáduo para o crime e delinqueê ncia. A
sociedade soá estaá aberta aos desvios quando eles naã o buscam destruir a Ordem, ou
seja, atentar contra o nuá cleo de valores responsaá veis pela coesaã o social.

Devemos prestar atençaã o no culto da malandragem como paraê metro de


conduta porque ela leva a seguinte divisaã o social; maneá saã o aqueles que se
conformam as normas sociais e por isto naã o gozam de prestíágio, jaá os malandros
saã o aqueles que desprezam as normas sociais e conseguem sair ileso disto, gozam
por tal feito de prestigio e reconhecimento. Por isto que malandro eá malandro e
maneá eá maneá , aquele que cumpre as normas eá maneá e aquele que passa por cima
delas eá malandro.

A visaã o de mundo da EÉ tica Malandra se resume em: “[...] todo cidadaã o


honesto eá um “zeá maneá ” enquanto os espertos, que levam vantagem em tudo, saã o
“malandros”, espertalhoã es, e por aíá vai !” [DE PAOLA, 2016, p.258]

Na medida que os intelectuais, os formadores de opiniaã o, propagam o culto


da malandragem pelas suas ideias, eles semeiam naã o soá o desvio de conduta, mas a
delinqueê ncia e o crime que gera um problema no quadro de refereê ncia dos
indivíáduos, jaá naã o existe boas normas.
Olavo de Carvalho em sua obra Imbecil Coletivo explica como deá cadas de
culto da malandragem em nossa literatura e artes influenciou no desvio de conduta
da juventude e no agravamento da delinqueê ncia e dos crimes. Ao idealizar o
malandro como heroá i e considerar o banditismo como forma de protesto, o
intelectual contribui para a cultura do crime.

A malandragem eá a base de conduta de diversos movimentos


contraculturais para quais o crime possui uma justificaçaã o social e a
descriminalizaçaã o do crime para tais movimentos significa promover o aumento do
poder da populaçaã o pobre, negra e perifeá rica quando na verdade saã o estas
populaçoã es as principais víátimas do cultivo da barbaá rie cultural.

Tal culto da malandragem fomenta a anomia social. A anomia social eá a


condiçaã o onde as normas naã o possuem eficaá cia moral e por isto naã o orientam mais
as açoã es humanas, o que leva a uma crise social dada a prevaleê ncia da impunidade
no trato do crime e delinqueê ncia. Na anomia social as normas naã o possuem mais
coerçaã o moral, ou seja, naã o exercem mais pressaã o psicoloá gica difusa, restando
somente o exeá rcito e a políácia como recursos para manutençaã o da Ordem, mas
mesmo assim a anomia consegue corroer o monopoá lio legal da força, porque ela
gera a perda do reconhecimento dos aparatos repressivos do Estado como forças
legíátimas.

E naã o devemos esquecer que a anomia social pode ocorrer tanto em eá pocas
de escassez como de prosperidade material, por isto naã o eá difíácil encontrar
sociedades que progrediram materialmente ao mesmo tempo que decaíáram
moralmente.

Em suma, quando uma sociedade entra em estado de anomia ela perde o


poder coativo das normas, ou seja, perde a pressaã o psicoloá gica difusiva dos valores
nucleares sobre os indivíáduos que garantem a existeê ncia das instituiçoã es.

“Antes da carnificina presíádio de Manaus e Roraima, houve a chacina da


ordem e o estupro da lei. Laá atraá s, bem antes de tudo, reprimiu-se a necessaá ria
repressaã o ao mal. Lavrou-se cuidadosamente, o terreno para a insanidade geral,
enxotando-se a propagaçaã o do bem, do verdadeiro sentido da liberdade e da
responsabilidade. Foram deá cadas de elogia aà loucura! Agora, o diabo ri seu riso
sarcaá stico diante das cabeças decepadas. Ali estaã o as oferendas da estupidez,
dispostas frente ao seu altar.” [PUGGINA 06/01/2017]

Como explica EÉ mile Durkheim (1858-1917) “Com efeito, se o crime eá uma


doença, a pena eá seu remeá dio e naã o pode ser concebida de outro modo; assim,
todas as discussoã es que ela suscita teê m por objeto saber o que ela deve ser para
cumprir seu papel de remeá dio.” [DURKHEIM, 2007, p.73]. As discussoã es sobre a
criminalidade devem partir sempre do princíápio da penalizaçaã o proporcional ao
dano pessoal e social causado pelo criminoso e naã o pretender construir um
ambiente onde o criminoso fique confortaá vel para destilar o seu oá dio da sociedade.

Em todas sociedades haá crimes e por sua vez eá normal que eles sejam
punidos, agora pensar que eá a pena que cria o crime e que sem a proibiçaã o naã o
existiria transgressaã o eá puro absurdo. Muitos intelectuais acham que o crime eá uma
construçaã o elitista do coá digo juríádico e moral da sociedade. O crime naã o eá uma
criaçaã o ideoloá gica da classe dominante, mas um mal em si.

“A dor eá um fato normal, contanto que naã o seja apreciada; o crime eá normal,
contanto que seja odiado.” [DURKHEIM, 2007, p.XIII]

Bibliografia

CARVALHO Olavo de. O Imbecil Coletivo: atualidades inculturais Brasileiras, 7ª ed.


Faculdade da Cidade, 1999.

DE PAOLA Heitor. O Eixo do Mal Latino-americano e a Nova Ordem Mundial. 2 ª Ed.


Observatoá rio Latino, Saã o Paulo, 2016

DURKHEIM EÉ mile. As Regras do meá todo socioloá gico. 3ª ed. Martins Fontes, 2007

PUGGINA Percival, O Riso do Diabo, Artigo publicado em 06.01.2017 no site:


http://www.puggina.org/artigo/puggina/orisododiabo/9312

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