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Histologia do Sistema Endócrino

1. Introdução:
O sistema endócrino, junto com o sistema nervoso, através da recepção de
sinais provenientes do meio externo e do próprio organismo, processa e integra
essas informações, organizando e mantendo a homeostase, através da
coordenação e da integração das funções fisiológicas do corpo. No sistema
nervoso, o principal meio de comunicação são os neurotransmissores liberados
na sinapse, que é a forma de comunicação entre um neurônio com outro
neurônio, o com outros tipos celulares, como uma fibra muscular ou uma célula
endócrina. Já, o sistema endócrino, realiza suas funções regulatórias através
dos hormônios, que circulam na corrente sanguínea, para posteriormente se
ligar a um receptor específico presente na célula alvo. Uma vez ligado ao seu
receptor, o hormônio inicia a transdução de sinal intracelular, para finalmente
ativar fatores de transcrição, modulando assim a síntese de proteínas e de outras
moléculas que vão regular a atividade celular. A Regulação hormonal é
controlada por um mecanismo de retroalimentação (feedback) pelo órgão alvo.
O sistema endócrino consiste em grupos de células secretoras que podem se
organizar em órgãos exclusivamente endócrinos chamados glândulas, ou que
podem se encontrar distribuídas ao longo da parede de órgãos do sistema
digestório, respiratório, etc.
❖ O que são hormônios?

Os hormônios são moléculas de baixo peso molecular, produzidas e secretadas


por células endócrinas, sendo transportadas pela corrente sanguínea até suas
células-alvo. Utilizam-se de receptores específicos para ter sua ação, que pode
ser endócrina (transportada pelo sangue para outra célula-alvo distante),
autócrina (agindo sobre a própria célula que produziu o hormônio), ou parácrina
(agindo sobre a célula vizinha).

❖ Tipos de hormônios:

➢ Derivados de Aminoácidos e análogos do ácido araquidônico

-Noradrenalina (norepinefrina), adrenalina (epinefrina), hormônio da tireoide,


leucotrienos.
➢ Proteínas, pequenos peptídeos, polipeptídios

-Hormônio estimulante da tireoide (TSH) ou tirotrofina, hormônio luteinizante


(LH), hormônio folículo estimulante (FSH), etc.

➢ Esteroides (derivados de colesterol)


- Andrógenos, glicocorticoides e mineralocorticoides

❖ Mecanismos de ação hormonal

A atividade de um hormônio dependerá, em grande parte, dos tipos de


receptores da célula-alvo. Assim temos:
➢ Receptores intracelulares: dentre desse grupo podemos incluir os hormônios
de natureza química do tipo esteroide (cortisol) e aminoácidos iodados (T3,
e T4). No caso desses hormônios, eles difundem livremente pela membrana
plasmática, e já dentro da célula, eles se ligam a receptores nucleares,
regulando assim a expressão gênica.

➢ Receptores de membrana: pertencem a este grupo, os hormônios de


natureza polipeptídica, tais como o hormônio adrenocorticotrófico (ACTH),
proteica (insulina) e glicoproteínas (tireotrofina), que agem através de
segundos mensageiros, como o AMPc.

❖ Características histológicas gerais das glândulas

De uma forma geral, uma glândula endócrina é formada por dois componentes
principais: o parênquima e o estroma. O parênquima, vem a representar a
parte funcional da glândula, sendo formado pelas células que produzem e
secretam o hormônio. Geralmente, o parênquima glandular pode ser organizado
de duas maneiras:
- Em cordões celulares, entremeados com um estroma de tecido conjuntivo
frouxo, onde a vascularização é rica, formada principalmente por capilares
fenestrados, que facilitam a passagem da matéria prima, nutrientes e O2 do
sangue para as células secretoras, e de metabolitos, CO2 e hormônios, das
células secretoras para o sangue.
- Em folículos, formados por um epitélio de revestimento, apoiado sobre uma
membrana basal, separados também por um delicado estroma de tecido
conjuntivo, com um vasto suprimento sanguíneo.
O estroma glandular, constitui o tecido de sustentação, que brinda suporte,
proteção e suprimento sanguíneo para o parênquima, sendo formado por uma
cápsula, de espessura variada, geralmente formada por tecido conjuntivo denso
não modelado, que envolve toda a glândula, e por trabéculas. As trabéculas
são septos de tecido conjuntivo que surgem a partir da parte interna da cápsula,
e que se distribui por entre os cordões ou folículos do parênquima glandular,
dividindo o parênquima glandular em pequenas compartimentos irregulares
chamados lóbulos. Geralmente, o tecido conjuntivo na proximidade dos cordões
e dos folículos é formado principalmente, por fibras reticulares (colágeno de tipo
III), fibroblastos, poucos macrófagos e linfócitos.
➢ Glândulas endócrinas cordonais: Adeno-hipófise, paratireoides,
suprarrenais, ilhotas de Langerhans, e corpo lúteo do ovário.

➢ Glândula endócrina folicular ou vesicular: tireoide

❖ Órgãos/tecidos endócrinos

➢ Sistema neuroendócrino: hipotálamo, glândula hipófise ou pituitária, e


glândula pineal;

➢ Sistema endócrino: tireoide, paratireoide, timo, pâncreas, adrenal,


gônadas;

➢ Outros órgãos/tecidos: coração, trato digestivo, rim, tecido adiposo e


placenta.

❖ Eixo hipotalâmico/hipofisário

O Hipotálamo e hipófise formam uma unidade (ou eixo hipotalâmico –


hipofisário) que controla as funções de várias glândulas endócrinas. O diencéfalo
localiza-se entre o cérebro e o tronco encefálico, sendo formado pelo tálamo,
hipotálamo, hipófise e glândula pineal. O Hipotálamo, corresponde ao piso do
diencéfalo e forma as paredes do terceiro ventrículo. O hipotálamo é dividido em
duas metades simétricas pelo terceiro ventrículo, sendo limitado rostralmente
pelo quiasma óptico, caudalmente pelos corpos mamilares, lateralmente pelos
tratos ópticos, e dorsolateralmente, pelo tálamo. Histologicamente, é formado
por um conglomerado de neurônios, chamados núcleos, alguns dos quais
produzem e secretam neurônios, razão pela qual recebem o nome de neurônios
endócrinos. Células neuroendócrinas do hipotálamo exercem efeitos positivos e
negativos sobre a hipófise, através de peptídeos chamados hormônios ou fatores
de liberação. O tempo de resposta dos fatores hipotalâmicos é muito curto
(agindo em frações de segundos). Funções do hipotálamo: o hipotálamo
participa na manutenção da homeostase do organismo. Durante esse processo,
integra sinais vindos do ambiente externo, de outras regiões do SNC e das
vísceras, para então estimular respostas neuroendócrinas, mediadas
principalmente pela glândula hipófise. Dessa maneira, o hipotálamo controla:
✓ Ingesta alimentar;
✓ Gasto energético;
✓ Peso corporal;
✓ Ingesta e balanço de fluidos;
✓ Pressão arterial;
✓ Temperatura corporal;
✓ Sono;
✓ Reprodução;
✓ Crescimento e desenvolvimento.

❖ Hipófise. Divisão anatômica

Glândula endócrina ligada à região do hipotálamo, na base do cérebro, situada


em uma depressão (sela turca) do osso esfenoide, sendo responsável pela
produção e secreção de vários hormônios controlados pelo hipotálamo, através
do eixo hipotalâmico-hipofisário. É uma glândula composta, do tamanho de uma
ervilha, e que por ter controle sobre outros órgãos endócrinos, recebe o nome
de glândula mestra. A hipófise é revestida por uma cápsula fibrosa de tecido
conjuntivo, extensão da dura-máter, contínua com a rede de fibras reticulares
que suporta as células do órgão. Divisão anatômica: a hipófise é formada por
dois lobos principais: lobo anterior ou adeno-hipófise, e lobo posterior ou
neuro-hipófise.

A adeno-hipófise é formada por três subdivisões: 1) a parte distal (pars


distalis) ou lobo anterior, o principal componente glandular; 2) a parte tuberal
(pars tuberalis), tecido que envolve a modo de um colar incompleto o
infundíbulo; 3) a parte intermédia (pars intermedia), uma porção de tecido
muito próxima do lobo neural. A fenda hipofisária é um remanescente da bolsa
de Rathke (estrutura que dá origem à adeno-hipófise) que separa a parte distal,
da parte intermédia. A neuro-hipófise consiste em duas porções: a parte
nervosa (pars nervosa), ou lobo neural, e o infundíbulo. O infundíbulo é
formado por duas estruturas: 1) a eminência mediana, uma extensão do
hipotálamo em forma de funil, e 2) o processo infundibular.

❖ Vascularização hipofisária. Sistema porta

A hipófise recebe suprimento sanguíneo de duas artérias derivadas da artéria


carótida interna: a artéria hipofisária superior e a artéria hipofisária inferior.
A artéria hipofisária superior forma um plexo capilar primário no infundíbulo
(formado pela eminência mediana e pelo processo infundibular). O plexo capilar
primário recebe hormônios liberadores e inibidores dos núcleos
hipotalamicohipofisiotróficos neuroendócrinos. O plexo capilar primário é
drenado pelas veias portais. As veias portais suprem para o plexo capilar
secundário, na parte distal da adeno-hipófise. Por este mecanismo, os fatores
liberadores e inibidores hipotalâmicos agem diretamente sobre as células
secretoras (acidófilos e basófilos) da parte distal, para regular sua função
endócrina. Os plexos capilares primário e secundário, ligados pelas veias
portais, formam assim, o Sistema Porta Hipotalámicohipofisário. Neurônios
de diversos núcleos hipotalâmicos emitem seus axônios em direção ao plexo
capilar primário do sistema porta hipofisário, no qual as terminações nervosas
liberam hormônios hipotalâmicos hipofisiotróficos (hormônios ou fatores de
liberação [RF, releasing factors, ou RH, releasing hormones], e hormônios ou
fatores de inibição [IF, inhibiting factors, ou IH, inhibiting hormones]). Tais
hormônios hipotalâmicos estimulam a liberação ou a inibição dos hormônios
produzidos pela pars distalis da adeno-hipófise.
- Hormônios de Liberação (Releasing Hormones, RH) ou Fatores de
Liberação (Releasing Factors, RF) produzidos pelo Hipotálamo:
1. GHRH ou GHRF: hormônio de liberação do GH (hormônio do crescimento ou
somatotrofina);
2. PRH ou PRF: Hormônio de liberação da prolactina;
3. TRH ou TRF: Hormônio de liberação da tireotrofina (hormônio estimulante da
tireoide ou TSH);
4. CRH ou CRF: Hormônio de liberação da corticotrofina (ou ACTH);
5. GnRH ou GnRF: Hormônio de liberação de gonadotrofinas (FSH/LH).

- Hormônios de Inibição (Inhibiting Hormones, IH) ou Fatores de Inibição


(Inhibiting Factors, IF) produzidos pelo Hipotálamo:
1. GIH ou GIF (somatostatina)  Hormônio inibidor do GH (somatotrofina);
2. PIH ou PIF (= dopamina)  Hormônio inibidor da prolactina.

A artéria hipofisária inferior supre a parte nervosa, formando um plexo capilar,


o qual coleta a vasopressina (hormônio antidiurético) e ocitocina produzidos
pelas células neuroendócrinas dos núcleos supraóptico e paraventricular,
respectivamente. As artérias hipofisária superior e inferior estão interconectadas
pelas artérias trabeculares.

❖ Estrutura histológica da adeno-hipófise

A adeno-hipófise, é a porção epitelial glandular da hipófise, formada pelas três


porções antes mencionadas: a parte distal, a parte intermédia e a parte
tuberal.

- Parte distal: representa mais ou menos 80% da massa celular total da


adeno-hipófise, e histologicamente falando é formada por três
componentes principais: 1) cordões de células epiteliais, 2) estroma de
tecido conjuntivo frouxo, entremeado com os cordões celulares, e 3)
capilares fenestrados. Os cordões celulares encontram-se apoiados
sobre uma membrana basal, e de acordo com a afinidade pelos corantes,
tais cordões são formados por células cromófobas e células
cromófilas. Células cromófobas, incluem células que eliminaram o
conteúdo hormonal dos seus grânulos, e perderam a afinidade tintorial
típica das células secretoras. Na microscopia de luz, podem ser
identificadas por seu citoplasma pálido, pouco corado, que contrasta com
o citoplasma das células cromófilas. Células cromófilas, possuem uma
afinidade maior pelos corantes de rotina, e podem ser de dois tipos: as
células cromófilas acidófilas, e as células cromófilas basófilas. As
células cromófilas acidófilas têm maior afinidade pelos corantes ácidos
e seu citoplasma se cora de cor rosa-claro com a eosina. Essas células
predominam na parte lateral da glândula. As células cromófilas
basófilas se coram intensamente com os corantes básicos, e nas
colorações com hematoxilina-eosina, têm maior afinidade pela
hematoxilina, com o que seu citoplasma se observa de cor azul-
arroxeada. Essas células predominam na porção central da glândula.

A microscopia eletrônica de transmissão (MET) permite examinar o


tamanho, a distribuição, o conteúdo, e o modo de síntese e secreção dos
vários hormônios armazenados nos grânulos de secreção no citoplasma
das células endócrinas da parte distal, bem como o uso de anticorpos
específicos contra esses hormônios por meio da imuno-histoquímica (IH).
Assim, por meio da MET e da IH, já foram identificados cinco tipos
diferentes de células secretoras da parte distal da adeno-hipófise:

✓ Somatotrofos: células secretoras de somatotrofina ou hormônio do


crescimento (GH) (hormônio proteico). Morfologicamente, são
células ovais, de tamanho médio, núcleo redondo e proeminente,
localizado centralmente. Representa um subtipo de célula cromófila
acidófila, e constituem em torno de 40 a 50% da população celular da
parte distal da adeno-hipófise. O GH é um peptídeo, liberado na
circulação sanguínea sob a forma de pulsos durante o período de
sono-vigília de 24 horas, com o pico de secreção durante as primeiras
2 horas de sono. Apesar de seu nome, o hormônio do crescimento não
induz diretamente o crescimento; em vez disso, ele atua através da
estimulação, nos hepatócitos, da produção do fator de crescimento
semelhante à insulina do tipo1 (IGF-l), também conhecido como
somatomedina C. O GHRH estimula a liberação de hormônio de
crescimento pelas células cromófilas acidófilas (Somatotrofos). O
hormônio do crescimento, estimula, pela sua vez a secreção do IGF- l
(7,5 kDa) no fígado, que estimula o crescimento global do tecido ósseo
e de partes moles. Nas crianças, o IGF-I estimula o crescimento dos
ossos longos nas placas epifisárias.
Os clínicos dosam IGF- l no sangue para determinar a função do
hormônio do crescimento. Uma queda dos níveis sanguíneos de IGF-
l estimula a liberação do hormônio do crescimento. O excesso de
hormônio de crescimento causa gigantismo em crianças e
acromegalia em adultos. Na maioria dos casos, um adenoma da
adeno-hipófise é responsável pela hipersecreção da GH

✓ Mamotrofos ou lactotrofos: células cromófilas acidófilas, secretoras


de prolactina (PRL) (hormônio proteico), representam em torno de
15 a 20% da população celular da parte distal da adeno-hipófise. São
células grandes e poligonais, com um núcleo oval e central. A
secreção da PRL está sob controle inibitório da dopamina, uma
catecolamina produzida pelo hipotálamo. Entretanto, o hormônio
liberador de tireotrofina (TRH) do hipotálamo e o peptídio inibidor
vasoativo (VIP) são conhecidos por estimular a síntese e secreção de
PRL. Durante a gravidez e a lactação essas células sofrem hipertrofia
e hiperplasia, fazendo com que a hipófise aumente de tamanho. Esses
processos são responsáveis pelo maior aumento da hipófise em
mulheres multíparas. A sucção durante a lactação é o principal
estímulo para a secreção de prolactina. Um adenoma secretor de
prolactina da adeno-hipófise causa hiperprolactinemia, a qual, por
sua vez, é responsável por galactorréia (secreção de leite não
puerperal). A hiperprolactinemia leva a infertilidade reversível em
ambos os sexos. A lactação envolve: 1) a mamogênese
(desenvolvimento das mamas), estimulada na gravidez pelos
estrógenos e a progesterona, atuando juntamente com a prolactina. 2)
a lactogênese, estimulada após o parto pela prolactina. 3) a
galactopoiese, estimulada pela prolactina e pela ocitocina.

✓ Corticotrofos: células cromófilas basófilas, secretoras do hormônio


adrenocorticotrófico (ACTH) (hormônio polipeptídico).
Morfologicamente, são células poligonais de tamanho médio, com
núcleo redondo e excêntrico. Também constituem de 15% a 20% da
população celular total da parte distal da adeno-hipófise. O ACTH, ou
corticotrofina, é um polipeptídio de cadeia única com um comprimento
de 39 aminoácidos (4,5 kDa) e com um curto tempo de circulação (7 a
12 minutos). Sua ação primária é estimular o crescimento celular e a
síntese de esteroides nas zonas fasciculada
e reticulada do córtex da suprarrenal. A zona glomerulosa do córtex
da suprarrenal está sob o controle da angiotensina II. A angiotensina
II é derivada do processamento do angiotensinogênio produzido no
fígado pela ação proteolítica da renina (produzida no rim) e da enzima
conversora de angiotensina (ECA), produzida no pulmão. Os efeitos
do ACTH sobre o córtex da suprarrenal são mediados pelo
monofosfato cíclico de adenosina (AMPc). Além da sua ação
sobre a suprarrenal, o ACTH também atua no aumento da
pigmentação da pele e na lipólise. O ACTH estimula a síntese de
cortisol (um glicocorticoide) e de androgênios. O cortisol e outros
esteroides são metabolizados no fígado. Baixos níveis de cortisol no
sangue, estresse e vasopressina (hormônio antidiurético, ADH)
estimula a secreção de ACTH pelas células cromófilas basófilas
(corticotrofos) por estimulação da liberação do CRH (hormônio
liberador de corticotrofina). O cortisol é o fator regulador
dominante. O ACTH aumenta a pigmentação da pele. O
escurecimento da pele na doença de Addison e na doença de
Cushing não é determinado pelo hormônio estimulante dos
melanócitos (MSH) que normalmente não está presente no sangue
humano.

✓ Gonadotrofos: células cromófilas basófilas. Secretam as


gonadotrofinas, o hormônio foliculoestimulante (FSH) e o hormônio
luteinizante (LH) (glicoproteínas). Os gonadotrofos constituem cerca
de 10% da população celular total da parte distal da adeno-hipófise. A
liberação de gonadotrofinas é estimulada pelo hormônio liberador de
gonadotrofinas (GnRH), produzido pelo hipotálamo. O GnRH é
secretado para os vasos porta em pulsos a intervalos de 60 a 90
minutos. Uma única célula cromófila basófila pode sintetizar e liberar
tanto FSH como LH de maneira pulsátil. Os gonadotrofos exibem
reação positiva à reação do ácido periódico-Schiff (PAS), por causa do
componente glicídico dos seus hormônios. No sexo feminino, o FSH
estimula as células foliculares dos folículos ovarianos a proliferarem
(promovendo o crescimento e maturação dos folículos ovarianos), e
secretarem estradiol, inibina e ativina. O LH estimula a ovulação
(liberação do ovócito secundário) e secreção de progesterona pelo
corpo lúteo. Já no sexo masculino, o FSH estimula a função das
células de Sertoli no epitélio seminífero para a síntese e secreção de
inibina, ativina e da proteína de ligação a andrógenos (ABP). O LH
estimula a produção de testosterona pelas células de Leydig.
Uma falta de FSH e LH em ambos os sexos, leva à infertilidade

✓ Tireotrofos: As Células tireotróficas (ou tireotrofos) representam


cerca de 5% da população celular total da
parte distal da adeno-hipófise. São células grandes e poligonais, com
núcleo redondo e excêntrico. Secretam o hormônio estimulante da
tireoide (TSH), também chamada de tireotrofina, de natureza
glicoproteica. O hormônio de liberação de tireotrofina (TRH), um
peptídeo com três aminoácidos produzido no hipotálamo, estimula a
síntese e liberação de TSH pelos tireotrofos (células cromófilas
basófilas). O TRH também estimula a liberaçâo de prolactina. A
liberação do TSH é inibida por aumento das concentrações dos
hormônios da glândula tireoide triiodotironina (T3) e tiroxina (T4). Os
tireotrofos também são PAS positivos. O TSH é uma glicoproteína que
se liga a um receptor na membrana plasmática das células epiteliais
foliculares da tireoide. O complexo hormônio receptor estimula a
formação de AMPc. A produção dos hormônios da tireoide T3
(triiodotironina) e T4 (tiroxina) é estimulada pelo AMPc. Uma parte
do T4 é convertida em T3 nos tecidos periféricos. O T3 é mais ativo
que o T4 e tem uma ação de feedback negativo (inibitória) sobre
a síntese e liberação de TSH. Urna deficiência de secreção do TSH
(observada em casos raros de hipoplasia congênita da hipófise)
produz hipotireoidisrno, caracterizado por redução do metabolismo
celular, da temperatura, e da taxa do metabolismo basal, e letargia
mental. O hipotireoidismo também é observado na doença autoimune
caracterizada como doença de Hashimoto. O hipotireoidismo também
pode decorrer de uma doença da glândula tireoide ou urna deficiência
de iodo na dieta.

- Parte Intermédia da adeno-hipófise: localizada entre a parte distal e a


parte nervosa da hipófise. É formada por uma série de pequenas
cavidades císticas que representam a luz residual da bolsa de Rathke.
Em humanos, essa porção é um pouco rudimentar. Contudo, um aspecto
característico da parte intermédia é a presença de folículos de diferentes
tamanhos contendo coloide em seu interior, bem como pequenos grupos
de células cromófobas e basófilas. As células que revestem esses
folículos parecem ser derivadas de células foliculoestreladas, e de células
produtoras de hormônios. A função das células da parte intermédia ainda
não foi esclarecida em humanos, mas sabe-se que em outras espécies,
as células basófilas têm em seu citoplasma vesículas dispersas que
contém α ou β-endorfina (composto relacionado com a morfina). Em
sapos, as células basófilas produzem hormônio estimulante dos
melanócitos (MSH), que estimula a dispersão de pigmentos nos
melanócitos e nos melanóforos.

- Parte tuberal: extensão do lobo anterior ao longo do infundíbulo


semelhante a um pedículo. Região altamente vascularizada e contendo
veias do sistema hipotalâmico-hipofisário. Nichos de células
pavimentosas e pequenos folículos revestidos por células cúbicas estão
dispersos nessa região. Essas células frequentemente exibem
imunorreatividade para ACTH, FSH e LH (células cromófilas basófilas).

❖ Estrutura histológica da Neuro-hipófise

A neuro-hipófise é uma extensão do sistema nervoso central (SNC). A neuro-


hipófise não é uma glândula endócrina, e sim um local de armazenagem de
neurossecreções dos neurônios dos núcleos supraópticos e paraventriculares do
hipotálamo. Consiste no infundíbulo (formado pela eminência mediana e pelo
processo infundibular), e o lobo posterior (lobo neural, parte nervosa ou pars
nervosa). Histologicamente, a parte nervosa da neuro-hipófise, ou lobo neural,
é formada por três componentes histológicos: 1) axônios amielínicos,
derivados de células neuroendócrinas (chamadas de neurônios magnocelulares
porque seus corpos celulares são grandes) dos núcleos supraóptico e
paraventricular do hipotálamo, 2) pituícitos, células semelhantes aos astrócitos,
que brindam sustentação aos axônios amielínicos, e 3) capilares fenestrados
derivados da artéria hipofisária superior. Ao longo do seu trajeto, os axônios
amielínicos sofrem uma dilatação conhecida como corpos de Herring, em cujo
interior se encontram os grânulos neurossecretores contendo o hormônio
antidiurético (ADH) chamado também de vasopressina, a oxitocina, e uma
proteína transportadora: a neurofisina. Os pituícitos são células gliais
semelhantes aos astrócitos com abundantes filamentos intermediários formados
pela proteína ácida fibrilar glial, e algumas gotículas lipídicas em seu citoplasma.
Os prolongamentos citoplasmáticos dos pituícitos (1) circundam os axônios
derivados das células neuroendócrinas, (2) estendem-se entre os terminais
axônicos e a membrana basal que envolve os capilares fenestrados e (3)
retraem-se para possibilitar a liberação para o sangue do conteúdo dos grânulos
de secreção armazenados nos terminais axônicos. Tanto os núcleos
supraópticos como os núcleos paraventriculares contêm neurônios que
sintetizam o ADH e ocitocina. No entanto, os neurônios dos núcleos supraópticos
produzem primariamente ADH, e os núcleos paraventriculares sintetizam
primariamente ocitocina. Além destes dois núcleos, o hipotálamo tem núcleos
adicionais, os núcleos hipofisiotróficos hipotalâmicos, com neurónios que
produzem os hormônios de liberação e de inibição que são descarregados nos
capilares fenestrados do plexo primário do sistema porta. O ADH aumenta a
permeabilidade dos túbulos coletores à água e também tem uma ação
vasoconstritora arteriolar (por isso, o nome alternativo
vasopressina). A ação do hormônio antidiurético é mediada pelo AMPc, que
estimula canais de membrana a aumentar a difusão de água.
Consequentemente, o fluxo de urina diminui. A ocitocina atua sobre a
contração uterina e a liberação de leite. Os estrógenos aumentam a resposta
do miométrio à ocitocina; a progesterona diminui a resposta. Assim, a ocitocina
promove a contração do miométrio durante o trabalho de parto. Durante a
lactação, a liberação de ocitocina é mediada por um reflexo neuro-humoral
desencadeado pela sucção. A sucção ativa os receptores sensoriais no mamilo
e na aréola. As fibras sensoriais estão ligadas aos neurônios hipotalâmicos
produtores de ocitocina. Quando o estímulo chega, um potencial de ação
transmitido ao longo dos axônios dos neurônios paraventriculares se estende até
a parte nervosa, causando a liberação de ocitocina no sangue. A ocitocina
promove a contração das células mioepiteliais dos alvéolos da glândula
mamária em lactação.

❖ Glândula pineal ou epífise

A glândula pineal (assim chamada porque se assemelha a um cone de pinheiro)


é um órgão endócrino com função neurossecretora. Encontra-se ligada ao
cérebro por um pedículo, mas não há conexões nervosas diretas da glândula
pineal com o cérebro, e lugar disso, fibras nervosas simpáticas pós-ganglionares
derivadas dos gânglios cervicais superiores inervam a glândula pineal. A pineal
encontra-se recoberta pela pia-máter, que forma uma cápsula em torno dela.
Como a neuro-hipófise, a glândula pineal não possui uma barreira
hematoencefálica.

❖ Localização anatômica da glândula pineal

Encontra-se situada no teto do diencéfalo, entre os tubérculos quadrigêmeos


craniais, na denominada fossa pineal.

❖ Localização anatômica da glândula pineal

A glândula pineal encontra-se dividida em lóbulos por um tecido conjuntivo


vascular que contém algumas células gliais entre as quais destacam as células
intersticiais semelhantes às células da glia. As células intersticiais
semelhantes à glia representam cerca de 5 a 10% das células, que
parcialmente circundam e separam os pinealócitos ou pineocitos. O
pedúnculo da pineal é constituído em parte por prolongamentos destas células.
A maior parte da glândula encontra-se composta por células secretoras
parenquimatosas: os pinealócitos. Essas células representam uma forma
especializada de neurônios relacionados aos fotorreceptores retinianos. Não
possuem axônios, mas contêm no citoplasma numerosos grânulos secretórios e
prolongamentos citoplasmáticos de comprimento variado. As células secretoras
encontram-se organizadas em cordões que repousam sobre uma membrana
basal, sendo envolvidos por tecido conjuntivo, contendo capilares fenestrados e
nervos. Cada pinealócito possui dois ou mais prolongamentos celulares que
terminam em expansões bulbosas. Um dos prolongamentos termina perto dos
capilares, onde formam as chamadas rosetas perivasculares. O citoplasma
contém mitocôndrias em abundância e, distribuídas aleatoriamente, há muitas
áreas de sinapse em fita (caracterizada por densa lamela rodeada por uma
auréola de vesículas). Uma das características da pineal, são as chamadas
concreções calcáreas ou corpora arenacea, chamadas também de “areia
cerebral”. As concreções calcáreas consistem na presença de áreas de
calcificação definidas (matriz extracelular na qual se depositam cristais de fosfato
de cálcio). A formação dessas concreções tem início cedo na infância, e se torna
evidente a partir da segunda década da vida. Os pinealócitos secretam uma
matriz extracelular na qual se depositam cristais de fosfato de cálcio. As
calcificações presentes na glândula pineal são um importante marcador
radiográfico da linha média do cérebro, e aumentam em número com a idade.

❖ Histofisiologia da glândula pineal

A glândula pineal produz e secreta melatonina, principal substância


biologicamente ativa, sintetizada a partir do triptofano, pelos pinealócitos. A
melatonina é liberada na circulação geral, para atuar sobre o hipotálamo e a
hipófise, e, em muitas espécies, para inibir a secreção de gonadotrofinas e do
hormônio do crescimento, e para induzir sonolência. A melatonina é o hormônio
indutor do sono, produzido a partir da serotonina. Este hormônio está
relacionado com a regulação dos ciclos de vigia-sono (ritmos circadianos). A
apresentação farmacêutica da melatonina, pode server para contrarrestar os
efeitos do Jet Lag. Relógio biológico circadiano: regula os padrões de sono e
de alimentação, e está ligado ao ciclo de dia-noite ou ao ciclo de sono-vigília.

Como funciona o relógio biológico circadiano?


Um relógio biológico circadiano (do latim, circo, em torno; dies, dia) de 24 horas
regula os padrões de sono e de alimentação e está ligado ao ciclo de luz e
escuridão ou ao ciclo de sono e vigília. O trato retino-hipotalâmico conduz
sinais luminosos para o núcleo supraquiasmático, adjacente ao quiasma óptico,
como a etapa inicial da regulação da síntese e secreção da melatonina. O núcleo
supraquiasmático é formado por uma rede de neurônios que opera como
marcapasso endógeno que regula o ritmo diário. Essa rede de neurônios são
osciladores circadianos ligados às células ganglionares especializadas
produtoras de melanopsina da retina. As células ganglionares funcionam como
detectores de luminosidade que reajustam os osciladores circadianos. Jet Lag:
Condição experimentada por muitos viajantes, provocada por mudanças do fuso
horário, que leva à interrupção do ritmo circadiano, associada a fadiga, insônia
e desorientação. O transtorno bipolar e doenças do sono também estão ligados
ao funcionamento anormal dos ritmos circadianos.

❖ Glândula tireoide

Glândula endócrina situada no pescoço, logo abaixo da laringe, composta por


dois lobos unidos por um istmo que se estendem lateralmente à traqueia. Por
isso, é frequente o achado de cortes de tireoide ao lado de cortes de traqueia. A
tireoide é responsável pela secreção da tiroxina (T4) e da triiodotironina (T3),
que atuam na regulação do metabolismo. Quando a glândula tireoide está
hipoativa (ex. dieta deficiente de iodo), não há T3 e T4, não ocorrendo o feedback
negativo a nível do hipotálamo nem da hipófise, levando a um aumento dos
níveis séricos do TSH. O TSH estimula a atividade dos folículos tireóideos
(aumenta o acúmulo de coloide), e a um aumento da vascularização da glândula,
isso se traduz em um aumento do volume da glândula como um todo, conhecido
com o nome de bócio.
❖ Organização histológica da tireoide

A tireoide encontra-se revestida por uma cápsula fibrosa de tecido conjuntivo, de


cujo interior surgem septos ou trabéculas que dividem cada lobo, em lóbulos
irregulares, cada um contendo, centos de folículos. Os folículos consistem em
estruturas ocas, mais ou menos esféricas, revestidas por um epitélio que varia
de pavimentoso a cúbico simples, chamado de epitélio folicular. O epitélio
folicular delimita uma cavidade central chamada de luz ou lúmen do folículo,
ocupada por uma substância com a consistência de gel, chamada coloide. Nas
colorações com hematoxilina-eosina, o coloide é eosinófilo, e nos folículos ativos
é frequente observar a presença de pequenas irregularidades na borda do
coloide, a semelhança de vacúolos, relacionadas com a atividade endocitótica
da célula folicular. O coloide é formado principalmente por tireoglobulina, uma
glicoproteína de 660 KDa, que é o precursor do T3 e do T4, sendo PAS positivo.
A altura do epitélio folicular depende da atividade do folículo, de maneira que nos
folículos hipoativos, o epitélio é pavimentoso simples, enquanto nos folículos
hiperativos, o epitélio pode ser cúbico alto o colunar simples.
O epitélio folicular encontra-se apoiado sobre uma membrana basal que o espera
do estroma circundante, e esse epitélio é formado por dois tipos celulares, a
célula folicular e a célula parafolicular, chamada também de célula Clara ou
célula C.
- Célula folicular: chamada também de tireócito, representa em torno de 90%
da população celular folicular total, sendo responsável pela síntese e secreção
dos hormônios tireoidianos (T3 e T4). É uma célula altamente polarizada, com
um domínio basolateral que descansa sobre a membrana basal, e um domínio
apical voltado para a luz do folículo. Na microscopia eletrônica de transmissão
(MET), a célula exibe uma distribuição das organelas condizente com essa
polaridade. O retículo endoplasmático granular bem desenvolvido encontra-se
localizado na região basal da célula enquanto o complexo de Golgi encontra-se
em uma localização supranuclear. No citoplasma apical é possível observar a
presença de vesículas endocitóticas, bem como de lisossomos. Os lisossomos
estão envolvidos no processamento do pró-hormônio (tireoglobulina iodada) nos
hormônios tireoideos. Pseudópodes estendem-se do domínio apical da célula
folicular e, após de rodear uma porção do coloide, organizam um fagossomo
intracelular. Os lisossomos se fundem com o fagossomo, e iniciam a quebra
proteolítica da tireoglobulina, enquanto se movimentam para o domínio basal da
célula folicular.
➢ Biossíntese hormonal

A síntese dos hormônios tireoideos T3 e T4, inicia-se quando os níveis


séricos desses hormônios caem por debaixo dos seus níveis normais. Isso
gera um feedback positivo sobre o hipotálamo e sobre a própria hipófise
aumentando a produção e secreção do TSH. O TSH é transportado por via
sanguínea, até a glândula tireoide, onde se liga ao seu receptor localizado na
membrana basolateral da célula folicular, iniciando-se assim uma transdução
de sinal, estimulando as diversas etapas da biossíntese hormonal. A
biossíntese do T3 e do T4 pode ser resumida nas seguintes etapas:
1. Captação do iodeto e síntese da tireoglobulina: o iodeto obtido pela
digestão dos alimentos é transportado pelos capilares sanguíneos
perifoliculares, sendo captado por um simporter sódio-iodeto (NIS, por suas
siglas em inglês), que cotransporta para dentro da célula folicular dois átomos
de Na, e um iodeto. Dessa maneira, o NIS é capaz de concentrar o iodo
dentro da célula folicular de 20 a 100 vezes mais, seus níveis séricos. Uma
bomba Na/K ATPase gera a energia necessária para o transporte do iodo.
Ambas as proteínas: o NIS e a Na/K ATPase encontram-se localizadas no
domínio basolateral da célula folicular. Significado clínico: o NIS pode ser
inibido pelo ânion perclorato. A tireoglobulina é sintetizada no reticulo
endoplasmático granular, e armazenada em grânulos secretórios, no
complexo de Golgi, junto com a tireoperoxidase, enzima que mais tarde será
utilizada para a oxidação do iodo. A tireoglobulina é uma glicoproteína de 660
kDa, constituída por duas subunidades idênticas. A tireoglobulina contém 140
resíduos tirosila disponíveis para serem iodados. No interior da célula
folicular, o iodo será transportado para o domínio apical da célula. Atualmente
se pensa que o transporte apical do iodo, provavelmente seja feito pela
pendrina (uma proteína cuja mutação produz a síndrome de Pendred, que
cursa com hipotireoidismo) ou o transportador de cloro.
2. Oxidação e organificação do iodo
Os grânulos secretórios contendo a tireoglobulina e a tireoperoxidase, se
fusionam com a membrana plasmática apical, e por um processo de
exocitose liberam a tireoglobulina para o coloide, enquanto a
tireoperoxidase (TPO), que estava ligada à membrana do grânulo
secretório, fica incorporada à membrana plasmática apical. Ali, a TPO é
ativada, e converte o iodeto (forma molecular) em iodo (forma iônica),
através de um processo de oxidação para o qual é necessária a presença do
peróxido de hidrogênio (H2O2). O H202 é gerado pelo sistema Duox da
hipófise, sem o qual não teria a oxidação do iodeto, levando a um quadro de
hipotireoidismo. Dois átomos de iodo são ligados a resíduos de tirosila
(menos de 20 resíduos de tirosila são iodados) na tireoglobulina. A iodação
da tireoglobulina, conhecida como processo de organificação do iodo, ocorre
no lúmen do folículo, em estreita relação com a superfície celular apical. Após
do processo proteolítico, uma monoiodotirosina (MIT) se combina com uma
diiodotirosina (DIT) para formar a triiodotironina (T3). Duas DITs,
combinam-se para formar a tetraiodotironina (T4) ou tiroxina. Uma
molécula de tireoglobulina iodada produz 4 moléculas de T3 e T4.
3. Na fase endócrina da biossíntese de T3 e T4, uma gota do coloide
contendo várias moléculas de tiroglobulina iodada é endocitada pela própria
célula folicular, através de pseudópodes da membrana plasmática apical,
formando-se assim um fagossomo. O fagossomo, guiado por componentes
do citoesqueleto se fusiona com lisossomos que vertem seu conteúdo
enzimático no fagossomo, produzindo proteólise da tireoglobulina, liberando
assim MIT, DIT, T3 e T4 da molécula de tireoglobluina.
4. T3 e T4 são liberados da célula através do domínio basal da célula folicular,
e atravessando a membrana basal folicular, difundem para os capilares
fenestrados, e se ligam a proteínas séricas de ligação. T3 tem uma meia-vida
mais curta (em torno de 18 horas) do que T4 (meia-vida de 5 a 7 dias). T3 é
de 2 a 10 vezes mais ativa que T4.
Os hormônios da tireoide aumentam a taxa metabólica basal. O local de ação
primário de T3 e, em menor grau, de T4 é o núcleo da célula. O T3 liga-se ao
receptor do hormônio da tireoide ligado a uma região específica do DNA, a
qual é denominada de elemento responsivo ao hormônio da tireoide (TER),
para induzir a transcrição genética específica. Nos cardiócitos (células
musculares do coração), o hormônio da tireoide regula a expressão de genes
que codificam o fosfolambano no retículo sarcoplasmático, receptores β-
adrenérgicos, Ca2+-ATPase e outros. Na ausência deT3, receptores
nucleares não ocupados ligados ao TRE reprimem os genes que são
positivamente regulados pelo hormônio da tireoide. Hipertireoidismo: a
doença de Graves é uma doença autoimune na qual a glândula tireoide é
hiperfuncional. Auto-anticorpos (chamados de imunoglobulinas
estimulantes da tireoide ou TSls), produzidos por plasmócitos derivados de
linfócitos B sensibilizados contra receptores de TSH presentes na superfície
basal das células foliculares da tireoide, ligam-se ao receptor e simulam o
efeito do TSH, estimulando a produção de AMPc. Como resultado, as células
foliculares da tireoide se tornam cilíndricas e secretam
grandes quantidades de hormônios da tireoide na circulação sanguínea
de maneira não-regulada. O aumento de volume da glândula tireoide
(bócio), o abaulamento dos olhos (exoftalmia), taquicardia, pele quente e
finos tremores nos dedos são típicos aspectos clínicos. No adulto, o
hipotireoidismo é geralmente causado por uma doença da tireoide, e
são observadas diminuição da taxa metabólica basal, hipotermia e
intolerância ao frio. A diminuição da sudorese e vasoconstrição cutânea
tornam a pele seca e fria. Os indivíduos afligidos tendem a sentir frio numa
sala quente. No adulto, o hipotireoidismo manifesta-se por uma pele grosseira
com aspecto inchado, em razão do acúmulo de
proteoglicanos e retenção de líquido na derme da pele (mixedema) e na
musculatura. O débito cardíaco é reduzido, e o pulso fica mais lento. Exceto
pelos distúrbios do desenvolvimento, a maioria dos sintomas é revertida
quando o distúrbio da tireoide é corrigido. No feto, uma falta de hormônio da
tireoide causa o cretinismo. Esta doença é observada nas áreas geográficas
deficientes em iodo. Os sintomas de hipotireoidismo
em recém-nascidos podem incluir a síndrome da angústia respiratória,
desnutrição, hérnia umbilical e retardo do crescimento ósseo. O
hipotireoidismo não tratado em crianças resulta em retardo mental. A doença
de Hashimoto é uma doença autoimune associada ao hipotireoidismo.
Ela é causada por auto-anticorpos contra a peroxidase tireoidiana (TPO) e
contra a tireoglobulina. Os anticorpos contra a peroxidase tireoidiana são
conhecidos como anticorpos antimicrossomais. Uma destruição progressiva
dos folículos da tireoide leva à diminuição da função da glândula tireoide.
- Célula parafolicular
A célula parafolicular, conhecida também como célula Clara ou célula C,
representa o 10% restante da população celular. Pode ser localizada entre a
membrana basal e as células folicular, mas nunca faz contato direto com o
coloide. Nas colorações com hematoxilina-Eosina, as células para foliculares,
geralmente exibem um citoplasma pálido, pouco corado. Na microscopia
eletrônica de transmissão, elas exibem abundantes grânulos secretórios
eletrodensos, contendo calcitonina. A calcitonina é um hormônio
hipocalcemiante. Quando os níveis séricos de cálcio aumentam além dos
seus níveis normais, a calcitonina é secretada pelas células C, e se liga ao
seu receptor presente na membrana plasmática dos osteoclastos, com o qual
desaparece a borda pregueada, diminuindo assim a degradação da matriz
óssea, permitindo que a calcemia alcance seus níveis normais de novo. O
gene da calcitonina sofre splicing alternativo, gerando dois mRNA
diferentes. Na célula C, o mRNA da calcitonina produz um peptídeo, com um
peptídeo N-terminal comum, a calcitonina, e um peptídeo 1 C-terminal. No
cérebro, outro mRNA produz um peptídeo com um peptídeo N-terminal
comum, o peptídeo relacionado ao gene da calcitonina, e o peptídeo -2 C-
terminal.

❖ Glândulas paratireoides

As glândulas paratireoides são quatro glândulas endócrinas, localizadas, duas


na porção superior da face posterior da tireoide, e duas na porção inferior.
Embora em ocasiões encontram-se embutidas no parênquima da tireoide, cada
paratireoide possui sua própria cápsula fibrosa de tecido conjuntivo, que a
separa do parênquima tireoideo circundante. Da cápsula surgem delicados
septos de tecido conjuntivo que se distribuem no parênquima da paratireoide. A
paratireoide é uma glândula cordonal. Efetivamente, o parênquima da
paratireoide é formado por inúmeros cordões anastomosados, contendo
pequenas células basófilas denominadas células principais (responsáveis pela
produção do paratormônio), entre os quais ocorrem numerosos capilares
fenestrados. Em meio aos cordões de células principais, ocorre pequena
quantidade de cordões de células acidófilas maiores, as células oxífilas (função
desconhecida). Esses cordões celulares encontram-se entremeados com o
estroma, que brinda sustentação, proteção, bem como suprimento sanguíneo e
nervoso às células secretoras. Como já foi mencionado, na paratireoide,
basicamente podem ser identificados dois tipos celulares:
- As células principais: são mais numerosas, e secretam o paratormônio
(hormônio hipercalcemiante). São células pequenas, com uma quantidade
relativamente menor de citoplasma, pelo que nas microfotografias, dão a
impressão dos núcleos estarem mais próximos. Possuem um retículo
endoplasmático granular e um complexo de Golgi desenvolvidos. Um precursor
do hormônio: o pre-proparatormônio é sintetizado no retículo endoplasmático
granular, onde é processado para produzir o pró-paratormônio. No aparelho
de Golgi, o pró-paratormônio é processado por uma enzima proteolítica em
paratormônio (PTH), onde o PTH em seguida é armazenado em grânulos
secretórios.
- As células oxífilas ou acidófilas: surgem na paratireoide após da puberdade,
e aumentam em número com a idade. Elas possuem abundantes
mitocôndrias, o que confere intensa acidofilia a este tipo celular. As células
possuem uma quantidade relativamente maior de citoplasma, com o que os
núcleos se observam mais separados. O citoplasma se cora de cor rosa com a
eosina, devido à grande quantidade de mitocôndrias. O retículo endoplasmático
rugoso e o complexo de Golgi não são bem desenvolvidos. As células oxífilas
não secretam paratormônio, e provavelmente representem um estágio
transicional das células principais.
❖ Histofisiologia das paratireoides

O paratormônio e a calcitonina (produzida pelas células C da tireoide) atuam na


manutenção da calcemia (níveis de cálcio no sangue). Baixos níveis de cálcio
no sangue estimulam a liberação do paratormônio pelas células principais da
paratireoide. O receptor sensível a cálcio é um receptor associado à proteína G,
que deflagra a via do cálcio e mobiliza os grânulos de secreção contendo
paratormônio a ser liberado. O PTH se liga a receptores localizados na superfície
do osteoblasto, estimulando assim a síntese e liberação do Fator de
Crescimento Estimulante de Colônias de Macrófagos (M-CSF) e o ligante
do Receptor para Ativação do Fator Nuclear Kappa Beta (RANK-L). Um
monócito derivado da medula óssea alcança uma área de formação e
remodelamento ósseo, e expressa um receptor para o M-CSF. O monócito se
diferencia em macrófago, e o ligante do M-CSF se liga ao receptor M-CSF, na
superfície do macrófago, induzindo a expressão do receptor para RANK-L. O
RANK-L se liga ao macrófago, via o receptor RANK, e é estabelecido um contato
osteoblasto-precursor do osteoclasto. O macrófago mononucleado, tornasse em
um osteoclasto multinucleado imaturo, o qual ainda não pode reabsorver
osso. O osteoclasto não funcional se desacopla do osteoblasto, e somente
quando surgir a borda pregueada é que vai acontecer a degradação da matriz
óssea, liberando cálcio e fosfato para a corrente sanguínea, restabelecendo
assim a calcemia. O PTH age também no rim onde, especificamente nos túbulos
uriníferos, estimula a reabsorção de Ca, e a excreção de fosfato. Além disso, o
PTH estimula no rim, a produção de vitamina D ativa. O paratormônio é
secretado no sangue e tem uma meia-vida de cerca de 5 minutos. O aumento
da calcemia estimula às células parafoliculares (células C) da tireoide a
liberarem calcitonina  A calcitonina inibe a atividade dos osteoclastos 
Os níveis sanguíneos de cálcio se equilibram.

❖ Glândulas suprarrenais

As suprarrenais ou glândulas adrenais, são órgãos endócrinos pares, localizadas


na proximidade do polo superior de cada rim. Cada glândula consiste em duas
partes: um córtex externo amarelado (80 a 90% da glândula) e uma medula
avermelhada interna (10 a 20% da glândula). A medula da suprarrenal tem
origem mesodérmica e produz hormônios esteroides. A medula da suprarrenal
tem origem neuroectodérmica e produz e secreta catecolaminas.
➢ Estrutura histológica do córtex

O córtex é envolvido por uma espessa cápsula fibrosa de tecido conjuntivo denso
não modelado, com pouquíssimos septos conjuntivos, que se distribuem entre
os cordões celulares. Há abundantes fibras reticulares (colágeno tipo III)
sustentando os cordões celulares. Do ponto de vista histológico, o córtex é
formado por três regiões concêntricas, que da parte mais externa, à mais interna,
recebem o nome de zona glomerulosa (camada mais externa), zona
fasciculada (camada média) e zona reticulada (camada mais interna).
- Zona glomerulosa: região mais externa do córtex suprarrenal, localizada logo
abaixo da cápsula fibrosa. Representa do 10 a 15% do córtex. Formada por
cordões de células epiteliais colunares. Os cordões celulares podem ter um
formato circular (o que deu o nome de zona glomerulosa por lembrar a um
glomérulo renal) ou arciforme, como pode ser visto em algumas espécies. Essas
células contêm uma quantidade moderada de gotículas lipídicas e um retículo
endoplasmático liso bem desenvolvido. A zona glomerulosa sintetiza e secreta
mineralocorticoides, especialmente a aldosterona, e é primariamente
dependente da angiotensina II. A angiotensina II é um octapeptídeo derivado
da conversão da angiotensina I, um decapeptídeo, na circulação pulmonar pela
enzima conversora de angiotensina (ECA). A aldosterona tem uma meia-vida
de 20 a 30 minutos e atua diretamente sobre os túbulos contorcidos distais e os
túbulos coletores do rim, onde ela aumenta a absorção de Na (e por osmose, de
água) e a excreção de K e íons de H. As células da glomerulosa não expressam
a enzima 17a.-hidroxilase e, portanto, não pode
produzir cortisol ou esteroides sexuais.
- Zona fasciculada: região intermédia, compões em torno do 75 a 80% do
córtex. Ela é formada por células cuboides, com características estruturais de
células produtoras de esteroides, dispostas em cordões celulares que se
estendem da porção interna da zona glomerulosa em direção á zona reticulada.
Os cordões celulares têm uma espessura de duas células e encontram-se
entremeados com capilares fenestrados corticais. O citoplasma das células da
zona fasciculada apresenta três componentes que caracterizam a sua atividade
esteroidogênica: 1) abundantes gotículas lipídicas, contendo colesterol, o
precursor dos hormônios. Quando os lipídios são extraídos durante as
preparações histológicas ou não são corados pelo H&E, as células da zona
fasciculada exibem um aspecto esponjoso e são chamadas de espongiócitos.
2) Abundantes mitocôndrias com cristas tubulares, contendo enzimas
esteroidogênicas e, 3) um reticulo endoplasmático agranular (liso) bem
desenvolvido, também com enzimas envolvidas na síntese de hormônios
esteroides. As células da zona fasciculada e da zona reticulada não podem
produzir aldosterona, mas elas contêm a 17a.-hidroxilase necessária para a
produção de glicocorticoides - cortisol - e a enzima 1 7,20-hidroxilase, necessária
para a produção de hormônios sexuais.
O cortisol não é armazenado nas células, sendo necessária nova síntese,
estimulada pelo ACTH, para obter um aumento hormonal na circulação
sanguínea. O cortisol é convertido em cortisona nos hepatócitos.
O cortisol tem dois efeitos principais: O) Um efeito metabólico: Os efeitos do
cortisol são opostos aos da insulina. No fígado, o cortisol estimula a
gliconeogênese para aumentar a concentração da glicose no sangue. (2) Um
efeito anti-inflamatório: O cortisol suprime as respostas teciduais a lesões e
diminui a imunidade celular e humoral.
- Zona reticulada: zona mais interna do córtex renal. Constitui 5% a 10% do
córtex. Suas células são menores que as das zonas glomerulosa e fasciculada,
e formam uma rede anastomosada com curtos cordões celulares separados por
capilares fenestrados. As células desta zona são acidófilas devido ao maior
número de lisossomos, grandes grânulos de lipofuscina e menor
quantidade de gotículas lipídicas. Embora as células da zona fasciculada
possam sintetizar andrógenos, o local primário da produção de hormônios
sexuais da suprarrenal é a zona reticulada. A deidroepiandrosterona (DHEA)
e a androstenediona são os andrógenos predominantes produzidos pelo córtex
da glândula suprarrenal.
Tanto a zona fasciculada quanto a zona reticulada são reguladas pelo eixo
hipotalâmico-hipofisário-adrenal.

➢ Estrutura histológica da medula suprarrenal

A medula da suprarrenal é constituída por neurônios simpáticos pós-


ganglionares modificados, derivados da linhagem simpatoadrenal da crista
neural. Esses neurônios modificados não possuem dendritos, mas possuem
grânulos intracitoplasmáticos de densidade moderada. Foram identificadas duas
populações celulares na medula suprarrenal: as células secretoras de
adrenalina (80%), e as células secretoras de noradrenalina (20%). A
adrenalina e noradrenalina são catecolaminas. Quando a glândula é fixada com
dicromato de potássio e corada com hematoxilina-eosina, a medula adquire uma
coloração castanha, produto da oxidação das catecolaminas por sais de cromo.
Por essa razão essas células recebem o nome de células cromafins, devido à
sua afinidade pelo cromo. O citoplasma das células cromafins contém grânulos
densos revestidos por membrana, contendo, em parte, proteínas da matriz
granular, as chamadas cromograninas, e uma classe de catecolamina, seja
adrenalina ou noradrenalina (ou epinefrina ou norepinefrina, respectivamente).
Alguns grânulos contêm adrenalina e noradrenalina. Também ocorre uma
secreção mínima de dopamina, mas não se sabe qual seja o papel da dopamina
liberada pela suprarrenal.
❖ Vascularização das glândulas suprarrenais

As glândulas suprarrenais recebem suprimento sanguíneo através de três


artérias principais: artéria suprarrenal superior, artéria suprarrenal média e
artéria suprarrenal inferior, ramos das artérias frênica inferior, aorta
abdominal e renal, respectivamente. Todas as três artérias suprarrenais entram
na cápsula da suprarrenal e formam um plexo arterial. Três conjuntos de ramos
emergem do plexo: (1) Um grupo irriga a cápsula. (2) O segundo grupo entra no
córtex, formando capilares fenestrados retos (também chamados de capilares
corticais), que se infiltram por entre as zonas glomerulosa e fasciculada e
formam uma rede capilar na zona reticulada antes de entrar na medula. (3) O
terceiro grupo gera artérias medulares que seguem ao longo de trabéculas de
tecido conjuntivo do córtex sem se ramificar e levando sangue somente para a
medula. Esta distribuição de vasos resulta em (1) um duplo suprimento
sanguíneo para a medula da suprarrenal; (2) o transporte de cortisol à medula,
necessário para a síntese de Fenil- etanolamina -N- metiltranferase (PNMT),
para a conversão de noradrenalina em adrenalina; e (3) a irrigação da medula
da suprarrenal com sangue oxigenado, necessária para respostas rápidas ao
estresse. Não há veias nem vasos linfáticos no córtex da suprarrenal. O córtex
e a medula da suprarrenal são drenados pela veia central, presente na medula
da suprarrenal.

❖ Pâncreas endócrino.

O pâncreas é uma glândula mista, formada por dois componentes principais:


1. O pâncreas exócrino, constituído por ácinos serosos envolvidos na síntese
e
secreção de várias enzimas digestivas, transportadas ao duodeno por um
sistema de
ductos.
2. O pâncreas endócrino (2% da massa pancreática), formado pelas ilhotas de
Langerhans, dispersas por todo o pâncreas.

➢ Histologia da ilhota de Langerhans

O pâncreas endócrino, formado pelas ilhotas pancreáticas ou de Langerhans,


consiste em cordões anastomosados de células endócrinas - células A (ou
células α), células B (ou células β), células D (ou células δ) e células F - cada
uma secretando um único hormônio. Cada ilhota é envolvida por uma delicada
cápsula de tecido conjuntivo que a separa dos ácinos serosos circundantes, e
consiste em um pequeno grupamento arredondado, formado por cordões
anastomosados, constituídos por pequenas células endócrinas pouco coradas
em colorações de rotina, em meio a capilares fenestrados. Calcula-se que exista
em torno de um milhão de ilhotas pancreáticas, cada ilhota formada por umas
três mil células, com uma distribuição topográfica especial. As células β (beta),
predominam principalmente na parte central da ilhota, constituem em torno de
70% a 80% da população celular total da ilhota, e são responsáveis pela
secreção de insulina (hormônio hipoglicemiante). As células α (alfa) se
localizam principalmente na periferia da ilhota, representando 10% da população
celular total da ilhota, e são responsáveis pela síntese e secreção do glucagon
(hormônio hiperglicemiante). Células  (delta) distribuem-se aleatoriamente, na
ilhota, e representam em torno de 3-5% da população celular total da ilhota. As
células delta produzem gastrina e somatostatina, enquanto as células F ou PP,
que produzem o polipeptídio pancreática, representam <2% das células da
ilhota, e se distribuem também na periferia da ilhota.
➢ Histofisiologia da ilhota pancreática

As células β produzem a insulina, um polipeptídio com 6 Da que


consiste em duas cadeias: (1) a cadeia A, com 21 aminoácidos; e (2) a
cadeia B, com 30 aminoácidos. As cadeias A e B são ligadas por pontes de
bissulfeto. A insulina é derivada de um grande precursor com cadeia única, a
pré-pró-insulina, codificada por um gene localizado no braço curto do
cromossoma 11. A pré-pró insulina é sintetizada pelos ribossomos do retículo
endoplasmático granular e é processada no aparelho de Golgi.
O grande precursor dá origem à pró-insulina (9 kDa; 86 aminoácidos), na qual o
peptídeo C conecta as cadeias A e B. A remoção do peptídeo C por proteases
específicas resulta (1) na separação das cadeias A e B, e (2) na organização de
um centro cristalino, consistindo em um hexâmero e átomos de zinco. O peptídeo
circunda o centro cristalino. Um aumento da glicemia estimula a libertação de
insulina e de peptídeo C armazenados nos grânulos de secreção. A glicose é
captada pelas células B por uma proteína
transportadora de glicose independente da insulina-2 (GLUT-2), e a insulina
armazenada é liberada de uma maneira dependente de Ca2+.
Se os níveis de glicose permanecerem altos, ocorrerá nova síntese de insulina.
A GLUT-2 também está presente nos hepatócitos. A insulina é necessária para
aumento do transporte de glicose nas células (predominantemente nos
hepatócitos, nos músculos esquelético e cardíaco, nos fibroblastos e nos
adipócitos). Na célula adiposa, a insulina liga-se à subunidade α do receptor de
insulina e ativa a autofosforilação (Tyr-P) da subunidade β adjacente (uma
tirosina-quinase). Um receptor de insulina ativado estimula a síntese de DNA, a
síntese de proteínas e a translocação da proteína transportadora de glicose-
4 (GLUT4), dependente de insulina, do aparelho de Golgi para a membrana
plasmática. A translocação de GLUT4 facilita a captação celular de glicose. Este
mecanismo demonstra que, em indivíduos diabéticos, a falta de insulina diminui
a utilização de glicose nas células-alvo. As ações do gIucagon são
antagônicas às da insulina. A secreção de glucagon é estimulada (1) por uma
queda na concentração de glicose no sangue, (2) por um aumento de arginina e
alanina no soro, e (3) por estimulação do sistema nervoso simpático. A
somatostatina é um peptídeo com 14 aminoácidos idêntico à somatostatina
produzida no hipotálamo. A somatostatina inibe a liberação de insulina e
glucagon de maneira parácrina. A somatostatina também inibe a secreção de
HCI pelas células parietais das glândulas fúndicas do estômago, a liberação de
gastrina pelas células enteroendócrinas, a secreção de bicarbonato e enzimas
pelo pâncreas e a concentração da vesícula biliar. A somatostatina também é
produzida no hipotálamo e inibe a secreção do hormônio do
crescimento a partir da adeno-hipófise. O polipeptídio pancreático é um
peptídeo com 36 aminoácidos que inibe a secreção de somatostatina. O
polipeptídio pancreático também inibe a secreção de enzimas pancreáticas e
bloqueia a secreção de bile por inibir a contração da vesícula biliar.
Sua função é conservar enzimas digestórias e bile entre as refeições. A
colecistocinina estimula a liberação do polipeptídio pancreático.
Os tipos celulares nas ilhotas de Langerhans podem ser identificados ( 1 ) por
imunocitoquímica, usando anticorpos específicos para cada produto celular; (2)
por microscopia eletrônica, para distinguir o tamanho e a estrutura dos
grânulos de secreção; (3) pela distribuição celular na ilhota. As células B
localizam-se centralmente e são cercadas pelos outros tipos de células.

➢ Vascularização da ilhota pancreática

O componente vascular da ilhota pancreática, é o sistema porta insulo acinar, formado


por uma arteríola aferente que dá origem a uma rede de capilares revestidos
por células endoteliais fenestradas. Vênulas que saem das ilhotas de Langerhans
fornecem sangue aos ácinos pancreáticos adjacentes. Este sistema porta possibilita a
ação local de hormônios insulares sobre o pâncreas exócrino.
Um sistema vascular independente, o sistema vascular acinar, fornece sangue
diretamente aos ácinos do pâncreas exócrino.

Referências bibliográficas

1. Gartner, E. L. Tratado de Histologia em cores. 4ta Ed. Elsevier, 2017.


2. Hiatt, J., L., Gartner, L. Atlas colorido de Histologia. 6ª Ed. Guanabara Koogan,
2014.
3. Junqueira, L. C. e Carneiro, J. Histologia Básica. 13a. ed. Editora Guanabara
Koogan S. A. Rio de Janeiro, 2017.
4. Kierszenbaum, Abraham L. / Tres, Laura L. – Histologia e Biologia Celular:
uma introdução à Patologia. Rio de janeiro: Elsevier Editora Ltda, Tradução da
4ª edição, 2016.
5. Ross, M. & Pawlina, W. Histologia: Texto e Atlas. 7ª Ed. Guanabara Koogan.
Rio de Janeiro. 2017.

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