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5A contribuição de Vygotsky e da abordagem histórico-cultural para o ensino da língua escrita

Situação-problema

Nesta semana, iniciaremos nossos trabalhos com duas questões que, muito frequentemente, costumam
chamar a atenção de cientistas (filósofos, psicólogos, antropólogos, sociólogos, historiadores etc.) e,
particularmente, preocupar os educadores:

Por que nós, os seres humanos, somos tão iguais e, ao mesmo tempo, tão diferentes?

Na prática da vida escolar, essa pergunta assume uma especificidade: por que alunos da mesma série escolar,
mesma faixa etária, mesma classe social, do mesmo bairro, falantes da mesma língua e com a mesma trajetória
de escolaridade, sendo submetidos às mesmas aulas pelos mesmos professores alcançam resultados tão
diferentes? Em outras palavras, como explicar os diferentes desempenhos dos estudantes que vivem nas
mesmas condições?

Como o desenvolvimento e a aprendizagem se relacionam?

Na prática escolar, essa pergunta dá origem a muitos outros questionamentos: como se dá o processo de
aprendizagem? Qual é o papel da Escola? Como conduzir o ensino? Quando a criança começa a aprender a ler
e escrever? Como e quando devemos ensinar a ler e escrever?

Pense nesses problemas. Que respostas você daria para cada um dos questionamentos? Qual é a relação entre
os dois aspectos?

Introdução e Objetivos

Com a proposta de estudar os grandes autores que mudaram (e marcaram) as concepções sobre o ensino da
língua escrita, nesta semana vamos conhecer mais um personagem marcante: Lev Vygostky. Na passagem do
século XIX para o século XX, os estudos desenvolvidos por esse psicólogo bielo-russo e seus colaboradores
trouxeram uma imensa contribuição para os campos da Literatura, Linguística, Psicologia, Educação, Educação
Especial, Arte, Filosofia, entre outros. Apesar de ter falecido com apenas 37 anos, seus trabalhos mudaram
paradigmas e abriram novas perspectivas de investigação científica.

O objetivo deste módulo é compreender a contribuição de Vygotsky para a Educação e, particularmente, para
o ensino da língua escrita. Ao tomar contato com o seu pensamento, é impossível não ficar surpreso com a
atualidade de suas propostas.

Em síntese

Depois de ter conhecido a “guerra dos métodos de alfabetização”, na qual os educadores buscavam o método
ideal para ensinar a ler e escrever, deve ter ficado claro a ineficiência de propostas fechadas e inflexíveis para
garantir essa aprendizagem. Uma nova frente de ideias revolucionou o campo de Pedagogia da Alfabetização,
evidenciando a importância de se considerar a realidade sociocultural dos estudantes. Nessa linha de trabalho,
apoiados pelo paradigma marxista, dois autores foram o foco de nossos estudos. O brasileiro Paulo Freire
insistiu na necessidade de trazer o mundo para a sala de aula, ou seja, de fazer da escola um campo de
conscientização sobre a realidade. Vygotsky, por sua vez, chamou a atenção para a dimensão sociocultural do
conhecimento: as pessoas aprendem na relação com os outros, em um dado contexto histórico, valendo-se
principalmente da linguagem, que é um poderoso instrumento de mediação e organização do pensamento.
Para ele, a partir de práticas interativas, o sujeito aprende, e isso alavanca todo o seu desenvolvimento. No
caso da língua escrita, o amadurecimento das funções simbólicas (através das brincadeiras e do desenho)
prenuncia a descoberta da escrita quando as crianças se dão conta de que é possível “desenhar a fala”. Assim,
a melhor forma de se alfabetizar é dar sentido ao ler e escrever, despertando no sujeito o desejo da língua
escrita. No seu modo de dizer, é preciso ensinar a língua, e não apenas a escrita das palavras.

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