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Doutrina Social da Igreja

A família

A família na Bíblia Jesus e a família


A importância e a centralidade da família, em Jesus nasceu e viveu em uma família concreta
vista da pessoa e da sociedade, é repetidamente acolhendo todas as características próprias desta
sublinhada na Sagrada Escritura. vida e conferiu uma excelsa dignidade ao instituto
matrimonial, constituindo-o como sacramento da
[1] Não é bom que o homem esteja só; [2] O casal
nova aliança (cf. Mt 19,3-9).
constitui a primeira forma de comunhão de
pessoas; Uma só carne; [3] sede fecundos e Nesta perspectiva, o casal encontra toda a sua
multiplicai-vos, enchei a terra. dignidade e a família, a sua própria solidez.
A família delineia-se, no desígnio do Criador, A Igreja e a família
como lugar primário da “humanização” da pessoa Iluminada pela luz da mensagem bíblica, a Igreja
e da sociedade e berço da vida e do amor. considera a família como a primeira sociedade
A Bíblia na família natural, titular de direitos próprios e originários, e
a põe no centro da vida social;
Na família se aprende a conhecer o amor e a
fidelidade do Senhor e a necessidade de Relegar a família a um papel subalterno e
corresponder-lhe; secundário, excluindo-a da posição que lhe
compete na sociedade, significa causar um grave
Os filhos aprendem as primeiras e mais decisivas
dano ao autêntico crescimento do corpo social
lições da sabedoria prática com que são conexas
inteiro.
as virtudes.
Um dom: nascer
A família é importante e central em relação à pessoa. Neste berço da vida e do amor, o homem nasce e
cresce: quando nasce uma criança, à sociedade é oferecido o dom de uma nova pessoa, que é chamada,
desde o seu íntimo, à comunhão com os outros e à doação aos outros.
Na família, portanto, o dom recíproco de si por parte do homem e da mulher unidos em matrimônio cria um
ambiente de vida no qual a criança pode nascer e desenvolver as suas potencialidades, tornar-se consciente
da sua dignidade e preparar-se para enfrentar o seu único e irrepetível destino.
Aprender a ser pessoa
A primeira e fundamental estrutura a favor da “ecologia humana” é a família, no seio da qual o homem
recebe as primeiras e determinantes noções:
[1] Acerca da verdade e do bem;
[2] Aprende o que significa amar e ser amado;
[3] E, conseqüentemente, o que quer dizer, em concreto, ser uma pessoa
Comunhão e Comunidade
A família, comunidade natural na qual se experimenta a sociabilidade humana, contribui de modo único e
insubstituível para o bem da sociedade.
A comunidade familiar nasce da comunhão das pessoas. A “comunhão” diz respeito à relação pessoal entre
o “eu” e o “tu”.
A “comunidade”, pelo contrário, supera este esquema na direção de uma “sociedade”, de um “nós”.
A família, comunidade de pessoas, é, pois, a primeira “sociedade” humana
A família é uma “medida”
Uma sociedade à medida da família é a melhor garantia contra toda a deriva de tipo individualista ou
coletivista, porque nela a pessoa está sempre no centro da atenção enquanto fim e nunca como meio.
É de todo evidente que o bem das pessoas e o bom funcionamento da sociedade, portanto, estão
estreitamente conexos com uma feliz situação da comunidade conjugal e familiar.
Sociedade para família A centralidade da família
Há que se afirmar a prioridade da família em A família não é, portanto, para a sociedade e para
relação à sociedade e ao Estado. A família, de o Estado; antes, a sociedade e o Estado são para a
fato, ao menos na sua função procriadora, é a família.
condição mesma da sua existência. Todo modelo social que pretenda servir ao bem do
Nas outras funções a favor de cada um dos seus homem não pode prescindir da centralidade e da
membros ela precede, por importância e valor, as responsabilidade social da família. A sociedade e
funções que a sociedade e o Estado também o Estado, nas suas relações com a família, têm o
devem cumprir dever de ater-se ao princípio de subsidiariedade.

Princípio da Subsidiariedade
Em força de tal princípio, as autoridades públicas não devem subtrair à família aquelas tarefas que pode bem
perfazer sozinha ou livremente associada com outras famílias;
Por outro lado, as autoridades têm o dever de apoiar a família, assegurando-lhe todos os auxílios de que ela
necessita para desempenhar de modo adequado a todas as suas responsabilidades

O fundamento da família
A família tem o seu fundamento na livre vontade dos cônjuges de unir-se em matrimônio, no respeito dos
significados e dos valores próprios deste instituto, que não depende do homem, mas do próprio Deus;
No intuito do bem, seja dos esposos como da prole e da sociedade, esse vínculo sagrado não depende do
arbítrio humano. Mas o próprio Deus é o autor do matrimônio, dotado de vários valores e fins.

Natural e Divino que a doação recíproca definitiva exige; a


fecundidade à qual ela naturalmente se abre.
O instituto do matrimônio não é portanto uma
criação devida a convenções humanas e a União e Procriação
imposições legislativas, mas deve a sua O matrimônio, na sua verdade objetiva, está
estabilidade ao ordenamento divino. ordenado à procriação e à educação dos filhos. A
É um instituto que nasce, mesmo para a sociedade, união matrimonial, de fato, leva a viver em
do ato humano com o qual os cônjuges se dão e plenitude aquele dom sincero de si, cujo fruto são
recebem mutuamente e se funda sobre a mesma os filhos, por sua vez dom para os pais, para a
natureza do amor conjugal que, enquanto dom família toda e para toda a sociedade.
total e exclusivo, de pessoa a pessoa, comporta um O matrimônio, porém, não foi instituído
compromisso definitivo expresso com o
unicamente em vista da procriação: o seu caráter
consentimento recíproco, irrevogável e público. indissolúvel e o seu valor de comunhão
permanecem mesmo quando os filhos, ainda que
vivamente desejados, não chegam a completar a
O amor humano
vida conjugal.
Nenhum poder pode abolir o direito natural ao
matrimônio nem lhe modificar as características e O amor e o amar
a finalidade. O matrimônio, com efeito, é dotado O amor faz com que o homem se realize através
de características próprias, originárias e do dom sincero de si: amar significa dar e receber
permanentes. aquilo que não se pode comprar nem vender, mas
apenas livre e reciprocamente oferecer.
O matrimônio tem como traços característicos: a
totalidade, em força da qual os cônjuges se doam Graças ao amor, realidade essencial para definir o
reciprocamente em todas as componentes da matrimônio e a família, toda pessoa, homem e
pessoa, físicas e espirituais; a unidade que os torna mulher, é reconhecida, acolhida e respeitada na
uma só carne; a indissolubilidade e a fidelidade sua dignidade.
Encontro de gerações
O amor se expressa também mediante uma pressurosa atenção para com os anciães que vivem na família: a
sua presença pode assumir um grande valor. Eles são o exemplo de conexão entre as gerações, uma riqueza
para o bem-estar da família e de toda a sociedade.
Os anciães constituem uma importante escola de vida, capaz de transmitir valores e tradições e de favorecer
o crescimento dos mais jovens, os quais desse modo aprendem a buscar não somente o próprio bem, mas
também o de outrem.
Dom e Tarefa
É tarefa da comunidade cristã e de todos aqueles que tomam a peito o bem da sociedade reafirmar que a
família constitui, mais do que uma unidade jurídica, social e econômica, uma comunidade de amor e de
solidariedade, insubstituível para o ensino e a transmissão dos valores culturais, éticos, sociais, espirituais e
religiosos, essenciais para o desenvolvimento e o bem-estar dos próprios membros e da sociedade.

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