“O coelho”
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1. Caracterização da Produção Cunícola
As primeiras referências históricas ao coelho são feitas pelos Fenícios que cerca de
1000 anos antes de Cristo o encontram em expedições que realizam ao norte de África e
à Península Ibérica.
A Península Ibérica parece ter sido o principal local de difusão do coelho para as
restantes partes da Europa. Esta difusão ter-se-á dado de modo natural para o Sul de
França mas em muitos casos terá sido realizado pelo homem, nomeadamente pelos
Romanos. Os Romanos levaram o coelho para diversas regiões do seu Império onde o
criava em cativeiro para depois o soltarem e caçarem. Provavelmente, alguns animais
ter-se-ão escapado do cativeiro e contribuído para a disseminação da espécie com a
criação de populações selvagens em diferentes locais da Europa. Todavia, a plena
domesticação do coelho só terá sido realizada no século V ou VI por acção de algumas
ordens religiosas Francesas, pelo que foi uma das últimas espécies animais a ser
domesticada.
Desde a idade medieval até ao século XVIII a criação do coelho foi difundida pelo
homem em toda a Europa. Explorações mantidas na maior parte dos casos por pessoas
de classes mais abastadas, eram então relativamente frequentes. A tradição Romana de
criar e utilizar o coelho como animal de caça foi mantida, o que contribuiu para a sua
introdução em novos territórios. Por exemplo, foi deste modo que os Normandos
introduziram o coelho em Inglaterra no século XII e que os Ingleses o introduziram na
Austrália e na Nova Zelândia no século XIX.
Em diversas ocasiões ao longo dos tempos animais domesticados que, de um modo
ou outro, escaparam do cativeiro deram origem a populações de coelhos selvagem. No
século XIV em França estas populações multiplicaram-se rapidamente e provocaram
grandes estragos na agricultura e desequilíbrios ecológicos. Estes problemas foram
particularmente graves em regiões onde não havia predadores naturais do coelho. Por
exemplo, a população de coelho selvagem na Ilha de Porto Santo do arquipélago da
Madeira, com origem em animais domésticos introduzidos pelos Portugueses,
multiplicou-se de tal maneira que os seus habitantes tiveram que abandonar a ilha em
1420. Também na Austrália coelhos introduzidos pelos Ingleses deram origem a uma
população selvagem que se tornou uma verdadeira praga nos princípios do século XIX,
provocando grandes prejuízos na agricultura. Esta praga só foi parcialmente controlada
nos anos 50 com a introdução deliberada da doença mixomatose, com o fim de eliminar
coelhos.
Até ao início de século XX a maior parte dos criadores de coelho dispunha apenas
de algumas fêmeas reprodutoras e de animais em crescimento que iam abatendo e
consumindo em função das necessidades do seu agregado familiar. A alimentação
destes animais consistia principalmente em forragens verdes, e em feno, beterraba e
cereais no Inverno e no Verão quando a alimentação era mais escassa. A criação era
extensiva obtendo-se duas ou três ninhadas por ano. A pele era utilizada com
frequência. Havia também alguns criadores que criavam coelhos para a sua exibição.
No século XX, inicia-se a racionalização da produção cunícola com o
aparecimento de jaulas individuais para os reprodutores adultos e a criação dos animais
em crescimento em grupos onde os machos eram castrados.
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Nos anos 50 do século XX é introduzida a jaula metálica e dá-se a difusão das
raças Neozelandesa e Californiana originárias dos Estados Unidos da América. Coelhos
adultos destas raças apresentavam a vantagem de se adaptarem bem às jaulas com rede
metálica enquanto animais de outras raças tradicionais europeias tinham com frequência
problemas de patas. Nesta década inicia-se também a utilização de alimentos
compostos. É também a partir desta altura que aparecem as doenças relacionadas com a
produção intensiva (enterite mucóide, problemas respiratórios, etc.) e a redução da
frequência de doenças relacionadas com idade do animal, etc.).
Após os anos 50 do século XX foram feitos melhoramentos sucessivos na
produção com jaulas. Estas foram colocadas no interior de pavilhões, estudou-se e
melhorou-se a concepção das jaulas, generalizou-se a utilização de sistemas de
ventilação e a iluminação dos pavilhões, etc. A intensificação da produção então
verificada teve como consequência a redução da idade do desmame das 8 semanas de
idade (desmame natural) para 4 a 5 semanas. Provocou-se também a intensificação da
reprodução com cobrição após parto.
Ainda que o sector da produção intensiva seja o sector da produção cunícola que
apresentou maior dinamismo, paralelamente continuou a haver um sector tradicional de
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pequena dimensão que em alguns casos utiliza meios idênticos aos utilizados pela
cunicultura do início do século XX mas que em outros casos beneficiou dos avanços
introduzidos na produção intensiva (jaulas em rede, animais seleccionados, alimentos
compostos, etc.)
Embora nos dias de hoje, a cunicultura seja realizada na maior parte dos casos com
objectivo de produzir carne, existem um número crescente de explorações em que o
objectivo é a produção de peles ou a produção de pêlo. Nestes casos as técnicas de
maneio são especificamente e as raças do coelho utilizadas são especializadas nestas
produções (Adaptado de SANDFORD, J.C. 1992, 1994).
Quadro 1
Produção de carne de coelhos nas diversas regiões do mundo (Adaptado de COLIN e
LEBAS, 1996).
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Três quartos da produção mundial da carne de coelho são assegurados pela
China, Itália, França e Espanha. A China com uma produção entre 300 e 400 mil
toneladas é o maior produtor mundial. Esta produção, realizada sobretudo em pequenas
explorações, tem mostrado nos últimos anos forte crescimento.
Com uma produção de 300 mil toneladas de carne de coelho em 2001, das quais
221 mil toneladas são provenientes do sector intensivo da Itália é o primeiro produtor de
europeu e segundo mundial. A produção é garantida sobretudo por explorações
intensivas de grande dimensão (400 a 1000 fêmeas). No total há cerca de 8000
cuniculturas em Itália que representam 10 000 postos de trabalho. O coelho é abatido
por volta dos 84 dias de idade (abate tardio) com 2,6 kg de peso vivo (1,6 kg de
carcaça), embora haja variações regionais nestes parâmetros. As exportações
representam apenas 1% da produção.
A Espanha com 135 mil toneladas de carne de coelho em 2001 é segundo
produtor europeu, tendo a sua produção mostrado um forte crescimento nos últimos 20
anos. A região da Catalunha representa cerca de um terço desta produção. A Espanha
exporta cerca de 5% da sua produção, sobretudo para Portugal e França (Adaptado de
COLIN M., 2000).
Quadro 2
Produção e consumo de carne de coelho em diversos países.
Consumo Produção
Produção Produção
País Ano kg / racional
103 ton rural (%)
habitante (%)
Argentina 1999 7 0,2
Alemanha 1996 30 0,44 50 50
Bélgica 1996 22 2,2 75 25
Brasil 1999 3 0,02
China 1996 409 0,3 58 42
Dinamarca 1999 0,7
Espanha 1999 135 2,75 66 34
França 1996 120 2,1 67 33
Grécia 1999 0,3
Holanda 1999 0,9
Hungria 1996 10 0,13 25 75
Itália 1999 300 5,3 83 17
Malta 1999 8,3
Portugal 1999 22 2 20 80
Republica
1999 38 3,8
Checa
Rússia 1996 90 0,65 33 67
USA 1996 17 0,07 58 42
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No conjunto os países da Comunidade Europeia (CE) são responsáveis por cerca
de 50% da produção mundial da carne de coelho, produzido a Itália, a França, a
Espanha e Portugal cerca de 85% da produção comunitária. A produção cunícola na CE
é assim uma actividade essencialmente da zona mediterrânea (Quadro 2). A comunidade
Europeia é praticamente auto-suficiente na carne de coelho, importando apenas 5% das
suas necessidades. Estas importações representam cerca de 80% das importações
mundiais de carne de coelho, sendo os seus principais fornecedores a China, a Hungria e
a Polónia.
O consumo de carne de coelho tem importância diferente nas diversas regiões do
mundo, o que reflecte a sua produção, atingindo cerca de 2 kg per capita na Europa
Ocidental e apenas 30 gramas per capita na Oceânia. Para além da Europa Ocidental,
distinguem-se no consumo de carne de coelho a Europa Oriental (1,04 kg per capita) e
o Norte de África (0,55 kg per capita).
O consumo per capita de carne de coelho na Comunidade Europeia é próximo
de 1,6 kg, verificando-se os maiores valores em Itália (5,3 kg), Espanha (2,8 kg), França
(2,1 kg), e Portugal (2 kg), e os menores valores nos países do Norte da Europa. O
consumo médio europeu tem mostrado nos últimos anos tendência para a estabilização.
Todavia, existe propensão para crescimento em Itália, Espanha e Portugal e para a
diminuição em França (Adaptado de BRAINE, e MAGDELEINE, 2001).
1975 a 1980
1981 a 1985
Grande parte das explorações intensivas instaladas nos anos anteriores faliu
neste período. Das explorações existentes ficaram apenas cerca de uma dezena. Para isto
contribuíram as causas já apontadas e a falta de infra-estruturas de apoio à produção
(comercialização, abate, etc.). Em 1985 apenas cerca de 5% da carne de coelho
produzida em Portugal era proveniente de explorações do tipo intensivo.
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Depois de 1985
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como Trás-os-Montes e Alto Douro, onde as explorações de coelhos de carne passaram
de três em 1990 para 34 em 2002 com um total de 21 mil fêmeas.
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loucas (BSE) ou a diminuição muito acentuada do preço da carne de coelho tem
actuado como incentivos ao consumo desta carne.
Baixa produtividade devida à existência de um grande número de produtores que
utilizam animais de baixo valor genético e a problemas sanitários.
Sazonalidade da produção. A produção do coelho de carne ainda está muito
dependente das condições ambientais, o que provoca quedas bruscas nos preços
ao produtor nas épocas de maior oferta.
Rentabilidade baixa da produção intensiva devido a baixos preços da carne, à
exigência de mão-de-obra muito qualificada e a sistemas de exploração onde a
mecanização é difícil.
Problemas estruturais no abate e distribuição devidos à existência de pequenas
industrias com dificuldade na transformação e levam à incapacidade do sector se
adaptar a novas exigências do consumidor (carne mal desossada, coelho em
partes, pratos pré-cozinhados, etc.) e à falta de normalização do produto final. A
venda do coelho em partes representa menos de 10% do total.
Problemas na comercialização. O comércio tradicional (talhos, charcutarias)
ainda representa a mais importante forma de venda ao público de coelho, sendo
esta sobretudo na forma de carcaça de coelho. Os circuitos mais modernos de
distribuição, como supermercados que estimulam mais o desenvolvimento de
novas formas de apresentação e transformação do coelho, embora tenham uma
representação crescente, ainda são minoritários.
Os nichos de mercado que fazem a promoção da proveniência do coelho e da sua
qualidade (“Coelho do campo”) são praticamente inexistentes.
O sector da produção cunícola encontra-se desunido com poucas e pequenas
associações que não se coordenam entre si (Adaptado de PINHO, J. M. M. S.
1992).
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Quadro 3
Distribuição das explorações por área geográfica de Trás-os-Montes (Adaptado de
PINHEIRO, 2002)
Nº de % das Fêmeas % de
Distrito Concelho
explorações explorações instaladas fêmeas
Bragança 3 8,8 2190 10,4
C. Ansiães 1 2,9 400 1,9
Mirandela 2 5,9 2360 11,2
Bragança
Mogadouro 2 5,9 670 3,2
T. Moncorvo 2 5,9 920 4,4
Vinhais 1 2,9 330 1,6
Boticas 3 8,8 1470 7,0
Chaves 3 8,8 1600 7,6
Montalegre 6 17,6 3380 16,1
Vila Real Sabrosa 1 2,9 750 3,6
Valpaços 2 5,9 750 3,3
V.P. Aguiar 4 11,8 4220 20,0
Vila Real 4 11,8 2065 9,8
TOTAL 34 21105
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Quadro 4
Parâmetros de produtividade das explorações de Trás-os-Montes e Alto Douro
em 2002 (adaptado de PINHEIRO, 2002)
2. Caracterização do Coelho
Quadro 5
Constantes fisiológicas do coelho adulto
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A domesticação do coelho selvagem provocou algumas alterações no animal. O coelho
doméstico é cerca de 4 vezes mais pesado que o selvagem, o seu cérebro diminuiu de
peso, os olhos são menores, o peso do esqueleto em relação ao peso vivo é cerca de
20% superior e o coração é proporcionalmente menor. As orelhas são menores e a
forma do corpo e as cores e textura da pelagem alteram-se. Constata-se também um
aumento da fecundidade e da fertilidade. O coelho tornou-se menos medroso e tímido.
A sua domesticação recente é evidente no facto de ser dotado de uma glândula supra-
renal bastante desenvolvida, possuir um carácter extremamente ansioso e ser muito
sensível aos factores de stress, exigindo condições especiais do meio ambiente e da
alimentação.
O coelho adulto tem, aproximadamente, entre 40 e 45 cm de comprimento entre
as extremidades do focinho e da cauda. A cabeça é redonda mas a cara é ligeiramente
alargada. O focinho ou nariz é pequeno e está inserido numa pequena zona da pele sem
pelos e húmida, chamada rhinarium. A boca, relativamente larga, é limitada pelos
lábios. O lábio superior está fendido na sua parte frontal. A zona da cara situada à volta
da boca possui pêlos finos e compridos, que também se encontram em torno dos olhos.
Os olhos do coelho são grandes e estão colocados lateralmente. As pupilas,
muito proeminentes, têm um campo de visão de 360º. O coelho tem três pálpebras: uma
superior, uma inferior, e uma terceira que pode ser fechada para proteger o córnea
durante uma luta ou frente a uma nuvem de poeira. Só as pálpebras superiores e inferior
têm pestanas.
A característica mais evidente da cabeça do coelho é ter longas orelhas, que
possuem um forte suporte cartilaginoso. Os vasos sanguíneos situados na periferia das
orelhas são visíveis e são um lugar privilegiado para as injecções ou para recolher
sangue. Em condições normais as orelhas permanecem duras e erectas. Quando o coelho
corre, luta ou tem medo, as orelhas baixam-se e o seu eixo principal alinha-se com as
linhas do corpo, oferecendo um alvo menor ao perigo. A cabeça está separada do corpo
por um pescoço curto, visível apenas quando está distendido.
O tórax ou peito está separado do abdómen pelo diafragma. Dentro da cavidade
torácica, protegidos pelas costelas estão o coração e os pulmões. O abdómen tem uma
parede muscular, que protege os órgãos que contem no seu interior, como os do
aparelho digestivo.
A coluna vertebral é constituída por sete vértebras cervicais (pescoço) sendo a
primeira o atlas que suporta a cabeça, doze vértebras torácicas que suportam as 12
costelas (só as 9 primeiras costelas estão unidas ao externo para formar a caixa
torácica), sete vértebras lombares (lombo) que são seguidas pelo sacro. Este último
resulta da fusão de quatro vértebras sacras e suporta a pélvis. Depois há 15 vértebras
coccígeas, formando as últimas 10 as cauda. A coluna vertebral está unida ao restante
esqueleto do coelho nos ombros pelas omoplatas e na cintura pela pélvis.
Os membros dianteiros do coelho são de estrutura fina. Quando o coelho está
encolhido os membros dianteiros mantêm-se ligeiramente dobrados pelo cotovelo
colocados por baixo do peito. As patas dianteiras têm cinco dedos, sendo usadas como
auxiliares na locomoção, a esgravatar o chão ou como arma secundárias na luta.
Os membros posteriores do coelho são grandes e fortes. Têm um papel
importante especialmente durante a corrida. Os membros posteriores também são
usados pelo coelho selvagem quando escava a sua toca, para atirar para trás a terra que
ao escavar acumulou atrás do seu corpo. As suas patas posteriores estão equipadas com
os quatro dedos longos e poderosos, armados com garras fortes e agudas. Durante a luta,
o coelho prende o adversário e utiliza as patas traseiras para o agredir.
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A cauda do coelho é muito curta e permanece recolhida junto dos seus membros
posteriores. A cauda é coberta por uma pele lisa e densa é usada como de meio de
sinalização, especialmente pela fêmea.
As massas musculares mais importantes do coelho encontram-se na parte
traseira, no lombo e coxas. Estas massas são formadas por músculos esqueléticos que
asseguram o movimento do animal. O músculo longissimus dorsi é o que tem maior
massa cárnica. A carne de coelho tem elevado valor dietético para o consumo humano,
devido ao elevado teor em proteína e ferro e baixos teores em gordura, em colesterol e
em valor energético quando comparada com carne de outros animais (Quadro 6).
Quadro 6
Composição da carne de coelho e de outras espécies de animais.
Peso da Composição da carne
carcaça Proteína Gordura Colesterol Energia Ferro
(kg) % % mg/100g Kcal/100g mg/100g
Novilho 200 a 300 15 a 21 12 a 19 14 250 2,8
Porco 70 a 80 12 a 16 30 a 38 10 290 1,7
Coelho 1 a 1,3 19 a 25 3a6 4a5 160 a 200 3,5
Frango 1,3 a 1,5 12 a 18 9 a 10 9 150 a 195 1,8
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desenvolvem-se rapidamente, duplicando o peso de nascimento ao fim de 6 a 7 dias e
quadruplicando-o em 12 dias.
A coelha pode ter diversos partos por ano. Dependendo do ritmo de reprodução
utilizado e das taxas de fertilidade das cobrições, o número de partos por coelho e por
ano pode variar entre 2 ou 3 nos sistemas mais tradicionais até 7 nos sistemas mais
intensivos.
Quadro 7
Quantidade de carcaça produzida por reprodutora de diversas espécies animais.
Peso
Peso
vivo
Peso vivo
total Peso
vivo das Rendimento kg carcaça
Nº de crias das total de
Espécie da crias em carcaça produzido/k
abatidas/ano crias carcaça/
fêmea ao (%) g fêmea
ao fêmea
(kg) abate
abate
(kg)
(kg)
Vaca 600 1 500 500 55 275 0,5
Porca 200 15 110 1650 78 1287 6,4
Coelha 4,5 40 2,3 92 63 58 12,9
Galinha 3 100 2 200 65 130 43,3
Reino – Animal
Sub-reino – Metazoários
Filo – Vertebrados
Classe – Mamíferos
Sub-classe – Placentários
Ordem – Roedores
Sub-ordem – Duplicidentada
Família – Leporídeos
Género – Cryptolagus (Lepus cuniculus)
Espécie – Coelho
Podemos encontrar três tipos diferentes de raças de coelho. As raças obtidas por
selecção artificial a partir de animais que descendiam directamente do coelho selvagem,
como é o caso das raças Fulvo da Borgonha, Prateado de Champanhe, Neozelandês
Branco, as raças sintéticas obtidas por cruzamento ordenado de animais de diversas
raças como é o caso da Californiana e as raças mendelianas obtidas por fixação de
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carácter novo, com determinação genética simples e resultante de uma mutação, como é
o caso das raças Angorá, Castorex, Satin, etc. As raças do coelho também podem ser
divididas em função da sua aptidão produtiva em raças para produção de carne, raças
para produção de peles e raças para produção de pêlo.
Gigante da Flandres
O coelho da raça Gigante da Flandres (Figura 2), originário da Bélgica, tem pêlo
cinzento lebre, embora possam existir outras tonalidades. A pele é lisa e densa. É um
animal relativamente precoce e rústico, pesando o macho 5 a 7 kg e a fêmea entre 6 e 9
kg. O seu corpo é grande e longo, constituído por uma forte ossatura e massas
musculares possantes. O seu tronco é uniformemente largo e profundo. Quando visto de
trás tem uma forma rectangular, com cantos arredondados. O peito é largo e o dorso e as
coxas pouco salientes.
Figura 2
Coelho Gigante da Flandres
(Adaptado de WWW.GOOGLE.PT)
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2.1.1.2. Raças Médias
O coelho de raça média tem peso adulto que se situa entre 3,5 e 5 kg. A maior
parte das populações ou estirpes de coelhos utilizados na produção intensiva derivam de
raças médias.
Raça Californiana
Figura 3
Coelho da raça Californiana
(Adaptado de WWW.GOOGLE.PT)
Figura 4
Coelho da raça Neozelandesa
(Adaptado de WWW.GOOGLE.PT)
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Os coelhos da raça Neozelandesa são precoces, pesando 1,8 a 2 kg com 8 a 10
semanas de idade e produzem carne de qualidade. Possuem o corpo bem desenvolvido,
compacto comprimento médio, largo e profundo. As costelas são bem arqueadas, o
dorso, a cauda e a garupa estão bem cheios de músculos. A carcaça tem um bom
rendimento em carne. As fêmeas são mansas, prolíficas e boas mães.
Fulvo da Borgonha
Figura 5
Coelho da raça Fulvo da Borgonha
(Adaptado de WWW.GOOGLE.PT)
São animais compridos com boa conformação corporal, ossatura forte, caixa
torácica ampla, espáduas bem desenvolvidas, musculatura possante e firme, dorso,
cauda e garupa bem cheios de músculos e que produzem carcaças com um bom
rendimento em carne e com carne de boa qualidade. O coelho Fulvo da Borgonha é
rústico, precoce e fácil de criar. As fêmeas apresentam boa prolificidade.
Prateada de Champanhe
O padrão dos raça Prateada de champanhe (Figura 6) foi fixada em 1912, sendo
referida desde os meados do século XVII. Os animais Prateada de Champanhe possuem
pelagem densa e longa com uma cor azulada. Os dois sexos atingem pesos de 4,5 a 5
kg. Têm boa conformação corporal com um corpo redondo e maciço, com a
musculatura compacta, possante e bem desenvolvida. Permitem obter um bom
rendimento em carcaça. A aparência é vivaz. A velocidade de crescimento é média.
Figura 6
Coelho da raça Prateada de Champanhe
(Adaptado de WWW.GOOGLE.PT)
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2.1.1.3. Raças Ligeiras
O coelho adulto de raças ligeiras tem peso corporal entre 2,5 e 3,5 kg. Tem um
desenvolvimento corporal precoce, boas aptidões maternas mas as suas características
reprodutivas, particularmente a prolificidade, são variáveis. A raça mais utilizada é a
Pequeno Russo.
Pequeno Russo
Figura 7
Coelho da raça Pequeno Russo
(Adaptado de WWW.GOOGLE.PT)
Os coelhos Angorá (figura 8) são criados em França desde o século XIII, sendo a
região de Bordéus o berço do seu desenvolvimento (Figura 7). A raça Angorá é única
raça de coelhos criada para a produção de pêlo, tendo o seu nome sido atribuído por o
seu pêlo ter uma textura próxima do pelo da cabra Angorá, utilizada para confeccionar
mohair. Actualmente existem numerosas variedades de coelhos da raça Angorá
espalhadas por todo o mundo, sendo as mais importantes a francesa e a alemã.
A raça Angorá resultou de uma mutação monogénica autossómica recessiva que
permite um crescimento anormal do pêlo. Em geral, os animais são albinos e o pêlo
branco pode atingir 12 a 15 cm de comprimento. Os animais adultos pesam entre 5 a 5,5
kg.
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Figura 8
Coelho Angorá
(Adaptado de WWW.GOOGLE.PT)
O coelho pode ser criado com a finalidade principal de produzir peles. Com este
fim foram seleccionadas diversas raças, sendo as com maior interesse as que possuem
pelagem do tipo rex, chinchila e satin.
O coelho da raça Chinchila (Figura 9), é o melhor representante dos animais
com pelagem de tipo chinchila, embora esta pelagem possa estar presente noutras raças.
A pelagem destes coelhos tem uma tonalidade cinza luminosa com um reflexo azulado
sobre um fundo mais escuro. O coelho Chinchila adulto pesa 2,5 a 2,75 kg.
Existem numerosas raças com pelagens rex, como raça Rex (3 kg de peso vivo
nos animais adultos), a Rex Fulva, a Castorex, etc., que têm pelagens de diferentes
cores. A pelagem rex resulta de uma mutação monogénica autossómica recessiva que
actua de modo inverso à mutação do coelho Angorá. Os pêlos dos coelhos com esta
mutação atingem apenas 1,2 cm de comprimento e dão um aspecto lustroso à pele.
A pelagem satin resulta da diminuição do diâmetro dos pêlos, originando pelos com
toque mais suave. A pelagem fica com aspecto acetinado acentuado pela relativa
transparência do invólucro dos pêlos, dando um brilho excepcional ao velo.
Figura 9
Coelho Chinchila
(Adaptado de WWW.GOOGLE.PT)
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2.1.4. Aplicação industrial
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2.1.5. Algumas raças exóticas
Figura 10
Alaska – Raça de Coelho
(Adaptado de WWW.GOOGLE.PT)
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País de origem: Inglaterra – raça pequena.
Idade adulto: 4 meses
Peso mínimo: 2,3 kg
Peso ideal: 3 kg
Peso máximo: 3,3 kg
CONFORMAÇÃO:
Cabeça: De tamanho regular em proporção ao corpo,
arredondada no macho e mais afilada na fêmea.
Olhos: escuros.
Orelhas: Tamanho médio, em proporção ao corpo,
arredondada no macho e mais afilada na fêmea
Tronco: Curto e cilíndrico.
Quarto posterior: Forma arredondada.
Cauda: Inserção vertical, colocada ao quarto posterior.
Membros: Bem aprumados e proporcionais.
Coloração da pele: Corpo e dorso de cor preta, com
reflexos brilhantes. Também a cabeça, orelhas e parte
superior do rabo, são pretas. Borda inferior do maxilar, ao
redor dos olhos, parte interna das orelhas (entre elas),
pescoço, peito ventre, parte inferior da cauda e patas são de
coloração amarelo avermelhado intenso. Na nuca, existe
uma cunha pequena, bem desenhada, de coloração amarela
avermelhada intensa, não devendo ultrapassar as espátulas.
Figura 12
Negro e Fogo – Raça de Coelho
(Adaptado de WWW.GOOGLE.PT)
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Cauda: Inserção vertical.
Papada: Nula nos machos e desenvolvida nas fêmeas.
Membros: Bem desenvolvidos, com aprumo e robustos.
Unhas: Brancas de tamanho proporcional.
Cor do pêlo: Branco-neve.
Pelagem: Densa, pelo fino, delicado e lustroso, deve voltar
rapidamente a posição normal quando tocado ao contrário.
Figura 13
Gigante de Bouscat – Raça de Coelho
(Adaptado de WWW.GOOGLE.PT)
Figura 14
Azul de Viena – Raça de Coelho
(Adaptado de WWW.GOOGLE.PT)
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2.1.6. Raça portuguesa
Coelho-bravo
Oryctolagus cuniculus
É um animal de hábitos nocturnos e crepusculares, embora possa ser visto durante o dia
quando não há interferência humana. Vive em colónias, que, em caso de densidades
elevadas, podem atingir os 20 indivíduos. O coelho reproduz-se quase todo ano, embora
seja mais activo entre Março e Maio. Com um período de gestação de apenas 28/33
dias, cada fêmea tem três a sete ninhadas por ano, produzindo cada ninhada entre duas a
sete crias, cegas, surdas e sem pêlo, que, ao fim de 3,5 meses no caso das fêmeas e 4
meses no caso dos machos, já estão aptas a reproduzir. Tem uma longevidade máxima
de nove anos (Adaptado de WWW.GOOGLE.PT).
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3. Características Reprodutivas do Coelho
3.1. Macho
Fase infantil
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concentração de LH é alta no nascimento mas logo após desce rapidamente, mantendo-
se baixa até ao fim da fase infantil
Fase pré-pubere
Fase adulta
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3.1.3. Actividade Reprodutiva do Coelho
Ritmo de cobrição
Preparação do macho
Estação do ano
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mínimos no fim do verão e no início do Outono quando o fotoperíodo é decrescente e a
temperatura elevadas. Variações no comprimento total dos testículos na bolsa escrotal,
são um bom indicador do estado reprodutivo do coelho.
A sazonalidade da actividade reprodutiva do coelho deve-se sobretudo aos
efeitos do fotoperíodo na libertação da hormona de libertação das gonadotropinas. No
coelho selvagem há variações sazonais muito marcadas na secreção desta hormona,
ocorrendo os valores mais baixos do antes do solstício de inverno. Depois deste
solstício, a libertação da gonadotropina aumenta até cerca de um mês depois do solstício
de verão. O peso dos testículos sofre uma variação que acompanha as alterações da
libertação da GnRH. No coelho doméstico a variação sazonal da libertação da GnRH
não é tão acentuada, observando-se as maiores concentrações de Março a Junho e as
menores no Outono. Estas variações são também afectadas pelo clima local. Mesmo
quando os coelhos são mantidos com fotoperíodos constantes através de iluminação
artificial há alterações sazonais da libertação da GnRH, embora menos intensas.
Em explorações com luz totalmente artificial os melhores resultados são obtidos
com fotoperíodo constante de 8 a 10 horas. A exposição dos coelhos adultos a períodos
prolongados com fotoperíodo longos (16 horas ou mais) provoca uma regressão mais
intensa das gónadas e uma inibição da actividade reprodutiva.
Temperaturas elevadas (superiores) a 27ºC podem afectar a fertilidade do coelho
devido ao aumento do pH do sémen, alterações morfológicas e diminuição da
motilidade do esperma e da libido. Por este motivo no verão as cobrições devem ser
realizadas nas primeiras horas da manhã (das 6h às 9h). Quando as temperaturas
elevadas se fazem sentir durante períodos prolongados podem alterar a espermatogénese
e os seus efeitos negativos permanecerem até cerca de 60 dias após as condições de
stress (duração da espermatogénese). Os golpes de calor são também muito nocivos.
Alimentação
4. Fêmea
28
com uma borda fimbriada e recebe os oócitos logo depois da ovulação. A ampola,
porção tubular do oviduto que termina no istmo, é o loca de união do óvulo com os
espermatozóides. O útero é formado por dois cornos uterinos grandes e um colo uterino
curto, sendo do tipo duplex ou bicórneo. A vagina é o órgão copulador da fêmea.
29
4.3. Ciclo Sexual
Nas fêmeas dos bovinos, ovinos, suínos e outros mamíferos a ovulação ocorre
espontaneamente com intervalos regulares durante o período de cio ou estro. Pelo
contrário, a coelha não tem ciclo éstrico, com aparecimento regular de cio quando se dá
a ovulação espontânea.
Nesta fêmea a ovulação e consequente formação do corpo lúteo só se dão após o
estímulo da cópula. Na ausência desta a fêmea não ovula a mantém-se em estro durante
períodos mais ou menos longos.
Todavia, numerosas observações mostram a existência na coelha de alternância
entre períodos de estro, durante os quais aceita a cobrição, e de períodos de recusa. A
duração destes períodos é variável entre coelhas, podendo haver fêmeas com um
período receptivo de 28 dias seguido de um ou dois dias de recusa enquanto que outras
têm 2 dias receptivos seguidos de 4 semanas de recusa. Esta receptividade está
relacionada com o ciclo da maturação folicular e com o número de folículos pré-
ovulatório existentes nos ovários da coelha. (Adaptado de FUSI, A 1994).
5. Núcleo reprodutor
30
Temperamento – existem diferenças no temperamento dos animais de
diferentes raças e entre os diversos indivíduos. Por exemplo o coelho
neozelandês branco é mais tranquilo e manuseável do que o californiano. Deve-
se evitar para a produção de carne animais com temperamento muito nervoso e
de difícil maneio. Contudo, deve-se ter em atenção que um animal muito apático
engorda com facilidade, sendo pouco recomendável para a reprodução. O macho
deve possuir temperamento vivaz e libido bem vincada. A fêmea deve ter um
carácter tranquilo, sem timidez e nervosismo excessivos, dado que são
desfavoráveis no parto (abortos) e no cuidado da ninhada (abandono das crias,
canibalismo).
Nota: a escolha dos machos deve ser mais exigente que a das fêmeas, dado que se
encontram em menor número na exploração e que cada macho condiciona o rendimento
de uma descendência mais numerosa.
31
A relação macho/fêmea depende também do ritmo de reprodução utilizado na
exploração. A um maior ritmo deve sempre corresponder um menor número de fêmeas
para cada macho. Este número também deve ser diminuído nas épocas do ano em que a
fertilidade dos reprodutores é mais afectada, como acontece no Verão.
5.1.2.1.Recria
5.1.2.3.Factores
32
alterações morfológicas e do pH e diminuição da motilidade dos espermatozóides e da
libido dos machos.
Alimentação
5.1.3.1.Recria
O maneio das fêmeas destinadas à reprodução até aos 70 dias de idade é idêntico ao
dos animais de carne. Os animais são alojados em jaulas colectivas e alimentados ad
libitum. A esta idade, as fêmeas são separadas dos machos e até aos 3,5 meses de idade
deverão ser alojadas, de preferência, individualmente ou em grupos de 2 ou 3 coelhas.
Neste caso, 3 semanas antes da primeira cobrição, as fêmeas deverão ser alojadas
individualmente para evitar casos de pseudogestação. As reprodutoras escolhidas devem
ser inspeccionadas de novo às 16 semanas de idade e no momento da primeira cobrição.
33
crescimento e recria podem ser submetidas á primeira cobrição às 16 a 17 semanas de
idade.
Efeito da idade da primeira cobrição das fêmeas nulíparas nas causas da reforma
no primeiro ano de reprodução (Adaptado de LEBAS, 1974).
Causas de reforma das Idade ao 1º salto
fêmeas ao fim do 1º ano de (semanas)
produção (%) 16,5 19,5 22,5
5 Saltos infecundos 22 18 28
Mau estado físico 16 12 19
Malformações nas patas 16 12 3
Morte súbita da coelha 19 9 19
Outras causas 27 49 31
34
antecipação da sua reforma e à redução da idade do desmame (necessária para a
intensificação do ritmo de reprodução), aumenta a mortalidade dos coelhos em
crescimento e a incidência dos casos de mamites nas coelhas reprodutoras.
Parto 1 Parto 2
Cobrição 1 Cobrição 2
Figura 16
Ritmo de reprodução extensivo.
35
5.2.2. Reprodução semi-intensiva
36
esta idade de desmame a coelha tem cerca de uma semana de repouso no fim do período
de gestação, em que não está simultaneamente em gestação e em lactação.
Como inconvenientes do ritmo de reprodução intensivo, quando comparado com
a reprodução semi-intensiva, podemos apontar a necessidade de realizar um desmame
muito precoce, a diminuição do tamanho médio da ninhada e desgaste fisiológico das
coelhas por se encontrarem com frequência em gestação, em lactação ou em gestação e
lactação.
37
Parto 1 Parto 2 Parto 3 Parto 4 Parto 5
Cobrição 1 Cobrição 2 Cobrição 3 Cobrição 4 Cobrição 5
Figura 17
Ritmo de reprodução semi-intensivo com cobrição 12 dias após o parto e desmame aos 32 dias.
0 30 35 55 65 70 90 100 105 125 130 140 155 170 175 195 205 Dia
Figura 18
Ritmo de reprodução intensivo com desmame aos 25 dias.
38
5.2.4. Ritmo de reprodução e produtividade da coelha reprodutora
6. Produtividade da coelha
6.1. Receptividade
A receptividade pode ser expressa pela relação entre o número de coelhas que
aceitam acasalamento e o número de coelhas apresentadas ao macho. As características
da vulva (cor e turgescência) dão um bom início do estado de receptividade, embora não
sejam um sinal certo. Fêmeas com vulva vermelha ou violeta com turgescência elevada
têm geralmente maior receptividade, mas fêmeas com sinais menos evidentes, ou
mesmo sem sinais, também podem estar receptivas. Por este motivo, na cobrição das
fêmeas deve-se ter em conta estes indicadores, mas não fazer depender deles de um
modo absoluto a realização da cobrição.
39
6.2. Fertilidade
6.3. Prolificidade
6.4. Ovulação
Como é de esperar quanto maior for o número de óvulos que se libertam após a
cobrição, maior poderá ser a ninhada no parto. Este número tende a ser menor nas
fêmeas consanguíneas e também nas épocas do ano em que o fotoperíodo é decrescente.
40
6.7. Lactação
A lactação tem um efeito negativo sobre a percentagem de fêmeas que ovulam. Este
efeito acentua-se quando o número de láparos aleitantes aumenta. O momento (dia) da
lactação influencia igualmente a taxa de ovulação e número de óvulos libertados.
Assim, no 3º ou 4º dia de lactação há um efeito particularmente depressivo sobre estes
parâmetros. Para isto concorrem os efeitos inibitórios do desenvolvimento folicular dos
níveis elevados de prolactina durante a lactação, que já foram referidos, e uma menor
sensibilidade da hipófise das fêmeas aleitantes à GnRH, o que não permite que se dê o
reflexo neuro-endócrino da ovulação.
A mortalidade fetal é mais elevada nas fêmeas que estão simultaneamente em
lactação e gestação do que nas fêmeas que estão só em gestação, sendo este aumento
mais significativo no primeiro terço de gestação. A taxa de mortalidade fetal aumenta
com o aumento do tamanho da ninhada aleitante. Para este aumento da mortalidade fetal
contribui a modificação das secreções endometriais (factores de crescimento, proteínas
uterinas) provocada pelo aumento dos níveis sanguíneos de prolactina, consecutiva à
manada nas coelhas gestantes e aleitantes. A diminuição do nível de progesterona
observado as coelhas gestantes e aleitantes, relativamente às coelhas apenas gestantes,
será também parcialmente responsável pelo aumento da mortalidade fetal naquelas. O
efeito negativo da lactação na viabilidade embrionária é agravado por uma ingestão
insuficiente de alimento.
Nas coelhas gestantes (aleitantes ou não aleitantes), o défice nutricional tende a
diminuir a viabilidade embrionária precoce, mas não afecta de modo significativo a taxa
de sobrevivência fetal tardia.
41
6.11. Factores ambientais
Nos períodos com muito calor, com temperaturas superior a 25º C, há uma diminuição
da prolificidade da coelha. Nos meses do ano com fotoperíodo crescente a prolificidade
é em geral superior ao restante ano em cerca de 0,3 láparos por ninhada, devido a um
maior número de óvulos libertados por ovulação e uma menor mortalidade embrionária.
Isto observa-se quaisquer que sejam as condições da exploração (pavilhão fechado ou
não, iluminação artificial ou não, etc.)
A cobrição das coelhas pode ser natural, quando é coelho que a realiza, ou
artificial quando o sémen é colocado na vagina da coelha através de técnicas artificiais.
A cobrição natural das coelhas pode ser realizada de modo individual ou em grupo
enquanto que a artificial é sempre individual (Adaptado de MOURÃO, J. L., 2003).
7. Cobrição Natural
42
7.2. Cobrição em grupo
43
associados à reprodução. A IA permite também reduzir o número de machos na
exploração e consequentemente, possibilita uma maior selecção destes.
A aplicação da inseminação artificial exige conhecimentos técnicos e prática e a
obtenção do equipamento apropriado. O equipamento reduzir-se-á a uma simples mala
térmica se o cunicultor optar por adquirir o serviço a uma empresa especializada mas
poderá incluir um laboratório completo para análise do sémen e preparação de doses,
equipamento para recolha de sémen e para inseminação, se optar por realizar a recolha
do sémen, preparação das doses de IA e inseminação. O primeiro caso também
dispensará o núcleo de machos na exploração enquanto que no segundo caso este é
obrigatório.
A realização da IA tem duas vertentes principais, a recolha e avaliação do sémen
e a inseminação propriamente dita (Adaptado de MOURÃO, J. L., 2003).
8. Engorda do coelho
44
8.2.1. Qualidade da carne do coelho
45
Rigor mortis e maturação
O pH final da carne do coelho é uma característica de grande importância, pois tem uma
influência importante nas suas capacidades de retenção de água e de conservação, bem
como na cor.
46
9. Conclusão
47
reprodução a que irão ser submetidas. Genericamente, é possível através da variação do
intervalo entre o parto e a cobrição obter 3 ritmos de reprodução diferentes, o ritmo
intensivo, o semi-intensivo e o intensivo. A intensificação do ritmo de reprodução só
será possível se for acompanhada por outra medidas, tais como utilização de programas
de luz adequados, controlo das condições ambientais, distribuição de alimentos
equilibrados, etc.
A produtividade da coelha, determinada pela quantidade de coelhos nascidos por coelha
e por ano, depende da sua receptividade, fertilidade e prolificidade. Existem vários tipos
de acasalamento: Acasalamento natural, é onde se pega a fêmea com todo o cuidado e
levamos à gaiola do macho. Este, a procura logo, montando-a. Basta uma só cobertura,
mas não há inconveniente que se realize uma logo após a primeira. Retiramos
imediatamente a fêmea e levamos para a sua gaiola. Cinco dias depois, devemos repetir
o acasalamento, procedendo da mesma forma que da primeira vez; Acasalamento
confinado, este método não deve ser utilizado em criações comerciais, uma vez que não
permite acompanhamento dos índices zootécnicos. Colocam-se várias fêmeas na gaiola
do macho por um dia, podendo-se identificar a prenhez após 15 dias através de
apalpação; Inseminação artificial, como a ovulação da coelha ocorre após 10 a 12 horas
após a cópula, fazendo uso desse sistema, deve-se usar rufiões para saltar sobre as
fêmeas, estimulando-as a ovular. Para colheita de esperma utiliza-se a vagina artificial.
Esse método, que é ideal para médias e grandes criações, facilita o manejo reprodutivo
desde a gestação até a lida com os láparos. Permite a identificação de reprodutores
especializados de alta linhagem para os fins a que se destina a criação. Praticamente
elimina as doenças transmitidas no coito.
10. Bibliografia
48