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Departamento de Engenharia de Estruturas

Alvenaria estrutural: Aspectos de


projeto e execução para
assegurar o desempenho
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Questões relativas ao projeto


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Coerência e consistência
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Exemplo clássico – modelo pórtico equivalente

 Modelo – acoplamento das paredes


 Lintéis – “vigas de alvenaria”
 Carregamento vertical + horizontal

V
 Eventualmente estribos

M
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Importância da caracterização prévia

Mínimo 12 prismas Mínimo 6 Peq. Paredes Mínimo de 3 paredes


(2 blocos) (2 blocos x 5 fiadas) (1,20 x 2,40 m)
fk = 0,70 fpk fk = 0,85 fppk
fk = fpar,k

Não esquecer os cps grauteados!!!


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Tipo de argamassamento

Total Parcial
NBR 15961-1 item 6.2.5.3 Compressão simples.
Se as juntas horizontais tiverem argamassamento parcial, apenas sobre as
faces longitudinais dos blocos, e a resistência for determinada com base
no ensaio de prisma ou pequena parede, a resistência característica à
compressão simples da alvenaria deve ser corrigida pelo fator 0,80.
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Inclusão da deformação por cisalhamento

H3 cH
i  
3EI GA

H = altura do edifício
c = fator corretivo de cisalhamento (1,2 para seções retangulares )
E, G = módulos de elasticidade longitudinal e transversal
I, A = inércia e área da seção transversal da parede

Influência significativa para paredes de grande comprimento em planta


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Exemplo em edifício de alvenaria


Modelo Paredes Def. Cisalhamento Lintéis
1 Desacopladas // vento Não Não
2 Desacopladas // vento Sim Não

X
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Modelo 1
6 Modelo 2

4
Nível

0
0 0,002 0,004 0,006 0,008 0,01 0,012 0,014 10,016
Deslocamentos (m) 45

40 Modelo 1
Modelo 2

35
Esforço cortante (kN)

30

25

20

15

10

Forças cortantes na base 5


das paredes – Vento Y 0
23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35 36 37 38 39 40 41 42
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Efeito arco

58,20m

NBR 15961-1

São proibidas reduções nos valores a serem adotados como carregamento para
estruturas de apoio, baseadas na consideração do efeito arco, sem que sejam
considerados todos os aspectos envolvidos nesse fenômeno, inclusive a
concentração de tensões que se verifica na alvenaria.

Tendo em vista o risco de ruptura frágil, cuidados especiais devem ser tomados na
verificação do cisalhamento nas estruturas de apoio.
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Eficácia do grauteamento
NBR 15961-1
6.1.3 Graute
Quando especificado o graute, sua influência na resistência da alvenaria deve ser
devidamente verificada em laboratório, nas condições de sua utilização.

Área bruta / área líquida


58,20m
Ex. Blocos de concreto

14 x 39 – área líquida ra ~ 50%


14 x 29 – área líquida ra ~ 55%

p - % de furos grauteados

eg – eficácia do graute ~ 80%

Efetivo aumento de área = (1-ra)/ra x p

Nova resistência fd* = fd x [1+(1-ra)/ra x eg x p]


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Platibandas
NR 18
18.15.56.2 Os pontos de ancoragem devem:
a) estar dispostos de modo a atender todo o perímetro da edificação;
b) suportar uma carga pontual de 1.500 kgf (mil e quinhentos quilogramas-força);
c) constar do projeto estrutural da edificação;
d) ser constituídos de material resistente às intempéries, como aço inoxidável ou
material de características equivalentes

Fonte: LIFT
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Paredes acima da cobertura – ação do vento

Parede h=4,20m
Vão horizontal = 2,35m
Parede ok
Enrijecedor – necessidade de reforço
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Verificação do projeto estrutural

Prática excelente

Começando a fazer parte da cultura


nacional

Necessidade de eliminar preconceitos e


valorizar a ética

Revisão das NBRs de alvenaria estrutural


terão item exigindo tal procedimento

Vantagens durante o desenvolvimento do


projeto
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Falta de qualidade no projeto: modulação


140

140

390
1210

1800

540
140
3560

140 2610

10
1210
2210

190
800
200

340
140

140

Coordenação modular (mm)


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Questões relativas à execução


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Visitas em pontos grauteados


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Necessidade de cura da laje - cuidados com enfraquecimento


da seção da laje
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Causas usuais de problemas em obras no Brasil

Recalques diferenciais de fundações

Interação com outros elementos


estruturais

Falta de qualidade no projeto ou nos


procedimentos de execução

Paredes sob lajes de cobertura


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Recalques diferenciais de fundações

Planta
Plan view Planta
Plan view

(a) (b)

(c) (d) (e)

a) Uma dimensão longa


b) Mudança súbita de forma
c) Cargas muito diferentes
d) Edifícios assentados sobre diferentes camadas de solo
e) Diferentes tipos de fundações

Uso de Juntas para prevenção de fissuras causadas por recalques


diferenciais de fundações
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Interação com outros elementos estruturais

Detalhes típicos entre pilares de concreto armado e paredes de alvenaria


Fonte: Manual do IPT

Junta de controle típica – Fonte: Manual do IPT


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Falta de qualidade na execução

Última fiada a ser preenchida


L a s t c o u r s e t o b e f ille d

após a construção do pavimento


a f t e r t o p f lo o r is b u ilt a n d

fro m to p to b a s e
superior e do topo para a base.

Fiada de respaldo de paredes não estruturais


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Paredes sob lajes de cobertura

Laje de Concreto

Armadura

Junta temporária
(largura depende do compto de emenda)

Concretada após os maiores efeitos de retração


(pelo menos 7 dias)

Junta de concretagem provisória


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Paredes sob lajes de cobertura


S o m b re a m e n to V e n tila çã o
C a m a d a is o la n te

P in tu ta re fle x iv a

A p o io d e s liza n te J u n ta fle x ív e l
T e la

Detalhes para minimização de fissuras nas paredes sob laje de cobertura


Fonte: adaptada de manual do IPT
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Algumas recomendações normalizadas – NBR15961-1

Retração – Alvenaria de Blocos de concreto


• Com cura a vapor: 500x10-6 mm/mm
• Sem cura a vapor: 600x10-6 mm/mm

Juntas de Controle - Blocos de concreto

Limite (m)
Localização da Alvenaria com
Parede Alvenaria sem
armadura horiz. ≥
armadura horiz.
0,04% t  h
Externa 7 9
Interna 12 15
Reduzir limites em paredes que tenham: abertura, 15% ; blocos sem cura
vapor, 20% ; blocos sem cura vapor e aberturas, 30%
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Controle - blocos

Controle de qualidade de blocos:

Recebimento de acordo com NBR 6136 (concreto) e NBR 15270-2 (cerâmico):


lotes, condições de aceitação, etc.

Ensaios:

• Resistência à compressão
• Tolerâncias dimensionais e área líquida
• Absorção de água
• Retração por secagem
• Permeabilidade
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Controle – NBR 15812-2 e NBR 15961-2

Controle da produção de argamassa e graute

Definição do Lote

• 500m2 de área construída em planta.


• Dois pavimentos.
• Argamassa ou graute fabricado com matéria prima de mesma procedência e
mesma dosagem.
Obs. Na prática é mais fácil definir um pavimento como lote.

Número mínimo de corpos de prova: 6 (seis)

Critério de aceitação

Argamassa: coeficiente de variação < 20% e o valor médio da resistência à


compressão ≥ especificado no projeto
Graute: valor característico da resistência à compressão ≥ especificado no
projeto.
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Controle de prismas

Controle padrão de prismas

Definição do Lote
Cada pavimento representa um lote para a coleta de amostras.

Número mínimo de corpos de prova: 12 prismas ocos e 12 prismas cheios.

Dos 12 prismas de cada tipo, 6 devem ser ensaiados e 6 guardados para eventual
contraprova.

Critério de aceitação
Prisma oco ou cheio: valor característico da resistência à compressão ≥
especificado no projeto.
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Roteiro para controle padrão da alvenaria


6 cps de argamassa
6 cps de graute
para ensaio para ensaio

pavimento

6 prismas ocos para ensaio 6 prismas ocos para contraprova

6 prismas cheios para ensaio


6 prismas cheios para contraprova
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Atendimento à NBR 15575 - Norma de desempenho

Parte 1: Requisitos gerais;

Parte 2: Requisitos para os sistemas estruturais;

Parte 3: Requisitos para os sistemas de pisos;

Parte 4: Requisitos para os sistemas de vedações verticais internas e externas;

Parte 5: Requisitos para os sistemas de coberturas; e

Parte 6: Requisitos para os sistemas hidrossanitários.

Desempenho: comportamento em uso de uma edificação e de seus sistemas

Níveis de desempenho: • M (mínimo)


• I (intermediário)
• S (superior)
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Atendimento à NBR 15575 - Norma de desempenho


Segurança
Normas regulamentadoras de:
• segurança estrutural;
• materiais ( bloco, argamassa, graute
• segurança contra incêndio;
e aço)
• segurança no uso e na operação.
• projeto ( ELU e ELS)
• execução e controle
Habitabilidade
• estanqueidade;
• desempenho térmico; • normas de alvenaria não tratam do
• desempenho acústico; assunto
• desempenho luminoso; • esforço conjunto USP/Unicamp
• saúde, higiene e qualidade do ar;
• funcionalidade e acessibilidade;
• conforto tátil e antropodinâmico.

Sustentabilidade
• durabilidade;
• manutenibilidade;
• impacto ambiental.
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Atendimento à NBR 15575 - Norma de desempenho


Material de consulta importante
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ABCP
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IPT
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Exemplo – Ercio Thomaz – Comunicação técnica N.173111


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Conclusão

• A alvenaria estrutural é um sistema absolutamente consolidado e maduro

• Apesar de ainda termos que avançar na inserção de alguns temas nas


NBRs específicas, já temos um arcabouço razoável de prescrições
normalizadas

• É fundamental respeitar as normas vigentes

• Grupos sérios de pesquisa estão trabalhando intensamente para contribuir

• As perspectivas para o futuro podem ser muito boas

• O Brasil é reconhecido internacionalmente pela produção de obras e


pesquisas em alvenaria
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Obrigado

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